• Nenhum resultado encontrado

Revista Pergunte e Responderemos - Ano XLV - No. 501 - Março de 2004

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Revista Pergunte e Responderemos - Ano XLV - No. 501 - Março de 2004"

Copied!
54
0
0

Texto

(1)

Projeto

PERGUNTE

E

RESPONDEREMOS

ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor

com autorizagáo de

Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb

(2)

APRESENTAQÁO

DA EDIQÁO ON-LINE

Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanga a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanga e da nossa fé rtoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á - — fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e

" Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade

1 controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se i dissipem e a vivencia católica se fortalega no

— Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar

~~ " este trabalho assim como a equipe de Verítatis Splendor que se encarrega do

respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual

conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaga depositada

em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral

(3)

Ano xlv Marco 2004 501

"Ávida inteira é desejo santo" (S. Agostinho) O homem do século XX, por H. Begliomini

"A ciencia tenta explicar a Biblia" (ÉPOCA)

É fiel a historia dos patriarcas bíblicos?

'Todos os caminhos váo dar a Roma", por SC. e K.

Hahn

Casa mal-assombrada

(4)

PERGUNTE E RESPONDEREMOS

Publicado Mensal MAR£02004N°501

Diretor Responsável Estéváo Bettencourt OSB

Autor e Redator de toda a materia publicada neste periódico

Diretor-Administrador:

D. Hildebrando P. Martins OSB Adm¡nistra9áo e Distribuicáo:

Edicóes "Lumen Christi"

Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar - sala 501 Tel.: (0XX21) 2291-7122-Ramal 327 Fax (0XX21) 2263-5679

Enderezo para Correspondencia: Ed. "Lumen Christi"

Caixa Postal 2666

CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ Visite o MOSTEIRO DE SAO BENTO e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" na INTERNET: http://www.osb.org.br e-mail: lumenchristi@bol.com.br CNPJ: 33.439.092/0003-21

SUMARIO

"A vida inteira é desejo santo" 97 Honra ao mérito:

O homem do século XX, por

H. Begliomini 98

Ciencia e Fé:

"A ciencia tenta explicar a

Biblia" (ÉPOCA) 104

Discute-se:

É fiel a historia dos patriarcas bíblicos? .. 111 Convertidos ao Catolicismo:

"Todos os caminhos váo dar a Roma", por

SC. e K. Hahn 117

Como explicar?

Casa mal-assombrada 122 Carta as familias do Brasil, por D. Rafael

Cifuentes 128

IMPRESSAO

GRÁFICA MARQUES SABAIVA COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA

NO PRÓXIMO NÚMERO:

Paulo traiu Jesús? "A origem do Novo Testamento". Deus e o Mal no mundo. -L. Boff: Que é Espirito? - Os cristáos nos países muculmanos. - As unióes

homosse-xuais. - Preservativo e países africanos. - "Nos bastidores do Reino". - "A Fé Católica".

PARARENOVAgAO OU NOVAASSINATURA(12 NÚMEROS) R$ 45,00.

NÚMERO AVULSO R$ 4j50.

O pagamento poderá ser á sua escolha:

1. Enviar, em Carta, cheque nominal ao MOSTEIRO DE SAO BENTO/RJ.

2. Depósito em qualquer agencia do BANCO DO BRASIL, agencia 0435-9 na C/C 31.304-1 do Mosteiro de S. Bento/RJ ou BANCO BRADESCO, agencia 2579-8 na C/C 4453-9 das Edicoes Lumen Christi, enviando em seguida por carta ou fax comprovante do

deposito, para nosso controte.

3. Em qualquer agencia dos Correios, VALE POSTAL, enderecado as EDICÓES "LUMEN CHRISTI" Caixa Postal 2666 / 20001-970 Rio de Janeiro-RJ

Obs.: Correspondencia para: Edicóes "Lumen Christi"

Caixa Postal 2666

(5)

"A VIDA INTEIRA É DESEJO SANTO"

(S. Agostinho)

Num de seus sermóes, S. Agostinho toca numa fibra muito delicada do

cora-cáo humano- o desejo inato de algo maior e melhor do que os bens visíveis que cercam o homem, passageiros e fugazes como sao. A criatura humana foi ferta pelo Infinito e traz em si o selo do Infinito. - Eis as palavras do S. Doutor:

"O que nos foiprometido? Seremos semethantes a ele porque nos o veremos como é A língua o disse como pode. O coragáo imagine o restante. Já que nao podéis ver agora, prenda-vos o desejo. A vida inteira do bom cristáo é desejo santo. Aquilo que desejas, aínda nao o vés. Mas, desejando, adquires a capacidade de ser

saciado ao chegar a visáo.

Se queres por exemplo, encher um recipiente e sabes ser muito o que tens a

derramar, alargas o bojo seja da bolsa, seja do odre, ou de outra coisa qualquer.

Sabes a quantidade que ali poras e vés ser apenado o bojo. Se o alargares, ele

fícará com maior capacidade. Deste mesmo modo Deus, com o adiar, amplia o de

sejo. Pordesejar, alargase o espirito. Alargándose, tomase capaz.

Desejemos pois, irmáos, porque havemos de ser saciados.

É esta a nossa vida: exercitamo-nos pelo desejo. O santo desejo nos exerci-ta na medida em que corexerci-tamos nosso desejo do amor do mundo. Já exerci-talamos

algu-m'as vezes do vazio que deve ser preenchido. Vais ficar repleto de bem, esvazia-te

do mal.

Imagina que Deus te querencherde mel. Se estás cheio de vinagre, onde por o mel? É preciso jogar fora o conteúdo do jarro e limpá-lo, aínda que com esforgo,

esfregando-o, para servirá outro fim.

Digamos mel, digamos ouro, digamos vinho, digamos tudo quanto dissermos

e quanto quisermos dizer, há urna realidade indizível: chamase Deus. Dizendo Deus,

o que dissemos? Esta única sílaba é toda a nossa expectativa. Tudo o que conse

guimos dizer, fica sempre aquém da realidade. Dilatemo-nos para ele, e ele, quando vier, encher-nos-á; seremos semelhantes a ele, porque o veremos como é" (Tratado

sobre a 1a Joño 4, 6).

Este texto se resume em tres proposicóes:

1) Em todo ser humano existe o anseio ora mais, ora menos explícito de algo que responda as suas aspiracóes mais espontáneas. Tudo o que se vé é pouco

demais para a capacidade do coracáo humano.

2) Quanto mais intenso for o desejo, tanto mais será saciado. Em linguagem

popular dir-se-á: quem apresentar a capacidade de um dedal, té-la-á preenchida, como preenchida será a capacidade de um copo, a de um jarro, a de um balde, a de

um tonel...

3) Para que tal anseio se dilate, o Senhor Deus nem sempre atende na hora marcada pela criatura, mas protela a sua resposta ou adia a sua vinda, a fim de

encontrar a criatura ainda mais desejosa.

Ora a Quaresma é precisamente o tempo oportuno para que se dilate mais e

mais o anseio do coragáo em demanda nao de mel nem de ouro, mas de DEUS, do Infinito e Absoluto...

"A vida inteira do bom cristáo é santo desejo".

(6)

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Ano XLV - N9 501 - Marco de 2004

Honra ao mérito:

O HOMEM DO SÉCULO XX

por Helio Begliomini

E com prazer que PR publica o artigo do Dr. Helio Begliomini1 em

homenagem ao Papa Joáo Paulo II, que aos 16/X/2003 completou vinte e cinco anos de pontificado. - Ao estimado autor do artigo seja consigna da a gratidáo de PR.

O HOMEM DO SÉCULO XX

Recebeu em 1994 o título de "O Homem do Ano" pela revista Time. Quatro anos após, ao completar o vigésimo aniversario de seu magiste rio, dado á sua grande atuacáo e influencia no mundo contemporáneo,

Joáo Paulo II foi chamado "O Homem do Século".

Ainda permanece inolvidável aquele insólito 16 de outubro de 1978, raríssimo ano dos tres Papas. Quando a fumaca branca saiu pela chami-né da Cápela Sistina, já indicava que a Sé de Roma contava com um

novo sucessor de Pedro, advindo do último escrutinio do colegio

cardinalício. Logo após o anuncio do camerlengo "Habemus Paparrf, surgía na fachada de Michelangelo, na Basílica de Sao Pedro, um ho

mem que marcaria profundamente a historia do final do século XX e do

inicio do terceiro milenio da cristandade. Apesar do entáo recente faleci-mento de Albino Luciani, Papa Joáo Paulo I, o Papa do sorriso, que teve

um dos mais breves pontificados da historia da Igreja, o anuncio do novo Pontífice perdeu-se em meio a urna calorosa e continuada ovacáo pelo

povo reunido na praga de Sao Pedro.

O arcebispo de Cracovia - Polonia - iniciou solenemente seu mi nisterio aos 22 de outubro de 1978 com seus jovens 58 anos e constituiu-se no 2649 sucessor de Sao Pedro. Poucos cristáos sabem que o

vocá-1 Membro da Academia de Medicina de Sao Paulo, Academia Crista de Letras, Socieda-de Brasileira Socieda-de Médicos Escritores e AcaSocieda-demia Brasileira Socieda-de Médicos Escritores.

(7)

O HOMEM DO SÉCULO XX

bulo Papa, além de ter o significado de pai e pastor, é um acróstico que

quer dizer "Perros apostolus princeps apostolorum" ou "Pedro apostólo, primeiro dos apostólos".

Quem é o preclaro homem?

