Seleção tecnológica baseada em requisitos de sustentabilidade
Luciana Alves de Oliveira
Palestra apresentado no CONGRESSO DE
MATERIAIS, TECNOLOGIA E ESUSTENTABILIDADE NA
CONSTRUÇÃO, 15., 2016, Belo Horizonte. Palestra... Belo
Horizonte: SINDUSCON, 2016..
A série “Comunicação Técnica” compreende trabalhos elaborados por técnicos do IPT, apresentados em eventos, publicados em revistas especializadas ou quando seu
conteúdo apresentar relevância pública.
SELEÇÃO TECNOLÓGICA
BASEADA EM REQUISITOS
DE SUSTENTABILIDADE
Luciana Oliveira / IPT
SELEÇÃO TECNOLÓGICA BASEADA
EM REQUISITOS DE DESEMPENHO
E DE SUSTENTABILIDADE
Setembro, 2015 Luciana A. de Oliveira Engenheira Civil, DRª luciana@ipt.brASSUNTOS
Contextualização / Conceitos
•
Sustentabilidade
•
Desempenho ambiental x Desempenho técnico
Processo de projeto x seleção tecnológica
Exemplos de especificação por desempenho
contrata mundialmente 10% da mão de obra, movimentando
± 10% do PIB global
demanda ± 40% da energia e um terço dos recursos naturais
emite um terço dos gases de efeito estufa
consume ± 12% da água potável
gera 40% dos resíduos sólidos urbanos. No Brasil, gera 50% da
massa dos resíduos sólidos urbanos
(ASIF et al., 2005; Condutas de Sustentabilidade SECOVI-SP, 2014; Pinto, 2005; UNEP, 2009).
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O que fazer para minimizar essa situação ????
CONTEXTUALIZAÇÃO / CONCEITOS
• Selecionar materiais/tecnologias mais duráveis (c/ desempenho técnico)
• Selecionar materiais/tecnologias com menor energia incorporada (c/menor impacto ambiental possível)
• Reutilizar ou reciclar materiais
• Renovar ou Reabilitar edifícios no lugar de demolir • Diminuir distâncias de transportes
• Consumir recursos sem desperdício, como energia elétrica e água • Gerenciar resíduos
• Melhorar características dos edifícios para proveito de mais recursos naturais, como iluminação e ventilação
• Reuso de água e energia • Definição de VUP e vida pós uso • Outros
Alternativas
Conceito de sustentabilidade
Técnico e Funcional
O ambiente construído concebido à luz dos conceitos de sustentabilidade considera o desenvolvimento sustentável em termos de
três aspectos: econômicos, sociais e ambientais, sem esquecer-se dos
aspectos técnicos e funcionais; esses aspectos têm relação e interdependência entre eles (ISO 15.392:2008).
Sustentabilidade de edifícios – ISO
A ISO 21929-1 (2011) classifica esses aspectos como causadores de impactos ambientais, sociais e/ou econômicos
. ASPECTOS PRINCIPAIS PRINCIPAIS IMPACTOS Ec osi st em a R ec ur sos na tur ai s Sa úd e e be m esta r Equ ida de soc ia l Pa tr im ôn io soc ia l P rospe ri da de ec on ôm ic a C api ta l ec on ôm ic o
1 Emissões para a atmosfera X X
2 Uso de recursos não renováveis X X X
3 Consumo de água potável X X X X
4 Geração de resíduos X X X
5 Contaminações para o solo X X X
6 Acesso a de infra-estrutura básica X X X X
7 Accessibilidade ao edifício e seu
entorno X
8 Condições internas (habitabilidade) X X
9 Adaptabilidade X X X
10 Custo Global X X
11 Durabilidade e Manutenibilidade X X X
12 Segurança estrutural, contra incendio e
durante o uso X X
13 Facilidade a serviços X
14 Qualidade estética X
Fonte: adaptado da ISO 21.929-1
Impactos ambientais Impactos sociais economicos Impactos
Requisitos de sustentabilidade que retratam o desempenho
da edificação
DESEMPENHO
Como tratar da seleção tecnológica em
em termos de desempenho,
técnico/funcional e ambiental?
