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Modelo de Spitzer para Processos de Renovação

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Academic year: 2021

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(1)

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Modelo de Spitzer para processos de

renova¸

ao interagentes

Eduardo Ferioli Gomes

Rio de Janeiro 2014

(2)

Eduardo Ferioli Gomes

Modelo de Spitzer para processos de renova¸c˜ao interagentes

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Estat´ıstica do Instituto de Matem´atica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Estat´ıstica.

Orientadora:

Maria Eul´alia Vares

Departamento de M´etodos Estat´ısticos Instituto de Matem´atica

Universidade Federal do Rio de Janeiro

(3)

G633m Gomes, Eduardo Ferioli

Modelo de Spitzer para processos de renovação interagentes/ Eduardo Ferioli Gomes. -- Rio de Janeiro, 2014.

118 f. : il.; 30 cm.

Orientador: Maria Eulália Vares

Dissertação (mestrado) – UFRJ / Instituto de Matemática, Programa de Pós-graduação em Estatística,2014. Referências: f. 117-118

1. Processos estocásticos - Tese. 2. Teoria ergótica

I. Vares,Maria Eulália (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Matemática, Programa de Pós-graduação em Estatística. III. Título.

CDD 519.2

(4)
(5)

`

A minha m˜ae. Que esta seja a disserta¸c˜ao que ela sempre mereceu.

(6)

Agradecimentos

Inicialmente gostaria de agradecer aos meus pais, que sempre me apoiaram e me deram todo o suporte necess´ario aos meus estudos. Sem o total apoio deles, principalmente emocional, ao longo de meus anos de estudo na gradua¸c˜ao e na p´os-gradua¸c˜ao eu certamente n˜ao teria chegado aqui. Tenho a obriga¸c˜ao moral de dedicar a minha m˜ae esta disserta¸c˜ao, uma vez que h´a mais de vinte anos ela teve de abrir m˜ao de sua educa¸c˜ao para que meu bem-estar n˜ao fosse prejudicado.

Devo agradecer especialmente ao meu pai, pelas diversas vezes que tentou ler meu p´essimo portuguˆes. Se este texto possui alguma coes˜ao deve-se grande parte a ele.

Um pouco menos emotivo ´e meu agradecimento aos meus colegas, em particular ao Bonde da Probabilidade, n˜ao somente pelas discuss˜oes matem´aticas, como tamb´em pelo hora do cafezinho (nem sempre no diminutivo na verdade).

Gostaria tamb´em de agradecer a minha orientadora pela imensa paciˆencia com minha base matem´atica extremamente fraca e pela disponibilidade que ela sempre teve para me orientar

Gostaria de agradecer `a CAPES e `a comiss˜ao organizadora da XVII Escola Brasileira de Probabilidade pelo apoio financeiro.

(7)

Resumo

Processos de Renova¸c˜ao s˜ao cl´assicos em teoria de processos estoc´asticos e servem para modelar fenˆomenos ligados `as falhas de componentes. Processos de renova¸c˜ao multidimensionais s˜ao aqueles nos quais h´a intera¸c˜ao entre os componentes: as taxas de renova¸c˜ao dependem das idades dos componentes do processo.

Este trabalho apresenta os m´etodos de constru¸c˜ao presentes na literatura para processos de renova¸c˜ao finitos e infinitos-dimensionais e os respectivos estudos sobre ergodicidade. Al´em disso, prop˜oe uma constru¸c˜ao espacialmente n˜ao homogˆenea para um subespa¸co apropriado e prop˜oe um m´etodo de simula¸c˜ao para a estima¸c˜ao da idade m´edia das componentes.

(8)

Abstract

Renewal processes are traditional on the theory of stochastic process and are used to model lifetimes of components. Multidimensional renewal process are those with interaction, so that failure rates depends on the ages of different components.

The aim of this study is to present the methods used in the literature for finite and infinite dimensional renewal processes as well as the study about their ergodicity. Besides that we present a spatial non-homogeneous construction for a suitable subspace and another method to simulate that process and estimate the average age of components.

(9)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 1

1 Processo de renova¸c˜ao e seu gerador 4

1.1 Processo de renova¸c˜ao . . . 4 1.2 Teorema da renova¸c˜ao . . . 6 1.2.1 Distribui¸c˜ao limite . . . 8 1.3 Processo de Markov . . . 10 1.4 Semigrupo de Feller . . . 13 1.5 Gerador de um semigrupo . . . 16

1.6 Teorema de Hille-Yosida e perturba¸c˜ao . . . 18

1.6.1 Perturba¸c˜ao . . . 19

1.7 Processos estacion´arios e Teorema de Orey . . . 19

1.7.1 Teorema de Orey . . . 20

2 Processo de renova¸c˜ao multidimensional 22 2.1 Modelo finito dimensional de Spitzer . . . 22

2.2 Descri¸c˜ao atrav´es do gerador . . . 22

2.3 Medida invariante para o processo de Spitzer . . . 23

2.4 Teorema da Renova¸c˜ao de Spitzer . . . 25

2.4.1 Infinitos componentes interagindo . . . 26

2.5 Aproxima¸c˜ao finito dimensional . . . 27

2.6 Constru¸c˜ao do Processo de Spitzer . . . 29

2.7 Ergodicidade do processo finito dimensional . . . 33

2.8 Ordem parcial e compara¸c˜ao de medidas . . . 34

3 Constru¸c˜ao e ergodicidade do processo infinito dimensional 39 3.1 Constru¸c˜ao do processo infinito dimensional . . . 39

3.2 Ergodicidade do Processo infinito dimensional . . . 45

4 Processo de renova¸c˜ao n˜ao-homogˆeneo 50 4.1 Processo a volume finito . . . 50

4.2 Medida invariante . . . 54

(10)

5 Processo de renova¸c˜ao em RZd 58

5.1 Constru¸c˜ao do processo em RZd . . . . 58

5.2 Constru¸c˜ao e ergodicidade de µ para RZd . . . . 59

6 Simula¸c˜oes 69 6.1 Amostrador . . . 70

6.2 Ajuste para ∆t . . . 71

6.3 Definindo o tamanho do processo . . . 72

6.4 M´edias simuladas . . . 75 A Fecho e core 80 B Demonstra¸c˜ao do Teorema 12 82 C Demonstra¸c˜ao do Teorema 13 85 D Demonstra¸c˜ao do Lema 1 88 E Demonstra¸c˜ao do Teorema 15 90 F Demonstra¸c˜ao do Lema 3 96 G Demonstra¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 4 100 H Demonstra¸c˜ao do Lema 7 109 I C´odigo da simula¸c˜ao em R 112

(11)

Lista de Figuras

1.1 Processo de Renova¸c˜ao na reta. . . 5

4.1 Caixa finita para processo em trˆes retas . . . 51

6.1 Exemplo de Simula¸c˜oes satisfat´orias. . . 72

6.2 Efeito da constante c sobre tamanho da simula¸c˜ao. . . 74

6.3 Efeito da constante c sobre a m´edia de ηt(0). . . 75

6.4 Efeito da constante c sobre a m´edia de ηt(+1). . . 76

(12)

Introdu¸

ao

Um processo de renova¸c˜ao tipicamente ´e usado para modelar a taxa de falha de determinadas componentes, ou seja em cada instante em que h´a uma renova¸c˜ao pode-se pensar que ´e uma falha em uma das componentes do processo, com necessidade de substitui¸c˜ao. Tendo em vista esta aplica¸c˜ao, parece natural querer descrever um processo no qual a taxa de falha dependa da idade de outras componentes.

O processo de Renova¸c˜ao de Spitzer foi introduzido por (19) em 1986 com o objetivo de formular um processo de renova¸c˜ao multidimensional, no qual h´a intera¸c˜ao entre as componentes do processo atrav´es da idade dos mesmos. O autor mostra que se o vetor das taxas de renova¸c˜ao do processo, ϕ(η), onde η ∈ Rn

+ representa uma configura¸c˜ao para as

idades das componentes do processo, ´e o gradiente de um potencial, ψ(η), ent˜ao ´e poss´ıvel encontrar uma medida candidata a invariante para ele. Este teorema ser´a enunciado nesta disserta¸c˜ao como Teorema 12, e sugere a possibilidade de mostrar a ergodicidade para este processo de Renova¸c˜ao utilizando teoria de semigrupos.

Em 1992, Andjel e Vares (1) estudam um caso particular no qual a taxa de renova¸c˜ao de cada componente do processo com configura¸c˜ao de idades η ´e dada pela idade m´edia de seus vizinhos somados de uma constante de estabiliza¸c˜ao c > 0, de forma que a taxa de renova¸c˜ao para o processo em R[−n,n]+ , com fronteira zero, seria o gradiente do seguinte potencial:

ψn(η) = c n X −n η(i) +1 2 n−1 X i=−n η(i)η(i − 1). (1)

Os autores mostraram que a medida candidata levantada por Spitzer, de fato, ´e invariante. Para tanto foi feita a aproxima¸c˜ao deste processo por um processo de Feller e mostram sua ergodicidade. Eles tamb´em constru´ıram e mostraram a ergodicidade para o caso limite deste processo no qual o volume da caixa [−n, n] vai a infinito.

Para mostrar a convergˆencia das medidas invariantes a volume finito, para uma medida em volume infinito foi adotada uma ordem parcial ≺ que ´e preservada pela dinˆamica do processo, como em um processo de antiferromagneto. Essa propriedade, informalmente falando, significa dizer que quanto maior a idade de uma componente no s´ıtio i no instante t,

(13)

ηt(i), menor tende a ser a idade m´edia dos seus vizinhos naquele mesmo instante, ηt(i − 1) e

ηt(i + 1). Com isso, ´e poss´ıvel construir um processo acoplado de forma que se suas marginais

tˆem configura¸c˜oes iniciais η, η0 ∈ RZ

+ tal que se η ≺ η0, ent˜ao ηt ≺ ηt0 ∀t > 0. Desta forma, foi

poss´ıvel mostrar que para uma classe de fun¸c˜oes f crescentes com rela¸c˜ao a ordem parcial ≺,

Z

f dµn →

Z

f dµ (2)

onde µn ´e a invariante para a caixa [−n, n] e µ ´e a medida invariante em volume infinito,

tomado quando n vai a infinito.

A dinˆamica do processo n˜ao est´a bem-definida para qualquer configura¸c˜ao inicial η ∈ RZ +,

mas foi poss´ıvel encontrar uma classe de configura¸c˜oes iniciais X ⊂ RZ

+ de modo que a

probabilidade de que haja influˆencia do infinito chegando a um conjunto finito de s´ıtios em um tempo finito converge a zero. Desta forma, impondo tamb´em a condi¸c˜ao de que f seja cil´ındrica, ´e poss´ıvel mostrar a convergˆencia na equa¸c˜ao (2).