1. Familia e Formacáo

Karol Jósef Wojtyla nasceu aos 18 de maio de 1920. Seu pai Karol

Wojtyla era operario e se tornou suboficial do exército. Sua máe chama-va-se Emilia Kaczorowska. Foi o terceiro dos tres irmáos e seu apelido na infancia era ternamente "Lolek". Aos 9 anos perdeu a máe e, tres anos depois, também seu irmáo mais velho, Edmundo, que era médico. Seu

pai faleceu quando tinha 21 anos e, doravante, se tornaría no único re

presentante da familia.

Fez seus estudos fundamentáis em Wadowice. Em 1938

mudou-se para Cracovia, matriculando-mudou-se na Faculdade de Letras. Desde os primeiros passos na escola destacou-se ¡ntelectualmente. Foi amante do teatro, das artes e da literatura, o que fortaleceu o lado humano de sua

vocacáo. Suas pegas escritas e encenadas na juventude retratavam dra

mas humanos e sociais da época e seus poemas eram recheados de espiritualidade. Participava de atividades esportivas como futebol (golei-ro), esqui, canoagem e alpinismo.

Em 1942, em plena II Grande Guerra Mundial, sob a ocupacáo da Polonia pelas tropas de Adolf Hitler, entra no seminario clandestino no

poráo do Arcebispado de Cracovia, sob a responsabilidade de Dom Stefan Sapihea, tendo ai, nesse contexto de resistencia ao nazismo e á cultura

da morte de Deus, a argamassa do seu caráter. Por ter participado de

urna época em que a Igreja sobrevivía na clandestinidade, viveu urna

experiencia rara entre os Papas: ser trabalhador bracal. A complementa-cao de sua tempera dar-se-ia nos anos seguíntes após o término da guerra em 1945, urna vez que seu país, sob a influencia soviética, passaria a ser governado pelos comunistas até 1989. Ambas as ideologías, nazismo e comunismo pretendiam construir urna sociedade perfeita, prescindindo

de Deus e da experiencia crista. Sao suas palavras: "Os dois sistemas totalitarios que marcaran) trágicamente o nosso secuto, eu os pude

co-nhecer, por assim dizer, por dentro. É fácil, portanto, compreendera minha sensibilidade pela dignidade de cada pessoa humana e pelo respeito para

com seus direitos, a comegarpelo direito á vida".

Nao há dúvida de que Joao Paulo II é um dos maiores líderes mun-diais se nao o maior do século XX na defesa da liberdade religiosa e dos

díreit'os humanos. Em visita a Cuba em 1998 declarou a bordo: "Os direi

tos humanos sao o alicerce de qualquer civilizagáo. Esta convicgáo

te-nho-a comigo desde a Polonia, desde o confronto com o regime soviético e o totalitarismo comunista".

(8)

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

Logo após a sua ordenacáo sacerdotal em 1Q de novembro de 1946,

foi para Roma onde, após dois anos, se doutorou em Filosofía e Moral"

com tese sobre a Ética em Sao Joáo da Cruz. Em 1949, agora em

Cracovia, seguindo seus estudos, doutorou-se em Teología e em 1954 assumiu a cadeira de Filosofía na Universidade Católica de Lublín. A pro

pósito, Wojtyla é o primeiro Papa filósofo e o primeíro filósofo Papa.

En-quanto padre e bíspo, publicou cinco livros e escreveu maís de quinhen-tos artigos.

2. Bispo e Papa

Foi nomeado Bispo auxiliar de Cracovia em 1958, Arcebispo em 1964 e Cardeal em 1967. No Concilio Vaticano II participou da Comissáo

de redacáo do documento "Gaudium et Spes"- "Alegría e Esperanca",

versando sobre a presenca da Igreja no mundo contemporáneo. Ade máis, participou do Sínodo dos Bispos em 1969 e, posteriormente, de todas as suas assembléías ordinarias, sendo eleito em 1971 seu

Secre-tário-Geral.

Ao assumir o nome de Joáo Paulo II, a exemplo de seu ¡mediato antecessor, quis dar continuidade ao trabalho de Joáo XXIII (1958-1963) e Paulo VI (1963-1978) e estava predestinado a superar magistralmente varios obstáculos e marcas que se Ihe foram apresentando.

O último Papa náo-italíano a ocupar a cátedra de Sao Pedro foi o

holandés Adriano VI (1522-1523). Karol Wojtyla é o primeíro Papa eslavo

da historia da Igreja e o mais jovem desde 1846. Por sua grande

venera-cáo a Virgem María, Máe de Cristo, inseriu no seu brasáo a letra "M" e o lema Totus Tuus" - "Todo Teu" - confiando a ela de modo sensível a protecáo de seu ministerio. Logo no seu discurso de posse aos 22 de outubro de 1978 exprimíu seu caráter pastoral ao dizer "Abram as frontei-ras dos Estados, os sistemas, tanto o económico como o político, os vas tos campos da cultura, da civilizagáo, do desenvolvimento. Nao tenham medo! Cristo sabe 'o que se passa dentro do homem'. Só ele sabe! (...) Abram as portas para Cristo!". E esse vigor evangélico o tem

acompa-nhado ao longo dos anos. Apesar de suas limitacoes físicas, lancou um

desafio para o terceiro milenio: "Duc in altum!" - avanca mar adentro! - ou

seja, cristianizar um mundo muito tecnocrata, antropocéntrico, materializa do, militarizado, repleto de miserias sociais e pobre em consciéncia ética.

Karol Wojtyla tem urna memoria singular. É eximio poliglota. Fala, além do polonés, latím, italiano, inglés, francés e alemáo. Apresenta inau dita facilidade para se expressar nos mais diversos idiomas; tenham-se

em vista suas viagens apostólicas, suas saudac.5es públicas em audien

cias e por ocasiáo de Missas solenes como a do Natal.

Ao comemorar cinco lustros de ministerio, tomou-se o quarto Papa

(9)

O HOMEM DO SÉCULO XX

de acordó com diferentes referenciais dos historiadores); Pió IX

(1846-1878 ou seja, 31 anos, 7 meses e 17 dias) e Leáo XIII seu sucessor

(1878-1903, ou seja, 25 anos e 4 meses e 17 dias).

Mais do que ser salvo milagrosamente de um atentado a tiros em

plena praca de Sao Pedro, no dia 13 de maio de 1981, festa de Nossa Senhora de Fátima, ficou explícito seu testemunho cristao ao perdoar e, posteriormente, visitar na cadeia seu agressor Mohamed Ali Agca.

3. Números

Apenas para citar algumas de suas facanhas, salienta-se que por

ocasiáo do Jubileu de Prata de seu pontificado, Joáo Paulo II havia cele brado 9 Consistorios criando 232 Cardeais; nomeou mais de 3300 dos mais de 4200 Bispos do mundo, além de reunir-se com cada um deles por ocasiáo da visita quinquenal "ad limina Apostolorum". Escreveu 14

encíclicas, 14 Exortacoes Apostólicas, 11 Constituicoes Apostólicas, 42

Cartas Apostólicas e 28 Motupróprio, além de centenas de mensagens e

cartas. Convocou e presidiu 15 Sínodos dos Bispos, o maior número até entáo realizado por um papa, sendo seis ordinarios, um extraordinario e oito especiáis. Publicou tres livros: "Cruzando o Limiar da Esperanca" (1994), "Dom e Misterio no 50B Aniversario de Minha Ordenacáo Sacer

dotal" (1996) e "Tríptico Romano - Meditacóes" (2003). Além de

acres-centar mais cinco Misterios para meditacáo, denominados luminosos, á

recitacáo milenar do Rosario da Virgem Maria, proclamou 2003 como um

Ano Santo Mariano ou o Ano do Rosario.

Preocupado insistentemente com a familia e a vida, criou o Pontificio Conselho para a Familia e a Pontificia Academia para a Vida.

Feito único na historia do papado foi ter realizado até o momento

102 viagens pastorais internacionais, sendo peregrino em mais de 610

cidades de mais de 130 nacóes, encontrando-se com milhóes de pesso-as, além de diferentes personalidades do mundo religioso, cultural, cien

tífico e político. Ademáis, protagonizou mais de 143 visitas pastorais no interior da Italia e quase 700 na cidade e diocese de Roma, onde se fez

presente a 301 das suas 325 paróquias, sem contar as visitas a institutos

religiosos, universidades, Seminarios, hospitais, casas de repouso, pri-sóes, escolas, etc. É eximio comunicador de modo que ao redor de sua

presenca, onde quer que esteja, tém-se constituido neo-areópagos de

evangelizacao.

Ao pisar em solo estrangeiro até quando gozava de saúde

satisfatória, deixou sua marca pessoal de amor, humildade, respeito e

espirito de concordia ao oscular o chao onde pisava.

No Brasil esteve quatro vezes. Em 1980 visitou 12 capitais em 12 dias e proferiu 51 discursos. Nessa ocasiáo recebeu o precioso epíteto de "Joáo de Deus". Em 1982 permaneceu apenas duas horas, pois

(10)

esta-"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

va de passagem para a Argentina. Em 1991 esteve por dez días e pro-nunciou 31 discursos. Por fim, retornou em 1997, quando cumpriu igual

mente urna extensa e diversificada agenda. Foi ¡ndelével a participacáo

de mais de dois milhóes de pessoas no Aterro do Flamengo. Ao despe-dir-se no Rio de Janeiro, comentou jocosamente: "Se Deus é brasileiro, o

Papa é carioca".

Ñas suas 245 viagens pastorais dentro e além-ltália somaram-se 1.163.865 quilómetros, ou mais de 28 vezes a circunferencia da Térra ou tres vezes a distancia entre o nosso planeta e a Lúa.

