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Tribunal Regional de Talentos apresenta:

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Academic year: 2021

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Tribunal Regional de Talentos apresenta:

Era uma vez uma fada madrinha que vestia toga. A história começa da forma clássica, mas a narrativa sobre a juíza do trabalho substituta do Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (TRT/AL) Sara Vicente da Silva, 41 anos, é mesmo muito incomum e inabitual. Encantada pelo universo lúdico das crianças, a magistrada não perde por nada a oportunidade de viajar na imaginação com elas, contando muitas histórias. Sempre que pode acompanha as visitas do TRT Solidário às instituições de caridade, com a finalidade de proporcionar momentos divertidos, doar afetividade e amor às crianças carentes.

Fato é que com Sara, a história é mesmo muito diferente. Ela encanta e consegue deixar os pequeninos absortos nas narrativas. Com sua prosa cheia de exclamações, gestuais e dramatizações, magnetiza a atenção das crianças. Para ela, todos podem, de alguma forma, contribuir para diminuir os abismos sociais e, com um gesto benevolente de cada um, é muito provável que todos possam ser felizes para sempre. Conheça um pouco mais dessa personagem descoberta pelo projeto Tribunal Regional de Talentos.

- Como descobriu a habilidade para contar histórias para as crianças?

- Na verdade, vocês me descobriram! (risos). O que posso dizer é que, desde que me entendo por gente, sempre gostei de histórias e desse mundo mágico que envolve os personagens, cenários, a pureza e naturalidade que tanto atraem as crianças. A descoberta dessa minha vocação ocorreu naturalmente, no meio familiar e entre amigos. Percebi aos poucos, especialmente com os comentários das pessoas, minha facilidade em “mergulhar” nas histórias e nas sensações que uma poesia ou outra boa leitura provocam em mim e que externo com o coração, por meio da voz e da expressão

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corporal. Não sei explicar se é habilidade ou simplesmente paixão. Acho que é uma mistura disso com o gosto que tenho de estar junto das crianças e das pessoas em geral.

- Que técnicas emprega para prender a atenção das crianças?

- Nunca pensei numa técnica específica, deixo a imaginação solta e entrego-me de corpo e alma àquele momento especial de contato com as crianças, compartilhando uma história bonita. Uso muito a intuição, bem como busco perceber os interlocutores mirins e capto o interesse de cada um e assim vou desenvolvendo essa interação. Algumas vezes uso também bonequinhos de fantoches ou pequenos brinquedos que possam ajudar no contato com os pequeninos. Acho que o sentimento envolvido e o carinho do gesto é o que mais prendem a atenção. As pessoas (e especialmente as crianças) captam, com muita sensibilidade (e sem se darem conta disso, muitas vezes), quando estamos sendo sinceros e nos dedicando com a alma ao que estamos realizando.

- Como avalia essa prática para formação de leitores?

- Ah, penso que é imprescindível estimularmos sempre a leitura. As crianças aprendem muito mais com os exemplos do que imaginamos! Elas percebem quando o adulto dá importância ao que lê e desenvolve naturalmente o gosto pelos mais variados livros. Quando nos envolvemos contando uma história para as crianças, permitimo-nos abrir espaço para nossa própria criança interior se liberar e fica mais fácil sensibilizar e compartilhar essa riqueza que é ajudar na formação de leitores. Para mim, somente ajudamos a formar leitores quando nos tornamos, por nossa vez, leitores assíduos e conscientes e quando repartimos o que conhecemos com os demais. É uma troca muito estimulante e saudável.

- Quais são os benefícios que essa prática lhe traz?

- São inúmeros. Como disse, no contato com as crianças, nossa própria criança interior libera-se, se solta, brinca, se diverte, facilitando a criatividade, a alegria de viver e tornando-nos mais saudáveis, além de crescermos na interação com o outro, possibilitando enriquecer nossas vivências. Em qualquer atividade que nos propomos a dedicar em prol de outra pessoa somos sempre os primeiros beneficiados. Acredito firmemente que o grande passo para nossa própria felicidade é semearmos felicidade nos caminhos que somos chamados a trilhar. E sempre podemos caminhar nesse sentido. Tudo o que doamos às crianças é investimento em nosso próprio futuro.

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- Como seleciona repertórios?

