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Simulação computacional do método sísmico de reflexão para a caracterização de reservatórios de petróleo

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CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUC¸ ˜AO

MARCIA MIRANDA AZEREDO

SIMULAC¸ ˜AO COMPUTACIONAL DO M ´ETODO S´ISMICO DE REFLEX ˜AO PARA A CARACTERIZAC¸ ˜AO DE RESERVAT ´ORIOS DE PETR ´OLEO

Rio das Ostras - RJ 2017

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MARCIA MIRANDA AZEREDO

SIMULAC¸ ˜AO COMPUTACIONAL DO M ´ETODO S´ISMICO DE REFLEX ˜AO PARA A CARACTERIZAC¸ ˜AO DE RESERVAT ´ORIOS DE PETR ´OLEO

Projeto Final de Conclus ˜ao de Curso apresentado ao Curso de Graduac¸ ˜ao em Engenharia de Produc¸ ˜ao da Uni-versidade Federal Fluminense, como requisito para obtenc¸ ˜ao do grau de ba-charel em Engenharia de Produc¸ ˜ao.

ORIENTADOR: PROF. DR. EDWIN BENITO MITACC MEZA

Rio das Ostras - RJ 2017

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SIMULAC¸ ˜AO COMPUTACIONAL DO M ´ETODO S´ISMICO DE REFLEX ˜AO PARA A CARACTERIZAC¸ ˜AO DE RESERVAT ´ORIOS DE PETR ´OLEO

Projeto Final de Conclus ˜ao de Curso apresentado ao Curso de Graduac¸ ˜ao em Engenharia de Produc¸ ˜ao da Uni-versidade Federal Fluminense, como requisito para obtenc¸ ˜ao do grau de ba-charel em Engenharia de Produc¸ ˜ao.

Aprovada em 10 de julho de 2017.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Edwin Benito Mitacc Meza, D. Sc. (Orientador) - UFF

Prof. Luiz Ant ˆonio de Oliveira Chaves, M. Sc. - UFF

Prof. Iara Tammela, D. Sc. - UFF

Rio das Ostras - RJ 2017

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Agradec¸o primeiramente a Deus por ter me proporcionado sa ´ude e aumentado a minha f ´e sempre que precisei. Sem Ele nada seria poss´ıvel.

Ao meu esposo, Gustavo, que esteve presente em minha vida durante grande parte deste curso de graduac¸ ˜ao, me apoiando, auxiliando e sendo bastante paciente e aco-lhedor nos momentos de dificuldade.

Aos meu pais, Gilmar e Lurdinha, que me ensinaram que o estudo ´e sempre a melhor direc¸ ˜ao e a determinac¸ ˜ao ´e fator indispens ´avel para alcanc¸ar a vit ´oria.

Ao meu orientador, professor Edwin, pela disponibilidade em me auxiliar durante o desenvolvimento deste projeto e pela forma h ´abil, respons ´avel e gentil pela qual conduziu esta orientac¸ ˜ao.

Agradec¸o ao meu amigo e professor Viatcheslav Priimenko, por sanar minhas d ´uvidas e colaborar com ideias para este projeto.

A todos os professores, funcion ´arios e colegas da Universidade Federal Flumi-nense, campus PURO, que colaboraram para o meu aprendizado e proporcionaram agrad ´avel experi ˆencia e conviv ˆencia durante todo o curso nesta universidade.

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”A ci ˆencia ser ´a sempre uma busca, jamais uma des-coberta. ´E uma viagem, nunca uma chegada”.

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As atividades de explorac¸ ˜ao na ind ´ustria do petr ´oleo t ˆem registrado grandes avan-c¸os tecnol ´ogicos. ´E imprescind´ıvel obter informac¸ ˜oes geol ´ogicas da ´area explorat ´oria antes de iniciar a perfurac¸ ˜ao de um poc¸o, j ´a que esta tarefa requer altos investimen-tos. O m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao ´e o m ´etodo de caracterizac¸ ˜ao de reservat ´orios petrol´ıferos mais utilizado por possuir menores custos, englobar maiores alvos de investigac¸ ˜oes e obter melhores resoluc¸ ˜oes dos dados. Consiste na ativac¸ ˜ao de uma fonte s´ısmica capaz de gerar ondas el ´asticas na subsuperf´ıcie, onde estas provocam pequenas vibrac¸ ˜oes no meio que s ˜ao capturadas atrav ´es do registro de sinais em re-ceptores estrategicamente posicionados. A modelagem matem ´atica deste m ´etodo ´e formalizada por um conjunto de equac¸ ˜oes diferenciais parciais proposto pela Teoria da Poroelasticidade. O objetivo deste projeto ´e criar um simulador num ´erico capaz de obter as respostas desta teoria para um reservat ´orio de petr ´oleo. Para isto, apresenta-se uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica e expl´ıcita para o problema proposto considerando-apresenta-se, como forma de simplificac¸ ˜ao, um caso unidimensional e um meio geol ´ogico homog ˆeneo. Atrav ´es deste simulador s ˜ao realizados alguns estudos. ´E feita uma an ´alise da in-flu ˆencia da posic¸ ˜ao do receptor e da variac¸ ˜ao dos par ˆametros f´ısicos do meio geol ´ogico na resposta obtida. Os resultados dos testes s ˜ao satisfat ´orios e garantem a efici ˆencia do simulador proposto neste projeto.

Palavras-chave: meio poroel ´astico, Teoria da Poroelasticidade, soluc¸ ˜ao expl´ıcita,

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Abstract

The exploration activities in the oil industry have shown big technological advan-ces. It is essential to get geological information about the exploratory area before star-ting a drilling of oil well because this activity requires high investments. The reflection seismic method is the most popular method of reservoirs characterization because it has lower costs, it can achieve a larger field of investigation and it has better data reso-lutions. The method consists in the activation of a seismic source that generates elastic waves in the subsurface and causes small vibrations in the medium. These vibrations are registered in form of signals in strategically positioned receivers. The mathematical modeling of this method is formalized by a set of partial differential equations proposed by the Poroelasticity Theory. In this project, we desenvolve an analytical and expli-cit solution for this system of equations where we consider the one-dimensional case. Based in this solution, we create a numerical simulator to obtain the answers of the Po-roelasticity Theory in a petroleum reservoir. Through this simulation, we have analysed the influence of the receiver position and the influence of the variation of the physical parameters of the geological medium in the response obtained. The results of these tests are very satisfactory and can prove that the simulator proposed in this project is efficient.

Keywords: Poroelastic medium, Poroelasticity Theory, explicit solution,

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4.1 Propriedades poroel ´asticas do meio homog ˆeneo. Fonte: Zhu e McMe-chan (1991). . . 53 4.2 Propriedades poroel ´asticas do meio homog ˆeneo calculadas em func¸ ˜ao

dos par ˆametros da Teoria de Biot. . . 54 4.3 Valores estimados para as velocidades das ondas compressionais

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Lista de Figuras

1.1 Representac¸ ˜ao do modelo geol ´ogico proposto para estudo com fonte

posicio-nada em zs. . . 8

2.1 Area de interesse do projeto dentro da grande ´area de engenharia de petr ´oleo.´ 12 2.2 Modelo representando a aquisic¸ ˜ao s´ısmica. Adaptada de Gerhardt (1998). . . 15

2.3 Trac¸o s´ısmico. Adptada de Tingdahl e de Rooij (2005). . . 16

2.4 Modelo geol ´ogico resultante de uma interpretac¸ ˜ao s´ısmica. Adaptada de Ro-bison e Treitel (1980). . . 17

2.5 Movimento das part´ıculas durante a passagem de uma onda. (a) onda P; (b) onda S. Fonte: Cherrif & Geldart (1995). . . 18

2.6 Incid ˆencia da onda s´ısmica em uma interface. Fonte: Cherrif & Geldart (1995). 19 2.7 Sobreposic¸ ˜ao da fase s ´olida e da fase fluida de um material poroso. . . 20

2.8 Relac¸ ˜oes das escalas do comprimento de onda de um pulso ac ´ustico e a di-mens ˜ao de um volume elementar. Fonte: Pride and Berryman (2003). . . 28

3.1 Representac¸ ˜ao das ondas descendentes e ascendentes. . . 41

3.2 Superf´ıcie de descontinuidade. . . 42

3.3 Caminh ˜ao com uma fonte pontual vertical. Fonte: Pereira (2014). . . 45

4.1 Representac¸ ˜ao do modelo geol ´ogico utilizado na simulac¸ ˜ao. . . 52

4.2 Pulso de Ricker no dom´ınio do tempo com frequ ˆencia dominante de 15 Hz. . 55

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4.4 Efeito da dist ˆancia entre fonte e receptor. As dist ˆancias consideradas s ˜ao: (a) z = 1000 m, (b) z = 2500 m , (c) z = 3500 m e (d) z = 5000 m. . . 58 4.5 Efeito da porosidade na velocidade da fase s ´olida. Os valores da porosidade

considerados s ˜ao: (a) φ = 2%, (b) φ = 10%, (c) φ = 18% e (d) φ = 25%. . . . 59 4.6 Efeito da permeabilidade na velocidade da fase s ´olida. Os valores da

perme-abilidade considerados s ˜ao: (a) κ = 4 × 10−12 m2, (b) κ = 4 × 10−13 m2, (c) κ = 4 × 10−17m2e (d)κ = 4 × 10−18m2. . . 60 4.7 Efeito da viscosidade na velocidade da fase s ´olida. Os valores da viscosidade

considerados s ˜ao: (a) η = 10−12P a.s, (b) η = 10−8 P a.s, (c) η = 10−7 P a.se (d) η = 10−5 P a.s. . . 61

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Lista de S´ımbolos e Notac¸ ˜oes

S´ımbolos Latinos

bm Autovetores de M1M2 [1]

C M ´odulo de Biot [P a]

D Vetor de ondas descendentes [1]

F Forc¸a na fase s ´olida [N ]

f Forc¸a na fase fluida [N ]

G M ´odulo de cisalhamento [P a]

GA, GB Matrizes para a soluc¸ ˜ao na superf´ıcie [1]

h Momento s´ısmico [N.m]

I Matriz identidade [1]

J Matriz de salto [1]

JA, JB Submatrizes da matriz J [1]

L Matriz de autovetores [1]

L1 Matriz formada pelos autovetores bm [1]

L2 Matriz formada pelos autovetores ym [1]

Kc M ´odulo de incompressibilidade no meio saturado [P a] Kf M ´odulo de incompressibilidade no meio fluido [P a]

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Ks M ´odulo de incompressibilidade do meio s ´olido [P a]

M M ´odulo de Biot [P a]

