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Bitucas de cigarro: Um silencioso inimigo do meio ambiente

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Academic year: 2021

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BITUCAS DE CIGARRO: UM SILENCIOSO INIMIGO DO MEIO AMBIENTE

Tubarão 2019

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA TUANY GALDINO

BITUCAS DE CIGARRO: UM SILENCIOSO INIMIGO DO MEIO AMBIENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Química Licenciatura da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Química.

Prof. Dr. Gilson Rocha Reynaldo (Orientador)

Tubarão 2019

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida e por dar forças e me encorajar a ir atrás dos meus sonhos e não desisti-los. Por iluminar meus caminhos e de todos que vivem ao meu lado.

A minha família, em especial meus pais, Rosiléia e Mário, que me ensinaram a ter amor e responsabilidade.

Ao meu marido, Rangel que esteve ao meu lado dando forças e me apoiando. Aos meus amigos e colegas de curso, que sempre me incentivaram.

A todos os profissionais da Escola de Educação Básica Monsenhor Francisco Giesberts, que permitiram a realização dos meus estágios, em especial a Profa Lic. Leila, que me auxiliou e dividiu experiências em sala de aula durante os estágios.

A todos os professores do curso de Química Licenciatura da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul, que me auxiliaram na minha formação acadêmica e profissional.

Ao meu orientador Prof. Lic. Gilson Rocha Reynaldo, Dr., por todo o conhecimento compartilhado durante esses últimos anos, por me auxiliar e apoiar na elaboração deste trabalho.

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RESUMO

O descarte incorreto dos resíduos sólidos tornou-se um dos maiores problemas da humanidade. As pontas de cigarro são resíduos altamente tóxicos. Quase todos os cigarros possuem filtros, feitos de materiais não biodegradáveis onde armazenam muitas substâncias perigosas como, o benzeno, o arsênico e o chumbo. O mesmo, descartado incorretamente, causa sérios danos para o meio ambiente e para a população. Pesquisas indicam que duas bitucas de cigarro poluem o mesmo que um litro de esgoto doméstico. Apesar de não possuir legislação específica e punições, é necessário que as pessoas tenham visão ambiental e tornem mediadoras de ações conscientes. Neste sentido, este trabalho buscou investigar o grau de toxidade das pontas de cigarro e consequências do descarte incorreto na percepção de estudantes e familiares, fumantes e não fumantes como também de alguns fumantes do perímetro urbano, aleatoriamente escolhidos. O estudo foi realizado em município localizado no sul de Santa Catarina. O método de abordagem utilizado foi qualitativo/indutivo com procedimento bibliográfico e nível exploratório. A coleta de dados foi realizada através de questionários semiestruturados, entrevistas e observação direta. Verificou-se com a pesquisa o desconhecimento de considerável parte dos entrevistados e respondentes sobre a gravidade do problema investigado. Dessa forma, destaca-se a urgência em ações de órgãos governamentais e não governamentais públicos e privados para um amplo movimento de conscientização na tentativa de minimizar este silencioso e grave problema para a sociedade e para o meio ambiente. A pesquisadora contribui ministrando palestra para estudantes da Educação Básica, Ensino Médio, na instituição de ensino onde o estudo foi realizado. Também postará os resultados em repositório aberto (RIUNI/UNISUL) para maior amplitude de divulgação. Assim, torna-se necessário o conhecimento social dos riscos do descarte inadequado e de ações como reaproveitamento destes resíduos, como também opções de destinação correta para reduzir os nocivos impactos socioambientais causados.

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ABSTRACT

The incorrect disposal of solid waste became one of humanity's greatest problems. Cigarette ends are highly toxic residue. Almost all cigarettes have filters made of non-biodegradable materials where they store many hazardous substances such as benzene, arsenic and lead. Incorrectly discarded, it causes serious damage to the environment and the population. Research indicates that two cigarette ends pollute the same as one liter of domestic sewage. Despite not having specific legislation and punishments, it is necessary that people have environmental vision and mediate conscious actions. In this sense, this study aimed to investigate the degree of toxicity of cigarette ends and consequences of incorrect disposal in the perception of students and family members, smokers and non-smokers as well as some randomly chosen smokers from the urban perimeter. The study was conducted in a municipality located in the south of Santa Catarina. The approach method used was qualitative / inductive with bibliographic procedure and exploratory level. Data collection was performed through semi-structured questionnaires, interviews and direct observation. It was verified through the research the ignorance of a considerable part of the interviewed and respondents about the severity of the investigated problem. Thus, the urgency of actions by governmental and non-governmental, public and private bodies is highlighted for a broad awareness movement in an attempt to minimize this silent and serious problem for society and the environment. The researcher contributes giving lectures to students of Basic Education, High School, in the educational institution where the study was conducted. Will also post the results in open repository (RIUNI / UNISUL) for greater breadth of propagation. Thus, social awareness of the risks of improper disposal and actions such as reuse of these residues is necessary, as well as correct disposal options to reduce the harmful social and environmental impacts caused.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Autópsia do cigarro...26

Figura 2: Caminhos da contaminação...33

Figura 3: Palestra aos estudantes da Educação Básica, Ensino Médio...45

Figura 4: Palestra aos estudantes da Educação Básica, Ensino Médio...46

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Conhecimento sobre o descarte de resíduos...38

Gráfico 2: Descarte...39

Gráfico 3: Toxidade...40

Gráfico 4: Efeitos na população...41

Gráfico 5: Incêndios...41

Gráfico 6: Preocupação ambiental dos fumantes...42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação dos resíduos sólidos...22 Tabela 2: Referente á entrevista. (n= 9)...44

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BAT British American Tobacco. CO Monóxido de carbono.

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio. EA Educação Ambiental.

FSP Faculdade de Saúde Pública.

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. OMS Organização Mundial da Saúde.

PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. PNRS Política Nacional dos Resíduos Sólidos.

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SUMÁRIO AGRADECIMENTOS...4 1 INTRODUÇÃO...13 1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA...14 1.2 OBJETIVOS...15 1.2.1 Objetivo geral...15 1.2.1.1 Objetivos específicos...15

1.3 RELEVÂNCIA AMBIENTAL, SOCIAL E CIENTÍFICA DO ESTUDO...16

2 REVISÃO DE LITERATURA...17

2.1 ENSINO E CONTEXTO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA (QUÍMICA) NO BRASIL...17

2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL...18

2.2.1 Educação ambiental na perspectiva dos estudantes...19

2.3 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)...21

2.4 LOGÍSTICA REVERSA...23

2.5 PRODUÇÃO E CONSUMO DE CIGARROS NO BRASIL...24

2.5.1 Contextualização histórica...24 2.6 COMPONENTES DO CIGARRO...25 2.6.1 O filtro...26 2.6.2 Papel...26 2.6.3 Nicotina...27 2.6.4 Os gases tóxicos...27 2.6.5 Metais tóxicos...28 2.6.6 Substâncias cancerígenas...28

2.7 AS PONTAS DE CIGARRO E O MEIO AMBIENTE...29

2.7.1 Consequências para o meio ambiente do descarte incorreto de pontas de cigarro (bitucas)...29

2.8 COMPOSTOS QUÍMICOS PRESENTES NAS PONTAS DE CIGARRO...31

2.8.1 Benzeno no solo...31

2.8.2 Chumbo no solo...31

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2.8.4 Cádmio no solo...32

3 METODOLOGIA DA PESQUISA...34

3.1 OS PROCEDIMENTOS DA PESQUISA REALIZADA...34

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA...35

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...36

3.3.1 Questionário semiestruturado...36

3.3.2 Observação direta...36

3.3.3 Entrevista não estruturada...37

3.4 HISTÓRICO DO PROCESSO...37

3.5 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...38

3.6 OS DADOS OBTIDOS...38

3.6.1 Categoria 1: Educacional...38

3.6.2 Categoria 2: Sustentabilidade...41

3.6.3 Categoria 3: Social...43

3.7 ENTREVISTA ABERTA A FUMANTES...43

3.8 DEVOLUTIVA AOS ALUNOS...44

4 CONCLUSÃO...48

REFERÊNCIAS...49

ANEXOS...54

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIOS DOS FAMILIARES A...55

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1 INTRODUÇÃO

Um dos maiores problemas ambientais atuais é a destinação final dos diferentes tipos resíduos sólidos. Essa problemática se agrava quando o descarte dos resíduos é de forma irregular. Com o aumento populacional, avanços da tecnologia, o uso abusivo dos recursos naturais e consequentemente o modo de vida da sociedade contemporânea, resulta na ausência de comprometimento com o meio ambiente.

