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Educação para o trânsito

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO PARA TRÂNSITO: ESTRATÉGIA DE ENSINO NO

NÍVEL SUPERIOR.

Tatiane Paula Moraes* Maria Izabel da Silva**

RESUMO

Este artigo busca contribuir com a relevante discussão sobre a trágica questão do trânsito atual, evidenciada através dos inúmeros acidentes com vítimas fatais e/ou graves seqüelas, com profundos reflexos na vida das pessoas e respectivas famílias, além dos altos custos aos cofres públicos. Diante da inegável violência no trânsito, este trabalho sugere a

educação para o Trânsito desde a educação infantil até o ensino superior, como forma de reverter este quadro crítico e prevenção de tantas mortes inaceitáveis e desnecessárias. Percebe-se a necessidade da formação contínua com o tema trânsito através da realização de projetos dentro dos ambientes educativos que contribuam na construção de um Trânsito consciente e seguro para todos. Nesta perspectiva, o tema do trabalho educação para o trânsito: estratégia de ensino no nível superior é um dos meios de educar para o trânsito e para a vida, possibilitando a construção de gerações de futuros condutores de veículos e pedestres mais conscientes e responsáveis por sua cidadania e do valor da Vida Humana. Essa educação continuada poderá iniciar-se nas escolas em níveis pré-escolar, fundamental, médio e superior, entretanto, é necessário um trabalho coletivo, com a participação de toda a sociedade, para que possamos obter expressivos resultados com a construção de um trânsito mais seguro, humano e solidário e, conseqüentemente vislumbrar uma sociedade melhor para se viver.

Palavras-chave: Trânsito. Educação. Ensino Superior.

I. INTRODUÇÃO

Atualmente, a violência manifestada em suas múltiplas dimensões, está entre os temas mais discutidos em âmbito global, inclusive é fico privilegiado de destaque entre as redes televisivas, jornais, revistas, rádios e outros meios de comunicação massiva. Além das constantes notícias diárias sobre a violência em diferentes espaços, entre os quais: o doméstico (familiar), o trabalho (assédio sexual e moral), as comunidades menos abastadas (agravado pelo tráfico de drogas e o pauperismo), evidenciado sobretudo nas grandes capitais. Além de tudo isso, note-se também o grave problema da violência no

* Graduada em Pedagogia e aluna do curso de Pós-graduação em Docência em Ensino Superior da Faculdade

Católica de Uberlândia. Sob a orientação da Profª Ms. Maria Izabel da Silva.

** Professora orientadora, Graduada e Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina

– UFSC, e Doutoranda em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista – UNESP-Franca. É professora e Coordenadora do Curso de Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia.

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trânsito, revelando cotidianamente, uma realidade trágica e cruel, com altíssimos índices de acidentes e mortes.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, no mundo, cerca de 1.300.000 pessoas morrem por ano vítimas dos acidentes de trânsito, representando mais de 3.500 óbitos por dia. Além disso, cerca de 50.000.000 ficam com lesões, seqüelas e traumas. Essas mortes estão concentradas, principalmente, nos países de média e baixa renda e envolve os usuários mais vulneráveis – pedestres, ciclistas, motociclistas e usuários de transporte coletivo. (OMS)

Dez países – Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Brasil, Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito – concentram 62% dessas mortes. A magnitude desse problema vem sendo tema de resoluções da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas – ONU.

Na região das Américas, o trânsito representa a principal causa de morte na faixa etária de 5 a 14 anos e a segunda causa na faixa etária de 15 a 44 anos, resultando em 142.252 mortes anuais e cerca de 5.000.000 de lesionados (Opas, 2010). Nas seis regiões das Américas, a situação da mortalidade no trânsito é preocupante, com taxa média regional ajustada de 15,8 mortes por cada grupo de 100 mil habitantes.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmam que o Trânsito é um sério problema global de saúde pública. Quase 1,2 milhões de pessoas morrem como resultado de colisões de Trânsito a cada ano, representando mais de 2,1% da mortalidade do planeta, comparável ao número de mortes provocadas por causas como a malária e a tuberculose. Outros milhões de vítimas são lesionados e, freqüentemente, tornam-se deficientes pelo resto da vida, sem a tomada de medidas, o número de mortes, de lesionados e incapacitados por acidentes de Trânsito continuará a aumentar nas próximas três décadas, transformando-os na oitava causa de mortes até 2030.