M Matriz do sistema do tipo Ursin [1]

M1, M2 Submatrizes do sistema do tipo Ursin [1]

p Press ˜ao de fluido [P a]

S Vetor formado pelas fontes do sistema do tipo Ursin [1]

S0, S1 Termos que comp ˜oem o vetor fonte [1]

SA, SB Vetores relacionados com S0, S1 [1]

t Tempo [s]

T Tortuosidade [1]

U Vetor de ondas ascendentes [1]

u Vetor deslocamento da matriz s ´olida [m]

w Vetor deslocamento relativo do fluido [m]

˙

w Velocidade de filtrac¸ ˜ao [m/s]

ym Autovetores deM2M1 [1]

zs Localizac¸ ˜ao da fonte [m]

S´ımbolos Gregos

α Coeficiente de tens ˜ao efetiva de Biot [1]

δ Delta de Dirac [1]

η Viscosidade do fluido [P a.s]

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λ Par ˆametro de Lam ´e [P a]

λm Autovalores da matriz M [1]

Λ Matriz diagonal com entradas λm [1]

ρ Densidade m ´edia do material [Kg/m3]

ρe Densidade efetiva do fluido [Kg/m3]

ρf Densidade do fluido [Kg/m3]

ρs Densidade do material s ´olido [Kg/m3]

τ Tens ˜ao total [P a]

φ Porosidade [1]

Φ Vetor das vari ´aveis do sistema do tipo Ursin [1]

Φg Vetor das inc ´ognitas na superf´ıcie [1]

Ψ Vetor de ondas ascendentes e descendentes [1]

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1 Introduc¸ ˜ao 1 1.1 Contextualizac¸ ˜ao . . . 1 1.2 Objetivos . . . 4 1.2.1 Objetivo Geral . . . 4 1.2.2 Objetivos Espec´ıficos . . . 4 1.3 Justificativa . . . 5 1.4 Metodologia . . . 6

1.4.1 Classificac¸ ˜ao do Projeto . . . 7

1.4.2 Ferramenta Utilizada . . . 7

1.5 Delimitac¸ ˜oes . . . 8

1.6 Estrutura do Projeto . . . 9

2 Referencial Te ´orico 11 2.1 Considerac¸ ˜oes Iniciais . . . 11

2.2 A Explorac¸ ˜ao de Petr ´oleo . . . 12

2.3 O M ´etodo S´ısmico de Reflex ˜ao . . . 14

2.4 Propagac¸ ˜ao das Ondas S´ısmicas . . . 17

2.5 Caracter´ısticas do Meio Poroso . . . 19

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2.7 A Teoria da Poroelasticidade . . . 22

2.8 Modelagem Matem ´atica da Teoria da Poroelasticidade . . . 26

2.8.1 Hip ´oteses da Teoria de Biot . . . 27

2.8.2 Sistema das Equac¸ ˜oes de Biot para Baixas Frequ ˆencias . . . . 28

2.8.3 Condic¸ ˜oes de Fronteira . . . 30

3 Soluc¸ ˜ao Anal´ıtica do sistema de Biot: Caso Unidimensional 32 3.1 Sistema de Biot no Dom´ınio da Frequ ˆencia Temporal . . . 32

3.2 Sistema de Biot no Formato de Ursin . . . 33

3.3 Diagonalizac¸ ˜ao de Ursin . . . 35

3.3.1 Autovalores e Autovetores para o Sistema de Biot no Formato Ursin . . . 39

3.4 Soluc¸ ˜ao em um Meio Homog ˆeneo sem a Presenc¸a de Fonte . . . 40

3.5 Condic¸ ˜ao de Salto . . . 41

3.6 Representac¸ ˜ao da Fonte S´ısmica . . . 43

3.7 Soluc¸ ˜ao Expl´ıcita em um Meio Homog ˆeneo com Presenc¸a de Fonte . . 46

3.8 Soluc¸ ˜ao no Dom´ınio do Tempo . . . 49

4 Modelagem Computacional do Sistema de Biot: Resultados e An ´alises 51 4.1 Dados da simulac¸ ˜ao num ´erica . . . 52

4.1.1 Modelo Geol ´ogico com a Posic¸ ˜ao da Fonte e Receptor . . . 52

4.1.2 Func¸ ˜ao da Fonte S´ısmica . . . 54

4.2 Resultados e An ´alises . . . 56

4.2.1 Estudo do Variac¸ ˜ao da Dist ˆancia entre Fonte e Receptor . . . . 58

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4.2.4 Estudo do Efeito da Viscosidade . . . 61 4.3 Discuss ˜ao dos Resultados na Vis ˜ao da Engenharia de Produc¸ ˜ao . . . . 62

5 Conclus ˜oes e Perspectivas 65

A Algoritmo: Soluc¸ ˜ao Anal´ıtica do Sistema de Biot para um Meio Homog ˆeneo

com a Presenc¸a de Fonte na Superf´ıcie 75

B C ´odigo Computacional para as Simulac¸ ˜oes em MatLab 77

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Cap´ıtulo 1

Introduc¸ ˜ao

1.1

Contextualizac¸ ˜ao

A ind ´ustria do petr ´oleo ´e uma das atividades mais fascinantes e complexas no mundo dos neg ´ocios desde a descoberta das primeiras jazidas petrol´ıferas at ´e os dias de hoje. Esta ind ´ustria requer a participac¸ ˜ao de profissionais de diversas ´areas tais como Geologia, Geografia, Matem ´atica, F´ısica, Qu´ımica e Engenharias, dentre as quais pode-se destacar a Engenharia de Produc¸ ˜ao.

Um Engenheiro de Produc¸ ˜ao deve ter a capacidade de utilizar ferramentas ma-tem ´aticas e computacionais para auxiliar na tomada de decis ˜oes dentro da ind ´ustria de petr ´oleo e g ´as buscando melhorar a estrat ´egia empresarial.

De acordo com Gonc¸alves (2006), as atividades presentes na ind ´ustria de petr ´oleo podem ser classificadas em cinco segmentos b ´asicos: explorac¸ ˜ao, explotac¸ ˜ao, trans-porte, processamento (refino) e distribuic¸ ˜ao. O presente trabalho est ´a ligado `a etapa de explorac¸ ˜ao de petr ´oleo, onde esta ´e respons ´avel por buscar informac¸ ˜oes `a cerca das propriedades f´ısicas de um reservat ´orio de hidrocarbonetos al ´em de verificar se os dep ´ositos naturais encontrados na ´area de interesse possuem valor econ ˆomico.

Identificar uma regi ˜ao onde o petr ´oleo possa estar armazenado n ˜ao ´e uma tarefa simples pois envolve um estudo do comportamento das diversas camadas do subsolo atrav ´es de m ´etodos geol ´ogicos e geof´ısicos. Al ´em disso, os riscos associados aos investimentos para empreender os projetos de explorac¸ ˜ao e de produc¸ ˜ao de petr ´oleo (E&P) s ˜ao bastante altos na etapa de explorac¸ ˜ao devido `as incertezas geol ´ogicas (PE-REIRA, 2004). Desta forma, as atividades explorat ´orias s ˜ao altamente arriscadas em termos de retorno, pois nem sempre os esforc¸os de explorac¸ ˜ao realizados conduzem a uma descoberta comercial de petr ´oleo.

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cerca de 85% do custo total da explorac¸ ˜ao. Sendo assim, ´e relevante saber como se comporta toda a estrutura do reservat ´orio numa regi ˜ao onde h ´a suspeita da exist ˆencia de hidrocarbonetos antes de dar in´ıcio ao processo de perfurac¸ ˜ao de um poc¸o.

Uma explorac¸ ˜ao eficiente de campos de petr ´oleo depende de importantes decis ˜oes a longo prazo tomadas no in´ıcio do desenvolvimento deste campo. A fim de reduzir custos e incertezas, al ´em de maximizar lucros, diversos m ´etodos t ˆem sido propostos para a otimizac¸ ˜ao da produc¸ ˜ao. De modo geral, os custos de explorac¸ ˜ao podem ser minimizados com a realizac¸ ˜ao de cont´ınuos investimentos em levantamentos s´ısmicos e geol ´ogicos.

Os m ´etodos de identificac¸ ˜ao dos reservat ´orios podem ser classificados em diretos e indiretos. Os m ´etodos diretos consistem na perfurac¸ ˜ao de poc¸os explorat ´orios. For-necem apenas dados pontuais e envolvem altos custos, o que se torna uma desvanta-gem para a ind ´ustria petrol´ıfera. No entanto, os m ´etodos indiretos de investigac¸ ˜ao pos-suem custos consideravelmente menores e abrangem alvos de investigac¸ ˜ao bem mai-ores, com grandes profundidades e maior resoluc¸ ˜ao dos dados. Dentre os m ´etodos indiretos, pode-se destacar: m ´etodos geoel ´etricos (eletrorresistividade, sondagem el ´etrica vertical, potencial espont ˆaneo e polarizac¸ ˜ao induzida, radar de penetrac¸ ˜ao no subsolo - GPR), m ´etodos s´ısmicos (s´ısmica de refrac¸ ˜ao e s´ısmica de reflex ˜ao) e m ´etodos potenciais (magnetometria e gravimetria) (LOPES, 2013).

De acordo com Gonc¸alves (2006), a s´ısmica de reflex ˜ao ´e o m ´etodo indireto de investigac¸ ˜ao do subsolo mais utilizado. Consiste em uma t ´ecnica baseada na medic¸ ˜ao do tempo de tr ˆansito e amplitudes de uma onda gerada por uma fonte conhecida na direc¸ ˜ao das camadas mais profundas da terra, onde esta ´e refletida e captada por um receptor em determinada posic¸ ˜ao. A quest ˜ao mais relevante deste m ´etodo ´e a transformac¸ ˜ao do tempo de tr ˆansito para a profundidade.

O m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao ´e modelado, matematicamente, atrav ´es de um sis-tema de equac¸ ˜oes diferenciais parciais proposto pela Teoria da Poroelasticidade, a qual tamb ´em ficou conhecida como Teoria de Biot devido aos trabalhos desenvolvidos pelo engenheiro e pesquisador belga Maurice Biot (BIOT (1956a,b)). Isto acontece porque o reservat ´orio de petr ´oleo ´e caracterizado como um meio poroel ´astico, j ´a que, ao sofrer a ac¸ ˜ao de uma forc¸a a fase s ´olida apresenta a propriedade de voltar ao seu

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estado inicial ap ´os sofrer deformac¸ ˜ao e os fluidos viscosos que preenchem os espac¸os vazios apresentam resist ˆencia ao fluxo (propriedade conhecida como viscosidade). Assim, a Teoria de Biot descreve o comportamento mec ˆanico do meio poroel ´astico quando este ´e submetido a um esforc¸o externo causado por uma fonte s´ısmica, por exemplo. O acionamento de uma fonte ir ´a gerar ondas el ´asticas na subsuperf´ıcie cau-sando pequenas deformac¸ ˜oes na rocha e impulsionando o fluxo de fluido.