A consumação e a destinação final dos cigarros são de interesse socioambiental e uma questão de saúde. Anualmente são fumados em todo mundo 6 trilhões de cigarros e 4,5 trilhões de bitucas de cigarro jogadas no meio ambiente. (ARAUJO; COSTA, 2019).

As pontas de cigarro possuem um alto poder de toxidade, são mais de 7 mil substâncias químicas tóxicas que envenenam o ar, os solos, as águas, rios, e em alguns casos os animais. Um cilindro pequeno com muitos compostos que contêm metais pesados, nicotina, o arsênico, que pode atingir os lençóis freáticos, sendo letal para 50% dos microrganismos de água doce, entre outros. (MOERMA, 2009 apud RIOS; OLIVEIRA, 2018).

Quando se descarta a bituca de cigarro num lugar inadequado, como bueiros, lixo comum e nos acostamentos de rodovias, acaba prejudicando o meio ambiente e todos os seres vivos, eventualmente se a população utilizar dessa água ou consumir desses animais pode afetar com doenças perigosas. Por esta razão é necessário à destinação correta para estes resíduos.

No Brasil não existe lei específica para o gerenciamento das pontas de cigarro, mesmo sendo mencionada na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) que trata os resíduos sólidos resultantes de atividades humanas que contém substâncias perigosas são inviáveis o descarte em vias de esgoto, em águas, exigindo soluções economicamente exequíveis para o problema em questão. Entretanto, existem empresas e instituições que monitoram o descarte destes resíduos, utilizam as bituqueiras, para processamento e aproveitamento futuro como alternativa de minimizar os efeitos causados ao meio ambiente. (NEVES, 2013; SILVANO, 2017).

O presente trabalho visa investigar o grau de toxidade e as consequências para o meu ambiente sobre as pontas de cigarro, na perspectiva dos familiares e estudantes do Ensino Médio, na cidade de Armazém, na região sul de Santa Catarina.

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1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA

Nos dias atuais, a preocupação em alternativas de preservação ambiental vem crescendo de forma significativa. Compreende-se, que a população está cada vez mais consciente em relação ao crescimento econômico correlacionado com a degradação ambiental.

Os cigarros fazem parte do cotidiano das pessoas desde muito tempo. Basta olharmos para o chão em locais abertos, sem muitas restrições, rodovias, lanchonetes, postos de gasolina, entre outros, que encontramos vestígios do seu consumo.

Os cigarros são compostos por múltiplas substâncias, desde a plantação, consumo e pós-consumo, como por exemplo, o tabaco, o papel e o filtro. Os resíduos pós-consumo de cigarros quando descartados incorretamente, transformam-se numa fonte contaminadora de solos, águas, causam incêndios em determinados locais, e são confundidos como alimento pelos animais.

Analisando essas circunstâncias, esse trabalho justifica-se pelo fato dos resíduos pós-consumo de cigarros não serem mencionados na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que definem os resíduos que causam danos ao meio ambiente e a saúde coletiva devem conter uma destinação final adequada. Outro fator é o desconhecimento das pessoas sobre o grau de toxidade não só do cigarro, mas sim do seu resíduo, a bituca, e as consequências que ela causa no meio.

Ademais, a indiferença das autoridades e das empresas tabagistas em relação ao destino final das pontas de cigarro, reflete a atual realidade brasileira em diversos aspectos, como a ausência de planejamentos, a prática de ações sociais, ambientais, culturais e o descaso com a população e o meio ambiente.

Portanto, pensando em todos esses riscos, a pergunta central desta investigação: qual o grau de toxidade e consequências para o meio ambiente, das pontas de cigarros, descartadas incorretamente na perspectiva de moradores e estudantes, fumantes e não fumantes do município de Armazém, sul de Santa Catarina, no ano de 2019?

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Investigar o grau de toxidade e decorrências do descarte dos resíduos pós-consumo de cigarro para o meio ambiente na perspectiva de moradores fumantes e não fumantes e estudantes, da Educação Básica, Ensino Médio e promover uma ação conscientizadora de comportamento em relação à destinação final desses resíduos.

1.2.1.1 Objetivos específicos

a) Descrever o grau de conhecimento dos fumantes em relação ao descarte das pontas de cigarro;

b) Investigar a forma de descarte mais frequente das pontas (bitucas) de cigarro; c) Analisar as decorrências para o meio ambiente do descarte inadequado de

pontas de cigarro;

d) Identificar o posicionamento dos estudantes da Educação Básica, Ensino Médio, e dos familiares, fumantes e não fumantes sobre o descarte inadequado das pontas de cigarro;

e) Promover palestra para divulgação dos objetivos e ações do projeto junto aos estudantes da Educação Básica, Ensino Médio.

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1.3 RELEVÂNCIA AMBIENTAL, SOCIAL E CIENTÍFICA DO ESTUDO

A preocupação com o meio ambiente é inequívoca e, a cada dia, recebe adeptos em todo o mundo. Simultaneamente, quando consideramos a grande quantidade de fumantes em todo o planeta, é possível mensurarmos hipoteticamente o grau de contaminação causado pelo descarte inadequado de pontas de cigarro, que concentram um grande conjunto de substâncias tóxicas. Por isso, estudar o grau dessa nocividade e buscar a conscientização de alunos e seus familiares é ação de grande relevância social e sustentável.

De outro lado, os resultados da investigação poderão subsidiar organizações públicas, particulares e não governamentais para um vasto trabalho de conscientização de estudantes e da população, de modo mais amplo. Além disso, Professores de cursos de formação, em todos os níveis, poderão propiciar discussões acadêmicas e sociais para que haja uma efetiva preocupação e combate ao descarte inadequado destes perigosos e silenciosos contaminantes. Aí reside a relevância científica do estudo realizado.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo explana-se sobre o ensino das ciências da natureza no Brasil, sobre a Educação Ambiental, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Logística Reversa, sobre a produção e o consumo de cigarro no Brasil, abordando cada um de seus componentes (filtro, papel, nicotina, gases, metais e substâncias tóxicas) e demais compostos químicos, de modo a se apresentar o entendimento dos estudiosos acerca do assunto tema desta pesquisa.

2.1 ENSINO E CONTEXTO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA (QUÍMICA) NO BRASIL.

O grande desafio dos professores de química hoje, é derrubar a barreira entre a disciplina e os alunos, isto é, a dificuldade de relacionar a didática com o dia a dia deles, sendo a Química uma área que tem dimensão de conhecimento, ou seja, tudo o que somos, possuímos e fazemos, existe uma explicação química por trás.

Esse fato pode ser justificado pela acomodação de alguns professores na didática convencional, devido à falta de conhecimento científicos na área ou uma formação acadêmica tradicional. (MEDEIROS, 2014). A permanência no carrossel de conteúdos trabalhados de forma descontextualizada influencia a total falta de interesse dos alunos, logo a dificuldade de entender a matéria.

O ensino de química abrange uma extensa área de conhecimentos, sendo essencial que o professor domine e principalmente, saiba transmiti-los. Sabemos que não é uma tarefa fácil, mas é essencial que haja uma ligação com o conteúdo teórico com as atividades praticas do cotidiano. (FIALHO, 2013).

Uma didática que prende a atenção dos alunos faz diferença, quando o docente apresenta o objeto de estudo de forma contextualizada, o aluno se torna protagonista no meio inserido, isso resulta bons desempenhos. Esse é o professor genial, que dedica seus conhecimentos, sabe conduzi-los, e apresenta uma temática relevante na vida dos discentes. (id ibid.).