A situação alerta sobre a cidadania do país, pois as relações no Trânsito envolvem valores e princípios fundamentais para um convívio social pacífico: respeito ao próximo, obediência às leis, solidariedade, prudência. A tragédia pelos dados da Organização Mundial de Saúde no Brasil indica a fragilidade de valores, revelando uma sociedade em crise, marcada pela agressividade, o individualismo e o desrespeito. Basta observar, nas ruas das grandes metrópoles, o comportamento tenso, competitivo e ameaçador dos motoristas. Os exemplos em noticiários nacionais são cotidianos, estão na mídia e na

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experiência de cada indivíduo. Não raro, um simples desentendimento no Trânsito acaba em assassinato.

Para os profissionais de Educação, também os números são preocupantes, indicando investimentos insuficientes governamentais, em ações de educação para o Trânsito. Salientando que quase todos os jovens que estão morrendo no Trânsito passaram pela escola nos últimos dez anos ou ainda são estudantes, mas sua formação não incorporou noções de segurança, respeito e cuidados com a própria saúde e com a do próximo.

Os conhecidos índices de acidentalidade no país decorrem de uma conjunção de fatores associados às condições do espaço de circulação, à conduta irresponsável de uma parcela da população e históricas fragilidades institucionais. A precariedade do ambiente de circulação brasileiro é resultante, entre outros fatores, do crescimento desordenado das cidades e das contradições advindas da opção por um modelo de desenvolvimento centrado no transporte motorizado individual, cuja manutenção é incompatível com a capacidade do Estado em países em desenvolvimento. Tal ambiente induz, muitas vezes, à ocupação irregular das vias públicas existentes.

Os conhecidos índices de acidentalidade no país decorrem de uma conjunção de fatores associados às condições do espaço de circulação, à conduta irresponsável de uma parcela da população e históricas fragilidades institucionais. A precariedade do ambiente de circulação brasileiro é resultante, entre outros fatores, do crescimento desordenado das cidades e das contradições advindas da opção por um modelo de desenvolvimento centrado no transporte motorizado individual, cuja manutenção é incompatível com a capacidade do Estado em países em desenvolvimento. Tal ambiente induz, muitas vezes, à ocupação irregular das vias públicas existentes.

Usando como fonte a base de dados de mortes por acidentes de transportes terrestres do Ministério da Saúde, estudo da Confederação Nacional dos Municípios apresenta a situação e a evolução da mortalidade no trânsito nos diversos locais do Brasil. As rodovias federais registraram no ano de 2009 o maior número de mortes dos últimos 12 anos. Por dia, 20 pessoas, em média, perderam a vida em acidentes nas estradas. Durante todo o ano, foram 7.383. A média continua em alta em 2010. Até junho, 4.068 pessoas já morreram e muitas pessoas ficaram com graves seqüelas devido aos acidentes de trânsito.

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Os dados dos últimos anos mostram que as mudanças inseridas com o código de trânsito de 1998, como melhora da segurança dos veículos e o incremento da fiscalização eletrônica, não fizeram com que a mortalidade por acidentes de trânsito apresentasse uma redução importante.

Ao contrário dos países desenvolvidos, no Brasil, a quantidade de fatalidades em acidentes de trânsito cresceu de 2000 a 2007. De acordo com a base do SUS, houve um aumento de 30% nas mortes nesse período. Entre 1997 e 1999, as mortes em acidentes terrestres estavam caindo, mas voltaram a crescer a partir de 2000, atingindo um pico histórico em 2007, com 66.837 mortes segundo os seguros DPVAT.

