• Nenhum resultado encontrado

O LIVRO ILUSTRADO SONORO O SOM COMO POTENCIADOR DE INTERPRETAÇÕES E INTERACÇÕES DA CRIANÇA E O LIVRO Joana Alcobia Simões Ricardo Doutora Ana Lúcia Pinto

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O LIVRO ILUSTRADO SONORO O SOM COMO POTENCIADOR DE INTERPRETAÇÕES E INTERACÇÕES DA CRIANÇA E O LIVRO Joana Alcobia Simões Ricardo Doutora Ana Lúcia Pinto"

Copied!
101
0
0

Texto

(1)

O LIVRO ILUSTRADO SONORO

O SOM COMO POTENCIADOR DE INTERPRETAÇÕES E INTERACÇÕES DA CRIANÇA E O LIVRO

Joana Alcobia Simões Ricardo

Orientador

Doutora Ana Lúcia Pinto

Projeto apresentado

ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

para obtenção do Grau de Mestre em Ilustração e Animação Este trabalho não inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri.

janeiro, 2020

(2)
(3)

O LIVRO ILUSTRADO SONORO

O SOM COMO POTENCIADOR DE INTERPRETAÇÕES E INTERACÇÕES DA CRIANÇA E O LIVRO

Joana Alcobia Simões Ricardo

Orientador

Doutora Ana Lúcia Pinto

Projeto apresentado

ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

para obtenção do Grau de Mestre em Ilustração e Animação Este trabalho não inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri.

janeiro, 2020

(4)

DECLARAÇÃO

Nome: Joana Alcobia Simões Ricardo

Endereço eletrónico: joana.a.ricardo@gmail.com Título do Projeto: O livro ilustrado sonoro

Subtítulo do Projeto: O som como potenciador de interpretações da criança e o livro Orientador: Doutora Ana Lúcia Pinto

Ano de conclusão: janeiro, 2020

Designação do Curso de Mestrado: Mestrado em Ilustração e Animação

Nos exemplares das Dissertações /Projetos/ Relatórios de Estágio de mestrado ou de outros trabalhos entregues para prestação de Provas Públicas, e dos quais é obrigatoriamente enviado exemplares para depósito legal, deve constar uma das seguintes declarações:

x É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO

APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

☐ É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO (indicar, caso tal seja necessário, nº máximo de páginas, ilustrações, gráficos, etc.), APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

☐ DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DE

QUALQUER PARTE DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave,14/01/2020

Assinatura

(5)

LIVRO ILUSTRADO SONORO: O SOM COMO POTENCIADOR DE INTERPRETAÇÕES E INTERACÇÕES DA CRIANÇA E O LIVRO.

RESUMO

Neste projeto, pretendeu-se criar um livro ilustrado em que o som contribuísse para a construção da narrativa, propondo novas formas da criança interagir com os livros ilustrados sonoros. Com isto, pretendeu- se ampliar as potencialidades de comunicação e de utilização dos media envolvidos, tentando investigar e demonstrar como o som permite desencadear novas formas de apresentar uma narrativa ilustrada. O som não foi aqui entendido apenas como uma narração do conto escolhido mas sim, como um potenciador do ambien- te narrativo através da utilização de música e sons que contribuam para enriquecer o conto.

A ilustração e o texto aliam-se ao som permitindo o jogo entre elementos visuais e sonoros propor- cionando ao leitor, deste modo, uma narrativa multissensorial e interativa.

A história escolhida é um conto russo, A raposa e a lebre que nos conta a história de uma lebre que vê a sua casa invadida e ocupada por uma raposa. Esta, muito triste, e sem ter para onde ir, depara-se com diferentes personagens ao longo do conto, todas elas de estaturas grandes e intimidantes que ao presenciarem a situação tentam ajudar a lebre a recuperar a casa. Surge, então, um herói inesperado de pequena estatura, um galo, que vem em seu auxílio. As personagens ao serem todas animais permitem que os seus sons caracte- rísticos, em conjunto com os outros elementos sonoros, potenciem dinamismo sonoro ao ambiente do conto.

PALAVRAS-CHAVE:

Ilustração, som, livros infantis sonoros, livros infantis soviéticos, realidade aumentada

(6)
(7)

THE ILLUSTRATED SOUND BOOK: SOUND AS ONE OF THE PRINCIPAL SOURCES OF INTERPRETATION OF A BOOK AND A CHILD'S INTERACTION WITH IT

ABSTRACT

The purpose of this project is to create an illustrated book in which sound complements the narrative, helping children to find new ways of interacting with illustrated sound books. Thus, the intention is to expand the potential for the usage of such books and show how sound lets one establish new forms of presenting an illustrated narrative. Sound is not seen here as the narration of the chosen text, but rather as a means of providing the ambient for the narrative through music and accompanying sounds that enrich the text.

The illustration and the text are associated with the sound and create a play of visual and sound ele- ments that thereby help the reader to connect with the narrative.

The chosen text is a Russian fairy-tale called The Fox, the Hare and the Rooster which is a story about a hare whose house has been taken by a fox. Being very sad and having nowhere to go, the Hare en- counters several strong and intimidating characters throughout the story that, upon learning about the Hare’s predicament, try to help to reclaim the house for her, until in the end the unexpected hero of short stature, the Rooster, comes to the aid. Since all the characters are animals, they have their own characteristic sounds and these sounds, in combination with other sound elements, make the ambient of the story more dynamic.

KEYWORDS

Illustration, sound, children sound books, soviet children books, Augmented reality (AR)

(8)
(9)

AGRADECIMENTOS

A todos que participaram neste livro, muito obrigada.

Konstantin Kroshkin, pela música e traduções.

A Joana Perdigão, à Leonor Lima e à Sandra Gonçalves por ajudarem no vídeo.

Ao Marcos Pessegueiro pela ajuda com o Unity.

Aos meus pais que sem eles não era possível.

E por fim, à minha orientadora pela paciência e pelas reuniões fora de horas.

(10)
(11)

ÍNDICE

RESUMO ... I ABSTRACT ... III AGRADECIMENTOS ... V ÍNDICE ... VII ÍNDICE DE FIGURAS ... IX ÍNDICE DE TABELAS ... XI

INTRODUÇÃO... 1

CAPÍTULO 1 A CRIANÇA COMO LEITORA E AS SUAS NECESSIDADES ... 3

1.1- A CRIANÇA DOS 6 MESES E OS LIVROS SONOROS COM PROPÓSITOS PEDAGÓGICOS ... 5

1.2- A CRIANÇA E A MÚSICA: CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO INFANTIL... 6

CAPÍTULO 2 O DESENVOLVIMENTO DOS APARELHOS SONOROS E LIVROS COM SOM ... 7

2.1- APARELHOS SONOROS E O DESENVOLVIMENTO DAS TECNOLOGIAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O LIVRO SONORO ... 9

2.2- LIVROS SONOROS: DIFERENTES CONTRIBUTOS PARA A REPRODUÇÃO DE SOM. ... 10

CAPÍTULO 3 DO CONTO ORIGINAL À ADAPTAÇÃO DO TEXTO ... 15

3.1 ESTRUTURA DO LIVRO ... 17

3.2 SINOPSE DO CONTO ... 17

3.3 TRADUÇÃO PARA INGLÊS E ADAPTAÇÃO PARA PORTUGUÊS ... 18

3.5 AS ALTERAÇÕES FEITAS AO CONTO ORIGINAL ... 23

CAPÍTULO 4 DESENVOLVIMENTO DO LIVRO ILUSTRADO ... 25

4.1 AS DIMENSÕES E O FORMATO DOS LIVROS DE REFERÊNCIA E O PROJETO DO LIVRO FINAL ... 27

4.2 DO STORYBOARD E MAQUETE À ILUSTRAÇÃO FINAL ... 27

4.2.1 TÉCNICA E COMPOSIÇÃO DAS ILUSTRAÇÕES ... 29

4.3 PERSONAGENS ... 35

4.4 O TIPO DE LETRA ... 37

CAPÍTULO 5 O SOM NO LIVRO: DA MÚSICA AOS SONS... 41

5.1 A MÚSICA DE FUNDO ... 43

(12)

