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Educação do campo uma política em construção: desafios para Sergipe e para o Brasil

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE NUCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DOUTORADO EM EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO DO CAMPO UMA POLÍTICA EM CONSTRUÇÃO: DESAFIOS PARA SERGIPE E PARA O BRASIL. MARILENE SANTOS. SÃO CRISTOVÃO (SE) 2013.

(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE NUCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DOUTORADO EM EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO DO CAMPO UMA POLÍTICA EM CONSTRUÇÃO: DESAFIOS PARA SERGIPE E PARA O BRASIL. MARILENE SANTOS. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial para obtenção do titulo de doutor em Educação. Orientadora: Dra. Sonia Meire Santos Azevedo de Jesus. SÃO CRISTOVÃO (SE) 2013.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Santos, Marilene S237e Educação do campo uma política em construção : desafios para Sergipe e para o Brasil / Marilene Santos ; orientadora Sonia Meire Santos Azevedo de Jesus. – São Cristóvão, 2013. 302 f. Tese (doutorado em Educação) – Universidade Federal de Sergipe, 2013. 1. Educação e Estado. 2. Educação rural. 3. Neoliberalismo e educação. I. Jesus, Sonia Meire Santos Azevedo de, orient. II. Título. CDU 37.018.51.

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(5) À minha irmã Ledinha que a escola não alfabetizou; A NAPUT que torceu por esse trabalho, mas partiu precocemente para outro plano nos deixando a saudade..

(6) AGRADECIMENTOS Ao chegar ao final desses quatro anos e dois meses, durante os quais enfrentei momentos muito difíceis, quero agradecer as pessoas com quem pude contar. Foram muitos os amigos e as amigas que compartilharam comigo, durante esse período, momentos de alegria, angustia, perdas, dúvidas e contentamento. A todos eles, quero dizer muito obrigada. À minha mãe que perdi nesse percurso, pelo amor, carinho e dedicação de todas as horas. Às minhas irmãs e irmãos pela compreensão com as muitas ausências. Aos sobrinhos e sobrinhas pelo apoio com a tecnologia, especialmente: Géssica, Evandro, Elenilson e Felipe. Aos professores, diretores e coordenadores de escolas do campo, pela disposição com que me receberam. Aos secretários e secretárias municipais de Educação que deram importantes contribuições para a realização dessa pesquisa. Às professoras Solange Lacks e Celi Taffarel, pela valiosa contribuição ao trabalho tanto na qualificação como na defesa da pesquisa. À professora Maria Helena, por se dispor a ler este trabalho e dar sua contribuição. Ao professor André Martins, que gentilmente aceitou nosso convite, por sua disposição em dedicar seu precioso tempo e conhecimentos para contribuir com o aperfeiçoamento dessa pesquisa, meu agradecimento. À minha orientadora e amiga, Sonia Meire, por ter aceitado o desafio de me orientar, pela paciência e carinho durante essa caminhada, pela sua rigorosidade acadêmica e capacidade intelectual, por me pôr sempre a pensar e pela maneira sábia de conduzir nossos momentos de orientação. Muito obrigada, Sonia..

(7) RESUMO Analisar os efeitos produzidos pelas políticas educacionais implementadas nas escolas do campo no período correspondente entre 1997 e 2010 no Estado de Sergipe é o principal objetivo desta Tese. A pergunta central da tese versa sobre compreender se a implementação dos programas do governo federal nas escolas do campo no Estado de Sergipe têm produzido transformações na política educacional camponesa? Se apresentam contradições, e se há a partir de tais programas possibilidade de superação do contexto educacional atual segundo os interesses dos trabalhadores do campo? Para análise da política de Educação do Campo no Estado de Sergipe foi identificado e analisado cinco programas educacionais que constituíram a Educação do Campo nos últimos treze anos: o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA); o Programa Pro Jovem Campo-Saberes da Terra; o Programa Educação nos Quilombos; o Programa Escola Ativa; e o PROCAMPO – Licenciatura em Educação do Campo. A pesquisa de abordagem qualitativa e multirreferencial trabalhou tanto com pensadores marxistas, como com pesquisadores que desenvolvem teorias importantes para análise da política pública no campo das ciências políticas. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram: análise de documentos oficiais e dos conteúdos dos programas, e entrevistas com profissionais (secretários, professores, coordenadores) responsáveis pela implementação das políticas educacionais. Nos resultados encontrados destacamos que o Programa Escola Ativa era o programa de Educação do Campo presente em maior quantidade de municípios (mais de 90% dos municípios pesquisados). O Programa Educação nos Quilombos foi o único programa que não foi identificado em nenhum município, mesmo nos que têm comunidades quilombolas como Laranjeiras, Cumbe e Poço Redondo. A maioria das escolas camponesas ainda funciona em prédios improvisados e em condições extremamente impróprias. Em termos de materiais, a maioria dos alunos camponeses conta somente com o livro didático adotado para as escolas da zona urbana. Excetuam-se apenas dos alunos dos programas Escola Ativa e Pro Jovem Campo-Saberes da Terra, que tem manuais próprios. A formação continuada de professores, elemento fundamental para garantir o sucesso da politica educativa, existia também muito pontualmente em alguns municípios e era completamente inexistente na maioria deles. Nessa questão havia sempre uma compreensão divergente entre os professores e os secretários que participaram da pesquisa. Em todos os municípios pesquisados o financiamento educacional é assumido por pessoas da gestão pública municipal que não estão diretamente vinculados à educação. Dos municípios que participaram dessa pesquisa e que formam uma amostra representativa do Estado, o(a) secretário(a) de educação é responsável somente pelas ações administrativas e pedagógicas, pois, as ações financeiras estão sob a responsabilidade das secretarias de finanças. A pesquisa realizada mostrou que em Sergipe a Educação do Campo enquanto política educacional encontra-se ainda num primeiro estágio de implementação, funcionando através de projetos ou programas pontuais do governo federal. PALAVRAS CHAVE: Políticas Públicas – Educação do Campo – Neoliberalismo e Educação..

(8) ABSTRACT. Analyze the effects produced by the educational policies implemented in the rural schools in the corresponding period between 1997 and 2010 in the State of Sergipe is the main objective of this thesis. The central question of the thesis is about understanding the implementation of federal programs in the rural schools in the state of Sergipe have produced changes in educational policy peasant? If present contradictions, and there from programs such possibility of overcoming the current educational context in the interests of workers in the field? For policy analysis of Rural Education in the State of Sergipe was identified and analyzed five educational programs that formed the Rural Education in the last thirteen years: the National Education Program in Agrarian Reform (PRONERA); Program Pro-Youth Field of Knowledge land, the Program in Education Quilombos; Active School Program, and the PROCAMPO - Degree in Education Field. A qualitative study and multireferential worked with both Marxist thinkers, as with researchers who develop important theories for public policy analysis in the field of political science. The research instruments used were: analysis of official documents and content of the programs, and interviews with professionals (clerks, teachers, coordinators) responsible for the implementation of educational policies. In findings highlight the Active School Program was the Field Education program present in greater number of municipalities (more than 90% of the municipalities surveyed). The Education Program in Quilombo was the only program that was not identified in any municipality, even in those who have maroon communities like Orange, Cumbia and Well Redondo. Most schools peasant still works in makeshift buildings and in extremely inappropriate. In terms of materials, most students peasants relies only on the textbook adopted for urban schools. Exceptions are only for students on programs Active School and Youth Field Pro-Knowledge of the Earth, which has proper manuals. The continuing education of teachers, essential for ensuring the success of educational policy, there was also very timely in some counties and was completely non-existent in most of them. In this matter there was always a divergent understanding among teachers and secretaries who participated in the survey. In all municipalities surveyed educational funding is borne by persons of municipal public management that are not directly tied to education. Municipalities who participated in this research and that form a representative sample of the state, (a) Secretary (a) education is responsible only for administrative actions and pedagogical therefore financial stocks are the responsibility of the departments of finance. The survey showed that in the Sergipe Rural Education as educational policy is still in an early stage of implementation, working through specific projects or programs of the federal government. KEYWORDS: Public Policy - Rural Education - Education and Neoliberalism..