Em Roma costuma receber, em media, um milhao de peregrinos anualmente, além do que aparece ñas ocasióes especiáis como as mis-sas de Natal, Páscoa, beatificacóes e canonizagóes. Até o momento já participou de 1.106 audiencias gerais, as quais afluiram mais de 17 mi lhóes de participantes de todo o mundo. Outras especialmente concedi das a Chefes de Estado e de Governo superani a cifra de 1500. Só por ocasiáo do grande Jubileu do ano 2000, oito milhóes de fiéis estiveram

na cidade eterna.

Elevou as honras dos altares mais do que todo o conjunto dos 263 pontífices que o precederam. Assim, beatificou 1325 servos de Deus em 140 cerimónias e canonizou 477 Bem-aventurados em outras 51. Embora

tenha sofrido criticas por mais esse gesto inédito, nao se pode deixar de

frisar que, só de mártires, o catolicismo conta com cerca de 40 milhóes,

tendo mais da metade dos martirios (27 milhóes!) ocorrido no último século.

No inicio de seu pontificado a Santa Sé mantinha relacóes diplo máticas com 85 países, sendo esse número elevado para 174 nacóes, assim como com a Uniáo Européia e a Soberana Ordem Militar de Malta. O Vaticano tem relacóes especiáis com a Federacáo Russa e a

Organi-zagáo para a Libertacao da Palestina.

4. Rumo á Reconciliacáo

Para Wojtyla os meios de comunicacáo devem buscar a paz tendo

como base a verdade, a justiga, a liberdade e a caridade, alias, como também foi ensinado por Joáo XXIII na encíclica Pacem in Terris.

Em 1994 surpreendeu o mundo ao estimular que os cristáos pedis-sem perdáo pelos pecados cometidos e que estao discriminados na car ta preparatoria para o Jubileu do ano 2000, a Tertio millennio adveniente e que se sumariam na divisáo dos cristáos; no colonialismo e na

opres-sao do Terceiro Mundo; na escravidáo de africanos e indios; e nos aten

tados contra a liberdade religiosa.

Tem trabalhado intensamente pelo ecumenismo entre os cristáos e pelo diálogo com outras religióes, tendo orado em varios idiomas e

(11)

tem-O Htem-OMEM Dtem-O SÉCULtem-O XX

píos Inéditos foram os dois macroencontros de oracáo pela paz em

As-sis (1986 e 1992) com aproximadamente 200 dos principáis líderes religi osos do planeta, além de Patriarcas, rabinos e ¡mames. Dignos de nota foram a reuniáo com os jovens muculmanos de Marrocos (1985), o en contró com o Rabino-chefe na sinagoga de Roma, bem como ter sido o primeiro Papa a visitar urna mesquita, feito este realizado em Damasco na Siria (2001).

5. Política Internacional

Com relacáo á política internacional teve duas fases. A primeira, de

1978 até 1989, quando predominou a denuncia do marxismo, suas

estru-turas e sua ideología da morte de Deus; nao hesitou em somar esforcos com os movimentos anti-soviéticos vigentes nos países do Oeste Euro-peu A segunda fase vai de 1989 e estende-se até os dias atuais. Em seus pronunciamentos destacam-se as denuncias contra a globalizagáo

excludente e o capitalismo selvagem, tendo o mercado e o excessivo

consumo como únicos paradigmas; defesa irrestrita da pessoa humana da concepcáo á morte e, portanto, combate á cultura do aborto e da eu tanasia; pedido de perdáo da divida externa para os países pobres; defe

sa da paz em oposigáo á guerra e autodeterminacáo dos povos com

suas tradicóes e raízes culturáis.

Wojtyla contribuiu para que a contraposicáo dos dois blocos ideo

lógicos e geopolíticos que entáo existiam na Europa pelo Tratado de IALTA

se atenuasse progressivamente, até o feito impensável, poucos anos atrás, da queda do muro de Berlim em 1989. Em 1990 foram restabelecidas as relacoes diplomáticas entre o Vaticano e a ex-Uniáo Soviética. Declarou padroeiros da Europa os santos Cirilo e Metódio, apostólos da Rússia, juntamente com Sao Bento, querendo enaltecer e aproximar valores reli giosos e culturáis do Ocidente e do Oriente. Infelizmente, nao pode ainda concretizar o convite que já Ihe fizera Mikail Gorbachev de visitar Mos cou, a "Terceira Roma". Assim como é defensor da "Grande Europa", a do Atlántico aos Urais, comungando entre si as tradicoes cristá-ocidental e a eslavo-ortodoxa, é também artífice da uniáo da "Grande América'. Por isso em 1997, convocou o Sínodo Especial da América e nao das Américas - Norte, Centro e Sul - ou das Américas de língua inglesa e de luso-hispánica, ou a América dos países abastados e a dos pobres.

6. Conclusáo

Nao há dúvida de qud Joáo Paulo II, personalidade estelar, tem

desempenhado um papel singular na historia contemporánea, constituin-do-se numa das grandes figuras hodiernas e um dos grandes Papas da historia da Igreja. Nao é por acaso que alguns querem Ihe aditar mais o insigne título de "Magno", assim como foram reverenciados outros nota-veis homens como Santo Alberto. Sao Gregorio e Sao Leáo. Entretanto, nao resta dúvida alguma de que o título que mais Ihe fará jus será o de Santo.

(12)

Ciencia e Fé:

"A CIENCIA TENTA EXPLICAR A BÍBLIA"

(ÉPOCA)

Em síntese: A revista ÉPOCA, 22/12/03, apresenta a reportagem

de Marcelo Ferroni, que, á luz de escavagóes arqueológicas, atribuí á Biblia diversas imprecisóes e inverdades. - O artigo tem índole sensaci-onalista mais do que caráter científico objetivo, como se depreende do confronto da reportagem com obras de especialistas em arqueología e

historiografía bíblicas.

* * *

A revista ÉPOCA, de 22/12/03, pp. 84-93, publica a reportagem de

Marcelo Ferroni intitulada "A Biblia reescrita pela Ciencia" com o subtítu lo: "Pesquisas arqueológicas criam polémica ao desmentir as versoes mais aceitas dos relatos bíblicos". O artigo tem aparéncias científicas e pode suscitar dúvidas em seus leitores; daí a conveniencia de o abordar-mos nestas páginas.

1. Os principáis traeos da reportagem

O repórter se refere tanto ao Antigo quanto ao Novo Testamento.

1.1. Antigo Testamento

Pág. 87: "Éxodo sem vestigios. Nao há indicios da existencia de

Moisés nem da travessia épica pelo deserto".

Pág. 91: "Conquista sem muralhas. Jericó... nunca chegou a ser protegida por muros".

Pág. 88: "Nem tanto poder assim. Para arqueólogos, Davi existiu

de fato, mas nao chegou a unificar as 12 tribos israelitas".

"O templo de Salomáo, descrito na Biblia, tendo dimensóes inter

nas de 10 metros de largura por 30 metros de profundidade, era de fato grande para os padróes do Oriente Medio, mas nao era o maior".

1.2. Novo Testamento

Pág. 84: "Em busca do Jesús histórico. Na época, fora dos livros

religiosos, há somente duas mengoes ao nome de Jesús, filho de José". Pág. 91: Pouca coisa se sabe sobre o Jesús histórico.

Primeira capa: "A estrela de Belém pode tersido um cometa ou a

(13)

"A CIENCIA TENTA EXPLICAR A BIBLIA"

Deixando de lado o último tópico (que nao causa problemas), con

sideraremos sucessivamente os pontos atrás indicados.

2. Repensando... 2.1. Antigo Testamento

No Brasil urna das mais recentes publicacóes sobre arqueología bíblica é a do Prof. Amihai Nazar, da Universidade Hebraica de Jerusa-lém, com o título "Arqueología na térra da Biblia (10.000-580 a.C.) . Este

autor, profissional sabio e erudito, é muito mais moderado do que o re

pórter de ÉPOCA. Alias a verdadeira ciencia é sempre cautelosa ao fazer suas afirmacóes, porque sabe que ulteriores pesquisas podem modificar o quadro dos conhecimentos presentes.

Percorramos os principáis pontos citados pelo repórter:

1) Moisés nao existiu? - Eis o que se lé no "Dicionário Enciclopé

dico da Biblia" de A. van den Born, verbete "Moisés":

"No conjunto de Ex 2, 10 - Jos 24, 5, M. é mencionado mais de 700 vezes (nos demais livros históricos, 51 vezes, nos livros proféticos ape

nas 4 vezes; depois, 8 vezes nos Salmos e 2 vezes em Dn). No entanto,

temos poucas informagdes certas sobre a sua pessoa. Ninguém mais nega a sua existencia histórica, mas um estudo crítico terá de distinguir entre aquilo que ele foi realmente, e aquilo que dele fizeram certas

tradi-góes, e, mais tarde, "a" tradigáo dos israelitas.

Para o judaismo posterior M.éa figura principal da historia da

sal-vagáo no AT; um grande número de lendas é tecido em torno de sua

pessoa. No judaismo helenístico do século I a.C. surgiu um romance so

bre M., no qual ele é o mestre da humanidade, o homem genial ou o

piedoso ideal, e no qual a sua morte se torna urna apoteose (morreu em

gloría ou foi elevado ao céu). Por esse romance, que polemiza evidente mente com urna lenda egipcia antisemítica sobre M., nasceu urna ima-gem de M. notavelmente diferente da imaima-gem bíblica. Também no judais

mo palestinense M. é glorificado, nao porém na qualidade de herói, como

entre os helenistas, mas na de mediador da revelagáo, o mestre de Israel por excelencia. Aqui, portanto, a figura de M. está mais perto dos dados bíblicos. No entanto, sáo-lhe aplicadas diversas nogoes soteriológicas.