5.2 OS SONS E AS PERSONAGENS FIGURANTES ... 44

CAPÍTULO 6 TECNOLOGIAS PARA A REPRODUÇÃO DO SOM ... 45

6.1 DO PROBLEMA À SOLUÇÃO: AUGMENTED REALITY ... 47

CAPÍTULO 7 APLICAÇÃO MOBILE ... 51

7.2 APLICAÇÃO MOBILE ... 53

7.2 VIDEO DE DEMONSTRAÇÃO ... 55

8 CONCLUSÔES ... 57

9 REFERÊNCIAS ... 59

ANEXOS ... 65

(13)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Phonocarte. ... 9

Figura 2 - Ilustração demonstrativa do uso do Sonorine e do Phonocarte. ... 9

Figura 3 - Sonorine. ... 9

Figura 5 - O livro da chicco feito em plástico rijo e o Ocean Friends em plástico maleável. ... 10

Figura 4 - Livro A banda e os animais. ... 10

Figura 6 - Diferentes tipos de sensores para livros sonoros... 10

Figura 7 - Livro White Noise por David A.Cartes. ... 11

Figura 8 - Livro Music Book pela editora Volumique. ... 11

Figura 9 - Bit Reggae: Collision and Creolization por Nicolas Nova. ... 12

Figura 10 - Livro Roberto: A Computational Sticker Book por Michael Horn. ... 12

Figura 11- Instalação The listen reader a ser utilizada. ... 13

Figura 12 - Projeto Electrolibrary desenvolvido Waldek Węgrzyn. ... 13

Figura 13 - Mês premiers airs de ROCK com 12 páginas. ... 17

Figura 14 - What's that sound? Classical Music com 14 páginas. ... 17

Figura 15 - Livros Este livro está a chamar-te (não ouves?), Daqui ninguém passa, Boa noite, A banda dos animais, Baltasar o grande e Estranhas criaturas. ... 27

Figura 16 - Construções russas simples e esboços. ... 29

Figura 17 - Construções russas mais nobres, igreja e casa nobre e esboços ... 29

Figura 18 - Estudo digital da página 2 e 3. ... 30

Figura 19 - Segundo estudo da técnica para as ilustrações. ... 30

Figura 20 - Maquete da página 2 e 3. ... 31

Figura 22 - Capa big lights (1958)... 31

Figura 22 - Capa big lights (1958)... 31

Figura 21 - Maria Menshikova - Sunset (2016) ... 31

Figura 23 - Whom shall I become? de Mayakovsky (1929), ... 32

Figura 24 - Obras de Juliette Oberndorfer e Gosia Herba. ... 32

Figura 25 -Ilustração de Laptev The Five Year Plan. ... 33

Figura 26 - Ilustração final 2 e 3... 33

Figura 27 - Maquete páginas 4 e 5. ... 33

Figura 28 - Ilustração final da página 4 e 5. ... 33

Figura 29- As folhas de ouro por Engel. (1927). ... 34

Figura 30- Ilustração da página 12 e 13 composição com plano diagonal. ... 34

Figura 31 - Esboços das personagens lebre, ursa, lobo e vaca ... 35

Figura 32- Esboço da posição do lobo e a lebre. ... 35

Figura 33- A lebre, ilustração final. ... 35

Figura 35- Comparação de perto da lebre e o galo. ... 36

Figura 34 - Comparação de longe dos tamanhos das personagens. ... 36

Figura 37- Teste digital da disposição do texto baseada na composição de Lebedev. ... 37

(14)

Figura 36- Vladimir Lebedev. Circus, (1925). ... 37

Figura 39- Letra digital mas com aparência de manual. ... 38

Figura 38 - Teste com letra caligráfica manual. ... 38

Figura 41 - Teste com a letra Gill Sans MT. ... 38

Figura 40 - A Capa. ... 38

Figura 42 - Os diferentes alinhamentos do texto nas páginas. ... 39

Figura 43 - Scanner e Link para o vídeo da música criada para o livro. ... 44

Figura 44 - Alastair Aitchison a demonstrar como AR funciona no Unity com a extensão Vuforia. ... 48

Figura 45 - Ilustração da página 4 e 5 e os pontos-chave para o programa reconhecer a imagem. ... 48

Figura 47 - Scanner e Link para o vídeo do teste no Unity. ... 49

Figura 46 - Imagens do teste das páginas 4 e 5 no Unity. ... 49

Figura 48 - Página 1 explicação do funcionamento do som no livro. ... 53

Figura 49 - Menu 1 e 2 da aplicação mobile. ... 54

Figura 50 - Os símbolos de som. ... 54

Figura 51 - Storyboard do vídeo de demonstração. ... 55

Figura 53- Scanner e Link para o vídeo de demonstração da utilização do livro sonoro. ... 55

Figura 52 - Fotos das cenas no vídeo final sobre o livro sonoro correspondentes com as cenas do storyboard do vídeo. ... 55

(15)

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 ... 18 Tabela 2 ... 36

(16)
(17)

INTRODUÇÃO

Neste projeto, pretende-se criar um livro sonoro em que o som influencie a narrativa. A escolha para o seu desenvolvimento deve-se à potencialidade expressiva dos livros sonoros comparativamente com os outros livros impressos, devido aos diversos materiais que poderão utilizar-se, aos diferentes formatos e tamanhos, assim como às diferentes tecnologias de reprodução de som que se poderão aplicar no projeto.

No relatório, inicialmente fez-se uma contextualização do desenvolvimento das crianças e do papel que a música e os sons desempenham para o seu crescimento, permitindo que se percebam melhor, conse- quentemente, as necessidades dos leitores. Em seguida, propõe-se uma breve passagem pela história dos livros sonoros e a análise de diferentes propostas dos mesmos. Por fim, apresenta-se o projeto de desenvol- vimento de um livro que articula as ilustrações com a música e com os sons, assimilando-se o ambiente cul- tural da história e sublinhando a interação da criança com o livro.

Para ilustrar escolheu-se um conto tradicional russo cujo título é A Lebre e a Raposa. Por os seus personagens serem antropomórficos, é fácil representar e identificar os animais com os seus sons característi- cos. Em termos gráficos, é inspirado na época soviética de 1919 a 1930, contribuindo, deste modo, para a assimilação visual de elementos culturais do conto original. A música foi criada propositadamente para este livro, sofrendo variações que correspondem ao desenrolar da narrativa. Focos de sons, como os sons caracte- rísticos das personagens e sons ambiente fornecem dimensões novas à narrativa, em conjunto com a música.

Os sons são acionados através de uma aplicação no telemóvel/tablet, fazendo com que o livro não necessite de elementos tecnológicos embutidos.

Assim, propõe-se um livro sonoro que evidencie aspetos culturais diferentes do nosso contexto nacional e forneça uma experiência de leitura multissensorial e interativa.

(18)
(19)

CAPÍTULO 1

A CRIANÇA COMO LEITORA E AS SUAS NECESSIDADES

(20)
(21)

1.1- A CRIANÇA DOS 6 MESES E OS LIVROS SONOROS COM PROPÓSITOS PEDAGÓGI- COS

"… young children are curious and actively involved in their own learning and the dis- covery and development of new understandings/schema." (McLeod, 2014).

Segundo escreve McLeod (2014), baseado nas teorias de Piaget, as crianças dos dois aos sete anos, pensam simbolicamente. Defende também que as crianças têm diferentes etapas de desenvolvimento e, assim, para cada uma delas existem tarefas que podemos designar para descobrirem e ainda reconstruírem saberes que são importantes para o seu desenvolvimento. Podemos dividir os estágios de desenvolvimento, segundo Piaget, nas seguintes etapas, de acordo com o que nos diz Hélem Soares de Meneses (2012):

- Sensório-motor (dos 0 a 2 anos):A criança é capaz de compreender através dos sentidos. Ao observar objetos e movimentos, começa a assimilar o que se está a passar à sua volta;

- Pré-operatório (2 a 6 anos) - A criança consegue criar e compreender imagens mentais do meio em que está e, consequentemente, desenvolve a linguagem. Nesta fase, dá-se também o desenvolvimento da função semiótica que permite utilizar símbolos para representar a realidade. As crianças já conseguem com- preender as consequências de uma ação e entender noções lógicas. Contudo, não conseguem manipular informações mentalmente;

- Operatório concreto (6 aos 12 anos) - Verifica-se o desenvolvimento cognitivo das operações metais, a criança pensa logicamente sobre pensamentos concretos mas possui dificuldade na distinção de conceitos hipotéticos e abstratos. Compreende regras e estabelece compromissos e a sua linguagem está mais desenvolvida em termos sociais mas não consegue compreender pontos de vista diferentes. Os conhecimen- tos adquiridos até aqui vão se tornar conceitos.