(9) RESUMEN. Analizar los efectos producidos por las políticas educativas implementadas en las escuelas rurales en el mismo período entre 1997 y 2010 en el Estado de Sergipe es el objetivo principal de esta tesis. La cuestión central de la tesis es sobre la comprensión de la aplicación de los programas federales en las escuelas rurales en el estado de Sergipe han producido cambios en la política educativa campesina? Si está presente contradicciones, y de programas como posibilidad de superar el contexto educativo actual en los intereses de los trabajadores del campo? Para el análisis de la política de Educación Rural en el Estado de Sergipe se identificó y analizó cinco programas educativos que formaron la educación rural en los últimos trece años: el Programa Nacional de Educación en la Reforma Agraria (PRONERA); Programa PROJOVEM Campo- Conocimiento de la Tierra, el Programa de Educación en quilombos, Programa Escuela Activa y el PROCAMPO - Licenciatura en Campo de la Educación. Un estudio cualitativo y multirreferencial trabajaron con ambos pensadores marxistas, como con investigadores que desarrollan teorías importantes para el análisis de las políticas públicas en el campo de la ciencia política. Los instrumentos de investigación utilizados fueron: análisis de documentos oficiales y el contenido de los programas, y las entrevistas con los profesionales (empleados, profesores, coordinadores) responsables de la aplicación de las políticas educativas. En conclusión destacan el Programa Escuela Activa fue el programa de Educación de campo presente en mayor número de municipios (más de 90% de los municipios encuestados). El Programa de Educación en el Quilombo era el único programa que no fue identificado en cualquier municipio, incluso en aquellos que tienen comunidades de cimarrones como Orange, Cumbia y Bienestar Redondo. La mayoría de las escuelas campesinas todavía trabaja en edificios improvisados y extremadamente inapropiado. En cuanto a los materiales, la mayoría de los estudiantes campesinos sólo cuenta en el libro de texto adoptado por las escuelas de la zona urbana. Las excepciones son solamente para estudiantes de programas de Escuela Activa y Campo Juvenil Pro-Conocimiento de la Tierra, que cuenta con manuales adecuados. La formación permanente de los profesores, esencial para garantizar el éxito de la política educativa, también fue muy oportuno en algunos condados y era totalmente inexistente en la mayoría de ellos. En este asunto, siempre había una comprensión divergente entre los maestros y secretarios que participaron en la encuesta. En todos los municipios de financiamiento de la educación encuestados está a cargo de personas de la administración pública municipal que no están directamente vinculados a la educación. Los municipios que participaron en esta investigación y que forman una muestra representativa del estado, (a) Secretario (a) de educación sólo es responsable de los actos administrativos y las acciones pedagógicas tanto financieros son responsabilidad de los departamentos de finanzas. La encuesta mostró que en la Educación Rural Sergipe como la política educativa se encuentra todavía en una fase inicial de aplicación, a través de proyectos o programas del gobierno federal específicos. PALABRAS CLAVE: Políticas Públicas - Educación Rural - Educación y neoliberalismo..

(10) SÚMARIO. 1. INTRODUÇÃO: ...................................................................................................... 14 1.1. Aproximação com o Tema de Pesquisa ................................................................. 21 1.2. Processos Metodológicos da Pesquisa .................................................................... 24 1.3. O Campo de Pesquisa ............................................................................................. 27 1.3.1 Os Territórios Sergipanos ..................................................................................... 27 1.3.1.1 Território da Grande Aracaju ............................................................................ 29 1.3.1.2 Território do Baixo São Francisco ..................................................................... 30 1.3.1.3 Território do Leste Sergipano ............................................................................ 31 1.3.1.4 Território do Sul Sergipano ............................................................................... 32 1.3.1.5 Território do Alto Sertão Sergipano .................................................................. 32 1.3.1.6 Território do Médio Sertão Sergipano................................................................ 33 1.3.1.7 Território do Agreste Central Sergipano........................................................... 34 1.3.1.8 Território do Centro Sul Sergipano ................................................................... 34 2 - POLITICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO DO CAMPO..................................... 36 2.1 Um novo campo de estudo: política pública.............................................................36 2.2 Estado e Políticas Públicas ...................................................................................... 45 2.3 Aspectos da Internacionalização das Políticas Educativas....................................... 55 2.4 Influências da Internacionalização na Educação ..................................................... 77. 3. –. O. CONTEXTO. SOCIAL,. ECONÔMICO. E. POLÍTICO. NA. RECONFIGURAÇÃO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO........................................... 91. 3.1 No Governo FHC...................................................................................................... 97 3.2 No Governo Lula....................................................................................................103.

(11) 4 - A EDUCAÇÃO DO CAMPO COMO POLÍTICA PÚBLICA......................... 119 4.1 Caracterização dos Principais Programas............................................................... 127 4.1.1 Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA................. 129 4.1.2 Programa PROJOVEM Campo - Saberes da Terra............................................. 139 4.1.3 Programa Educação nos Quilombos ................................................................... 144 4.1.4 Programa Escola Ativa........................................................................................ 147 4.1.5Programa PROCAMPO- Licenciatura em Educação do Campo......................... 154. 5 – EDUCAÇÃO DO CAMPO EM SERGIPE: RECORTE DE UMA POLÍTICA EM CONSTRUÇÃO.................................................................................................. 161 5.1 Educação do Campo em Sergipe: primeiros passos............................................... 162 5.2 Educação do Campo em Sergipe: uma política estatal............................................182. 6 – CONCLUSÕES .................................................................................................... 249 6.1 Do que Conquistamos na Educação do Campo ..................................................... 251 6.2 Do que Podemos Conquistar na Educação do Campo .......................................... 263. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................270. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 282. ANEXO........................................................................................................................ 284.