Por outro lado, os dados indicam que a partir de 2008 começou a haver uma leve queda nos acidentes fatais, o que pode indicar os efeitos positivos da Lei Seca. Mas, ao mesmo tempo, deve-se considerar um fato que veio de encontro a essa política de segurança no trânsito – a exoneração do IPI para carros – que aumentou consideravelmente a frota de veículos nas ruas do país, o que eleva os índices de acidentes.

Nos países desenvolvidos vem sendo aplicada uma política contrária, que busca reduzir, a cada ano, a frota de veículos nas ruas. Essa comparação com os países desenvolvidos mostrou que, proporcionalmente à população, o trânsito brasileiro mata 2,5 vezes mais do que nos Estados Unidos, e 3,7 vezes mais do que na União Européia. Em 2008, enquanto os Estados Unidos obtiveram uma taxa de 12,5 mortes a cada 100.000 habitantes, o Brasil obteve uma taxa de 30,1, sendo que a frota de carros norte americana é o triplo da brasileira.

O mapeamento das mortes por acidentes de trânsito dentro do Brasil mostrou que capitais de menor porte populacional são as que possuem as maiores taxas segundo a população. Boa Vista (Roraima) vem em primeiro lugar (34,2), seguida por Palmas (31,4) e Campo Grande/MS (29,6). Capitais de estados mais desenvolvidos apresentam taxas mais reduzidas, como São Paulo (14,6), Porto Alegre (13,3) e Rio de Janeiro (14,4). No entanto, capitais do Nordeste lideram com as menores taxas, como é o caso de Natal (8,5) e Salvador (10,6).

Por outro lado, quando o cálculo da razão é feito segundo a frota de veículos locais, muitos estados do nordeste passam para os primeiros lugares do ranking de maior quantidade de fatalidades a cada 10.000 veículos. A comparação entre os estados mostra

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que Santa Catarina tem a maior taxa média de mortes por 100.000 habitantes (33,1) do país. Também foi constatado que a maior parte dos municípios com as maiores taxas do país é de Santa Catarina.

Mato Grosso do Sul (30,4), Paraná (29,8), Mato Grosso (29,6) e Roraima (29,6) são também estados com altos coeficientes, o que indica um número significativamente alto de mortes em acidentes segundo suas respectivas populações. O estudo também elenca os 100 municípios do país com as maiores taxas de mortes por AT, tomando sempre como base a quantidade de mortes dos anos de 2005, 2006 e 2007.

Constata-se que são municípios de pequeno e médio porte, com população que varia de 1.209 a 47.260 habitantes. É possível se depreender desse quadro que os acidentes de trânsito não são um problema concentrado nas grandes cidades e não tem relação direta com o porte, como acontece no caso dos homicídios.

As análises também mostram que a maioria das vítimas fatais do trânsito no Brasil continua sendo homens jovens de cidades de pequeno e médio porte.

O estudo mostra também que a insuficiência de dados estatísticos fiéis à realidade é um obstáculo ao desenvolvimento de estratégias de intervenção adequadas e concretas.

A Educação de Trânsito torna-se uma ferramenta eficaz na busca da conscientização e na atuação segura de cada indivíduo. Assim, a pesquisadora, que propôs o presente artigo, optou pelo tema a partir da observação do grande número de acidentes ocorridos, da imprudência dos indivíduos no Trânsito e da falta de respeito ao próximo. Considerando estes aspectos percebeu-se a necessidade de se fazer algo para tentar minimizar este triste quadro, que é a violência no trânsito. Apoiando-se na idéia de que o homem está inserido no trânsito desde bebê, é preciso educá-lo desde a primeira infância ate o ensino superior.