- Operatório formal (dos 12 anos em diante) – Neste período a criança já entende conceitos abstratos e começa a pensar no seu próprio processo de pensamento. Com a linguagem desenvolvida através da qual ocorrem discussões lógicas, a criança pode já retirar conclusões. Neste período acontece a maturação da inteligência em que se desenvolve a capacidade de pensar sobre o próprio pensamento e a criança fica ciente das suas operações mentais e das ações que pode realizar no ambiente em que está.

Dadas as diferenças cognitivas entre idades, justifica-se que os livros didáticos sejam direcionados para as diferentes etapas da infância.

Os livros sonoros criados para crianças a partir dos 6 meses, são frequentemente catalogados como brinquedos ou jogos. No caso da Chicco e do seu livro falante The animals and their meals dá-se a conhecer à criança os diferentes sons dos animais através de onomatopeias, o local em que vivem e o que comem.

Inclui ainda, diversas atividades, sons, música, frases, rimas em inglês e português. Os livros ou brinquedos para a faixa etária, dos 6 meses aos 3 anos, possuem características comuns, tais como imagens simplificadas de fácil interpretação, pequenos textos, narrações e sons reproduzidos para estimular os sentidos do leitor.

Muitos destes livros exploram ainda outros sentidos tais como o olfato e o tato.

Dos 3 anos em diante, a editora Gründ, com a coleção intitulada Mes premiers livres sonores intro- duz conceitos de música; nomes de instrumentos; aprender a contar; outras línguas; e promove o livro intera-

(22)

tivo em que a criança pode fazer a sua própria gravação, despertando-a para novas palavras, linguagens e saberes.

1.2- A CRIANÇA E A MÚSICA: CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO INFANTIL

Diversos estudos apontam que a criança ao ser exposta a música ou à aprendizagem de um instru- mento desenvolve-se cognitivamente, melhorando capacidades tais como de leitura, motoras, memória, lín- guas, vocabulário, expressão verbal e perceção de si e dos outros, escrevem Christopher Chau e Theresa Riforgiate (2010).

Encontramos assim, o motivo para que muitos brinquedos e livros sonoros para crianças reproduzam melodias. Muitas destas melodias ficam no ouvido, são simples e de fácil interpretação; incluem muitas vezes canções com descrições e vocabulário repetitivo permitindo à criança assimilar e decorar a canção e, conse- quentemente, novas palavras, refere-nos Alice Sterling Honig (1997).

É ainda descrito, numa experiência conduzida por Pick, Gross, Heinrichs, and Love (1994), que existem diferentes etapas infantis de interpretação da música. Dos 3 aos 4 anos, as crianças conseguem dis- tinguir diferentes instrumentos, mas não os conseguem inserir na família a que pertencem. Dos 5 aos 7 dis- tinguem os diferentes instrumentos e as famílias em que se inserem pelo seu tamanho e pela melodia. Contu- do, entre os 7 e 9 meses quando se colocam crianças a observar vídeos de músicos a tocar estas focam-se mais na observação dos instrumentos, fazendo com que mais tarde se faça a associação do som com a música do instrumento.

Ainda, nos primeiros anos da infância a leitura de livros em voz alta a crianças, feita por adultos, beneficia o seu desenvolvimento porque através da leitura e da dramatização da história com mudanças de tons e movimentos que dão mais dinamismo à narração, a criança compreende mais facilmente a informação a que está a ser exposta. Se o adulto estiver a ler uma história com uma personagem de um elefante ao usar o braço em frente da cara copiando o movimento e a forma da tromba do elefante, a criança associa, deste modo, à narrativa uma característica física do animal. Ao acentuar um tom grave, mais dramático à encena- ção da personagem de um vilão faz com que a criança compreenda o que é o mau em oposição a outro tom mais suave. Sublinha-se, deste modo, através do som a moral do bem contra o mal que os contos infantis muitas vezes enfatizam, de acordo com Alice Sterling Honig (1997).

Conclui-se, assim que estimular os sentidos leva a criança a fortalecer ligações que lhe permitem compreender o mundo em seu redor.

(23)

CAPÍTULO 2

O DESENVOLVIMENTO DOS APARELHOS SONOROS E LIVROS COM SOM

(24)
(25)

2.1- APARELHOS SONOROS E O DESENVOLVIMENTO DAS TECNOLOGIAS QUE CONTRI- BUÍRAM PARA O LIVRO SONORO

Desde o século XIX que existem instrumentos para a reprodução de som, diz Matt Novak (2014).

Contudo, só com o desenvolvimento destes aparelhos, relativamente à redução de tamanho, à melhoria na qualidade e na duração das gravações é que começaram a ser acessíveis ao público em geral.

Referindo em primeiro lugar os talkingbooks ou audiobooks designados em português por áudio livros, tiveram origem no Reino Unido em 1920. No ano 1930, na nos Estados Unidos, em parceria com o progresso já feito no Reino Unido, este conceito de áudio livro começou a ser desenvolvido para pessoas cegas, sendo que o primeiro realizado com este fim é datado de 1934, aponta Matt Rubery (2013).

Os audiobooks, consistem em gravações — como no exemplo anterior, em vinil, em CD ou em outro formato que permita a reprodução – em que se ouve a leitura de uma obra literária. Ainda, hoje estes livros são populares e de fácil adaptação aos diferentes formatos que temos para a reprodução de som.

Saliente-se, porém, que audiobooks e livros sonoros não são designações sinónimas. Os audiobooks, são gravações em diversos suportes de narrações de obras literárias e, atualmente, muitos livros contam com a sua versão em audiobook; enquanto os livros sonoros, na sua grande maioria, são compostos por botões embutidos que acionam os sons respetivos reproduzidos numa coluna de som também inserida no livro físico.

A origem da invenção dos livros sonoros é difícil de datar e de atribuir a um autor. É pertinente, por este motivo, mencionar as invenções com mecanismos semelhantes aos utilizados pelos livros sonoros.

Em 1905, Armbouster com a ajuda de Marotte, Brocherieux e Torton criaram o sonorine (fig.1) e o phonocarte (fig.2), em que o remetente podia gravar uma pequena mensagem de voz. Este postal, ilustrado ou fotográfico, dependia de um aparelho que reproduzia a gravação feita (fig.3) (Anita Pesce, 2005).

Assim, podemos relacionar o nascimento dos postais sonoros com as tecnologias utilizadas nos livros sonoros tradicionais.

Figura 3 - Sonorine.

Figura 1 - Phonocarte.

Figura 2 - Ilustração demonstrativa do uso do Sonorine e do Phonocarte.

(26)

2.2- LIVROS SONOROS: DIFERENTES CONTRIBUTOS PARA A REPRODUÇÃO DE SOM.

Começamos pelos livros sonoros tradicionais. Como referido, não se conseguiu identificar uma data em que o primeiro livro com som apareceu no mercado. Porém, podemos identificar, de acordo com a análise de alguns destes artefactos, as suas características mais comuns.

Na figura 4 podemos ver o que é considerado um livro sonoro "tradicional". Estes livros assumem formatos e dimensões diversas, são para diferentes faixas etárias, tendo poucos sons e poucas páginas se forem para faixas etárias mais jovens.

Os materiais são diferentes em comparação aos que são usados nos livros ilustrados sem som, tendo geralmente páginas mais grossas e feitas em cartão. Mas, muitas vezes, aplicam-se outros materiais como o plástico, no caso do livro brinquedo da Chicco, plástico mole ou até mesmo o tecido, (Fig.5). Estes livros têm custos de produção mais elevados, fazendo com que o tamanho, o número de páginas e os sensores sonoros, (Fig 6), sejam ponderados e reduzidos para equilibrar os custos. Muitas vezes o tamanho do livro é condicio- nado pelas dimensões e pelo tipo de sensor.

Estes livros sonoros não dependem de dispositivos digitais para a reprodução do som. Como se pode observar nas imagens em seguida, estes três livros são compostos por três tipos de sensores diferentes (fig.6).