(12) LISTA DE SIGLAS. ALFALIT – Alfabetização através da Literatura ALFASOL – Alfabetização Solidária AMPLA – Associação dos Moradores do Povoado Ladeirinhas “A” ANARA – Associação Nacional pela Reforma Agrária. ANFOP – Associação Nacional de Formação de Professores. AP1MC – Associação do Programa 1 Milhão de Cisternas para o semiárido ASA – Articulação do Semiárido ASCOPAN – Associação Comunitária Padre Nestor em Japoatã/SE. CEFFA’s – Centros Familiares de Formação em Alternância. CFR– Casa Família Rural CNEC – Conferência Nacional por uma Educação do Campo. CONTAG – Confederação dos Trabalhadores na Agricultura. CUT – Central Única dos Trabalhadores. EDURURAL/NE - Programa de expansão e melhoria da educação no meio rural do nordeste EFAs - Escolas Famílias Agrícolas FETRAF – Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IDH – Índice de Desenvolvimento Humano INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. ITERRA – Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa na Reforma Agrária. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional..

(13) LEDOC - Licenciatura em Educação do Campo. MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens. MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário. MDS – Ministério do Desenvolvimento Social MEB – Movimento de Educação de Base. MEC Ministério da Educação. MFRs - Maisons Familiales Rurales. MMC - Movimento de Mulheres Camponesas. MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. NEPA - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alfabetização. OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais. PIB – Produto Interno Bruto. PISA – Sistema Internacional de Avaliação. PROFORMAÇÃO - Programa de Formação Inicial para Professores Leigos. PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. RESAB – Rede de Educação do Semiárido Brasileiro. SECAD - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. SEED – Secretaria de Estado da Educação e de Desporto. SINTESE – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Sergipe UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. UFS – Universidade federal de Sergipe. UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. UNB – Universidade de Brasília. UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura..

(14) 14. 1- INTRODUÇÃO A educação escolar brasileira, direito de todos os cidadãos, ainda não é uma realidade para muitos/as brasileiros/as. Isto se confirma quando analisamos o índice de analfabetismo existente no país que, conforme dados do Censo Demográfico de 2010 (IBGE), alcança um percentual de 9,02% da população com mais de dez anos de idade, correspondendo a, aproximadamente, 14.612.183 pessoas, as quais afirmam não ter condições de escrever um bilhete ou anotar um recado. O estado de Sergipe – menor estado da federação, mesmo apresentando uma redução de mais de 6% em relação ao censo de 2000, ainda apresenta um índice de analfabetismo bastante elevado no Estado: Sergipe atualmente conta com 278.221 pessoas de 15 anos ou mais de idade que não sabem ler ou escrever, representando um percentual de 18,4%. Apesar da taxa ser elevada, comparando o censo de 2000 com o de 2010, nota-se uma queda de 6,9% nesse percentual. Em 2000, Sergipe apresentava 25,32% de sua população analfabeta (SEPLAG, 2012, p.1).. Na zona rural os índices nacionais de analfabetismo são elevados considerando seu quantitativo populacional com o da zona urbana. Segundo o mesmo Censo Demográfico, 9,4 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever vivem em áreas urbanas e 5,2 moram em zonas rurais. As condições de funcionamento e a formação dos professores eram também mais precárias que as da zona urbana. As escolas rurais apresentavam características físicas muito diferenciadas em termos de recursos disponíveis. Considerando o número de salas de aula como um indicador do tamanho da escola, nas escolas urbanas, 75% daquelas que ofereciam o ensino fundamental tinham mais de cinco salas de aula. Para as escolas localizadas na zona rural, o perfil era diferente, 94% tinham menos do que cinco salas de aula. Se tomássemos como referência a formação dos professores do ensino fundamental da zona rural, observaríamos que, conforme dados do MEC/INEP (2004), apenas 9% apresentava formação superior, enquanto que na zona urbana, o contingente representava 38% dos docentes..

(15) 15 De acordo com Andrade e Di Pierro (2004), o analfabetismo adulto atinge três em cada 10 jovens ou adultos da zona rural, sendo justificativa para tal situação, fatores básicos como falta de transporte escolar e ausência de escolas nas comunidades rurais. As autoras apontam que Embora já se tenham passado mais de três décadas de vigência da lei que ampliou a duração do Ensino Fundamental para oito anos, a típica escola rural brasileira é ainda aquela instalação precária e improvisada, isolada e de difícil acesso, mantida pelo governo municipal, que oferece apenas o primeiro segmento do Ensino Fundamental em classes multisseriadas unidocentes, regidas por professoras mal remuneradas e pouco qualificadas, cuja prática pedagógica é orientada por referenciais curriculares, de tempo e espaço de aprendizagem descolados do contexto e da cultura do campo (ANDRADE, DI PIERRO, 2004, p. 19-20).. No tocante ao aumento da duração do ensino fundamental para nove anos, os problemas apenas se avolumam em relação às condições da educação. Os alunos do campo são os que apresentam maior déficit de defasagem idade/série, isto é, em geral esses discentes ingressam mais tarde e saem mais cedo do processo educativo. Nesse contexto, não se pode perder de vista a adequação dos calendários, currículos e metodologias aos contextos cíclicos e culturais nos quais se dá o processo educativo, a fim de que se promova o sucesso dos estudantes. A legislação vigente1 determina que tais condições sejam garantidas aos estudantes do campo, mas, segundo Andrade e Di Pierro (2004): A existência de um marco jurídico adequado não foi suficiente para impulsionar políticas públicas específicas. Oscilando entre o descaso e o desconhecimento da problemática, as políticas educacionais não têm enfrentado a questão da diversidade sociocultural das populações do campo, onde convivem identidades plurais (...) restringindo-se a fazer face aos problemas do acesso e isolamento, a política educacional para a zona rural, quando existe, consiste na nucleação de unidades escolares e na provisão de transporte para escolas urbanas, onde as crianças do campo não se identificam com as bases culturais dos currículos e, com frequência, são vítimas de discriminação, vivendo dolorosas experiências de fracasso e exclusão que corroem sua autoconfiança na capacidade de aprendizagem (ANDRADE, DI PIERRO, 2004, p. 20-21).. 1. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), e as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (2002)..

(16) 16 A negação de políticas públicas para as populações do campo é histórica e está associada a um quadro de exclusão amplo não restrito apenas à educação. Ainda que a sociedade brasileira tenha fortalecido uma concepção de campo como espaço de atraso, de falta de conhecimento, ele se constitui como um lugar de luta social, “vida, trabalho, cultura e resistência, em cujo seio organizações civis engajadas em projetos de desenvolvimento rural com justiça social desenvolvem propostas pedagógicas inovadoras” (ANDRADE, DI PIERRO, 2004, p. 21). Na segunda metade da década de 1990, as políticas públicas (estatais) de educação presentes nas escolas da zona rural não demonstravam preocupação com a reorganização nem com a especificidade do campo brasileiro, como também não garantia o direito a uma educação que possibilitasse o resgate da identidade dos sujeitos do campo bem como uma nova forma de organização e intervenção social. Mesmo que tivesse garantido destaque à educação da zona rural na legislação educacional, na prática, não se efetivava a relação escola e campo. A escola não estava articulada à vida camponesa, era uma escola que estava no campo, mas com as fortes marcas do urbano. Não havia, ao menos aparentemente, nada que pudesse ser identificado como marcas de uma educação planejada e organizada para as especificidades daquele meio rural. Sabe-se, ainda, que nas últimas décadas os movimentos sociais e organizações não governamentais do campo desenvolveram projetos sociais em locais onde não se vislumbravam, até então, ações do poder público2. Entre as iniciativas educacionais podemos citar o(a): ANARA, CARITAS BRASILEIRA, CEFFA’s, CONTAG, FETRAF, CUT, MAB, MST, MEB, RESAB, AMPLA, ASCOPAN3.. 2. Considerando que políticas públicas podem ser desenvolvidas também no âmbito da sociedade civil organizada através de organizações não governamentais, movimentos sociais e sindicais. E a educação desenvolvida no campo pelos movimentos sociais, nesse período, objetivava o oposto da estatal.. 3. ANARA – Associação Nacional pela Reforma Agrária; CEFFA’s – Centros Familiares de Formação em Alternância; CONTAG – Confederação dos Trabalhadores na Agricultura; FETRAF – Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar; CUT – Central Única dos Trabalhadores; MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens; MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; MEB – Movimento de Educação de Base; RESAB – Rede de Educação do Semi-árido Brasileiro; AMPLA – Associação dos Moradores do Povoado Ladeirinhas “A”; e ASCOPAN – Associação Comunitária Padre Nestor em Japoatã/SE..

