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Tribunal Regional Eleitoral de anta Catarina

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EM BLOCO - TELEVISÃO - 12A ZONA ELEITORAL - FLORIANÓPOLIS

Relator: Juiz Luiz Henrique Martins Portelinha

Recorrentes: Coligação Florianópolis Ainda Melhor (PMDB/PHS/PDT/PPS/PV/PTB/PMN/PTC/PSL/PTN) e Gean Marques

Loureiro

Recorrida: Coligação Por Uma Cidade Mais Humana (PSD/PP/PSDB/DEM/PSB/PSC/PSDC)

ELEIÇÕES 2012 RECURSO REPRESENTAÇÃO -PROPAGANDA ELEITORAL - TELEVISÃO - HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO - ALEGAÇÃO DE VEICULAÇÃO DE AFIRMAÇÃO SABIDAMENTE INVERÍDICA -AUSÊNCIA, NO CASO CONCRETO, DE OFENSA ÀS

NORMAS DISCIPLINATÓRIAS DA PROPAGANDA ELEITORAL - PEDIDO IMPROCEDENTE - SENTENÇA MANTIDA - DESPROVIMENTO.

Vistos etc.

A C O R D A M os Juizes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em conhecer do recurso e a ele negar provimento, nos termos do voto do Relator, que integra a decisão.

Sala de Sessões do Tribunal Regional Eleitoral. Florianópolis, 23 de outubro de 2012.

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R E L A T Ó R I O

Trata-se de recurso interposto pela Coligação Florianópolis Ainda Melhor (PMDB/PHS/PDT/PPS/PV/PTB/PMN/PTC/PSL/PTN) e por Gean Marques Loureiro contra a sentença do Juízo Eleitoral da 12a Zona Eleitoral de Florianópolis (fl. 62), que julgou improcedente o pedido de direito de resposta formulado na representação ajuizada contra a Coligação Por Uma Cidade Mais Humana (PSD/PP/PSDB/DEM/PSB/PSC/PSDC).

Em suas razões (fls. 64-70), argumentam que:

- os recorridos teriam veiculado propaganda irregular no horário eleitoral gratuito televisivo das 13h00min do dia 13.10.2012, por conter afirmações que, descontextualizadas, distorceram a verdade dos fatos, incutindo no imaginário dos eleitores idéia que não corresponde ao pensamento do candidato recorrente;

- o art. 58 da Lei n. 9.504/1997 assegura o direito de resposta ao candidato atingido por afirmação sabidamente inverídica, como no caso em apreço;

- "[...] há nítida violação do caput do artigo supracitado, pois os Recorridos desvirtuam a realidade e omitem do eleitorado informação completa (lançando meia-verdade) ao afirmar que o candidato recorrente Gean é favorável a construção do empreendimento na Ponta do Coral - 'eu vou ser um prefeito que vou estimular sua construção'. Isso porque os Representados aduzem claramente que os problemas de trânsito existentes naquela região, regularmente engarrafada nos horários de pico, seriam impeditivo para o posicionamento favorável ao projeto. E ao destacar frase isolada proferida pelo candidato Gean em entrevista ao jornal RBS Notícias no início do 1° turno dão a falsa impressão de que Gean é favorável ao projeto de qualquer maneira, o que não representa a verdade" (fl. 67 - grifou-se);

- examinando-se o conteúdo da entrevista na íntegra, pode-se perceber que o candidato recorrente somente é favorável ao referido empreendimento se cumpridos todos os requisitos legais e ambientais pertinentes, o que engloba a análise do impacto do tráfego na região;

- a propaganda, de forma ardil e maliciosa, dá a entender que Gean é favorável ao empreendimento sem avaliar suas conseqüências e impactos;

- "Ao se criar um contexto caótico em relação ao trânsito em torno do empreendimento os Recorridos atribuem a uma afirmação de Gean conotação absolutamente divorciada da realidade em que foram feitas tais afirmações. Além disso, tal contextualização é totalmente irresponsável e leva ao eleitor médio a impressão de que Gean Loureiro jB^favorável aQ empreendimento de forma irrestrita, o que não é verdade!" (fr/68);

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- no decorrer da propaganda o próprio candidato da Coligação recorrida afirma que eventualmente poderia ser favorável ao empreendimento, desde que só fosse uma marina ou um projeto menor; também essa afirmação poderia ser retirada do contexto para lhe emprestar conotação diversa, exatamente como procedeu a Coligação recorrida;

-"[...] não pode ser aceita uma propaganda eleitoral que manipule informações que levam ao eleitor informação distorcida e que não representa a verdadeira intenção do candidato recorrente" (fl. 69 - grifou-se);

- em decisão recente (Acórdão TRESC n. 27.488, de 17.12.2012), esta Corte teria concedido direito de resposta em hipótese semelhante à versada nestes autos;

- com a distorção das colocações do candidato recorrente houve divulgação de informação sabidamente inverídica, razão pela qual cabível direito de resposta para que se esclareça aos eleitores a verdade dos fatos.