Isso, porém, nao tanto em escritos apócrifos, como ñas expectativas do povo. Ele entra na escatolcgia, tornándose provavelmente urna figura

do Messias (cf. Dt 18, 15-18), o Messias é concebido como um segundo M., a libertagáo do Egito como prefiguragáo da redengáo messiánica (cf. p. ex. At 21, 38). Também esse segundo M. terá de sofrer. O judaismo posterior atríbui-lhe o livro dos Jubileus e a Assumptio Mosis".

(14)

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

Estes dados evidenciam como os próprios pesquisadores se

sen-tem, por vezes, inseguros. Lembram também que nao se deve confundir

a historicidade de alguém com os traeos ficticios que a posteridade Ihe

acrescentou.

2) As muralhas de Jericó. O arqueólogo Prof. Mazar observa:

"O material arqueológico é as vezes utilizado indiscriminadamente

nos estudos históricos. Temos de levar em conta que dados de

escava-goes podem levar a diferentes interpretaescava-goes; essas interpretaescava-goes sao

frequentemente subjetivas e tendenciosas para com urna visáo histórica

específica. Um exame geral da tradigao da conquista no contexto arque

ológico ilustra a complexidade do tema e as varias possibilidades para a

interpretagáo dos achados" (p. 323).

Á p. 324 o Prof. Mazar considera diretamente a campanha de Josué

contra Jericó e as cidades vizinhas:

"Existem diversas avaliagóes da narrativa literaria com relagáo á

conquista descrita em Josué 1-11. Enquanto alguns estudiosos encaram

a narrativa como demonstrativa de urna campanha militar real sob a

lide-ranga de Josué (Y. Kaufmann, Y. e outros), outros a véem como urna cnagao literaria de urna época muito posterior. Nao obstante, mesmo essa visao posterior nao excluí a possibilidade de que tais historias

repercu-tam eventos históricos individuáis que podem ter acontecido no processo

de assentamento israelita".

3) O Templo de Salomáo 12m x 30m? - Escreve o Prof Mazar á

p. 363:

"As medigóes do edificio sao dadas em cubitos. Dois

cúbitos-pa-dráo eram empregados durante o período bíblico: o longo, ou regio, de

52,5 centímetros; e o cubito curto, de 44,5 centímetros. Muito

prova'vel-mente, na construgáo do templo foi utilizado o primeiro. O templo era urna estrutura regular, medindo 50 x 100 cubitos, ou aproximadamente 25m x

50m - maior do que qualquer templo fenicio ou cananeu conhecido por

nos. A altura também era excepcional, 30 cubitos (aprox. 15 metros) É

dito das paredes que tinham 12 cubitos de espessura - urna medida que

lembra a do templo da Idade do Bronza Medio em Siquém".

Estes ensinamentos do mestre israelita mostram bem como sao

discutíveis as afirmacoes do repórter Marcelo Ferroni.

Passemos ao

2.2. Novo Testamento

1) "Na época, fora dos livros religiosos, há somente duas mengóes

de Jesús". Estas seriam a de Flavio José, historiador judeu, e a de Plínio

(15)

"A CIENCIA TENTA EXPLICAR A BÍBLIA" 11_ o Jovem. - Em resposta observamos que, além da referencia de Flávio

José, encontram-se os testemunhos (dos anos de 110 a 120) de tres escritores romanos, que váo, a seguir, apresentados.

a)Tácito

Tácito foi um historiador que soube exercer espirito crítico e se mostrou honesto em seus relatos. Escreveu em seus Anais, por volta de

116, a respeito do incendio de Roma ocorrido em 64:

"Um boato acabrunhador atribuía a Ñero a ordem de por fogo a cidade. Entáo, para cortar o mal pela raíz, Ñero imaginou culpados e en-tregou ás torturas mais horríveis esses homens detestados pelas suas faganhas, que o povo apelidava de cristáos. Este nome vem-lhes de Cris to, que, sob o reinado de Tiberio, foi condenado ao suplicio pelo procura dor Póncio Pilatos. Esta seita perniciosa, reprimida a principio, expandiu-se de novo nao somente na Judéia, onde tinha a sua origem, mas na própria cidade de Roma" (Anais XV 44).

Tácito conta, a seguir, as horríveis torturas infligidas aos cristáos e se mostra contrario a esse desumano procedimento. As referencias pou-co elogiosas aos cristáos mostram que só os pou-conhecia por ouvir dizer e

compartilhava as opinióes do seu tempo. Essa hostilidade mesma torna

mais valiosa a breve noticia que ele nos transmite a respeito de Cristo.

b) Suetónio

Poucos anos depois, em 120, Suetónio, também hábil historiador, escreveu a Vida dos Doze Césares, em que cita duas vezes os cristáos: urna primeira vez para confirmar que eram perseguidos desde os tempos de Ñero. Na segunda vez, referindo-se ao reinado de Claudio (41-54), diz que este "expulsou de Roma os judeus, que, sob o impulso de Cresto, se haviam tornado causa freqüente de tumultos" (Vita Claudii XXV). A infor-macáo coincide com a de Atos 18, 2; a expulsáo deve ter ocorrido por

volta de 49/50. Chrestós é a forma grega equivalente a Christós, que

traduz o hebraico Messias. Suetónio, mal informado, julgava que Cristo se achava em Roma, instigando as desordens.

c) Plínio o Jovem

Em 111 chegou á Bitínia e ao Ponto, provincias da Asia Proconsular

(Turquía de hoje), Plínio o Jovem, com o título de Legado Imperial. Era

homem de letras, serio e inteligente. Em 112 enviou a Trajano urna carta minuciosa a respeito dos cristáos. Recebera denuncias contra eles, pren

dera varios, submetera alguns a torturas, inclusive duas diaconisas; nada, porém, fora apurado que lesasse a boa ordem cívica. Ao contrario, podia dizer que os cristáos se difundiam cada vez mais e "estavam habituados

(16)

12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS' 501/2004

a se reunir em dia determinado, antes do nascer do sol, e cantar um

cántico a Cristo, que eles tinham como Deus" (Epístolas, I. X 96). Deste testemunho depreende-se que, desde os primeiros decenios do Cristia

nismo, o Senhor Jesús era louvado como Deus.

Plínio atestava que aquela boa gente crista se comprometía, com juramento, a nao roubar, nao mentir, nao cometer adulterio - o que nao podia ser passível de pena. Acontecía, porém, que os sacerdotes dos

deuses se queixavam: os templos se esvaziavam; os vendedores de car

ne destinada aos sacrificios deixavam de lucrar. Sendo assim, Plínio per-guntava ao Imperador o que devia fazer frente aos cristáos; havia de puni-los somente por serem cristáos? - Vé-se que Plínio era, de certo

modo, simpático aos discípulos de Cristo.

Nao há por que duvidar da fidelidade histórica dos tres escritores

romanos citados, ao contrario do que escreve Marcelo Ferroni.

Pergunta-se, porém: por que os escritores romanos falaram táo

pouco a respeito de Jesús? - O fato deixa de ser estranho desde que se

pondere que Jesús viveu num rincáo do Imperio Romano (a Palestina). Ademáis a obra de Jesús pode, a principio, parecer nao ser mais do que um motim dos muitos que agitavam a Palestina no século I; assim o livro dos Atos dos Apostólos 5, 36s nos refere o levante de um certo Teudas e o de Judas Galileu, que foram frustrados. Somente quando o Cristianis

mo penetrou no Imperio Romano e comecou a sacudir as populacóes e

mudar os costumes é que Jesús e os cristáos chamaram a atencáo do

grande público.

Vejamos o depoimento de Flávio José.

Flávio José

O historiador judeu Flávio José (37-95) ñas suas "Antigüidades Ju

daicas" se refere a Jesús:

"Poressa época apareceu Jesús, homem sabio, se é que há lugar

para o chamarmos homem. Porque efe realizou coisas maravilhosas,

foi o mestre daqueles que recebem com júbilo a verdade, e arrastou mui tos judeus e gregos. Ele era o Cristo. Por denuncia dos príncipes da nossa nagáo, Pilatos condenou-o ao suplicio da cruz, mas os seus fiéis

nao renunciaram ao amor por ele, porque ao terceiro dia ele Ihes apa receu ressuscitado, como o anunciaram os divinos profetas junta mente com mil outros prodigios a seu respeito. Aínda hoje subsiste o

grupo que, porsua causa, recebeu o nome de cristáos" (XVIII, 63s). Este testemunho, táo elogioso em relacáo a Jesús, está sujeito as dúvidas dos críticos. Os louvores a Cristo podem ter sido interpolados

(17)

"A CIENCIA TENTA EXPLICAR A BÍBLIA" 13

por máos cristas, mas é certo que Flávio José assim atesta a sua

convic-cáo de que Jesús fora personagem histórico.

Na verdade, nao é de crer que o texto, como ele hoje é, seja da

pena de Flávio José; se este tivesse escrito tais dizeres, ter-se-ia feito cristáo. Sabe-se, porém, que Flávio José, bajuladordo Imperador Roma no, escreveu que o verdadeiro Messias, aguardado por Israel, era incon-testavelmente Vespasiano. Foi em homenagem a este que acrescentou

ao seu nome judaico José o nome do Imperador Flávio.

2) "Muito pouco de concreto se pode dizer sobre a vida de Jesús" (P- 91).