(17) 17 A propagação de iniciativas educacionais se configura como um espaço de demonstração de diferentes concepções educativas e de propostas pedagógicas, assim como de produção teórica sobre a Educação do Campo. Estas organizações têm apresentado avaliações positivas nos processos de escolarização que realizam, além de apresentarem propostas pedagógicas e organizações curriculares coerentes e adequadas aos tempos e espaços da vida cotidiana das pessoas do campo. Há ainda um intenso envolvimento destas organizações e movimentos com a formação docente continuada e de monitores responsáveis pela condução das propostas pedagógicas, o que se diferencia significativamente dos processos formativos convencionais. Vale destacar que a escola pública deve ser o espaço privilegiado da luta pela democratização do conhecimento, a esfera da sua socialização e produção, porém, não é o único. É preciso reconhecer e compreender as práticas educacionais que os próprios movimentos sociais desenvolvem de forma auto-gestionária. As escolas dos sindicatos e a importante experiência pedagógica do Movimento dos Sem Terra (MST) são excelentes exemplos de práticas alternativas e, também, da necessidade de ampliar o horizonte da nossa concepção acerca da educação pública para além da escola estatal. Na década de 1990, principalmente a partir de 1995, foi estruturado um conjunto de propostas educacionais implementadas no meio rural paralelamente à reorganização da política educacional brasileira. Programas e projetos voltados para a ação pedagógica ou para a formação de docente foram se constituindo como alternativa à educação no meio rural, a exemplo do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA, da Escola Ativa e, mais recentemente, do PROCAMPO, da Educação nos Quilombos, e do Projovem Campo – Saberes da Terra. O Estado de Sergipe tem uma trajetória de luta por terra e por educação há muitas décadas. No entanto é a partir de 1995 que essa luta se intensifica no campo, pois, há um movimento de ocupação por terra pelos movimentos sociais e sindicais, articulado a um movimento nacional pela reforma agrária. Nas duas últimas décadas do século passado, os movimentos sociais do campo em Sergipe começaram a exigir tanto dos municípios e do Estado, quanto das universidades, a inclusão dos trabalhadores(as) nos processos formais de educação. Essa demanda se dá pela quantidade de assentamentos criados e pela redefinição dos.

(18) 18 territórios no estado, que produziram uma série de ações, as quais vêm alterando a definição das políticas públicas em educação, bem como a concepção sobre o ato de construção participativa destas políticas. O PRONERA é um exemplo disso por se configurar como um programa que, desde sua criação, tem uma gestão tripartite composta por membros do governo federal, das universidades e dos movimentos sociais. Desde então, o Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe vem desenvolvendo ações que visam ao fortalecimento dessa política, quer seja na execução de cursos de alfabetização de Jovens e Adultos (1995-2000), na formação de professores (2000-2008), no desenvolvimento de pesquisas, na participação em Comissão e comitês Nacional e Estadual, ou no desenvolvimento de convênios nacionais e internacionais. Entre os anos de 2003 e 2005, o Grupo de Pesquisa Educação e Movimentos Sociais/UFS desenvolveu uma pesquisa com o objetivo de analisar em que medida, entre os anos de 1995 e 2002, os projetos desenvolvidos em áreas de reforma agrária por universidades, movimentos sociais e sindicais, e pelo governo federal, contribuíram para uma definição ou reorganização de algumas políticas públicas de educação no estado de Sergipe, desde quando as políticas de educação que vinham ocorrendo no campo, até então, sinalizavam cada vez mais para a confirmação da expulsão dos trabalhadores e de seus filhos, haja vista, a maior referência nos projetos educacionais e nas suas formas de financiamento ter sido sempre a cidade como o lugar ideal onde todos deveriam viver. Mais de uma década depois, algumas perguntas se fazem pertinentes quanto à visibilidade ou invisibilidade das escolas do Campo, a saber: Que efeitos podem ser observados nas escolas do campo, resultado das políticas implementadas nos últimos treze anos?. As políticas públicas implementadas têm contribuído para um. fortalecimento da escola do campo? Tem garantido a construção e potenciação da identidade dos povos do campo? Que avanços podem ser constatados? Que impactos podem ser identificados? Partimos de entendimento de que essas questões precisam ser investigadas para que possamos avaliar tais políticas, tendo em vista a proposição de ações ou intervenções que objetivem garantir o direito universal a uma educação de qualidade.

(19) 19 social aos sujeitos do campo. Nesse sentido, elaboramos como questão de pesquisa a seguinte pergunta: A implementação dos programas do governo federal nas escolas do campo no Estado de Sergipe têm produzido transformações na política educacional camponesa? Apresentam contradições? Há a partir de tais programas possibilidade de superação do contexto educacional atual segundo os interesses dos trabalhadores do campo? Para responder essa questão, elencamos como Objetivo Geral analisar as transformações e contradições nas políticas educacionais implementadas nas escolas do campo no período correspondente entre 1997 e 2010, no Estado de Sergipe. No que tange aos Objetivos Específicos, temos: ● Mapear e analisar os principais programas educacionais em desenvolvimento nas escolas do campo sergipano, buscando compreender de que forma esses programas têm contribuído para a potenciação ou invisibilidade das escolas; ● Discutir as contradições do contexto político, econômico e cultural – nacional e local – quando da implementação e desenvolvimento dos programas nas escolas do campo; ● Identificar a existência de uma politica de educação do campo produzida pelo desenvolvimento de programas educacionais específicos para a população camponesa. A problemática estudada nesta pesquisa não é nova. Diversos estudos na área de análise de políticas educacionais podem constatar isto. Entretanto, tais estudos focalizam majoritariamente as políticas educacionais do meio urbano em detrimento das políticas de Educação do Campo, que carecem de análise. Um exemplo desta carência pode ser sentido na reunião do GT Políticas Públicas, de 2008, no qual o Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais e Educação foi convidado para contribuir na discussão sobre as políticas do campo, visto que ainda são poucos os estudos sobre a educação do campo e, principalmente, sobre as políticas públicas. Numa pesquisa bibliográfica realizada sobre o conteúdo de teses e dissertações defendidas no período entre 1987 e 2007 sobre Educação e Movimentos Sem Terra, Souza (2010) identificou a existência de 196 trabalhos defendidos, sendo 150 dissertações de mestrado e 46 teses de doutorado. Há, ainda, 34 trabalhos defendidos entre 2008 e 2010, dos quais 25 são dissertações de mestrado, e 9 são teses de doutorado..