No primeiro temos um sensor que é composto em bloco: os botões e a coluna de som estão inseridos em bloco de lado no livro, como podemos observar o livro na figura 4. Na figura 5, os outros dois sensores da fig.6, um com diferentes fios que são os botões/ sensores e os outros circuitos autocolante ambos são ligados a uma coluna que reproduz sons pré programados.

Figura 5 - O livro da chicco feito em plástico rijo e o Ocean Friends em plástico maleável.

Figura 6 - Diferentes tipos de sensores para livros sonoros.

Figura 4 - Livro A banda e os animais.

(27)

Veremos em seguida, alguns exemplos de livros e protótipos que contribuem para definir diferentes tipos de livros sonoros no mercado.

Alguns livros oferecem ao leitor a possibilidade de ele próprio criar sons, como por exemplo o livro de David A.Carter White noise, (fig.7). Este livro com pop-ups, estrategicamente colocados, colados e recor- tados, contêm várias formas geométricas que ao serem friccionadas entre si produzem ruídos.

A utilização de dispositivos eletrónicos de acesso digital potenciaram novas formas de conceber livros, criando um espaço para a exploração de outros suportes. Os e-books são um bom exemplo, havendo muitas editoras que criam versões digitais dos seus livros impressos. Deste modo as obras podem vender-se a um preço inferior, abrangendo mais leitores.

Para as edições com diferentes suportes e dispositivos nas quais se promove a interação entre o livro/objeto e o aparelho eletrónico tomamos como exemplo a editora Volumique que criou protótipos como o Music Book (Fig.8) no qual se conta a história do Pedro e do Lobo, conjugando o livro impresso com o iPhone. Assim, o leitor interage manualmente com o papel, os diálogos e a música sequenciam-se no apare- lho telefónico e este, por sua vez, ao estar debaixo das páginas potencia uma ilusão de interatividade. Pegan- do neste conceito, a editora oferece jogos e outros mecanismos interligados com o telemóvel e Tablet.

Outro projeto da mesma editora de um livro que "contém sons", este tem impressos nas suas páginas códigos QR que ao serem lidos por um dispositivo móvel acede ao Youtube aos vídeos com as diferentes melodias que cada código corresponde (Fig.9), sendo este o livro de Nicolas Nova intitulado 8-Bit Reggae:

Collision and Creolization.

Figura 7 - Livro White Noise por David A.Cartes.

Figura 8 - Livro Music Book pela editora Volumique.

(28)

Outro exemplo é o livro Roberto: A Computational Sticker Book, (Fig.10) criado por Michael Horn no qual a criança pode modificar a narrativa, utilizando os autocolantes anexados no livro. Estes, ao serem fotografados, com telemóvel ou Tablet, pelos leitores, acedem a uma base de imagens em que a criança pode- rá visualizar as escolhas que condicionaram a vida da personagem principal, dependendo da ordem em que colocaram os autocolantes.

Em 2001, com a instalação The listen reader (Fig.11) desenvolvida por Maribeth Back, Jonathan Cohen, Rich Gold, Steve Harrison, Minneman temos a perceção que até aos dias de hoje os livros sonoros com botões continuam no mercado dos livros infantis sonoros.

"The sound in these interactive books, in particular those with buttons built into the pages or bindings, is simplistic and often distracts the reader rather than enhancing or illustrating the reading material. However, nearly all of them are designed in a fashion that interrupts the reader’s attention to the story by forcing a search for the “hot spots”

in the images or text -- the trigger points for the sound, which requires the activation of a button or switch to play and pause. In addition, the sound itself is usually very poor quality, played in short, harsh bursts" (Back, Cohen, Gold, Harrison, Minneman, 2001, p.1).

A criança para interagir com este livro, sentava-se na cadeira em que o livro estava inserido e as páginas folheadas desencadeavam o som que era reproduzido nas colunas inseridas na própria cadeira. A Figura 9 - Bit Reggae: Collision and Creolization por Nicolas Nova.

Figura 10 - Livro Roberto: A Computational Sticker Book por Michael Horn.

(29)

deteção da localização da página em que o leitor se encontrava era feita através de sensores inseridos nas páginas ligadas a um computador, que estava por sua vez inserido na cadeira. Este projeto propôs-se a criar um novo livro sonoro em que a eliminação de botões faria com que o leitor se interessasse mais pela narrati- va do que pelas interações, propõem Black, Cohen, Gold, Harrison e Minneman (2001).

Devido à tecnologia da altura em que este livro sonoro foi realizado, o protótipo tinha alguns pro- blemas como o espaço que necessitava não sendo, assim, viável para comercialização. Tanto que este projeto, acabou por ser uma instalação num museu fazendo com que para além de ser uma contribuição para os livros sonoros.

Em contraste, vamos referir o projeto de final de curso de Waldek Węgrzyn, realizado em 2012 (fig.12) e que consiste num livro ligado a um computador que não requer um sistema de som complexo ou de grandes dimensões. Waldek, imprimiu nas próprias páginas circuitos interligados entre si através de tinta condutora, fazendo com que o computador processe os dados que permitem acionar, sincronizadamente, os conteúdos digitais que estão combinados com o livro físico.

As semelhanças entre estes dois projetos são os circuitos utilizados em ambos, fazendo com que som seja reproduzido da mesma maneira, através de um computador. Contudo, podemos mencionar as diferenças entre as tecnologias utilizadas. No projeto de 2001, os circuitos eram autocolantes e os de 2012 são impressos nas páginas. O de 2001 tinha a colunas incorporadas numa cadeira em que o leitor se sentava e o de 2012 usa um cabo que liga o livro a um computador que reproduz o som. Em suma, ambos os projetos têm caracterís- ticas operacionais idênticas. Conclui-se, assim, que em 11 anos houve uma melhoria no campo das tecnolo- gias o que abriu novas possibilidades para a comercialização de livros com som.

Figura 11- Instalação The listen reader a ser utilizada.

Figura 12 - Projeto Electrolibrary desenvolvido Waldek Węgrzyn.

(30)
(31)

CAPÍTULO 3

DO CONTO ORIGINAL À ADAPTAÇÃO DO TEXTO

(32)
(33)

3.1 ESTRUTURA DO LIVRO

Ao observar os livros sonoros anteriormente mencionados, vemos que os livros para crianças dos 6 meses aos 3 variam entre 2 a 6 páginas, como podemos ver no caso do da Chicco, Os animais e papa (s.d). Já os livros para crianças a partir dos 3 anos têm um número maior de páginas. Livros como Mes Premieres Livres Sonores (fig.13) rondam as 12 páginas e os da editora Yoyo books (fig.14) que são direcionados para crianças até aos 8 anos, têm entre 8 a 14 páginas. Estes livros são ambos praticamente da mesma dimensão, ambos têm botões e a coluna de som inserida neles. Devido aos custos de produção, estes livros têm poucas páginas.

No projeto desenvolvido efetuou-se a adaptação da história. As personagens e a linha temporal de eventos são idênticas, com ligeiras alterações. O conto original russo transcrito para papel por Vladimir Dal, no séc. XIX (ver anexo A) é mais extenso, tendo sido adaptado mais tarde, em 2010, pela ilustradora Fran- cesca Yarbusova (2015) para um livro de 48 páginas.

Reformulando o texto e tentando reduzir o número de páginas do conto original, idealizou-se um livro de 14 páginas duplas, que perfazem 28 páginas, focando-se assim a narrativa nos momentos-chave da história original.

3.2 SINOPSE DO CONTO

O conto passa-se numa noite fria de inverno. É-nos, apresentada a vilã da história, uma raposa que vive num grandioso palácio de gelo, perto de uma casa pequena onde vive uma lebre. Com a chegada da primavera, a casa da raposa derrete. Em fúria, a raposa apodera-se da casa da lebre e expulsa-a. A lebre muito aflita, sem saber o que fazer, anda pela floresta a chorar. Contudo, outros animais ao ver a lebre tão triste decidem ajudar. Estes são um lobo, uma ursa e uma vaca. Todas tentam recuperar a casa da lebre sem suces- so. É então que um herói inesperado aparece: um galo que expulsa a raposa com a sua valentia.

Figura 14 - What's that sound? Classical Music com 14 páginas.

Figura 13 - Mês premiers airs de ROCK com 12 páginas.

(34)

3.3 TRADUÇÃO PARA INGLÊS E ADAPTAÇÃO PARA PORTUGUÊS

Título original: The Fox and the Hare Novo Título: De que tamanho são os heróis?