O conhecimento dos fen ˆomenos associados `a propagac¸ ˜ao das ondas el ´asticas e suas relac¸ ˜oes com as propriedades f´ısicas do reservat ´orio ´e de grande import ˆancia para a interpretac¸ ˜ao de dados s´ısmicos realizada no estudo de reservat ´orios. Uma forma de analisar os efeitos causados pelas propriedades f´ısicas das rochas nas sec¸ ˜oes s´ısmicas ´e atrav ´es da modelagem num ´erica.

O sucesso na perfurac¸ ˜ao de poc¸os de petr ´oleo est ´a associado `a exist ˆencia de um sistema petrol´ıfero, `a confirmac¸ ˜ao das expectativas sobre o volume de ´oleo a ser des-coberto e aos tamanhos individuais dos campos de ´oleo e g ´as, por isso depende das ferramentas e tecnologias explorat ´orias utilizadas. Com o aumento do conhecimento geol ´ogico das bacias sedimentares e dos avanc¸os tecnol ´ogicos, especialmente em s´ısmicas e programas de modelagem num ´erica de bacias, esses riscos t ˆem diminu´ıdo (PEREIRA, 2004).

A simulac¸ ˜ao computacional permite aos gestores a experimentac¸ ˜ao da realidade atrav ´es de um modelo e assim avaliar como as vari ´aveis ir ˜ao se comportar no sistema idealizado. Este projeto prop ˜oe um simulador para o m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao base-ado em uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica-num ´erica para o sistema de Biot. Tal simulbase-ador poder ´a ser utilizado como ferramenta para tomada de decis ˜oes nos n´ıveis de planejamento de explorac¸ ˜ao de reservat ´orios petrol´ıferos com o intuito de reduzir custos na etapa de explorac¸ ˜ao de petr ´oleo e diminuir o grau de incerteza na etapa posterior de perfurac¸ ˜ao de um poc¸o de petr ´oleo.

De um modo geral, o desenvolvimento de ferramentas que auxiliem na tomada de decis ˜oes com relac¸ ˜ao `a etapa de explorac¸ ˜ao de petr ´oleo ´e de fundamental import ˆancia para a estrat ´egia empresarial.

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1.2

Objetivos

Nesta sec¸ ˜ao ser ˜ao apresentados os objetivos deste projeto, separando-os em ob-jetivo geral e obob-jetivos espec´ıficos.

1.2.1

Objetivo Geral

Este projeto tem como objetivo geral propor uma ferramenta computacional capaz de auxiliar no processo de tomada de decis ˜ao na etapa de explorac¸ ˜ao de petr ´oleo dimi-nuindo os riscos associados ao grau de incerteza com relac¸ ˜ao ao reservat ´orio e, con-sequentemente, reduzindo custos excessivos na perfurac¸ ˜ao de um poc¸o de petr ´oleo.

1.2.2

Objetivos Espec´ıficos

Para alcanc¸ar o objetivo geral, devem ser realizados os seguintes objetivos es-pec´ıficos:

• Obter a soluc¸ ˜ao anal´ıtica do sistema de equac¸ ˜oes diferenciais parciais da Teoria de Biot encontrando uma soluc¸ ˜ao expl´ıcita para o caso unidimensional;

• Elaborar um algoritmo num ´erico de acordo com a soluc¸ ˜ao expl´ıcita obtida capaz de simular a propagac¸ ˜ao de ondas s´ısmicas em um meio homog ˆeneo;

• Desenvolver um c ´odigo computacional em ambiente MatLab baseado no algo-ritmo proposto;

• Obter dados (par ˆametros f´ısicos e petrof´ısicos do meio) a partir de refer ˆencias bibliogr ´aficas que servir ˜ao para testar a efici ˆencia do c ´odigo criado;

• Fazer simulac¸ ˜oes da propagac¸ ˜ao de ondas el ´asticas variando par ˆametros pe-trof´ısicos do meio;

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5

1.3

Justificativa

Na selec¸ ˜ao dos projetos de E&P ´e requisito fundamental estimar a produtividade dos reservat ´orios e do volume de reservas recuper ´aveis, pois qualquer mudanc¸a no fluxo de caixa de um projeto desta natureza pode ser convertido em dezenas ou cen-tenas de milh ˜oes de d ´olares, tanto para mais como para menos. Para tal, s ˜ao efe-tuados trabalhos de investigac¸ ˜ao que permitem a definic¸ ˜ao das estruturas geof´ısica e geol ´ogica dos reservat ´orios existentes assim como a perfurac¸ ˜ao de poc¸os explo-rat ´orios e de extens ˜ao (PEREIRA, 2004).

Encontrar as acumulac¸ ˜oes de petr ´oleo ´e o primeiro passo a ser dado na ind ´ustria petrol´ıfera. Uma vez constatada a viabilidade t ´ecnico-econ ˆomica de um campo, a ta-refa ent ˜ao ´e explotar o ´oleo, seja em terra (onshore) ou em mar (offshore). Isto requer investimentos elevados. Al ´em disso, os riscos associados a estes investimentos s ˜ao tamb ´em bastante altos, principalmente na etapa de explorac¸ ˜ao devido `as incertezas geol ´ogicas (LIMA, 2003).

Um poc¸o explorat ´orio em ´aguas profundas tem custos da ordem de 10 milh ˜oes de d ´olares, podendo atingir at ´e valores bem superiores dependendo das condic¸ ˜oes geol ´ogicas e meteoceanogr ´aficas da regi ˜ao. Mesmo sendo realizados extensos le-vantamentos s´ısmicos nos blocos, ainda assim a taxa de sucesso na perfurac¸ ˜ao ´e relativamente baixa. A taxa m ´edia mundial de sucesso na perfurac¸ ˜ao de poc¸os ex-plorat ´orios ´e de aproximadamente 1 para 8, ou seja, para cada 8 poc¸os perfurados somente em um se encontram reservas de hidrocarbonetos, podendo estas ainda ser tanto comerciais como sub-comerciais (PEREIRA, 2004).

Estes riscos podem ser minimizados com a realizac¸ ˜ao de investimentos em pesqui-sas baseadas em levantamentos s´ısmicos e geol ´ogicos. ´E imprescind´ıvel a realizac¸ ˜ao de um extenso programa explorat ´orio visando identificar as poss´ıveis regi ˜oes produ-toras, os diferentes tipos de ´oleo existentes nos reservat ´orios, as caracter´ısticas pe-trof´ısicas dos reservat ´orios, as condic¸ ˜oes geot ´ecnicas do solo marinho, entre outros.

Sendo assim, o prop ´osito deste trabalho em atuar na busca de informac¸ ˜oes obtidas pela s´ısmica de reflex ˜ao atrav ´es da modelagem computacional torna-se de grande utilidade na ´area de explorac¸ ˜ao de petr ´oleo e auxilia na tomada de decis ˜oes.

(23)

O m ´etodo que ser ´a desenvolvido neste projeto para resolver o sistema das equac¸ ˜oes de Biot se destaca dos m ´etodos convencionais existentes por se tratar de um m ´etodo anal´ıtico com soluc¸ ˜oes expl´ıcitas para o problema. Al ´em disso, trata-se de um m ´etodo matricial, o que facilita a implementac¸ ˜ao de um eficiente c ´odigo computacional.

Outro aspecto relevante para a elaborac¸ ˜ao deste trabalho ´e que o algoritmo pro-posto para resolver o problema em sua forma direta tem forte influ ˆencia na elaborac¸ ˜ao de um novo algoritmo funcional para o problema inverso, onde atrav ´es deste ´e poss´ıvel obter as propriedades petrof´ısicas do reservat ´orio, como por exemplo, porosidade, permeabilidade e viscosidade do fluido, permitindo conhecer-se o tipo de formac¸ ˜ao rochosa e caracterizar o fluido saturante.

1.4

Metodologia

Inicialmente ser ´a feita uma pesquisa com relac¸ ˜ao aos trabalhos que apresentam soluc¸ ˜oes anal´ıticas e num ´ericas para as equac¸ ˜oes da poroelasticidade de Biot, de forma que estes possam servir de orientac¸ ˜ao para este projeto e tamb ´em como meio de comparac¸ ˜ao entre os resultados. Esta pesquisa ser ´a feita atrav ´es de leitura de artigos acad ˆemicos, trabalhos de final de curso e demais materiais dispon´ıveis na web.

O desenvolvimento do m ´etodo anal´ıtico ser ´a feito de forma te ´orica baseada no formalismo de Ursin (1983). O m ´etodo de Ursin prop ˜oe uma resoluc¸ ˜ao matricial das equac¸ ˜oes diferenciais parciais da Teoria da Poroelasticidade transformando o sistema original em um sistema de equac¸ ˜oes diferenciais ordin ´arias, o que facilita de forma significativa a resoluc¸ ˜ao e implementac¸ ˜ao computacional do m ´etodo.

Ap ´os isto, ser ´a criado um algoritmo num ´erico que calcula a soluc¸ ˜ao do sistema de equac¸ ˜oes de Biot para um meio homog ˆeneo com presenc¸a de fonte, o que simula, de forma simplificada, a propagac¸ ˜ao de ondas s´ısmicas que ocorre no m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao. Este algoritmo ser ´a implementado no software MatLab com o intuito de obter a validac¸ ˜ao do desenvolvimento anal´ıtico realizado.

(24)

7

variando-se os par ˆametros petrof´ısicos do meio para que se possa validar o algoritmo que foi desenvolvido.

Ap ´os a apresentac¸ ˜ao dos resultados obtidos, ser ´a feita uma an ´alise destes de acordo com a Teoria da Poroelasticidade.

1.4.1

Classificac¸ ˜ao do Projeto

A seguir, faz-se a classificac¸ ˜ao deste trabalho quanto ao fim, `a ´area de estudo, `a subordinac¸ ˜ao do tema, quando ao tipo de modelagem e quanto ao tipo de an ´alise.