Transformar o conhecimento ensinado “significativo” promove a compreensão da realidade que cerca os alunos. As práticas de ensino atuais devem, necessariamente, seguir esse aspecto, visto que, é uma maneira efetiva de aprendizagem.

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É possível que, ao trabalhar situações do dia a dia em sala de aula, buscando o conhecimento científico para explicá-las, o aluno seja mais capaz de relacionar o conhecimento químico com sua vida. Dessa maneira, entende-se que a contextualização do ensino tem relação com a motivação do aluno, por dar sentido àquilo que ele aprende, fazendo com que relacione o que está sendo ensinado com sua experiência cotidiana. (MEDEIROS; LOBATO, 2010, p. 66).

A conexão entre o conteúdo e os fenômenos do dia a dia, motiva o aluno levando-lhe ao interesse, e ele age dedicando-se para aprender, pois o professor permite que o discente exprima seus pensamentos, estabelecendo um dialogo reciproco. (FIALHO, 2013).

Para o Professor, o objeto de estudo é construído por uma sequencia didática, na qual o aluno já possui armazenadas as informações e que serão ampliadas, inserindo novas concepções, isto é, complementando através das experiências, recursos tecnológicos, exemplos práticos, entre outros. (REYNALDO, 2017). Segundo o Professor Genial, dessa forma:

Estão prontas então as “amarras”, as “gavinhas” que irão reter a informação em forma de conhecimento, agora definitivamente. O Genial conhece as estruturas cognitivas e, apenas ele, pode apresentar novas possibilidades através de estratégias didáticas heurísticas para evitar os históricos equívocos de ensino-aprendizagem. (id ibid. p. 69).

Assim, os alunos tornam-se os protagonistas no meio em que vivem, visto que, durante seu percurso o conhecimento sucedeu-se coerente no decorrer dos anos letivos, resultando uma preparação melhor para os novos desafios, como os vestibulares, faculdades, e o mercado de trabalho.

2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O inicio da Educação Ambiental (EA) constituiu anos de lutas dos ambientalistas, seu reconhecimento no Brasil encetou na década de 1990, cujo ápice foi à publicação da Politica Nacional da Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de abril de 1999. Durante esse período, ocorreram diversos debates para inserir a Educação Ambiental, como disciplina escolar no ensino fundamental. O desfecho final, com os Parâmetros Curriculares Nacionais -PCNs decidiram não constituir a Educação Ambiental como disciplina específica, apesar dessa decisão, o início no novo século reintroduziu nos currículos escolares, compondo uma parte diversificada e flexibilizada do currículo escolar. (RUSCHEINSKY, 2012).

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De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art. 1º retrata:

Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999, p.1).

Assim, a Educação Ambiental (EA) surgiu para alertar as pessoas de forma crítica às consequências do abuso dos recursos da natureza, também para desenvolver habilidades essenciais para tratar dos desafios que emergem na nossa sociedade, viabilizando atitudes, ações e motivações a ela associadas. (DOMINGUES; GUARNIERI; STREIT, 2016).

Apresentar e discutir a Educação Ambiental (EA) nas salas de aulas é introduzir um caminho para diminuir os problemas ambientais, tornando uma esperança ao planeta Terra. Mas é preciso que ela se expanda além dos muros das escolas, como nas praças, universidades, internet, TV, cinema, teatro, e os diferentes lugares onde educam os cidadãos, para que ela esteja realmente presente e atuante no dia a dia. (MELO, 2007).

Se cada contexto acima citado buscasse inserir a Educação Ambiental, com atividades educativas, desenvolvendo habilidades, metamorfoseando atitudes para os diversos problemas ambientais que nos cercam, poderíamos contribuir de forma significativa para conscientização e preservação, como por exemplo, o descarte incorreto das pontas de cigarro. Uma problemática que traz inúmeras complicações ao meio ambiente, mas que é pouco trabalhada na Educação Ambiental (EA) e ignorada pela população.

Os desafios da educação ambiental são os desafios do docente, que compete aos profissionais uma compreensão a complexidade dos problemas ambientais em nossa volta, e a busca por soluções imediatas. Dessa forma, é de suma importância reconhecer a inserção da Educação Ambiental no decurso da formação dos professores, pois são estes agentes que mais lutam pelas questões ambientais do mundo. (RUSCHEINSKY, 2012).

2.2.1 Educação ambiental na perspectiva dos estudantes

A Educação Ambiental (EA) tem como função conduzir a inter-relação do ensino com práticas sustentáveis na vida dos estudantes. Ou seja, ela é intermediadora no processo de ações conscientes. Os conteúdos que emergem a EA não são de uma área de conhecimento específico, mas sim aquele que possibilita o elo entre o conceito original e a temática

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ambiental abordada em qualquer disciplina, seja português, geografia, química, biologia, física, artes, entre outras. (REIGOTA, 2017).

O desafio das escolas é firmar o elo entre tais disciplinas, os problemas ambientais não são apenas notícias para serem transmitidas, é vida real, vivenciamos todos os dias, seja onde for, a bituca que o vizinho joga na rua, o lixo não separado corretamente, jogar óleo de cozinha na pia, o resíduo que tais empresas despejam no rio da cidade, entre muito outros exemplos.

Projetos de educação ambiental na escola são realizados de modo que podemos observar uma separação entre conhecer e viver. Temos uma escola que insiste em seguir com seu apego a preocupações com notas e onde os trabalhos são apoiados em metodologias de transmissão de conteúdos e realização de tarefas. (DEMOLY; SANTOS, 2018 p.1).

Para apresentar decisões em relação ao meio ambiente, alguns sentidos tem papel essencial, onde geram informações relevantes, mas é a partir da visão do mundo externo, de uma descrição mental capaz de ser retida na memória, que se dá produção esperada. O papel dos professores é justamente instigar o aluno ir além dessa visão. (MENGHINI, 2005).

Na EA a percepção é a peça fundamental, é ela que nos permite tomar consciência do mundo, muitos dos aspectos estão relacionados ao ato de aprender e conscientizar dos alunos, atores envolvidos nos programas da EA. (id ibid.). Cada indivíduo possui uma forma de perceber, agir em diferentes situações do meio, ou seja, os processos cognitivos, julgamentos e expectativas são as manifestações da percepção de cada indivíduo, que atuam na maioria das vezes, inconstantemente. (FAGGIONATTO, 2007 apud CASTOLDI; BERNARDI; POLINARSKI, 2009).

Assim, os comportamentos humanos derivam das suas percepções do mundo, por essa razão, que os estudos de percepção ambiental são importantes na medida em que tornamos conscientes do meio, relacionando os processos de educação ambiental com a aprendizagem e sensibilização. (MENGHINI, 2005).

CASTOLDI; BERNARDI e POLINARSKI (2009), concluíram em sua pesquisa, que o meio ambiente ainda é visto como espaço global com exclusão do homem, sendo que abrange todas as dimensões sociais, culturais e naturais deste. Além disso, ressaltaram a necessidade de trabalhar com as questões ambientais nas escolas de forma diferenciada e principalmente a inserção da educação ambiental nos anos fundamentais, onde as crianças começam a compreender sobre as consequências da degradação ambiental.

Para confirmar o papel efetivo da EA nas escolas, cabe aos licenciados e alunos, analisar, identificar os problemas ambientais que estão dentro e fora do âmbito escolar,

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atuando com projetos de intervenção, oficinas, que visa à interação e ação entre os alunos, a localidade, o conhecimento e as atitudes sustentáveis para solucionar o problema em questão.

2.3 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)

O aumento populacional, juntamente com a tecnologia, produção em massa, consumo exagerado, entre as demais consequências da globalização, ocasionam uma produção de resíduos vasto, são uns dos maiores problemas da humanidade que estão em destaque nas questões mundiais, a destinação final desses resíduos. (VELTEN, 2013).

