Destaque Setorial - Bradesco
Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos
21 de setembro de 2011
Variação do volume de carga transportada por rodovia
2007 - 2012
Transporte de Cargas
Regina Helena Couto Silva Rita de Cássia Milani
Setor de transportes se benefi cia da expansão da atividade econômica e
deverá continuar ampliando a frota
Embalado pela expansão da atividade econômica no Brasil, o setor de transportes deverá registrar variação positiva nos próximos anos. Nossa expectativa é de elevação de 3,1% do volume de cargas transportadas por rodovia em 2011 e
3,9% no próximo ano. Dado que historicamente o segmento tem elevada correlação com a variação do PIB, podemos esperar expansão próxima a 4% do volume de carga transportada nos próximos cinco anos. 2,9% 3,2% -4,5% 4,4% 3,1% 3,9% 6,1% 5,2% -0,6% 7,5% 3,5% 4,5% -5,0% -3,0% -1,0% 1,0% 3,0% 5,0% 7,0% 9,0% 2007 2008 2009 2010 2011* 2012*
Carga Total transportada PIB 1.104.762 1.137.183 1.173.770 1.121.323 1.170.738 1.206.485 1.253.849 1.000.000 1.050.000 1.100.000 1.150.000 1.200.000 1.250.000 1.300.000 2006 2007 2008 2009 2010 2011* 2012* Volume de carga transportada por rodovias 2007- 2011
Fonte: FIPE Elaboração e projeção: BRADESCO
Sob o cenário básico de continuidade das boas condições prevalecentes atualmente no mercado de trabalho, com ganhos de renda e geração de emprego formal, o comércio varejista deverá continuar registrando expansão robusta de vendas, embora em desaceleração1. Nosso
cenário contempla também uma aceleração
dos investimentos no País, voltados para obras de infraestrutura, notadamente para atender aos eventos esportivos de Copa e Olimpíadas, além da exploração do pré-sal, e também de investimentos anunciados em diversos setores da economia. Embora de um lado tenhamos o consumo doméstico robusto, a retomada da
1 O rendimento médio real da população ocupada vem crescendo 3% ao ano nos últimos 10 anos, devendo continuar se expandindo entre 3,0% e
4,0% neste e no próximo ano. No mesmo sentido, o mercado de trabalho deverá gerar 1,75 milhão de vagas formais em 2011 e mais 1,8 milhão em 2012, acima da média gerada nos últimos oito anos, de 1,4 milhão de novas vagas. Para este ano projetamos elevação de 8% das vendas do comércio varejista e 6,7% no próximo ano.
Fonte: FIPE
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Fonte: IBGE
Elaboração: BRADESCO
Fonte: ABCR Elaboração e projeção: BRADESCO
produção industrial ainda não deverá ocorrer de forma consistente, em razão da concorrência com os produtos importados e também do aumento das importações líquidas de produtos manufaturados.
Claramente, o desempenho da indústria e do comércio mostrou-se discrepante ao longo deste ano, dado que enquanto as vendas no comércio varejista cresceram 7,3%, a produção industrial se expandiu em apenas 1,4% durante o primeiro semestre, comparativamente ao mesmo período do ano passado. Confi rmando as difi culdades da indústria com a concorrência dos importados e com o enfraquecimento do mercado internacional, no período em análise o volume exportado cresceu 3,2%, enquanto o volume importado registrou elevação de 11,4%.
De fato, durante o primeiro semestre, o volume de cargas transportadas por rodovias cresceu 4,5%,
enquanto que por ferrovias, o incremento foi de 4,6%, sempre na comparação com o mesmo período do ano anterior. Nesse sentido, avaliamos que o desempenho do transporte foi beneficiado pela expansão do comércio varejista e das importações, caso contrário seria penalizado pelo fraco resultado da indústria neste ano.
Reforçando esse argumento, o índice ABCR2, que
mensura o fl uxo de veículos pesados nas estradas pedagiadas do País, registrou elevação de 7,7% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado. Salvo diferenças metodológicas entre as fontes de informação, o desempenho divergente entre o fluxo de veículos pesados em rodovias pedagiadas e o volume de cargas transportadas em todas as rodovias, nos leva a inferir que as rodovias com cobrança de pedágio, estão mais concentradas nos grandes centros de distribuição, onde há, portanto, um comércio mais intenso.
2 ABCR – Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias.
2,9% 4,2% 7,8% 10,2% 6,0% 2,9% 7,0% 5,3% 8,8% 13,6% 10,5% 22,0% 19,9% -26,0% -16,0% -6,0% 4,0% 14,0% 24,0% 34,0% 44,0% dez/07 jan/ 08 fev/08 mar /08 abr/08 ma i/08 jun/ 08 jul /08 ago/08 set /08 out /08
nov/08 dez/08 jan/
09 fev/09 mar /09 abr/09 ma i/09 jun/ 09 jul /09 ago/09 set /09 out /09
nov/09 dez/09 jan/
10 fev/10 mar /10 abr/10 ma i/10 jun/ 10 jul /10 ago/10 set /10 out /10
nov/10 dez/10 jan/
11 fev/11 mar /11 abr/11 ma i/11 jun/ 11 jul /11
Carga Transportada - Rodoviário Carga Transportada - Ferroviário Produção Industrial Exportação - quantum ABCR - pesados PMC Importação - quantum Produção industrial, comercio varejista, exportações e importações em quantum e volume de carga transportada por rodovia e ferrovia - variação % da média móvel de 12 meses 2007 - 2011 1,7% 5,2% 5,5% 0,6% 6,6% 0,8% 1,0% 5,3% 5,2% -2,9% 11,0% 8,4% 5,7% -4,0% -2,0% 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11* 20 12*
Índice ABCR* veículos pesados Brasil 2000 – 2011
(*) Índice ABCR – Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. Mede o fl uxo pedagiado nas rodovias brasileiras.