Diante do cenário trágico exposto, o presente artigo tem o objetivo de propor a educação para o trânsito no ensino superior de forma continuada e contextualizada.

II. Breves considerações conceituais sobre o Trânsito.

A escola, de maneira geral deve ter o papel de auxiliar na formação de indivíduos, que possam refletir sobre suas ações, e construir uma consciência crítica que possibilite perceber a importância da mais simples ação e sua repercussão no meio em que vive.

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Trata-se de um processo em que a criança poderá criar hábitos em respeitar regras e ser um agente de mudança. Sabe-se que este tema é importante para todos os níveis de ensino: desde a educação básica até o ensino superior.

Nesta perspectiva, é oportuno abordar conceitualmente a categoria Trânsito:

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), logo no seu Artigo 1º,§ 1º "Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de

circulação, parada, estacionamento e operação de carga e descarga."

Segundo Nereide Tolentino (1998, p.94):

Trânsito é o conjunto de deslocamentos diários de pessoas pelas calçadas e vias; é a movimentação geral de pedestres e de diferentes tipos de veículos. O Trânsito ocorre em espaço público e reflete o movimento de múltiplos atendendo às necessidades de trabalho, saúde, lazer e outros, muitas vezes conflitantes.

Para garantir o equilíbrio entre esses interesses coletivos é que se estabelecem acordos sociais, sob formas de regras, normas e sinais que, sistematizados, formam as leis. Uma das leis que existe e deve ser considerada em todos os seus aspectos está à disposição no Código de Trânsito Brasileiro:

§ 1º Considera Trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga e descarga. § 2º O Trânsito, em condições seguras, é direito de todos e deve dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes, cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar medidas destinadas a assegurar este direito.

Art.74. A Educação para o Trânsito é direito de todos e dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito. É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão ou entidade componente do sistema Nacional de Trânsito.

A municipalização do Trânsito, um dos maiores eixos do novo código, trouxe ao Município a autoridade para cuidar dos problemas da cidade, possibilitando maior agilidade e soluções mais adequadas.

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A introdução da educação para o Trânsito como item obrigatório amplia radicalmente o entendimento do significado conceitual de Trânsito, de modo a dar ao vértice Educação a capacidade alavancadora de reversão dos índices de mortes ou gravidade dos acidentes. Isto porque o foco de intervenção é o homem, único elemento que tem a capacidade de decisão no momento da ação, portanto de modificar o seu comportamento.

É importante considerar também que não se pode pensar em Trânsito apenas como ato de ir e vir, mas como um processo de ocupação de espaço pelo indivíduo. O sujeito desrespeita os seus próprios limites comprometendo a organização do espaço, sendo assim, imprescindível a necessidade de se oferecer a educação para o Trânsito.

Portanto, o estímulo, a valorização e a capacitação do professor possibilitarão o desenvolvimento dos conceitos de segurança, cidadania e de vida, atingindo de forma eficaz o adulto, que estando amparada por profissionais conscientes e sensibilizados com a questão, irá mostrar-se atuante multiplicador junto à família e à comunidade.

III A educação para o trânsito como uma possibilidade de transformação.

Conforme esclarecido e fundamentado anteriormente, é oportuno ressaltar que os objetivos desta pesquisa consistem em analisar a importância de se educar para o Trânsito desde a educação infantil até o Ensino Superior e a forma como deve ser oferecida esta educação, pois é uma oportunidade de desenvolver a cidadania nas crianças e nos adultos.

Quanto aos adultos, a pesquisadora percebe a importância em ter um curso de educação para o trânsito no ensino superior, com vistas a conscientizá-los sobre a importância de se educar pra o trânsito de forma continuada.

Assim sendo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, comparando as visões de AUSUBEL (1980) e FREIRE (1986).

