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!i° ANNO N. 15-

REDACTOR

Or.CttLOSWA

A MAI DE FAMÍLIA JULHO DE 1882

EDITORES

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PALESTRA DO MEDICO

LXXXVll

Minhas Senhoras,

m _Eí»-**^V -aw Jãaaà **-*¦»

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omo deixamos dito, o ali- mento transforma-se em chymo no estômago. Nes- sas condições éregeitado por contracções próprias dos músculos, que já des- crevemos, para o intestino delgado. Devo lembrar aqui, o que disse quando tratei da anatomia; isto é, que os intestinos são di- vididos em delgados e grossos. Os intesti- nos delgados,' são mais finos porem mais longos e continuam-se no estômago. E' ahi que se completa a digestão.

Com efeito o alimento em forma de cliy- mo, chegando a primeira porção do intesti- no delgado que se chama daodeno recebe a acção de outro suecos digestivos, que são : o sueco biliar, a hlis que vem por can- naes especiaes do fígado e o sueco pancrea- tico, que vem de uma glândula chamada pmcreaszosiicco intestinal que é segregado por glândulas especiaes existentes dentro do intestino.

Cada um d'estes suecos tem acção espe- ciai para cada qualidade cie. substancia alimentar, como vamos explicar, e comple- tana a digestão de alimentos que o sueco

gástrico não pode digerir.

Mas continuando a descrever a marcha Vie segue o chjmo diremos que chegado ao intestino ahi é logo aproveitado o que pôde ser absorvido para o sangue isto é, o que

veio já prompto do estômago, o resto espera a acção dos suecos mencionados.

A' bilis ou o sueco segregado pelo fígado tem acção especial sobre os alimentos gor- durosos. A gordura não é digerida no esto- mago, sem ser attacada passa para o intes- tino e é ahi que a bilis a transforma em ch/lo, isto é, o alimento completamente digerido e em condições de entrar para o sangue.

Os alimentos feculentos, que também não são digeridos no estômago, o são pelo sueco pancreatico, que os transforma em assucar e assim são removidos para o san- gue. Já vedes portanto quanto são importantes esses suecos. Ainda temos o sueco intesti- final que existe em todo o percurso dos intestinos e que serve para completar o trabalho dos suecos biliar e pancreatico. ^

A acção do sueco intestinal continua sempre até a ultima porção do intestino delgado, o que quer dizer, que a digestão se fez sempre até que seja aproveitado tudo quanto possa ser absorvido.

Explicaremos melhor quando tratarmos especialmente da absorpgão. Mas synthe- tisando o que temos dito:

A digestão das substancias albuminoides (carne) se completa no estômago e é o que se chama o cliimificação, isto é, a formação d'essa posta semi liquido que dissemos

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chamar-se áymo. Em taes condições passa para o duodeno, levando porem, sem ser digeridas, as substancias gordurosas e fecu- lentas; d'esse papel como já dissemos tam- bem se incumbem os suecos Mliar,pancrea- tico e intestinal. Feito isto está completa a digestão do bolo alimentar, é o que se chama cUliftcaçào; o producto d'esse tra- balho é o chylo. Como tal é que o ali-

mento é absorvido para o sangue.

Do bolo alimentar porem não é tudo aproveitado, ha uma parte qne não é absor- vida no intestino delgado e passa para os grossos intestinos.

Os grossos intestinos, que são a conti- nuação dos delgados começão na parte supe- rior por uma porção mais larga e que se chama ccecum- Ali é que vão ter as sabs- tacias que não foram aproveitadas pela digestão, taes como os tendões, ligamentos,

(os chamados nervos e pelancas da carne) as cascas do grão, os caroços, etc, e também a porção do alimento que não poude ser dige- rido ou por falta de mastigação ou pela quantidade maior do que podia ser digerido ou por moléstia. Essa massa é que vai constituir os fezes; são esses detritus da digestão que putrefazendo-se desenvolvem gazes que dilatam os intestinos e por con- tracção do intestino vão até o recto e são regeitados; constituindo assim a defe cação.