Com a rotina exaustiva, as pessoas ficaram prisioneiras aos novos produtos que possuem uma degradação dramática, isto é, um tempo que a natureza não suporta mais. Dessa forma, desenvolvimento sustentável precisa de uma nova cara sobre essa equação, pois certo que percebemos uma incoerência na condição do desenvolvimento sustentável. Em consequência, uma nova perspectiva, a renovabilidade, nasce disposta a limitar os efeitos do consumo indisciplinado dos recursos naturais. Assim, a produção, utilização e consumo de diferentes produtos que não se adequarem a condição de desenvolvimento renovável, estariam contra os princípios constitucionais do meio ambiente. (id ibid.).

No Brasil, existe uma Lei que age no confronto dos principais problemas ambientais decorrentes do descarte incorreto dos resíduos sólidos, a Politica Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010, que incentiva o cuidado e a diminuição dos mesmos, promovendo uma harmonia em relação ao consumo e descarte dos mesmos, juntamente com instrumentos para ampliação da reciclagem e reuso desses resíduos sólidos. (BRASIL, 2010).

Por conseguinte, a definição dos resíduos sólidos, capítulo II, artigo 3°, pela Politica Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS):

XVI – resíduos sólidos: material, substância objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas, em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estado sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede publica de esgotos ou em corpos d’agua, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; (BRASIL, 2010, p. 2).

Portanto, os resíduos devem ser reaproveitados o máximo, em sua fonte de origem, atividades econômicas, sociais, ou diferentes processos produtivos, para assegurar

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que todas as possibilidades de aproveitamento do material sejam feitas, antes de descartar corretamente no meio ambiente. (BARBOSA; IBRAHIN, 2014).

Conforme a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), artigo 3°, inciso XV:

[...] resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. (BRASIL, 2010, p. 2).

Existem diversos tipos de resíduos, e cada um deles possuem classificações associadas a sua origem e periculosidade. O estudo dos mesmos e os seus danos em geral é de suma importância para a redução dos impactos ambientais. Segue a classificação dos resíduos sólidos (Tabela 1), quanto à origem e periculosidade, Artigo 13°desta lei.

Tabela 1: Classificação dos resíduos sólidos.

1. Quanto à origem Classificaçã

o Tipo de Resíduo Origem

A Resíduos domiciliares Os originários de atividades domésticas em residências urbanas;

E

Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico

Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;

F Resíduos industriais Os gerados nos processos produtivos einstalações industriais;

G Resíduos de serviços desaúde

Os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;

2. Quanto Periculosidade

A Resíduos perigosos

Aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;

B Resíduos não perigosos Aqueles não enquadrados na alínea “a”.

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Em conformação com a classificação da PNRS, os resíduos pós consumo de cigarro se enquadram na classificação, ‘’resíduos sólidos urbanos’’, (origem), (de acordo com a PNRS englobam as alíneas a e b) e ‘’resíduos perigosos’’, (periculosidade). Devido suas características toxicológicas, o cigarro e o seu resíduo, produzem substâncias nefastas ao homem e meio ambiente, tanto no seu consumo, quanto ao seu destino final inadequado.

No entanto, as pontas de cigarro não são mencionadas na Lei, contrapondo o Artigo 54 da PNRS, na qual cita a destinação final adequada dos resíduos ambientalmente, e que deveria ser implantada após 4 anos da sua publicação. (BRASIL, 2010).

Isto é, se seguido às normas estabelecidas e exigência das autoridades, empresas e consumidores, reduziriam o seu volume, e sua periculosidade quando descartadas no local correto.

2.4 LOGÍSTICA REVERSA

A logística reversa foi um grande instrumento elaborado na Lei n° 12.305/2010 da PNRS, para minimizar o volume dos resíduos e rejeitos gerados, os impactos causados ao meio ambiente e a saúde humana, com atribuições individualizadas e desencadeadas dos fabricantes, comerciantes e distribuidores, em geral. O acordo entre o setor empresarial e a União, estabeleceu estruturar admissão da logística reversa para reaproveitamento ou destinação final ambientalmente adequada. (BARSANO; BARBOSA; IBRAHIN, 2014). O Artigo 3° da Lei n° 12.305/2010 para seus efeitos, entende-se:

XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada; (BRASIL, 2010, p.2).

Para que a logística reversa possa ser eficaz, as empresas devem se posicionar com ações para assegurar o retorno dos resíduos aos setores produtivos, ou também disponibilizar pontos de coletas com parceria de cooperativas de catadores, ou a própria comunidade, garantindo a reutilização e reciclagem dos mesmos. (BARSANO; BARBOSA; IBRAHIN, 2014).

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Dessa forma, pertenceria a responsabilidade às empresas produtoras e distribuidoras dos cigarros, estabelecer a logística reversa, com a coleta, reaproveitamento e/ou destinação correta das pontas dos cigarros. Assim, os danos ao meio ambiente seriam amenizados, além disso, as reciclagens desses resíduos transformam-se em objetos de consumo, como papeis tijolos, insumo na produção de adubo, entre outros. (MARCHI; MACHADO; TREVISAN, 2014).

2.5 PRODUÇÃO E CONSUMO DE CIGARROS NO BRASIL

2.5.1 Contextualização histórica.

A história do tabaco está presente há muito tempo na sociedade, são pelo menos seis décadas do seu surgimento. Uma planta que julgam ser originaria dos Andes Bolivianos, sendo que as primeiras pessoas que utilizavam os recursos desse vegetal foram às tribos indígenas. (SOUZA CRUZ, 2019).

Foi através das migrações indígenas que a planta chegou ao Brasil. O tabaco tinha caráter sagrado, sendo utilizado em rituais ou fins medicinais, mas a principal utilização era o fumo. Em 1492, quando Cristóvão Colombo chegou a América, foi o primeiro contato dos europeus com a planta, mas, após quatro décadas que a planta chegou a Europa. (id ibid.).

No final do século XIX, com a concepção da máquina de confeccionar cigarros em 1881, a indústria de tabaco fortificou-se. Dominadas pelas multinacionais estadunidenses e britânicas, entre 1904 e 1947, com lançamentos de marcas populares de cigarros, atingiu um crescimento tão ou mais rapidamente que as indústrias de carros. (BOEIRA, 2006).

No Brasil, em 1918, na Região Sul, a British American Tobacco (BAT), fundou o ‘’sistema integrado de produção de fumo’’. A empresa Souza Cruz é dirigida pela BAT, desde 1914, e no fim da Segunda Guerra Mundial, tornou a maior fabricante de cigarros no mundo. (ALBERONI, 1991 apud BOEIRA, 2006).

O pequeno declínio do cigarro aconteceu em 1964, com o relatório emitido de grande impacto na opinião pública, onde impulsionou a decisão do governo americano de regulamentar as propagandas e venda de cigarros. Uma investigação aprofundada em 1979, sobre os riscos do tabaco, desencadeou a relação entre o tabaco e as enfermidades graves,

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como o câncer de pulmão. (FRITSCHLER, 1975; ROSEMBERG, 1981 apud BOEIRA, 2006).

Hoje, podemos reconhecer que as campanhas antitabagistas implantadas em quase todos os países, obtiveram uma vitória significativa, apesar de ser uma equação com inúmeras variáveis a serem vencidas, houve uma diminuição do uso desde 1990 a 2015, ou seja, quase 30% da população parou de usufruir do tabaco, cigarro. Mas com o crescimento populacional, ainda existe um bilhão de fumantes no mundo. E esse dado preocupa não somente área de saúde, mas também a questão final desse resíduo depositado no meio ambiente. (VARELLA, 2019).

A empresa Souza Cruz (2019), relata uma fabricação de 200 milhões de cigarros por dia. Certamente essa produção estará em circulação para o consumo. Informações do Ministério da Saúde (2018) apontam que nas capitais, 10% dos moradores são fumantes. E cada um deles, em média, consomem 11 cigarros por dia. Considerando que em cinco anos é o tempo que uma ponta de cigarro (bituca) leva para decompor naturalmente, uma única pessoa é capaz de produzir mais 20.000 bitucas de cigarros.

São lançados a cada ano entre 340 milhões e 680 milhões de quilos de resíduos pós consumo de cigarro, com uma estimativa de dois terços jogados no solo. (RIOS; OLIVEIRA, 2018).