(20) 20 Ainda consoante Souza (2010), os temas que mais se destacam são: organização do trabalho pedagógico e projeto político pedagógico; formação de professores; prática educativa; PRONERA e Educação de Jovens e Adultos; educação e escola no contexto do MST; consciência de classe, identidade, trabalho e educação; e educação do campo como política pública. Os trabalhos de mestrado de Mota (2008), Meneses (2009) e Silva (2009) analisam questões relacionadas à Educação do Campo sergipano, mas têm como foco central aspectos específicos dessa educação, a exemplo do currículo, da formação docente e do papel que a mulher desempenha na educação nos espaços de reforma agrária. Nenhum deles trata, especificamente, da política educacional, nem dos efeitos produzidos por ela. Este último é, particularmente, o meu interesse de pesquisa, portanto, acredito que o trabalho em tela poderá trazer contribuições para a Política de Educação sergipana, especificamente para a educação do campo, sobre o qual, até a presente data, não despontou nenhum trabalho na vertente apontada. A tese em questão está organizada da seguinte forma: uma introdução, na qual apresentamos a problemática e os objetivos da pesquisa, a trajetória e a aproximação com o tema; a abordagem e os instrumentos metodológicos adotados no desenvolvimento da pesquisa; o universo que compõe o campo de pesquisa no âmbito estadual; bem como os cinco capítulos e as considerações finais. No capítulo dois abordamos os conceitos e definições sobre politica pública. Apresentamos alguns conceitos sobre modelos, tipos e formas de política pública, buscamos compreender o papel que o Estado ocupa nesse cenário, como ele atua ou como torna-se ausente para garantir interesses de grupos sociais específicos. No capítulo em tela, refletimos, ainda, sobre efeitos e influências externas na política educacional brasileira. No capítulo três contextualizamos o momento político no qual a sociedade brasileira, através dos movimentos sociais, inicia um processo de recontextualização da educação rural que desencadeia na proposta de Educação do Campo. Abordamos especificamente os contextos sociais e políticos dos governos Fernando Henrique Cardoso (FHC), e Luiz Inácio da Silva (Lula) – governos nos quais a Educação do Campo se concretizou..

(21) 21 O capítulo quatro apresenta a Educação do Campo através, principalmente, dos principais programas identificados como de Educação do Campo. São cinco programas trabalhados nesse capítulo: o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA, o Programa Escola Ativa, o Programa PROCAMPO, o Programa Educação nos Quilombos, e o Programa Projovem Campo-Saberes da Terra. No capítulo cinco analisamos a Educação do campo no Estado de Sergipe, apresentando um recorte da conjuntura verificada em cada município que participou da pesquisa. No capítulo em questão procuramos identificar o nível de implementação da Educação do Campo como política educativa, e os desafios e potencialidades que cada município tem agregado. Por último, nas considerações finais, destacamos aspectos, características e ações que estão sendo executadas ou que poderão garantir à população camponesa uma educação de qualidade. Emitimos opiniões e fizemos sugestões que acreditamos pertinentes no sentido de promover alguma alteração da realidade da Educação do Campo que identificamos no decorrer dessa pesquisa. 1.1. APROXIMAÇÃO COM O TEMA DE PESQUISA A educação é um dos elementos importantes no desenvolvimento de um país, principalmente daqueles com enormes disparidades sociais, como é o caso do Brasil. O perverso processo de globalização tem restringido cada vez mais o acesso a postos de trabalho. As transformações no mundo do trabalho e as crises do sistema capitalista têm produzido alterações na vida dos trabalhadores(as), que os(as) obriga a submeter-se a situações de exploração nunca antes imaginadas na luta pela sobrevivência. As exigências para o trabalhador são cada vez mais desumanas (escolarização nos níveis mais elevados, domínio das tecnologias mais avançadas) além das exigências de múltiplas habilidades que permite ao sistema submeter o trabalhador às condições de trabalho mais indignas e exploratórias possíveis. Em realidade, há uma crise mundial vinculada ao sistema capitalista, e na medida em que as contradições inerentes a esse sistema se manifestam, impactam em todo o mundo as suas consequências, tais como mais exploração, desemprego, dívidas públicas, entre outros..

(22) 22 A educação é direcionada aos interesses do mercado, deixando de ser uma experiência que forme o ser humano em sua totalidade. O ideal seria que os avanços tecnológicos, as pesquisas de ponta, a automação, e a expansão do uso de métodos digitais (também na agricultura, com ganhos amplos de produtividade), pudessem acelerar o crescimento da economia mundial e reverter-se em ganhos para o trabalhador. Entretanto, não é isso que se observa, pois, as regressões ambientais coexistem com o decréscimo do Produto Interno Bruto (PIB) dos países capitalistas industrializados. O que vem ocorrendo no campo brasileiro, é o aumento da produtividade por processos de alto desenvolvimento tecnológico e pela expulsão do(as) trabalhadores(as). Como professora atenta às questões sociais, como esta acima mencionada, e por possuir um sentimento de compromisso com a necessidade da mudança e transformação social, optou pela Educação do Campo como questão relevante de pesquisa. Nossa primeira aproximação com o tema foi quando, em 1994, cursando o 2º ano do Curso de Pedagogia, tomamos conhecimento da existência de um projeto de Alfabetização de pessoas Jovens e Adultas, desenvolvido pelo Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe, destinado à alfabetização de seus funcionários. Após conhecer o projeto, trabalhei como voluntária, experiência esta que muito me marcou, pois, além de aguçar minhas inquietações, aumentou meu desejo não só de compreender melhor a problemática da Alfabetização de Jovens e Adultos, como também de envolver-me num trabalho que me possibilitasse a intervenção na tentativa de superação do analfabetismo, ação que começo a desenvolver também com crianças, agora como professora do sistema oficial de educação do estado. Devido à importância e aos resultados do referido projeto, o Movimento Sem Terra (MST) convidou a equipe do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alfabetização (NEPA), que coordenava o projeto de alfabetização com os funcionários da Universidade, para elaborar um projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos, a ser desenvolvido nos acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária do Estado de Sergipe. Através do desenvolvimento deste projeto vários questionamentos foram levantados, principalmente, os trazidos pelos monitores e monitoras (alfabetizadores e alfabetizadoras dos assentamentos). Entre eles, destacavam-se as questões curriculares referentes, principalmente, às unidades de medida presentes naquelas comunidades, que,.