Requerem, em arremate, o conhecimento e provimento do recurso. A Coligação recorrida, em contrarrazões (fls. 75-82), sustenta que: - não houve divulgação de informação sabidamente inverídica, nem a alegada distorção dos fatos;

- "[...] é incontroversa a posição favorável do candidato Recorrente acerca da construção de referido empreendimento. E a propaganda ora indigitada nada mais traz do que esta posição firmada por tal candidato" (fl. 77);

- o empreendimento já foi inclusive aprovado pela atual administração, apoiada pelo candidato recorrente, cuja posição favorável ao projeto, independentemente de requisitos legais e ambientais, é pública e notória;

- o objetivo da propaganda é mostrar que o candidato da Coligação recorrida é contrário à construção do referido empreendimento em razão do significativo trânsito de veículos naquele local;

- "[....] o fato de não constar na propaganda a afirmativa de que o candidato Recorrente apóia a construção do referido empreendimento apenas caso cumpridos os quesitos legais e ambientais, absolutamente nada altera o objeto da informação trazida na propaganda. Primeiro porque é fato explícito de que o candidato Recorrente é a favor de referido empreendimento. Segundo, porque a propaganda em nenhum momento discorre acerca da opinião dos candidatos sobre as questões ambientais e legais de refeôd^ empreendimento, mas sim, unicamente, traz a posição adversa do candidatl^^ecdrridpxfe construção_do empreendimento naquela localidade em razão do imenso tráfego de 78)\

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- trata-se de crítica política, que deve ser rebatida no próprio horário eleitoral gratuito dos recorrentes, conforme o entendimento assente nesta Corte;

- o precedente invocado nas razões de recurso em nada se assemelha à hipótese vertente;

- é incabível o direito de resposta; em caso de entendimento diverso, esse deve se limitar ao tempo da ofensa.

Diante disso, postula o desprovimento do apelo, mantendo-se incólume a sentença de primeiro grau.

A Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se pelo conhecimento e desprovimento do recurso (fls. 86-89).

É o relatório.

V O T O

O SENHOR JUIZ LUIZ HENRIQUE MARTINS PORTELINHA (Relator): Senhor Presidente, conheço do recurso por ser tempestivo e preencher os demais pressupostos de admissibilidade.

A sentença deve ser mantida.

Segundo os recorrentes, a peça publicitária deveria ser censurada, pois teria distorcido afirmações de Gean Loureiro a respeito do empreendimento a ser construído na área denominada Ponta do Coral, dando a entender ao eleitorado que o referido candidato é favorável à sua construção independentemente do cumprimento dos requisitos legais e ambientais pertinentes.

Todavia, confirme ressaltou com propriedade o Magistrado de primeiro grau, reportando-se ao que havia dito por ocasião da decisão que apreciou o pedido de liminar, "'Essa questão, assim examinada de ofício, parece-me poder ser respondida à altura no próprio horário eleitoral dos requerentes, sem a necessidade da intervenção da Justiça Eleitoral, pareceu-me uma crítica política pertinente e se alguma malícia houve, isso também é da natureza do embate político'" (fl. 62)

Trata-se de crítica política, inerente ao embate eleitoral, que pode - e até deve, para que se melhor esclareça o eleitorado acerca dessa importante questão - ser respondida pelo próprio candidato que se sentir atingido dentro de sua propaganda eleitoral.

Outro não foi o entendirfjépíól^ProçuFador Regional Eleitoral, de cujo parecer, como razão de decidir, adptaj) seguinteirag

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[...] cabe aos recorrentes responder à análise critica da oposição em seu próprio horário eleitoral gratuito, pois as críticas contundentes dão conta de que o candidato apelante defende a Ponta do Coral, o que não é inverídico, sendo que os demais pormenores poderiam ser declinados na própria propaganda eleitoral gratuita das recorrentes, conforme antes visto.

Com efeito, em sede de horário de propaganda eleitoral gratuita, os candidatos, agremiações partidárias e coligações, apesar de terem o dever de agir com moderação em sua manifestação a respeito da dignidade das pessoas, não podem ficar inibidos pela legislação eleitoral a ponto de não poderem criticar opositores e seus atos administrativos ou projetos políticos. Esse não é o objetivo da lei que, aliás, acomoda em seu espírito, o calor dos embates, posto que estes despertam a reflexão dos eleitores e politizam o povo em geral, sendo, pois, socialmente relevantes.

Nessa linha, o seguinte precedente da Corte Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul:

RECURSO ELEITORAL. PEDIDO DE DIREITO DE RESPOSTA. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE INJÚRIA, CALÚNIA OU DIFAMAÇÃO. ART. 58 DA LEI N. 9.504/97. IMPROVIMENTO. A Justiça eleitoral não pode alimentar ou estimular alterações entre candidatos nem intimidar ou inibir o exercício pleno do direito à pregação de suas idéias, ainda que com apontamento a condutas ou procedimentos mal sucedidos de opositores políticos. O exercício das liberdades não se pratica com mudismo, com temos nem com renúncia indesejada, mas com altivez, com fala, com articulações, com questionamentos, com destemor, com indagações, ainda que haja rigores [TRE-MS. Ac. n. 3089, DJ de 25.9.1998. Rei. Juiz Odilon Oliveira]. Portanto, críticas exacerbadas e contundentes podem até ter existido no caso em apreço, mas dentro do embate eleitoral próprio da discussão e alertas baseados em fatos que efetivamente ocorreram, sem que houvesse afirmação inverídica sobre a referida questão, o que não enseja a concessão de direito de resposta pretendido.

