A A RQUITETURA C IVIL R ESIDENCIAL C OLONIAL B RASILEIRA
TEORIA, HISTÓRIA E CRÍTICA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II – TH 2
A C ASA U RBANA
A RQ . R ESIDENCIAL C OLONIAL B RASILEIRA
A ARQUITETURA URBANA DEPENDE DO LOTE EM QUE ESTÁ IMPLANTADA.
Geralmente de traçado irregular, lotes com testada estreita e grande profundidade. Não há afastamentos entre os edifícios. A arquitetura define a rua.
Cidade de Goiás – Rua Dom Cândido
Durante o período colonial o lote urbano tem suas
características bem definidas.
Ruas uniformes, sem calçamentos;
Construções no
alinhamento das vias e paredes laterais sobre os limites dos terrenos;
As casas eram urbanas ou
rurais – não haviam casas
urbanas recuadas e com
jardins.
Padronizações com relação às fachadas:
dimensões e número de aberturas, altura dos pavimentos e alinhamentos com as edificações vizinhas – Cartas Régias ou posturas municipais.
Mesmo os palácios dos governadores, na Bahia, Rio de Janeiro e Belém, eram construídos no
alinhamento das vias públicas.
Paço Imperial.
Rio, 1743
A UNIFORMIDADE DOS TERRENOS CORRESPONDIA À UNIFORMIDADE DOS
PARTIDOS ARQUITETÔNICOS.
Mesmo internamente é possível observar a
repetição de modelos: a sociedade era bastante homogênea.
A casa urbana no Brasil colonial seguia um único padrão, determinado por questões parcelárias e ambientais.
Quanto ao sistema parcelário, o lote urbano era
sempre estreito e profundo, variando a largura
de 5 a 8 metros
AS RUAS
Este esquema envolvia a própria ideia que se fazia de via pública.
Numa época em que as ruas ainda não tinham calçamento, nem havia passeios – recursos mais recentes de definição e
aperfeiçoamento do tráfego – não seria possível pensar em
ruas sem prédios (ruas sem edificações
definidas por cercas
eram as estradas).
As ruas eram o traço de união entre conjuntos de prédios e por eles era definida espacialmente.
Nesta época eram ainda desconhecidos os
equipamentos de precisão de topografia e os traçados das ruas eram feitos por meio de cordas e estacas.
Não poderiam ser mantidos por muito tempo se não
fossem feitas edificações.
A CASA URBANA
A impressão de monotonia era ainda acentuada pela
ausência de verde.
Com a falta de jardins, acentuava-se a impressão de
concentração, somente atenuada quando os galhos dos pomares derramavam-se
sobre os muros.
A CASA URBANA
As casas eram alinhadas pela divisa frontal e geminadas nos dois lados – casas em correnteza –criando a
chamada rua corredor.
Isto em parte se deve à precariedade das técnicas construtivas.
Sabendo-se que a taipa de pilão, ou o pau-a-pique eram vulneráveis à chuva, um dos modos de protegê-las das intempéries era colar empena com empena, restando apenas duas fachadas expostas.
Os beirais e varandas se incumbiam da proteção destas.
Os mais importantes fatores determinantes das
formas arquitetônicas de nossa arquitetura colonial são de ordem econômica e técnica.
A escolha das técnicas construtivas, muitas vezes a sua má realização, e a relativa fragilidade das nossas construções têm sua explicação na escassez de
recursos alocados na construção mesmo dos mais importantes edifícios.
Somente a partir de 1630 aproximadamente podemos falar de algum padrão mais definitivo com relação à construção. É nessa época, por exemplo, que a
cobertura vegetal começa a ser substituída pela telha cerâmica.
No desenho a seguir estão representados os tipos
mais utilizados:
Meia água Telhado de
duas águas
Telhado de quatro águas
Telhado de quatro águas com lanternim
Claustro
Pavilhão em L
Varanda Alpendrada
Varanda Puxada
A “meia-água” (1) era geralmente utilizada em construções de menor
importância, como o rancho e a cozinha.