Desta forma, o cap´ıtulo 1 tem como objetivo apresentar de forma breve os principais elementos te´oricos usados nos cap´ıtulos 2 e 3, al´em de uma pequena introdu¸c˜ao sobre processos de renova¸c˜ao.

Nos cap´ıtulos 2 e 3 ser˜ao apresentados de forma detalhada os argumentos que acabamos de levantar para os casos, respectivamente, finito e infinito dimensional. Desta forma, h´a uma sequˆencia l´ogica na qual inicialmente apresentamos o processo de renova¸c˜ao cl´assico, unidimensional, e o representamos usando teoria de semigrupos para que possamos, no cap´ıtulo 2, mostrar como se comporta o processo quando h´a um n´umero finito de componentes interagindo e, no cap´ıtulo 3, quando h´a infinitos destes interagindo.

Andjel e Vares, em (1) tamb´em mostraram que para c = 0 o processo n˜ao ´e erg´odico. No cap´ıtulo 4 introduziremos um modelo n˜ao homogˆeneo no qual teremos um processo com espa¸co de estados em RZ×{−1,0,1}

+ , de forma que a taxa de renova¸c˜ao da componente no s´ıtio

i ser´a dada por:

ϕi(η) = c(i) + 1 4 X |j−i|=1 j∈∆n η(j). (3) c(x1, x2) = ( c1 se x2 = {−1, 1} c2 se x2 = 0. (4) c1 > 0, c2 > 0.

(14)

c2 = 0. Gostar´ıamos de entender se a dinˆamica do processo nas retas −1 e 1 estabilizariam

o processo a ponto de se ter uma medida erg´odica para o processo.

Em 1995, Sidoravicius e Vares (18) mostraram como estender o processo homogˆeneo para o caso em que o processo tem espa¸co de estados em RZd

+. No cap´ıtulo 5 mostraremos as

principais dificuldades em promover esta extens˜ao.

Outra quest˜ao te´orica levantada diz respeito exatamente ao parˆametro c. Sidoravicius e Vares, em (18) mostraram que, na linguagem de Mecˆanica Estat´ıstica, n˜ao h´a transi¸c˜ao de fase, ou seja, independente do volume o comportamento assint´otico do sistema ´e o mesmo, desde que c > 0. Nada se sabe sobre o caso c = 0 neste caso multidimensional.

Desta forma, uma das principais quest˜oes que podemos levantar ´e sobre a forma como diferentes valores de c > 0 afetam a idade m´edia do processo a volume infinito. Como o processo ´e invariante por transla¸c˜ao, isso significa dizer que existe ρ(c) tal que

Z

η(0)dµ = ρ(c). (5)

Finalmente, no cap´ıtulo 6 ser´a proposto um m´etodo de simula¸c˜ao para estimar a fun¸c˜ao da equa¸c˜ao (5). Nela proporemos um m´etodo a tempo discreto de um autˆomato celular desenvolvido com o objetivo que tivesse uma dinˆamica a mais parecida poss´ıvel com o processo de renova¸c˜ao de Spitzer a volume finito e come¸caremos a estimar a forma de ρ(c).

(15)

Cap´ıtulo 1

Processo de renova¸

ao e seu gerador

Este cap´ıtulo est´a dividido em trˆes partes. A primeira, que engloba as se¸c˜oes 1.1 e 1.2, tem como objetivo explicar o que ´e um processo de renova¸c˜ao. Desta forma, ao longo da disserta¸c˜ao come¸caremos com um processo de renova¸c˜ao unidimensional, da forma cl´assica, para depois passar a tratar do processo com intera¸c˜oes multidimensional, no cap´ıtulo 2, e do processo infinito dimensional, no cap´ıtulo 3.

A segunda parte, que engloba as se¸c˜oes de 1.4 a 1.6, mostrar´a a rela¸c˜ao entre processos de Markov, semigrupos de Feller e seus geradores, al´em de servir como referˆencia comentada para grande parte dos teoremas de an´alise funcional que ser˜ao utilizados ao longo da disserta¸c˜ao. A terceira parte ´e composta pela se¸c˜ao 1.7. Esta se¸c˜ao 1.7 servir´a de referˆencias comentadas, tentando deixar claro os conceitos relevantes relacionados `a invariˆancia de medidas para processos estoc´asticos e sua poss´ıvel ergodicidade. A ergodicidade do processo de renova¸c˜ao de Spitzer ser´a estudada no cap´ıtulo 2.

1.1

Processo de renova¸

ao

Processos de Renova¸c˜ao s˜ao uma importante fam´ılia de processos estoc´asticos. Nesta se¸c˜ao iremos construir um processo de renova¸c˜ao unidimensional de forma cl´assica, para que nas pr´oximas se possa pensar no caso multidimensional.

Seja (Ti)i∈Numa sequˆencia de vari´aveis aleat´orias positivas, independentes e identicamente

distribu´ıdas. Denotamos F (x) := P(Ti 6 x) e m := E(Ti). Definimos o passeio aleat´orio

Sk =Pki=1Ti i, k ∈ N e a sequˆencia S = (S0, S1, S2, S3, . . .) como a sequˆencia dos tempos de

renova¸c˜ao e definimos S0 = 0.

Ao projetar uma realiza¸c˜ao do processo sobre a semi-reta R+ tem-se o processo como se

(16)

S0 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8

Figura 1.1: Processo de Renova¸c˜ao na reta.

Desta forma podemos definir as vari´aveis (N (t))t>0como o processo de contagem associado a este processo de renova¸c˜ao1 da seguinte forma:

N (t) := sup{n : Sn 6 t}. (1.1)

Assim, N (t) ´e o n´umero de renova¸c˜oes ocorridas at´e o instante t. Como consequˆencia imediata da equa¸c˜ao (1.1) chega-se `a rela¸c˜ao: SN (t) 6 t < SN (t)+1, onde SN (t) ´e o instante

da ´ultima de renova¸c˜ao anterior ao tempo t, Sk tal que k = sup{n : Sn6 t}. Outra vari´avel

aleat´oria que se pode extrair do processo de renova¸c˜ao ´e a idade do processo no instante t, ηt, descrita abaixo:

ηt= t − max{Sk: k > 0, Sk 6 t} t > 0, (1.2)

que pode ser escrita de forma mais sint´etica como: ηt= t − SN (t). Ao processo (ηt)t>0 iremos

nos referir doravante como processo de idade.

Desta forma, ηt representa o tempo decorrido desde a ´ultima renova¸c˜ao.

O processo de idade ´e Markoviano, isto ´e, a distribui¸c˜ao de ηt+s condicionada `a

configura¸c˜ao do processo no instante t, ηt = η coincide , exceto por um conjunto de medida

zero, com a distribui¸c˜ao de ηt+s condicionada a trajet´oria do processo at´e o instante t,

{ηu : u 6 t}. Ou seja, P(ηt+s > u|ηv : v 6 t) = P(ηt+s > u|ηt) q.c..

At´e este ponto est´a bem definido o processo de renova¸c˜ao. Falta, no entanto, conhecer o teorema para a medida limite da idade do processo que Spitzer (19) usa como motiva¸c˜ao para procurar uma medida estacion´aria. Vale ressaltar que nesta disserta¸c˜ao um dos pontos centrais ´e conhecer esta medida limite para distintos casos multidimensionais.

Como ser´a visto na se¸c˜ao 1.2.1, estamos preocupados em entender a distribui¸c˜ao limite para ηt, quando t → ∞ ou seja, estamos preocupados em estudar a distribui¸c˜ao de limt→∞ηt.

Sendo assim, n˜ao procisamos nos preocupar com qual ponto da reta o processo come¸ca, isto ´e, em que ponto est´a definido T0.

A idade do processo de renova¸c˜ao, unidimensional, tem uma dinˆamica na qual h´a um crescimento determin´ıstico e vai a zero, renova, com uma taxa ϕ(

·

). Assim, a taxa de

1Alguns autores, como (14), analisam o processo de renova¸ao fundamentalmente atrav´es desta vari´avel. Para os fins desta disserta¸c˜ao ´e melhor analisar o processo como um todo.

(17)

renova¸c˜ao do processo com idade η ´e definida atrav´es da probabilidade de renova¸c˜ao do processo:

ϕ(x)dx := P(renova¸c˜ao no intervalo (x, x + dx)|η = x) (1.3) Se ϕ(η) = λ, ent˜ao, o processo de renova¸c˜ao ´e um processo de Poisson no plano com taxa λ. Conhecendo a distribui¸c˜ao das vari´aveis aleat´orias (Ti)i>1 ´e poss´ıvel calcular a taxa do

processo. Se F ´e a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao acumulada das vari´aveis aleat´orias i.i.d. (Ti)i>1, a

probabilidade de renova¸c˜ao pode ser calculada como:

ϕ(x) = lim dx→0 P(x 6 Ti 6 x + dx|Ti> x) dx = limdx→0 P(x 6 Ti 6 x + dx) dx 1 P (Ti > x) = f (x) 1 − F (x). (1.4)

Assim, temos que:

ϕ(x) = − d

dxlog [1 − F (x)] (1.5)

Na se¸c˜ao 1.2 ser´a demostrada a proposi¸c˜ao acima, Teorema 3. Uma vez que se conhe¸ca a distribui¸c˜ao limite para o caso unidimensional, ser´a poss´ıvel pensar em formas de estender para os casos multidimensionais, nos quais a taxa de renova¸c˜ao de uma componente do processo depende da idade de outras componentes.

Entretanto, para isso ser´a utilizada uma constru¸c˜ao baseada em semigrupos, dentro das constru¸c˜oes t´ıpicas de sistemas de part´ıculas. Assim, ser´a descrito o processo de renova¸c˜ao atrav´es de seu gerador na se¸c˜ao 2.2.

1.2

Teorema da renova¸

ao

Nesta se¸c˜ao iremos enunciar o teorema da renova¸c˜ao. Este teorema ser´a utilizado na demonstra¸c˜ao do teorema sobre a distribui¸c˜ao limite para o processo de idade que ser´a enunciado e demonstrado na subse¸c˜ao 1.2.1. Apesar deste teorema n˜ao ser utilizado na espinha dorsal da bibliografia desta disserta¸c˜ao, ele ´e a formula¸c˜ao cl´assica unidimensional dos principais teoremas sobre o comportamento limite dos processos multidimensionais, como apontado por Spitzer em (19).

