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“ESCOLA PR ESCOLA PRÁ ÁTICA DE POL TICA DE POLÍ ÍCIA CIA” ” DIREITO PENAL
DIREITO PENAL
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8.º CURSO DE FORMAÇÃO DE AGENTES
Explicar o conceito formal de crime e a subsun Explicar o conceito formal de crime e a subsunçção ão progressiva:
progressiva:
A acA acççãoão(omissões puras e impuras);(omissões puras e impuras);
A tipicidadeA tipicidade(elementos objectivos e subjectivos);(elementos objectivos e subjectivos);
A ilicitudeA ilicitude(conceito e causas de justifica(conceito e causas de justificaçção);ão);
A culpaA culpa(conceito, capacidade de culpa e causas de (conceito, capacidade de culpa e causas de exculpa
exculpaççãoão););
A PunibilidadeA Punibilidade..
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OBJECTIVOS ESPECÍFICOS:
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MÓDULO II
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TEORIA DA INFRACÇÃO
“SUBSUNÇÃO PROGRESSIVA”
(Ver acetato)
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SUBSUNÇÃO PROGRESSIVA
É uma técnica que consiste em chegar a uma definição teórica de crime e depois analisar exaustivamente todos os seus elementos, comuns a todos os tipos de crime.
O objectivo é fornecer critérios e dados científicos ao juiz, para que ele possa fazer um enquadramento de uma situação de facto, numa previsão legal, geral e abstracta.
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TEORIA DA INFRACÇÃO
I – ACÇÃO
Acção penalmente relevante:
Comportamento humano dominado ou dominável pela vontade, que consiste em um comportamento positivo (acção em sentido restrito) ou comportamento negativo (omissão de um comportamento devido).
Quando o agente actua sem consciência e vontade não há acção penalmente relevante:
Exs:
Coacção física irresistível (ex: O Joaquim obriga o Manuel, mediante força física, à qual M. não consegue resistir, a premir o gatilho de uma arma. O Manuel não actua voluntariamente);
Actuação em completa inconsciência (casos de sonambulismo ou hipnose);
Actos reflexos do organismo (ex: reacção motora muscular)
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TEORIA DA INFRACÇÃO
II – ACÇÃO (omissão: impura e pura) Art. 10.º CP – Comissão por acção e por omissão
Comissão por acção– Comportamento positivo/Agir/Fazer algo;
Comissão por omissão (Omissão Impura)– a omissão é causa de um resultado previsto na descrição do crime, porque o agente não pratica o acto que deve praticar para evitar esse resultado, quando tinha o dever jurídico de o evitar(Art. 10.º n.º 1 e 2 CP).
Dever jurídicopode resultar por força da lei ou de contrato (ex: os pais têm o dever de proteger os filhos; contrato com uma baby sitter);
Omissão Pura– caracteriza-se pela simples abstenção de agir; consistem na violação directa de uma norma que impõe determinado comportamento positivo, independente de se verificar qualquer resultado.
(Ex:Art. 200.º- Omissão de auxílio, Art. 245.º - Omissão de denúncia)
TÍ T ÍPICIDADE PICIDADE (tipo indiciador)
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TEORIA DA INFRACÇÃO
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T
TÍÍPICIDADEPICIDADE(tipo indiciador) Por tipicidade entende
Por tipicidade entende--se a adequase a adequaçção da conduta ao tipo, ou ão da conduta ao tipo, ou seja, o
seja, o enquadramento de um comportamento real enquadramento de um comportamento real ààhiphipóótese tese legal
legal, preenchendo, preenchendo--se tal requisito quando a conduta de se tal requisito quando a conduta de algu
alguéém encaixa exactamente na m encaixa exactamente na abstraabstraççãoãoplasmada na lei.plasmada na lei.
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TEORIA DA INFRACÇÃO
TIPO
É a descrição legal de um crime ou delito, ou seja, o molde concebido pelo legislador e que nos oferece os modelos ou padrões de comportamento humano tidos em cada momento histórico como merecedores de censura, na medida em que violam valores essenciais da comunidade.
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T
TÍÍPICIDADE PICIDADE ……
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TEORIA DA INFRACÇÃO
Elementos objectivos:
agente (quem); conduta (matar A); objecto (outra pessoa); resultado (morte); nexo de causalidade.
