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Educação Do professor Irineu

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Academic year: 2018

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Justificativa e objetivos do Curso de Eletrônica

Plano de Curso

Irineu Alfredo Ronconi Junior

Prof. de Eletrônica

" Where ignorance is bliss, is folly to be wise " (Quando a ignorância é felicidade é loucura ser sábio).

“Os valores da ciência e da democracia são concordantes, em muitos casos indistinguíveis. A ciência e a democracia começaram - em suas encarnações civilizadas - no mesmo tempo e lugar, na Grécia dos séculos VI e VII a.C. A ciência confere poder a qualquer um que se der ao trabalho de aprendê-la (embora muitos tenham sido sistematicamente impedidos de adquirir este conhecimento). Ela se nutre - na verdade - necessita - do livre intercâmbio de idéias: seus valores são opostos ao sigilo. A ciência não mantém nem um ponto de observação especial, nem posições privilegiadas. Tanto a ciência como a democracia encoraja opiniões não convencionais e debate vigoroso. Ambas requerem raciocínio adequado, argumentos coerentes, padrões rigorosos de evidências e honestidade. A ciência é um meio de desmascarar aqueles que apenas fingem conhecer... Descobrir a gota ocasional da verdade no meio de um grande oceano de confusão e mistificação, requer vigilância, dedicação e coragem. Mas se não praticarmos esses hábitos rigorosos de pensar, não podemos ter a esperança de solucionar os problemas verdadeiramente sérios com que nos defrontamos - e nos arriscamos a nos tomar uma nação de patetas, num mundo de patetas, prontos a sermos passados para trás pelo primeiro charlatão que cruzar o nosso caminho.”

SAGAN, Carl - O mundo assombrado pêlos demônios Cia das Letras. Rio de Janeiro. 1998.

1. INTRODUÇÃO

Escrever um texto sobre educação profissionalizante requer, hoje, uma reflexão sobre alguns conceitos de economia, política, ciência e tecnologia, um olhar sobre a história. além da escola pedagógica a ser adotada

A reflexão sobre economia é necessária tendo em vista que conceitos como trabalho, produção, mais valia, preço, salário e lucro não têm necessariamente o mesmo significado que tinham quando as nossos escolas começaram a funcionar Portanto não é inteligente formar alunos para "um mercado de trabalho" que não existe mais, ou que, dentro em breve deixará de existir.

Além disso e tão importante quanto, é necessário desenvolver esforços para o surgimento de uma escola profissionalizante (técnica) que esteja em sintonia com um projeto de desenvolvimento social e econômico

A visão política é o que permitirá dar um significado a construção de uma escola nova .é a ferramenta que permitirá analisar de forma crítica a escola pedagógica a ser adotada (ou até mesmo desenvolver uma). A Política elencará os objetivos a serem alcançados.

O conhecimento de história é fundamental, não o que aprendemos até agora, que chamaríamos de "História Estática". aquilo que já aconteceu e que parou no tempo É necessário apreender uma "História Dinâmica", movimentos de causas (econômicas, técnicas/científicas, filosóficas/religiosas, climáticas) e efeitos (mudanças de hábitos, colapsos de governos, mudanças de sistemas de governos, mudanças nas relações de trabalho,...), de tal forma que uma análise minuciosa permita propor tendências para o futuro.

O conhecimento científico e tecnológico é fundamental, pois tem impacto no curso da história e na visão de mundo através das correntes filosóficas. Na confecção de currículos das escolas, no aspecto mais especifico, será necessário um grande conhecimento do assunto.

O professor necessariamente deverá ter esta visão generalista. independentemente da sua especialidade, para poder construir uma escola de formação profissional de qualidade para o trabalho incerto

Vivemos numa era de contradições dramáticas onde alguns conceitos perderam totalmente o seu valor.

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funcionários. Os sindicatos não lutam mais por melhores condições de trabalho e de salários, mas pela manutenção do emprego. De cerca de um milhão de bancários em 1995, o Brasil passa a ter 470 mil em 1998, com exceção dos bancos estaduais, o lucro do setor foi recorde!

Sempre aprendemos que um dos pilares do capitalismo é a livre concorrência, pois desta forma se controlam os preços, a qualidade e a oferta de produtos, embora vivamos no mais intenso capitalismo presenciamos o contrário. Numa cadeia infindável empresas maiores engolem empresas menores formando mega-monopólios. Qual e explicação para isso?