N˜ao iremos demonstrar o Teorema da Renova¸c˜ao, Teorema 1, pois sua demonstra¸c˜ao ´e realmente extensa e pode ser encontrada em diversas referˆencias como, por exemplo, em (7) na p´agina 3642. Antes de enunciar o teorema propriamente dito ´e preciso apresentar a fun¸c˜ao

2A prova deste ´e para o caso n˜ao aritim´etico, o que de fato usamos. A prova para o caso aritim´etico, se interessar ao leitor, pode ser encontrada em (8).

(18)

de renova¸c˜ao da qual trata o teorema. Para a vari´avel aleat´oria N (t) definida em 1.1 define-se a fun¸c˜ao de renova¸c˜ao M (t):

Defini¸c˜ao 1. (Fun¸c˜ao de Renova¸c˜ao): Define-se a fun¸c˜ao de renova¸c˜ao M (t) para um processo de renova¸c˜ao com contagem N (t) como sendo:

M (t) = E[N(t)].

Usando o fato que N (t) > k ⇐⇒ Sk 6 t, pode-se calcular a fun¸c˜ao de renova¸c˜ao M (t)

como: M (t) = E[N (t)] = ∞ X k=1 P[N (t) > k] = ∞ X k=1 P[Sk 6 t] = ∞ X k=1 Fk(t) (1.6)

Achar a distribui¸c˜ao de Fk(t) ´e teoricamente simples. Basta lembrar do teorema da

convolu¸c˜ao3que diz que para duas vari´aveis aleat´orias independentes X e Y com distribui¸c˜oes

F e G, respectivamente, a convolu¸c˜ao de F com G, que escrevemos como F ∗ G, ´e dada por P(X + Y 6 t) =R G(t − x)dF(x).

Portanto, ao escrever Fk(t) como (Fk−1∗ F )(t) estamos calculando Fk(t) = P(Sk 6 t) =

P(Sk−1+ Tk 6 t) = (Fk−1∗ F )(t), como quer´ıamos na equa¸c˜ao (1.6).

Algumas propriedades de M merecem ser mencionadas: M (t) ´e n˜ao decrescente com rela¸c˜ao a t. Como as vari´aveis aleat´orias s˜ao positivas i.i.d., tem-se que M (t) < ∞ para todo t finito, mas limt→∞M (t) = ∞.

Portanto, a partir da fun¸c˜ao de renova¸c˜ao M pode-se definir uma medida M. Ela ´e definida nos borelianos da reta, B(R), de forma que pode ser constru´ıda a partir da fun¸c˜ao M como M(−∞, t] := M(t) e definimos que M((−∞, t] = 0 ∀t 6 0. As propriedades de M supracitadas garantem que M seja localmente finita e σ-finita.

Uma vez que podemos pensar em M tanto como a fun¸c˜ao de renova¸c˜ao quanto atrav´es da medida M, podemos enunciar o Teorema da Renova¸c˜ao sem quaisquer problemas. O teorema est´a definido para dois casos, quando F ´e aritm´etica ou n˜ao. Dizemos que uma fun¸c˜ao F ´e aritm´etica se para todo  > 0 existe λ tal que F (a+λx+)−F (a+λx−) > 0 exclusivamente para x ∈ Z, λ > 0, a ∈ R. Se λ for o maior valor para o qual vale a rela¸c˜ao, diz-se que λ ´e span de F .

Teorema 1. (Teorema da renova¸c˜ao de Blackwell): Seja F a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de uma vari´avel aleat´oria positiva com esperan¸ca µ. Seja M (t) =P∞

k=1Fk(t) a fun¸c˜ao de renova¸c˜ao 3Pode ser encontrado em (7) como o teorema V.4.2.

(19)

associada a F. Para h > 0 segue que: 1) Se F ´e n˜ao aritim´etica, ent˜ao

lim

t→∞[M (t + h) − M (t)] =

h µ.

2) Se F ´e aritm´etica vale o mesmo que em (1), desde que h seja m´ultiplo do span λ.

A demonstra¸c˜ao deste teorema (Teorema 1) pode ser encontrada em (7) como o Teorema 4.5, na p´agina 184.

Para provar o Teorema 3, que d´a a forma assint´otica de ηt quando t → ∞, ainda falta

enunciar o Teorema 2 (da Fun¸c˜ao de Renova¸c˜ao). Sua demonstra¸c˜ao pode ser encontrada em (11), como a demonstra¸c˜ao do Teorema 5.4.1, na p´agina 185.

Teorema 2. (da fun¸c˜ao de renova¸c˜ao). Seja a(

·

) uma fun¸c˜ao limitada. Existe uma ´unica fun¸c˜ao A(

·

) limitada em intervalos finitos que satisfaz:

A(t) = a(t) + Z t

0

A(t − y)dF (y) ∀ t > 0. Esta fun¸c˜ao ´e: A(t) = a(t) + Z t 0 a(t − y)d ∞ X k=1 Fk(y) ∀ t > 0.

1.2.1

Distribui¸

ao limite

Um dos objetivos centrais desta disserta¸c˜ao ´e tentar entender o comportamento limite do processo de idade quando existem infinitos componentes interagindo - tudo ser´a definido claramente mais a frente - usando teoria de semigrupos, como feito em (1) e (18). Desta forma, ´e interessante demonstrar como se poderia estudar a distribui¸c˜ao da idade ηt quando

t vai a infinito, sem usar teoria de semigrupos. O Teorema 3 para esta medida ´e cl´assico na literatura. A seguir ´e apresentado seu enunciado para o caso n˜ao aritim´etico4 e a sua demonstra¸c˜ao:

Teorema 3. A distribui¸c˜ao de ηt, Ht, dada por Ht(x) := P(ηt 6 x), converge fracamente

para H, dada por:

H(x) = ( 1 µ Rx 0 [1 − F (z)]d(z) se m < ∞ 0 se m = ∞, (1.7) onde m = E(Ti).

(20)

Demonstra¸c˜ao. Usando a lei de probabilidades totais pode-se escrever: P(ηt6 x) = Z ∞ 0 P(ηt6 x|T1 = s)dF (s) =1[0,x](t)[1 − F (t)] + Z t 0 P(ηt−s 6 x)dF (s).

Usando o Teorema 2 podemos identificar a(t) = 1[0,x](t)[1 − F (t)] e A(t) = P(ηt−s 6 x).

Desta forma: P(ηt6 x) = 1[0,x](t)[1 − F (t)] + Z t 0 P(ηt−s 6 x)dF (s) = 1[0,x](t)[1 − F (t)] + Z t 0 1[0,x](t)(1 − F (t − s))dM (s).

Fazendo z=t-s dentro da integral

= 1[0,x](t)[1 − F (t)] − Z t 0 1[0,x](t)(1 − F (z))dM (t − z). Aplicando o limite: lim t→∞P(ηt 6 x) = limt→∞1[0,x](t)[1 − F (t)] − limt→∞ Z t 0 1[0,x](t)[1 − F (z)])dM (t − z) = − lim t→∞ Z t 0 1[0,x](t)[1 − F (z)] dM (t − z) d(t − z) d(t − z). Aplicando o Teorema 1: = −1 mt→∞lim Z t 0 1[0,x](t)[1 − F (z)]d(t − z) = 1 m Z x 0 [1 − F (z)]dz.

Como H ´e absolutamente cont´ınua com rela¸c˜ao `a medida de Lebesgue, podemos escrever sua densidade como sendo m1[1 − F (x)], como feito em (19) em sua equa¸c˜ao 2.

Uma vez que conhecemos a teoria cl´assica para a medida limite para a idade de um processo de renova¸c˜ao, podemos nos preocupar em reescrever o processo de Renova¸c˜ao atrav´es da teoria de semigrupos, o que ser´a feito somente no cap´ıtulo 2 na se¸c˜ao 2.2.

Antes disso, ´e necess´ario caracterizar processos de Markov de acordo com o seu semigrupo, o que ser´a feito na se¸c˜ao 1.3 para que na se¸c˜ao 1.4 seja mostrada a rela¸c˜ao entre semigrupo de Feller e processo de Markov. Desta forma, ser´a poss´ıvel falar em uma teoria de semigrupos para processos de Renova¸c˜ao e, no cap´ıtulo 2 prosseguir com o estudo do processo de renova¸c˜ao de Spitzer devidamente embasado.

(21)

1.3

Processo de Markov

Na se¸c˜ao 1.1 definimos um processo estoc´astico tal que os ´ındices das vari´aveis aleat´orias T1, T2, T3, . . . i ∈ N eram discretos e apesar de j´a termos tratado na se¸c˜oes 1.1, 1.2 e 1.2.1 de

processos estoc´asticos a tempo cont´ınuo, ´e importante estudar de forma mais precisa estes processos para que possamos fazer as constru¸c˜oes necess´arias ao longo desta disserta¸c˜ao.

Por considerarmos muitos componentes em intera¸c˜ao, trataremos de processos estoc´asticos a valores em um adequado subconjunto boreliano de RS (S ⊂ Zd) denotado

por X, que consideraremos munido da topologia produto.

Por vari´avel aleat´oria η com valores em X entende-se uma fun¸c˜ao mensur´avel de um dado espa¸co de probabilidade (Ω,F , P ) em (X, B(X)), ou seja, uma fun¸c˜ao η : Ω → X tal que para todo Γ ∈B(X), {ω : η(ω) ∈ Γ} ∈ F .

Desta forma, definimos um processo estoc´astico (ηt)t≥0 a valores em X como uma

fam´ılia de vari´aveis aleat´orias definidas em um mesmo espa¸co (Ω,F , P ). Neste contexto t ´e usualmente interpretado como tempo. Um processo estoc´astico pode, ent˜ao, ser pensado como uma fun¸c˜ao definida em [0, ∞) × Ω com valores em X, tal que para todo t ∈ [0, ∞) e para todo Γ ∈B(X) tem-se {ω : ηt(ω) ∈ Γ} ∈F .

Se ademais esta fun¸c˜ao for conjuntamente mensur´avel - i.e. B([0, ∞)) ⊗ F )-mensur´avel - diremos que o processo ´e mensur´avel. Neste caso pode-se pensar na fun¸c˜ao mensur´avel que a cada ω ∈ Ω associa toda a evolu¸c˜ao temporal do processo para esta realiza¸c˜ao ω no espa¸co amostral, i.e. ω → (ηt(ω), t > 0), por isto chamada de trajet´oria. Os processos

utilizados nesta disserta¸c˜ao podem ser sempre constru´ıdos com trajet´orias cont´ınuas `a direita e com limites pela esquerda. Neste caso, pode-se tomar Ω = D([0, ∞), X) como o espa¸co de Skorohod (ver (6), se¸c˜ao 3.5) e ηt(ω) = ω(t).