Tabela 1

O texto original traduzido para inglês, adaptação para português e organização da ilustração e do som por páginas.

Páginas 2 e 3

Tradução do texto origi- nal para inglês

Once upon a time there lived a Fox and a Hare. The Fox had a house made of ice, and the Hare had a wooden hut. The Fox sat at her icy window and moc- ked the Hare:

“Silly Hare built himself such an ugly little hut! Nothing like my house, so beautiful, bright and clean! It’s not just an ice house – it’s a Crystal Palace!”

Adaptação para portu- guês

Era uma vez, uma raposa assombrada que ocupava casas que lhe agradavam.

A raposa vivia num grande palácio de gelo. Perto deste, estava a casa de uma raposa.

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Zoom out da floresta ("mapa"), palácio de cristal e a casa da lebre vista de cima. Paisagem inverno. Tons frios azuis, brancos e castanhos.

Som: vento, som de inverno, coruja, algumas notas desconfortantes.

Páginas 4 e 5 Tradução do texto origi-

nal para inglês

Then came spring. The Fox’s palace melted.

So, the Fox decided to take the Hare’s hut. One day, when the Hare was out of his house, the Fox came and took his home and did not let him back inside.

The Hare started crying and went away.

Adaptação para portu- guês

Na chegada da primavera o palácio de gelo derreteu.

Sem palácio e muito chateada a raposa decide assombrar a casa da lebre.

Apavorada a lebre corre para a floresta.

A chorar e sem consolo ouve um ruído.

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Close up da casa da lebre ocupada pela raposa, agora com paisagens mais coloridas remetendo à primavera, tons verdes, rosas, castanhos.

Som: sonoro, uivo de um lobo/ folhas a mexer e passos a aproximarem-se, pássaros a cantar.

Páginas 6 e 7

There goes a Wolf.

(35)

Tradução do texto origi- nal para inglês

“Greetings! Why are you crying, what is your trouble?”

“How can I not cry? I had a wooden hut and the Fox had a house made of ice, but then spring came, her house melted, she took my hut and didn’t let me back in!”

“Hold on, let’s drive her out!” – said the Wolf.

“I doubt we can do that, she won’t leave!”

“I’ll be damned if I don’t drive her out!”

The Hare was glad to hear that and led the Wolf to the hut.

Adaptação para portu- guês

Um lobo esfomeado aparece.

Mas ao ver a lebre tão triste quis ajudar.

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Lobo em destaque ocupando a maior parte da com- posição para mostrar o contraste de tamanho entre as personagens, lebre triste, ambos se encontram na floresta.

Som: Esquilo.

Páginas 8 e 9

Tradução do texto origi- nal para inglês

“Hey, Fox, go away from the hut!” – shouted the Wolf.

The Fox shouted back:

“Oh, wait, I will get down from my stove, jump at you and tear you to pieces!”

Adaptação para portu- guês

"Sai daí, maldita!" - Assopra o lobo.

E a raposa…

Grita de volta.

Espera aí porque vais-te arrepender!

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Lobo e lebre de costas em frente da casa ocupada pela raposa, estes ocupam uma página inteira. Na segunda página ocupada pela casa e a raposa é representada pelas chamas fantasmagóricas que saem pelas janelas

Som: chamas a arder.

Páginas 10 e 11

Tradução do texto origi- nal para inglês

“Oh, oh, what an angry fox!” – grumbled the Wolf and, scared, ran to the forest, leaving the Hare to cry alone in the field.

Adaptação para portu- guês

Que raposa assustadora!

- Disse o lobo a fugir.

Novamente a chorar a lebre continua sem a sua casa mas de repente...

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Grande plano da lebre deixada sozinha na floresta e o lobo em segundo plano a fugir.

Som: sons de floresta, sons de urso/ folhas a mexer e passos a aproximarem- se.

(36)

Páginas 12 e 13

Tradução do texto origi- nal para inglês

There goes a Bear and says:

“Greetings! Why are you crying, what is your trouble?”

“How can I not cry? I had a wooden hut and the Fox had a house made of ice, but then spring came, her house melted, she took my hut and didn’t let me back in!”

“Let’s drive her out!”

“No, Bear, I doubt we can drive her out, she won’t leave! The Wolf couldn’t do it and you won’t be able either!”

Adaptação para portu- guês

Uma bonita ursa aparece.

Ao ver a lebre tão desgostosa quis ajudar.

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Plano Geral do contraste de tamanhos, ambos na floresta.

Som: Grilo.

Páginas 14 e 15

Tradução do texto origi- nal para inglês

“I’ll be damned if I don’t drive her out! Hey, Fox, go away from the hut!” – roared the Bear.

The Fox shouted back:

“Oh, wait, I will get down from my stove, jump at you and tear you to pieces!”

Adaptação para portu- guês

"Sai daí, maldita!"

- Rosna a ursa.

E a raposa…

Grita de volta.

Espera aí porque vais-te arrepender!

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Plano Geral: Ursa e lebre de perfil no canto superior direito para dar dinamismo de movimento. Composição diagonal para dar dramatismo à fuga. Figuras saem do limite da página.

Som: Abelhas.

Páginas 16 e 17

Tradução do texto origi- nal para inglês

“What a mad fox!” – wailed the Bear and ran away while the Hare cried alone in the field.

Adaptação para portu- guês

Mas que raposa assustadora!

- Disse a ursa assustada.

E, novamente a chorar a lebre continua sem a sua querida casa mas do meio dos arbustos...

Ilustração e som Ilustração: Página dupla. Grande plano da lebre deixada sozinha na floresta e a ursa em segundo plano a ir embora.

(37)

Som: Mugidos de uma Vaca, folhas a mexer e passos a aproximarem-se. Gan- sos em grupo a voar.

Páginas 18 e 19

Tradução do texto origi- nal para inglês

There goes a Bull.

“Greetings! Why are you crying, what is your trouble?”

“The Fox took my hut”.

“Let’s drive her out!”

“No, Bull, we can’t do that, she won’t leave! The Wolf couldn’t do it, the Bear couldn’t do it and you won’t be able either!”

“I’ll be damned if I don’t drive her out!

Adaptação para portu- guês

Uma grande vaca aparece.

Ao ver a lebre tão desesperada decide ajudar.

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Plano Geral da vaca de grandes dimensões (saindo das páginas para dar a ideia de grande dimensão), a lebre no meio da composi- ção de costas, ambas na floresta.

Som: Pica-pau.

Páginas 20 e 21

Tradução do texto origi- nal para inglês

Hey, Fox, go away from the hut!”

The Fox shouted back:

“Oh, wait, I will get down from my stove, jump at you and tear you to pie- ces!”

Adaptação para portu- guês

"Sai daí, maldita!"

- Muge a vaca.

E a raposa…

Grita de volta.

Espera aí porque vais-te arrepender!

Ilustração e som Ilustração: Formas de pessoas fantasmagóricas que saem pelas janelas.

Som: Sons de pessoas e sons de corvos.

Páginas 22 e 23

Tradução do texto origi- nal para inglês

“Oh, oh, what an angry fox!” – bellowed the Bull and ran away. The Hare was left to cry alone in the field.

Adaptação para portu- guês

Mas que raposa poderosa!

- Disse a vaca intimidada.

E, novamente a chorar a lebre continua sem a sua casa mas muito silenciosa- mente...

Ilustração: Página dupla. Grande plano da lebre a correr, a vaca a ir-se embo- ra na direção oposta, estas personagens estão separadas por um rio.

(38)

Nota:

O texto russo original encontra-se no anexo A.

O texto final adaptado para português encontra-se no anexo B.

Ilustração e som Som: Galo/ folhas a mexer e passos a aproximarem-se. Patos.

Páginas 24 e 25

Tradução do texto origi- nal para inglês

There goes a Cockerel. He sees the Hare and says:

“Greetings! Why are you crying, what is your trouble?”

“How can I not cry? I had a wooden hut and the Fox had a house made of ice, but then spring came, her house melted, she took my hut and didn’t let me back in!”

“Hold on, let’s drive her out!” – said the Cockerel.

“I doubt we can do that, Cockerel, she won’t leave! The Wolf couldn’t do it, the Bear couldn’t do it, and the Bull couldn’t do it. How can you?”

“We shall try” – said the Cockerel.