O telhado de duas águas (2) era muito utilizado em
construções urbanas, sobretudo em casa
geminadas, um padrão dos mais comuns nas cidades, nas casas de porta e janela, meia-morada, sobrados, etc.
O madeiramento do telhado, neste caso consistia apenas nas terças transversais e
caibros.
O telhado de quatro águas (3) era a cobertura mais
comum nos pavilhões, o tipo construtivo mais utilizado
para construções de maior porte, como casas-grandes, equipamentos públicos
menores e mansões.
Uma variante deste é o telhado de quatro águas com lanternim (4), que objetivava melhor
iluminação e ventilação do
telhado, bem como o uso
alternativo desta área.
O claustro (5) era a forma preferida para
construções que aspiravam maior monumentalidade.
Com as limitações de
largura impostas pelas
técnicas construtivas,
desde que os vão eram
vencidos apenas com
vigas de madeira, o que
determinava uma largura
de algo em torno de 6 m
para as alas,
e ainda a necessidade de melhor iluminação e
ventilação dos compartimentos
praticamente impunha o pátio central.
Esta solução era bem adequada para edifícios de maior porte, como
palácios, paços, e outras construções maiores para equipamentos públicos.
Eram colocados sempre em centro de terreno,
assim como os pavilhões.
O pavilhão composto em forma de “L” (6) era uma solução intermediária entre o pavilhão e o claustro. Era utilizada quando se dispunha de terrenos de boa largura para casas-grandes, mansões urbanas, etc.
A varanda alpendrada (7) ou puxada (8) era solução comum em todos os
partidos, desde a casa
mais simples do sertanejo
até as mais sofisticadas.
A casa mais simples que poderemos encontrar é a
chamada casa de porta e janela, composta apenas de sala, quarto, varanda e cozinha.
A circulação para os compartimentos dos fundos se dá
pelo quarto. Considere-se porém que nenhuma pessoa
não pertencente ao convívio familiar era admitida para
além da sala.
Variações podem acontecer com o acréscimo de alcovas, compartimento do qual não temos
conhecimento, mas que era muito comum,
atendendo aos padrões de então de preservação da intimidade e proteção da família.
Hoje pensamos que nenhum compartimento
habitável pode prescindir de um vão de iluminação e ventilação.
Este, porém, é uma ideia recente, criado pelos higienistas do século XIX.
Estes propuseram a substituição do conceito de
ventilação química (volume de ar por pessoa) dos
compartimentos então adotado pelo conceito de
ventilação física (circulação de ar).
A setorização de usos bastante clara, que se reproduz até mesmo nos sobrados.
Cidade de Goiás – Rua Dom Cândido, 37
Casa à Rua Dom Cândido, 37 – Goiás. 01. corredor; 02. sala, também destinada ao comércio em alguns casos; 03.
alcovas; 04. varanda; 05. dependências (cozinha,
alojamentos, depósitos); 06. banheiro (intervenção recente);
07.quintal próximo
02 02
03
03 03 04
05 05 06 05
01 07
Os exemplares mais ricos acentuavam
esta tendência:
maiores dimensões, maior número de peças, sem chegar a caracterizar um tipo
distinto de habitação.
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As coberturas eram em telhados de duas águas, lançando parte das águas de chuva sobre a rua e outra para o quintal.
Evitava-se, deste modo, o uso de calhas ou qualquer sistema de captação e condução de águas pluviais.
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O SOBRADO
Distinção importante a
respeito do termo sobrado – no início designava um
espaço que “sobrou”, acima do forro (sótão) ou abaixo do soalho (porão habitável).
Geralmente abrigavam lojas destinadas ao comércio no térreo e a moradia nos
pavimentos superiores.