• Quanto ao fim: Aplicada;

• ´Area de concentrac¸ ˜ao: Estudo do Desenvolvimento e Aplicac¸ ˜ao da Pesquisa e da Extens ˜ao em Engenharia de Produc¸ ˜ao. Estudo em Geoci ˆencias;

• Subordinac¸ ˜ao do tema a ´areas do conhecimento cient´ıfico adquiridos no curso de Engenharia de Produc¸ ˜ao: Algoritmos e Sistemas Computacionais; Modelagem Matem ´atica; Equac¸ ˜oes Diferenciais; ´Algebra Linear; Engenharia de Petr ´oleo; Mec ˆanica do Cont´ınuo; Mec ˆanica dos Fluidos; Fen ˆomenos de Transporte; Simulac¸ ˜ao Num ´erica como Apoio `a Tomada de Decis ˜ao.

• Quanto ao tipo de modelagem: Embora possam ser utilizados modelos num ´erico-computacionais e o desenvolvimento de algoritmos e programas, a ess ˆencia do problema cient´ıfico ´e tratada atrav ´es do modelo f´ısico-matem ´atico para o desen-volvimento de equac¸ ˜oes diferenciais que modelam o problema proposto.

• Quanto ao tipo de an ´alise: Pode-se classificar o resultado deste projeto como uma an ´alise anal´ıtica-num ´erica.

1.4.2

Ferramenta Utilizada

De acordo com Silva (2004), as atividades de pesquisa e desenvolvimento na ´area de processamento e imageamento de dados geofis´ıcos, em particular, na s´ısmica voltada para a explorac¸ ˜ao e monitoramento de reservat ´orios de petr ´oleo, demandam

(25)

de forma cada vez mais acentuada o apoio de pacotes computacionais capazes de executar um grande n ´umero de tarefas, possibilitando um melhor gerenciamento e utilizac¸ ˜ao de uma vasta gama de informac¸ ˜oes e metodologias dispon´ıveis. Um dos pacotes computacionais capazes de atender `as exig ˆencias acima ´e o MatLab.

O pacote computacional MatLab ´e uma ferramenta de uso generalizado no meio acad ˆemico pelas suas vantagens de programac¸ ˜ao simples e direta e uso f ´acil de gr ´aficos e visualizac¸ ˜oes. Isto permite que algoritmos e procedimentos em uma s ´erie de aplicac¸ ˜oes sejam rapidamente implementados e testados. Embora os progra-mas MatLab n ˜ao possuam a efici ˆencia computacional exigida das linguagens t´ıpicas de programac¸ ˜ao (por exemplo, Fortran e C), as boas propriedades acima fazem do MatLab uma ´otima opc¸ ˜ao para a obtenc¸ ˜ao de prot ´otipos, dedicadas a testes em aplicac¸ ˜oes de pequeno porte. Tal caracter´ıstica explica porque o MatLab seja t ˜ao utilizado na academia, em particular no ensino e elaborac¸ ˜ao de dissertac¸ ˜oes e teses (SILVA, 2004).

Desta forma, o software utilizado para a elaborac¸ ˜ao do c ´odigo computacional deste projeto ser ´a o MatLab.

1.5

Delimitac¸ ˜oes

Considera-se que o meio geol ´ogico em quest ˜ao ´e aproximado por um semi-espac¸o homog ˆeneo (ver Figura 1.1) e que as equac¸ ˜oes que modelam a propagac¸ ˜ao das ondas el ´asticas no meio representam a s´ısmica de reflex ˜ao em apenas uma dimens ˜ao, ou seja, as vari ´aveis do sistema dependem apenas da profundidade (eixo z).

(26)

9

Embora tais condic¸ ˜oes sejam simplificadoras, n ˜ao extinguem ou diminuem a im-port ˆancia e aplicabilidade deste projeto como ferramenta para a minimizac¸ ˜ao de cus-tos e diminuic¸ ˜ao do grau de incerteza quanto ao reservat ´orio alvo de investigac¸ ˜ao na etapa de explorac¸ ˜ao de petr ´oleo. Isto porque, embora um reservat ´orio real n ˜ao seja exatamente homog ˆeneo, sua representac¸ ˜ao pode ser aproximada por um meio estratificado composto por camadas homog ˆeneas.

Desta forma, o m ´etodo de soluc¸ ˜ao anal´ıtica e o algoritmo desenvolvido neste pro-jeto colaboram de forma primordial na elaborac¸ ˜ao de um simulador computacional para a s´ısmica de reflex ˜ao em um reservat ´orio real al ´em de proporcionarem uma base te ´orica para a modelagem matem ´atica e computacional do m ´etodo s´ısmico em tr ˆes dimens ˜oes (3D).

Uma outra delimitac¸ ˜ao do presente trabalho ´e a utilizac¸ ˜ao de dados sint ´eticos nos testes de simulac¸ ˜ao, os quais s ˜ao obtidos a partir de artigos cient´ıficos altamente qualificados na ´area de estudos geof´ısicos de reservat ´orios explorat ´orios.

1.6

Estrutura do Projeto

Neste cap´ıtulo foi apresentado um pouco do conte ´udo deste projeto, a ´area em que ele se enquadra, seus objetivos (geral e espec´ıficos), a justificativa e delimitac¸ ˜oes deste trabalho.

No Cap´ıtulo 2 ser ˜ao apresentados alguns conceitos considerados essenciais para o entendimento deste projeto. Inicialmente, ser ´a descrita a etapa de explorac¸ ˜ao de petr ´oleo, onde daremos maior ˆenfase ao m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao que ´e o princi-pal m ´etodo utilizado na explorac¸ ˜ao e ´e o m ´etodo que est ´a intimamente relacionado ao objetivo geral deste trabalho. Em seguida, ser ´a feita uma revis ˜ao bibliogr ´afica dos artigos t ´ecnicos e cient´ıficos relacionados ao desenvolvimento hist ´orico da Teoria da Poroelasticidade, assim como dos trabalhos que se dedicaram `a resoluc¸ ˜ao anal´ıtica e num ´erica para as equac¸ ˜oes que descrevem o fen ˆomeno de propagac¸ ˜ao das ondas em meios puramente el ´asticos e em meios poroel ´asticos. Finalmente, neste cap´ıtulo ser ´a apresentado o sistema das equac¸ ˜oes de Biot para um meio poroso 3D (tridimen-sional) em baixas frequ ˆencias o qual servir ´a como base para o equacionamento do

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sistema de equac¸ ˜oes para o caso 1D (unidimensional), que ´e o foco do nosso traba-lho. Juntamente com a descric¸ ˜ao do problema matem ´atico abordado neste projeto, iremos mostrar as condic¸ ˜oes de fronteira a serem consideradas.

O Cap´ıtulo 3 ir ´a apresentar o m ´etodo anal´ıtico proposto neste projeto para soluci-onar o sistema das equac¸ ˜oes da poroelasticidade de Biot. Para isto, utiliza-se como base a metodologia apresentada por Ursin (1983), a qual sugere alterar o sistema de equac¸ ˜oes diferenciais parciais que modela a Teoria da Poroelasticidade em um sistema de equac¸ ˜oes diferenciais ordin ´arias.

Dando continuidade, mostra-se no Cap´ıtulo 4 alguns resultados obtidos ap ´os a implementac¸ ˜ao do c ´odigo computacional. Ser ´a avaliada a influ ˆencia da variac¸ ˜ao de alguns par ˆametros do meio poroel ´astico na resposta s´ısmica e ser ´a feita uma an ´alise cr´ıtica dos resultados encontrados.

Enfim, no Cap´ıtulo 5, iremos expor as conclus ˜oes obtidas com o desenvolvimento deste projeto e as perspectivas para trabalhos futuros.

O algoritmo criado e os c ´odigos computacionais implementados em MatLab s ˜ao apresentados nos ap ˆendices A, B e C deste projeto.

(28)

Cap´ıtulo 2

Referencial Te ´orico

Neste cap´ıtulo ser ˜ao apresentados os principais conceitos que fundamentam este trabalho.

2.1

Considerac¸ ˜oes Iniciais

Diante dos segmentos b ´asicos da ind ´ustria do petr ´oleo que foram citados no in´ıcio do Cap´ıtulo 1, pode-se dizer que este projeto est ´a centrado na etapa de explorac¸ ˜ao, mais especificamente, no m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao. Sendo assim, esses ser ˜ao alguns dos assuntos abordados neste cap´ıtulo.

A propagac¸ ˜ao da onda s´ısmica no meio poroso pode ser modelada atrav ´es da Teo-ria da Poroelasticidade, tamb ´em conhecida como TeoTeo-ria de Biot. Portanto, apresenta-se tamb ´em neste cap´ıtulo o sistema das equac¸ ˜oes de Biot para um meio poroel ´astico 3D, onde, a partir deste, iremos desenvolver o sistema de equac¸ ˜oes poroel ´asticas para o caso 1D, o qual ´e alvo principal de detalhamento deste trabalho.

N ˜ao ´e nosso objetivo estabelecer todos os conceitos em suas formas mais defini-das e detalhadefini-das, trataremos apenas de esclarecer de forma suncinta e eficiente os conceitos mais importantes para que este projeto possa ser devidamente compreen-dido. Maiores detalhes poder ˜ao ser encontrados nas bibliografias citadas.

A Figura 2.1 mostra um esquema gr ´afico dos assuntos que ser ˜ao abordados neste projeto dentro da grande ´area da ind ´ustria do petr ´oleo.

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Figura 2.1:Area de interesse do projeto dentro da grande ´area de engenharia de petr´oleo.´

2.2

A Explorac¸ ˜ao de Petr ´oleo

A descoberta de uma jazida de petr ´oleo em uma nova ´area ´e uma tarefa que en-volve um longo e dispendioso estudo e an ´alise de dados geof´ısicos e geol ´ogicos das bacias sedimentares. Somente ap ´os exaustivo progn ´ostico do comportamento das diversas camadas do subsolo, os ge ´ologos e geof´ısicos decidem propor a perfurac¸ ˜ao de um poc¸o, que ´e a etapa que mais investimentos exige em todo o processo do setor de petr ´oleo (THOMAS, 2001).

A etapa de explorac¸ ˜ao de petr ´oleo pretende localizar, dentro de uma bacia sedi-mentar, as situac¸ ˜oes geol ´ogicas que tenham condic¸ ˜ao para a acumulac¸ ˜ao de petr ´oleo e verificar qual dessas situac¸ ˜oes possui maior chance de conter petr ´oleo.

De acordo com Thomas (2001), a explorac¸ ˜ao de petr ´oleo, tanto em terra como em mar, compreende basicamente tr ˆes fases interdependentes e inter-relacionadas: a prospec¸ ˜ao, a perfurac¸ ˜ao e a avaliac¸ ˜ao.

A prospecc¸ ˜ao ´e a fase dos estudos preliminares para a localizac¸ ˜ao de uma ´area favor ´avel `a acumulac¸ ˜ao de petr ´oleo. Esta identificac¸ ˜ao ´e realizada atrav ´es de m ´etodos geol ´ogicos e geof´ısicos, que, atuando em conjunto, conseguem indicar o local mais prop´ıcio para a perfurac¸ ˜ao.