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Interface projeto
X
produto
X
Desempenho técnico
X
Desempenho ambiental
Desempenho
x
processo de produção do edifício
Normas técnicas, Códigos
municipais, outras exigências e desempenho
Projeto para produção/ Controle da qualidade obra/ conformidade
projetos/
desempenho
Seleção da tecnologia Benefícios custo / prazo Desempenho técnico e ambiental
PROJETO
• Aquisição de componentes
x desempenho
• Análise e solução de
interfaces
• Memoriais de cálculo
disponíveis
• Projetos executivos
detalhados
• Projetos para produção
• Plano de manutenção
OBRA
• Conformidade com projeto
• Controle da qualidade dos
materiais (aceitação)
• Procedimentos de execução
• Definição de critérios de
aceitação de serviços
Desempenho
x
processo de produção do edifício
Mudanças precisam ser incorporadas às práticas
atuais de desenvolvimento de projetos para que o
edifício e seus subsistemas possam atender aos
critérios de desempenho da NBR 15.575
Quais as considerações a serem incorporadas no
processo de projeto para que os edifícios
Premissas
MODIFICAÇÕES NOS PROJETOS
Os agentes do processo (incorporadores, projetistas, construtores e fabricantes de produtos) precisam conhecer os requisitos aplicáveis a cada empreendimento específico;
Tecnologias consideradas convencionais – fazer um banco de dados com todas as informações a respeito do seu desempenho potencial, de problemas e soluções de interfaces conhecidos;
Programa de necessidades e Estudos preliminares – definem requisitos a serem atendidos pelo empreendimento e as tecnologias que apresentam potencial para atender a esses requisitos; Tecnologias inovadoras - identificar fornecedor com avaliação técnica
ou disposto a realizá-la – verificar a existência de DATec, Documento de Avaliação Técnica, no SiNAT;
A analise do atendimento aos critérios de desempenho (parâmetros quantitativos) deve ser feita já no desenvolvimento do anteprojeto;
Formalizar exigências de desempenho em documentos técnicos (caderno técnicos ou regras de boas práticas) - Definições de como e por quem comprovar o atendimento às exigências constam desses documentos; O fornecedor da tecnologia/produto apresenta informações do
desempenho, detalhamento do projeto mostrando as soluções de interfaces, restrições ou limitações de uso, procedimento de execução, etc;
Cuidado com as definições feitas no projeto básico, pois sua necessária continuidade no projeto executivo tem implicações quanto às questões de desempenho;
MODIFICAÇÕES NOS PROJETOS
Durabilidade – VUP - e manutenabilidade precisam ser analisadas e também nas etapas preliminares de projeto e o detalhamento das suas soluções precisa ser feito antes do início da execução das obras; Projetar pensando na possibilidade de fazer manutenção com menor
custo – considerar custo global;
Incorporar melhorias na interface projeto e obra; compatibilizar o projeto com as particularidades da obra
Nos contratos é recomendável que conste as exigências de desempenho que tal produto precisa atender e a forma como esse fornecedor comprovará tal atendimento;
Considerar também a necessidade do envolvimento do projetista no projeto/plano para produção;
Fase Etapas/Atividades/ Considerações de desempenho
Etapa Produto da etapa Considerações de desempenho
Concep ção Idealização do produto Programa de necessidades e prioridades
Levantamento dos requisitos de desempenho aplicáveis para o empreendimento específico
Desenvolvimento
do produto Estudo preliminar
Ratificação dos requisitos de desempenho Seleção da tecnologia baseada em benefícios técnicos, de custo e prazo. Os benefícios técnicos avaliam o potencial daquela tecnologia em atender aos requisitos de desempenho
Formalização Anteprojeto e Projeto
Pré-executivo
Discussão e formalização dos critérios de desempenho (quantitativos) Definição dos métodos a serem adotados para comprovação do atendimento aos critérios (análise de projetos, de resultados de ensaio,
de experiências anteriores etc) Inclusão das exigências de desempenho e seus métodos de
comprovação nos contratos com fornecedores Compilação dos resultados de desempenho da tecnologia específica.