O SOBRADO
• O sobrado urbano, um dos tipos de residência mais persistentes de nossa história da habitação individual.
• O termo sobrado hoje em dia designa o prédio com mais de um pavimento, não pressupondo a existência de pisos intermediários.
• Acrescentaríamos que o número de pavimentos
de um sobrado é geralmente dois, e não mais que
três.
As repetições não se davam somente nas
fachadas,
mostrando que os padrões oficiais
apenas completavam uma tendência espontânea, as plantas, deixadas ao
gosto dos proprietários apresentavam
sempre uma
grande monotonia.
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As salas de frente e as lojas
aproveitavam as aberturas
sobre a rua, ficando as aberturas dos
fundos para a iluminação dos
cômodos de permanência das
mulheres
e locais de trabalho.
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Entre estas partes de iluminação natural ficavam as alcovas, destinadas
à permanência à noite, onde dificilmente penetrava a luz
natural.
A circulação se dava por um corredor
longitudinal que conduzia da porta
de entrada aos fundos.
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Esse corredor era central (nas casas maiores) ou
encostado a uma das
paredes laterais (nas casas menores).
1. Loja
2. Corredor de entrada independente da loja 3. Salão
4. Alcovas
5. Sala de estar ou varanda
6. Cozinha e serviços
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O SOBRADO
Dos mais antigos no Brasil temos aqueles conhecidos sobrados o da a casa nº 28, da rua do Amparo e a casa nº 7 do Pátio de São Pedro, ambos em Olinda, e
datando provavelmente das primeiras décadas do século XVII.
Sobrado na rua do Amparo, Olinda
Sobrado na rua do Amparo, Olinda
• Trata-se de uma casa situada em terreno com grande aclive, razão porque o pavimento inferior, da rua do Amparo é bem menor.
• Temos aí a loja de comércio.
• Geralmente, nas áreas mais povoadas dos centros urbanos, o pavimento inferior era dedicado ao comércio.
• A casa de residência se desenvolve unicamente no
sobrado, onde temos a sala, o santuário, as alcovas e
nos fundos a sala de jantar e cozinha, dando o quintal
para a ladeira da Misericórdia.
Casa n.7, Pátio de São Pedro, Olinda
• No sobrado do Pátio de São Pedro temos um programa mais completo, pois se trata não somente de terreno plano como também de um lote de esquina.
• A planta apresentada reflete possivelmente as transformações de uso atualizadas, pois nota-se uma casa já melhor equipada.
• Temos no pavimento térreo uma loja melhor dotada
de espaços, com armazém e grande depósito, e os
compartimentos dos fundos servindo à residência,
com a sala de engomar, um compartimento que
somente desaparece das casas brasileiras com o século
XX já avançado, e a senzala urbana, que se
transformou em quarto de criado.
Casa n.7, Pátio de São Pedro, Olinda
• Já temos ai banheiro e W.C., integrados ao corpo da construção, embora com acesso por fora.
• No pavimento superior, por se tratar de uma casa de esquina. temos quartos, uma alcova e a camarinha, pequena alcova ou quarto.
• A técnica construtiva destes sobrados é a mais
simples do período colonial, utilizando-se nas
paredes o pau-a-pique, a taipa de pilão ou
alvenaria de adobe ou tijolos cerâmicos,
dependendo do local.
O SOBRADO
• As coberturas eram de telha cerâmica sobre madeiramento que raramente incluía tesouras, sendo mais comum apenas terças e caibros.
• O piso intermediário era sempre de frisos de madeira sobre peças transversais.
• Em alguns casos fazia-se um piso suplementar
ocupando todo o espaço disponível ou apenas parte
dele.
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Outras variações correspondiam ao aparecimento de
águas furtadas ou camarinhas. Mesmo assim, colocados
de forma a evitar a necessidade de rufos ou calhas.
Portas
Portada da Igreja de São Francisco de Assis, por Antônio Francisco Lisboa.