Estima-se que até 2025, os resíduos de bitucas de cigarro atinjam cerca de 1,2 milhões de toneladas. Ou seja, toneladas de produtos químicos tóxicos contaminando e destruindo o meio ambiente. (TORKASHVAND; FARZADKIA; SOBHID; ESRAFILI, 2019).

2.6 COMPONENTES DO CIGARRO

Um pequeno cigarro contém diferentes substâncias, desde a fase articulada, fase gasosa e após a queima do cigarro, algumas são comprovadas ser cancerígenas. Muitos compostos são protegidos pelas indústrias para guardarem o segredo da população.

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2.6.1 O filtro

O filtro é a parte do cigarro mais caótica, onde estão agrupados todos os componentes nocivos do cigarro. São produzidos por acetato de celulose, plástico de difícil degradação, suas fibras são finas, brancas e bem juntas.

Os filtros do cigarro são projetados para minimização da absorção das substâncias tóxicas do cigarro, e apresentam uma falsa sensação em relação à dose de nicotina e alcatrão durante o uso. (REGISTER, 2000). Composto pelo butano, polônio 210, amônia, fenol, metais pesados, entre outros. (CESAR, 2009).

Figura 1: Autópsia do cigarro.

Fonte: PARA GOSTAR DE QUÍMICA (2019, [s.p.]).

2.6.2 Papel

O papel é a capa do tabaco. Constituído por óxido de titânio, responsável pela queima e o tempo em que o cigarro mantém-se aceso, e para que a fumaça seja distribuída a

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cada tragada. Outro componente do papel é o mentol, sua função é diminuir a tosse e a sensação de secura na garganta dos fumantes, além do mentol, o metopreno (inseticida), e o solvente químico benzeno. (id. ibid.).

2.6.3 Nicotina

De todos os produtos vegetais em sua forma pura, a nicotina está entre os mais mortais. Uma substância altamente solúvel em água, incolor, e durante o processo de produção, abrange potencialmente centenas de aditivos que acabam sendo misturados juntos. Como não é classificada como alimento ou medicamento, não há rigorosidade para os produtos químicos agrícolas. (REGISTER, 2000).

No solo, a nicotina possui alta mobilidade. Esse composto apresenta-se quase inteiramente na forma de cátion no ambiente, assim a nicotina é absorvida apenas em solos que contém carbono e argila. (NACIONAL CENTER FOR BIOTECHNOLOGY INFORMATION, 2019).

A nicotina é considera como uma droga psicoativa que causa dependência, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, (OMS), ela age no sistema nervoso central como a cocaína, mas com uma diferença de sete a nove segundos para chegar ao cérebro. Juntamente com o monóxido de carbono, provoca doenças cardiovasculares, ulcera gástrica, enfisema pulmonar, bronquite crônica, entre outras. Outra característica da nicotina é a síndrome da abstinência após o efeito de duas horas acabarem. (BRASIL, 2018).

2.6.4 Os gases tóxicos

A fase gasosa do cigarro é constituída por monóxido de carbono, amônia, cetona, formaldeído, acetaldeído, acroleína, butano, entre outros. O monóxido de carbono (CO) é uma substância que possui uma afinidade com hemoglobina (Hb), presente nos glóbulos vermelhos do sangue, cerca de 250 vezes, essa afinidade forma uma ligação chamada carboxihemoglobina, a qual afeta diretamente a oxigenação do sangue. Assim como o monóxido de carbono, os gases constituintes do cigarro acarretam problemas sérios de saúde. (BRASIL, 2018). O gás cianídrico, também esta presente neste produto, utilizado para produção de armas químicas.

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2.6.5 Metais tóxicos

Os metais pesados tóxicos são aqueles que possuem densidade superior a 5g/cm3, frequentemente, muitos deles não são eliminados pelos organismos vivos, acumulando-se nos tecidos gordurosos ou em animais. As substâncias tóxicas por meio da alimentação de seres vivos contaminados se propagam por todos os animais das cadeias alimentares. Assim, em pequenas concentrações altamente tóxicas, os efeitos aparecerão ao longo do tempo. (SCRIVANO; OLIVEIRA; LISBÔA; CARNEIRO; JUNIOR; GORSKI, 2013).

Os metais tóxicos presentes no pequeno cilindro são o arsênico (cancerígeno humano), o cádmio (podendo permanecer no corpo humano por 30 anos), o acetato de chumbo, com potencial acumulativo, níquel, e o fósforo P4 P6, encontrado em fertilizantes, bem como os produtos raticidas. (CESAR, 2009).

Devido à contaminação no solo pelos herbicidas e pesticidas, para a obtenção de safra melhores do tabaco, o processo de fabricação dos filtros, promove presença desses metais pesados encontrados no cigarro. (MICEVSKA et al., 2006 apud ZIARATI; MOUSAVI; PASHPOUR, 2007).

2.6.6 Substâncias cancerígenas

Dentre todas as substâncias que compõem o cigarro, não podemos deixar mencionar aquelas com efeitos cancerígenos. Em primeiro lugar, podemos citar o alcatrão, composto de partículas sólidas, inorgânicas e orgânicas. Quando ocorre a queima do cigarro são liberados 43 destas substâncias cancerígenas, como por exemplo, carbono 14, polônio 210, benzopireno, dibenzoacridina, formaldeído, acroleína, entre outros.

As nitrosaminas presentes nos cigarros também estão entre os produtos cancerígenos mais conhecidos, causa o câncer de boca, esôfago e de pulmão. Todas estas substâncias apresentam caráter cancerígeno para o ser humano, e também, quando jogadas nos locais inapropriados, após o consumo, acarretam danos irreversíveis ao meio ambiente. (CESAR, 2009).

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2.7 AS PONTAS DE CIGARRO E O MEIO AMBIENTE

O tamanho da ponta de cigarro quando descartada em diferentes locais, engana. Além dos malefícios a saúde humana de quem fuma, e das pessoas que convivem perto da fumaça tóxica, o resíduo do cigarro, traz sérias consequências ao meio ambiente, como os desmatamentos, incêndios, contaminação nas águas, solos, extinção de diversas faunas aquáticas, que possuem um importante papel no equilíbrio do planeta, os animais que ingerem as bitucas inocentemente e utilizam as águas contaminadas por todo esse resíduo.

Segundo Register (2000, p. 1) “estudos mostraram que os produtos químicos permanecem em bitucas de cigarro usadas, junto com pedaços de tabaco ainda anexados, pode ter efeitos prejudiciais na vida aquática e qualidade de água”. Vejamos algumas consequências ocasionadas pelo descarte incorreto das pontas de cigarro.

2.7.1 Consequências para o meio ambiente do descarte incorreto de pontas de cigarro (bitucas).

A maior concentração da produção do tabaco se encontra na Região Sul do Brasil. Desde o início do cultivo, já existem danos ao meio ambiente, como o desmatamento, a contaminação das águas, o solo, e principalmente do ar, devido ao grande uso dos agrotóxicos para alcançar safras melhores. (BRASIL, 2019).

Assim como o processo de fabricação do cigarro não apresenta um histórico exemplar, pelo fato da sua plantação degradar ambientalmente de diferentes formas, o seu consumo, gera uma fumaça que distribui cerca de 7.000 substâncias tóxicas que permanecem nos ambientes externos ou internos mesmo após o lançamento da bituca. (TRUTH INITIATIVE, 2018).

Todos os dias, as drenagens pluviais transportam a córregos, rios, as pontas de cigarros descartadas, quando em contato com a água, são lixiviados os metais tóxicos presentes, como por exemplo, o arsênico, que atinge os lençóis freáticos ou permanecem armazenados nas superfícies, ocasionando uma contaminação maior que um esgoto doméstico, degradando nosso suprimento de água potável. (REGISTER, 2000).