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13

Todo o programa desenvolvido durante a fase de prospecc¸ ˜ao fornece uma quanti-dade muito grande de informac¸ ˜oes t ´ecnicas, com um investimento relativamente pe-queno quando comparado ao custo de perfurac¸ ˜ao de um poc¸o explorat ´orio.

Dentre os m ´etodos mais utilizados, podemos citar os m ´etodos potenciais (a gravi-metria e a magnetogravi-metria) e os m ´etodos s´ısmicos (s´ısmica de refrac¸ ˜ao e s´ısmica de reflex ˜ao).

O m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao corresponde `a t ´ecnica mais utilizada na prospecc¸ ˜ao s´ısmica. O principal objetivo da explorac¸ ˜ao s´ısmica ´e deduzir informac¸ ˜oes sobre o comportamento das rochas e como estas est ˜ao dispostas na subsuperf´ıcie a partir da observac¸ ˜ao dos tempos de viagem das ondas s´ısmicas, al ´em das variac¸ ˜oes na amplitude, frequ ˆencia e forma de onda (SHERRIF e GELDART, 1995).

A perfurac¸ ˜ao ´e a fase onde realmente se confirmam ou n ˜ao as suspeitas de exist ˆencia de petr ´oleo. Caso n ˜ao se confirme a exist ˆencia de petr ´oleo, os testemunhos obtidos s ˜ao analisados em laborat ´orio, fornecendo dados sobre a hist ´oria e a natureza do perfil geol ´ogico. Desta an ´alise muitas vezes depende a decis ˜ao de se perfurar novos poc¸os explorat ´orios.

Segundo Pereira (2004), pode-se afirmar que a perfurac¸ ˜ao do poc¸o de petr ´oleo ´e a etapa que mais exige investimentos na fase de explorac¸ ˜ao, atingindo cerca de 10 a 30 milh ˜oes de d ´olares a depender da estrutura geol ´ogica da regi ˜ao. Isto indica que a fase preliminar de aquisic¸ ˜ao de dados a repeito da ´area a ser explorada deve ser reali-zada cuidadosamente para reduzir custos relativamente altos na etapa de perfurac¸ ˜ao. Al ´em disso, tal fato justifica o acr ´escimo em pesquisas cient´ıficas relacionadas aos m ´etodos s´ısmicos de reflex ˜ao. Desta forma, o presente trabalho se enquadra natural-mente `a reduc¸ ˜ao de custos na explorac¸ ˜ao de petr ´oleo auxiliando na caracterizac¸ ˜ao de reservat ´orios.

A etapa de avaliac¸ ˜ao ´e onde se verifica a atratividade comercial do poc¸o explo-rat ´orio caso seja encontrado petr ´oleo na etapa de perfurac¸ ˜ao. Entre os procedimen-tos utilizados destacam-se a an ´alise de perfis el ´etricos e os testes de formac¸ ˜ao e produc¸ ˜ao.

(31)

pr ´oximo passo ´e delimitar a descoberta e estimar com maior precis ˜ao o volume das reservas. Isto ´e realizado perfurando-se poc¸os de delimitac¸ ˜ao ao redor da primeira perfurac¸ ˜ao de acordo com os mapas s´ısmicos. Caso as reservas sejam comerciais ent ˜ao seguem as fases de desenvolvimento da produc¸ ˜ao.

2.3

O M ´etodo S´ısmico de Reflex ˜ao

O m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao ´e o m ´etodo de explorac¸ ˜ao de subsuperf´ıcie mais utilizado atualmente na ind ´ustria do petr ´oleo. Classificado como um m ´etodo indi-reto, destaca-se pelo alto grau de efici ˆencia a um custo relativamente baixo. Mais de 90% dos investimentos em prospecc¸ ˜ao s ˜ao aplicados em s´ısmica de reflex ˜ao (GONC¸ ALVES, 2006).

Dentre os modelos de prospecc¸ ˜ao existentes, o m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao possui v ´arias vantagens tais como sua capacidade de produzir como resultado final imagens s´ısmicas que fornec¸am alta definic¸ ˜ao das feic¸ ˜oes geol ´ogicas, al ´em de permitir a cober-tura de grandes ´areas de aquisic¸ ˜ao quando comparado com um m ´etodo de aquisic¸ ˜ao direto, como a perfurac¸ ˜ao de poc¸os (DALLYSON, 2007).

Como foi mencionado no Cap´ıtulo 1, a reflex ˜ao s´ısmica ´e uma t ´ecnica baseada na medic¸ ˜ao do tempo de tr ˆansito e amplitudes de uma onda gerada por uma fonte conhe-cida na direc¸ ˜ao das camadas mais profundas da terra, onde esta ´e refletida e captada por um receptor em determinada posic¸ ˜ao. Seu objetivo principal ´e a formac¸ ˜ao de mo-delos de dados que, depois de processados e organizados, retenham informac¸ ˜oes relevantes a respeito da geologia da regi ˜ao onde foram adquiridos, onde o problema mais importante ´e a transformac¸ ˜ao do tempo de tr ˆansito para a profundidade, o que est ´a diretamente relacionado `a velocidade do meio.

De acordo com Robinson e Treitel (1980), a explorac¸ ˜ao de hidrocarbonetos base-ada em s´ısmica pode ser dividida em tr ˆes etapas principais: aquisic¸ ˜ao, processamento e interpretac¸ ˜ao.

Para a aquisic¸ ˜ao dos dados s ˜ao geradas ondas el ´asticas artificiais (impulsos) de durac¸ ˜ao relativamente pequena (em torno de 200 milisegundos) em pontos espec´ıficos

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15

na superf´ıcie da ´area a ser mapeada. Essas perturbac¸ ˜oes mec ˆanicas s ˜ao geradas atrav ´es da utilizac¸ ˜ao de uma fonte como, por exemplo, fonte explosiva ou pontual (martelo) quando em terra, ou fonte do tipo canh ˜oes de ar comprimido no caso de regi ˜oes mar´ıtmas.

Uma vez gerada, a onda s´ısmica se propaga atrav ´es da terra gerando ondas re-fletidas e refratadas. A porc¸ ˜ao de energia refletida ´e proporcional `a diferenc¸a de im-ped ˆancia ac ´ustica entre os dois meios. Os receptores que captam a porc¸ ˜ao refletida das ondas ficam situados em pontos espec´ıficos na superf´ıcie, e podem ser de dois tipos: eletromagn ´eticos para captac¸ ˜ao em terra (sendo comumente denominados ge-ofones) ou de press ˜ao (chamados de hidrge-ofones) para aquisic¸ ˜ao de dados em regi ˜oes oce ˆanicas.

As informac¸ ˜oes captadas pelos sensores s ˜ao gravadas em sism ´ografos, onde es-tes armazenam as amplitudes das ondas em intervalos de tempo regulares informando o instante de tempo da chegada da informac¸ ˜ao e a intensidade (amplitude) da onda medida nesse momento.

A Figura 2.2 ilustra os processos de aquisic¸ ˜ao de dados terrestre e mar´ıtima.

Figura 2.2:Modelo representando a aquisic¸˜ao s´ısmica. Adaptada de Gerhardt (1998).

Depois de realizada a coleta dos dados s´ısmicos, os mesmos s ˜ao levados para o chamado processamento, que consiste numa aplicac¸ ˜ao de conjunto de t ´ecnicas aos dados adquiridos com intuito de obter uma imagem representativa do subsolo. Essas t ´ecnicas t ˆem por objetivo melhorar a qualidade do sinal e reduzir o ru´ıdo, corrigindo os erros inerentes pelo processo de aquisic¸ ˜ao.

(33)

Uma das transformac¸ ˜oes realizadas nos dados durante o processamento faz com que as posic¸ ˜oes da fonte e do receptor sejam a mesma. Tamb ´em grac¸as a esta transformac¸ ˜ao, podemos considerar que a terceira dimens ˜ao do conjunto de dados ´e a temporal e que a propagac¸ ˜ao da onda ´e feita apenas na direc¸ ˜ao vertical. Assim, como a fonte e o receptor est ˜ao na mesma posic¸ ˜ao na superf´ıcie, o tempo de cada amostra corresponde ao tempo que a onda leva para viajar at ´e uma interface mais o tempo de volta `a superf´ıcie.

A imagem s´ısmica obtida em cada ponto receptor da superf´ıcie ´e composta por um respectivo conjunto de valores verticais de amplitudes, formando uma coluna. Essa coluna de amostras com as mesmas coordenadas espaciais, variando apenas o tempo, ´e denominada de trac¸o s´ısmico. A Figura 2.3 mostra um exemplo de trac¸o s´ısmico.

Figura 2.3: Trac¸o s´ısmico. Adptada de Tingdahl e de Rooij (2005).

Na etapa de interpretac¸ ˜ao, o int ´erprete, em geral um ge ´ologo ou geof´ısico, analisa os dados s´ısmicos e tenta criar um modelo que represente a geologia contida na ´area do levantamento.

A interpretac¸ ˜ao pode ser classificada, de acordo com o foco, em dois tipos: estru-tural e estratigr ´afica. A interpretac¸ ˜ao estruestru-tural basicamente tenta identificar as cama-das geol ´ogicas ou, de forma equivalente, as interfaces entre as camacama-das, bem como as falhas geol ´ogicas que ”recortam” as camadas. J ´a na interpretac¸ ˜ao estratigr ´afica,

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17

o objetivo est ´a em entender a maneira como as camadas foram se depositando ao longo do tempo.

A Figura 2.4 mostra um modelo geol ´ogico que poderia ser resultante de uma interpretac¸ ˜ao s´ısmica.

Figura 2.4: Modelo geol´ogico resultante de uma interpretac¸˜ao s´ısmica. Adaptada de Robison e Treitel (1980).

2.4

Propagac¸ ˜ao das Ondas S´ısmicas

Para entender um pouco sobre o m ´etodo s´ısmico de reflex ˜ao, ´e necess ´ario obter algumas informac¸ ˜oes a respeito da propagac¸ ˜ao de ondas.

A descric¸ ˜ao da propagac¸ ˜ao de ondas s´ısmicas atrav ´es de meios heterog ˆeneos ´e extremamente complexa. Por isso, para formular as equac¸ ˜oes que descrevam essa propagac¸ ˜ao adequadamente, ´e necess ´ario admitir condic¸ ˜oes simplificadoras. Uma delas consiste em assumir que o meio heterog ˆeneo pode ser convenientemente mo-delado por uma sucess ˜ao de camadas paralelas (tamb ´em denominadas formac¸ ˜oes), no interior das quais se podem assumir condic¸ ˜oes de homogeneidade (MARGRAVE, 2003; CHAPMAN, 2004). Os contatos entre essas camadas s ˜ao conhecidos como interfaces.