Ouro Preto/MG.
Porta com folhas de pinázios.
A
RQUITETURAR
ESIDENCIALC
OLONIALB
RASILEIRAA RQUITETURA R ESIDENCIAL C OLONIAL B RASILEIRA
AS CASAS TÉRREAS x OS SOBRADOS
As diferenças fundamentais entre a casa térrea e o sobrado consistiam no tipo de piso: assoalhado no
sobrado e de “chão batido” na casa térrea.
Além disso, habitar um sobrado significava riqueza e uma casa térrea, pobreza. Por esta razão, os pavimentos térreos dos sobrados, quando não eram utilizados
como lojas, deixavam-se para acomodação dos
escravos e animais ou ficavam quase vazios.
T
ERRAB
ATIDASítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690)
LADRILHOS DE BARRO
Casa da Hera;
Vassouras – RJ (séc. XIX)
Tabuado corrido
JANELAS
A
RQUITETURAR
ESIDENCIALC
OLONIALB
RASILEIRAT IPOS DE VERGAS
Janelas com verga reta Verga em
arco de círculo
Verga
redonda ou arco pleno
Vergas ogivais
Vergas triangulares
A
RQUITETURAR
ESIDENCIALC
OLONIALB
RASILEIRAC ASA RURAL
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AS CHÁCARAS
Esta era um outro tipo de mora urbana que localizava-se na periferia dos centro urbanos com o intuito de
oferecer maior comodidade às famílias.
Conseguiam reunir as vantagens de localização com as de abastecimento dos serviços das casas rurais.
Solução preferida pelas famílias abastadas, onde
realizavam por meio do cultivo de aves e porcos, pomares, legumes, hortaliças; os quais contavam com a presença de
curso d’água.
Assim, essas famílias utilizavam-se da chácara no dia-a-
dia e as casas urbanas em ocasiões especiais.
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O PROGRAMA DE NECESSIDADES
A invariabilidade da casa urbana correspondia a um padrão de vida ou modo de vida na sociedade colonial
que, “imutável” por razões sociais, econômicas e culturais, sustentava programa de necessidades muito
semelhantes às casa rurais.
Em correspondência quase que direta, constatam-se zonas bem definidas, que recebiam dimensionamentos e
tratamentos arquitetônicos diferenciados:
Área social, área íntima e área de serviços.
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O PROGRAMA DE NECESSIDADES
A área social – sala – era o ambiente onde se procedia o contato do mundo doméstico com o mundo exterior, era
lugar dos contatos sociais. Domínio do homem, do chefe da família, ela podia receber ornatos e decorações mais
elaborados, distinguido-a do restante da casa, que era restrito ao mundo familiar.
A área íntima – alcovas e varanda – (sala do convívio
familiar) eram domínio das mulheres e dos filhos.
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O PROGRAMA DE NECESSIDADES
A área de serviços – cozinha, despensa, quartos de serviços e o quintal – (situados fora da casa ou como
apêndice dela) eram espaços, senão exclusivos,
fundamentalmente de escravos. Estes ambientes eram extremamente despojados e neles não se econtravam
intenções de animação do espaço.
Vão distinguir entre si, a casa urbana da rural, nos traços predominantes do espaço construído, a constância formal
e estética, funcional e construtiva. De acordo com as
necessidades do campo alguns ambientes serão incluídos.
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A CASA BANDEIRISTA OU RURAL
Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690)
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A CASA BANDEIRISTA OU RURAL
Aspectos importantes sobre o programa de necessidades da casa bandeirista:
* Mantem-se praticamente inalterado por cerca de dois séculos;
* Poucas diferenças entre as casas rurais e as urbanas;
* Importância do resguardo da família – segregação da mulher;
* União da experiência indígena com a tradição
portuguesa.