Uma experiência realizada pelos professores da USP, Aristides Almeida Rocha e Mário Albanese, em 2010, nos laboratórios da Faculdade de Saúde Publica (FSP), colocaram 20 pontas (bitucas) de cigarro em um recipiente de 10 litros de água submetidos a uma

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agitação. Do líquido resultante foram analisados 100 mililitros para demanda bioquímica de oxigênio (DBO). O resultado foi alarmante, comparado com a taxa de variação de um esgoto doméstico, a perda de oxigênio das águas é de 300 a 600 mg/L, e a ponta do cigarro atingiu uma (DBO) de 317 mg/L. (SILVEIRA, 2010).

Apesar de serem pequenas e pesarem em torno de 0,5g, duas pontas de cigarro, descartadas em locais inapropriados são suficientes para poluírem a mesma quantidade produzida por 1 litro de esgoto. (id ibid.).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, (OMS):

Em 2016, 20% da população mundial fumou tabaco. No mesmo ano, existiam 1,1 bilhão de fumantes adultos em todo o planeta, número que se manteve praticamente inalterado desde 2000. O consumo da substância mata sete milhões de pessoas por ano. (OMS, 2010, p. 1).

Ou seja, todo o consumo de cigarro, gera um resíduo altamente poluente, e a sua destinação ocorre em diferentes locais em todo o mundo, a todo minuto. As pontas de cigarro acumulam-se e decorrentes das intempéries destinam-se ao meio ambiente. São resíduos pequenos, mas são muitos resíduos, com substâncias químicas heterogêneas e tóxicas por todo lugar.

Em 2011, a Lei Antifumo, nº 12.546/2011 proibi o consumo do cigarro em locais fechados, livrando a população da fumaça tóxica. Entretanto, o problema direciona-se para o meio ambiente, tornando mais comum os fumantes descartarem as pontas de cigarro em qualquer local aberto. (BRASIL, 2011).

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), afirmam que 99% dos casos de incêndios florestais em nosso território, são causados pela ação irresponsável do homem. E que o descarte de bitucas perto de matas, em épocas de secas, pode estimular os incêndios. (BRASIL, 2017).

Ao que tudo indica, a ponta de cigarro é tratada como algo insignificante, mas a partir do momento que refletimos quantos resíduos de cigarro é gerado todos os dias, estamos de frente com um dos piores problemas ambientais que existem no mundo. Por ser pequena, mas com um alto pode de toxicidade desde o plantio, consumo e pós-consumo, devemos exigir um maior controle, uma política que trate o resíduo do cigarro com maior rigorosidade.

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2.8 COMPOSTOS QUÍMICOS PRESENTES NAS PONTAS DE CIGARRO

Assim como o cigarro, as substâncias químicas tóxicas que o compõe seguem presentes nas pontas de cigarro. Com 75% dos fumantes relatando que lançam os cigarros no chão, fora de um carro, bilhões de bitucas acabam como lixo tóxico a cada ano. São substâncias perigosas espalhadas pelas calçadas, estradas, praias, caminhos de águas, causando danos terríveis a vários organismos. (TRUTH INITIATIVE, 2017). Algumas destas substâncias são: o benzeno, o chumbo, o arsênico e o cádmio.

2.8.1 Benzeno no solo.

O benzeno, é um composto químico derivado do petróleo, por ser um hidrocarboneto monoaromático, possui uma alta mobilidade em água, sendo um dos primeiros componentes a atingir o solo. Poderoso depressor, mesmo em pequenas concentrações, comprovado por ser o mais tóxico e carcinogênico dos hidrocarbonetos monoaromáticos. (ARAMBARRI et al., 2004 apud MELQUIADES et al., 2006 ).

Seu comportamento no solo é justamente alterar as características físicas, químicas e mineralógicas, além de fatores ambientais como precipitações e temperaturas. (SEMPLE; REID; FERMOR, 2001 apud id ibid.). Quando atinge o solo, o benzeno pode ser volatilizado para a fase gasosa; adsorvidos no solo ou ainda dissolvidos na solução do solo ou em água subterrânea. (FINE; GRABER; YARON, 1997 apud id ibid.).

2.8.2 Chumbo no solo.

O chumbo (Pb), pertence a classe dos metais pesados, possui um potencial perigoso para o meio ambiente caso infiltre-se no solo e contamine as águas subterrâneas e superficiais. Destaca-se por ser um dos poluentes mais agressores do solo. A sua ação contaminadora acontece pela destinação de resíduos inadequados ou de acidentes, como nas mineradoras, exemplos muitos recentes no Brasil, na cidade de Mariana – MG, 2015 e em Brumadinho-MG 2019. (BRASIL, 2019).

Uma das principais características do chumbo é o poder de persistir ao longo do tempo no solo e no fundo de rios. E como consequência, a acumulação afeta as cadeias

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alimentares ao longo do tempo, entre elas o ser humano, podendo desenvolver muitas doenças. (id. ibid.).

2.8.3 Arsênico no solo.

O arsênico constitui-se um elemento bastante caótico. Sua química ambiental é muito ampla, devido às propriedades dos seus compostos serem de origem natural ou antrópica. A contaminação das águas e dos solos por este elemento está associada justamente a estas propriedades, que são biologicamente disponíveis para adsorção ou biodisponíveis para os seres humanos. (RODRIGUEZ et al., 2003 apud ARAUJO et al., 2011).

O arsênico inorgânico é o aspecto bioquímico mais observado no meio ambiente, devido a sua capacidade de ser convertido em forma de metilados, que são liberados no meio aquoso, aumentando os níveis de concentração de arsênio nas cadeias alimentares. Sendo assim um elemento que constitui a bituca de cigarro, quando carregada pelas chuvas, acaba contaminando por onde passa. (BARRA; SANTELLI; ABRÃO; GUARDIA 2000).

2.8.4 Cádmio no solo.

O cádmio é um metal pesado presente nas pontas de cigarro e altamente tóxico para os processos biológicos de animais, plantas e dos seres humanos. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA, em uma pesquisa, listaram 275 substâncias tóxicas mais perigosas, o cádmio ocupou o quarto lugar entre os metais pesados. Algumas das formas de contaminação no solo e na água pelo cádmio são através da queima de combustíveis fósseis, resíduos de fabricação de cimento, e principalmente pelo lixo urbano e sedimentos de esgotos. (CAMPOS, 2019). A sua contaminação acontece pela facilidade de transferir-se para as cadeias alimentares. (FIRME; VILLANUEVA; RODELLA, 2014).

Visto posto, os cigarros e os seus resíduos, descartados, são compostos por muitas substâncias químicas prejudiciais ao meio ambiente. Desde a plantação do tabaco com o uso de vários agrotóxicos, captação de solos contaminados, aditivos incorporados nos processos de fabricação do filtro de acetato de celulose e os produtos gerados pela combustão do cigarro, um inimigo silencioso com um potencial de bioacumulação, causando graves efeitos

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a vida marinha, solos, lençóis freáticos, águas doces, e a saúde humana. (NOVOTNY; SLAUGHTER, 2014).

Figura 2: Caminhos da contaminação.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 OS PROCEDIMENTOS DA PESQUISA REALIZADA

A investigação realizada caracterizou-se como de nível exploratório, abordagem qualitativa/indutiva e método de procedimento bibliográfico. O nível exploratório oferece o aprofundamento da pesquisadora sobre o tema em estudo.

O método de abordagem, qualitativa e indutiva, é flexível e permite a constante análise do processo e, quando necessário, sua devida correção. Araújo e Oliveira (1997, p. 11) dizem que, este tipo de estudo “[...] se desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada.”.

O propósito principal possui a recognição dos motivos que determinaram a circunstancia de um fenômeno ou colaborar para tanto. Os estudos qualitativos visam especialmente, apresentar uma nova perspectiva, de resgate do social na investigação cientifica e, simultaneamente, propõe se repelir das formas positivistas de concepção da realidade. Para tal, busca-se inserir o caráter benéfico do trabalho conceitual e analítico, investigado no estudo descrito.