E' essa a marcha do alimento. Compre- hendeis portanto quanta desordem poderá causar á economia quando qualquer cTesses actos é perturbado. Teremos occasiâo de fazer as applicações pathologicas e por em-

quanto continuaremos na physiologia.

Dr. C. Costa.

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HYGIENE DA MULHER PEJADA

(Continuação do n. 14J

A tolerância desceo — entre nós — a um gráo tal que as mulheres de má vida, e — infelizmente — as da camada inferior, apresentam-se ostensivamente com esse traje á janella, por ser justamente o que lhes parece indicar mais claramente a desenvol- tura de seus costumes.

Lembramos n'esse caso sua substitui- ção pelos casacos, que podem de alguma forma ser modificados; e — ainda — pelos casacos e saias que — permittindo a liber- dade interna —conservam toda a decência externa.

Os vestidos nesgados e justos ao corpo, sobre serem indecentes, cumpre que se- jam banidos pelas pejadas, Por demasiado óbvios, deixamos de consignar os motivos.

Occupemo-nos agora de um dos accesso- rios da toilette que mais controvérsias tem sofrido em todos os tempos: o espartilho.

Felizmente, não se pode repetir hoje—em absoluto—do espartilho, o que com muita razão se dizia outr'ora. Os progressos^ da industria por um lado, e por outro o gosto artístico das modistas, conseguiram o que debalde se esforçaram por alcançar duran- te muitos annos os hygienistas com seus conselhos, os médicos com seus fatídicos prognósticos, e até—no púlpito—os sacer- dotes, e os monarchas em suas leis í; sen- do sempre debalde tudo quanto se tentou

1 José II da Áustria prohibio, no século pas-

sado, o uso do espartilho em todos seus domínios.

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A MAI DE FAMÍLIA llõ

üara desterrar o espartilho, ou—quando menos—para modificar-lhe a forma de tal sorte que acarretasse ao corpo menos damnos.

B' verdade que até bem pouco tempo o espartilho era uma espécie de couraça feita de tela excessivamente forte, grossa, áspera inextensivel, que — começando da parte superior do peito—descia até muito abaixo do ventre; e — como se não fosse isso bas- tante — reforçado com uma infinidade de barbatanas; adiante, uma resistente chapa de metal obrigava o corpo á mais enérgica pressão por meio de um atacador collo- cado nas costas; não podendo por esse modo órgão algum escapar á acção compressiva de tão brutal machinismo.

Os seios eram tão fortemente comprimi- dos, que chegavam a perder o bico, e — em alguns casos — a atrophiar a glândula; as falsas costellas, e até mesmo as ultimas ver- (ladeiras, soffriam não menor compressão com o fim de apurar o talhe. E, quando a moda o exigia, redúzia-se a cintura á inve- rosimil delgadeza de ser abarcada com as duas mãos, sem se reflectir que órgãos tão importantes como o estômago, fígado e baço soffriam n'esse estado tal aperto que quasi embaraçava-os de funccionar.

E' inútil accrescentar que, habituada a mulher desde a mais tenra idade a essa tortura, adquiria facilmente o que ainda hoje se chama um talhe esbelto e elegante;

porém a taes padecimentos se comdemnava, e tão profunda modificação soffria o seu orgaiiismo,que não poucas vezes a medicina lamentou a exiguidade de seus recursos ante enfermidades geradas por esse systema bru- tal de maltratar o corpo.

Os espartilhos modernos estão muito mo- dificados. Feitos de tecido macio e elástico,

— menos tensivos do que os antigos, uma ou outra barbatanasinha perfeitamente in- vaginada e acolchôada para não castigar as carnes, — duas finas, estreitas e flexíveis tiras de metal constituem seo único reforço anterior, adaptando-se ao corpo por meio de um atacador que não pode — cie modo alg- um—exercer tanta pressão, ainda mesmo quando quizessem tental-a, pela pouca re-

sistencia que otterece. Em vez de subir até a parte mais elevada do peito,chegam apenas á altura dos seios, aos quaes mantém, sem apertar; e comprimem muito brandamente o ventre, acompanhando o em todas suas for- mas por meio cie umas abasinhas convenien- temente colbcadas. Este espartilho, que bem merece o nome do coliete, deste modo feito, não se o apertando demasiado, prehen- che perfeitamente o.seo fim, visto como vi- gora o talhe, sustem os seios, servindo ao mesmo tempo de ponto de apoio ás outras peças do vestuário.