(23) 23 por serem diferentes das unidades padrão, apresentavam obstáculos na sala de aula para os jovens que ensinavam no Projeto e que diziam não se sentirem suficientemente seguros em seu manejo. Nasceu, nesse momento, o projeto de estudo para o mestrado, pois, estava interessada em compreender e analisar o currículo que era trabalhado nas escolas do campo, mais especificamente, nas escolas localizadas nos assentamentos de reforma agrária. No decorrer do mestrado, além das questões curriculares, objeto da minha pesquisa, outras questões começaram a me incomodar. Comecei a observar que a escola não estabelecia relação alguma com a comunidade, uma vez que A escola que observei nos assentamentos era uma escola que não se articula à vida camponesa, é uma escola que está nos assentamentos, mas com as fortes marcas do urbano. Não havia, ao menos aparentemente, nada que pudesse ser identificado como marcas de uma educação planejada e organizada para as especificidades daquele meio rural (SANTOS, 2005, p. 73).. A pesquisa realizada no mestrado me mostrou que, além do silenciamento do conhecimento cultural no currículo escolar, parecia haver também uma ausência de propostas educativas, pensadas e implementadas, considerando as especificidades daqueles territórios – os assentamentos de reforma agrária. Abria-se, então, outro campo de estudo a ser investigado: analisar se aquela situação de precariedade da educação, vivenciada pelas escolas, se restringia apenas aos assentamentos, ou se se constituía numa realidade que diz respeito à oferta de educação pública à população camponesa de modo geral. Começo a me questionar sobre que educação tem sido garantida à população camponesa, e em que medida os programas e projetos de educação do campo, que figuram no universo educativo sergipano desde 1996, como o “projeto de alfabetização de jovens e adultos dos assentamentos de reforma agrária” (NEPA, 1996), tem se constituído em alternativa educativa na consolidação de políticas educacionais de Educação do Campo. Meu olhar voltou-se, então, para a política educacional que tem sido ofertada à população camponesa no Estado de Sergipe nos últimos treze anos..

(24) 24 1.2. PROCESSOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA Esse tópico tem como objetivo apresentar a parte empírica da pesquisa, descrevendo os territórios estudados, e examinando os procedimentos e instrumentos metodológicos que nos possibilitou analisar a política de Educação do Campo em Sergipe. O corpus da pesquisa foi constituído de dois momentos distintos: a análise dos documentos relacionados aos programas que constituem a proposta de Educação do Campo, e a realização de entrevistas com os atores dessa Educação. A pesquisa de abordagem qualitativa e multirreferencial utilizou como referência métodos que permitiram a análise crítica dos efeitos das políticas públicas na vida das pessoas, e sobre o trabalho docente, como aqueles propostos por Oliveira (2007) e Gentili (2001). Realizou-se uma articulação entre as leituras sobre os aspectos macro da política de Educação do Campo e os conflitos e mediações por ocasião de sua implementação, em que as políticas públicas são ressignificadas, reapropriadas ou rejeitadas. Trabalhamos tanto com pensadores marxistas, como com pesquisadores que desenvolvem teorias importantes para análise da política pública, utilizando, para tanto, referenciais cognitivos, normativos e instrumentais (JOBERT e MULLER, 1987). Dos pensadores marxistas, interessou-nos analisar as políticas a partir do seu desenvolvimento, incluindo as contradições inerentes a uma sociedade capitalista, isso, para entender de que modo os programas se estruturam a partir dos conflitos e dos consensos que ocorrem permanentemente entre Estado e Movimentos Sociais, e os quais nos ajuda a compreender o real pensado. Marx nos diz que, para tanto, se faz necessário considerar o conjunto de relações que produzem o real para compreendê-lo, esse é um processo complexo, pois, O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações, e por isso, é a unidade do diverso. Aparece no pensamento como processo de síntese, como resultado, e não como ponto de partida, embora seja o verdadeiro ponto de partida, e, portanto, também, o ponto de partida da intuição e da representação. No primeiro caso, a representação plena é volatilizada numa determinação abstrata; no segundo caso, as determinações abstratas conduzem à reprodução do concreto pela via do pensamento (MARX, 1999, p. 39)..

(25) 25 Logo, analisar políticas públicas no contexto educacional requer atenção com a identificação do real, para que não incorramos em análises equivocadas. Dessa forma, consideramos diversos aspectos constituidores da política educacional, para que pudéssemos produzir uma análise condizente com a realidade . Na perspectiva de Jobert (1989), Muller (1985) e Azevedo (2001), a dimensão cognitiva vinculada às representações sociais dos fazedores da política; a dimensão instrumental, que inclui as instituições, princípios, normas, critérios e demais instrumentos da política; e a dimensão normativa, que irá expressar relações entre as políticas, os valores e as práticas culturais e sociais prevalecentes, compuseram parte do referencial utilizado para a análise das políticas de educação do campo. A pesquisa foi constituída, principalmente, pelos programas e projetos voltados para a referida educação, tanto na escolarização como na formação de professores. Os instrumentos de pesquisa foram utilizados considerando as dimensões acima referidas: Análise dos documentos oficiais e dos conteúdos dos programas em âmbito nacional e local; entrevistas com representantes dos programas no âmbito de elaboração das políticas - SECAD/MEC, SEED/SE, Coordenadores dos Movimentos Sociais (MST/ CONTAG), professores das escolas municipais, secretários de educação dos sistemas municipais, e coordenadores de núcleos de educação do campo. No primeiro momento, mapeou-se cinco programas, e analisou-se a abrangência e a demanda atendida. Já o segundo momento – o das entrevistas, foi dividido em quatro etapas: na primeira, entrevistamos três representantes da Educação do Campo no âmbito nacional, e os responsáveis pela concretização da demanda dos movimentos em ação governamental (os programas identificados como de Educação do Campo). Na segunda etapa, entrevistamos dois dos quatro representantes pela implementação das ações oficiais de Educação do Campo no âmbito estadual. Na terceira e quarta etapas, utilizamos a divisão territorial da secretaria de planejamento do governo estadual (oito territórios) para definir a representatividade da pesquisa. Foram escolhidos dois municípios em cada território para compor o campo de pesquisa no âmbito local/municipal, totalizando dezesseis (16) municípios. Foram realizadas entrevistas com Secretários (as) de Educação, coordenadores municipais da educação do campo, diretores de escolas, e professores que atuam nas escolas do campo..

