Registro: 2013.0000756489 ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0030614-08.2005.8.26.0068, da Comarca de Barueri, em que é apelante MAURICIO ANTONIO DA SILVA, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram parcial provimento ao apelo, a fim de reduzir a sanção penal para quatro anos de reclusão, mais o pagamento de dez dias- multa, bem como para modificar o regime de cumprimento de pena para o semiaberto.V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores RACHID VAZ DE ALMEIDA (Presidente), CARLOS BUENO E FÁBIO GOUVÊA.
São Paulo, 5 de dezembro de 2013.
RACHID VAZ DE ALMEIDA RELATOR
Assinatura Eletrônica
Relatora: Rachid Vaz de Almeida Apelação: 0030614-08.2005.8.26.0068 Apelante: Mauricio Antonio da Silva
Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo Comarca: Barueri
Juiz de 1ª Instância: Peter Eckschmiedt
EMENTA
APELAÇÃO CRIMINAL ROUBO MAJORADO Conjunto probatório suficiente para manter a condenação Reconhecimento pessoal efetuado pela vítima e confissão judicial, ainda que parcial Desclassificação para o crime de furto tentado Inadmissibilidade Anúncio do assalto com simulação de porte de arma Afastamento da majorante Possibilidade - Regime prisional Modificação, conforme orientação jurisprudencial contida na Súmula 440, do e. STJ PARCIAL PROVIMENTO.
MAURICIO ANTONIO DA SILVA foi condenado a cumprir penas de cinco anos e quatro meses de reclusão, mais o pagamento de treze dias-multa, em regime inicial fechado, pela prática do crime de roubo majorado pelo emprego de arma e concurso de agentes (fls. 224/226).
O acusado apelou buscando a desclassificação para o crime de furto simples (fls. 259/261).
O Ministério Público se manifestou pelo parcial provimento ao apelo, a fim de afastar a causa de aumento (fls. 263/266), no que foi secundado pela Procuradoria-Geral de Justiça (fls. 270/276).
É O RELATÓRIO.
O apelante foi condenado porque, nas condições descritas na denúncia, mediante grave ameaça exercida com simulação de emprego de arma, subtraiu a quantia de R$ 113,00 pertencente à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos CPTM.
A materialidade e a autoria restaram induvidosas.
Segundo apurado, o réu se aproximou da bilheteria e, mediante grave ameaça, anunciou o assalto. As filmagens do local do crime (fls. 07/11) permitiram a identificação do acusado, sendo o mesmo capturado pouco menos de um mês depois dos fatos, oportunidade em que foi reconhecido pelo funcionário da empresa-vítima como autor do roubo (fls. 13).
Silente na delegacia (fls. 14), o réu admitiu a prática delitiva em juízo, conquanto sob a escusa de que não estava armado e de que não intimidou a vítima (fls. 32).
O ofendido, ouvido em juízo, corroborou os fatos descritos na inicial, imputando ao réu a prática do delito. Mais uma vez, o reconheceu como sendo o autor do assalto (fls. 193).
A conduta do acusado se subsume ao delito de roubo, não prosperando a tese defensiva desclassificatória.
Isto porque, o acusado fez menção de estar armado, colocando a mão sobre a cintura. A vítima foi categórica nesse sentido e somente entregou a quantia em dinheiro porque se sentiu intimidada.
A ameaça perpetrada pelo réu teve o condão de atemorizar o ofendido e, portanto, não há de se falar em crime de furto. Caracterizada a elementar da grave ameaça, tenho como escorreita a capitulação legal, à exceção da majorante do emprego de arma.
Com efeito, o réu simulou o porte de arma de fogo. Porém, não há prova segura de que estivesse efetivamente armado. A vítima não viu a arma de fogo e, de outro lado, o artefato também não aparece nas imagens capturadas no local.
Nesse aspecto, como bem ressaltado pelo Ministério Público, com o endosso da Procuradoria-Geral de Justiça, a causa de aumento referente ao emprego de arma de fogo não restou comprovada durante a instrução, razão pela qual, a majorante deve ser afastada.
A dosimetria comporta reparo.
A pena-base, fixada no mínimo legal, torna-se definitiva nesse quantum à míngua de outras causas ou circunstâncias modificadoras.
O regime prisional deve ser alterado, haja vista que as circunstâncias judiciais não são desfavoráveis ao acusado. Em atenção a
Súmula 440, do Colendo Superior Tribunal de Justiça, altero o regime de cumprimento de pena para o semiaberto, deixando de estabelecer o mais brando em razão da gravidade concreta do delito, consubstanciada na periculosidade e na ousadia do réu em anunciar o roubo durante o dia e em local de intensa movimentação de pessoas.
Pelo exposto, meu voto é pelo parcial provimento ao apelo, a fim de reduzir a sanção penal para quatro anos de reclusão, mais o pagamento de dez dias-multa, bem como para modificar o regime de cumprimento de pena para o semiaberto.
RACHID VAZ DE ALMEIDA Relatora