Define-se Ft = σ(ηs : s 6 t) como a σ-´algebra gerada pelo processo at´e o instante t. Ou

seja, a menor σ-´algebra de subconjuntos de Ω em rela¸c˜ao `a qual ηs ´e uma vari´avel aleat´oria,

para todo s 6 t. Vale ressaltar que Ft ´e uma filtra¸c˜ao, i.e., Ft⊂Ft+s ∀ t, s ∈ [0, ∞).

Desta forma, a medida5:

P(ηt+s ∈

·

|Ft) t, s ∈ [0, ∞), (1.8)

´e a lei da vari´avel aleat´oria ηt+s, que toma valores em X, condicionada ao processo at´e o

instante t, (ηs)s6t.

Dizemos que um processo estoc´astico (ηt)t>0 ´e um processo de Markov se:

5Boas referˆencias, em portuguˆes, sobre Teoria da Medida no n´ıvel que iremos tratar nesta disserta¸ao s˜ao (4), (9) e (10). Outras referˆencias ´uteis s˜ao os livros de an´alise de Walter Rudin, (16) e (15) que devem ser o suficiente para o leitor menos experiente entender n˜ao somente o conte´udo dos livros de medida, como tamb´em de an´alise funcional que ser˜ao usados nesta disserta¸c˜ao.

(22)

P{ηt+s ∈

·

|Ft} = P{ηt+s ∈

·

|ηt}, ∀ s, t > 0, q. c.. (1.9)

Com isso, podemos definir a probabilidade de transi¸c˜ao de um processo de Markov homogˆeneo da seguinte forma:

P (s, η, Γ) := P{ηt+s ∈ Γ| ηt= η}, ∀ t, s > 0, Γ ∈ B(X) (1.10)

a menos de um conjunto de medida zero. Um processo de Markov n˜ao homogˆeneo no tempo ´e tal que a probabilidade de transi¸c˜ao tamb´em depende do instante t do qual se parte da configura¸c˜ao inicial ηt. Ao longo desta disserta¸c˜ao iremos tratar de processos de Markov

homogˆeneos no tempo, de forma que quando estivermos tratarmos de processos de Markov,se n˜ao for dito o contr´ario, deve-se assumir que o processo ´e homogˆeneo no tempo.

Para definir o espa¸co C(X), vamos introduzir uma nota¸c˜ao. Vamos dizer que limη→∞f (η) = 0 se para qualquer s´ıtio i ∈ Z (ou [−n, n]) se tiver que limη(i)→∞f (η) = 0.

Informalmente isso significa dizer que se alguma das componentes vai a infinito, ent˜ao f vai a zero.

Desta forma, podemos definir trˆes espa¸cos : Cb(X) = {f : X → R\ cont´ınua, limitada} e

C(X) o subespa¸co de Cb(X) tal que se f ∈ C(X), ent˜ao limη→∞f (η) = 0. O terceiro espa¸co

ser´a C1

c(X) como o conjunto das fun¸c˜oes continuamente diferenci´aveis com suporte compacto

em X .

Uma vez definidas as classes de fun¸c˜oes f em que estamos interessados, pode-se introduzir o conceito de fun¸c˜ao de transi¸c˜ao. Se a configura¸c˜ao inicial de um processo tem distribui¸c˜ao Delta de Dirac na configura¸c˜ao η, δη, tem-se que:

E[f (ηt)|η0 = η] = Z X f (y)P{ηt ∈ dy|η} = Z X f (y)P (t, η, dy) (1.11)

Pode-se escrever E[f (ηt)|η0 = η] de forma sucinta como P (t, η, f ) ou Eη[f (ηt)|].

Uma vez que estamos tratando de processos de Markov homogˆeneos no tempo, iremos definir fun¸c˜oes de transi¸c˜ao homogˆeneas no tempo.

Defini¸c˜ao 2. Uma fun¸c˜ao P (t, η, Γ) definida em [0, ∞) × X × B(X) ´e uma fun¸c˜ao de transi¸c˜ao homogˆenea no tempo se:

1. P (t, η,

·

) ∈P(X), (t, η) ∈ [0, ∞) × X. 2. P (0, η,

·

) = δη(

·

), η ∈ X.

(23)

4. P (s + t, η, Γ) = R P (s, y, Γ)P (t, η, dy), s, t > 0, x ∈ X, Γ ∈ B(X).

ondeP(X) ´e o conjunto das medidas de probabilidade em B(X) e B([0, ∞)×X) ´e o conjunto das fun¸c˜oes reais, B([0, ∞)) ⊗ B(X) mensur´aveis limitadas.

A propriedade do item 4 da Defini¸c˜ao 2 ´e conhecida como equa¸c˜ao de Chapman-Kolmogorov.

A probabilidade P (ηt1 ∈ Γ1, ηt2 ∈ Γ2, . . . , ηtn ∈ Γn|η) Γi ∈B(X), i = {1, · · · n}, 0 6 t1 6

· · · 6 tn< ∞, que determina a proje¸c˜ao finito dimensional de um processo de Markov (ηt)t>0

sobre os instantes t1, . . . , tn, ´e calculada da seguinte forma:

P (ηt1 ∈ Γ1, ηt2 ∈ Γ2, . . . , ηtn ∈ Γn|η) = = Z Γ1 . . . Z Γn−1 P (tn− tn−1, yn−1, Γn)P (tn−1− tn−2, yn−2, dyn−1) . . . P (t1, y0, dy1). (1.12)

A Defini¸c˜ao 2 ´e importante devido ao seguinte teorema:

Teorema 4. Seja P (t, η, Γ) uma fun¸c˜ao de transi¸c˜ao homogˆenea no tempo (ver Defini¸c˜ao 2). Ent˜ao existe um processo de Markov (ηt)t>0 em X cujas proje¸c˜oes finito dimensional nos

pontos 0 < t1 < · · · < tn< ∞ ficam unicamente determinada pela equa¸c˜ao (1.12), ∀n > 1.

A demonstra¸c˜ao do Teorema 4 pode ser encontrada em (6) (Teorema 4.1.1) uma vez que X ⊂ RZd seja completo e separ´avel. Os espa¸cos de estados X que ser˜ao utilizados

nesta disserta¸c˜ao s˜ao fechados em RZd, e portanto completos. Como R

+ possui uma base

enumer´avel de abertos e o produto cartesiano de espa¸cos separ´aveis ´e separ´avel, podemos, portanto, dizer que RZd ´e separ´avel.

Para uma proje¸c˜ao em particular, como a de (1.12), com tn− tn−1= ∆t ∀ n, definimos

o objeto P?, onde P? = P1? e Pi?´e tal que Pm−n? f (ηtm) = E [f (ηtm)|Fn) para toda f ∈ C(X).

Desta forma, P? representa a matriz de transi¸c˜ao para a cadeia de Markov originada da proje¸c˜ao de (ηt)t>0 em 0 6 t1 6 · · · 6 tn< ∞ i = {1, · · · n}.

Ao longo desta disserta¸c˜ao estaremos interessados em trabalhar com a hip´otese de que a distribui¸c˜ao da “condi¸c˜ao inicial”n˜ao seja conhecida, ou seja, n˜ao tenha distribui¸c˜ao δη.

Por exemplo, poderemos estar interessados em saber se determinado processo tem medida invariante ν. Neste caso, teria de ser verdade que:

ν(Γ) = Z

(24)

1.4

Semigrupo de Feller

Al´em da forma cl´assica de se construir processos de Markov, descrita na se¸c˜ao anterior ´e poss´ıvel fazˆe-lo atrav´es dos geradores de semigrupos. Da equa¸c˜ao (1.11), vemos que um dos objetos que estamos interessados em estudar ´e Eη[f (ηt)] e uma forma de se analisar

este objeto ´e exatamente atrav´es de um semigrupo em f . Assim, estamos interessados em construir um semigrupo de forma que:

P (t, η, f ) = S(t)f (η). (1.14)

Com o intuito de deixar clara a nomenclatura, vamos definir semigrupos e algumas classes de semigrupos que ser˜ao necess´arios para este trabalho, particularmente definindo semigrupo de Feller. Al´em disso, vamos enunciar o Teorema 7, que estabelece a rela¸c˜ao entre semigrupos de Feller e processos de Markov.

Uma vez definidos os espa¸cos Cb(X), C(X) e Cc1(X), precisamos definir uma norma

nestes espa¸cos: ||f || = supη∈X|f (η)| . Al´em disso, precisamos tamb´em definir uma norma para operadores lineares. Definimos a norma do operador linear T , agindo sobre um espa¸co funcional E, como:

|||T ||| = sup

f ∈E ||f ||61

||T f ||. (1.15)

Assim, temos que um operador ´e limitado quando esta norma ´e finita. Vale notar que neste caso |||T ||| = sup f ∈E f 6=0 ||T f || ||f || . (1.16)

Nos casos que iremos estudar, podemos ter E igual a C(X), Cc1(X) ou Cb(X), dependendo

do dom´ınio do operador em quest˜ao. Caso o leitor julgue necess´ario, uma boa referˆencia sobre an´alise funcional ´e (2).

Uma forma de se definir um operador integral ´e atrav´es do seu n´ucleo, como se pode ver na seguinte defini¸c˜ao:

Defini¸c˜ao 3. Um operador linear T : E → E, onde E ´e um espa¸co de fun¸c˜oes em X, ´e dito um operador integral se existe uma fun¸c˜ao K (B(X) × B(X))-mensur´avel e duas medidas µ e υ em B(X), tal que para toda f ∈ E, s → K(s, t)f(s) ´e µ integr´avel em υ-q.t.p t ∈ X e

(25)

t →R |K(s, t)f (s)|dµ(s) ∈ E e T f (t) =

Z

X

K(s, t)f (s)dµ(s) υ-q.t.p. . (1.17)

Com estes elementos podemos definir operadores compactos:

Defini¸c˜ao 4. Um operador linear T : Cb(X) → Cb(X) ´e dito compacto se para todo conjunto

B aberto em Cb(X) tivermos que T B ⊂ Cb(X) seja relativamente compacto (ie, T B ´e

compacto).