(26) 26 A escolha dos municípios que compuseram o campo desta pesquisa obedeceu somente o critério de acessibilidade aos responsáveis pela Educação do Campo. No processo de definição sobre quais municípios participariam da pesquisa, muitos foram substituídos pelo fator do (a) secretário(a) de educação não aceitar falar sobre o assunto, nem permitir que contatássemos professores daquele município. Em outros municípios, apesar de conseguirmos o contato com os diretores e docentes escolares, na maior parte deles, apenas o secretário concedeu entrevista, alegando não haver necessidade de “falar com os professores” porque ele (a) já havia falado tudo. Portanto, na análise da Educação do Campo no Estado de Sergipe predomina majoritariamente a fala dos gestores das secretarias de educação. Nesse contexto, tem-se 12 secretários de educação, 16 professores/diretores escolares, e 2 coordenadores de educação do campo, entrevistados nos municípios sergipanos. As entrevistas foram realizadas no decorrer dos meses de dezembro de 2010 e janeiro de 2011. O instrumento metodológico “entrevista” não foi utilizado como uma simples técnica de coleta de dados. Ao fazer uso desse procedimento, não estávamos interessadas em garantir a “pureza” das informações coletadas, desconsiderando a subjetividade das informações e nossa interferência como pesquisadora. Concebemos a entrevista, tal como a compreende Silveira (2002), como um jogo no qual as pessoas envolvidas (entrevistados e entrevistadora) ocupam lugares diferentes, têm objetivos também diferenciados, mas, na realização da entrevista todos exercem seu poder, ou seja, mesmo que aparentemente quem entrevista conduza as perguntas para seus objetivos de pesquisa, quem é entrevistado também determina o que vai ser dito sobre o que lhe foi perguntado, ou seja, seleciona a sua fala a partir do que considera importante ser expresso, ser conhecido por seus entrevistadores, muitas vezes respondendo o que imagina que seu/sua entrevistador(a) quer ouvir. Sobretudo, durante a realização das entrevistas com os gestores das políticas de educação do campo tornouse bastante evidente tal seleção. Ainda com base em Silveira (2002, p. 134) procuramos, nas entrevistas que realizamos, ocupar o lugar de “provocador de outras verdades, outras histórias, outras lógicas”, compreendendo que teríamos de alguns de nossos entrevistados e entrevistadas “verdades maquiadas” e que, ao analisar suas falas, o faríamos ancoradas em um.

(27) 27 conjunto de referências que nos possibilitariam interpretá-las de determinada forma que nos permitisse compreender a Educação do Campo naquele município, considerando os avanços e desafios enfrentados na construção da política educativa.. 1.3. O CAMPO DE PESQUISA O Estado de Sergipe está localizado na região nordeste do Brasil. É o menor Estado da Federação, com 75 (setenta e cinco municípios), ocupando uma área de 21.918,354 km², com uma população que totaliza 2.068.031 pessoas. Destas, 1.520.243 pessoas vivem na zona urbana e 547.788 vivem na zona rural4. Sergipe possui uma extensa costa litorânea e tem no turismo uma fonte relevante da economia. Sua base econômica constitui-se principalmente da agricultura. É um importante produtor nacional de laranja, coco e cana-de-açúcar, contando também com uma grande produção de petróleo. Destaca-se, ainda, pela variedade de seu artesanato em barro e palha, e pelos bordados, que são a base econômica de alguns municípios, espalhados pelo estado. De acordo com Lima (2008), as principais atividades econômicas do estado de Sergipe que se destacam, podem ser classificadas da seguinte forma: agronegócios, minério químico, turismo, atividades tradicionais, e atividades emergentes.. 1.3.1. Os Territórios Sergipanos5 Em 2008, foi criada pelo Governo do Estado de Sergipe a política de território, na qual o estado ficou dividido em oito territórios. A justificativa para tal definição, visto que já existe outras divisões do Estado (IBGE, Movimentos Sociais, entre outros), foi a de que os territórios garantiam, com a participação da sociedade civil, uma maior organização das demandas e de inclusão social nas políticas públicas. Além das críticas, nesta pesquisa tem-se o dever de analisar, a partir do conceito de território, o que vem ocorrendo em Sergipe, bem como o que é definido e realizado pelos territórios, e como o eles têm sido eixo articulador das políticas estaduais.. 4. Fonte: IBGE/PNAD, Censo, 2010.. 5. Todas as tabelas expostas neste capítulo são de Lima (2008)..

(28) 28 Como referido anteriormente, nossa opção de demarcação do campo empírico da pesquisa, foi uma amostra de dois municípios em cada território sergipano. A implantação dos territórios tem como principal objetivo servir de base para a promoção do desenvolvimento equitativo entre as regiões do Estado. A compreensão sobre territorialização teve como referência os conceitos de território. Conforme o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o território é Um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo a cidade e o campo, caracterizado por critérios multidimensionais – tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições – e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial. (MDA, 2008).. Segundo Lima (2011), nessa concepção do termo “território” está implícita uma construção social em que são observadas as condições naturais, sociais, econômicas, entre outras. Essas condições geram, a partir do processo histórico, um sentimento de pertencimento coletivo dos atores sociais ao território, formando a identidade territorial. Para Lima (2011), Balizado pelo estandarte da sustentabilidade do desenvolvimento, o modelo de desenvolvimento territorial, propositadamente, articula um discurso que escamoteia a busca do desvendamento da teia de relações engendrantes do sistema exploratório do capital. Palavras como: gestão social dos territórios, empoderamento da sociedade civil e apoio à organização dos pequenos produtores soam como um vento refrescante no deserto vazio de emancipação (LIMA, 2011, p. 28).. A implantação dos territórios no Estado de Sergipe, iniciada em 2007, considerou as diversas dimensões que influenciam o desenvolvimento como: produção, concentração. fundiária,. renda,. finanças. públicas,. demográficas,. educação,. vulnerabilidade, vegetação, geologia, pedologia, hidrografia, capital social e cultura. A partir das demandas identificadas, e considerando os diversos aspectos econômicos, sociais e geoambientais, foram instituídos oito territórios no estado de Sergipe: Agreste Sergipano, Alto Sertão Sergipano, Baixo São Francisco Sergipano, Centro-Sul Sergipano, Grande Aracaju, Leste Sergipano, Médio Sertão Sergipano, e Sul Sergipano..

(29) 29 É importante ressaltar que os critérios adotados pelo governo do Estado, quando da implantação dos territórios, priorizaram os aspectos econômicos geradores de lucro ao grande capital. Os aspectos considerados para efeito de definição dos territórios tinham como foco central apenas o desenvolvimento econômico, desconsiderando, por exemplo, a potencialidade da agricultura familiar nas diversas regiões do Estado. A instituição dos territórios sergipanos foi efetivada utilizando como base apenas a visão governamental sem considerar outras análises e outras definições territoriais existentes no Estado. 1.3.1.1Território da Grande Aracaju Os nove municípios que compõem esse território são: Aracaju, Barra dos Coqueiros, Itaporanga d'Ajuda, Laranjeiras, Maruim, Nossa Senhora do Socorro, Riachuelo, Santo Amaro das Brotas, e São Cristóvão. A maior parte da população sergipana está concentrada no território da Grande Aracaju. Está aqui também, a maior parte das atividades econômicas e da renda do Estado, em que a agricultura tem baixo peso na composição de seu PIB e conta com uma forte presença da indústria extrativo-mineral. O território da Grande Aracaju, em 2005, era responsável por 56,1% do PIB sergipano, com o setor de serviços responsável por 60,1% do produto do território. Detém uma área de 2187,4 km2, tendo uma participação de 10% da área estadual. A população, de acordo com a contagem populacional do IBGE, em 2007, era de 847.941 habitantes, representando 43,7% da população do estado. Um aspecto importante a ser considerado neste território diz respeito à utilização das terras, pois, Houve uma inversão entre a representatividade das áreas destinadas às lavouras permanentes e das destinadas às pastagens, entre 1996 e 2006, pois, em 1996, as pastagens detinham 56,1% das terras e as lavouras permanentes apenas 21,2%. A cultura da cana-de-açúcar teve um crescimento muito significativo, tanto em termos de área plantada, quanto na representatividade do valor de produção, enquanto que o coco seguiu o caminho inverso, tendo perdas de participação consideráveis (LIMA, 2008, p. 59-60). O destaque nesse território é o município de Itaporanga D’Ajuda, que apresenta, conforme dados do IBGE (2007), uma população rural (66,99%) muito superior à urbana (33,01%), além de apresentar as taxas de analfabetismo mais altas do território:.

