• Nenhum resultado encontrado

- Compete à seguradora comprovar a alegação de má-fé do segurado quando do preenchimento da proposta de seguro, o que não ocorreu na espécie.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "- Compete à seguradora comprovar a alegação de má-fé do segurado quando do preenchimento da proposta de seguro, o que não ocorreu na espécie."

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa ACÓRDÃO

APELAÇÃO CÍVEL N. 001.2009.023358-4/001. Relator: Des. José Di Lorenzo Serpa.

Apelante: Vida Seguradora S/A (Adv. Teresa Raquel B. N. Pereira). Apelado: Maria de Fátima de Oliveira Pinto e outras (Adv. Erika V.

Figueiredo Maia).

APELAÇÃO CÍVEL - Seguro de vida. Recusa no pagamento da indenização pela seguradora. Má-fé do segurado. Não configuração. Alegação de doença preexistente. Ausência de comprovação. Ausência de exames clínicos prévios à contratação. Dever da seguradora. Indenização securitária devida. Sentença bem lançada. Desprovimento do recurso.

- Compete à seguradora comprovar a alegação de má-fé do segurado quando do preenchimento da proposta de seguro, o que não ocorreu na espécie.

- A teor do entendimento do STJ, a seguradora não pode esquivar-se do dever de indenizar alegando que o segurado omitiu informações sobre seu estado de saúde quando não lhe foi exigido exames clínicos prévios. - Ao aceitar as informações prestadas pelo segurado, sem contestá-las, firmando o contrato e recebendo os respectivos prêmios, despropositada a negativa de pagamento da indenização securitária.

Vistos, relatados e discutidos os autos da APELAÇÃO CÍVEL N. 001.2009.023358-4/001, interposta por VIDA SEGURADORA S/A,

tendo como apeladas MARIA DE FÁTIMA DE OLIVEIRA PINTO E OUTRAS.

(2)

AC O R DAo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por sua 1a Câmara Cível, em sessão ordinária, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO APELO, nos termos do voto do Relator.

RELATÓRIO:

Trata-se de apelação cível (fls. 127/144), interposta por VIDA SEGURADORA S/A, contra sentença proferida pelo Juízo da 2a Vara

Cível da Comarca de Campina Grande (fls. 118/125), que julgou procedente o pedido contido em ação de cobrança de seguro de vida, ajuizada por MARIA DE FÁTIMA DE OLIVEIRA PINTO E OUTRAS.

Na sentença referida, a douta Magistrada determinou que a seguradora pague as promoventes o valor do seguro, obedecendo à divisão beneficiária de acordo com a apólice firmada entre o segurado, Sr. Sebastião Martinho Ribeiro Pinto, e a seguradora; determinou que o valor da condenação seja acrescido de correção monetária e juros de mora desde a data do óbito do segurado. Condenou a seguradora, ainda, ao pagamento das custas e despesas processuais, com honorários advocatícios a base de 20% sobre o valor da condenação.

Em suas razões, a recorrente defende a hipótese de doença pré-existente à celebração do contrato de seguro, afirmando que o segurado não declarou a circunstância quando da contratação. Disserta sobre as características do contrato de seguro, havendo, na espécie, quebra da álea contratual, elemento essencial no pacto. Após transcrever julgados que entende relacionados à matéria, pugna pelo provimento do recurso apelatório.

Contrarrazões às fls. 149/156, pelo desprovimento do recurso.

Instada a se pronunciar, a douta Procuradoria de Justiça, em cota de fls. 161/162, entendeu não ser caso para sua manifestação, devolvendo os autos para regular processamento do feito.

É o relatório.

VOTO:

ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos intrínsecos - cabimento,

2

(3)

legitimidade e interesse para apelar - e extrínsecos - tempestividade, regularidade formal, e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer.

A intimação da sentença se deu através de publicação de • nota de foro no DJ do dia 01/06/2012, fls. 126, tendo sido o apelo aviado na data de 12/06/2012, fls. 127. Assim, o apelo foi devidamente interposto dentro do prazo legalmente concedido para recorrer, nos termos do art. 508 do CPC.