Neste ponto, tomando µ e υ como a medida de Lebesgue, ´e interessante ressaltar o seguinte teorema:

Teorema 5. Se o n´ucleo de um operador integral for tal que

Z X Z X |K(x, y)|2 dxdy 6 ∞, (1.18)

ent˜ao se diz que ele ´e um n´ucleo de uma transformada de Hilbert-Schmidt. Neste caso, o operador integral T ´e compacto.

Este teorema pode ser encontrado em (13) como o teorema 8.83. Iremos denotar por `2([0, ∞), dλ) o conjunto das fun¸c˜oes de [0, ∞) quadrado-integr´aveis com rela¸c˜ao a medida

de Lebesgue λ, para poder enunciar o seguinte teorema sobre operadores integrais que ser´a ´

util para esta disserta¸c˜ao:

Teorema 6. Suponha que T com dom´ınio em `2([0, ∞), λ) seja um operador integral com n´ucleo K, (B(X) × B(X)) mensur´avel satisfazendo:

1. Alguma potˆencia de T ´e compacta,

2. K(s, t) > 0 (µ × µ)-q.t.p..

Ent˜ao, o raio espectral do operador T , r(T ) > 0 e ρ = r(T ) ´e um autovalor de T com uma ´

unica autofun¸c˜ao normalizada ψ tal que ψ(s) > 0, ∀s ∈B(X).

Este teorema pode ser encontrado como Teorema 6.6 em (17), considerando que o item 2 daquele teorema ´e garantido pelo fato que K(s, t) > 0 (µ × µ)-q.t.p..

Uma autofun¸c˜ao ψ ´e dita fun¸c˜ao normalizada, seR

2dλ = 1. Desta forma, se r(T ) > 0,

podemos garantir que existe um autovalor ρ = r(T ) e uma autofun¸c˜ao normaliz´avel associada a este autovalor.

(26)

Al´em disso, para toda f ∈ `2([0, ∞), λ) existe M < ∞ tal que R∞

0 f

2dλ = M , em

particular se f ´e autofun¸c˜ao. Assim, fazendo ψ = √f M: hψ, ψiλ = Z ∞ 0 ψ(x)ψ(x)d(x) = Z ∞ 0 f (x) √ M f (x) √ Md(x) = 1 M Z ∞ 0 f2(x)d(x) = 1. (1.19)

Desta forma, se T ´e um operador integral, como na Defini¸c˜ao 3, podemos escrever:

T ψ(x) = Z

K(x, y)ψ(y)dy = ρψ(x) x q.t.p λ. (1.20)

A seguir ser´a vista a defini¸c˜ao formal de um semigrupo:

Defini¸c˜ao 5. Uma fam´ılia de operadores lineares {S(t)}t>0 em Cb(X) ´e dito semigrupo se:

1) S(0) = I

2) S(s + t) = S(s)S(t) ∀ s, t > 0.

Vale ressaltar defini¸c˜oes importantes para a disserta¸c˜ao sobre semigrupos:

ˆ Se ∀ f ∈ Cb(X), tivermos limt→0S(t)f = f , dizemos que {S(t)}t>0 ´e fortemente

cont´ınuo.

ˆ Dizemos que um semigrupo {S(t)}t>0 ´e positivo se S(t) ´e um operador positivo para

todo t ∈ [0, ∞). Um operador S(t) ´e dito positivo se ∀f > 0 ⇒ S(t)f > 0.

ˆ Dizemos que um semigrupo ´e de contra¸c˜ao se, para todo t em [0, ∞), tem-se que |||T (t)||| 6 1.

Al´em destes, iremos agora definir semigrupo conservativo:

Defini¸c˜ao 6. Um semigrupo (S(t))t>0 em Cb(X) ´e dito conservativo se, para toda sequˆencia

fn → 1 em Cb(X), implicar que S(t)fn → 1 ∀t ∈ [0, ∞) e S(t)1 = 1, onde 1 ´e a fun¸c˜ao

constante igual a um.

Outras defini¸c˜oes e teoremas que tratam de Fecho e Core e que ser˜ao utilizados podem ser encontrados no Apˆendice A desta disserta¸c˜ao. Entretanto, as defini¸c˜oes que j´a apresentadas at´e o momento no corpo da dissert¸c˜ao s˜ao suficientes para introduzir o conceito de semigrupo de Feller:

Defini¸c˜ao 7. Um semigrupo positivo conservativo fortemente cont´ınuo e de contra¸c˜ao em C(X) ´e dito um semigrupo de Feller.

Desta forma, podemos enunciar um importante teorema, que relaciona semigrupos de Feller e processos de Markov:

(27)

Teorema 7. Seja {S(t)}t>0 um semigrupo de Feller em C(X). Ent˜ao, existe um processo de Markov (η)t>0 com respeito `a filtra¸c˜ao Ft+ =

T

>0Ft+ que corresponde a {S(t)}t>0 com

trajet´orias cont´ınuas `a direita com limite `a esquerda em Ω.

A demonstra¸c˜ao deste teorema pode ser encontrada em Ethier e Kurtz (6) como Teorema 4.2.7.

A fun¸c˜ao de probabilidade de transi¸c˜ao do processo de Markov que corresponde a (S(t))t>0 com dom´ınio em C(X) ´e tal que satisfaz a seguinte rela¸c˜ao:

S(t)f (η) = Z

X

f (y)P (t, η, dy) (1.21)

para f ∈ C(X), η ∈ X.

Um fato importante sobre os processos de Markov, resultante do Teorema 7, ´e o dado pela Proposi¸c˜ao 1 a seguir. Definimos tamb´em (η + t) de forma que (η + t)(i) = η(i) + t ∀i ∈ Z se X = RZ

+ e analogamente para X = R [−n,n]

+ .

Assim, precisamos definir o espa¸co m´etrico (Xn, d). Se η, η0 ∈ Xn = R [−n,n]

+ , podemos

definir a distˆancia neste espa¸co como sendo d(η, η0) = P

i∈[−n,n] 1

2i|η(i)−η

0(i)|. Analogamente,

podemos definir a m´etrica produto para X ⊂ RZ

+ como d(η, η 0) = P i∈Z 1 2i|η(i) − η 0(i)| para η, η0 ∈ X ⊂ RZ +(Ver (12, p. 147)).

Proposi¸c˜ao 1. Seja X um espa¸co de Borel em RZ e seja {S(t)}

t>0 um semigrupo de Feller

em C(X). Seja P (t, η, Γ) fun¸c˜ao de transic˜ao para {S(t)}t>0 e suponha que para todo η ∈ X,

 > 0 e

lim

t→0t −1

P (t, η, B(η, )c) = 0. (1.22)

Ent˜ao o processo de Markov associado a esta fun¸c˜ao de transi¸c˜ao ´e tal que P(ηt ∈ X) =

1 ∀t ∈ [0, ∞).

Esta proposi¸c˜ao pode ser encontrada como Proposi¸c˜ao 4.2.9 de (6).

Muitas vezes, no entanto, ´e mais conveniente come¸car estudando o gerador de um processo estoc´astico do que efetivamente seu semigrupo, como ser´a feito na se¸c˜ao 1.5.

1.5

Gerador de um semigrupo

Inicialmente iremos definir o gerador de um semigrupo em C(X).

Defini¸c˜ao 8. O gerador infinitesimal de um semigrupo {S(t)}t>0 em C(X) ´e o operador L definido por:

Lf = lim

t→0

1

(28)

´

E interessante notar que este limite n˜ao est´a necessariamente definido para qualquer f ∈ C(X). Denotamos por D(L) o dom´ınio do gerador, no qual est´a definido o limite da equa¸c˜ao (8).

Pela Defini¸c˜ao 8, podemos ver que:

Proposi¸c˜ao 2. Se L ´e semigrupo de S(t) e f ∈D(L), ent˜ao S(t)f = exp tLf.

Antes de verificar, ´e importante qualificar o que significa exp tLf . Usualmente define-se exp tLf da forma mais intuitiva:

exp tLf := ∞ X k=0 (tL)k k! f. (1.24)

Entretanto, esta defini¸c˜ao n˜ao faz sentido quando L ´e n˜ao limitada. Com isso, definimos exp tLf da seguinte maneira:

exp tLf := lim n→∞  I − t nL −n f. (1.25)

onde I ´e o operador identidade.

Portanto, para verificarmos a Proposi¸c˜ao 2, primeiramente note que dtd [S(t)] = LS(t), pois: d dt[S(t)] f = lims→0 1 s{S(t + s)f − S(t)f } = S(t) lims→0 1 s{S(s)f − f } = S(t)L. (1.26) Assim, a solu¸c˜ao da equac˜ao diferencial ´e tal que:

d

dt [S(t)] = d

dt[exp Lt] = L exp tLf. (1.27) Assim como foi feito com o semigrupo, estamos interessados em definir um gerador conservativo:

Defini¸c˜ao 9. Um gerador L ´e dito conservativo se ∀fn ∈D(L), tal que fn → 1 limitada e

pontualmente6, ent˜ao lim

n→∞Lfn(η) = 0 ∀ η ∈ X.

Vale ressaltar que se L ´e o gerador de um semigrupo (S(t))t>0 fortemente cont´ınuo e (S(t))t>0 ´e conservativo, ent˜ao L ´e conservativo. Se (S(t))t>0 ´e conservativo e (fn)n>0 ∈

C(X) ´e uma sequˆencia tal que fn → 1 limitada e pontualmente, ent˜ao limn→∞S(t)fn = 6Convergˆencia pontual e limitada significa que as fun¸oes f

n ∈D(L) s˜ao tais que supn||fn||sup< ∞ e a convergˆencia ´e pontual

(29)

1. Desta forma, aplicando a defini¸c˜ao de gerador, temos que limt→0limk→∞ S(t)fk −fk t = limt→0limk→∞S(t)fk −limk→∞fk t = 0 (Ver Defini¸c˜ao 6).

Para poder enunciar o Teorema 8, o Teorema de Hille-Yosida, que ser´a importante para estudar semigrupos de Feller, precisaremos definir um operador dissipativo. Entretanto, antes disto vale definir o princ´ıpio do m´aximo relativo. Se

∀f ∈D(L), sup

η∈X

f (η) = f (˜η) > 0, (1.28) implica que Lf (˜η) 6 0, ent˜ao se diz que L satisfaz o princ´ıpio do m´aximo relativo.

Vale dizer que, um operador linear L em C(X) ´e dito dissipativo se existe λ > 0 tal que ||λf − Lf || > λ||f|| ∀f ∈ D(L). Entretanto, iremos utilizar a seguinte proposi¸c˜ao sobre operadores lineares dissipativos:

Proposi¸c˜ao 3. Um operador linear L em C1

c(X), com X ⊂ RZ, satisfazendo o princ´ıpio do

m´aximo relativo ´e dissipativo.