(30) 30 17,1% para faixa etária entre 10 e 15 anos de idade, e 34,9% para a faixa etária a partir dos 15 anos. 1.3.1.2-Território do Baixo São Francisco O Território do Baixo São Francisco é composto por 14 municípios, sendo eles: Amparo de São Francisco; Brejo Grande; Canhoba; Cedro de São João; Ilha das Flores; Japoatã; Malhada dos Bois; Muribeca; Neópolis; Pacatuba; Propriá, Santana do São Francisco, São Francisco e Telha. Entre esses municípios, apenas quatro apresentam a população rural maior que a urbana, a saber: Telha (59,99%), Pacatuba (78,07), Japoatã (69,65%) e Muribeca (54,62%). Os municípios de maior população urbana do território em questão são: Cedro de S. João (92,18%), São Francisco (89,64%), Propriá (85,56%) e Amparo de S. Francisco (66,09). Os demais municípios possuem uma diferença pequena entre a população rural e urbana. O Território do Baixo São Francisco conta com uma área de 1967,4 km2. Com participação de 9% da área estadual, apresenta concentração da terra e um setor industrial incipiente. A população, de acordo com a contagem populacional do IBGE, em 2007, era de 120.730 habitantes, representando 6,2% da população do estado. O Baixo São Francisco detém 3,9% do PIB sergipano, sendo o setor de serviços responsável por 62,9% do seu produto. Segundo dados do censo agropecuário 2006, entre as culturas temporárias, além do tradicional arroz, destacaram-se, nesse ano, a cana-de-açúcar e a mandioca. Já, entre as culturas permanentes a mais importante, com quase 30% da área plantada em 2006, era o coco-da-baía. No Território do Baixo São Francisco, a maior parte das terras (cerca de 66,4%) era utilizada para pastagens, enquanto as lavouras temporárias computavam apenas 13,8%6. Apesar de haver uma queda na área plantada da mandioca entre 1994 e 2002, entre 2002 e 2006 houve uma inversão desse quadro, tendo, a área destinada à cultura, um crescimento significativo, passando de 3.855 para 6.2507. Os municípios que compõem o território em tela têm ainda taxas de. 6 7. Ver tabela em anexo. Ver tabela em anexo..

(31) 31 analfabetismo muito elevadas. As maiores taxas de analfabetismo estão em Japoatã (20,2% e 37,7%) e Pacatuba (24,5% e 37,4%). Por sua vez, o município de Brejo Grande possui uma taxa de analfabetismo alta (25,5% e 37%), sendo o município que apresenta um dos IDH mais baixos do território (com cerca de 0,56%). 1.3.1.3 -Território do Leste Sergipano Esse território é constituído por 9 municípios, sendo eles: Capela, Carmópolis, Divina Pastora, General Maynard, Japaratuba, Pirambu, Rosário do Catete, Santa Rosa de Lima e Siriri. No Território do Leste Sergipano predomina o uso das terras como pasto para o gado de corte. Há também grande concentração de recursos minerais, com destaque para “salgema, potássio, calcário, petróleo e gás natural. Os royalties de gás e petróleo têm grande relevância para a economia do território” (LIMA, 2008, p.72). O Leste Sergipano ocupa uma área de 1.497,4 km2, que representa 6,8% da área estadual e tem uma população de 93.204 habitantes, representando 4,8% da população estadual. Quanto à utilização das terras, em 2006, Lima (2008, p. 73) aponta que mais de 60% delas eram utilizadas para as pastagens, seguida das lavouras permanentes, que apresentaram um crescimento significativo entre 1996 e 2006, tanto em termos absolutos, quanto relativos, passando de 8.922 para 12.508 hectares, tendo uma representatividade na utilização das terras, de 15,5%, em 2006, contra apenas 7,8%, em 19968. Entre as culturas permanentes, merece destaque o coco-da-baía, que apesar de ter perdido participação, se manteve como a cultura permanente mais importante do território9. No Leste Sergipano somente quatro municípios possuem uma população rural maior que a urbana. São os municípios de Siriri (57,89%), General Maynard (55,39%), Japaratuba (52,18%) e Divina Pastora (51,09%). Já os municípios de Capela, Pirambu e Santa Rosa de Lima apresentam uma diferença pequena entre a população rural e urbana. Por outro lado, os municípios de Carmópolis (81,09%) e Rosário do Catete (79,05) se sobressaem devido ao fato de apresentarem uma população urbana muito superior à rural. 8 9. Ver tabela em anexo. Ver tabela em anexo..

(32) 32 Quanto ao analfabetismo, as maiores taxas estão nos municípios de Santa Rosa de Lima (36,4%) e Capela (35,9%). Jesus (2012) afirma que os demais apresentam taxas de analfabetismo, entre indivíduos com 15 anos de idade ou mais, superiores a 20%. 1.3.1.4 - Território Sul Sergipano O Território Sul Sergipano é formado por 11 municípios. São eles: Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itabaianinha, Pedrinhas, Salgado, Santa Luzia do Itanhy, Tomar do Geru e Umbaúba. Esse território tem uma população de 241.292 habitantes, representando 12,4% da população estadual, além disso, está localizado numa área de 3.131 km2. Dos 11 municípios que compõem o território, 7 têm população rural maior que a urbana. Santa Luzia do Itanhy, Salgado e Tomar do Geru possuem mais de 60% da população rural, sendo que Santa Luzia chega a 77,63%. A maioria das terras do território sul sergipano eram utilizadas como pasto. Já as lavouras permanentes ocupavam mais ou menos 40% das terras cultiváveis. No período entre 1994 e 2006, as lavouras permanentes quase dobraram sua participação no território e saltaram de 55,5 mil para 137,9 mil hectares10. A produção da laranja é a principal cultura, sendo responsável por mais de 57,7% da área plantada e por 76,7% do valor da produção agrícola do território. Segundo Jesus (2012), o município de Santa Luzia do Itanhy se destaca no território por apresentar as maiores taxas de analfabetismo (45,2% da população de 15 anos ou mais), e o menor IDH (0,545). Já os demais municípios deste território apresentam uma média de analfabetismo em torno de 36,2%, para indivíduos a partir de 15 anos de idade. 1.3.1.5 -Território do Alto Sertão Sergipano O território do Alto Sertão é formado por 7 municípios, são eles: Canindé de São Francisco, Gararu, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo e Porto da Folha. O Território do Alto Sertão Sergipano tem como características principais os cultivos temporários, a pastagem, e a pecuária leiteira. Está localizado a noroeste do. 10. Ver tabela em anexo..

Referências

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