Logo, os dizeres se ativeram a comentários sobre o fato concreto, cuja repercussão é evidente, mas sem extrapolar os limites estabelecidos pela legislação de regência; afora isso, os próprios recorrentes poderiam - e podem - responderem a tais críticas em seu próprio horário de propaganda eleitoral gratuita, de modo a prestar eventuais esclarecimentos que entenderem pertinentes à questão em apreço e, igualmente, fomentado o necessário debate sobre a referida temática sobre a referida construção na Ponta do Coral.

Portanto, por absoluta impropriedade do objeto - ou seja, não há o que responder na forma pleit^^f^a\não ser no próprio horário eleitoral gratuito dos recorrente^,/úo tepn^uandLa^ia,^^n eleitoral o

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postulado pelos apelantes, merecendo ser mantida a decisão a quo [fls. 88-89 - grifou-se].

Ao que foi dito, cumpre acrescentar que o precedente invocado nas razões de recurso (Acórdão TRESC n. 27.488, de 17.12.2012) não guarda qualquer relação com a hipótese em apreço, pois naquela ocasião se estava diante de propaganda na internet na qual o candidato Gean Loureiro teria reportado afirmação que não fora verbalizada pelo candidato César Souza Júnior, daí porque se entendeu cabível o direito de resposta.

Não é esse o caso, contudo, motivo pelo qual a confirmação da sentença é medida que se impõe.

Diante do exposto, ponh^ço do recurso e a ele nego provimento. É como v o t o - / y C ^

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V

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EXTRATO DE ATA

RECURSO ELEITORAL N° 20598.2012.6.24.0012 RECURSO ELEITORAL REPRESENTAÇÃO DIREITO DE RESPOSTA PROPAGANDA POLÍTICA -PROPAGANDA ELEITORAL - HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO / PROGRAMA EM BLOCO - TELEVISÃO - 12a ZONA ELEITORAL - FLORIANÓPOLIS

RELATOR: JUIZ LUIZ HENRIQUE MARTINS PORTELINHA

RECORRENTE(S): COLIGAÇÃO FLORIANÓPOLIS AINDA MELHOR (PMDB-PHS-PDT-PPS-PV-PTB-PMN-PTC-PSL-PTN)

ADVOGADO(S): KATHERINE SCHREINER; PAULO FRETTA MOREIRA; LIS CAROLINE BEDIN; GRASIELA GROSSELI; ENIO FRANCISCO DEMOLY NETO; KARINY BONATTO DOS SANTOS; ANDRÉ LUIZ BERNARDI; LUCIANO CHEDE; PAULO PREIS NETO

RECORRENTE(S): GE AN MARQUES LOUREIRO

ADVOGADO(S): KATHERINE SCHREINER; PAULO FRETTA MOREIRA; LIS CAROLINE BEDIN; GRASIELA GROSSELI; ENIO FRANCISCO DEMOLY NETO; ANDRÉ LUIZ BERNARDI; LUCIANO CHEDE; PAULO PREIS NETO; KARINY BONATTO DOS SANTOS; THIAGO ANDRÉ MARQUES VIEIRA

RECORRIDO(S): COLIGAÇÃO POR UMA CIDADE MAIS HUMANA (PSD-PP-PSDB-DEM-PSB-PSC-PSDC)

ADVOGADO(S): ROGÉRIO REIS OLSEN DA VEIGA; CHRISTIAN SIEBERICHS; NAMOR SOUZA SERAFIN; CHRISTIANE SIEBER TEIVE; LUIZ HENRIQUE MARTINS RIBEIRO; ALESSANDRO BALBI ABREU; BRUNO NORONHA BERGONSE

PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ LUIZ CÉZAR MEDEIROS

PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: ANDRÉ STEFANI BERTUOL

Decisão: à unanimidade, conhecer do recurso e a ele negar provimento, nos termos do voto do Relator. O Juiz Marcelo Ramos Peregrino Ferreira declarou-se suspeito e não participou do julgamento. Apresentaram sustentação oral os advogados Paulo Fretta Moreira e Rogério Reis Olsen da Veiga. Foi assinado e publicado em sessão, às 17h09min, com a intimação pessoal do Procurador Regional Eleitoral, o Acórdão n. 27741. Presentes os Juizes Luiz Cézar Medeiros, Eládio Torret Rocha, Júlio Guilherme Berezoski Schattschneider, Luiz Antônio Zanini Fornerolli, Luiz Henrique Martins Portelinha e Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli.

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