A respeito da vida de Jesús somos informados pelos Evangelhos canónicos {Mt, Me, Le, Jo), que bem podem ser tidos como fidedignos

pelas seguintes razóes:

a) Os Evangelhos nos apresentam particularidades históricas, ge

ográficas, políticas e religiosas da Palestina. Cf. Le 2, 1; 3, 1s (César

Augusto e Tiberio imperadores, além dos governantes da Palestina: Póncio

Pilatos, Herodes, Filipe, Lisánias, Anas e Caifas); Me 3, 6; Mt 22, 23 (os partidos dos fariseus, herodianos, saduceus); Jo 5, 2 (a piscina de

Betesda); Jo 19,13 (o Lithóstrotos ou Gábata)... Ora tais peculiaridades supóem testemunhas que viveram antes do ano de 70 d.C, pois em 70 a

térra de Israel foi invadida e transformada pelos romanos.

b) Os Apostólos e evangelistas difícilmente poderiam mentir, pois viviam em ambiente hostil, pronto a denunciar quatquer desonestidade

da parte dos mensageiros da Boa-Nova.

Sem dúvida, a fantasía dos discípulos imaginou muitas lendas a respeito de Jesús. Todavía esses episodios fantasistas nao foram

reco-nhecidos pela Igreja, e por isso passaram a constituir a literatura apócrifa.

Nesta nota-se a tendencia a apresentar um Jesús maravilhoso, que des de a infancia surpreende seus pais e amíguinhos pelos prodigios que realiza. O estilo dos Evangelhos canónicos é, ao contrario, muito simples

e despretensioso, deixando mesmo o leitor diante de passagens que se

tornaram "cruz dos intérpretes" (cf. Me 3, 21; 6, 5; 10, 10...); tem-se a

impressáo de que os Evangelistas possuiam a certeza de estar transmi-tindo a verdade... verdade que nao precisava de ser artificialmente

embelezada.

c) Os Apostólos e Evangelistas nunca teriam inventado um Messi as do tipo de Jesús. Com efeito, nao cabia na mente dos judeus o concei-to de Deus feiconcei-to homem,... e homem crucificado. Sao Paulo mesmo

(18)

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

gregos (cf. 1 Cor 1,23). Os judeus, através dos séculos, tendiam a exaltar

cada vez mais a transcendencia de Deus, distanciando-o dos homens.

d) A figura de Jesús é de tal dimensáo intelectual, moral e psicoló

gica que seria difícil a rudes homens da Galiléia inventá-la.

e) Quanto aos milagres em especial, se Jesús nao os tivesse rea

lizado, nao se explicaría o entusiasmo do povo e dos discípulos, que

sobreviveu á morte do Senhor na Cruz. Com efeito; a pregacáo de Jesús

nao era apta a suscitar fácil entusiasmo: ao povo dominado pelos

estran-geiros, Jesús ensinava o amor aos inimigos; proibia o divorcio, que era

habitual em Israel; incutia a abnegacáo e a renuncia... Difícilmente um tal

pregador teria sido endeusado se nao houvesse realizado sinais que se

impusessem aos discípulos. Ao contrario, se admitimos a historicidade

dos milagres de Jesús, compreendemos o fascínio exercido pelo Mes-tre... Em particular, a ressurreicáo corporal de Jesús sempre foi conside rada o milagre decisivo que autentica a pregacáo crista (cf. 1 Cor 15,14.17);

ora, se nao houve ressurreicáo de Jesús, o Cristianismo estaría b'aseado

sobre mentira, fraude ou doenca mental e alucinacáo de alguns poucos pescadores da Galiléia; tal conseqüéncia seria um auténtico portento,

talvez ainda mais milagroso do que a própria ressurreicáo corporal de"

Jesús.

3. Conclusáo

Nao existe confuto entre fé (mensagem bíblica) e ciencia. Quando tal parece ocorrer, diz-se sabiamente: ou a proposicáo da ciencia está mal formulada ou a proposicáo religiosa nao pertence ao patrimonio da fé. A pesquisa científica tem o valor de dar a conhecer melhor o mundo antigo com seus costumes e seus meios de comunicacáo (que os auto res sagrados adotaram). Os dados arqueológicos sao importantes, mas

ambiguos; dependem da interpretado que o cientista Ihes queira dar,

muitas vezes em funcáo de suas premissas filosóficas. Em conseqüén cia o mesmo fato arqueológico pode ser interpretado pro ou contra deter minada proposícáo bíblica.

É o que se depreende da leítura das páginas deste artigo.

A IGREJA CATÓLICA OFERECE UM APROFUNDAMENTO DE

SUA MENSAGEM ATRAVÉS DA ESCOLA "MATER ECCLESIAE"- 22

CURSOS POR CORRESPONDENCIA, DOS QUAIS O MAIS RECENTE

E O DE DIREITO CANÓNICO, E 28 APÓSCULOS SOBRE "INQUISICÁO"

1"AS CRUZADAS", "IDADE MEDIA: TREVAS?", "A 'PAPISA1 JOANA"

Dl-RIJA-SE Á ESCOLA "MATER ECCLESIAE" PELO TELEFAX- 0 XX 21

(19)

Discute-se:

É FIEL A HISTORIA DOS PATRIARCAS BÍBLICOS?

Em síntese: A historícidade dos relatos concernentes aos Patriar cas bíblicos se depreende de certos tópicos: a) os Patriarcas seguem os hábitos dos povos nómades; b) observam normas jurídicas que, por seu

caráter primitivo, diferem das leis da Idade do Ferro ou da monarquía

israelita; c) sao apresentados com todas as falhas humanas, sem

preo-cupagáo de embelezamento artificial. É preciso reconhecer, porém, que

nem sempre a cronología desses relatos é exata, principalmente quando

se trata da idade dos Patriarcas.

* * #

Tem sido posta em foco a credibilidade dos relatos bíblicos

concernentes aos Patriarcas Abraáo, Isaque, Jaco, José... Há quem os

considere ficticios. O assunto é importante, e deve ser examinado com plena objetividade, posto de lado qualquer preconceito religioso.

Eis que cinco enfoques permitem afirmar a fidelidade histórica de

tais relatos:

1. Aspecto geral

O Deus que salvou Israel da opressáo egipcia é constantemente

evocado como o Deus de Abraáo, Isaque e Jaco ou o Deus de nossos

pais; cf. Gn 28, 13; 31, 42.53; Ex 3, 6.16.

O zelo com que Deus cuida de Israel aparece sempre como a

con-tinuacáo de anteriores ¡ntervencóes do Senhor em prol do seu povo.

Ora estes dados depoem em favor da historicidade dos episodios concernentes "aos pais" ou aos Patriarcas anteriores a Moisés.

2. Aspectos históricos e arqueológicos

A arqueología e a etnología mostram como os povos da Idade de Bronze (2000-1550) viviam. Ora os Patriarcas bíblicos apresentam os mesmos hábitos:

- vivem em tendas: "Abraáo armou sua tenda, tendo Betel a Oes

te..." (Gn 12, 8)

"Jaco era um homem tranquilo, morando sob tendas" (Gn 25, 27)

- procuram os pocos: "Rebeca correu ao poco para tirar agua" (Gn

(20)

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

- emigram periódicamente para lugares de pastagem; "Viemos ha bitar nesta térra porque nao há mais pastagem na térra de Israel" (Gn 47,

4), disseram os irmáos de José.

- zelam para manter a pureza do sangue: "Eu te faco jurar que nao tomarás para meu filho urna mulher entre as filhas dos cananeus" (Gn

24, 3), disse Abraáo ao seu servo mais velho.

- admitem responsabilidade coletiva: Simeáo e Levi dispóem-se a vingar a honra de sua irmá Dina violentada por Siquém (cf. Gn 34,1 -31).

- seguem as normas jurídicas de Códigos antigos a nos conheci-dos, como o de Hamurabi.

Os locáis percorridos pelos Patriarcas eram a regiáo montanhosa

de Judá e a estepe do Negev (Palestina meridional). As cidades em cujas cercanías os Patriarcas acampam, sao as mais antigás que conhece-mos: Siquém, Betel, Hebron, Ai; nenhuma das cidades mais recentes é mencionada na historia dos Patriarcas - o que denota a índole antiga das

respectivas tradicoes.

3. Religiosidade dos Patriarcas

As pp. 32s escreve Walter Vogels em seu livro "Abraáo e sua

Len-"1: da

"Autores como Wellhausen, Thompson e Van Seters, que rejeitam todo valor histórico, afirmam que os relatos dos patriarcas nos informam únicamente sobre a época em que os textos foram redigidos. Isso é

contraditado pelo menos no que concerne á religiáo dos patriarcas. Se

os autores bíblicos tivessem inventado as tradicoes dos patriarcas, inspi rándose na religiáo que eles próprios praticavam, os relatos teriam sido

bem diferentes. Os patriarcas praticavam, segundo os textos bíblicos,

urna religiáo pré-israelita, pré-mosaica. Alguns pontos podem mostrá-lo. Nao existe antagonismo religioso entre os patriarcas e as pessoas

com as quais entram em contato. No restante da Biblia, a oposicáo entre

Yahweh, o Deus de Israel, e os Baals, os deuses dos cananeus, é habitu al. Nos relatos dos patriarcas, diríamos que todos adoram o mesmo Deus.

Melquisedec, reide Shalém, abengoa Abraáo em nome do 'DeusAltíssimo' (Gn 14, 18-20), e Abraáo levanta a máo em nome do 'DeusAltíssimo'(14

22). '

A Biblia distingue com freqüéncia Israel, o povo eleito, e as nagóes,

os povos pagaos. Tal distingáo nao se encontra nos relatos dos patriar

cas. Abraáo eré que nao existe temor algum de Deus em Guerar (20, 11),

(21)

É FIEL A HISTORIA DOS PATRIARCAS BÍBLICOS? 17

mas o texto prova o contrario. O povo de Guerar é urna nagáo justa (20,

4), e seu rei Abimélek age com coragáo íntegro e máos inocentes (20, 5-6). Todos sao iguais diante de Deus; a perspectiva dos relatos dos patri

arcas é mais universalista do que no restante da Biblia.

