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RESPIRADOR ORAL. Profa Dra M Cândida Rizzo. Conceito

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Academic year: 2021

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RESPIRADOR ORAL

Profa Dra M Cândida Rizzo

Conceito

O paciente respirador oral caracteriza-se por apresentar um padrão respiratório pela boca, por período não menor que seis meses, podendo ocorrer durante todo o dia ou pode ser intercalado por um padrão nasal (total ou parcial), independente de agravos agudos.

Introdução

Na cavidade oral são realizadas funções vitais de respiração, fonação, deglutição e mastigação, que estão intimamente relacionadas e, para sua realização, exigem coordenação e integração neuromuscular adequadas. O indivíduo que respira mal pode apresentar alterações nas funções de deglutição, mastigação e fala. Além disso, pode apresentar distúrbios de sono, com conseqüências na sua rotina diária e alterações posturais.

A respiração oral não é caracterizada como uma doença, mas como um reflexo de condições que estabelecem a obstrução nasal crônica. Por sua vez, o padrão respiratório oral pode ocasionar alterações craniofaciais (ósseas e musculares), nas arcadas dentárias, na postura corporal, dietéticas, no crescimento e desenvolvimento, e distúrbios do sono, com alterações cognitivas e piora na qualidade de vida.

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depende do biótipo do indivíduo, uma vez que indivíduos do tipo braquifacial, mesmo sendo respiradores orais, não vão obedecer o “perfil clássico” observado nestes casos.

Entre as etiologias capazes de promover um padrão oral à respiração, destacam-se as condições alérgicas, obstrutivas e funcionais. Dentre as causas alérgicas, destacam-se as rinites.

As causas obstrutivas são os fatores que dificultam a passagem de ar pelo nariz, forçando o estabelecimento do padrão respiratório oral, quais sejam: alterações de septo nasal, grandes hiperplasias adeno-tonsilares e de conchas nasais. A respiração oral é caracterizada como funcional quando não há componentes alérgicos e ou obstrutivos associados. O indivíduo adquire o hábito de respirar pela boca, contando com a acomodação da musculatura além de alterações ósseo-faciais.

As causas funcionais apresentam relevância na faixa pediátrica. Destacam-se entre elas o hábito de sucção de chupetas e dedos, o uso de mamadeira, a falta do aleitamento materno e a posição do bebê no berço.

Devido à etiologia multifatorial da respiração oral, a abordagem deve se fazer de forma multidisciplinar, contando com a avaliação de especialistas de várias áreas de atuação. É interessante lembrar que na faixa pediátrica contamos com o potencial de crescimento

Quando o bebê mama no seio, ele projeta o queixo para frente e para trás e isso faz com que haja um equilíbrio no crescimento da mandíbula. O processo da amamentação corrige o queixo dos bebês que nascem com a mandíbula retraída.

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da criança e isso favorece as intervenções que venham a ser realizadas no âmbito ortopédico, visando corrigir alterações no desenvolvimento ósseo facial.

Abordagem multidisciplinar

• Alergológica: visa o estabelecimento do diagnóstico de rinite alérgica e sua(s) provável etiologia(s), nos pacientes respiradores orais. Lembrando que o diagnóstico da rinite alérgica é eminentemente clínico (anamnese + exame clínico das fossas nasais). Observar na figura abaixo, pela simples inspeção de cornetos inferiores (rinoscopia anterior), as características dos cornetos nasais, do septo nasal e a presença de secreçõesem um paciente com rinite alérgica.

A pesquisa das prováveis etiologias alérgicas pode ser feita in vivo (testes alérgicos de hipersensibilidade imediata) ou in vitro (determinação quantitativa de IgE específica- CAP system).

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Se necessário, o exame ORL pode ser complementado pela realização da audiometria tonal e vocal (fonoaudiólogo) e pela impedânciometria.

• Avaliação Fonoaudiológica Miofuncional: tem como objetivo estudar os órgãos fonoarticulatórios (lábios, língua, dentes, bochechas, pálato duro e mole) e as funções estomatognáticas (respiração, mastigação, deglutição e fala). A avaliação miofuncional é composta pela Entrevista e pelo Exame propriamente dito. A entrevista envolve aspectos respiratórios, hábitos orais e mastigatórios e alimentares em geral. O exame consta de duas partes: a avaliação de aspectos morfológicos e da postura dos órgãos fonoarticulatórios e a avaliação das funções estomatognáticas (respiração, mastigação, deglutição e fala).