Preparo, fls. 145/146.

Juízo de admissibilidade positivo. MÉRITO

Analisando o caderno processual, observa-se que o Sr. Sebastião Martinho ribeiro Pinto, formulou proposta de adesão a seguro de vida em 24/01/2008, fls. 79/81, com cobertura de morte, invalidez por acidente e invalidez funcional por doença.

Preencheu "Declaração Pessoal de Saúde e Atividade" (fls. 80), respondendo negativamente às perguntas relacionadas ao seu estado de saúde.

Faleceu em 05/09/2008, aos cinquenta e nove anos de idade, em decorrência de "infarto agudo do miocárdio, arritmia cardíaca, hipertensão arterial sistêmica", de acordo com a declaração de óbito n° 122820687, assinada pelo Doutor Glauco Kardec B. Neves (certidão de óbito de fls. 20).

Requerida a indenização pactuada no contrato de seguro, houve a negativa da seguradora, em virtude da ausência de verdadeiras declarações sobre o estado de saúde do segurado no momento da contratação, tendo este omitido fato relevante acerca das patologias da qual era portador (doc. de fls. 22).

Inconformadas, Maria de Fátima Oliveira Pinto e outras, esposa e filhas do segurado, ajuizaram ação de cobrança em desfavor da promovida, tendo obtido êxito na primeira instância, o que ensejou a interposição do presente recurso.

3

(4)

A seguradora recorrente defende, no apelo, a hipótese de doença preexistente à celebração do contrato de seguro, afirmando que o segurado não declarou a circunstância quando da contratação. Disserta sobre as características do contrato de seguro, havendo, na espécie, quebra da álea contratual, elemento essencial no pacto.

Não se pode olvidar que as partes são obrigadas a guardar, no contrato de seguro, a mais estrita boa-fé, observando a máxima veracidade quanto às declarações de sua responsabilidade.

De fato, razão, em parte, assiste à seguradora em seus argumentos, pois é da natureza do contrato de seguro que as partes, ao pactuá-lo, guardem a mais estrita boa-fé e honestidade, sendo certo que "Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido", em consonância com o artigo 766 da Lei Civil..

Ocorre que, no caso específico dos autos, não há elementos necessários a revelar a má-fé por parte do segurado ao preencher a "Declaração Pessoal de Saúde e Atividade", não podendo ser as beneficiárias penalizadas com a recusa do pagamento da indenização contratada com a apelante.

Impera no ordenamento jurídico pátrio a presunção da boa-fé, não sendo admissivel cogitar-se de má-fé ou de dolo se inexistirem nos autos provas robustas nesse sentido.

Com efeito, embora a causa mortis tenha sido "infarto agudo do miocárdio, arritmia cardíaca, hipertensão arterial", o autor parece que mantinha vida normal, tendo o "Atestado de Saúde Ocupacional" — ASO (documento apresentado às fls. 12 pela parte autora), afirmado que o segurado era considerado apto para o trabalho, em 16 de julho de 2007, cerca de seis meses antes da celebração do contrato.

Ao que parece, o infarto agudo do miocárdio, a arritmia cardíaca e a hipertensão arterial não caracterizou a hipótese de uma doença pré-existente de conhecimento do segurado, já que se encontrava em capacidade laborativa normal, seis meses antes da celebração do contrato de seguro.

4

(5)

Observa-se que não se pode considerar que o segurado faltou com os deveres de boa-fé, lealdade e veracidade, norteadores do contrato de seguro, a ponto de ensejar a perda do direito das beneficiárias de receberem a indenização.

Por outro lado, não se pode afirmar que a morte em decorrência de problema cardíaco seja fatalmente em consequência de uma doença preexistente, já que, como se sabe, pode ocorrer em qualquer pessoa a qualquer momento, não havendo prova de que a causa da morte tinha relação efetiva com alguma doença preexistente.

Ora, a morte do segurado pode ter se dado de forma súbita, inexistindo a caracterização da hipótese de doença preexistente.