A meu vêr é preferível a ágoa de Colônia, ou mesmo a ágoa Florida legitima. Fric- cionando durante a segunda metade da prenhez (do 5 mez em diante), todas a, vezes que se vestir ou despir, e ao deitar como dispõe de mais tempo, collocará a recem-casada sobre o bico do peito algodão em rama embebido na ágoa aromatica.

Anteponho este meio a qualquer outro;

mas, desde que a mulher tenha os seios bem conformados, não ha necessidade alguma das taes biqueiras, tomando apenas as de- vidas cautelas para que a roupa não lh'os comprima.

Nas primiparas o bico do seio está ás vezes occulto; n'esse caso o melhor meio para facilitar-lhe a sahida é a sucção mo- derada de todos os dias, quer pelo próprio.

marido, quer por um cachôrrinho de mama;

ou mesmo empregando uma pequena bomba, cujo tubo se adapte á extremidade perfu- rada de uma biqueira.

Insisto, comtudo, em aconselhar ás se- nhoras que não abusem destes meios, os quaes —além de tudo —poucas vezes são realmente necessários: a natureza tem mil recursos para corregir essas pequenas faltas, e todos os dias vemos mulheres que chegam ao termo da gestação sem vestígios sequer do bico do peito, e —não obs- tante - basta o primeiro sugar da criança para fazêl-o apparecer como por encanto.

Dr. Pires de Almeida.

(Continua),

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116 A MAI DE FAMÍLIA

â ESTUDOS GERAES

SOBRE A PREVENÇÃO DO CRIME NAS CRIANÇAS, COMO PARTE COMPLEMENTAR 1)0 SYSTEMA PENITENCIÁRIO (Continuação).

vi

FRANCA

A' direita e á esquerda do templo oslciitào-se dous prédios mais consideráveis do que os cha- lets da colônia : contem elles a escola que serve também para sala da rouniáo das famílias; e armazém de modelos e de instrumentos agrários, e de aposentos dos empregados.

Por trás, pegado á igreja, da qual é prolon- gamento, está a casa de castigo : é uma pr sào cercada dé muro, com cellulas dispostas de ma- neira que os detidos discipünarmente possão, sem sahirem e sem serem vistos uns dos outros, assistir aos officios divinos. Para isso basta

simplesmente correr uma cortina.

Em roda da casa do castigo espraia-sc a quinta^

com albergarias, curraes, celleiros, estribarias, uma queijaria, etc, e mais distante o cemitério,

singelamente disposto.

Os enterramentos são feitos com solemnidade;

sendo encarregados dos jazigos os irmãos mais velhos.

Sito á entrada da colônia, mas um pouco des- viado, ha ainda um edifício, occupado pela en- fermaria, rouparia, escola de grumetes e contra- mestres, vivenda das irmães de caridade, co¦

zinha, padaria lavanderia, etc.

Por diante está ogymnasioepor detraza horta.

A colônia tem capacidade para 720 rapazes A vida em família, queé o elemento principal da colônia, apresentou no começo de sua orga- nisação algumas difficuldades por se não saber como encontrar-se um chefe e outros empregados.

Para remover este obstáculo creou-se uma escola normal e preparatória, que atrahio alguns moços das circumvisinhanças os quaes adrede e convenientemente educados forão aproveitados com vantagem ; preparando-se uns para chefes

de família outros para fiscaes e alguns para dc- curiões das escolas e aspirantes aos diversos cargos.

Além destes, ha ainda na colônia uma enti- dade a que se dà o nome de irmãos mais-velho, tirado d'enlre os colonos — e eleito de tres em tres mezes por seus companheiros.

Assim que o menor chepa á colônia passa por um interrogatório municioso ; é inquirido sobre sua vida e costumes, delido commettido, e quaesquer outros esclaVecimentos.