• A avaliação fonoaudiológica deve ser complementada por uma avaliação fisioterápica, uma vez que as crianças que respiram pela boca apresentam uma desorganização postural.

Hiperplasia adenoidiana

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A intervenção fisioterapêutica tem como objetivo reequilibrar o sistema músculo-esquelético e aumentar a capacidade respiratória, melhorarando assim a qualidade de vida dos pacientes.

• Avaliação Ortodôntica: A oclusão dentária normal é caracterizada pelo contato correto entre os dentes superiores e inferiores durante a função de mastigação, sem a presença de maloclusões, como rotações dentárias, inclinações dentárias incorretas, alterações no relacionamento das arcadas superior e inferior, apinhamentos dentários ocasionados pela falta de espaço para o correto alinhamento dos dentes. As alterações ortodônticas observadas no paciente respirador oral são variadas, tais

como mordidas abertas, cruzadas, overjet (protrusão dentárea) e mordida topo a

topo.

Anteriorização da cabeça com retificação cervical Protrusão dos ombros e abdominal

Hiperlordose lombar Anteversão pélvica

Respirador nasal Respirador oral

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Dentre os sistemas de classificação de maloclusão, o mais utilizado é o de Angle, que baseou seus estudos de oclusão nas relações entre os primeiros molares superiores e inferiores e dividiu a maloclusão em três classes: Classe I (neutroclusão), Classe II (distoclusão) e Classe III (mesioclusão).

• Classe I: são englobados aqueles casos de maloclusão em que a relação anteroposterior dos primeiros molares superior e inferior é normal. Isto significa que a mandíbula e o arco dentário à ela superposto estão em correta relação mesiodistal com a maxila e demais ossos da face. A cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior oclui no sulco central do primeiro molar inferior. A maloclusão está geralmente confinada aos dentes anteriores.

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• Classe II: são aqueles casos em que a arcada inferior encontra-se em relação distal com a arcada superior. A cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior oclui no espaço entre a cúspide vestibular do primeiro molar inferior e a face distal da cúspide vestibular do segundo pré-molar inferior.

• Classe III: são aqueles casos em que o primeiro molar inferior encontra-se em posição mesial na relação com o primeiro molar superior. A cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior oclui no espaço entre a cúspide distal do primeiro molar inferior e a cúspide mesio-vestibular do segundo molar inferior.

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padrão ósseo, realizando a correção de problemas como tamanho, relacionamento ântero-posterior e lateral das bases ósseas. Neste tipo de abordagem, o paciente deve estar em fase de crescimento ósseo, daí a importância do encaminhamento precoce dos pacientes para tratamento.

• Avaliação Neurológica Polissonográfica: Em indivíduos predispostos, a ocorrência de distúrbios do sono, como roncos, apnéia obstrutiva e fragmentação do sono são muito freqüentemente relacionados à obstrução nasal e à respiração oral. Em crianças com apnéia obstrutiva do sono (AOS), é comum o relato dos pais da ocorrência de “paradas respiratórias” durante o sono. Essas crianças devem ser investigadas com a realização de polissonografia, que pode confirmar as queixas de alterações do sono de modo objetivo. O fenômeno mais comumente associado à AOS é a sonolência excessiva, que se acredita ser relacionada a algum grau de hipóxia, experimentada nesses casos. Freqüentemente, os pacientes apresentam dores de cabeça, dificuldades de concentração e de aprendizado, deterioração da memória e julgamento. Entre as seqüelas cardiovasculares associadas à AOS incluem-se a hipertensão arterial, as arritmias, a disfunção ventricular e eventos de isquemia coronariana e cerebrovascular.

Comentários

O paciente respirador oral enquadra-se em uma Síndrome do Respirador Oral, uma vez que há muitas possibilidades etiológicas envolvidas no processo. É um paciente que deve ser identificado precocemente para que seja tratado também precocemente e possamos obter uma reversão do padrão oral de respiração. A precocidade viabiliza a instituição de melhor abordagem ortodôntica (aplicação da ortopedia funcional de maxilares), fonoaudiológica, fisioterapêutica e principalmente que o paciente não apresente lesões irreversíveis, como em alguns casos de apnéias graves do sono. O paciente respirador oral deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, já que um profissional apenas não consegue reverter todo o conjunto de alterações a que está sujeito, pelo padrão respiratório alterado.

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