As práticas sao bem diferentes. Nao há indicagáo alguma de que os patriarcas observassem o sabbat, ou as leis concernentes aos alimen

tos, o que era muito importante na época do exilio. Se as tradigóes patri-arcais tivessem sido inventadas nessa época, os autores teriam muito

provavelmente feito os patriarcas viverem segundo essas leis. O mesmo

se aplica aos locáis do culto. Abraáo constrói altares onde quer (12, 7; 13, 18) e planta árvores sagradas (21, 33). Tais práticas eram proibidas pela lei mosaica, que prescreve o lugar do culto (Dt 12, 2-5) e condena

essas árvores sagradas (Dt 16, 21).

A religiáo dos patriarcas nao conhece mediadores, sacerdotes ou

profetas. Os patriarcas nao se dirigem aos outros á maneira de Moisés ou dos profetas, e ninguém Ihes fala em nome de Deus. Eles estáo em

contato direto, pessoal com Deus (17, 1). Os patriarcas oferecem seus

próprios sacrificios (22, 13) e nao necessitam de sacerdotes que o fagam

em seu nome.

Na religiáo de Israel, a lei ocupa um lugar bem central, sua obser vancia traz a béngáo; sua rejeigáo, a maldigáo. Na religiáo dos patriar

cas, encontramos promessas e béngáos (12, 2-3), mas dadas sem

men-gáo de estipulagóes que os patriarcas deveriam observar para obté-las.

Nao existe tampouco ameaga de julgamento, no caso de nao serem

fiéis.

Esses poucos exemplos, entre outros, ilustram a diferenga entre a

religiáo descrita nos relatos dos patriarcas e a religiáo do restante do Pentateuco. Os patriarcas tinham certas práticas religiosas condenadas pela lei. É difícil, portanto, imaginar que essa religiáo tivesse sido inven

tada por um autor que era um fieljavista. Se ele houvesse 'inventado'a historia de Abraáo, tena escrito urna historia mais 'ortodoxa'. Os textos testemunham urna forma de religiáo antiga pré-javista".

Tais observares deram ensejo aos comentarios de bons autores,

como sao:

Roland de Vaux, Professor da École Biblique de Jerusalém: "Se,

como se afirmou por muito tempo, (os autores bíblicos) tivessem

reconstruido o passado segundo o que viam e ¡maginavam, eles teriam obtido um quadro diferente do que possuímos, e que teria sido falso" ("Les patriarches hébreux et les découvertes modernes", Revue

(22)

18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

A. Parrot: "A vida, tal como aparece nos relatos do Génesis que

sao consagrados, encaixa-se perfeitamente com o que hoje sabemos, por outras vías, sobre o inicio do segundo milenio, mas imperfeitamente com um período mais recente" (Abraham et son temps, "Cahiers

d'archéologie bíblique" 14, Neuchatel, Delachaux et Niestlé, 1962, p. 11). W. F. Albright: "Abraáo, Isaque e Jaco nao parecem mais, doravante, figuras ¡soladas, quanto menos reflexos da historia hebraica posterior; parecem atualmente verdadeiros filhos de sua época, trazendo

os mesmos nomes, deslocando-se sobre o mesmo territorio, visitando as mesmas cidades (especialmente Harran e Nahor), submetidos aos mes mos costumes que seus contemporáneos. Em outros termos, os relatos dos patriarcas tém de cabo a rabo um fundo histórico".

4. Narracóes realistas

As tradicóes populares ficticias apreciam o maravilhoso e a orna-mentacáo de seus personagens. Bem diferente, porém, é o estilo dos relatos concernentes aos Patriarcas bíblicos; apresentados com todo o

realismo da vida humana. Assim:

-Abraáo tem medo de ser raptado e recorre a urna restricáo men

tal, pela qual é censurado; cf. Gn 12,18s; 20, 9-13.

- Sara assume atitude ciumenta e maldosa para com Agar, que o anjo de Deus consola duas vezes; cf. Gn 16,7-12; 21, 10-19.

- Jaco engaña seu pai Isaque, fazendo-se de primogénito que ar rebata a béncáo devida a Esaú e, por isto, deve fugir; cf. Gn 27,1-46.

- Jaco, por sua vez, é engañado pelo tio Labáo; cf. Gn 29, 20-25. - Rubén perdeu o direito de primogénito por causa de um incesto praticado com Bala, concubina de seu pai; cf. Gn 36, 22 e 49, 4.

- Simeáo e Levi foram punidos por sua crueldade homicida; cf. Gn

34, 25-30; 49, 5-7.

É de notar que Abraáo, esposando urna filha de seu pai (Gn 20,

12), e Jaco, unindo-se em casamento a duas irmás (Gn 29, 23-28), nao observaram leis matrimoniáis que mais tarde a Lei de Moisés (Lv 8,8-18; Dt 27, 22) havia de promulgar, punindo a respectiva infracáo com pena

de morte. Isto abona a historicidade dos relatos em foco: parecem

des-crever fatos ocorridos antes da época de Moisés.

As tradicóes históricas eram fielmente guardadas na memoria dos povos antigos através de sucessivas geracóes, visto que a transmissáo escrita era rara e difícil; além do qué, o estilo de vida dos pastores,

(23)

É FIEL A HISTORIA DOS PATRIARCAS BÍBLICOS? 19

5. Historiografía antiga

Compreende-se que as narracoes concernentes aos Patriarcas,

embora sejam fidedignas, carecem da precisáo da historiografía moder na. O historiador semita outrora recorría a procedimentos estranhos. As-sim, por exemplo, o historiador da época dos Patriarcas refere muitos coloquios em discurso direto, que nao foram gravados, mas sao reprodu-zidos de maneira aproximativa. Mais claramente aínda aparece o genio do historiador quando trata de números e, em particular, de números de anos de vida; sejam considerados os seguintes casos (de suposto sim

bolismo?):

- a duracáo da vida de Abraáo parece construida sobre o número 25. Com efeito; Abraáo tinha passado 75 (3 x 25) anos na Mesopotámia antes de emigrar para Canaá (cf. Gn 12, 4); tinha cem (4 x 25) anos quando gerou Isaque (cf. Gn 21, 5), e morreu com 175 (= 7 x 25) anos

(Gn 25, 7).

-A Isaque sao atribuidos 180 anos de vida, ou seja, 4 x 40 + 20 ou

também 3 x 60 (cf. Gn 35, 28).

-A Jaco... 147 anos (cf. Gn 47, 28), o que equivale a 3 (7 x 7) ou tres vezes um período jubilar (cf. Lv 25, 10) ou ainda equivale a duas

vezes 70 mais 7.

Maís ainda chamam a atencáo as ponderacóes seguintes:

Idade de Abraáo: 175 = 7 (5 x 5) anos, sendo 17 a soma dos fatores

7 + 5 + 5.

Idade de Isaque: 180 anos, isto é, 5 (6 x 6), sendo 17 a soma dos

fatores 5 + 6 + 6.

Idade de Jaco: 147 anos, ou seja, 3 (7 x 7), sendo 17 a soma dos

fatores 3 + 7 + 7.

A título de exercício mental, poder-se-iam dissecar outros números

bíblicos, sem que isto tenha algum significado para a mensagem sagra da.

6. Urna objecáo: os Anacronismos Continua o Prof. Vogels:

"Um versículo do ciclo de Abraáo diz que 'Abraáo residiu por muito tempo na térra dos filisteus' (21, 34), mas esses filisteus só se instalaram

em Canaá depois de 1200 a.C. O nome da cidade da qualpartiram Terah e sua familia 'Urdos caldeus'(11, 31), também constituíproblema. A cida

(24)

problemáti-20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

co. Os caldeus só surgem nos textos assírios no século IX a.C. Além disso, referirse a 'Ur dos caldeus' pressupde a ascensáo ao poder dos caldeus, ou seja, babilónicos, que só ocorre no final do século Vil a.C. No inicio do segundo milenio, talvez se dissesse 'Urdos sumarios'. Tais difi-culdades nao perturbam aqueles estudiosos, eles as explicam por meio de anacronismos que nao afetariam o fundo verdadeiramente histórico dos textos. Os autores dos relatos dos patriarcas substituiram os nomes antigos pelos nomes em uso na época em que escreviam.

Outra dificuldade para a hipótese do inicio do segundo milenio é o costume dos patriarcas, como Abraáo, de se servir de camelos (12, 16). Aceitase, em geral, que o camelo só foi domesticado e utilizado no Orí-ente Próximo antigo depois de 1200 a.C. É verdade que se conhecem alguns casos raros um pouco antes do segundo milenio. Poderíamos, assim, recorrerá tais casos excepcionais e afirmar que os patriarcas

fazi-am um uso restrito de cfazi-amelo. Mas preférese, em geral, explicar essas

referencias aos camelos como anacronismos. Chegase a sugerir que o texto, de inicio, falava de jumentos, substituidos posteriormente por ca

melos.

Explicar tais dificuldades como anacronismos nao é, em si, urna

solugáo absurda. Todos nos tendemos, ainda hoje, a introduzir seme-Ihantes anacronismos em nossos textos. Um dos suburbios da cidade de Ottawa se chamava, outrora, Eastview. Esse nome foi alterado, em 1969, para Ville de Vanier. Se escrevo em 1996: 'Em minha chegada no Cana dá, instalei-me em Vanier', cometo um anacronismo. Quando cheguei ao Canadá, em 1960, a cidade se chamava ainda Eastview. Meu texto, cien tíficamente talando, nao é exato, mas o leitor comum compreende mais fácilmente, pois muitas pessoas nao sabem mais nada a respeito dessa mudanga de nome. Mas o leitor que se baseasse em meu texto para

concluir que devo ter chegado ao país depois de 1969 se engañaría. É

certo, em contrapartida, que o texto deve ter sido escrito após 1969. Urna

frase que afirmasse 'Livingstone morreu no Zámbia' seria outro exemplo de anacronismo. O país, que sob o regime británico se chamava Rodésia

do Norte, tomouse Zámbia no momento de sua independencia, em 1964.