Segundo Lopes (2013), nos meios isotr ´opicos e homog ˆeneos podem se propagar dois tipos de ondas: a onda prim ´aria (onda P) e a onda secund ´aria (onda S). Tais ondas s ˜ao de fundamental import ˆancia no estudo da s´ısmica.

A onda P, tamb ´em conhecida como compressional ou longitudinal, geralmente tem maior velocidade de propagac¸ ˜ao do que a onda S e se propaga em qualquer tipo de

(35)

material. As part´ıculas do solo s ˜ao alternadamente comprimidas e dilatas paralela-mente `a direc¸ ˜ao de propagac¸ ˜ao da onda s´ısmica. J ´a a onda S ´e conhecida como transversal, rotacional ou cisalhante por deslocar as part´ıculas perpendicularmente `a direc¸ ˜ao de propagac¸ ˜ao da onda, provocando alterac¸ ˜oes morfol ´ogicas sem alterac¸ ˜oes de volume da rocha (ver Figura 2.5). Essa onda n ˜ao se propaga em meio l´ıquido e normalmente tem velocidade mais baixa que a onda P (Cherrif & Geldart, 1995).

Figura 2.5:Movimento das part´ıculas durante a passagem de uma onda. (a) onda P; (b) onda S. Fonte: Cherrif & Geldart (1995).

A Figura 2.6 mostra a propagac¸ ˜ao de uma onda. Quando uma frente de onda s´ısmica atinge a interface entre dois materiais distintos, parte da energia ´e refletida para o meio no qual a onda estava se propagando, e parte ´e transmitida para o outro meio. Isto se d ´a devido `a diferenc¸a de propriedades f´ısicas entre os dois meios, o que faz com que a velocidade de propagac¸ ˜ao da onda em cada meio seja diferente. Esse processo de partic¸ ˜ao de energia se repete a cada nova transic¸ ˜ao entre rochas, at ´e que a energia da onda propagada se disperse e n ˜ao mais retorne `a superf´ıcie.

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19

onda P transmitida pode gerar uma onda S, tamb ´em conhecida como onda convertida P-S.

Figura 2.6: Incidˆencia da onda s´ısmica em uma interface. Fonte: Cherrif & Geldart (1995).

2.5

Caracter´ısticas do Meio Poroso

Para compreender melhor o comportamento mec ˆanico do meio poroso quando este ´e submetido `a ac¸ ˜ao de uma forc¸a externa, precisamos estabelecer algumas ca-racter´ısticas importantes.

O meio poroso natural ´e composto de uma fase s ´olida granular com espac¸os va-zios entre os gr ˜aos, onde estes podem ou n ˜ao estar preenchidos por l´ıquido ou g ´as. De acordo com essa descric¸ ˜ao, s ˜ao exemplos de meios porosos: leitos, rochas poro-sas, agregados fibrosos como tecidos e filtros, al ´em de part´ıculas catal´ıticas contendo micro-poros extremamente pequenos. A rocha-reservat ´orio ´e um meio poroso natu-ral, e podemos citar o arenito como a rocha-reservat ´orio mais encontrada no mundo (BOURBI ´E et al., 1987).

Quando o meio poroso sofre ac¸ ˜ao de alguma forc¸a, a fase s ´olida pode apresentar a caracter´ıstica de se deformar e, ap ´os a retirada da forc¸a, voltar ao seu estado inicial. Um material com essa propriedade ´e chamado de el ´astico. Al ´em disso, considerando

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que existe fluido nos poros do meio, esta fase fluida pode resistir ao fluxo, proprie-dade esta denominada de viscosiproprie-dade. Um meio poroso que apresenta estas duas propriedades ´e chamado de meio poroel ´astico (BOURBI ´E et al., 1987).

A interac¸ ˜ao f´ısica e qu´ımica no meio poroso ´e mais complexa do que em um meio monof ´asico. Em condic¸ ˜oes ambientais diversas, cada processo f´ısico ou qu´ımico do sistema poroso pode ser visto como um sistema acoplado, exigindo assim, para sua quantificac¸ ˜ao, uma ferramenta te ´orica e computacional mais avanc¸ada.

Desta forma, ´e comum o tratamento de um meio poroso como um meio cont´ınuo fict´ıcio pois isto facilita a modelagem matem ´atica. Neste caso, para cada ponto do meio ´e poss´ıvel calcular qualquer propriedade f´ısica de nosso interesse. Trata-se de uma abordagem cl ´assica da mec ˆanica do cont´ınuo, de onde obt ´em-se uma ferramenta te ´orica matem ´atica capaz de gerar resultados compat´ıveis com medic¸ ˜oes feitas em laborat ´orios. Sendo assim, a hip ´otese do meio ser cont´ınuo implica na exist ˆencia de um volume elementar infinitesimal que ser ´a representativo para todas as propriedades f´ısicas do meio (ANDR ´E, 2005).

O volume elementar pode ser visto como a superposic¸ ˜ao no tempo e no espac¸o de dois meios cont´ınuos, ou duas fases. O primeiro ´e definido por um material granular no estado s ´olido com composic¸ ˜ao qu´ımica e estrutura cristalina diferente, formando o que chamamos de ”esqueleto s ´olido”ou ”matriz porosa”, e o segundo por uma regi ˜ao vazia entre o esqueleto s ´olido preenchida por fluidos (CARCIONE, 2007).

Na Figura 2.7 pode-se observar a representac¸ ˜ao macrosc ´opica da sobreposic¸ ˜ao da fase s ´olida e fluida do material poroso.

(38)

21

Quando falamos de propriedades f´ısicas de um meio poroso, estamos nos referindo `as propriedades f´ısicas da fase fluida, propriedades f´ısicas da fase s ´olida e proprieda-des f´ısicas inerentes do sistema contendo as duas fases.

Dentre as propriedades f´ısicas b ´asicas do meio poroso saturado e que contri-buem para a an ´alise da estrutura da rocha com relac¸ ˜ao `a sua viabilidade econ ˆomica de produc¸ ˜ao, podemos destacar a porosidade, a permeabilidade e a viscosidade. N ˜ao ´e de nosso interesse nos aprofundarmos nestes conceitos, mas falaremos de forma breve sobre estas propriedades seguindo as ideias apresentadas em Gonc¸alves (2006).

A porosidade da rocha corresponde `a raz ˜ao entre o volume de poros contidos no meio poroso e o volume total do meio. Neste caso, considera-se todos os poros, es-tando eles interconectados ou n ˜ao. Como em nosso estudo estamos traes-tando apenas de poros interconectados, ´e importante, para o fluxo de fluidos em meios porosos, con-siderar a raz ˜ao entre o volume de poros interconectados contidos no meio e o volume total do meio. Esta propriedade ´e chamada porosidade efetiva.

A permeabilidade do meio poroso ´e afetada pelo tamanho, forma, arranjo e se-letividade dos gr ˜aos. Indica a capacidade de permitir a movimentac¸ ˜ao de fluido en-tre os espac¸os porosos devido `a interconectividade dos poros, sem que haja uma deformac¸ ˜ao do esqueleto.

A viscosidade, j ´a mencionada anteriormente, ´e a medida da resist ˆencia interna de um fluido (g ´as ou l´ıquido) ao fluxo. A viscosidade ´e a conseq ¨u ˆencia do atrito interno de um fluido e resulta da resist ˆencia que um fluido oferece ao movimento.

2.6

Comportamento Mec ˆanico do Meio Poroso

Seguindo a descric¸ ˜ao de Biot, quando cargas s ˜ao aplicadas nas fronteiras do meio poroel ´astico, podemos expressar o comportamento destes meios considerando cada uma das fases que o comp ˜oem, da seguinte forma:

• Fase fluida: Devido `a transfer ˆencia de parte ou totalidade da carga ao fluido existente nos poros, haver ´a um excesso de press ˜ao nos poros que ir ´a provocar

(39)

a expuls ˜ao de parte do fluido, resultando assim numa dissipac¸ ˜ao do excesso de press ˜ao dos poros.

• Fase s ´olida: Parte da descarga que est ´a associada `a press ˜ao de poro que foi dissipada durante a expuls ˜ao do fluido, ir ´a se transferir para o esqueleto s ´olido na forma de tens ˜oes, as quais s ˜ao denominadas tens ˜oes efetivas. Estas tens ˜oes promovem as deformac¸ ˜oes do meio.

Sendo assim, o fluxo de fluido decorre do excesso de press ˜ao de poro e a deformac¸ ˜ao do esqueleto s ´olido resulta da transfer ˆencia gradativa deste excesso de press ˜ao `a tens ˜ao efetiva.

2.7

A Teoria da Poroelasticidade

Nesta sec¸ ˜ao ser ˜ao apresentados os principais trabalhos que favoreceram o equaci-onamento e entendimento dos sistemas porosos assim como as suas influ ˆencias nas pesquisas atuais. A revis ˜ao ´e apresentada dentro de uma perspectiva hist ´orica e das aplicac¸ ˜oes num ´ericas na ´area de engenharia.

A teoria da poroelasticidade foi iniciada atrav ´es de observac¸ ˜oes experimentais fei-tas pelo engenheiro franc ˆes Henry Darcy em seu trabalho Darcy (1856), o qual publi-cou resultados de experimentos realizados sobre o fluxo de ´agua em leitos de areia, fi-cando conhecido como Lei de Darcy. A unidade da permeabilidade de fluidos, ”darcy”,

´e nomeada em honra de seu trabalho.

De acordo com Andr ´e (2005), o conceito de meio poroso surgiu a partir dos traba-lhos de Karl von Terzaghi, engenheiro austr´ıaco reconhecido como o pai da mec ˆanica dos solos e da engenharia geot ´ecnica. Terzaghi (1923) desenvolveu um trabalho na ´area de mec ˆanica dos solos, onde a noc¸ ˜ao de press ˜ao efetiva foi introduzida para descrever a influ ˆencia do fluido que satura o material poroso na deformac¸ ˜ao quase-est ´atica dos solos.

O pesquisador belga naturalizado americano, Maurice Biot, apresentou uma teo-ria mais geral da poroelasticidade em seu trabalho Biot (1935). Alguns anos depois, Kosten e Zwikker (1941) propuseram duas equac¸ ˜oes acopladas da conservac¸ ˜ao do

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23

momento para a fase fluida e fase s ´olida de um material poroso, prevendo a exist ˆencia de dois modos compressionais, por ´em esta teoria n ˜ao previa um modo de cisalha-mento, assim o m ´odulo de compressibilidade em termos de experimentos drenados e n ˜ao-drenados n ˜ao poderia ser determinado.