Ao que tudo indica, a pesquisa e caráter bibliográfico pode não ocasionar uma metodologia de ordem qualitativa. Todavia, a própria condescendência deste tipo de pesquisa, para o processo, permite a busca, a imaginação e a criatividade do pesquisador, despertando o afloramento deste aspecto. Claramente que, parte dessa estrutura qualitativa de pesquisa, serão utilizados conceitos, percentuais e números, posto que, essa característica é metodológica.

A pesquisa bibliográfica é o caminho de formação por perfeição. Como trabalho científico original, estabelece a pesquisa exatamente dita na área das Ciências Humanas. Como primeiro passo de qualquer pesquisa científica, institui frequentemente, o resumo de assunto. (CERVO E BERVIAN, 1996).

Os dados atingidos através da pesquisa bibliográfica podem fazer "relembrar" períodos históricos, enfrentar crenças discrepantes, revelar os “segredos” não percebidos pela dinamicidade do fluxo social. Assim, os artigos científicos, objetos de produção humana,

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consequentemente histórica, compreende-se de suma importância constatar dessa analise para a investigação.

Mediante a pesquisa bibliográfica, o investigador entra em contato direto com tudo o que foi divulgado, referido, ou por outra forma de registrado sobre determinado conhecimento. Consequentemente, em muito se coincide com a pesquisa documental. Algumas características porem ajuda a distinguirem-se as diferenças entre os dois tipos:

a) as fontes de dados da pesquisa documental são permanentemente primárias, no instante do fato algumas delas são compiladas, outras, após determinado tempo, e que não foram abordadas com o foco inerente para o tema de estudo;

b) a pesquisa bibliográfica, constantemente utilizando fontes secundarias, interpreta as obras já editadas restabelecendo o tema em estudo;

c) os objetivos da pesquisa documental são específicos, ao que tudo indica visando à obtenção de dados em resposta a tal problema, em contrapartida, os desígnios da pesquisa bibliográfica usualmente são muito amplos, dessa forma, indicada para fornecer maior visão sobre o tema ou torna-lo mais inerente.

Os dados primários, ou melhor, os que são obtidos de livros, teses, relatórios científicos, revistas científicas, cuja autoria é conhecida, não se confundem com documentos, em razão de que propiciam o exame de um tema sob nova perspectiva ou questionamento, permitindo conclusões inovadoras, por meio da análise de seu conteúdo.

A pesquisa bibliográfica possibilita através de informações congeladas, a idealização de novas construções mentais e, por conseguinte sociais em dado momento, pois não estabelece a relação abstrata dos homens, ocasiona o desvelamento da face abstrata através da objetivação, consequentemente, própria para estudos de longos períodos históricos.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Nessa pesquisa utilizou-se como população de estudo os moradores e estudantes do município de Armazém, sul de Santa Catarina. A amostra foi estabelecida pelo sorteio de turmas da Educação Básica, Ensino Médio.

Com esse projeto, propõe-se uma nova perspectiva conscientizadora para os moradores fumantes, alunos e comunidade, assim como abranger o tema com palestras, divulgação na rádio local, na emissora de TV regional, a criação de materiais informativos nas

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redes sociais, sobre os malefícios causados ao meio ambiente do descarte incorreto das bitucas.

A expectativa, portanto, é que as pessoas tornam-se multiplicadoras do projeto, isto é, compartilhadoras de informações para os familiares, colegas, grupos, para que sejam conscientes em relação à destinação das pontas de cigarro em locais inapropriados e o seus malefícios em geral.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

3.3.1 Questionário semiestruturado

O questionário consiste num conjunto de questões, que buscam levantar dados, respondidos por escrito por parte dos informantes. As questões devem ser objetivas, claramente formuladas, limitadas em extensão a fim de esclarecer o propósito da pesquisa, salientar a importância da colaboração do informante, evitando ocasionar dúvidas. (SEVERINO, 2007).

O questionário semiestruturado foi elaborado de acordo com os objetivos específicos do estudo, na forma da escala de Lickert para a coleta de dados. Além de possuir uma questão aberta, para obtenção de respostas mais amplas, bem como informações não previstas. O mesmo encontra-se no APÊNDICE À desse projeto.

3.3.2 Observação direta

A observação é um instrumento que oportuniza uma aproximação pessoal entre o pesquisador e o fenômeno em questão. A partir desse instrumento, o observador pode explorar os conhecimentos e experiências pessoais como colaboradoras no processo de concepção e interpretação do objeto de estudo, além disso, para a descoberta de novas peculiaridades do problema, as técnicas de observação são surpreendentemente úteis. (LÜDKE, et al., 1986).

A observação direta permite também que o observador chegue mais perto da "perspectiva dos sujeitos", um importante alvo nas abordagens qualitativas. Na medida em que o observador acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações. (id ibid,1986 p. 26).

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Assim, esse instrumento torna-se fundamental para análise do objeto de estudo, aproximando a perspectiva do observador com as experiências dos sujeitos, não limitando somente pelas respostas das questões.

3.3.3 Entrevista não estruturada

A entrevista não estruturada possibilita aos participantes liberdade para tecerem suas considerações de acordo com suas percepções, sem quaisquer interferência da pesquisadora. Nesse sentido, abordou-se (num supermercado – posto de trabalho cotidiano da pesquisadora) dez compradores de cigarros que, convidados, aceitaram participar do estudo. Esses entrevistados foram definidos aleatoriamente sendo considerados quando, em sua compra, incluíam cigarros. Verificada a compra, a pesquisadora solicita a participação do mesmo na pesquisa e, o aceite significa inclusão no estudo desde que, o comprador se manifestasse fumante. Caso não o fosse, seria excluído. Os que não concordaram, foram eliminados do estudo.

3.4 HISTÓRICO DO PROCESSO

A ideia do projeto surgiu de uma observação de um mau hábito dentro da casa dos meus pais. Meu pai é fumante desde quando eu era criança, mas nunca tinha reparado no costume de jogar as pontas de cigarro no terreno da minha casa, claro, que minha mãe ficava completamente irritada com essa situação, mas nunca passou pela nossa cabeça que uma simples bituca de cigarro poderia ser muito nociva ao meio ambiente.

Com a graduação em Licenciatura em Química, na Unisul, meu olhar tornou-se mais crítico ao passar dos anos, principalmente em relação ao meio em que vivemos. E como esse hábito do meu pai e de outras pessoas que fumam cigarros, são praticamente os mesmos, de fumar e atirar as bitucas de cigarro em qualquer local a qualquer momento despertou vários questionamentos sobre esses resíduos, como por exemplo, quais são os malefícios ao meio ambiente? Ou, será que existem reciclagens para essas pontas de cigarro? Por que as pontas de cigarro não são mencionadas na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) como um resíduo tóxico poluente? Por que as empresas tabagistas não trabalham com logística reversa?

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Assim, durante as aulas de Estágio Intervenção e juntamente com os docentes da universidade e com os colegas de classe, foram discutidos os temas em questão e tive certeza de que essa observação levaria ao meu Trabalho de Conclusão de Curso.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Perante a análise dos autores presentes na revisão bibliográfica deste trabalho, abordaremos os dados obtidos através do questionário semiestruturado a partir da escala de Lickert e da entrevista não estruturada.

As turmas da Educação Básica, Ensino Médio, foram selecionadas devido à disposição das aulas da professora no dia da aplicação do questionário.

Para tanto, a pesquisadora solicitou autorização da instituição, direção e do professor em sala de aula. Em seguida, foram apresentadas as instruções para o preenchimento do mesmo, (vide APÊNDICE B), no quais, a pesquisadora retirou-se de sala, para que não interferisse no processo da pesquisa. Os discentes do primeiro ano, segundo ano e terceiro ano, responderam aos questionários semiestruturados e encaminharam aos seus pais um questionário específico (vide APÊNDICE A) para obtenção dos resultados desta pesquisa.

3.6 OS DADOS OBTIDOS

Nos APÊNDICES A e B, está disposto o somatório das respostas alcançadas pelo questionário dos estudantes e dos familiares.

Através das categorias de análise, será realizada a interpretação dos dados e as questões que se apresentarem dúbias para a resposta ao problema central, intervindo no alcance dos objetivos específicos foram descartadas.