Na visão de AUSUBEL (1980),a construção do conhecimento acontece de maneira significativa, quanto mais o aluno está envolvido em um processo que adota uma abordagem integradora, a qual inclua, além dos conteúdos do tema em si, os problemas contemporâneos, os interesses do aluno e sua vivência. Trabalhar o tema Trânsito, nessa concepção permitirá que os alunos analisem os problemas, as situações e os

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acontecimentos em sua globalidade, utilizando, para isso, os conteúdos e a experiência do cotidiano.

Nesta perspectiva, é necessário trabalhar o tema Trânsito desde as escolas da infância até a educação superior. Sabe-se que as crianças na maioria das vezes não apresentam medo da mudança, assimilam melhor os conhecimentos do que os próprios adultos. Estes são menos flexíveis a mudança. Por isso este trabalho tem como objetivo sensibilizá-los sobre a importância da educação para o trânsito e mostrar que os professores podem ser multiplicadores deste assunto que é importante para toda a sociedade. Os multiplicadores podem realizar palestras ou cursos nas instituições de ensino superior para alertar os adultos sobre a importância de ser educar gradativamente para o trânsito.

Na Educação para o Trânsito atualmente aplicada, é comum os adultos não darem importância aos conteúdos a partir de conceitos abstratos, de modo teórico e muitas vezes desvinculados de sua realidade, isto ocorre nas aulas teórica para se retirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

É necessário propor a Educação para o Trânsito como uma nova abordagem de repensar a prática pedagógica atual. Construir um caminho para transformar o espaço universitário em um espaço aberto à construção de aprendizagens significativas para todos que dele participem. E esta educação no Trânsito deve ser iniciada desde a infância, pois desde cedo, todos os seres estão inseridos no ambiente: Trânsito, e é de suma importância ter indivíduos que saibam respeitar e conviver com as regras em sociedade. Esta educação deve ser de forma contínua perpassando por todos os níveis de ensino.

Segundo FREIRE (1986, p.123) ”ao comunicar com os alunos não podemos utilizar o diálogo como uma tática para fazer dos alunos nossos amigos. Isto faria do diálogo uma técnica para a manipulação, em vez de iluminação”. Não se deve manipular as idéias dos alunos e sim fazer com que eles as formulem, utilizando a criatividade e a criticidade.

O desenvolvimento de uma consciência crítica, que permite ao homem transformar a realidade, é primordial na educação. É necessário que o educador desperte e encante o educando de maneira única e especial, assim despertará nos indivíduos a vontade de criar, criticar e transformar a realidade. O educador auxilia o aluno no processo de ensino-aprendizagem, é um mediador e possibilita a interação e a troca de informações com os alunos.

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Tais pré-concepções enfatizam que o aluno deve deixar de ser apenas um memorizador das regras, pois é um ser em desenvolvimento, se apropriando, ao mesmo tempo, de um determinado objeto de conhecimento, o Trânsito, e se formando como sujeito (cidadão). Uma forma de como esta educação deve ser oferecida, é não “domesticação” das ações dos educandos, um educador que restringe estar a um plano pessoal impede-os de criar. O processo de educação não significa a repetição “robotizada” dos conteúdos, os alunos devem interpretar e até criticar o que o professor diz. Deve-se ressaltar que um educador sempre irá aprender com os educandos, pois ele é um ser também inacabado e estará em busca de enriquecer as informações que já possui. Segundo Paulo Freire (1986), a educação se torna um momento de experiência dialética total da humanização dos homens, com igual participação dialógica de educador e do educando.

Logo o educador irá trabalhar o tema de Educação para o Trânsito, desenvolvendo a consciência crítica do aluno e fazendo com que este crie situações e saiba como comportar no Trânsito de maneira harmônica.

Percebendo a necessidade de formar indivíduos reflexivos e críticos para viver em sociedade, pode-se notar que ambas as visões, a de AUSUBEL E FREIRE defendem a importância da educação que traga significado para a vida do individuo e que este saiba relacionar com os acontecimentos cotidianos de sua vida. É importante que o professor saiba utilizar estratégias que mova o pensamento do aluno, que faça este refletir e saber se comportar no Trânsito de maneira responsável e civilizada.