Isso me indica que a frase deve ter sido escrita depois de 1964. Mas concluir, a partir dai, que Livingstone tería morrido depois de 1964 seria um erro histórico. Esse explorador británico morreu em 1873 na regiáo

da África que hoje se chama Zámbia" (pp. 28s).

(25)

Convertidos ao Catolicismo:

"TODOS OS CAMINHOS VÁO DAR A ROMA"

por Scott e Kimberly Hahn

Em síntese: O livro vem a ser a autobiografía de um casal

presbiteriano que se converteu ao Catolicismo mediante atento estudo

das Escrituras e da Tradigáo. Verificaram que muitos preconceitos os man-tinham afastados da Igreja Católica; averiguaram outrossim que as duas pilastras do protestantismo - Somente afee Somente a Escritura -

care-cem de fundamento na própria Biblia. - O marido se converteu em

pri-meiro lugar, ficando a esposa desolada; a seguir, ela, devidamente con victa, também abragoua fé católica.

* * #

Nos últimos decenios tém-se registrado numerosas conversóes do protestantismo para o Catolicismo, geralmente devidas a graca de Deus e ao estudo das Escrituras Sagradas. A nossa revista tem publicado o relato de algumas dessas conversoes, as quais se acrescenta nesta edi-cáo a autobiografía do casal Scott e Kimberly Hahn; também recém-con-vertidos, referem sua historia na obra "Todos os caminhos váo dar a

Roma"1, cujos principáis traeos váo expostos a seguir. 1. As etapas de urna conversáo

Como foram as principáis etapas da conversáo de Scott.

1.1. Preconceitos

Como geralmente acontece entre os protestantes, sao marcados por profundos preconceitos contra a Igreja Católica. Assim era Scott:

"No Seminario encontrei um colega chamado GerryMatatics. Entre os alunos presbiterianos, nos dois éramos os únicos suficientemente in-flexíveis no nosso anticatolicismo para defender que a Confissáo de Westminster devia conservar urna tese que a maioria dos reformados

estava disposta a abandonar: o Papa era o Anticristo. Embora os protes

tantes - Lutero, Calvino, Zwingli, Knox e outros - tivessem muitas dife-rengas entre si, todos eram unánimes na conviegáo de que o Papa era o Anticristo e que a Igreja de Roma era a rameira da Babilonia" (p. 41).

Scott e sua esposa se colocaram no rol daqueles que odiavam urna falsa imagem da Igreja Católica e nao a verdadeira imagem (que

eles ignoravam):

(26)

22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

"O falecido arcebispo Fulton Sheen escreveu um dia: 'Talvez nao

haja nos Estados Unidos urna centena de pessoas que odeiem a Igreja

Católica;mas há milhóes de pessoas que odeiam o que erróneamente

supoem que é a Igreja Católica'" (p. 13). 1.2. Somente a fé

Scott Hahn era ministro presbiteriano casado com Kimberly, tam-bém ela presbiteriana. Em virtude das suas funcóes de pregador, Scott

teve que estudar com afinco os grandes principios do Credo protestante,

a comecar pela primeira pilastra: "Somente pela fé" somos salvos.

"...se era correto ou nao afirmar que nos salvamos exclusivamente

pela fé.

Pouco a pouco chegamos a ter o convencimento de que Martinho Lutero deixou que as suas convicgóes teológicas pessoais contradisses-sem a própria Biblia, á qual supostamente tinha decidido obedecer em

vez de obedecerá Igreja Católica. Tinha declarado que a pessoa nao se

justifica pela fé atuando no amor, mas que se justifica apenas pela fé. Chegou mesmo a acrescentara palavra 'somente'depois da palavra 'jus tificado' na sua tradugáo alema de Romanos 3, 28, e chamou a Epístola de Santiago 'epístola falsificada'porque Santiago diz explícitamente: 'Ve des que pelas obras se justifica o homem e nao apenas pela fé'.

Urna vez mais, e por muito estranho que nos parecesse, a Igreja Católica tinha razao num ponto fundamental da doutrina: ser justificado significa serfeito filho de Deus e ser chamado a vivera vida como filho de Deus mediante a fé com obras no amor. Efésios 2, 8 esciarecia que a fé

- que temos que ter - é um dom de Deus, nao por causa das nossas

obras, peto que ninguém se pode vangloriar, e que a fé nos torna

capa-zes de realizar as boas obras que Deus quer que realizemos. Afééao mesmo tempo um dom de Deus e a nossa resposta obediente a miseri

cordia de Deus" (p. 58).

A rigor, deve-se distinguir entre "ser justificado" e "ser salvo". "Ser justificado" é tornar-se justo, amigo de Deus, passando do estado de pecado para o estado de graca. - E o que Sao Paulo tem em

vista ñas suas cartas.

"Ser salvo" é perseverar na graca recebida até o fim da vida terres tre. Esta perseveranca nao é possível se o fiel cristáo nao manifesta a sua fé

através de boas obras. - É o que Sao Tiago tem em vista na sua carta. 1.3. Somente a Escritura

A outra importante pilastra do Credo protestante é o principio

"So-mente a Escritura"; é regra de vida. Também esta foi desmoronando, como

(27)

"TODOS OS CAMINHOS VÁO DAR A ROMA" 23

"Professor Hahn ensinou que a doutrína da sola Vides nao é bíblica, e que esse grito de guerra da Reforma nao tem qualquer fundamento quando se confronta com a Carta de Paulo. Como bem sabe, o outro grito

de guerra da Reforma foi a sola Scriptura: que a Biblia é a nossa única autoridade, em lugar do Papa, os Concilios ou a Tradigáo. Professor,

onde é que a Biblia ensina que 'a Escritura é a nossa única autoridade'?

Fiquei a contemplá-lo e comecei a sentir um suor frío.

Disse-lhe:

- Vejamos primeiro Mateus 5, 1T e depois 2 Timoteo 3, 16-17: 'Toda a Escritura inspirada por Deus é útil para ensinar, para rebater, para corrigir e para formar na justiga, de modo que o homem de Deus

seja perfeito, e preparado para toda obra boa'. E depois podemos ver

também o que diz Jesús acerca da tradigáo em Mateus 15?.

A sua resposta foi cortante:

- Mas, professor, Jesús nao estava a condenar toda a tradigáo em

Mateus 15, mas só a tradigáo corrupta. Quando 2 Timoteo 3, 16 mencio na 'toda a Escritura'nao diz 'só a Escritura' é útil. Também a oragáo, a evangelizagáo e muitas outras coisas sao essenciais. E o que dizer de 2

Tessalonicenses 2, 15?

- Ah, sim... Tessalonicenses... - balbuciei débilmente - o que é

que se diz ai?

- Paulo diz aos Tessalonicenses: 'Portanto, irmáos, mantende-vos

firmes e guardai as tradigdes que haveis aprendido de nos, de palavra ou

por carta'.

Sai pela tangente:

- Ouve, John, estamos a afastar-nos do tema. Avancemos um

pou-co mais e já voltaremos a falar sobre isto na próxima semana. Posso assegurar que ele nao ficou satisfeito. Nem eu.

Quando voltei a casa naquela noite, contemple'! as estrelas e

mur-murei: 'Senhor, o que é que está a acontecer? Onde é que a Escritura

ensina a doutrína da sola Scriptura?'

Foram duas as colunas sobre as quais os protestantes basearam a

sua revolta contra Roma. Umajá tinha caído, e a outra estava a

cambale-ar. Sentí medo.

1 Mt 5, 17: "Nao penséis que vim revogar a Lei e os Profetas. Nao vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento".

2 Mt 15, 3: Disse Jesús: "Porque violáis o mandamento de Deus por causa da vossa

(28)

24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 501/2004

Estudei toda a semana. Nao cheguei a nenhuma conclusáo. Tele-fonei entáo a varios amigos. Sem éxito. Finalmente, teleTele-fonei a dois dos melhores teólogos da América, e também a alguns dos meus

ex-profes-sores.

Todos aqueles que consultava se surpreendiam de que Ihes

fizes-se essa pergunta. E fizes-sentiam-fizes-se aínda mais perturbados ao verem que

nao ficava satisfeito com as respostas que me davam.

A um professor disse-lhe:

- Taívez esteja a sofrer de amnesia, mas esqueci-me das simples razoes pelas quais os protestantes eremos que a Biblia é a nossa única

autoridade" (pp. 70s).

"Dr. Gerstner, creio que a questáo principal é o que a Biblia ensina

sobre a Palavra de Deus, já que em nenhum lugar reduz a Palavra de Deus apenas á Escritura. Pelo contrario, a Biblia diz-nos em muitos luga

res que a autorizada Palavra de Deus deve buscarse na Igreja: na sua

Tradigáo (2 Tes 2, 15; 3, 6), assim como na sua pregacao e ensino (1Pe 1, 25; 2Pe 1, 20-21; Mt 18, 17). Por isso pensó que a Biblia apoia o

principio católico de solum verbum Dei, 'só a Palavra de Deus', em vez do

principio protestante sola Scriptura, 'só a Biblia'" (p. 95).