Uegistra-se tudo no mesmo mappa onde vão-se apontando depois as occurencias posteriores.

Cada família vive vida á parte e tom suas re- lacões como na vida ordinária

Quanto ao regimen, observa-se na colônia o seguinte:

Nas aulas, no trabalho, n\ igreja, no refei- torio, nos dormitórios e em tudo mais, formão os menores categorias, segundo a idade ; sendo a primeira até 10 annos e as immediatas dos 10 aos 12, dos 12 aos 14, dos 14 aos 16 destes aos

18 e finalmente até aos 20.

Não se torcem as vocações; pelo c ntrano, procura-se sempre desenvolvê-las, indagando a procedência de cada menino : se são do littoral e filhos de marinheiros,revelão aptidão para a vida do mar, apren lem náutica no navio existente na colônia.

Levantao-se as 5 horas da manhã, lavão-se e resào: trabalhào 3 horas no inverno e 4 no verão ; lem 2 horas de escola, 1/2 para o almoço 1 para o jantar e 1 para ceia e recolhem-se ás 9 horas da noite, depois da reza.

Os que se applicào á lavoura, nos dias calmo-

sos, durante a força do calor, suspendem o

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*v.v

A MAI DE FAMÍLIA 117

trabalho e empregão o tempo no estudo : e os que se destinão á vida do mar, nos dias chuvosos' recolhem-se ás suas oficinas especiaes e ahi se entregão a tudo quanto diz a respeito á arte

maritima.

a educação e o ensino literário e artístico são altendido com particularissimo desvelo.

Todos os colonos, sem distincção, frequentão Iodos os dias e por categorias as aulas -durante 1/2 hora pelo menos* e em dias alternados assis- lem na igreja as praticas religiosas.

Nas horas de folga—fazem exercícios phy- sicos nos prados, e se chove, exercícios gyna- nasticos nos alpendres que cobrem os espaços comprehendidos entre as habitações; e no verào exercícios de natação nos lagos.

Pela manhã,em seguida ao despertar, reunidos ao som de ciarim, são passados em revista por unidos directores, e distribuídos pelo serviço;

eem seccões, sob a direccão dos conlra-mestres e do irmão-mais-velho seguem para oficinas ou para o campo.

Todo este movimento ex« cuta-se ao som de clarim.

A agricultura c o ramo mais importante da Mettray além da cultura da parra, ha outras como a da ainmoreira para criação do bicho da seda.

A disciplina é um tanto severa ; a menor transgressão é punida immediatamente, mas de modo queo transgressor se convença da justiça do casligo.

As penas mais em pratica são : Reprebensão.

lixclusâo do quadro honorífico.

Cellula clara ou escura.

Regresso á casa central.

Existem 24 cellulas punitivas, raras vezes oecupadas

Aos colonos que mais se distinguem dá-se nm prêmio em dinheiro, e que se destina para o seu pecúlio; alem deste ha outros muitos, conferidos individualmente ou á familia, — como seJào ; o quadro honorífico, os empregos de con-

toca, os concursos etc.

Paru figurar no quadro honorífico é mister que o colono não tenha soffrido castigo algum

— por tres mezes seguidos.

lia um outro creado para & familia que no correr da semana não incorreu na menor falta ; e consiste em uma bandeira com as cores na- cionaes e a legenda.

« Colônia Mettray — Em honrada familia.)) Ao conferir-se o prêmio, entando toda colônia reuinda, colloci-se na frente a família%premiada

—que depois de receber o estandarte marcha ufana precedendo ás outras.

A religião é alli fervorosamente observada ; ao domingo assistem os colonos á missa e de- pois delia ás prédicas do capellão e do director.

Neste dia aprendem a musica e exercitão-se em gymnastica, e em manobras de incêndio e de marinhagem.

Para estimular os brios e a emulação dos co- lonos, tem-se introduzido todos os meios ima- ginaveis—: na igreja —estão gravados em lon- gas taboas os nomes dos mais distinetos; nas aulas —exposto em molduras os desenhos, as escriptas, a naraçáo de feitos memoráveis rela- tivos á colônia, e a correspondência daquelles que saliirão—deixando recordações agradáveis de sua passagem.

pessoal da colônia compòe-se de:

director.