3.6.1 Categoria 1: Educacional.

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17.54%

82.46%

Questão 10: Na escola os Professores falam sobre descarte incorreto de resíduos (incluído aí as bitucas de cigarro)

Sempre / Muitas vezes Raramente / Nunca

Fonte: da autora, 2019. n= 57.

Nota-se que 82% dos informantes alunos relataram que “Raramente/Nunca” é abordado em sala de aula sobre o descarte incorreto de resíduos. Um dos principais problemas que enfrentamos hoje em dia é a falta de conhecimento sobre o descarte dos resíduos em geral. Para isso a Educação Ambiental (EA) surgiu como mediadora de valores, habilidades, atitudes para preservação ambiental. Segundo Melo (2007), a EA é um caminho para diminuir os problemas ambientais e é fundamental que seja introduzida nas salas de aula [...].

Para Ruscheinsky (2012), os desafios do docente é de possuir uma maior compreensão a complexidade dos problemas ambientais que estão ao nosso redor, não apenas ficar entre diálogos, é preciso que ultrapasse os muros da escola. Torna-se fundamental que a EA esteja no presente no decurso da formação dos professores, para poder lutar pelas causas ambientais, juntamente com os alunos, transformando-os em pessoas conscientes, críticas.

Gráfico 2: Descarte.

4.00% 12.00%

40.00% 44.00%

Questão 12: As pontas de cigarro jogadas na rua?

Não causam problemas Podem queimar as pessoas que transitam

Podem contaminar os lençóis freáticos Não sei

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Observa-se que 40% das respostas dos familiares em relação às pontas de cigarro jogadas na rua podem contaminar os lençóis freáticos e 12% podem queimar as pessoas que transitam. Mas 44% das respostas indicaram não conhecer os malefícios das bitucas de cigarro jogadas nas ruas, e 4% responderam que não causam problemas.

Um dos fatores que podemos analisar é o tamanho das bitucas de cigarro. Por serem pequenas, fazem as pessoas acharem que são inóxios ao meio ambiente, o que leva as lançarem em qualquer lugar. Segundo estudos de Register (2010), os produtos químicos presentes nos cigarros, permanecem nas bitucas de cigarro, até sua total decomposição, que dependendo do lugar, pode levar mais de 5 anos. Um exemplo é o Arsênico, um grande vilão dos lençóis freáticos, ele possui a capacidade de permanecer na superfície e contaminando por um longo período.

Gráfico 3: Toxidade.

66.67% 33.33%

Questão 16: Você conhece a toxicidade das pontas de cigarro

Sempre/ Muitas vezes Raramente/ Nunca

Fonte: da autora, 2019. n= 27.

Se tratando de conhecimento em relação à toxidade das pontas de cigarro, os informantes familiares, 67% marcaram que ‘’Sempre/Muitas vezes’’, ou seja, afirmam que conhecem a toxidade das pontas de cigarro, mas não sabem os efeitos que causam quando lançadas na rua. Os outros 33% responderam que ‘’Raramente/Nunca’’ possuem o tal conhecimento em relação às bitucas de cigarro.

Segundo estudos realizados por Menghini (2005) os comportamentos humanos derivam das suas percepções de mundo [...]. Dessa maneira, o conhecimento em relação ao meio ambiente não deve ser restrito, é preciso tornar as pessoas conscientes e críticas, precisamente em relação ao descarte de resíduos, toxidade dos mesmos, despejo de óleo de cozinha na pia, desperdício de água, reutilização de embalagens de agrotóxicos, entre outros.

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Podemos observar que a falta de conhecimento das pessoas sobre o descarte de resíduos é assustadora.

Gráfico 4: Efeitos na população.

44.44% 55.56%

Questão 18: Você conhece os efeitos para a população do descarte inadequado de pontas de cigarro

Sempre / Muitas vezes Raramente/ Nunca

Fonte: da autora, 2019. n= 27.

Neste gráfico, podemos observar 44% dos informantes responderam que conhecem os efeitos que as pontas de cigarro causam na população e outros 56% dos ‘’Raramente/Nunca’’ ouviram falar sobre as consequências.

Podemos notar que as carteiras de cigarros, apresentam uma imagem dramática e cruel sobre as consequências causadas aos fumantes, porém é inexistente informações/imagens/propagandas sobre as decorrências para o meio ambiente, que de certa forma acaba prejudicando ainda mais o ser humano, como por exemplo, a contaminação em nossas águas. Com 20 bitucas de cigarro, em uma experiência relatada pelos professores das USP, Aristides Almeida Rocha e Mario Albanese (2010), ’’ a contaminação na água é maior do que de um esgoto doméstico’’, (grifo nosso). Apenas 2 bitucas de cigarro são necessárias para poluírem o mesmo que 1 litro de esgoto.

3.6.2 Categoria 2: Sustentabilidade.

(42)

77.27% 22.73%

Questão 5: Pontas de cigarro, muitas vezes jogadas das janelas de veículos, podem ser responsáveis por grandes incêndios

Sempre / Muitas vezes Raramente / Nunca

Fonte: da autora, 2019. n= 27.

Dos 27 familiares, 77% responderam que ‘’Sempre/Muitas vezes’’ as bitucas lançadas pelas janelas podem ser responsáveis por grandes incêndios. E 23% dos informantes responderam que ‘’Raramente/Nunca’’ isso pode acontecer.

Conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 99% dos casos de incêndios florestais em épocas de secas, é causado por ações humanas, incluindo o descarte de bitucas de cigarro.

Gráfico 6: Preocupação ambiental dos fumantes.

22.22%

14.81%

22.22% 40.74%

Questão 17: A preocupação ambiental, de todo fumante que atira pontas de cigarro nas ruas?

É Grande Razoável É pequena Não existe

Fonte: da autora, 2019. n= 27.

Segundo os informantes familiares 22% das respostas indicaram que os fumantes preocupam-se com o meio ambiente ao lançarem as bitucas de cigarro nas ruas, 15% razoável, 22% reforçaram ser pequena a preocupação e 41% confirmaram que não existe.

Uma consequência verídica é que após a Lei Antifumo, nº 12.546/2011 entrar em vigor e proibir o uso dos cigarros em locais fechados, possibilitou ainda mais os fumantes lançarem as pontas de cigarro nas ruas, em lixeiras, nas estradas, perto de bueiros, areia da praia, entre outros.

(43)

3.6.3 Categoria 3: Social

Gráfico 7: Doenças e saúde pública.

69.23% 30.77%

Questão 19: Pessoas podem ser afetadas por doenças causadas por pontas de cigarro, jogadas nas ruas

Sempre/ Muitas vezes Raramente/ Nunca

Fonte: da autora, 2019. n= 27.

Dos respondentes familiares, 69% responderam que ‘’Sempre/Muitas vezes’’ as pontas de cigarros podem afetar as pessoas com doenças e 31% responderam que ‘’Raramente/ Nunca’’ elas podem ser afetadas.

A bituca de cigarro constitui-se um poluente altamente tóxico. De acordo com Rios e Oliveira (2018), ‘’são entre 340 e 680 milhões de quilos de bitucas lançadas a cada ano e dois terços ficam retidas nos solos. ’’ São metais pesados, substâncias cancerígenas, gases tóxicos, em contato com o nosso solo, destruindo organismos vivos essenciais, contaminação das águas, vida aquática, animais ingerindo-as. Toda cadeia sofrendo as consequências, desde o solo, até o ser humano, com aparições de doenças, intoxicações, entre outras.

Toda sociedade acaba sofrendo as consequências. A bituca de cigarro é o câncer que o próprio ser humano está causando no meio ambiente e em si.

3.7 ENTREVISTA ABERTA A FUMANTES.

Para complementar o estudo realizado, entrevistou-se alguns fumantes, adquirentes de cigarros em supermercado da cidade, onde a pesquisadora desenvolve suas atividades de trabalho cotidiano. Para tanto, foram entrevistados compradores (n = 9), aleatoriamente escolhidos, que aceitaram responder a três questões abertas formuladas.

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