Esta proposi¸c˜ao ´e importante para que se possa enunciar o Teorema de Hille-Yosida em termos do princ´ıpio do m´aximo relativo e n˜ao, como em sua forma cl´assica, para operadores dissipativos.

1.6

Teorema de Hille-Yosida e perturba¸

ao

O teorema de Hille-Yosida ´e um teorema fundamental para o estudo de semigrupos de Feller. Atrav´es dele ´e poss´ıvel relacionar uma classe de geradores aos seus semigrupos de Feller. Com isso, uma vez conhecido o gerador de um semigrupo de Feller, pelo Teorema 7, ´e poss´ıvel relacion´a-lo a um processo de Markov. Nesta se¸c˜ao iremos enunciar este teorema. Para que se possa entender o enunciado deste teorema, ´e necess´ario conhecer quatro conceitos: o de gerador fechado, o de fecho, o de gerador fech´avel e o de core. Caso o leitor n˜ao esteja familiarizado com estes conceitos, eles est˜ao definidos no apˆendice A.

Com isso, pode-se enunciar a seguinte vers˜ao do teorema de Hille-Yosida:

Teorema 8. (Hille-Yosida) Seja X ⊂ RZ. O fecho L de um operador linear L em C1 c(X)

gera um semigrupo (S(t))t>0 fortemente cont´ınuo, positivo e de contra¸c˜ao em C(X) se e somente se:

ˆ D(L) ´e denso em C(X).

(30)

ˆ R(λ − L) ´e denso em C(X) para algum λ > 0.

A demonstra¸c˜ao do teorema acima pode ser encontrada em (6) (ver demonstra¸c˜ao do teorema 2.2 na p´agina 165).

1.6.1

Perturba¸

ao

Uma parte importante do processo de renova¸c˜ao ´e que ele pode ser visto como um processo de crescimento determin´ıstico e que renova com uma taxa, que pode depender da configura¸c˜ao de outros processos. Neste caso, chamaremos esses processos interagentes de processo de renova¸c˜ao multidimensional, como descrito por Spitzer em (19). Desta forma, podemos estar interessados em construir o gerador do processo de renova¸c˜ao como a agrega¸c˜ao de um gerador que representa o crescimento determin´ıstico e outro respons´avel pelas renova¸c˜oes. Para que possamos fazer isso, ser´a necess´ario usar o seguinte teorema:

Teorema 9. Seja A um operador linear em C1

c(X) tal que A gera um semigrupo fortemente

cont´ınuo de contra¸c˜ao em C(X). Seja B um operador linear dissipativo em C(X) tal que D(B) ⊃ D(A). Se

kBf k 6 αkAfk + βkfk f ∈ D(A), (1.29) onde 0 6 α 6 1 e β > 0, ent˜ao A + B gera um semigrupo fortemente cont´ınuo de contra¸c˜ao em C1

c(X). Ademais A + B = A + B.

A demonstra¸c˜ao deste teorema pode ser encontrada em (6), como Teorema 1.7.1.

1.7

Processos estacion´

arios e Teorema de Orey

Evidentemente, para que fa¸ca sentido estudar a medida limite de um processo ´e importante que este limite seja estacion´ario, de forma que nesta se¸c˜ao ser´a definido de forma rigorosa o que este conceito significa. Al´em disso, o Teorema de Orey nos dir´a as condi¸c˜oes para que um processo de Markov convirja para sua ´unica medida invariante. Assim, vamos come¸car definindo uma medida estacion´aria:

Defini¸c˜ao 10. Uma medida de probabilidade µ em X ´e dita estacion´aria para um processo com semigrupo S(t) se µS(t) = µ para todo f ∈ Cb(X) ∀t > 0, ou seja,

Z

S(t)f dµ = Z

(31)

Assim como na se¸c˜ao 1.5 mostramos a correspondˆencia que existe entre um semigrupo e seu gerador, ´e natural perguntar se ´e poss´ıvel identificar se um gerador ´e o gerador de um semigrupo estacion´ario. O seguinte teorema traz a resposta afirmativa para semigrupos de Feller:

Teorema 10. Seja L o gerador de um semigrupo de Feller (S(t))t> com D ⊂ C(X), D core para L. Uma medida de probabilidade µ ´e estacion´aria para este processo se e somente se

Z

Lf dµ = 0 ∀f ∈ D. (1.31) Demonstra¸c˜ao. Se µ ´e estacion´aria, ent˜ao seja f ∈D(L). Ent˜ao,

Z Lf dµ = Z lim t→0 S(t)f − f t dµ = limt→0 R S(t)f dµ − R f dµ t = limt→0 R f dµ − R f dµ t = 0. (1.32)

Como D ´e core para L, podemos tomar D =D(L). Como S(t) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo temos que:

Z (S(t)f − f )dµ = Z Z t 0 LS(s)f ds dµ = Z t 0 Z LS(s)f dµ ds, (1.33) com a ´ultima igualdade garantida pelo teorema de Fubini.

Como S(t)f ∈ D(L), ent˜ao R LS(s)fdµ = 0. Assim, pela equa¸c˜ao (1.33), podemos garantir que:

Z

(S(t)f − f )dµ = 0. (1.34)

1.7.1

Teorema de Orey

Vamos denotar por {ηti}i=1,2,3... uma proje¸c˜ao de um processo estoc´astico (ηt)t>0. Com

isso, podemos definir um processo de Markov Harris-recorrente da seguinte maneira:

Defini¸c˜ao 11. A cadeia {ηti}i=1,2,3... ´e dita Harris recorrente se existe uma medida positiva,

σ-finita e invariante m para este processo tal que para todo A ⊂ B(X) tal que m(A) > 0 implica que: P ∞ X i=0 1(A)ηti = ∞ ! = 1, (1.35)

(32)

para qualquer configura¸c˜ao inicial η.

Tendo visto que processos de renova¸c˜ao s˜ao Harris-recorrentes e aperi´odicos, ´e ´util enunciaremos o Teorema de Orey:

Teorema 11. (Orey) Seja {ηti}i=1,2,3... uma cadeia de Markov Harris-recorrente e aperi´odica

com distribui¸c˜ao invariante µ com µ(X) = 1. Ent˜ao, para qualquer medida de probabilidade υ B(X)-mensur´avel, temos que:

lim

n→∞||υP ?

(33)

Cap´ıtulo 2

Processo de renova¸

ao

multidimensional

2.1

Modelo finito dimensional de Spitzer

Neste cap´ıtulo vamos tratar do processo de renova¸c˜ao de Spitzer para o caso finito dimensional na reta.

Na primeira parte, da se¸c˜ao 2.2 a 2.4, iremos mostrar como ´e poss´ıvel descrever um processo de renova¸c˜ao multidimensional atrav´es de seu gerador e procurar uma medida invariante para o processo com o uso deste gerador, como feito por Spitzer em (19). Atrav´es destes elementos ser´a poss´ıvel enunciar o teorema da renova¸c˜ao de Spitzer, o que ser´a feito na se¸c˜ao 2.4.

Vale ressaltar que o processo descrito por Spitzer em (19) n˜ao ´e Feller. Desta forma, a segunda parte deste cap´ıtulo tem como objetivo mostrar como Andjel e Vares (1) encontraram uma forma de construir o processo de renova¸c˜ao multidimensional de Spitzer como o limite de processos de Feller. Esta constru¸c˜ao ser´a mostrada na se¸c˜ao 2.5.

Uma vez que mostramos a constru¸c˜ao do processo de Feller que aproxima o processo de renova¸c˜ao de Spitzer veremos, na se¸c˜ao 2.6, que o limite desta aproxima¸c˜ao gera um processo de Markov com o mesmo comportamento de um processo determinado por Ln. Na se¸c˜ao 2.7

iremos mostrar que o processo de Markov construido na se¸c˜ao 2.6 ´e erg´odico.

2.2

Descri¸

ao atrav´

es do gerador

Nesta se¸c˜ao vamos mostrar como Spitzer constr´oi o gerador do processo de renova¸c˜ao atrav´es da descri¸c˜ao de sua dinˆamica. Para tanto, vamos olhar para a defini¸c˜ao de gerador

(34)

de um processo e mostrar como podemos usar seu comportamento para deriv´a-lo. Esta descri¸c˜ao ´e importante no intuito de passar do caso unidimensional para o multidimensional. Usando a rela¸c˜ao dada pela equa¸c˜ao (1.14) temos que:

Lf (η) = lim s↓0 S(s)f (η) − f (η) s = lims↓0 1 sEη[f (ηs) − f (η0)].

Desta forma, podemos escrever o modelo de renova¸c˜ao de Spitzer a partir do caso geral acima. Como tomaremos o limite s → 0, se houver pelo menos uma renova¸c˜ao no intervalo [0, s) teremos que ηs ser´a aproximadamente zero - uma vez que se houver alguma renova¸c˜ao

em [0, s) teremos ηs 6 s e, neste caso, ηs → 0 quando s → 0 - que ocorre com probabilidade

ϕ(η)s. Com probabilidade (1 − ϕ(η)s) n˜ao h´a nenhuma renova¸c˜ao em [0, s). Assim temos que a aproxima¸c˜ao linear para o gerador ser´a tal que:

Eη[f (ηs)] ≈ (ϕ(η)s)(f (0)) + [1 − ϕ(η)s]f (η + s). (2.1)

Vale ressaltar que para que se possa falar em Eη, vamos sempre exigir que as vari´aveis

aleat´orias (Ti)i∈Z, que formam o processo, como mostrado na se¸c˜ao 1.1 sejam independentes

e positivas, mas neste caso a taxa de renova¸c˜ao n˜ao ´e mais constante, de forma que a n˜ao s˜ao mais identicamente distribu´ıdas. Com isso, tem-se que o gerador L1 para o processo de

renova¸c˜ao unidimensional da forma:

L1f (η) = lim s↓0 1 s[f (η + s) − f (η)][1 − ϕ(η)s] + lims↓0 1 sϕ(η)s[f (0) − f (η)], aplicando o limite s → 0 = ∂f (η) ∂η + ϕ(η) [f (0) − f (η)] . (2.2)

2.3

Medida invariante para o processo de Spitzer

Uma vez que conhecemos o gerador do processo de renova¸c˜ao unidimensional dado pela equa¸c˜ao (2.2) queremos conhecer a densidade da medida estacion´aria para o processo para diferentes fun¸c˜oes de taxa ϕ. De fato, pelas condi¸c˜oes do teorema 10, ter´ıamos que verificar que o semigrupo cujo gerador ´e L1 teria de ser Feller, o que n˜ao necessariamente ´e verdade,

para garantir a estacionaridade de determinada medida.