1 inspector.

1 capellão.

8 irmãos de caridade.

1 mestre em cada oííicina.

1 dito em cada ramo de ensino.

chefe para cada familia.

irmãos mais velhos para cada familia.

A 20 kilometros está organisada, no campo de Orfrasiere, uma família com vida mais inde- pendente, como ensaio e preparo para eman-

cipação de colonos,

Para meninos delinqüentes protestantes existem unia colônia agrícola emSúnlFoy e ura refugio, estabelecido na casa de Dioconesse, em Pariz.

A colônia foi instituída pela Socielé des In- íerêls. Genéraux du protestantisme Français, fundada em 1842, e é, como a casa Diaconcsses, ao mesmo tempo de caracter preventivo e cor- .reccwnal

Recebe os menores detidos pelo poder com- petente e os meninos viciosos, mandado espon- taneamemte pelos pais ou seus bemfeitores.

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118 A MAI DE FAMÍLIA

O refugio foi aberto em 1844 para meninas condemnadas pelos tribunaes ou recolhidas por seus pais em correcção paterna.

Até então erão recolhidas nas prisões publicas de envolta com mulheres de vida desregrada, assim ficavão expostas ao risco de uma per-

dição inevitável, por esse contacto pernicioso e fatal.

Ahi adquirem uma profissão útil que lhes proporciona meio de vida honesta.

(Continua).

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A CRIANÇA

CONVERSA SOBRE 0 MODO DE CRIAR OS FILHOS

iu

HISTORIA DE UMA MÃISINHA QUE QUER SEU MAMA

Ha dias fui visitado, em meu consultório, por uma senhora joven ; trazia ella o seu filho, um anjinho descido do céu havia mezes apenas.

Tive a principio uma impressão penosa, vendo chegar essa joven mài que eu conhecia de ha muito, porque previ que ella me vinha pedir auxilio contra os soífrimentos do filho.

Nào é esse um dos penosos privilégios do medico ? Quando se o chama, quando se o vai consultar, é para fazel-o presenciar a dôr, a moléstia: triste espectaculo, na verdade. Qual o novo soffrimento que me ia revelar a niàisinha querida ?

Detidamente levantou o véo que protegia a pobre crinnça contra os ardores do sol ou a vio- lencia do ar, porém foi para mostrar-me um rostinho rosado e bochechudo.

S-m duvida trata-se, pensei eu, de algum accidente sério, pois que agora a mãi desabo- toava o vestidinho para mostrar-me as pernas do bebê.

Se nâo era para aqui tar-se o semblante, as pernas gordurosas e bellas não lhes ficava atraz!

Olhei, um tanto sorprendido para a Sra. *** e em seguida para a criança, que se riu para mim como que zombando do medico e da sua sorpresa.

Tinha razão o anjinho, em zombar, pois que eu me t ilha, mostrado pouco perspicaz. Que necs- sidade tinha eu de assim o examinar? Nào de- veria ter o semblante da mài me avisado logo que nâo podia estar doente o filho querido, pois que sorria ao entrar no gabinete ?

— Entào, doutor, está contente commigo ? De

certo que o estava. «E V. Ex. minha senhora,

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A MAI DE FAMÍLIA 119

nào estima ter seguido os meus conselhos ?» Foi eloqüente a resposta : a feliz mài beijou com ternura a criancinha que lhe tendia os braços.

É' uma historia que desejo contar-vos, his- toria simples, historia de uma mãi que dese- java ser completamente marnã.

Era feliz, muito feliz, foi mài e sua felicidade tornou-se completa. Esse sonho doirado que tantas vezes havia feito de ter um filho seu rea- lisava-se.

Oh ! como o amará o queridinho! com que desvellos cuidará nelle. Ella é que o criará e o amamentára, pois que a ninguém poderia ser confiado o cuidado de vigiar em tão precioso thesouro. A avó porém, temia para a tilha as fadigas do aleitamento e queria que se chamasse uma ama : mandaram chamar o medico para juiz.