And so they went to drive the Fox out and the Cockerel sang a song:

Here goes the Cockere With a sable on his shoulder To kill the Fox and make a hat!

Hey, Fox, go away and save yourself!

Adaptação para portu- guês

Um pequeno galo aparece.

Ao ver a lebre tão triste decidiu ajudar.

Enchendo o seu peito de ar começou a cantarolar.

Ilustração e som Ilustração: Página dupla. Plano contrapicado do galo de frente a ocupar o máximo de espaço das páginas.

Som: Sons de animais na floresta.

Páginas 26 e 27

Tradução do texto origi- nal para inglês

The Fox heard the Cockerel’s threat and got scared.

“Wait, Cockerel, golden crest, silk beard!

But the Cockerel went on singing, so the Fox implored in a thin voice:

“Wait, Cockerel, have mercy on my old bones, let me put on a fur coat!”

But the Cockerel shouted:

“Сock-a-doodle-doo, I will kill you!”

The Fox escaped, scared, and so the Hare and the Cockerel stayed together in the hut.

Adaptação para portu- guês

Cantarolou tanto que o sol brilhava tão intensamente a raposa fugiu pelas pequenas sombras que ainda restavam.

Ilustração e som

Ilustração: Página dupla. Plano Geral: Cores intensas e quentes da floresta, luz. Lebre perto da casa e a raposa a fugir. Remetendo ao "poder" do galo ser ele "quem faz o sol nascer" acabando assim com o poder sombrio da rapo- sa/fantasma.

Som: pássaros a chilrear.

(39)

3.5 AS ALTERAÇÕES FEITAS AO CONTO ORIGINAL

A história original tem um tom agressivo que é moderado na adaptação através de mudanças em relação à atitude agressiva da raposa e à sua derrota pelo galo. Quando o galo canta avisa que o sol está a nascer, o que sublinha a ideia de que o galo é que "traz" a luz. Surgiu assim a ideia de a raposa ser um fan- tasma que assombra casas, atribuindo-lhe uma faceta menos agressiva. Sendo a raposa um fantasma é mais fácil de explicar o motivo pelo qual os outros animais têm medo dela sem que esta use ameaças violentas.

Quando os outros animais confrontam a raposa para sair da casa esta representa ilusoriamente os medos de cada animal que os leva a afastarem-se.

(40)
(41)

CAPÍTULO 4

DESENVOLVIMENTO DO LIVRO ILUSTRADO

(42)
(43)

4.1 AS DIMENSÕES E O FORMATO DOS LIVROS DE REFERÊNCIA E O PROJETO DO LIVRO FINAL

Os livros sonoros são distintos dos outros sem som quer em relação aos materiais e suportes utiliza- dos, quer em relação ao formato, como também às suas dimensões. Procurou-se comparar e analisar diferen- tes obras ilustradas sonoras e não sonoras, para se conseguir encontrar uma dimensão adequada para o proje- to.

Ao observar as obras do Planeta Tangerina como, por exemplo, as obras Este livro está a chamar-te (não ouves?) (2015) e Daqui ninguém passa (2014), fig.15, constatou-se que a editora utiliza esta dimensão, aproximadamente 23x26 cm, em grande parte da sua coleção.

Os livros sonoros da editora Edicare, como o livro Boa noite (2017), tem dimensões de 18 por 18 cm e o livro a Banda dos animais (2012), (fig.15) tem entre 15 por 17 cm.

As obras não sonoras Baltasar, o grande (2016), escrito e ilustrado por Kristen Sims que tem 25 por 25 cm; e Estranhas Criaturas (2016) escrito e ilustrado por Cristina Sitja Rubio que tem 23 cm por 32 cm, foram escolhidos para caso de estudo por terem pouco texto e a ilustração dominar as suas páginas. Contudo, ambos os livros têm dimensões demasiado grandes para que sejam livros de fácil transporte. E pode-se aqui confirmar que os livros sem sensores são de maior dimensão, em oposição ao que os têm.

Assim, a dimensão de 23 cm por 26 cm, utilizada pela editora Planeta Tangerina consegue ter har- monia entre a ilustração e texto sem ser de difícil transporte. E na obra Este livro está a chamar-te (não ouves?) (2015), o leitor tem que interagir com o livro fazendo o próprio o som, conforme indicado no texto, transpondo-se assim, a dimensão de interação manual do leitor com o livro.

Sendo o projeto do livro aqui apresentado sem sensores e com a interação do leitor feita também através de um aparelho digital com o livro, houve mais liberdade na escolha das dimensões e do formato pois estes não dependem do tamanho de sensores ou de colunas sonoras. Procurou-se, então, harmonia entre o espaço para o texto, a imagem e a interação com os pontos chaves que desencadeiam sons específicos.

4.2 DO STORYBOARD E MAQUETE À ILUSTRAÇÃO FINAL

Neste projeto houve a necessidade de se criar um storyboard e uma maquete, utilizando assim, uma estratégia mais versátil de organização e testagem de ideias.

Em primeiro lugar dividiu-se a história em pontos-chave:

Figura 15 - Livros Este livro está a chamar-te (não ouves?), Daqui ninguém passa, Boa noite, A banda dos animais, Baltasar o grande e Estranhas criaturas.

(44)

1. Introdução das personagens principais, 2. O palácio da raposa derrete;

3. A lebre foge para a floresta;

4. Um lobo aparece;

5. O lobo confronta a raposa:

6. O lobo foge;

7. Uma ursa aparece;

8. A ursa confronta a raposa:

9. A ursa foge;

10. Uma vaca aparece;

11. A vaca confronta a raposa:

12. A vaca foge;

13. O galo aparece;

Definidos os 13 pontos-chave do conto, sequenciaram-se as páginas pelos momentos narrativos A lebre sendo a protagonista1, aparece em quase todas as páginas. A raposa, a antagonista2 aparece em 3 páginas fisicamente, e noutras 3 páginas apresenta-se com uma forma física diferente – fantasma – representado os medos de cada um dos animais. O coprotagonista3 que é o galo aparece nas últimas duas páginas e o resto das personagens, o lobo, a ursa, a vaca, e estas, são as personagens coadjuvantes4. Existem ainda outros animais figurantes5, como os corvos, um esquilo e diversos pássaros, que foram inseridos na narrativa para lhe dar dimensão sonora e recriar o ambiente de uma floresta.

Com o planeamento da paginação e as personagens distribuídas pelas páginas, seguiu-se a explora- ção da técnica a utilizar. As páginas 2 e 3 foram as escolhidas para os testes de técnicas. Na primeira página, dá-se a introdução da raposa e da lebre, cada uma em sua casa, a raposa num palácio de gelo e a lebre numa pequena casa.

Começou por se fazer um estudo de casas típicas russas. Sendo a casa da lebre mais pequena, as casas que foram usadas como inspiração são de construção simples. Nas casas mais simples escolhidas, (fig.16), os detalhes a reter em ambas são:

 Terem dois pisos:

 Os detalhes nas janelas e nas portadas;

 Estarem acima do solo no qual têm um alpendre;

 Escadas de acesso à entrada;

 Vedação a delimitar o terreno,

 Serem feitas em madeira;

 Terem inúmeras janelas;

1A personagem principal sendo a história em volta desta;

2A vilã a personagem que entra em confronto com a personagem principal;

3Divide o papel principal com a personagem principal;

4Personagem secundaria que ajudam o desenrolar da história;

5 Figurantes são personagem que aparecem no fundo do plano da ação mas não interferem com a história;

(45)

No caso da casa da raposa, sendo um palácio de gelo, procurou-se inspiração em construções mais nobres. Como se pode ver na fig.17 uma igreja ortodoxa observa-se a sobreposição de vários telhados deco- rados com adornos. Estas construções são mais verticais que as anteriores mas partilham características com as construções mais modestas, nomeadamente, nos materiais, quantidade de janelas e tipos de entrada.

4.2.1 TÉCNICA E COMPOSIÇÃO DAS ILUSTRAÇÕES

Em seguida, e já com esboços dos elementos de arquitetura russa, procurou-se escolher as técnicas para a ilustração. A primeira tentativa foi pintura digital cujo resultado não foi satisfatório (fig.18).

Figura 16 - Construções russas simples e esboços.

Figura 17 - Construções russas mais nobres, igreja e casa nobre e esboços

(46)

Apesar de a técnica não ser a utilizada, o esboço realizado definiu a composição dos elementos das páginas 2 e 3.

