Ética e Responsabilidade Social
Licenciatura em Gestão
Parte I - Ética e Deontologia Profissional
2016/2017
Docente: Filipa Esteves
Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa
2 – OBJETO DA DIMENSÃO ÉTICA
NA EMPRESA
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Ano Letivo 2016-2017 - Filipa Esteves 3
Como lidar com a tomada de decisões:
• Os Fins justificam os Meios?
• Será que “vale tudo” no mundo empresarial?
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Falta de Ética
Nos dias de hoje, os executivos preocupam- se mais com o que é possível fazer para atingir objetivos, do que com o que é justo e honesto (ético)".
O resultado é que os que atuam de modo
eticamente reprovável raramente são
castigados…
Falta de Ética
Os Executivos ao invés de concentrar-se em desempenhar o seu trabalho de forma
competente e honesta, copiam os mesmos truques legais dos executivos desonestos.
Essa é a consequência lógica de confiar exageradamente na lei penal e pouco nas normas éticas".
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Objetivos da Contabilidade Criativa
Os objetivos da contabilidade criativa subdividem-se em 3 grandes grupos:
1. Melhorar a imagem da organização - importante para a função de crédito, investimento e remuneratória.
2. Estabilizar a imagem da organização ao longo do tempo - para o caso dos sócios conservadores, que gostam de resultados planos.
3. Debilitar ou piorar a imagem da organização em casos específicos - Pagar menos impostos; aquisições
management buy out; etc.
MBO (Management Buy Out) é uma expressão anglo-saxónica que designa uma operação em que os quadros diretivos adquirem o capital da empresa e assumem a sua gestão.
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Contabilidade Criativa
• A falsificação de números, “arranjos” de gestão é central em todos estes casos, na tentativa de as empresas parecerem mais saudáveis e lucrativas do que são na realidade.
• Todas elas levantam dúvidas sobre o comportamento dos contabilistas, auditores e financiadores.
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Soluções para a contabilidade criativa
•
É uma manipulação da realidade patrimonial da entidade, onde os gestores utilizando-se das flexibilidades e omissões existentes nas normas contabilísticas alteram propositadamente o processo de elaboração das demonstrações financeiras alterando significativamente a verdadeira situação patrimonial da entidade.•
Aproveitando-se das flexibilidades existentes nas normas contabilísticas, a utilização da contabilidade criativa acarreta distorções relevantes nas demonstrações contabilísticas.•
Não se pode definir, se a prática de contabilidade criativa é uma fraude pois necessita de praticar ou se envolver em atos ilícitos, ou ilegais.Soluções para a contabilidade criativa
É impossível acabar com a contabilidade criativa porque não existem formas objetivas de determinar a sua prática. Apenas é possível tentar perceber indícios da sua existência:
• A utilização dos métodos quantitativos; Revisão analítica, por rácios e outros indicadores de relação de massas patrimoniais.
• A utilização de medidas não financeiras de avaliação.
Todavia, há que contar com o “refinar “ das habilidades dos infratores, face a tentativas de os detetar.
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Fatores facilitadores
Fatores que facilitam a existência das práticas de contabilidade criativa:
• Assimetria da informação entre quem elabora e quem analisa as peças contabilísticas e financeiras.
• Aspetos relacionados com o comportamento (as diferentes personalidades, os valores culturais).
• As características das normas contabilísticas.
(Estes aspetos serão desenvolvidos aquando da fraude)
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3 – AUSÊNCIA DE PRINCÍPIOS ÉTICOS FRAUDE
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Causas da falência
A falência muitas vezes é consequência de
administrações desqualificadas, sem poder
de Gestão, que constantemente tomam
decisões erradas, levando gradualmente a
que as empresas encerrem o seu ciclo
operacional, logo a deixarem de existir.
Causas da falência
Contribuem para esta situação:
i) gastos anormais;
ii) riscos desnecessários;
iii) grandes mudanças do mercado;
iv) Etc.