Sendo assim, podemos procurar medidas candidatas a estacion´arias lembrando que uma medida µ em P(X) ´e estacion´aria somente se:

(35)

Z

Lf dµ = 0. (2.3)

Quando µ for uma medida absolutamente cont´ınua com rela¸c˜ao `a medida de Lebesgue podemos escrevˆe-la como

Z

X

Lf (η)h(η)dη = 0, (2.4) onde h ´e a densidade da medida µ.

Desta forma, assim como feito por Spitzer (19), temos que se a condi¸c˜ao da equa¸c˜ao (2.4) for satisfeita µ ser´a uma medida candidata a medida invariante para o semigrupo cujo gerador ´e L.

Esta express˜ao leva ao corol´ario da renova¸c˜ao de Spitzer1 unidimensional:

Corol´ario 1. (Corol´ario da Renova¸c˜ao de Spitzer):Seja um processo de renova¸c˜ao com configura¸c˜ao η ∈ R+ com taxa de renova¸c˜ao ϕ(η) e se exp(−

0 ϕ(s)ds) for integr´avel em

R+. Ent˜ao a densidade h da medida µ tal que R L1f dµ = 0 ´e dada por:

h(η) = Z−1exp(−Rη

0 ϕ(s)ds) η ∈ R+.

onde Z−1 ´e uma constante de normaliza¸c˜ao.

Apesar de ser apenas um corol´ario, iremos colocar a demonstra¸c˜ao abaixo no sentido de facilitar a explica¸c˜ao do papel do potencial ψ na demonstra¸c˜ao do Teorema 12. Um dos passos na demonstra¸c˜ao do caso com somente uma componente (η ∈ R+) ´e a utiliza¸c˜ao do teorema

fundamental do c´alculo. Quando estivermos no caso multidimensional finito (η ∈ Rn+), vamos querer ter uma propriedade an´aloga - como ser´a visto na subse¸c˜ao 2.4 - que ser´a o uso da restri¸c˜ao que a taxa seja o gradiente de um potencial.

Demonstra¸c˜ao. Z L1f dµ = Z h(η)∂f ∂ηdη + Z h(η)ϕ(η) [f (0) − f (η)] dη. (2.5)

Fazendo a integra¸c˜ao por partes do primeiro termo `a direita na equa¸c˜ao (2.5) chega-se a:

Z ∞ 0 h(η)∂f ∂ηdη = t→∞lim h(t)f (t) − h(0)f (0) − Z ∞ 0 f (η)∂h ∂ηdη. (2.6)

(36)

Como limt→∞h(t)f (t) = 0, pois f (t) ´e limitado por hip´otese, limt→∞h(t) = 0 por ser uma

densidade mon´otona n˜ao crescente, como ϕ(

·

) > 0 e usando a hip´otese que ∂h∂η = −ϕh chega-se a: Z ∞ 0 h(η)∂f ∂ηdη = −h(0)f (0) + Z ∞ 0 h(η)ϕ(η)f (0)dη. (2.7)

Para mostrar que R L1f dµ = 0 basta mostrar que h(0)f (0) =

R∞

0 f (0)h(η)ϕ(η)dη.

Novamente usando o fato que ∂h(η)∂η = −ϕh temos que:

Z ∞ 0 f (0)h(η)ϕ(η)dη = − Z ∞ 0 f (0) [−ϕ(η)h(η)] dη = − lim t→∞h(t)f (0) + h(0)f (0) = h(0)f (0). (2.8) Assim, Z L1f dµ = −h(0)f (0) + Z ∞ 0 h(η)ϕ(η)f (0)dη = −h(0)f (0) + h(0)f (0) = 0.

Uma vez que conhecemos uma medida candidata `a invariante para o processo de renova¸c˜ao unidimensional, vamos definir um processo de renova¸c˜ao multidimensional, no qual em cada coordenada a taxa de renova¸c˜ao ϕi depende da idade de outros processos.

Em (19), Spitzer mostra uma forma para que a taxa do processo satisfa¸ca as condi¸c˜oes do Teorema 10. De fato, a forma apresentada por ele mostrada n˜ao ´e necessariamente um processo de Feller. Entretanto, na se¸c˜ao 2.5 tem-se que apesar destes processos n˜ao serem Feller, ´e poss´ıvel aproxim´a-los por processos Feller no caso particular que ser´a apresentado na se¸c˜ao 2.4.1, no qual ϕi ´e dada pela idade m´edia dos vizinhos do processo i mais uma

constante c.

2.4

Teorema da Renova¸

ao de Spitzer

Nesta subse¸c˜ao ser´a discutido o Teorema da Renova¸c˜ao de Spitzer.

Inicialmente, queremos deixar claro qual o processo com o qual estamos lidando. Ao inv´es do processo de renova¸c˜ao estar definido em R+, ele est´a defindo em Rn+. Um processo

multidimensional neste contexto significa que a taxa com que um s´ıtio i ∈ {1, . . . , n} renova depende da configura¸c˜ao do processo como um todo, naquele momento. Ou seja, a taxa de renova¸c˜ao do processo no s´ıtio i com configura¸c˜ao ηt no instante t ser´a uma fun¸c˜ao desta

(37)

configura¸c˜ao ηt(ie, depende da fun¸c˜ao ηt→ ϕi(ηt)). Seria poss´ıvel pensar em um processo no

qual a taxa de renova¸c˜ao no s´ıtio i no instante t, ϕi(ηt), dependa somente da idade do s´ıtio i no

instante t (ou seja, de ηt(i)). No entanto, isso n˜ao seria de fato um processo multidimensional

interessante, mas sim a agrega¸c˜ao de n processos unidimensionais independentes. Portanto queremos tratar de um processo no qual ϕi dependa de mais do que um s´ıtio. Um exemplo de

forma como isso pode acontecer ´e o da se¸c˜ao 2.4.1, no qual a taxa ϕi(ηt) ser´a dada pela m´edia

da idade dos processos vizinhos mais uma constante c, de forma que ϕi(ηt) = c+ηt(i−1)+η2 t(i+1).

Teorema 12. (Teorema da Renova¸c˜ao de Spitzer): Se a taxa de renova¸c˜ao ϕ ´e tal que

ϕ(η) = grad ψ(η) η ∈ Rn +,

se exp(−ψ) ´e integr´avel em Rn+ e h a densidade da medida µ ´e tal que

h(η) = Z−1e−ψ(η) = Z−1exp(−Rηi

0 . . .

Rηn

0 ϕ(s1, . . . , sn)ds1. . . dsn) ηi ∈ R+,

Ent˜ao R Lnf dµ = 0, para f fun¸c˜ao escalar e onde Z−1 ´e uma constante de normaliza¸c˜ao.

Note que, por ψ ser um potencial, para qualquer caminho γ : [a, b] → Ω teremos que R

X∇ψdx =

R

Xϕdx = ψ(γ(b)) − ψ(γ(a)). Como para o caso unidimensional, basta que f seja

cont´ınua e ψ uma primitiva para ϕ para que se tenhaRabϕ(x)dx =Rab ∂ψ(x)x dx, ent˜ao o que o que se busca utilizando o potencial ´e preservar no caso multidimensional esta caracter´ıstica da primitiva¸c˜ao unidimensional. Por ser um potencial, h´a a garantia de que ϕi(η) esteja bem

definido e, de fato, Diψ(η) = ϕi(η), Di ´e o operador diferencial na i-´esima coordenada.

Spitzer em (19) faz a demonstra¸c˜ao para o caso n = 2, e mostra claramente os pontos principais da demonstra¸c˜ao. O argumento estende-se para qualquer n > 2 (Veja apˆendice B).

2.4.1

Infinitos componentes interagindo

Spitzer (19) discute como um exemplo o seguinte caso particular de intera¸c˜ao entre infinitos componentes, com fronteira zero ou peri´ıdica, no qual a taxa de renova¸c˜ao da k-´esima componente ´e dada por:

ϕk(η) = c +

η(k − 1) + η(k + 1)

2 . (2.9)

Podemos notar que se houver finitos componentes interagindo,n, i.e. estivermos utilizando fronteira zero para o processo, de forma que a taxa ϕ(η) ser´a o gradiente para o seguinte potencial:

(38)

ψ(η) = c n X i=1 η(i) + 1 2 n−1 X i=1 η(i)η(i + 1). (2.10)

Assim, note que como ϕ ´e o gradiente do potencial ψ e, portanto, quando n ´e finito se enquadra nas hip´oteses do Teorema 12. Entretanto, Spitzer quer estudar o caso infinito dimensional, fazendo com que n → ∞. Apesar de Spitzer (19) propor uma demonstra¸c˜ao baseada na utiliza¸c˜ao de fronteiras peri´odicas, esta n˜ao ´e a extens˜ao feita por Andjel e Vares (1), que, como veremos na se¸c˜ao 3.1, utiliza outra abordagem conhecida como fronteira zero.

2.5

Aproxima¸

ao finito dimensional

No teorema 10, ´e necess´ario que o semigrupo cujo gerador ´e L seja Feller para que para que a condi¸c˜ao da equa¸c˜ao (1.31) seja suficiente para dizer que µ seja estacion´aria.

Nesta se¸c˜ao vamos mostrar como o m´etodo usado por Andjel e Vares (1) foi utilizado para fazer a aproxima¸c˜ao do processo com gerador Ln - dado pela equa¸c˜ao (2.11), que ser´a

enunciada - por um processo de Feller com gerador Ln,k dado na equa¸c˜ao (2.16), ao qual se

pode aplicar o teorema de Hille-Yosida e o teorema 10 para garantir sua estacionariedade e depois passar ao processo limite, correspondente a Ln.

Neste caso, o gerador de um processo de renova¸c˜ao multidimensional com espa¸co de estados Xn= R [−n,n] + ´e dado por: Lnf (η) = n X i=−n ∂ ∂η(i)f (η) + n X i=−n ϕi(η)(f (ηi) − f (η)), (2.11)

onde η ´e uma configura¸c˜ao inicial η ∈ Xn⊂ R [−n,n]

+ , ϕi(η) ´e a taxa com a qual a componente

no s´ıtio i renova, para configura¸c˜ao η e

ηi = (

ηi(x) = η(x) se x 6= i

ηi(x) = 0 se i = x. (2.12)

Como neste caso estamos trabalhando com fronteira zero, definimos η(−n−1)−η(n+1) = 0. Se estiv´essemos tratando de um processo com fronteira peri´odica definir´ıamos η(−n − 1) = η(n) e η(n + 1) = η(−n).