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3,1% 6,4% 13,6% 9,9% 6,8% 11,0% 8,0% 6,7% 0,0% 3,0% 6,0% 9,0% 12,0% 15,0% 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 Volume de vendas do comércio varejista incluindo carros e material de construção (PMC ampliada) - crescimento anual 2005 - 2012 Fonte: IBGEElaboração e Projeção: BRADESCO
1,6% 2,7% 0,1% 8,3% 3,1% 2,8% 6,0% 3,1% -7,4% 10,5% 2,0% 2,5% -9,0% -4,0% 1,0% 6,0% 11,0% 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11* 20 12* Produção industrial - crescimento percentual anual 2001 - 2012 Fonte: IBGE Elaboração e Projeção: BRADESCO
No tocante aos custos das transportadoras, os gastos com diesel não parecem estar exercendo pressão substancial, dado que o combustível registra alta de 2,2% no acumulado do ano até julho, tendo subido apenas 0,3% no ano passado. Pressões de custos devem estar presentes em materiais de reposição, como autopeças e pneus, que são ligados às cadeias do aço e minério de ferro e do petróleo,
matérias-primas que tiveram aumento de preços no ano. Complementarmente, os custos com mão-de-obra, a exemplo de diversos outros setores, também estão em elevação. Além disso, deve-se destacar que a entrada da norma Euro V a partir de janeiro de 2012, cujo objetivo é a redução das emissões de poluentes, deverá elevar os preços dos caminhões novos, por conta da maior tecnologia embarcada.
25,2% -3,2% -5,1% 29,2% 24,2% -10,2% 43,5% 10,9% 8,0% 9,1% 3,6% 9,8% 13,9% 13,6% -10,3% 21,9% 7,3% 9,0% -15,0% 0,0% 15,0% 30,0% 45,0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* 2012* Caminhões Investimento (FBKF) Variação % das vendas de caminhões e da taxa de investimento 2004 - 2011
Fonte: IBGE, Anfavea
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Retrato do Setor
Retrato do Setor
Por fim, diante do quadro de continuidade de crescimento econômico em 2012 e de expansão das vendas no comércio varejista, traçamos um cenário de expansão para o setor de transporte próximo ao crescimento do PIB, em torno de 3,9%. Esse incremento deverá levar as transportadoras a uma ampliação da frota para atender ao incremento de demanda. Nesse sentido, nossas expectativas são de elevação de 10,9%
das vendas domésticas de caminhões neste ano e de 8% em 2012. É relevante destacar o forte incremento do comércio varejista nas regiões Norte e Nordeste do País, que vêm crescendo a taxas mais robustas do que a média nos últimos três anos, indicando a necessidade de desenvolvimento de centros de distribuição de grandes redes e complementarmente do sistema de logística nestas regiões.
7,84% 19,30% 12,85% 1,07% 0,41% 14,47% -8,33% 0,30% 2,16% -12,0% -9,0% -6,0% -3,0% 0,0% 3,0% 6,0% 9,0% 12,0% 15,0% 18,0% 21,0% 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11*
Variação anual dos preços do diesel (IGP- FGV) 2003 - 2011
Fonte: FGV
Elaboração e Projeção: BRADESCO
32.897 39.180 42.835 37.387 31.996 52.495 42.005 22.732 14.180 39.903 70.897 68.256 61.122 62.395 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 jun/ 06 set /06 dez/06 mar /07 jun/ 07 set /07 dez/07 mar /08 jun/ 08 set /08 dez/08 mar /09 jun/ 09 set /09 dez/09 mar /10 jun/ 10 set /10 dez/10 mar /11 jun/ 11 Geração líquida de emprego formal no transporte rodoviário de cargas 2006 - 2011 Fonte: CAGED Elaboração: BRADESCO
• O transporte rodoviário de cargas opera em
regime de livre mercado, sem exigência de autorização, permissão ou concessão dos serviços.
• O transporte rodoviário responde por 61% do total de carga transportada no País, seguido pelo ferroviário, com 20,7%, o aquaviário, com 13,6% e, por fi m, o dutoviário, com 4,2%.
• A sazonalidade do setor é mais concentrada no 2º semestre do ano, quando há maior aquecimento
da atividade econômica.
• As transportadoras mais ligadas ao transporte de produtos agrícolas têm maior nível de atividade durante o 1º semestre do ano, quando ocorre o período de colheita e comercialização da safra agrícola.
• Os principais custos do setor são: óleo diesel, lubrifi cantes, mão-de-obra, manutenção, pedágios, IPVA e licenciamento, seguros e sistemas de segurança, peças de reposição e pneus.
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Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos
Marcelo Cirne de Toledo / Fernando Honorato Barbosa
Economia Internacional: Fabiana D’Atri / Daniel Valladares Weeks / Daniela Cunha de Lima /Igor Velecico / Thomas Henrique Schreurs Pires Matheus Ribeiro Machado
Economia Doméstica: Robson Rodrigues Pereira / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Bast / Renata Rodovalho Gonçalves
Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Rita de Cassia Milani
Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Ana Maria Bonomi Barufi / /Leandro Câmara Negrão
Estagiários: Felipe Cardoso D´Avila / Mirella P. Amaro Hirakawa / Wellington Barbosa Nunes / Daiane Cristina Montanari / Gabriel Lyrio de Oliveira / Priscila Monterio Ortega / Vinícius Gonçalves Manaia Moreira / Ricardo Romano
Equipe Técnica
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