ELEMENTOS SUBJECTIVOS:
Dolo e negligência (13º a 15º do CP) São formas de culpa
O NEXO DE CAUSALIDADE(T. Causalidade Adequada) - significa que entre a conduta praticada por um agente e o resultado dessa conduta deve haver um elo de ligação que permita afirmar que o resultado típico verificadoresultou directamente da acção do agente e não duma circunstância acidental ou estranha ao agente.
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TEORIA DA INFRACÇÃO
“Nulla poena sine culpa”
não há pena sem culpa
DOLO
É a intenção criminosa de praticar um facto descrito na lei penal;
O agente conforma-se sempre com o resultado.
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Elemento intelectual ou Cognitivo (conhecer) o agente representa e tem consciência do acto que pretende realizar, que é ilícito;
Elemento emocional ou Volitivo (querer):
traduz-se na vontade de praticar um acto ilícito a vontade de praticar um acto ilícito.
Elementos do dolo
Artº 13º Dolo e negligência
Só é punido o facto praticado com dolo ou, nos casos especialmente previstos na lei, com negligência.
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TIPOS DE DOLO – Artº 14º do CP nº 1 – Dolo Directo:
O agente prevê e tem como fim a realização do facto criminoso;
EX: “A” decide matar “B”, empunha uma arma de fogo e dá-lhe um tiro – tem consciência, conhece e quer a morte de “B”.
nº 2 – Dolo Necessário:
O agente sabe que, como consequência da sua conduta, que decide empreender, realizará um facto que preenche um tipo legal de crime, não se abstendo, apesar disso de empreender tal conduta;
EX: “A” afunda o seu barco cheio de passageiros para receber o valor do seguro. Sabe e tem consciência que afundando o barco as pessoas morrem, como consequência forçosa do seu objectivo final.
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TIPOS DE DOLO – Artº 14º do CP nº 3 – Dolo Eventual:
O agente prevê uma circunstância e continua a actuar, ou seja, admite como consequência possível da sua conduta, resultar um crime, e mesmo assim age.
EX:
“A” é assaltado num local onde se encontram muitas pessoas, dispara em direcção das pernas do assaltante para o fazer parar. Embora tenha consciência do risco que corre, de acertar em algumas pessoas que ali se encontram, decide, apesar disso, disparar ferindo uma pessoa.
“A” conformou-se com o perigo de verificação de um resultado, aceitou a possibilidade da sua ocorrência e, nessa medida quis o resultado.
C.F.A. – DIREITO PENAL NEGLIGÊNCIA NEGLIGÊNCIA
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- É uma forma de culpa, menos grave que o dolo;
- Só é punível nos casos especialmente previstos na lei.
Consiste na displicência, relaxamento, falta de cuidado ou de atenção devida, que tem como consequência a lesão de um bem jurídico protegido.
O agente NUNCA SE CONFORMA com o resultado típico.
CONSCIENTE – alínea a);
INCONSCIENTE – alínea b);
GROSSEIRA (aparece na parte especial) exs: Artºs 137º/2 e 351º do CP NEGLIGÊNCIA
ARTº 15º CP
C.F.A. – DIREITO PENAL NEGLIGÊNCIA
NEGLIGÊNCIA: :
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INCONSCIENTE
O agente não previu sequer a produção do resultado.
Ex: Seguindo o exemplo anterior, o “A” agora não previu sequer a produção do resultado, uma vez que naquela rua normalmente não passava ninguém.
Não há uma representação do facto.
CONSCIENTE
O agente previu o resultado da conduta mas confiou que ele não teria lugar.
Ex: “A” atira uma garrafa pela janela da sua casa, atingindo “B”.
Se “A” previu que naquele momento poderiam passar pessoas na rua e confiou que não atingia ninguém, actuou em negligência consciente.