A partir do momento em que a Educação para o Trânsito for trabalhada de forma contínua nas escolas haverá a conscientização que não se pode ser violento no Trânsito, pois a violência não leva o indivíduo a lugar nenhum e todos juntos são capazes de viver em um Trânsito com muita paz, harmonia, respeito ao próximo e solidariedade.

Acredita-se que certamente haverá uma mudança no comportamento dos adultos que poderão incentivar outras pessoas para um Trânsito mais seguro. Esta atitude trará resultados independentes do prazo, pois mesmo se os adultos não “influenciarem” o comportamento dos outros adultos estarão conscientes das atitudes corretas no Trânsito, podendo assim construir um espaço de cidadania e respeito ao próximo, por eles próprios hoje e no futuro.

Para trabalhar o tema trânsito no ensino superior é importante saber utilizar algumas estratégias de ensino.

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Sabe-se que com a eclosão de novas tecnologias e a imensa possibilidade de informação colocam as crianças, os adolescentes e os adultos em um mundo totalmente informatizado, exigindo que estejam preparados para uma nova era: a tecnologia.

O professor, neste contexto, deverá utilizar a tecnologia em busca de informações e recursos que permitam a integração entres os indivíduos. Os recursos tecnológicos como data-show, retro-projetor e outros recursos possibilitam uma aula diferente, movimentada, ilustrada, as vezes até musicada para as pessoas e estas se sentem mais interessadas pelo assunto, pelo fato de ser algo novo.

Quando se fala de tecnologias, muitas pessoas pensam apenas no uso do computador. Sabe–se que tecnologia é o uso de técnicas diferenciadas utilizadas como recursos para enriquecer o conhecimento. A utilização da criatividade na Educação para o Trânsito é uma estratégia que possibilita o aprimoramento do conhecimento dos adultos, por isso as novas mídias também são consideradas recursos para aprimorar o conhecimento. Aliar a utilização de novas tecnologias e as experiências sócio-culturais dos alunos tem sido revelador de um processo de ensino-aprendizagem bastante satisfatório.

Utilizando-se da tecnologia, o tema Trânsito poderá ser desenvolvido no ensino superior através de recursos diferenciados. É necessário lembrar que o professor deve apresentar domínio sobre o assunto, para isto é fundamental que ocorra a capacitação deste profissional na área. A formação continuada dos professores é tema de vários trabalhos publicados, porém não é objeto de estudo deste artigo.

Os recursos tecnológicos podem ser utilizados de forma muito proveitosa se forem organizados em dois níveis: individual e grupal. Por meio do convívio em grupo, o adulto vai percebendo a necessidade de existirem regras para que possa viver harmoniosamente. É neste espaço que vai tomando consciência que precisa também respeitar cada integrante do grupo, e assim interagir com os outros. O aluno precisa tentar elaborar um conceito de Trânsito com as informações que já possui, pois estará exercitando suas potencialidades de aprendizagem, já que este assunto está inserido na vida de todas as pessoas.

O trabalho em grupo também é muito importante, pois possibilita ao aprendiz compartilhar as informações e interagir com as pessoas que estão ao seu redor. Este ajuda na comunicação e na organização de melhores relações humanas, contribuindo para a compreensão da representação social da realidade. Os trabalhos grupais requerem preparação em função dos objetivos pretendidos. Exemplos: debate, previamente

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preparado por pequenos grupos, que escolhem os temas de discussão e o material que pode servir de suporte, tais como: notícias sobre temas de desrespeito à ética e cidadania dos usuários nas vias públicas, dados de mortalidade por acidentes, na qual os alunos analisam as situações e utilizam o próprio comportamento para julgar se a atitude realizada no Trânsito está adequada ou não.