O processo de Markov determinado por Ln em C(X) n˜ao define um semigrupo em C(X),

i.e. η → P (t, η, f ) n˜ao pertence a C(X) mesmo se f ∈ C(X). Ademais, para o semigrupo associado a Ln e definido em Cb(X) vemos, tamb´em facilmente, que n˜ao ´e fortemente

(39)

cont´ınuo, ou seja, para f ∈ Cb(X) n˜ao vale necessariamente a convergˆencia uniforme de

Eηf (ηt) → f (η) quando t → 0. Para isto, vamos olhar o seguinte exemplo, tomando n = 1:

Inicialmente note para um processo em X1 e uma sequˆencia de configura¸c˜oes iniciais ηk

de forma que ηk(−1) = ηk(1) = k e ηk(0) = 7. Al´em disso, podemos escolher f ∈ Cb(X) tal

que: f (η) =      η(0) se η(0) 6 4 (8 − η(0)) se 4 < η(0) < 8 0 se η(0) > 8. (2.13)

Estamos interessados em mostrar que existe uma sequˆencia de instantes tk que converge

a zero tal que

lim

k→∞|Eηf (η k

tk) − f (η

k)| 6= 0. (2.14)

Para isso, ´e importante notarmos que os s´ıtios +1 e −1 tˆem como vizinhos somente o s´ıtio 0 de forma que:

ϕ−1(ηtkk) 6 c + ηk(0) + tk 2 e ϕ1(η k tk) 6 c + ηk(0) + tk 2 ∀t > 0. (2.15)

Como ηk(0) ´e constante em k, a taxa de renova¸c˜ao nos s´ıtios ηk(−1), ηk(1) e no seus

limites quando k → ∞ ´e limitada de forma que as probabilidades de renova¸c˜ao nos s´ıtios −1 e 1 at´e o instante tk convergem a zero quando tk vai a zero.

A probabilidade de ηk

·

renovar at´e o instante tk no s´ıtio 0, por sua vez, vai a um quando

k → ∞. Com isso, limk→∞Eηf (ηktk) = 0. Assim, teremos que como limk→∞f (η

k) = 1, assim

limk→∞|Eηf (ηktk) − f (η

k)| > 0.

Para que se possa posteriormente associar o gerador Ln a um processo de Markov, atrav´es

do Teorema 7, aproxima-se o processo governado por Ln por outro Ln,k, este sim o gerador

de um semigrupo de Feller. Dessa forma, para f ∈ C1

c(X) podemos definir o seguinte gerador:

Ln,kf (η) = n X i=−n ∂ ∂η(i)f (η) + gk n X i=−n η(i) ! n X i=−n ϕi(η)(f (ηi) − f (η)), (2.16) tal que

(40)

g(k)(t) =      1 se t 6 k 2 − kt se k < t < 2k 0 se t > 2k, (2.17)

no qual as renova¸c˜oes s˜ao controladas.

O teorema a seguir diz que o gerador Ln,k, no qual limitam-se as taxas de renova¸c˜oes, ´e,

de fato, o gerador de um semigrupo de Feller.

Teorema 13. O fecho de Ln,k em C(Xn) gera um semigrupo de Feller Sn,k(t) em C(Xn).

Ademais, existe um processo de Markov associado e sua fun¸c˜ao de probabilidade de transi¸c˜ao ´e Pn,k(t, η,

·

).

A demonstra¸c˜ao deste Teorema pode ser encontrada no apˆendice C. Vale notar que o processo de Markov com fun¸c˜ao de transi¸c˜ao Pn,k(t, η,

·

) n˜ao ´e o descrito por Spitzer. A

estrat´egia que ser´a adotada ´e a de mostrar que quando k → ∞ teremos um processo de Markov que ter´a a mesma dinˆamica do processo do gerador Ln descrito na equa¸c˜ao (2.11).

Al´em disso, somente na demonstra¸c˜ao do Teorema 13 ser˜ao usados os Teoremas 7 e 8, forma esta que poderia ser considerada a canˆonica de se relacionar um gerador, de um semigrupo de Feller, com um processo de Markov. Ocorre, no entanto, que somente o gerador Ln,k´e o gerador de um semigrupo de Feller de forma que se pode usar os Teoremas de

Hille-Yosida e o 7 para construir sua fun¸c˜ao de transi¸c˜ao. Para construir o processo com fun¸c˜ao de transi¸c˜ao Pn(t, η,

·

) ser´a feita uma aproxima¸c˜ao pelo processo com fun¸c˜ao de transi¸c˜ao

Pn,k(t, η,

·

). Esse por sua vez servir´a para construir o processo com volume infinito e fun¸c˜ao

de transi¸c˜ao P (t, η,

·

). Assim somente Pn,k(t, η,

·

) ser´a constru´ıda utilizando o Teorema de

Hille-Yosida e o Teorema 7.

2.6

Constru¸

ao do Processo de Spitzer

Na se¸c˜ao 2.5 vimos que o processo de Markov determinado por Ln n˜ao ´e Feller. Desta

forma, foi definido outro processo com gerador Ln,k que ´e Feller. Nesta se¸c˜ao, mostraremos

que ao fazer k tender a infinito teremos um processo de Markov com gerador Ln.

Assim sendo, inicialmente se construir´a uma probabilidade de transi¸c˜ao como o limite das probabilidades de transi¸c˜ao geradas por semigrupos de Feller e, ent˜ao, verificaremos, usando o Teorema 4, que esta fun¸c˜ao de transi¸c˜ao limite ´e, de fato, uma fun¸c˜ao de transi¸c˜ao para um processo de Markov.

(41)

A ideia por tr´as dos Lemas 1 e 2 ´e mostrar que o comportamento de quaisquer dois processos com geradores Ln,k e Ln,l para k e l suficientemente grandes coincidem de forma

que este ´e o comportamento do processo limite associado a ´e Ln.

Lema 1. Sejam η, ξ ∈ Xn. Ent˜ao, ´e poss´ıvel construir um processo de Markov ¯Pn,k(

·

,

·

,

·

)

tal que: ˆ ¯Pn,k(t, (η, ξ), Γ × Xn) = Pn,k(t, η, Γ) ∀t > 0, η, ξ ∈ Xn e Γ ∈B(Xn) ˆ ¯Pn,k(t, (η, ξ), Xn× Γ) = ¯ Pn,k(t, (η, ξ), Xn× Γ) = ( 1 se ξ + t ∈ Γ

0 caso contr´ario (2.18)

∀t > 0, η, ξ ∈ Xn e Γ ∈B(Xn).

Se A = {(η, ξ) : η 6 ξ}, ent˜ao ¯

Pn,k(t, (η, ξ), A) = 1 ∀ t > 0 η, ξ ∈ X, (2.19)

tal que η 6 ξ.

Ser´a adotada a seguinte nomenclatura, an´aloga `aquela adotada na demonstra¸c˜ao do Teorema 13: ¯ Ln,k = A¯n+ ¯Bn,k (2.20) ¯ Anf = n X i=−n  ∂f ∂η(i) + ∂f ∂ξ(i)  (2.21) ¯ Bn,kf = gk n X i=−n η(i) ! n X i=−n ϕi(η)(f (ηi, ξ) − f (η, ξ)), (2.22)

com a fun¸c˜ao gk dada pela equa¸c˜ao 2.18. A demonstra¸c˜ao deste lema se encontra no apˆendice

D. Dele decorre imediatamente que Pn,k(t, η, Kη+t) = 1.

Para que possamos mostrar a convergˆencia de Pn,k(t, η,

·

) para uma medida de

probabilidade quando k → ∞ e, assim, poder mostrar que esta medida limite ´e de fato uma fun¸c˜ao de transi¸c˜ao para um processo de Markov, ser´a necess´ario provar o seguinte lema:

Lema 2. Pn,k(t, η, Γ) = Pn,l(t, η, Γ) para todo Γ ∈B(Xn) e para todo η e t tal que ||η + t|| 6

(42)

Antes de provar este lema, ´e importante lembrar que se uma sequˆencia de medidas de probabilidade νnemP(X) for r´ıgida, no sentido que para todo  existe um conjunto compacto

K tal que νn(K) > 1 −  ∀ n, ent˜ao ela ´e (sequencialmente) relativamente compacta:

qualquer subsequencia possui uma posterior subsequˆencia convergente a uma medida de probabilidade. (Ver teorema 25.10 de (3)).

Demonstra¸c˜ao. Pelo Teorema 13, Sn,k(t)f (η) = Pn,k(t, η, f ), onde Pn,k(t, η, ·) ´e fun¸c˜ao de

probabilidade de transi¸c˜ao de um processo de Markov.

Usando a linearidade da integral, o lema 1 e o fato que Sn,k ´e fortemente cont´ınuo e, por

isso, Sn,k(t)f − f = Rt 0Ln,kSn,kf ds, assim como Sn,k(t)f − Sn,l(t)f = Z t 0 [An+ Bn,k] Sn,k(s)f ds − Z t 0 [An+ Bn,l] Sn,lf ds, (2.23) chega-se a: Sn,k(t)f − Sn,l(t)f = Z t 0 Sn,k(s) [An+ Bn,k− An− Bn,l] Sn,lf ds (2.24)

Pelo Lema 1, o processo ´e tal que at´e o tempo t com probabilidade 1 ele estar´a em Kη+t.

Sendo assim, escolhendo k e l tais que ||η + t|| 6 min{k, l} n˜ao haver´a restri¸c˜oes em nenhum dos dois processos at´e o tempo t. Com isso Bn,k = Bn,l.

Desta forma, temos que:

Sn,k(t)f − Sn,l(t)f = Z t 0 Sn,k(s) [An+ Bn,k− An− Bn,l] Sn,lf ds = Z t 0 Sn,k(s) [An− An] Sn,lf ds. Assim: Sn,k(t)f = Sn,l(t)f. (2.25)

Al´em disso, como gk(||η + t||) = 1 e gl((||η + t||) = 1, ent˜ao para os processos em quest˜ao,

at´e o instante t, os geradores Lm,k e Ll,k se comportam exatamente como o gerador Ln, da

equa¸c˜ao (2.11).

Agora, estamos preparados para demonstrar o Teorema 14 que tratar´a da medida limite de Pn,k(t, η, f ) quando k vai a infinito. Ou seja, queremos encontrar um processo cujo gerador

ser´a o da equa¸c˜ao (2.11) e mostrar que de fato ele ´e um processo de Markov.

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