Frenkel, em 1944, tornou-se o primeiro autor a desenvolver um conjunto completo de equac¸ ˜oes din ˆamicas que governam a ac ´ustica de meios porosos isotr ´opicos, onde duas ondas compressionais e uma cisalhante se propagam (FRENKEL, 1944).

Em 1956, Biot expandiu sua pr ´opria teoria da poroelasticidade din ˆamica, descre-vendo completamente o comportamento mec ˆanico de um meio poroel ´astico. Nos seus famosos artigos Biot (1956a,b), foi estabelecida a teoria da poro-viscoelasticidade, onde esta descreve teoricamente a propagac¸ ˜ao de ondas em um s ´olido el ´astico po-roso que cont ´em um fluido viscoso compress´ıvel. O trabalho de Biot (1956a) descreve a propagac¸ ˜ao de ondas el ´asticas em um meio poroso saturado para freq ¨u ˆencias bai-xas, enquanto que em Biot (1956b) assume-se o problema para altas freq ¨u ˆencias.

De acordo com Biot (1956a,b), a Teoria da Poroelasticidade assume que os efeitos anel ´asticos surgem a partir de uma interac¸ ˜ao viscosa entre o fluido e o s ´olido e prev ˆe a exist ˆencia de duas ondas compressionais e uma cisalhante. A onda compressional r ´apida corresponde ao movimento no qual o deslocamento do s ´olido e do fluido est ˜ao em fase, enquanto que a onda compressional lenta, tamb ´em conhecida como onda lenta de Biot, ´e uma onda difusiva que corresponde ao movimento no qual os des-locamentos das fases s ´olida e fluida n ˜ao est ˜ao em fase. Para baixas frequ ˆencias, o meio n ˜ao suporta onda lenta. Esta torna-se difusiva pois os efeitos da viscosidade do fluido dominam os efeitos inerciais. J ´a para altas frequ ˆencias, os efeitos inerciais s ˜ao predominantes e o modo lento ´e ativado.

Devido ao sucesso de seu trabalho, a Teoria da Poroelasticidade ficou tamb ´em conhecida como Teoria de Biot.

A previs ˜ao da onda compressional lenta de Biot foi motivo de controv ´ersia no meio cient´ıfico durante alguns anos at ´e que, em 1980, Plona observou experimentalmente este tipo de onda (PLONA, 1980).

(41)

comporta-mentos de um meio poroso saturado por fluido puderam ser interpretados, os modos drenado e n ˜ao-drenado.

A Teoria de Biot, apesar de ter sido desenvolvida h ´a alguns anos, ´e extrema-mente poderosa e consistente. Os estudos e an ´alises que atualextrema-mente se baseiam nesta teoria resultam em boas respostas, podendo-se verificar tal fato atrav ´es de uma comparac¸ ˜ao com resultados experimentais.

Ap ´os a leitura da alguns trabalhos relacionados `a Teoria da Poroelasticidade, foi poss´ıvel observar que alguns autores analisaram a teoria de Biot e fizeram algumas modificac¸ ˜oes, principalmente com relac¸ ˜ao `as constantes poroel ´asticas. Por ´em, trata-se de mudanc¸as realizadas apenas para facilitar a obtenc¸ ˜ao destas constantes expe-rimentalmente, o que n ˜ao muda a ess ˆencia do modelo f´ısico-matem ´atico de Biot.

Como exemplo, temos o trabalho de Pride et al. (1992), onde neste encontra-se uma abordagem mais moderna para o desenvolvimento das equac¸ ˜oes constitutivas do meio poroel ´astico no dom´ınio da frequ ˆencia.

Existem v ´arios trabalhos dedicados ao desenvolvimento e aplicac¸ ˜ao de m ´etodos num ´ericos e anal´ıticos para an ´alise de propagac¸ ˜ao de ondas em meio considerado pu-ramente el ´astico (monof ´asico) e poroel ´astico (fases s ´olida e fluida acopladas). Por ´em, neste ´ultimo, a modelagem da propagac¸ ˜ao de ondas possui peculiaridades que difi-cultam a sua resoluc¸ ˜ao.

Isto acontece pois a maior diferenc¸a entre os campos de ondas em um meio po-roel ´astico e puramente el ´astico ´e a exist ˆencia da onda compressional lenta em adic¸ ˜ao `as ondas compressional e cisalhante convencionais, conforme foi incicialmente veri-ficado em Biot(1956a,b). Como consequ ˆencia disto, a amplitude do campo de onda sofre atenuac¸ ˜ao devido `as perdas da energia na presenc¸a de fluido viscoso. Al ´em disso, a interac¸ ˜ao f´ısica e qu´ımica no meio poroso ´e mais complexa do que em um meio monof ´asico, onde cada processo f´ısico ou qu´ımico do sistema poroso pode ser visto como um sistema acoplado, exigindo ent ˜ao para sua an ´alise uma ferramenta te ´orica e computacional bem mais elaborada (PREVOST, 1981).

Segundo Molotkov (2002) as soluc¸ ˜oes existentes para problemas relacionados `a an ´alise de propagac¸ ˜ao de ondas em meios puramente el ´asticos e meios poroel ´asticos

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25

s ˜ao realizadas, na maioria das vazes, atrav ´es de alguns m ´etodos num ´ericos. Dentre outros, podemos citar o M ´etodo de Elementos de Contorno, M ´etodo Pseudo-Espectral e M ´etodo de Elementos Finitos.

A utilizac¸ ˜ao do M ´etodo de Elementos Finitos na ´area de poroelasticidade teve in´ıcio no trabalho de Sandhu e Wilson (1969). Eles consideraram o meio poroel ´astico su-jeito a pequenas deformac¸ ˜oes, mas apenas para as fases (gr ˜aos de solo e ´agua) tidas como incompress´ıveis. Gaboussi e Wilson (1973) introduziram o conceito de com-pressibilidade na fase l´ıquida. O estudo onde foram inclu´ıdas as deformac¸ ˜oes finitas foi elaborado por Carter et al. (1977), que consideraram a n ˜ao-linearidade geom ´etrica. No mesmo trabalho de Carter et al. (1977) foi introduzida a n ˜ao-linearidade f´ısica, a qual foi analisada tamb ´em por Prevost (1981 e 1982) e Zienkiewicz e Schiomi (1984). A plasticidade no processo de adensamento foi estudada por Small et al. (1976), entre outros.

Os trabalhos iniciais em poroelasticidade usando o M ´etodo dos Elementos de Con-torno devem-se a Banerjee e Butterfield (1981), Cleary (1977), Cheng e Ligget (1984), Chopra e Dargush (1995), Manolis e Beskos (1989), Bonnet (1987), Dominguez (1991 e 1992), Norris (1985), entre v ´arios outros autores.

Al ´em dos m ´etodos num ´ericos citados, podemos destacar alguns m ´etodos anal´ıticos que foram desenvolvidos para an ´alise de propagac¸ ˜ao de ondas. Para o caso de meios considerados puramente el ´asticos, tem-se os trabalhos realizados em Thom-son (1950), Haskell (1953), Brekhovskih (1960), Kunetz e d’Erceville (1962), Ursin (1983), Molotkov (1984), Akkuratov e Dmitriev (1984) e Fat’yanov (1990). Dentre es-tes, daremos destaque ao m ´etodo desenvolvido por Ursin (1983), j ´a que este servir ´a como base para o desenvolvimento deste projeto.

O trabalho de Ursin (1983) descreve a propagac¸ ˜ao de ondas el ´asticas e eletro-magn ´eticas num meio estratificado, onde neste os par ˆametros que aparecem nas equac¸ ˜oes diferenciais parciais s ˜ao func¸ ˜oes cont´ınuas por partes que dependem ape-nas da profundidade. Atrav ´es do uso de uma combinac¸ ˜ao das transformadas de Fou-rier, Laplace e Bessel nestas equac¸ ˜oes diferenciais, foi poss´ıvel obter dois sistemas de quac¸ ˜oes diferenciais lineares ordin ´arias contribuindo para uma soluc¸ ˜ao mais simples do problema.

(43)

Andr ´e (2005) utilizou o sistema de Biot para a modelagem num ´erica de propagac¸ ˜ao das ondas el ´asticas em meios 2D porosos e heterog ˆeneos propondo uma soluc¸ ˜ao baseada em um esquema de diferenc¸as finitas.

Zhou e White (2006) simplificou o formalismo de Ursin considerando uma grande quantidade de camadas homog ˆeneas em um meio poroel ´astico. O objetivo deste tra-balho era obter f ´ormulas expl´ıcitas que pudessem servir de base para um eficiente c ´odigo computacional. O formalismo de Ursin foi utilizado para resolver as equac¸ ˜oes obtidas em Pride (1994) que governam o fen ˆomeno eletros´ısmico. Estas equac¸ ˜oes s ˜ao formadas pelo acoplamento das equac¸ ˜oes de Biot da poroelasticidade com as equac¸ ˜oes de Maxwell do eletromagnetismo. De forma geral, o m ´etodo desenvolvido em Zhou e White (2006) aplica-se a qualquer sistema de equac¸ ˜oes diferenciais parci-ais que possa ser colocado na forma sugerida por Ursin.

Allard et al. (1989), Baird et al. (1996) e Molotkov (2002) tamb ´em apresentam alguns m ´etodos anal´ıticos e semi-anal´ıticos para resolver as equac¸ ˜oes da Teoria da Poroelasticidade por ´em considerando apenas modelos geol ´ogicos simplificados.

Nos ´ultimos anos, uma linha de pesquisa tem sido desenvolvida para o estudo do modelo de Biot aplicando-se o formalismo de Ursin como m ´etodo de resoluc¸ ˜ao, tanto para baixas quanto para altas frequ ˆencias. Azeredo (2013) e Azeredo e Priimenko (2015) desenvolveram um algoritmo e um c ´odigo computacional capaz de obter a soluc¸ ˜ao anal´ıtica-num ´erica do problema 3D no regime de baixas frequ ˆencias. Oliveira (2015) utilizou o mesmo m ´etodo para o modelo de Biot-JKD unidimensional no regime de altas frequ ˆencias, e com isso, construiu um c ´odigo para um meio homog ˆeneo. Lorenzi e Priimenko (2014) e Priimenko e Vishnevskii (2015) realizaram uma an ´alise te ´orica de alguns problemas diretos e inversos para os sistemas de Biot e Biot-JKD.