Procuraram-se, então, outras técnicas mais familiares, consistentes com as técnicas das ilustrações soviéticas realizadas no período acima apontado. As técnicas incluem aguarela e o recurso a desenho manual, criando-se imagens que oscilam entre a síntese, com poucos pormenores, e outras mais detalhadas.

Na figura 19, podemos ver a segunda técnica abordada que passou por desenhar manualmente, digi- talizar e colocar cada elemento em Photoshop, sendo somente as sombras feitas digitalmente.

Com a técnica encontrada, o próximo passo passou por uma análise de livros infantis e ilustrações de diversos artistas soviéticos antigos e recentes que contribuíram para o livro final para definir a composição dos elementos, combinações de cores e técnicas nas duplas páginas.

Foi nesta fase que a maquete foi criada tendo como principais objetivos tanto a organização do pro- jeto como também a composição dos diversos elementos que fazem parte das diferentes páginas.

Na figura 20 temos a maqueta da página 1 e 2, que são referentes às páginas 2 e 3 no livro final.

Pode observar-se nesta imagem um esboço da ilustração final, o texto referente à página e, por fim, uma legenda com as referências que indicam as ilustrações ou livros que contribuiram/influenciaram cada dupla página. Muitos dos livros e obras repetem-se ao longo da maquete, salvo algumas exeções.

Figura 18 - Estudo digital da página 2 e 3.

Figura 19 - Segundo estudo da técnica para as ilustrações.

(47)

Figura 22 - Capa big lights (1958)

A composição sofreu, sobretudo, a influência da obra de Maria Menshikova (2016), Sunset, (fig.21) assim como da capa Big lights (1958), (fig.22) que utilizam nas imagens a perspetiva ortogonal.

O uso da perspetiva era comum nos livros infantis soviéticos observados, realizados entre 1920 e 1930 que, por sua vez, foram influenciados pelas vanguardas artísticas, o futurismo e o modernismo, caracte- rizados pela geometrização das formas, movimento e utilização da perspetiva nas imagens, como escrevem Olivia Ahmad (2016) e Stuart Jeffries (2016). Em algumas obras com ilustrações litografadas de Nisson Abramovich Shifrin

,

podemos contemplar a obra de um dos grandes autores russos que representam a ilus- tração soviética influenciada pelo futurismo, como indica Jangfeldt (2014).

Na (fig.23), podemos ver a representação de diversas profissões. A ilustração destas páginas dedica- das à profissão de engenharia permitem à criança entender qual deverá ser o seu contributo para o regime, aprendendo sobre as diferentes profissões, como refere Ruth E. Kot (2011).

Figura 20 - Maquete da página 2 e 3.

Figura 21 - Maria Menshikova - Sunset (2016) Figura 22 - Capa big lights (1958)

(48)

A paleta de cores inspira-se na obra de Juliette Oberndorfer (s.d) em que se identifica o contraste entre os tons frios azuis, os tons quentes da magenta e dos amarelos; a inspiração vem também da obra de Gosia Herba (s.d) pelos tons azuis, noturnos, das suas ilustrações, (fig.24).

Ambas foram escolhidas por terem ambientes similares e como local das primeiras páginas do livro, a floresta à noite com animais. A obra de Gozia Herba, serviu também para observar que a utilização única de tons frios não permite destacar diferentes detalhes, como por exemplo, a presença de uma lebre no centro da ilustração. Em contrapartida, na ilustração da Juliette temos diferentes focos nas diferentes áreas da ilus- tração.

Por fim com a ilustração de Laptev, A. (s.d), no livro The Five Year Plan, que apresenta uma técnica feita em aguarela, (fig.25.) podemos ver, em comparação com a figura 23 – ambas são do período soviético atrás referido –, que mostram semelhanças entre si, desde a geometrização das formas até à sobreposição e à composição em perspetiva.

Figura 23 - Whom shall I become? de Mayakovsky (1929),

Figura 24 - Obras de Juliette Oberndorfer e Gosia Herba.

(49)

Depois da maquete concluída foram realizadas as ilustrações finais.

Como se pode ver, a ilustração final das páginas 2 e 3, (fig.26, livro no anexo D) tem uma perspetiva ortogonal; os tons frios e o contraste com tons quentes; a técnica de aguarela com detalhes mais pormenori- zados; outros elementos, de formas mais simplificadas, feitos numa só cor (como por exemplo os troncos magenta, que são feitos numa só pincelada); formas geométricas; formas irregulares; várias intensidades de transparência de aguadas; delimitações da ilustração com o espaço em branco da página; e sobreposição de elementos.

Ao contrário das páginas 2 e 3, as páginas seguintes 4 e 5 (fig,27) são passadas noutra estação. Se nas primeiras tínhamos representado o inverno nas seguintes e até ao final do livro, temos a primavera.

Mantem-se a técnica e a paleta de cor acrescentando-se os tons verdes. Para a composição, inicial- mente, planeou-se rodar o cenário já que a cena passa-se no mesmo local que as páginas anteriores. Contudo, para não se tornar confuso porque é o mesmo cenário das primeiras páginas, houve a repetição de elementos, a casa da lebre, as plantas e a pedra, como também uma inversão do ponto de vista do espaço, (fig.28) ver anexo E.

O livro ilustrado de R. Engel (1927), As folhas de

fig. Ilustração final das paginas 2 e 3.

Figura 27 - Maquete páginas 4 e 5.

Figura 28 - Ilustração final da página 4 e 5.

Figura 25 -Ilustração de Laptev The Five Year Plan.

Figura 26 - Ilustração final 2 e 3.

(50)

ouro serviu como fonte de inspiração tanto para esta página como para as restantes devido ao movimento que a ilustração contém em cada página, (fig.29). A ilustração deste livro tem características similares às da épo- ca soviética por ter influências futuristas. Apesar da época experimental da ilustração soviética ter sido curta, ainda hoje influencia muito os livros ilustrados modernos. Personagens, planos, formas estilizadas, o texto com grafismo expressivo e carregado, texto conciso, relação do texto com a imagem e sobreposição das for- mas são características da ilustração russa de 1917 a 1930, escreve Olivia Ahmad (2016).

Nas obras observadas, podemos ver que a ilustração soviética deste período tem muito espaço em branco, uso contido de cores, escolha também motivada pelas restrições técnicas de impressão da altura. Por exemplo, a técnica de estêncil6 era muito usada, permitindo assim, uma redução nos custos de produção, (Polevoy,1986). As ilustrações ao longo do livro ocupam sempre duas páginas, tornando a composição das ilustrações mais dinâmica, criando diferentes planos que enfatizam aspetos espaços diferentes da floresta, como podemos observar na fig.30, anexo G.

6Esta técnica implica o corte da silhueta das formas que se pretendem transferir para diferentes suportes, como papel, tecido, etc, através de pintura nos cortes. A aplicação da técnica conta muitas vezes, com a sobreposição de diferentes camadas de cortes para obter a obra final.

Figura 29- As folhas de ouro por Engel. (1927).

Figura 30- Ilustração da página 12 e 13 composição com plano diagonal.

(51)

4.3 PERSONAGENS

A história tem 6 personagens, sem contar com os figurantes. Foram feitos alguns esboços antes da escolha da técnica para a procura da forma das personagens que são de formas simples e estilizadas (fig.31).

Esta opção permite a repetição expressiva ao longo da narrativa.

Alguns dos estudos serviram para visualizar a posição específica e o tipo de enquadramento das per- sonagens, (fig.32)

A lebre sendo a personagem representada mais frequentemente foi importante fazer um estudo mais aprofundado para ser fácil desenhar a sua forma, em diversas posições, como se pode ver na figura 33.

Figura 31 - Esboços das personagens lebre, ursa, lobo e vaca

Figura 32- Esboço da posição do lobo e a lebre.

Figura 33- A lebre, ilustração final.

(52)

O material usado para as personagens principais foi o acrílico, com a exceção da vaca, feita em aguarela, por ser o animal com menos pelo. Estas personagens são desenhadas com formas simples devido à necessidade da repetição das mesmas ao longo da história.