DISTIN
DISTINÇÇÃO ENTRE NEGLIGÊNCIA CONSCIENTEÃO ENTRE NEGLIGÊNCIA CONSCIENTE
E DOLO EVENTUAL:
E DOLO EVENTUAL:
O
O ArtArtºº1515ººCP apela ao critCP apela ao critéério da não conformario da não conformaççãoãocom o com o resultado t
resultado tíípico, então se o agente:pico, então se o agente:
não se conforma, não se conforma, hháánegligência conscientenegligência consciente.. se conforma, se conforma, hháádolo eventual; dolo eventual;
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NEGLIGÊNCIA GROSSEIRA
É uma negligência “qualificada” (forma mais grave de …)
“Consiste num comportamento de clara irreflexão ou ligeireza ou na falta de precauções exigidas pela mais elementar prudência ou das cautelas aconselhadas pela previsão mais elementar que devem ser observadas nos actos correntes da vida.”
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A ILICITUDE Artº 31º e ss do CP
Significa que é uma acção não consentida pela lei, que é ilegal, e por isso é punível.
Há um desvalor da acção na vontade e do resultado.
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CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO
(OU CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE) Artº 31º e ss do CP
O facto é ilícito porque a sua prática não é tolerada pela norma, por isso existe a sanção para quem o pratica.
A ilicitude é a qualidade de um comportamento que é censurado pela norma.
È indiciada pela tipicidade;
O facto ilícito é contrário à ordem jurídica;
Há um desvalor da acção através duma atitude interna do agente;
Há um desvalor do resultado.
ILICITUDE
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CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO
Artº 31º e ss do CPSignifica que embora determinadas condutas sejam ilícitas passam a ser lícitas se houver uma causa que exclua a sua ilicitude, e são:
Exclusão pela ordem jurídica considerada na sua totalidade;
(Exs: 754º e 336º CC - Direito de retenção e acção directa) Em legítima defesa (Artº 32º CP);
No exercício de um direito (Ex: Artº 21º CRP – Direito de resistência);
No cumprimento de um dever imposto por lei ou por ordem legítima da autoridade; ou
Com o consentimento do titular do interesse jurídico lesado.
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LEGÍTIMA DEFESA Artºs 21º CRP e 32º CP
PRESSUPOSTOS:AGRESSÃO
DEFESA
- ACTUALIDADE
Está iminente ou em execução - ILÍCITA
O defendente não está obrigado a suportá-la 1. NECESSÁRIA (meio proporcional à agressão);
2. INTENÇÃO DEFENSIVA (elemento subjectivo);
“animus defendendi”
3. PROPORCIONAL (adequado a afastar ); e 4. IMPOSSIBILIDADE DE RECORRER À FORÇA
PÚBLICA.
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LEGÍTIMA DEFESA Artºs 21º CRP e 32º CP
A LEGITIMA DEFESA PREVENTIVAé permitida A LEGITIMA DEFESA PRÉ-ORDENADA
não é permitida LEGITIMA DEFESA PUTATIVA
(Artº 16º, Nº 2, CP)
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DIREITO DE NECESSIDADE
É uma causa de justificação, ou seja, é uma causa de exclusão da ilicitude – artºs. 31º. nº 2 al. b) e 34º.
- Não se impõe que o agente actue com a certeza de que através da sua conduta salva o bem jurídico em perigo;
-Afastar o perigo, significa obstar à verificação do dano ameaçado (e não preveni-lo);
-O perigo é já surgido (não eminente);
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DIREITO DE NECESSIDADE
O PERIGO PODE PROVIR:-de acção humana
(antijurídica ou não, imputável ou inimputável, culpada ou inocente);
-do facto de um irracional, de força da natureza, ou de qualquer acontecimento desfavorável
(v.g. incêndio, desabamento, inundação, desastre ferroviário, naufrágio, etc.).
…
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DIREITO DE NECESSIDADE
A ILICITUDE DA CONDUTA É EXCLUÍDA QUANDO:-A situação de perigo não tenha sido voluntariamente criada pelo agente, a menos que se trate de proteger interesses alheios;
-O interesse sacrificado seja sensivelmente inferior ao interesse a preservar;
-for razoavelmente de impor ao lesado o sacrifício do seu interesse face á natureza ou valor do interesse ameaçado.
ERRO SOBRE AS CIRCUNSTÂNCIAS DO FACTO
ERRO SOBRE AS CIRCUNSTÂNCIAS DO FACTO --ArtºArtº16º16ºCPCP
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ERRO DE FACTO -o agente supõe erradamente que não existem condições objectivas adequadas para que a regra jurídica seja aplicável.