A partir destas experiências, percebe-se que os próprios alunos utilizam-se a Educação visando assim a um Trânsito mais seguro e civilizado para todos.

Jogos também podem ser utilizados para abordar este tema tão importante. Nestes jogos podem ser distribuídos papéis e representadas as várias situações inerentes à circulação humana, como por exemplo: normas de Trânsito, os diversos usuários das vias e suas percepções.

Nas escolas de um modo geral, existe um ambiente de trânsito: o pátio, onde existe a circulação de indivíduos o tempo todo. A partir desta observação, o pátio pode ser considerado um cenário de jogo, onde os alunos representam os diversos aspectos da circulação humana, os direitos e deveres que o pedestre possui. Focar o pedestre é muito importante, pois todos são pedestres e devem saber as obrigações que este possui.

Deve-se ressaltar que através do jogo, os traços de agressividade podem ser eliminados, pois as bases para um convívio social são: solidariedade, respeito ao próximo, negociação e tolerância. É assim que deve ser o Trânsito, um espaço onde a paz esteja sempre presente, por isso é necessário começar a Educação para o Trânsito cedo e continuar este trabalho até o ensino superior, pois assim haverá um trabalho contínuo sobre o tema trânsito. Além de jogos, que permitem uma variabilidade imaginativa de situações, a simulação de papéis sociais ajuda a compreender e valorizar as funções sociais dos agentes de trânsito, estimulando a empatia, o respeito e a estimativa de trabalho para a comunidade.

Em todos os tipos de jogos que envolvam a palavra Trânsito cabem múltiplos tratamentos a partir da criatividade e da imaginação. É conveniente que o professor preestabeleça os instrumentos para avaliar, ao término da técnica, se os objetivos foram ou não alcançados.

Deve-se ressaltar que em diversas atividades, os jovens e os professores devem participar. Uma atividade grupal faz com que os participantes troquem as informações uns com os outros, e que o professor seja o mediador do processo de ensino-aprendizagem.

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A Educação para o Trânsito é, em seu conjunto, uma tarefa de todos, posto que a criança está imersa numa família desde que nasce. Seu primeiro modelo são os pais, passando posteriormente a um sistema educativo, no qual a unidade mínima é a sala de aula. Por isso é necessário que a Educação para o Trânsito esteja presente desde cedo nas salas de aula, pois sabe-se que o Trânsito está presente em todo momento de nossas vidas, tanto como pedestres, passageiros como, mais tarde, como condutores. Além disso, a Educação para o Trânsito deve e poderá abranger a todos os cidadãos em todas as faixas etárias, desde a educação infantil até a educação superior.

IV. Considerações finais:

Diante do exposto e considerando-se o levantamento teórico realizado sobre os expressivos e inaceitáveis dados estatísticos de acidentes graves e/ou fatais de trânsito, que produz milhares de vítimas mutiladas ou mortas, revelando um cenário trágico no mundo e, sobretudo no Brasil, torna-se imprescindível uma mobilização coletiva consciente de toda a sociedade e ações imediatas efetivas de nossos governantes, com vistas a redução deste cenário desumano e insano, um verdadeiro genocídio coletivo, onde a vida humana é brutalmente banalizada.

Nesta perspectiva, apresenta-se como sugestão, a necessidade urgente da implementação imediata de estratégias de educação para o trânsito, buscando humaniza-lo, com vistas a reverter este trágico cenário, como um mecanismo de conscientização e prevenção de acidentes de trânsito. Salientando que as estatísticas mostram que o número de acidentes e mortes no trânsito não para de aumentar, anunciando um futuro tenebroso e inaceitável, impondo-nos ações efetivas urgentes.