"A concorrência no mercado mundial torna obrigatório o novo padrão de produtividade, configurado pela combinação de ciência, tecnologia avançada e grandes investimentos. Tanto o mercado como padrão, na sua forma atual, são resultados tardios e consistentes da evolução do sistema capitalista, que chegando a esse patamar alcançou o seu limite, gerando condições completamente novas. Pela primeira vez o aumento de produtividade está significando dispensa de trabalhadores também em números absolutos , ou seja. o capital começa a perder a faculdade de explorar trabalho. A mão de obra barata e semiforçada com a qual o Brasil ou a União Soviética contava desenvolver uma indústria moderna ficou sem relevância e não terá comprador. Depois de lutar contra a exploração capitalista, os trabalhadores deverão se debater contra a falta dela, que pode não ser melhor. Ironicamente a exaltação socialista do herói proletário e do trabalho ”em geral" consagrava um gênero de esforço historicamente já obsoleto, de qualidade inferior e pouco vendável, superado pelo capital e não pela revolução. Mas o caráter excludente das novas forças produtivas não para aí.

Também a derrota adquire atributos novos no mercado global, sem perder os antigos. Não diz respeito a empresas apenas, mas a regiões e até países. Muitas vezes os gastos em tecnologia e infra-estrutura, indispensáveis sob pena de abandonar a partida, são inalcançáveis. Assim a vitória de uma empresa não ê só a derrota da vizinha, mas pode ser a desativação econômica de um território inteiro noutro continente. Com agravante , no caso dos países desenvolvimentistas, de que a mundialização do mercado foi precedida por um esforço industrialista nacional que ficou incompleto. Este arrancou a população aos enquadramentos herdados,para criar a força de trabalho moderna , assalariada, "abstrata", isto é, pau para toda obra. necessária às empresas.

A economia planejada centralizada também mostrou que não funciona a contento: Os geradores da chamada inflação reprimida (a escassez com preços baixos), criavam filas enormes sem a certeza de obter o produto. Quando o abastecimento se regulariza, a inflação continua, pois a busca do produto agora é para estoque (teme-se uma futura falta do mesmo), prolongando assim um desabastecimento forçado. Assim os governos destas economias têm duas alternativas: aumenta-se o preço provocando uma inflação aberta, o que normalmente é feito nos países capitalistas, ou racionam-se os produtos, gerando mais uma anomalia que é o mercado negro, pois as necessidades dos indivíduos não são iguais. (KURZ.Robert O Colapso Da Modernização Paz e Terra, 1996 pag.11)”

O ensino profissionalizante foi desenvolvido, basicamente para atender necessidades do mercado. Do período do pós-guerra mundial até a década de 70, início da década de 80. O mundo de uma forma geral apresentou um grande desenvolvimento econômico.

O surgimento de cursos técnicos industriais se explica através deste desenvolvimento.

Os cursos de mecânica, fundição, Eletromecânica, eletrotécnica e química, remontam o final da década de 40. No final da década de 60 início da década de 70, tendo em vista o desenvolvimento das telecomunicações no país, surgem os cursos de eletrônica e telecomunicações, este último (tal qual os cursos de fundição) com o passar do tempo e escassez de mercado de trabalho desaparece da maioria das escolas que o ofereciam. Também, neste período surgiram os cursos de edificações alavancado pelo desenvolvimento da construção civil (Hoje no Estado do Rio Grande do Sul é oferecida apenas em duas escolas). Tal dinâmica, embora remonte a mais de 50 anos, ainda é defendido por órgãos oficiais:

"A básica ou escolaridade de primeiro e segundo graus diz respeito á formação do cidadão. A educação profissional, complementar a esta exige foco no mercado, foco na empregabilidade, entendida não apenas como capacidade de obter um emprego mas, sobretudo, de se manter em um mercado de trabalho em constante mutação."

Novamente, através do Decreto Lei 2208, o governo tenta desarticular o ensino acadêmico do ensino técnico, definindo que “A educação profissional de nível técnico terá organização curricular própria e independente do ensino médio, podendo ser oferecida de forma concomitante ou seqüencial a este." Art. 5 “Dec Lei 2208.

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globalizada.

Neste sentido é interessante uma olhada nas palavras do Sr José Antônio de Lima, Presidente da Confederação Nacional da Indústria da Construção e do Mobiliário (SEFOR, 1995:8-9 Revista Educação Profissional - Dezembro 1998 - Pág. 21):

“O nosso operário é muito atrasado e as mudanças são urgentes. O capital estrangeiro está investindo na construção e já tem empresa exigindo dos trabalhadores o ensino médio.”