EXEMPLOS:
“A” pratica cópula com “B” de 13 anos de idade, pensando que tinha 16 (Abuso sexual de crianças 171º CP) - agiu em erro de facto sobre a idade do menor (elemento constitutivo deste tipo de crime) – o erro aqui exclui o dolo;
“A” caçador dispara para um arbusto a mexer, pensando que era um javali, afinal vem a atingir uma pessoa que ali se encontrava;
“C” preenche um cheque seu e entrega-o para pagamento a “B”, desconhecendo que a sua conta não tem provisão;
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A agressão/defesa só existe na mente do defendente;
Putativo é o que se pensa, mas não existe.
EXEMPLO:
“A” em conversa “gesticulada e acesa” com “B” agride-o com uma bofetada, pensando que este o ia agredir quando levantou a mão á altura da cabeça …
Artº 16º nº 2
O agente supõe erradamente que há um estado de coisas que excluiria a sua culpa e a ilicitude do acto, mas que na verdade, esse estado de coisas não existe.
LEGITIMA DEFESA PUTATIVA LEGITIMA DEFESA PUTATIVA
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ERRO SOBRE A ILICITUDE – Artº 17º CP
“1 – Age sem culpa quem actuar sem consciência da ilicitude do facto, se o erro lhe não for censurável.”
“ERRO DE VALORAÇÃO OU MORAL”
•O agente conhece os factos, mas pensa que não são ilícitos, não sabe que aquela conduta constitui crime;
•Há uma falta de consciência da ilicitude;
•A consequência do erro é feita segundo o critério da censurabilidade do erro;
•Afasta-se a culpa (dolo e negligência), ou,
•Se o erro lhe for censurável, a pena pode ser atenuada.
Ex: “A” advogado pratica um ilícito criminal pensando conscientemente que era contra-ordenação …
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CULPA
O agente ao não actuar de acordo com o direito, é-lhe dirigido um juízo de censura que incide sobre a sua livre decisão de agir;
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CULPA - Juízo de censura dirigido ao próprio agente individualmente considerado.
AGIR COM CULPA - O agente ao actuar a sua conduta merece a reprovação e censura do direito.
Para que o agente seja censurado é necessário preencher dois elementos:
CAPACIDADE DE CULPA; E CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.
INIMPUTABILIDADE – ArtºS 19º e 20º CP
“Nulla“Nullapoenapoenasinesineculpaculpa””
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CAPACIDADE DE CULPA Duas causas de inimputabilidade:
EM RAZÃO DA IDADE – Artº 19º CP:
Os menores de 16 anos são inimputáveis.
EM RAZÃO DE ANOMALIA PSÍQUICA – Artº 20º CP:
É inimputável quem, por força de anomalia psíquica, for incapaz, no momento da prática do facto, de avaliar a ilicitude deste …
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CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE Do art.º 17º resulta que:
Para a existência do dolo não basta o conhecimento dos elementos do tipo e a respectiva vontade de realização, é ainda necessário o conhecimento ou consciência do carácter ilícito imoral ou anti-social da conduta assumida pelo agente.
A ausência de culpa e de censura fundam-se em falta da própria consciência ética, na deficiente qualidade para apreender os valores que ao direito cumpre proteger
- é um ERRO DE VALORAÇÃO (erro moral)
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EXCESSO DE LEGÍTIMA DEFESA
Artº 33º do CP“Se houver excesso dos meios empregados em legitima defesa, o facto é ilícito mas a pena pode ser especialmente atenuada.”
(Artº 33º, Nº 1, CP) (elemento objectivo - proporcionalidade)
“O agente não é punido se o excesso resultar de perturbação, medo ou susto, não censuráveis.”
(Artº 33º, Nº 2, CP) (elemento subjectivo – intenção do agente) Há um excesso do meio empregue para se defender ou a defesa foi para além do necessário para repelir a agressão.
NOTA: Não há legítima defesa de legítima defesa, mas há legítima defesa de excesso de legitima defesa.
OBRIGADO PELA ATENÇÃO
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