E questão muitas vezes gravíssima de resol- ver-sepois que se trata de duas existências igualmente sagradas. Esta vez, felizmente era fácil dar a senteuca.

Eu conhecia havia muito a joven mãi e sabia que não existia nella nenhuma dessas terríveis aífecções cujo germem transmitte-sc de modo tão cruel para a criança. Era forte e vigorosa, e era vivific^dor o alimento que estava no caso de dar ao entesinho querido. A avó quiz fazer observações fallando no cansaço que resultaria para a joven ama.

Lembrei-lhe, porém, que esse cansaço tam- bem ella o sofírera e que apezar disso nem ella, nem a sua filha tinham deixado de gozar excel- lenle saude. Porque, mãi por sua vez não faria , ella o mesmo preenchendo o bello e santo dever da maternidade ? Assegurei finalmente que res- pondia pela saude da joven senhora; e venci

os escrúpulos.

Todavia, antes de dar pleno consentimento eu quiz lembrar á joven mãi o sagrado encargo que tomava. Não temia, sem duvida, nenhum esque- cimento

por parte delia; era porém para mim questão de princípios.

Sem jamais querer contrariara inclinação que a Mãi tem para criação do filho, sem querer privar o queridinho de sua ama natural, acre- dito ser um dever mostrar á mãi qual a sua res- Ponsabilhlade.

Faço empenho antes que tudo, que a resolução seja espontânea, e livro-me de deixar-me levar por pedidos de familia, do marido ; pois que é de temer-se que seja rnal cumprido aquillo que não se tenha o firme propósito de executar.

Cumpre deixar de lado os phraseados sobre o dever das mais, pensar nas exigências sociaes, velar antes de tudo pelos interesses da criança;

tal deve ser o papel do medico. Cumpre sab<r, se fôr necessário relembrar os deveres penosos que impõe as funeções de ama. Se assim mos- trarmos algumas sombras do painel, não falta- rão os brilhantes raios du felicidade e contenta-

irKntoparaoilluminar?

Quereis, disse eu á joven mãi, criar mesnw o vosso filho ? podeis fazei o, e dou-lhe os para- bens pelo modo verdadeiro e completo com que encarais o vosso papel de mAi. Praza aos cé< s que todas as mais se comportassem como vós.

Muitos innocentinhos seriam salvos. Sabeis porém, não é assim, que ides ser escrava de um senhor gentil, porém, tyranno tambem ? W um egoísta que não admitte meias ternuras; para elle será mister renunciar o mundo e suas galas, ser toda delle.

Interrompi-me, minha Senhora. Que vos im- portam esses prazeres vãos, essas alegrias futeis?

o que são elles comparados á felicidade tão pura

e completa reservada ã mãi ? Para vós serão as

primeiras caricias, os alegres sorrisos. Para vós

se levarão esses bracinhos, e vós é que sereis

procurada pelo seu terno olhar. E' comvosco

que esboçará esses primeiros ensaios de sons tão

doces em sua barbaridade estranho. Oh ! sereis

bem recompensada dos vossos males. O que

pensar daquellas que deixam passar sem apro-

veital-a semelhante felicidade? Quanto lastimo

tombem as pobres mais que, promptas para

todo sacrifício, afim de amamentar os filhos,

veem-se privadas pela cruel natureza do gozo

de tal ventura! Compete as vezes ao medico

infelizmente refrear esses movimentos de ter-

nura. Triste missão a de arrancar á mãi um

filho. Porém nào devemos nós protecção ao

recém-chegado ? Estava disposta a pobre mu-

lher a supportar toda fadiga, essa valente

porém esquecia-se em sua ternura de que o

mal que a ferira poderia inocular o seu fatal

(8)

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IHWIW ¦ -'¦' '"*" >»^ *****-

120 A MAI DE FAMÍLIA

veneno na crianeinlia. Cumpre defender as duas fracas existências: ordenar a uma o repouso, entregar a outra a um estranho. Para vós, porém, mostrou-se mais clemente a Provi- dencia; nada lia que receiar para o queri- dinbo. Ainda elle nào tinha chegado e já a vossa cuidadosa ternura lembrava o seu futuro ali- mento. Não esquecestes que vos fiz observar com o microscópio a força nova que vos dera a natureza. Com que orgulho procuraveis contar os glóbulos do vosso leite quando eu demons- trava que a sua riqueza dependia do numero desses glóbulos !