O que se quer , na realidade, é que tenhamos "técnicos" capacitados a utilizar e usar tecnologias estrangeiras. Para tanto é necessário pressa. Uma formação básica sólida, e uma formação técnica integrada e fundamentada a esta não são necessárias (não é importante e nem desejável), pois levaria "muito tempo" , "consumiria" muitos recursos, que o BIRD, por exemplo, não tem interesse em financiar. Seu interesse e acordo com o MEC são em financiar cursos que apresentem a modularidade. Em outras palavras, não é necessário que o vendedor de TV da loja de departamentos entenda do funcionamento da mesma, ele precisa saber que aquela caixa se chama TV, que recebe tantos canais e que para funcionai é necessário apertar tais e tais botões. Este exemplo pode ser transportado para situações bem técnicas, como poi exemplo na área de telefonia onde o técnico deve saber, por exemplo, como instalar uma central PABX digital da Ericsson. Ou que para tal fungo, na agricultura, deve aplicar tal pesticida da Monsanto (ou de uma outra multinacional qualquer). Agora temos o "planejamento de cursos" dentro de um discurso doutrinário de "currículo por competência". O significado da palavra competência nada tem a ver com a proposta dos órgãos educacionais, na realidade expressam uma visão utilitarista e mercantilista.

Os indivíduos flexibilizados (globalizados, criativos, com grande formação disso e daquilo, aptos a atender as rápidas mudanças ...e blá, blá, blá..),pelo capitalismo não são pessoas conscientes e universais, mas pessoas universalmente exploradas e solitárias:

"pessoas sem assistência e espoliadas, ficam doentes e perdem a motivação. E tornam-se cada vez mais superficiais, dispersas e incompetentes. Isso porque a verdadeira qualificação exige tempo, tempo de que o mercado não dispõe mais. Quanto mais rapidamente mudam as exigências, mais irreal torna-se a qualificação, mais o aprendizado torna-se num puro consumo de conhecimentos, num mero ossuário de dados. A qualificação fica para as calendas. Afinal quando sei que tudo o que aprendo à custa de esforço perderá o valor no momento seguinte, o fôlego da minha atenção será obviamente mais curto, e isso na exata proporção do meu desalento (Kurz, Robert. Descartável e degradado. Folha de São Paulo. 11/07/99)."

Em um mundo de transformações cada vez mais rápidas é necessário democratizar o conhecimento, compartilhar o mesmo. Consideramos que é dever do Estado a busca incessante para oportunizar a todos o acesso ao mesmo, e consideramos que é dever da Escola e do Curso oportunizar, o mesmo, aos seus acadêmicos.

2. OBJETIVOS:

Em função do exposto, propomos os seguintes objetivos básicos para o Ensino Profissionalizante do Curso de Eletrônica.

a) Desenvolver uma formação técnico-humanística, isto é , pressupor a apropriação do conhecimento, em especial do conhecimento científico e tecnológico O Objetivo é o de adquirir o conhecimento já existente e desenvolver a capacidade de propor novos conhecimentos e técnicas. Pressupõe a experimentação, o desenvolvimento do método cientifico. Deve estar preocupada com a construção do conhecimento. A construção do conhecimento deve ser questionada como um processo, politicamente não neutro, Porque? Para quem? Como? devem ser perguntas constantes;

b) Construir e atualizar os currículos de forma coletiva, levando em consideração o habitat da escola. Devem ser generalistas, mesmo na parte técnica. Estes em particular devem privilegiar a construção do método cientifico, a experimentação, a iniciativa do aluno em querer descobrir coisas novas. Deve-se ter o cuidado com interferências externas. Muitas vezes criam-se necessidades de disciplinas e práticas de laboratório que visam o atendimento de uma necessidade de uma única empresa multinacional (uso de pesticidas na lavoura, por exemplo). Nestes casos , geralmente, em um curto período de tempo, as disciplinas não fazem mais sentido, nem mesmo os laboratórios, tendo em vista a evolução rápida dos processos de produção, mas na escola tais currículos se eternizam e os laboratórios apodrecem;

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d) O desenvolvimento do ensino no Curso não levará em consideração apenas aspectos relacionados com o mercado, nem considerará este como o principal fator. Além deste, outros aspectos devem ser considerados de tal maneira que sejam contemplados, de forma ampla aspectos sócios econômicos e tecnológicos da comunidade onde está inserida a escola;

e) Promover e apoiar o desenvolvimento de projetos de iniciação cientifica, através de órgãos que financiam a pesquisa, bem como, orientar para a confecção correta destes projetos;

l) Desenvolver um trabalho de conscientização da importância de se ter uma cultura de ciência e tecnologia, durante todo o desenvolver do curso;

g) Construir, de forma coletiva, o trabalho pedagógico, articulado com profissionais técnicos, empresas, pesquisadores e educadores, para que busquem conhecer e respeitar os valores culturais dos povos, do campo e da cidade, de acordo com suas regiões, tendo como eixo a construção do conhecimento e o processo participativo;

Referências

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