1.4. O Governo da Igreja

Completando sua afirmacáo de que as Escrituras nao bastam, Scott apresenta a seguinte imagem:

"Desde a época da Reforma, foram surgindo mais de vinte e cinco mil diferentes confissóes protestantes, e os especialistas dizem que na atualidade surgem cinco novas por semana. Cada urna délas afirma se guir o Espirito Santo e o sentido auténtico da Escritura. Deus sabe que

devemos precisar de algo mais.

O que eu quero dizer, Dr. Gerstner, é que quando os fundadores da

nossa Nagáo nos deram a Constituigáo, nao se contentaram só com isso.

Imagine o que teriamos hoje se a única coisa que nos tivessem dado

foss'e um documento, pormuito bom que fosse, junto com a

recomenda-cáo 'Que o espirito de George Washington guie cada cidadáo'? Teriamos

a anarquía, que é precisamente o que temos os protestantes no que se

refere á unidade da Igreja. Em vez disso, os nossos país fundadores

de-ram-nos algo mais do que a Constituigáo; dede-ram-nos um Governo - for

mado por um Presidente, um Congresso e um Senado - todos eles

ne-cessáríos para aplicar e interpretar a Constituigáo. E, se isso é

necessá-rio para governar um país como o nosso, o que é que será necessánecessá-rio para governar urna Igreja que abarca o mundo inteiro?

(29)

"TODOS OS CAMINHOS VÁO DAR A ROMA" 25 Éporisso, Dr. Gerstner, que comeco a acreditar que Cristo nao nos

deixou apenas com um Hvro e o Seu Espirito. Alias, no Evangelho nao diz urna única palavra aos apostólos acerca de escreverem; além disso, só menos de metade deles escreveram livros que foram incluidos no Novo

Testamento. O que Cristo disse realmente a Pedro, foi: 'Sobre esta pedra

edificarei a Minha Igreja... e as portas do inferno nao prevaleceráo contra ela'. Por isso parece-me mais lógico que Jesús nos tenha deixado junta

mente com a Sua Igreja composta por um Papa, Bispos e Concilios

-tudo o que é necessário para administrar e interpretar a Escritura" (pp.

94s).

1.5. A Eucaristía

Scott se refere as aulas que dava sobre Joáo 6, 22-66:

"Comecei ¡mediatamente a por em causa o que os meus

professo-res me tinham ensinado - e o que eu próprio andava a pregar á minha congregagáo - acerca da Eucaristía como um mero símbolo, um símbolo

profundo, certamente, mas apenas um símbolo.

Depois de multa oragáo e de muito estudo, acabei por reconhecer que Jesús nao podía estara falar simbólicamente quando nos convidou a comeraSua carne e a beber o Seu sangue. Osjudeus que O ouviam nao

teriam ficado ofendidos nem escandalizados com um mero símbolo. Ali as, se tivessem interpretado mal Jesús, tomando as Suaspalavras a letra

- quando Ele quería que as palavras fossem tomadas em sentido figura do _ feria sido fácil ao Senhor esclarecer esse ponto. Na verdade, já que muitos dos discípulos deixaram de O seguirpor causa deste ensinamento

(vers. 60), teña estado moralmente obrigado a explicar que falava ape

nas em termos simbólicos. Mas nunca o fez" (p. 68).

2. Conclusáo

Em conseqüéncia das conviccoes adquiridas pelo estudo sincero e

sistemático, Scott houve por bem abracar o Catolicismo, mesmo á

reve-lia de sua esposa, a qual só mais tarde se converteu.

É muito interessante observar a caminhada dos convertidos até a fé católica: a graca os impele a superar hesitacoes, obstáculos, comen

tarios.

Os pontos abordados por Scott interessam a todo cristáo desejoso

de encontrar a Verdade religiosa. A experiencia de Scott vem a ser esco

la para outros. Os argumentos sao claros. O protestante que afirma

se-rem 66 os livros da Biblia, nao o pode provar pela Biblia; recorre á

(30)

Como explicar?

CASA MAL-ASSOMBRADA

Em síntese: A imprensa deu noticia de casa mal-assombrada no Rio Grande do Sul; os moradores abandonaram a residencia, julgando haver ai um demonio ou urna alma do outro mundo. - Na verdade, o fenómeno se explica pela presenga, na casa, de urna pessoa que sofra de urna "tempestade (trauma) interior" e projete esse tumulto psicológico

para fora de si mediante a telergia.

* * *

O jornal ZERO HORA, de Porto Alegre, edicáo de 13/5/03 publicou

a noticia de urna casa mal-assombrada que provocou grande tumulto na regiáo de Novo Hamburgo (RS). Tal caso, do qual existem similares peri

ódicamente, será analisado ñas páginas seguintes.

1. A noticia

Eis o que se lé no jornal ZERO HORA de Porto Alegre, edicáo de

13/5/03, p. 30:

Familia foge de casa com medo de supostos fenómenos paranormais

Urna serie de acontecimentos paranormais em urna casa de Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, obrigou urna familia de seis pessoas a abandonar o local ao entardecer de ontem e atraiu a atengao de dezenas

de pessoas.

Crucifixos quebrados, facas voando, armarios despencando no chao e sobre pessoas sao listados como o saldo de fatos que estariam ocor-rendo dentro de urna moradia de madeira na Rúa Quarai, bairro Boa Vista.

A desempregada Rosali Delly, 37 anos, deixou a casa as 18h le

vando algumas roupas, o bebé de oito meses e outros dois filhos, genro

e ñora. Ñas duas últimas semanas, conforme relata, objetos estariam voando pelas pegas da casa e se chocando contra as paredes. Alguns

desses possíveis fenómenos teriam ocorrido na tarde de ontem, na pre

senga de vizinhos de Rosali. Á noite, em frente á casa, havia pedagos de movéis quebrados.

- Quando tudo isso comegou, pensamos que fosse bríncadeira de algum dos meus filhos. Nem dei muita atengao - conta Rosali, sem

(31)

CASA MAL-ASSOMBRADA 27

No sábado passado, urna faca teña se movido sozinha contra a

adolescente Jaqueline Clarice Pereira, 17 anos, ñora de Rosali.

O mesmo jornal apresenta casos semelhantes:

1987 - Leonice Fitz, á época com 13 anos, assombrou os morado

res de Santa Rosa. Durante quatro meses, na casa onde vivía, paredes eram arranhadas, batidas eram ouvidas sem que houvesse ninguém do outro lado, objetos voavam porta afora e se espatifavam no chao e lám

padas estouravam sozinhas, entre outros fenómenos. A jovem chegou a ser analisada por especialistas, e os fenómenos deixaram de acontecer

pouco tempo depois.

1993 _ ciair Lopes, entáo com 17 anos, despertou a atencao da

comunidade de Anchieta (SC). Na presenca déla, objetos se moviam

sozinhos e aparelhos eletrodomésticos ligavam e desligavam.

2. Como explicar?

Muitos casos semelhantes aos que transcrevemos tém sido

anali-sados pelos estudiosos, que chegaram á seguinte conclusáo:

A "assombracáo" nao se deve a espíritos do além, mas tao

somen-te ao aquém, isto é, a urna pessoa adolescensomen-te ou jovem (muitas vezes, do sexo feminino) que traz em seu íntimo um confuto psíquico. Este con

futo interior, em nao poucos casos, se traduz em confuto exterior, isto é, em choques físicos, que atingem movéis, quadros, lámpadas; a desor

dem exterior, física, visível que assim se origina, nao é senáo a imagem

da desordem que existe no íntimo do paciente. Os golpes físicos na casa

sao causados diretamente pela chamada teiergia da pessoa confutada. Com efeito, verifica-se que certas pessoas emitem urna energía

dirigida pelo seu inconsciente... energía que agride o ambiente no qual

elas se acham; tal energía se chama telergia (tele = longe; ergon =

tra-balho, em grego). A telergía realiza aportes, ou seja, o transporte de

certos objetos através de paredes ou outros objetos sólidos. Mediante a

telergia, urna pessoa muito dotada, do ponto de vista parapsicológico,

pode efetuar o transporte (aporte) de objetos situados num raio de 50m ao redor. A telergia pode também produzir pancadas - fenómeno este

que se chama "tiptologia" (typto = bater, em grego). Mais ainda: confor me muitos estudiosos, a telergia pode transformar-se em energía lumi

nosa (é o caso dos insetos chamados "vagalumes" ou "pirilampos), em

energía elétrica (como no peixe "raía"), em energía térmica, mecánica, etc.

Verifica-se que, retirando-se da "casa mal-assombrada" a pessoa

Referências

Documentos relacionados

O teste de patogenicidade cruzada possibilitou observar que os isolados oriundos de Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Manaquiri e Iranduba apresentaram alta variabilidade

b) As liberações previstas neste parágrafo deverão ser previamente negociadas caso a caso, entre a Empresa e a FENADADOS, de acordo com o cronograma das

Convênio de colaboração entre o Conselho Geral do Poder Judiciário, a Vice- Presidência e o Conselho da Presidência, as Administrações Públicas e Justiça, O Ministério Público

O artigo 2, intitulado “Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): Estar fora da família, estando dentro de casa”, foi resultado da realização de uma pesquisa de

Acreditamos que o estágio supervisionado na formação de professores é uma oportunidade de reflexão sobre a prática docente, pois os estudantes têm contato

importante destacar o papel do Ministério Público do Trabalho [MPT], que pautou o combate ao trabalho forçado como uma de suas prioridades em 2002, com a criação da

Assim, este estudo buscou identificar a adesão terapêutica medicamentosa em pacientes hipertensos na Unidade Básica de Saúde, bem como os fatores diretamente relacionados

Com isso, tivemos um ano de 2008 até com um aumento de inadimplência em relação a 2007, mas como nós estamos em um processo de acerto da carteira, porque o mercado