Porém, nào privemos por mais tempo Bebê de sua ama, vamos, tratemos da primeira refeição.

Esta, esplendidamente preparada, essa pri- meira refeição, reúne o útil e o agradável. Vede

ie 9

a singular cor amarellada que apresenta o pri-

meiro leite derramado : é porque encerra uma substancia especial : o coloslrum, cujo fim' é agir de modo particular nos intestinos do joven conviva e tornar desnecessário toda intervenção de xarope de chicória ou outro qualquer.

Nos primeiros tempos, convém que esteja posta a mesa do Sr. Bebê apenas este o deseje ; mais tarde convira regular as horas de refeição para evitarem-se as indigestões. Tornaremos a fallar nisso. Em seguida beijei o interpellanle fedelho, dando-lhe os parabéns pela sua boa mãisinha, e convencionamos que eu iria certiíi- car-me dos progressos realizados.

Assim foi que me foi dado gozar de tào doce espectaculo, ver uma mãi feliz e uma criancinha com saude.

Or. P. Blanche.

IftEtiCBtlPÇlO II© Í?ICÍL'BIT¥0 COIjOMDO S. « Distribuída com o presente numero aos nossos assignantes da Ia edição Menino de 6 a 7 annos

>

Blusa de cachemira azul marinho. O corpo tem largas pivgas-fundas, entre as quaes ha grupos de plisses finos. Saia pregueada. Colla- larinho e canhões guárneculos de bordado.

Cinto e gravata de seda irmanada. Calça curta de cachemira azul marinho. Chapéo de palha preta, forrado com seda azul. Meias com listras azues. Sapatos de entrada baixa.

Menina de 3 a 4 annos.

Vestido dc fuslão branco; folho plisse em toda a volta. Pela frente, ha dois outros folhos, um de renda, um de fustào. Bufos na cinta e pregas ao comprido- no corpo do vestido O folho" de fustào, os rufos e a parte pregueada ao comprido sào de uma só peça. A parte superior ahre-se sobre um collete e forma reversos em chalé. Fraldam-se os lados abaixo dos rufos, Cinto, laços, canhões e botões d^ setim encar- nado. Chapéo de palha, ornado de uma larga fita de setim encarnado e pluma branca.

Menina de 12 a 13 annos

Sobretudo de panne inglez côr de havana e de xadrezinhos. Mangas japonezas, com largos canhões de seda. Bolsos de seda. Botões de madreperola.

Menina de 5 a 6 annos.

Vestuário de seda cinzenta. A saia tem dois folhos pregueados. Na beira de caoa tolho lia um babadinho plisse de setim cor de ameixa.

Túnica ligeiramente fraldada. Corpuilio tor- mando casaca atraz. Abre-se o dianteiro tor- mando chalé e orna-se de reversos. De cacta lado dos botões tem rufos que se reúnem na cinta. Collete e reversos de setim côr de ameixa.

Fivela de madreperola abaixo dos reversos.

Menina de 8 a 10 annos

Vestuário de cambraia crua, surah côr de rosa e guipure branca; Saia guarnecida, em baixo, eom dois folhos de cambraia e um oino de çuipure. Na beira de cada folho de cambraia ha um babadinho de surah, Fralda-se ligeira- mente a poloneza pela parte inferior das abas, um folho de guipure orna esta abertura. I Isso e viez de surah na extremidade d s WM!.«M>

Collarinho de cambraia crua. Chapéo de pana forrado de seda côr de rosa. Laço irmanado.

Pluma branca,

Menina de 4 a 5 annos

Vestido de surah azul. Faixa de setim a tira-

collo, semeada d* pequenos botões de mame-

pérola e cercada de renda. Saia com tres tomos

pregueados e um viez. Grande colarinho ue

renda. Chapéo de palha, com pluma azul.

Referências

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