- Na maior parte das vezes sigo minha intuição. Também avalio o grau de interesse dos que assistirão à leitura ou interpretação de histórias ou apresentação de poesias e contos. Outras vezes são as próprias pessoas que me sugerem algo. Certa vez participei de uma apresentação num Cruzeiro até Fernando de Noronha e foi muito enriquecedor aceitar o desafio de apresentar algumas poesias aos companheiros de bordo, junto com meu filho mais velho, Lucas, que atua no campo da música, criando um espaço aconchegante de poesia e musicalização em alto-mar. Todo repertório tem algo de bom a oferecer, se soubermos encontrar pontos de conexão com nosso sentimento e transmitir isso aos demais.

- A declamação de poesia também é uma arte. Como desenvolveu a aptidão? - Meu caso com a poesia é na verdade um amor antigo. Não acho que tenho “aptidão para a declamação”, apenas gosto muito, muito mesmo, de escrever, de ler e reler poesias em voz alta. Gosto do sabor de cada frase, da entonação de cada palavra e das sensações e sentimentos que repercutem em todo meu ser ao contato com uma boa poesia, crônica ou qualquer texto que tenha uma alma verdadeira. Na maior parte das vezes que fui convidada a declamar, pedi escusas e fiz leitura, uma leitura pausada, sentida, vivida, que acaba se parecendo uma declamação. Não sou muito boa em decorar coisas... (risos).

- Que autores declama?

- Com as ressalvas da resposta anterior, gosto muito dos autores brasileiros. Acho que por conta do contato maior com eles. Minha predileção atual são os poemas de Cora Coralina (1889-1985), cujo “Meu livro de cordel” é comovente. Há dois livros que também nunca deixo longe de mim e que encerram poesias de diversos autores que prezo demais: um deles é o “Parnaso de Além-túmulo”, uma obra psicografada por Francisco Cândido Xavier e que traz textos belíssimos de diversos poetas (autores espirituais diversos) que valem o estudo sem preconceitos... Estão nessa obra: Casimiro Cunha, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac, Castro Alves, Auta de Souza, Cármen Cinira, entre tantos outros que enriquecem a palavra escrita. O outro livro é o imperdível “Os cem melhores contos brasileiros do século” que trazem produções literárias de escritores que gosto muito, como Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de

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Andrade, Machado de Assis. Autores de outras plagas e de épocas mais recuadas também são bem-vindos, como exemplificam: o consagrado Willian Shakespeare, o inesquecível Pablo Neruda e a talentosa quanto sofrida Florbela Espanca.

- A arte pode ajudar a promover a justiça social?

- Posso dizer que não há justiça social sem arte. A expressão da arte na alma das pessoas é algo que nunca deve ser desconsiderado. Temos visto, a cada dia mais, a expansão dessa forma de olhar para a vida, seja com poesia, com música, com pintura, com dança, com seja lá o que for que possa levar mais sensibilidade aos corações. Sem sensibilidade não é possível haver justiça e sem justiça a sociedade toda adoece.

- Há poesia no cotidiano de trabalho?

- Como não?! Trabalhar é uma das expressões poéticas e criativas por excelência do espírito humano. Vejamos quanto progresso, não só material, como intelectual e moral podemos adquirir a partir do trabalho. Poetizar o trabalho e trabalhar a poesia em nosso cotidiano representam faces da mesma moeda que alavancam a nossa melhoria. Exemplificativamente: uma saudação feliz ao colega, logo pela manhã, é uma forma maravilhosa de poetizar o cotidiano muitas vezes árido; uma sugestão respeitosa para melhorar o trabalho é uma maneira hábil de despertar a poesia em forma de auxílio; um sorriso gentil e acolhedor a qualquer momento pode ser a porta que se nos abre a um entendimento maior da nossa condição de criadores de poemas vivos; uma ajuda pequenina que damos pode ser o estímulo que faltava para que outra pessoa desperte para a poesia de viver... Tenhamos coragem de levar poesia ao ambiente de trabalho diário.

- Como define uma alma poética?

- Nossa mente está muito acostumada a empregar conceitos e definições. E muitas vezes a preocupação em conceituar e definir estreita nossa compreensão. A alma poética se afasta justamente disso, de modos rígidos de compreender, aceitar e trabalhar a realidade. Não importam muito os conceitos ou o modo como conceituamos as coisas. Existem coisas que são feitas para se sentir e não para se compreender racionalmente. Para mim a alma poética é a alma que vê no vendaval oportunidade de ganhar resistência ou mudar a direção e que encontra nos espinhos a segurança e o aprendizado para sentir o perfume das rosas. A alma poética exala o que tem de melhor em si,

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naturalmente, sem esforço e com muita beleza. E todos somos poetas da alma, no infinito campo da vida, basta que acreditemos e depois... Que poetizemos as vivências!

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