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A CASA BANDEIRISTA OU RURAL
Fatores condicionantes do partido arquitetônico (forma) da casa bandeirista
- Influência Indígena: agenciamento das dependências de serviço (espalhadas em torno da casa principal);
- A hospitalidade (obrigação social): necessidade de quarto de hóspedes com acesso independente;
- Presença das capelas integradas e independes do corpo da casa.
- Faixa de recepção: corredor situado junto à fachada.
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Sítio Santo Antônio.
São Roque – SP (1640)
A casa do Sítio de Santo Antônio foi construída em 1640, por Pedra Vaz de Barros.
Originalmente possuía oratório interno, mas em 1681 foi dada provisão para a construção da capela. No século XIX pertencia a Antônio Joaquim da Rosa, Barão de Piratininga.
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Sítio Santo Antônio.
São Roque – SP (1640)
A capela, a pequena distância da casa, é também de taipa de pilão sobre embasamento de pedra
Talvez o mais belo exemplar de casa bandeirista brasileira, constitui-se de um vasto retângulo erguido em taipa de pilão com telhado de quatro águas, de extrema horizontalidade e grande predomínio de cheios sobre vazios.
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A CASA BANDEIRISTA OU RURAL
O sítio bandeirista é um caso especial na arquitetura
colonial do segundo século. Constitui-se por ser um tipo de edifício dos mais interessantes, pois, em que pese a
precariedade dos meios construtivos, tem um desenho clássico dos mais rigorosos, podendo mesmo ser
comparado as plantas de Palladio (maneirista). Guardam entre si características muito próprias e semelhanças que
autorizam falar de um tipo arquitetônico. O Sítio do Padre Inácio e o Sítio do Mandu, em Cotia, e Sítio Querubim em São Roque são os melhores exemplos. Nos três temos, salvo variações, na parte frontal uma varanda, uma capela e
o célebre quarto de hóspedes.
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Casa do Padre Inácio - Cotia
A sala ocupa o lugar central e os quartos, a lateral. Nos fundos
uma outra varanda, possivelmente uma área de serviços, não necessariamente
uma cozinha, que podia ser externa à construção.
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Sítio do Mandu
A construção era sempre de taipa de pilão, telhados de barro assentes sobre madeiramento do
tipo caibro armado. O espaço abaixo do telhado era
aproveitado como depósito ou mesmo como abrigo de serviçais.
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Villa Angarana. Palladio. 1570
Desenho clássico dos mais
rigorosos, podendo mesmo ser comparado as plantas de
Palladio (maneirista). Guardam entre si características muito próprias e semelhanças que autorizam falar de um tipo arquitetônico.
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A CASA DO PADRE INÁCIO
Partido arquitetônico:
Casa sem desníveis
internos, terra batida – terreno plano;
Presença do corredor
(alpendre) – influência da arquitetura tradicional
portuguesa ou da loggia (galeria) à moda de
Palladio.
A sala central tem sempre
a largura do corredor.
Capela
Quarto Hóspedes Alpendre Sala
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A CASA DO PADRE INÁCIO
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A CASA DO PADRE INÁCIO
Alpendre
Apesar da designação possui maior similaridade com um corredor, pois é um
espaço reentrante, espaço de transição.
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A CASA DO PADRE INÁCIO
Espaços reentrantes (que não avançam para além do corpo da edificação).
Solar de Bertiandos – Ponte de Lima, PT. Século XVIII.
Casa Alpendrada, solução da arquitetura popular portuguesa.
Capela
Possuía um dispositivo para permitir que as mulheres assistissem às cerimônias a partir do espaço interior
da casa. Uso de treliças (muxarabis).
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A CASA DO PADRE INÁCIO
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A CASA DO PADRE INÁCIO
As capelas rurais, com os seus altares consagrados, deveriam ficar completamente desempedidos de todos os usos domésticos, livre de proximidades promíscuas e independentes quanto ao seu acesso.