2.8

Modelagem Matem ´atica da Teoria da Poroelasticidade

A teoria da poroelasticidade de Biot descreve o comportamento acoplado entre o fluido e s ´olido em um meio poroso saturado durante sua consolidac¸ ˜ao, deformac¸ ˜ao ou propagac¸ ˜ao de ondas el ´asticas.

(44)

27

Quando uma rocha sofre ac¸ ˜ao de uma forc¸a, ela est ´a sujeita a se deformar de acordo com os fundamentos da teoria da elasticidade. A consolidac¸ ˜ao ´e o processo no qual a rocha sofre uma diminuic¸ ˜ao do seu volume inicial devido `a sua compactac¸ ˜ao. Dessa forma, Biot estabelece relac¸ ˜oes existentes entre forc¸a, deformac¸ ˜ao e proprie-dades do meio, descrevendo assim a propagac¸ ˜ao de ondas para rochas saturadas.

2.8.1

Hip ´oteses da Teoria de Biot

De acordo com Carcione (2007), a teoria de Biot tem como principais pressupostos:

1. Os deslocamentos, deformac¸ ˜oes e velocidades das part´ıculas s ˜ao pequenos, de modo que podem ser linearizados. Assim, considera-se que as transformac¸ ˜oes s ˜ao infinitesimais. Se esta hip ´otese n ˜ao fosse considerada, ter´ıamos equac¸ ˜oes matem ´aticas n ˜ao-lineares com soluc¸ ˜oes muito trabalhosas.

2. Os princ´ıpios da mec ˆanica do cont´ınuo podem ser aplicados para medir valores macrosc ´opicos. As quantidades macrosc ´opicas usadas na teoria de Biot s ˜ao m ´edias volum ´etricas das correspondentes quantidades microsc ´opicas dos cons-tituintes.

3. O comprimento de onda ´e grande se comparado com as dimens ˜oes lineares de um volume elementar macrosc ´opico, por ´em estas dimens ˜oes lineares devem ser maiores do que uma dimens ˜ao caracter´ıstica de qualquer uma das fases dentro do composto (ver Figura 2.8). Assim, o volume tem propriedades bem definidas, como porosidade, permeabilidade e m ´odulos el ´asticos. Os efeitos de dispers ˜ao s ˜ao, portanto, negligenciados.

(45)

Figura 2.8: Relac¸˜oes das escalas do comprimento de onda de um pulso ac´ustico e a dimens˜ao de um volume elementar. Fonte: Pride and Berryman (2003).

4. As condic¸ ˜oes s ˜ao isot ´ermicas. Assim, os efeitos termo el ´asticos n ˜ao s ˜ao consi-derados, al ´em disso, pouco se conhece sobre os efeitos da variac¸ ˜ao de tempe-ratura nas propriedades do meio poroso.

5. A distribuic¸ ˜ao de tens ˜ao no fluido ´e hidrost ´atica.

6. A fase l´ıquida ´e cont´ınua. Os poros n ˜ao interconectados n ˜ao interferem no fluxo de fluido atrav ´es do meio poroso. Eles s ˜ao vistos como parte da estrutura s ´olida do meio poroso.

7. Cada estrato do meio poroso ´e isotr ´opico e homog ˆeneo1.

As hip ´oteses propostas por Biot aproximam de maneira satisfat ´oria os resultados em relac¸ ˜ao a um solo real (CARCIONE, 2007).

2.8.2

Sistema das Equac¸ ˜oes de Biot para Baixas Frequ ˆencias

As equac¸ ˜oes que governam a teoria da poroelasticidade prov ˆem da teoria da elasti-cidade considerando o equil´ıbrio das forc¸as e da lei de Darcy para o fluxo de fluido em um meio poroso. Biot (1956a,b) ignora o n´ıvel microsc ´opico e assume que a mec ˆanica cont´ınua pode ser aplicada para medir quantidades macrosc ´opicas.

1Um meio homogˆeneo tem a mesma velocidade de propagac¸˜ao da onda na mesma direc¸˜ao e um meio isotr´opico

(46)

29

A seguir, apresenta-se o sistema de Biot para baixas frequ ˆencias considerando um meio tridimensional (3D). Tal sistema ´e dado no dom´ınio do tempo e para efeito de simplificac¸ ˜ao utilizamos a notac¸ ˜ao vetorial. Para cada ponto do espac¸ox = (x1, x2, x3) ∈ R3, tem-se ρ∂tt2u + ρf∂tt2w = ∇ · τ +F, (2.1) ρf∂tt2u + ρe∂tt2w + η κ∂tw = −∇p +f, (2.2) τ = (λ∇ · u + C∇ · w) I + G(∇u + ∇uT), (2.3) −p = C∇ · u + M ∇ · w. (2.4)

A influ ˆencia da fonte no meio material ´e definida nas equac¸ ˜oes de Biot por F =

(F1, F2, F3) e f = (f1, f2, f3), onde estes representam o campo de forc¸a imposto na matriz s ´olida e na fase fluida, respectivamente.

As vari ´aveis do sistema s ˜ao: u = (u1, u2, u3), o campo de deslocamentos da fase s ´olida;w = (w1, w2, w3), o campo de deslocamentos relativos do fluido; τ , o tensor de tens ˜oes ”bulk”do meio e p a func¸ ˜ao escalar da press ˜ao de fluido.

Os par ˆametros materiais que aparecem nas equac¸ ˜oes de Biot s ˜ao: λ e G, os par ˆametros de Lam ´e; C e M , os m ´odulos de Biot; ρ, a densidade bulk do meio; ρf, a densidade do fluido; ρe , a densidade efetiva do fluido; κ, a permeabilidade; e η, a viscosidade do fluido. Al ´em disso,I ´e a matriz identidade 3 × 3.

As duas primeiras equac¸ ˜oes representam as equac¸ ˜oes do movimento dadas a par-tir da segunda Lei de Newton para cada fase separadamente (s ´olida e fluida). Desta forma, estas equac¸ ˜oes representam os deslocamentos da fase s ´olida e da fase fluida do meio poroso quando neste ´e aplicada uma forc¸a externa.

As duas ´ultimas equac¸ ˜oes representam as equac¸ ˜oes constitutivas do meio que relacionam par ˆametros poroel ´asticos do meio com as grandezas de interesse consi-deradas (tens ˜ao, deslocamentos e press ˜ao) e s ˜ao obtidas a partir da relac¸ ˜ao tens ˜ao-deformac¸ ˜ao (Lei de Hooke).

(47)

do meio que foi descrito na Sec¸ ˜ao 2.6.

A partir do sistema das equac¸ ˜oes de Biot para o caso 3D, pode-se reduzir este sistema para o caso 1D, levando-se em considerac¸ ˜ao apenas a vari ´avel relativa `a pro-fundidade z. Assim, temos o seguinte sistema de equac¸ ˜oes que modela a propagac¸ ˜ao de ondas el ´asticas em meios porosos unidimensionais preenchidos por fluido.

ρ∂tt2u + ρf∂tt2w = ∂τ ∂z + F, (2.5) ρf∂tt2u + ρe∂tt2w + η κ∂tw = − ∂p ∂z + f, (2.6) τ = (λ + 2G)∂u ∂z + C ∂w ∂z, (2.7) −p = C∂u ∂z + M ∂w ∂z. (2.8)

As vari ´aveis do nosso problema s ˜ao u, w, τ e p, onde estas representam, res-pectivamente, o deslocamento absoluto da fase s ´olida, deslocamento relativo da fase fluida, tens ˜ao total e press ˜ao de poro.

2.8.3

Condic¸ ˜oes de Fronteira

De acordo com Zhou e White (2006), para simplificac¸ ˜ao da modelagem matem ´atica, os meios poroel ´asticos s ˜ao normalmente considerados estratificados e formados por camadas homog ˆeneas, onde cada camada possui propriedades f´ısicas constantes em seu interior, ou seja, tais par ˆametros s ˜ao func¸ ˜oes constantes por partes, variando somente de acordo com a profundidade z.

Devido a estratificac¸ ˜ao dos meios poroel ´asticos, existe a presenc¸a de descontinu-idades, ou seja, fronteiras de camadas com propriedades distintas. O fen ˆomeno que descreve a difrac¸ ˜ao, refrac¸ ˜ao e reflex ˜ao das ondas est ´a diretamente relacionado com a presenc¸a destas interfaces.

De acordo com Carcione (2007), na interface de descontinuidade entre dois meios porosos homog ˆeneos tem-se a continuidade das vari ´aveis u, w, τ e p. Enquanto que na superf´ıcie livre de um meio poroso n ˜ao existem restric¸ ˜oes para o deslocamento,

(48)

31

desde que o meio esteja livre para se mover. Por esta raz ˜ao, a tens ˜ao e a press ˜ao no fluido desaparecem, logo τ = p = 0.

(49)

Soluc¸ ˜ao Anal´ıtica do sistema de Biot: Caso Unidimensional

Neste cap´ıtulo ser ´a apresentada a metodologia utilizada para obter a soluc¸ ˜ao anal´ıtica do sistema de equac¸ ˜oes de Biot (2.5)-(2.8) apresentado no Cap´ıtulo 2. Para isto, utiliza-se como base o formalismo desenvolvido em Ursin (1983), o qual denomina-mos M ´etodo de Ursin, onde este representa um m ´etodo matricial de soluc¸ ˜ao.

3.1

Sistema de Biot no Dom´ınio da Frequ ˆencia Temporal

Embora as equac¸ ˜oes que modelam o fen ˆomeno da propagac¸ ˜ao de ondas el ´asticas em um meio poroso completamente saturado foram desenvolvidas no dom´ınio do tempo, o m ´etodo anal´ıtico utilizado neste projeto para soluc¸ ˜ao das equac¸ ˜oes de Biot ´e desenvolvido no dom´ınio da frequ ˆencia temporal. O uso do dom´ınio da frequ ˆencia para a an ´alise de problemas el ´asticos e din ˆamicos est ´a aumentando cada vez mais, principalmente quando propriedades f´ısicas da rocha dependem da frequ ˆencia para serem determindas.

Para transformar as equac¸ ˜oes no dom´ınio da frequ ˆencia temporal ω, utilizamos a Transformada de Fourier com base eiωt,

F (ω) = F [f (t)] = √1 2π

Z +∞ −∞

f (t)eiωtdt. (3.1)

Desta forma, derivar com relac¸ ˜ao ao tempo no dom´ınio da frequ ˆencia temporal ´e equivalente a multiplicar por −iω. Assim, ao aplicar a Transformada de Fourier `as equac¸ ˜oes do sistema de Biot (2.5)-(2.8) que estamos interessados em resolver,

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