Diante deste grave cenário, evidenciado pelos já apresentados números elevadíssimos de acidentes fatais no trânsito, torna-se indispensável conscientizar os adultos e as crianças, desde a educação infantil até o ensino superior, visando a conscientização social e mobilização coletiva sobre este grave problema social, objetivando reverter este quadro, evitar situações de perigo, além de despertar o sentido de auto-preservação. Essa necessidade é reforçada pelo artigo 76 do Código de Trânsito Brasileiro quando determina como obrigatória à educação de trânsito nas escolas, da educação infantil ao ensino superior.

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Com este entendimento, a partir dos estudos realizados sobre os fatores determinantes do comportamento humano no trânsito, pode-se verificar a possibilidade de sua alteração a partir de estratégias educacionais. Considerando o papel do ensino superior no preparo para o exercício da cidadania de seus educandos, como prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o estabelecido no Código de Trânsito Brasileiro em relação à educação para o trânsito nas escolas de terceiro grau, infere-se a necessidade da inclusão desta temática nos programas curriculares do ensino superior.

Acreditando que a vontade política de educar para o trânsito e para a vida, de modo a construir gerações de futuros condutores de veículos mais conscientes de sua cidadania e do valor do ser humano, considera-se que o momento é oportuno para que se inicie um planejamento específico em todos os níveis de ensino sobre a importância de se educar continuamente para a educação no trânsito.

REFÊRENCIAS

AUSUBEL, David P; NOVAK, Joseph D; HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. 625 p.

BRASIL, Código Nacional de Trânsito. Código de Trânsito Brasileiro instituído pela Lei nº 9503 de 23/09/1997. Brasília: DENATRAN, 2001.

DENATRAN. Trânsito: um novo olhar-ações educativas para a transformação e aquisição de valores e atitudes. UNESCO, 2000.

FILIPOUSKI, A. M. R. Trânsito e Educação: Itinerários Pedagógicos. Porto Alegre: UFRGS, 2002

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. A Educação e o Processo de Mudança Social. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1979. p. 27-40.

FREIRE, Paulo. SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Trad: Adriana Lopez.10ed Rio de Janeiro: Paz e Terra,1986.

NEVES, José Luiz Rodrigues. Síndrome de Ícaro: a educação infantil e a segurança no trânsito brasileiro. Rio de Janeiro: Funenseg, 2002. 84 p.

TOLENTINO, Nereide E. B. Trânsito: qualidade de vida do condutor e o código de trânsito brasileiro. 2. ed. São Paulo: EDICON, 1998. 94 p.

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TRUJILLO, F. Alfonso. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1982.

Sites consultados:

Violência no trânsito. Disponível em:

http://www.webartigos.com/articles/20994/1/Violencia-no-transito/pagina1.html#ixzz17N23rV4w. Acesso em 01 de dezembro de 2010

Estatísticas. Disponível em:

http://www.portaldotransito.com.br/estatisticas/mapeamento-das-mortes-por-acidentes-de-transito-no-brasil.html. Acesso em 22 de dezembro de 2010.

ANEXO I - DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO

Art. 74. A educação para o Trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito.

§ 1º É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito.

§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de Trânsito deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo Contran. Art. 75. O Contran estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados

prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.

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campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais. § 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a freqüência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito.

Art. 76. A educação para o Trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do Contran e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá: I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de Trânsito;

II - a adoção de conteúdos relativos à educação para o Trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;

III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao Trânsito;

IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de Trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de Trânsito.

Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta do Contran, estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros socorros em caso de acidente de Trânsito. As campanhas terão caráter permanente por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, sendo intensificadas

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nos períodos e na forma estabelecidos no art. 76. Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por intermédio do Contran, desenvolverão e implementarão programas destinados à prevenção de acidentes. O percentual de dez por cento do total dos valores arrecadados destinados à Previdência Social, do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de Via Terrestre - DPVAT, de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão repassados mensalmente ao Coordenador do Sistema Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em programas de que trata este artigo.

Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de Trânsito poderão firmar convênio com os órgãos de educação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, objetivando o cumprimento das obrigações estabelecidas neste capítulo.

Referências

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