As personagens coadjuvantes ao serem introduzidas na história nunca mostram a cara o que lhes dá um ar misterioso e mostra o contraste do seu tamanho com a lebre e com o herói da história. No entanto, o galo ao ser introduzido sem mostrar a cabeça, como se pode observar na última página (fig.34; ver anexo J), permite que ambas as personagens fiquem praticamente do mesmo tamanho o que permite ao coprotagonista uma entrada heroica (fig.35; ver anexo J).

Tabela 2 As personagens

Protagonista Lebre

A lebre é a personagem principal, ela é inofensiva e não consegue resolver os seus problemas, sozinha.

Antagonista Raposa/Fogo/Abelhas/Fantasmas

A raposa é a vilã da história, sendo um fantasma de uma raposa só por si já têm uma conotação com o mal;

A raposa tem a fama popular de ser ladra e matreira, fazendo com que roube a casa da lebre parece um comportamento que a personagem tomaria;

Coadjuvante Galo

O galo é o herói da história.

Este é pequeno e corajoso;

Tal como com a raposa, pegou-se em atributos do animal para resolver os conflitos no conto;

Personagens secundárias

Lobo Ursa Vaca

Estas personagens de grande porte tentam ajudar a lebre;

São amigáveis mas, contudo, apesar do seu tamanho e das diferentes espécies, não conseguem enfrentar os seus medos;

Figura 34 - Comparação de longe dos tamanhos das personagens. Figura 35- Comparação de perto da lebre e o galo.

(53)

4.4 O TIPO DE LETRA

A escolha do tipo de letra passou por diversas opções. Inicialmente, a primeira opção foi muito influenciada pelas obras soviéticas, como se pode ver nas seguintes figuras, (fig.36) e (fig.37). Na figura 36, observa-se que os textos são curtos e estão em harmonia com a ilustração tanto na cor como no alinhamento, havendo também diferentes corpos e pesos para dar dinamismo às palavras que se queriam destacar.

Depois fizeram-se vários testes, passando por opções caligráfica manual (fig.38) com tipos de letra manuais, mas recriados digitalmente (fig.39). Foi então que se optou por uma letra sem direitos de autor, com características manuais mas feita digitalmente.

Personagens figurantes

Representadas no livro Corvos, esquilo, grilo, gansos, pica- pau, patos;

Representadas através do som Coruja e diversos sons de pássaros;

Figura 36- Vladimir Lebedev. Circus, (1925). Figura 37- Teste digital da disposição do texto baseada na composição de Lebedev.

(54)

Já com as ilustrações finalizadas de todas as páginas concluiu-se, que as opções tomadas (fig.39), não permitiam uma boa articulação visual com as ilustrações.

Porém, como o título é feito manualmente em aguarela e tem uma expressão forte, em maiúsculas, procurou-se um tipo de letra que se conjugasse consistentemente com este, optando-se pelo tipo de letra Gill Sans MT. Fez-se a testagem nas páginas do miolo porque, até aqui, já estava a ser utilizado na capa para o nome da autora, (fig.40; ver t anexo C). Testou-se, (fig.41; anexo F) ao longo do livro e concluiu-se que o tipo de letra não destoava com a ilustração expressiva, criando-se uma harmonia com a capa.

Para o layout das páginas, escolheram-se três posições diferentes para o texto devido às composi- ções das ilustrações ao longo do livro. O texto encontra-se ou pela esquerda ou pela direita, mas são alinha- dos todos entre si (fig.42; ver anexos D, E F).

Figura 38 - Teste com letra caligráfica manual.

Figura 39- Letra digital mas com aparência de manual.

Figura 40 - A Capa. Figura 41 - Teste com a letra Gill Sans MT.

(55)

Figura 42 - Os diferentes alinhamentos do texto nas páginas.

(56)
(57)

CAPÍTULO 5

O SOM NO LIVRO: DA MÚSICA AOS SONS

(58)
(59)

5.1 A MÚSICA DE FUNDO

O som é mais rapidamente percecionado do que muitos estímulos visuais, como por exemplo, uma frase falada em contraste com a mesma escrita, (excluindo-se aqui os casos das pessoas surdas).

Como nos diz Michel Chion (1994) os olhos tendem a fazer uma análise espacial, enquanto o som ao ser entendido e/ou se for familiar ao ouvinte, a mensagem pode passar mais rapidamente fazendo com que a pessoa se foque em seguida noutros aspetos.

Desde o inicio, era importante criar uma música que, ao mesmo tempo, refletisse o ambiente, fazen- do com que o leitor emergisse no conto e demonstrasse as emoções das suas personagens e da narrativa.

Tendo a história um tom maioritariamente triste, a música sublinha os sentimentos da narrativa, ou seja, é uma música empática7, segundo Michel Chion, 1994. Com o ambiente definido, dada a origem do conto, procurou-se encontrar obras com uma atmosfera semelhante, como as obras de Robert Rich e as de Howard Shore.

Relativamente, ao trabalho de Robert Rich, as obras analisadas foram as do álbum "Nest" (2012). O autor, sobre a sua obra, refere que “I often incorporate natural sounds into my music, but this music wanted to live entirely in outdoor soundscapes, surrounded by a subdued yet palpable sense of life,” (Rich, 2012)

Neste trabalho de Rich, podem-se ouvir melodias de flauta que se sobrepõem a melodias eletrónicas fortes criando um espaço calmo e tranquilo, escreve Zyl (2012). Assim, no início podemos ouvir na música criada para o livro, sons eletrónicos que nos remetem para uma paisagem invernosa.

Para o resto da música, a ideia de cada personagem ter temas individuais resultou nas diferentes variações ao longo da música. Com isto, a principal inspiração foi o trabalho de Howard Shore com os temas para os filmes The Lord of the Rings.

"Much has been said and written about Howard Shore's use of the Wagnerian leitmotif idea in his score for "The Lord of the Rings." Briefly, the idea is that the composer represents the important elements of the story — characters, objects, ideas — as musical themes or motives (leitmotif = "leading motive")". (Rawlins, 2006).

Outros autores como Prokofiev e Tchaikovsky usaram técnicas semelhantes em peças como Pedro e o lobo e O quebra-nozes em que atribuíram diferentes instrumentos para caracterizarem as diferentes perso- nagens. Por exemplo no caso do Pedro e do Lobo a personagem Pedro tem uma melodia feita em cordas e o lobo tem uma melodia feita com trompas, escreve Tulga, (s,d). E no O quebra-nozes, o bailado é composto por 2 atos, no ato I cena 1, temos a intenção do autor de transmitir as emoções das personagens através da música. Na primeira cena, em que a heroína é deixada sozinha os músicos usam sons de flautins contrastados com sons ameaçadores de instrumentos de sopro e harpas. Quando os ratos entram em cena os seus guinchos são representados por alternâncias entre flautins e fagotes. Depois destes saírem de cena, os ratos sendo os vilões da história, a heroína cai em desespero mas com o progredir da cena o som da orquestra vai progredin-

7Música empática: Segundo escreve Michel Chion, a música ou som empático é quando estes se identificam com a ação que está a decorrer tanto devido ao ritmo, ao tom e a expressão da mesma.

Referências

Documentos relacionados

Este é um exemplo de um livro que inicialmente foi pensado apenas com o intuito de ser impresso e mais tarde foi adap- tado para iPad, o que exigiu não apenas uma transferência das

Os dados obtidos nessa dissertação diferem dos demais pela análise da variação temporal, que mostrou que, após dose única e subletal de MCYST, o dano oxidativo no fígado

QUANDO TIVER BANHEIRA LIGADA À CAIXA SIFONADA É CONVENIENTE ADOTAR A SAÍDA DA CAIXA SIFONADA COM DIÂMTRO DE 75 mm, PARA EVITAR O TRANSBORDAMENTO DA ESPUMA FORMADA DENTRO DA

A dose inicial recomendada de filgrastim é de 1,0 MUI (10 mcg)/kg/dia, por infusão intravenosa (foram utilizadas diversas durações: cerca de 30 minutos, 4 horas ou 24

SENSOR DE

Com o intuito de registrar tais alterações, anúncios de revistas premiados pelo 20º Anuário do Clube de Criação de São Paulo são apresentados de forma categórica como

O emprego de um estimador robusto em variável que apresente valores discrepantes produz resultados adequados à avaliação e medição da variabilidade espacial de atributos de uma

Neste capítulo foi apresentado a análise dos testes realizados para a obtenção de uma tabela de quantização robusta utilizando o método de algoritmos genéticos aplicado a um