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As 5 maiores falências nos EUA
Nº
Empresa Data pedido de falência
Ativos à data do pedido
(,000.000,00) 1 Lehman Brothers Setembro 2008 6912 Washington
Mutual 26/09/2008 327,9
3 WorldCom 21/07/2002 103,9
4 General Motors 01/06/2009 91
5 Enron 12/02/2001 65,5
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LEHMAN BROTHERS HOLDINGS
A maior falência de sempre foi a
LEHMANBROTHERS HOLDINGS, pedida a 15/09/2008.O banco tinha ativos de 691 mil milhões de dólares e a sua falência é tida como tendo marcado o início da atual recessão económica, considerada a maior desde a II Guerra Mundial.
Tratava-se do quarto maior banco de investimentos dos EUA e não resistiu ao escândalo do
subprime1, que fez grandes rombos em quase todos os bancos norte americanos.
1 - ACrise dosubprimeé uma crise financeira desencadeada em 24 de julho de 2007, a partir da queda do índice Dow Jones, motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco. Fonte Wikipédia.Ano Letivo 2016-2017 - Filipa Esteves 15
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LEHMAN BROTHERS HOLDINGS
O banco perdeu cerca de 3,9 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros) no terceiro trimestre do ano de 2008, porque:
Foi obrigado a efetuar importantes depreciações nos seus ativos devido à crise no mercado imobiliário, originada pela criação de produtos financeiros
suportados em créditos de famílias norte americanas que não tinham capacidade financeira para pagar as dívidas.
A estes produtos financeiros foi dado o nome de
subprime - crédito hipotecário de alto risco.
Washington Mutual,
A segunda maior falência da história dos EUA foi o
Washington Mutual, que foi pedida em 26/09/2008,com ativos no valor de 328 mil milhões de dólares.
Depois do escândalo do anterior banco e perante os rumores de outras falências, os consumidores retiraram montantes astronómicos de dinheiro dos bancos.
Em apenas 10 dias foram levantados do Washington Mutual mais de 16 mil milhões de dólares.
Pelo que não resistiu.
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WorldCom
A falência WorldCom, ocorreu em Julho de 2002.
Foi um dos maiores escândalos contabilísticos da História.
A transferência de despesas para os dispêndios com ativos fixos é sem dúvida, fraudulenta.
Essas despesas deviam ser reconhecidas de imediato no período decorrido, ao contrário dos dispêndios, que podem ser legitimamente capitalizados como ativos e depreciados durante sua vida útil.
Essa declaração falsa das despesas da WorldCom inflacionou artificialmente seu rendimento líquido, bem como o seu lucro.
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General Motors
A General Motors, é a quarta maior falência dos EUA pedida em Setembro de 2009.
O grupo detinha ativos no valor de 91 mil milhões.
A GM foi durante muitos anos a maior empresa dos EUA, conduzindo a ditos populares como:
“ o que é bom para a General Motors é bom para a América”, mas não resistiu à crise.
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Enron
Ocorrida em Dezembro de 2001 a 5ª na história dos EUA é a Enron.
Com ativos de 65,5 mil milhões a empresa
de gás e eletricidade, a maior do ramo
energético nos EUA também sucumbiu a um
escândalo contabilístico.
Enron
Foi dos casos de falência mais famosos:
Não só porque se revestiu de uma enorme
“engenharia contabilística e financeira”
envolvendo empresas offshores e empresas satélites para onde eram canalizados os custos e os passivos.
Provocou o encerramento da maior empresa de auditoria do mundo Arthur Anderson, depois de provado que contribuiu ativamente para esta situação de “maquilhagem descarada”.
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Enron
Com participações em pequenas empresas que não constavam no balanço, a Enron escondeu biliões em dívidas.
No último balanço publicado a empresa
apresentava lucros em quase 600 milhões
de dólares e fez desaparecer dívidas de
quase 650 milhões de dólares.