Ademais, como se não bastasse a falta de caracterização da má-fé do segurado, inexiste nos autos prévio exame de saúde, que deveria ter sido exigido pela seguradora.

A seguradora não se preveniu com exames médicos necessários para excluir a vigência do contrato ao contratante e, omitindo-se quanto a este procedimento, não poderá, sobre o argumento de doença preexistente, escusar de arcar com a indenização contratada.

Ao aceitar as informações prestadas pelo segurado, sem contestá-las, firmando o contrato e recebendo os respectivos prêmios, despropositada a negativa de pagamento da indenização.

O colendo Superior Tribunal de Justiça há muito vem se debruçando sobre o tema aqui versado, majoritariamente se inclinando no sentido de que "a doença preexistente pode ser oposta pela seguradora ao segurado se houver prévio exame médico ou prova inequívoca da má-fé do segurado" (STJ - AgRg no Ag n° 818.443/RJ; Rel. Min. Nancy Andrighi; DJU 19/03/2007) .

Sobre a matéria, colhe da jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

SEGURO DE VIDA - DOENÇA PREEXISTENTE - EXAMES AO CONTRATAR O PLANO DE SAÚDE - NÃO REALIZAÇÃO - INDENIZAÇÃO SECURITÁR1A DEVIDA - HONORÁRIOS ADVOCATíCIOS CRITÉRIOS. Não pode negar o pagamento de sua contraprestação, a

(6)

empresa que explora plano de seguro e recebe contribuições mensais de associado, sem submetê-lo a prévio exame, alegando ocorrência de doença preexistente, que era desconhecida do segurado na data da contratação do seguro. Não pode ser negado o pagamento da indenização securitária por alagada existência de moléstia anterior à contratação, sem comprovação da má-fé do contratante, a qual não se presume. Os honorários advocatícios deverão ser fixados conforme apreciação eqüitativa do julgador, atentando-se ao grau de zelo do profissional, lugar da prestação do serviço, trabalho realizado e tempo exigido para seu serviço. (TJMG, Apelação Cível 1.0024.06.091638-4/001, Rel. Des.(a) Valdez Leite Machado, 14a CÂMARA CÍVEL, julgamento em 27/03/2008, publicação da súmula em 23/04/2008) (Destaque inexistente na redação original).

Destarte, caberia à seguradora, antes da celebração do contrato, investigar se o proponente era portador de alguma doença, não se mostrando razoável alegar a preexistência de doença como justificativa para negar a cobertura securitária.

Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO APELATÓRIO, mantendo inalterada a sentença proferida às fls. 118/125.

Presidiu os trabalhos o Des. José Ricardo Porto. Participaram do julgamento, além do Relator, o Exmo. Sr. Des. José Di Lorenzo Serpa, o Exmo. Des. José Ricardo Porto e o Exmo. Sr. Dr. Ricardo Vital de Almeida, Juiz convocado para substituir o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro. Presente à sessão a Dra. Sônia Maria Guedes Alcoforado, Procuradora de Justiça.

Sala de Sessões da Egrégia ia Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, a s 15 dias do mês de janeiro do ano de 2013.

DES. JOS Dl LORENZO SERPA RELATOR

6

(7)

TRIBUNAL. DE .11.15-;;-iç4 Diretoria Judiciária Registrado em

Referências

Documentos relacionados

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

Apart from the two nuclear energy companies that were strongly hit by the earthquake effects (the Tokyo and Tohoku electric power companies), the remaining nine recorded a

O presente trabalho foi realizado em duas regiões da bacia do Rio Cubango, Cusseque e Caiúndo, no âmbito do projeto TFO (The Future Okavango 2010-2015, TFO 2010) e

Para devolver quantidade óssea na região posterior de maxila desenvolveu-se a técnica de eleva- ção do assoalho do seio maxilar, este procedimento envolve a colocação de

The challenges of aging societies and the need to create strong and effective bonds of solidarity between generations lead us to develop an intergenerational

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

O perfil das gestantes atendidas no CRAS se relaciona aos fatores socioeconômicos locais que influenciam desde a idade gestacional em que as mulheres iniciam o pré-natal até seu