Assim, passou a fazer parte da faixa netra de recepção, o
que não impedia que as mulheres da casa participassem
das celebrações, através de grades ou treliças (muxarabis)
dispostas na parede lateral contígua às acomodações
íntimas.
Quarto de hóspedes
A hospitalidade era uma obrigação social, que garantia a sobrevivência da comunidade.
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A CASA DO PADRE INÁCIO
A porta da frente não se abre para a parte principal da casa, onde a família vive, de modo que qualquer pessoa que passe por ali, qualquer viajante, tem o direito de abrir a porta, entrar no quarto e passar a noite ali. Agora, os quartos são dispostos de tal modo que as pessoas que lá ingressam, nunca atingem o coração da família: será apenas um viajante, jamais um hóspede verdadeiro.
Sala
Área de distribuição que permitia acesso às
camarinhas (quartos) periféricas e à área dos fundos, onde ficavam as dependências de serviço. Muitas vezes
se relacionava como estenção do alpendre e de seus usos.
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A CASA DO PADRE INÁCIO
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A CASA DO PADRE INÁCIO
As cozinhas (geralmente haviam mais de uma) situavam- se em volumes anexos.
Não existiram fogões com chaminés semelhantes às casas portuguesas – a taipa não permitia tal construção.
Os sótãos sobre as camarinhas eram utilizados para
armazenagem do excedente da produção.
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A CASA DO PADRE INÁCIO
A casa bandeirista da roça era uma casa pulverizada, toda fraccionada em inúmeras construções – satélites do núcleo familiar, cada qual com sua especialidade. Um partido
“aberto”. Ao lado da casa principal de moradia
propriamente dita, ficavam a cozinha geral, os quartos para
os criados subalternos dos hóspedes importantes, os
depósitos de gêneros, os paióis, o moinho de trigo ou
milho, a casa de fazer farinha, o monjolo, o galinheiro, o
curral, a moenda de fazer garapa (rapadura e cachaça), a
senzale e o pomar. Tudo protegido por cercas de madeira
ou muros de taipa. Esta fragmentação está mais para a
sistemática indígena do que para a tradição ibérica.
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A CASA DO PADRE INÁCIO
Cobertura: estrutura de madeira, coberta com telhas
tipo capa e bica, telhado de quatro águas.
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A CASA DO PADRE INÁCIO As pilastras do alpendre e os
cachorros do beiral, esculpidos em canela-preta são de belíssimo
trabalho.
Nessa casa, como em outros dos melhores exemplares do período, há
uma elegância de proporções e um requinte dentro de extrema e
simplicidade que não deixam de nos
evocar certos traços da grande
arquitetura moderna no Brasil.
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A CASA DO PADRE INÁCIO
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A CASA DO PADRE INÁCIO
As casas bandeiristas possuía pouco mobiliário, algumas caixas de madeira, raras mesas, alguns bufetes, escabelos (banco pequeno de apoio para os pés), escassas cadeiras e
camas ou catres (pequeno leito de lona).
O partido arquitetônico fragmentado da construção rural era lotado próximo das localizações de nascentes ou ribeirões a meia encosta, acompanhando as curva de nível.
Local de onde também poderia se acompanhar todos os
afazeres dos empregados – escravos.
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A CASA DO PADRE INÁCIO
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A CASA DO PADRE INÁCIO
Bibliografia:
LEMOS, Carlos. Casa Paulista: história das moradias anteriores ao ecletismo trazido pelo café. São Paulo: Edusp, 1999.
VAZ, Maria Diva A. Coelho & ZÁRATE, Maria Heloísa Veloso. A casa goiana: documentação arquitetônica. Goiânia: Ed. da UCG, 2003.
MOUTINHO, Mário. Arquitectura Popular Portuguesa. 3 ed.
Lisboa: Editorial Estampa, 1995.
COLIN, Silvio . Tipos e padrões da arquitetura civil colonial.http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/02/2 8/tipos-e-padroes-da-arquitetura-civil-colonial-i/