Para tecnologias inovadoras, deve-se recorrer ao DATEC; para tecnologias convencionais a banco de dados existentes
Detalhamento Projeto Executivo e Projeto para produção
Detalhamento técnico dos projetos, considerando as soluções construtivas para atendimento aos critérios de desempenho Elaboração do projeto para produção, c/ procedimentos de execução
Desenvolvimento dos manuais de uso e manutenção – definição de VUP, períodos e formas de manutenção para garantir tal VUP Execu-ção Planejamento para a execução Execução conforme projeto e especificações técnicas
Preservar as especificações e detalhes que favorecem o desempenho
Gestão em uso Gestão e manutenção Gerenciamento do uso e da manutenção; gerenciamento da operação
Gerenciamento do edifício, considerando o Manual de uso e manutenção
Esquema do processo do projeto de fachadas
P rem issas p ar a fac ili tar m an u tenç ão Consolidação plano de manutenção
Plano de manutenção x processo de projeto
Partes a avaliar anos
5 10 15 20
Pintura dos perfis Inspeção e
repintura (1) Inspeção e repintura (1) Inspeção e repintura (1) Inspeção e repintura (1) Acessórios
/articulações Inspeção (2) Substituição (3) inspeção(2) Substituição (3)
Vedações/selantes inspeção substituição inspeção substituição
Gaxetas inspeção substituição substituição substituição
Acessorios de
fixação - inspeção inspeção VUP sugerida para Esquadrias externas >= 20 anos
(1) O que inspecionar. Definir parâmetros que estabelecem a necessidade ou não da pintura (exemplo: 50% da esquadria sem pintura e com pontos de corrosão). Como fazer a repintura; (2) O que inspecionar. Definição de parâmetros de aceitação, faz ou não a ação corretiva; (3) Como substituir
Plano de manutenção
Exemplo: Janela de aço
Produto inovador com Documento de Avaliação
• Documento nacional, tipo
DATec – SINAT
•Documento estrangeiro tipo
AvisTechnique, cuidado aspectos de durabilidade
•Relatórios Técnico de Avaliação,
especialmente de Instituições/laboratórios com ensaios acreditados
•Pareceres técnicos com
relatórios de ensaios ou avaliação pos-ocupação
•Parecer sobre durabilidade –
histórico de utilização
•Informações devem ser solicitadas
aos fornecedores
•Identificar as informações:
•Características dos materiais que
interferem na durabilidade Comportamento/desempenho do elemento, ao menos segundo a NBR 15.575/2013
•Empregar produtos em
conformidade com normas técnicas – Programas de Certificação de Conformidade, Programas Setoriais da Qualidade (PBQP-H e QUALIHAB
Produto sem Documento de Avaliação
Especificação e controle de produtos
Certificação - Qualificação
Qualihab
EXEMPLOS DE ESPECIFICAÇÃO POR
DESEMPENHO
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ESPECIFICAÇÃO POR DESEMPENHO
X
Função
X
Condições de uso
x
Condições de exposição
x
Exigências específicas
Segurança no uso e ocupação - Piso
Coeficiente de atrito dinâmico em pisos
29 29
Função: revestimento de piso
Uso: área de corredor (passagem com lavagem) Exposição: agua de lavagem com agentes
químicos
Exigência qualitativa : não pode escorregar Critério: coeficiente de atrito dinâmico ≥ 0,4
Especificações
• especificação de coeficientes de atrito diferentes
conforme a área (seca / molhada / molhável / uso
comum / piscina / etc.) –NBR 15575
• construtora, pode optar por adotar critérios mais
restritivos até do que o da norma
• atendimento aos critérios da respectiva norma
prescritiva NBR 13818 (Placas cerâmicas para
revestimento )
Segurança no uso e ocupação - Piso
Função: perfil estrutural p/ quadros de steel frame Uso: paredes externas estruturais
Exposição: externo protegido Exigências: durável – difícil manutenção Proteção: espessura do revestimento de zinco
Obra econômica
Obra barata (custos ao longo da VUP)
Durabilidade
Programa de Certificação de Conformidade
CONSTRUÇÃO MERCADO 159 – OUTUBRO 2014COMO DIFERENCIAR A PORTA DA DIREITA EM RELAÇÃO À PORTA DA ESQUERDA?
É possível especificar pelo método construtivo? Como controlar na obra?
Manutenibilidade
PISO
PLURIGOMA
• Função: Revestimento de Piso • Uso: área interna de alto trafego de pessoas. • Exposição: trafego de pessoas, bicicletas, carrinhos, etc
Exigências qualitativas
• Absorção de ruído; • Resistência a deformação;
• Resistência a combustão, álcalis, ácidos e biológica (evita o desenvolvimento de fungos);
• Sem propagação de fumaça tóxica; • Antiderrapante;
• Anti-estático; • Absorvedor de impacto
• Facil manutenção (limpeza e subsituição)
Exigências quantitativas/critério
• Resistência a compressão mínima: 40,0 Mpa; • Resistência a tração na flexão mínima: 10,0 Mpa; • Cor: preta ou natural (cimento).