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Enron
A manipulação não parou por aí, pois além de esconder os passivos, a Enron também vendeu bens a essas empresas por preços sobrevalorizados, a fim de criar falsas receitas.
A empresa foi forçada a reajustar o valor dos seus resultados de 1997 a 2000 diminuindo o seu património em US$ 1,25 mil milhões.
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Falência Moral e Ética?
As imagens dos presidentes da General Motors e da Ford utilizando jactos caros, com despesas
astronómicas é o retrato de como as empresas podem ser despesistas com gastos desnecessários.
O mesmo para os ordenados e
prémios escandalosos dos banqueiros.
Em momentos de crise, os chefes executivos
devem dar o exemplo e acima de tudo mostrar
aos seus colaboradores o caminho a seguir.
O Mito do grande acabou
Apesar de as grandes empresas terem maior facilidade para fazer arranjos financeiros e redirecionar a
produção para outros mercados;
e Apesar de terem mais opções para captar dinheiro, os empreendimentos de porte elevado também vão à falência como ficou demonstrado.
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Parmalat
Parmalat era uma empresa italiana de produtos alimentares. Foi fundada por Calisto Tanzi em 1961 na cidade de Parma.
Foi uma grande empresa europeia de produtos
lacticínios antes de a justiça italiana declarar
sua falência em Dezembro de 2003.
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Parmalat
• As primeiras dúvidas ocorrem no dia 11 de Novembro de 2003, em que os auditores expressam as suas dúvidas acerca de um projeto de investimento de 500 milhões de euros efetuado no fundo Epicurum, situado nas Ilhas Caimão.
• A agência Standard & Poors baixa a notação dos títulos da Parmalat, cujo valor das ações reduz-se drasticamente.
• Para acalmar os mercados, a direção da Parmalat apresenta um documento anunciando possuir uma conta de 3,95 mil milhões de euros no Bank of America nas Ilhas Caimão.
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Parmalat
• O banco afirma ser falso tal documento.
• As ações da Parmalat conhecem, uma derrocada:
mais de 115 mil investidores perdem cerca de 11 mil milhões de euros (segundo dados do Le Monde Diplomatique, de Fevereiro de 2004).
• O caso da Parmalat é chamado na imprensa como o
Enron Europeu;
Tanzi condenado a 10 anos
Calisto Tanzi, fundador e ex-dono do grupo Parmalat, foi condenado em 26 de Dezembro de 2008 a 10 anos de prisão pelo Tribunal de Apelações de Milão.
Acusado de:
• especulação na bolsa
• dificultar a atividade dos órgãos de fiscalização
• de ser cúmplice de falsificações em relatórios
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Parmalat
A falência fraudulenta da multinacional italiana, revela mais uma vez a facilidade com que
empresas do capitalismo globalizado se apoiam em fraudes deliberadas para manter um
crescimento artificial (Ignacio Ramonet).
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Parmalat
A Parmalat apresentou uma queixa judicial contra o Deutsche Bank e o banco suíço UBS, acusa os bancos de serem responsáveis pela falência da empresa.
O Argumento da empresa foi de que os bancos conheciam bem a situação e contribuíram para a derrocada da empresa.
O mais curioso é que os bancos acederam quase todos a acordos para que as ações judiciais não fossem julgadas……….
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Auditoras tentam travar falência da KPMG
• As três maiores firmas de auditoria norte americanas - Deloitte & Touche, Ernst &
Young e Price Waterhouse Coopers – uniram- se para impedir o colapso da KPMG.
• O acordo é não "roubar" clientes e empregados
à auditora que foi investigada pelas entidades
judiciais americanas.
Auditoras tentam travar falência da KPMG
As três firmas receiam que um eventual colapso da KPMG venha a ter um
impacto significativo no sector, bem como na classe profissional dos
auditores, já afetada pelos escândalos relacionados com a falência da Enron e Parmalat.
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