*Informações catálogo Plurigoma.
PORCELANATO
• Piso porcelanato para aplicação com argamassa colante; • Medidas 500 x 500mm, esp: 11mm;
• Junta de Assentamento 2,0 mm • Área de Cobertura 1,0 m²/cx • Quantidade Peças por Caixa 4
• Local de Uso: Áreas comerciais com acesso para rua e locais externos planos (matéria Estadão)
Propriedades Físicas:
• Resistência a flexão (N/mm²) ≥ 45; • Carga de ruptura (N) ≥ 1800; • Expansão por umidade (mm/m) ≥ 0,60; • Resistência a abrasão profunda (mm³) ≥ 175; • Coef. De atrito classe II
Deverá atender:
• Absorção de água (%) – NBR 13.818: até 3; • Abrasão profunda (mm3) – NBR 13818: < 275; • Módulo de ruptura (N/mm2) – NBR 13.818: ≥ 40; • Carga de ruptura (N) – NBR 13.818: mínimo 1.100.
*Informações catálogo da Eliane.
ABNT 15.463 - PORCELANATO
Formica
®
Função: piso para revestimento Uso: áreas internas secas Exposição: trafego e limpeza Exigências:• Segurança contra o fogo • Segurança no uso e operação • Conforto tátil
• Durabilidade • Manutenibilidade • Adequação ambiental
Segurança contra fogo
• Relatório FISPQ-10 (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) do produto material não inflamável;
Segurança na operação
• As texturas superficiais proporcionam um comportamento antiderrapante, embora apresente escorregamento se molhado • Produto não indicado para áreas molhadas.
Conforto tátil
• O Formipiso da Formica
®
é considerado “atérmico”, a temperatura varia pouco em função da temperatura ambiente;Durabilidade e vida útil
• Há três categorias de qualidade do produto: • Standard áreas de tráfego moderado, residencial; • Reforçado áreas de tráfego intenso, comercial;
• Dissipativo áreas que necessitam de dissipação de cargas eletrostáticas, CPDs (Centros de Processamentos de Dados) e
centros cirúrgicos. Tabela 05: Classificação do piso conforme a resistência à abrasão. Fonte: ABNT NBR 14.833-1:2002.
Durabilidade e vida útil
Tabela 06: Indicação de tráfego e de uso do piso. Fonte: ABNT NBR 14.833-1:2002.
Manutenibilidade
• Métodos de manutenção simples, sem necessidade de produtos especiais;
• Limpeza por varrição ou pano umedecido com água e detergente neutro;
• Não deve ser lavado com abundância de água, pois há possibilidade de infiltração na linha de cola utilizada para a instalação;
• O produto não deve ser encerado.
Adequação ambiental
• Selo FSC (Forest Stewardship Council® - Conselho de Manejo Ambiental*) para cores lisas:
• A certificação é um processo voluntário em que a certificadora realiza uma avaliação de um empreendimento florestal e verifica os cumprimentos de questões ambientais, econômicas e sociais que fazem parte dos Princípios e Critérios do FSC. Esse processo pode ser resumido em 5 etapas:
• Não contém uréia-formaldeído; • Os resíduos não são reaproveitados.
Sistema construtivo - exemplo
Verificar requisitos da NBR 15.575 (2013) ESTANQUEIDADE À ÁGUA
Importância do projeto – detalhes de fachadas e de juntas
39 mm de projeção Tira de espuma Mastique de elástico Painel 20 mm > 60 mm 20° 10° a > 50 mm > 10 mm Barreira de ar Estas superfícies não devem ser paralelas Detalhes de fachada Concepção de juntas Logo da Empresa do palestrante
Exemplos: como olhar para a AVALIAÇÃO TÉCNICA
ESTANQUEIDADE À ÀGUA Juntas entre componentes
Interface com fundações Proteção da fachada
Proteção de áreas molhadas e molháveis
Int e rf ac e e nt re a pa re de e xt e rna e o p is o d a ca lça d a e en tr e p a re d e in te rn a e p is o d o b a n h eir o
ESTANQUEIDADE À ÁGUA DE FACHADAS – fachadas light steel frame
Paginação das placas cimentícias e aberturas
cordão de polietileno Preenchimento das juntas com massa
interface base da parede externa com piso e parede das
áreas molhadas