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Abordagem centrada na pessoa, atenção gerontológica e política nacional de humanização:aproximações entre teoria, praxis e política pública

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(1)Encontro Revista de Psicologia Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014. ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA, ATENÇÃO GERONTOLÓGICA E POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO Aproximações entre teoria, praxis e política pública. Cristiano Santos Caires Faculdade de Medicina do ABC - FMABC. RESUMO. cristiano_caires@live.com. Eliana Novaes P. Araujo Pontifícia Universidade Católica de São Paulo eliananovaespa@hotmail.com. O objetivo deste estudo é de melhorar a compreensão do atendimento focado na população idosa em crescimento, com base em valores de singularidade e atitudes que privilegiam um envelhecimento ativo e participativo nos serviços da rede pública. Assim, as possibilidades de ajuste entre a teoria Rogeriana, um guia de cuidados de atenção centrados nos idosos, e a cartilha de humanização SUS visam a melhoria do cuidado gerontológico. Novos significados e pensamentos que se sobrepõem, em termos de atitudes desses profissionais que, com base na boa tecnologia aliada a um abrigo humanizado, buscam melhoria da qualidade de vida e cuidados profissionais ampliação do serviço por meio de programas especializados de saúde pública e projetos em um novo conhecimento gerontológico e realização. Palavras-Chave: humaniza SUS; abordagem centrada na pessoa; humanismo; gerontologia.. ABSTRACT The purpose of this study is to improve understanding of care focused on elderly population growing, based on singularity values and attitude that privilege an active and participatory aging at public network services. Thus, the possibilities of fit among Rogerian theory, as a care guide focused on elderly attention, and the SUS humanization primer aim the Brazilian gerontological care improvement. New meanings and thoughts that overlap, in terms of those professionals attitudes that, based on good technology coupled to a humanized shelter, seek life quality amelioration and professional care service enhancement through public health specialized programs and projects in a new gerontological knowledge and achievement. Keywords: SUS humanization; person centered approach; humanism; gerontology.. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@anhanguera.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original Recebido em: 20/09/2013 Avaliado em: 17/02/2014 Publicação: 10 de julho de 2014. 23.

(2) 24. Abordagem centrada na pessoa, atenção gerontológica e política nacional de humanização: aproximações entre teoria, praxis e política pública. 1.. INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é um dos maiores desafios da atualidade. O grande sonho é viver mais, de forma plena de sentido e satisfação. A longevidade é possibilidade alcançável para uma proporção cada vez maior de indivíduos, em todo o mundo. O Brasil não foge desse quadro de crescimento intenso do segmento idoso. Porém, como mostra a literatura gerontológica, deve-se ressaltar que o aumento da expectativa de vida populacional exige mudanças na sociedade. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a projeção da população do Brasil para o período 1980-2050 será de 14,5 milhões de brasileiros com mais de 60 anos de idade. Atualmente, a população idosa brasileira representa 9% no Brasil, e as estimativas indicam que até 2020 essa população será de 12% da população brasileira (IBGE, 2004). A expectativa de vida do brasileiro ao nascer subiu 3,4 anos de 1997 a 2007, e atingiu 72,7 anos em 2010, de acordo com dados da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE para 1980-2050. As mulheres aumentaram em 3,3 anos a expectativa no período, de 73,2 para 76,5 anos, enquanto os homens tiveram avanço de 3,5 anos, de 65,5 para 69 anos. Nota-se que a população idosa, com 70 anos ou mais, em 2010, chegou a 8,9 milhões de pessoas, o equivalente a 4,7% da população total, enquanto os jovens até 14 anos representavam 25,4% da população (IBGE, 2010). A longevidade cresce no Brasil e, segundo Malagutti e Bergo (2010), já alcança mais de 24,5 mil, tanto é que há uma nova terminologia para definir a multidão de octogenários, nonagenários e centenários, qual seja a quarta idade. Houve um aumento de 77% de idosos centenários. Outra transformação que a sociedade tem vivido desde 1970 é a diminuição da taxa de natalidade e de mortalidade nas diversas idades, adiamento na idade das núpcias, aumento da escolaridade feminina, entrada crescente da mulher no mercado de trabalho, aumento de separações e de novos arranjos familiares, assim como crescente número de pessoas que não se casam. Em virtude dessa alteração, ocorreram mudanças no sistema de valores com o enfraquecimento das relações intergeracionais e também nas formas de apoio e cuidados à população idosa (MALAGUTTI; BERGO, 2010). Cumpre lembrar que a população idosa crescente e a longeva apresentam novas necessidades de atendimento, especialmente àquelas pessoas com fragilidades físicas e/ ou mentais. Em contrapartida, o número de cuidadores familiares se reduz, embora a legislação brasileira ressalte a família como a principal responsável pelos cuidados aos. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(3) Cristiano Santos Caires, Eliana Novaes P. Araujo. 25. idosos. Essa ordem aparece na Constituição Federal de 1988, na Política Nacional do Idoso de 1994 e no Estatuto do idoso de 2009 que prioriza o cuidado do idoso no interior da família, frisando que a assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando verificada inexistência do grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos próprios ou da família (BRASIL, 2009). A tendência é que com a longevidade os idosos apresentem debilidades físicas, cognitivas e emocionais exigindo cuidados especializados que sobrecarregam aos familiares. Na realidade o Brasil que envelhece está despreparado para atender essa população emergente5. Em contrapartida, na maioria dos casos o atendimento em serviços de saúde necessita de ajustamento entre a fragmentação e homogeneização no cuidado ao idoso para um acolhimento que respeite a subjetividade e atenção centrada para cada sujeito (ARAUJO, 2012). Assim o grande desafio brasileiro no século XXI será oferecer melhor qualidade no atendimento nos serviços de saúde, privilegiando um cuidado humanizado, individualizado que contribua não somente ao bem-estar dos idosos, mas também aos familiares que carecem desse apoio para viverem com dignidade. Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho é de traçar aproximações entre a Teoria Centrada na Pessoa, a Atenção Gerontológica e a Política Pública de Humanização.. 2.. MÉTODO O presente trabalho é de caráter qualitativo realizado por meio de revisão bibliográfica. Foram incluídos nesta pesquisa artigos que se referiam a Abordagem Centrada na Pessoa, numa perspectiva Rogeriana, a carta da Política Nacional de Humanização, e um Guia para intervenção Gerontológica. Após leitura dos textos envolvidos na pesquisa foram levantados os princípios éticos norteadores de cada texto. Ou seja, da Política Nacional de Humanização foram extraídos os sete princípios que a compõe. Do texto que se refere a Abordagem Centrada na Pessoa foram extraídos os três princípios que a correspondem, assim como a ideia central da teoria que é a de que o pessoa faz parte de todo processo de atenção e precisa ocupar um lugar ativo neste processo. Do texto voltado para atenção gerontológica foram extraídos os quatros princípios éticos voltados para atenção e cuidados á idosos. Após ter focado esses princípios, discutiu-se as relações entre as ideias levantadas e a importâncias de um olhar. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(4) 26. Abordagem centrada na pessoa, atenção gerontológica e política nacional de humanização: aproximações entre teoria, praxis e política pública. diferenciadas sobres às questões de saúde que acomete a população e principalmente o público longevos.. 3.. RESUTADOS A seguir segue um resumo da Política nacional de Humanização, assim como o resumo da teoria humanista de Carl Rogers e os princípios que norteiam a atenção voltada a Gerontologia.. 3.1. Política Nacional de Humanização (PNH) Ao abordar questões de saúde pública, cuidado e atenção ao usuário, o trabalho dos profissionais nos equipamentos de saúde, é imprescindível resgatar um marco histórico, ao qual nos remete a meados dos anos oitenta, para ser mais preciso, no ano de 1986. Este foi um ano importante para o movimento da reforma sanitária brasileira, pois é neste ano que ocorreu a VIII Conferência Nacional de Saúde, o que possibilitou o surgimento da Lei Orgânica da Saúde 8080 (ANDRADE et al., 2000; MINAYO, 2008). Em 1988 é aprovada a Lei nº 8080, dano início ao surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) abrangendo todo o território brasileiro. Desta forma, constituindo uma gama de princípios que orientam as ações dos serviços destinados à promoção, proteção, preservação e recuperação da saúde individual e coletiva (BRASIL, 1990). Desde então, os avanços em busca de uma melhor qualidade de vida e de saúde são muitos, porém ainda há críticas com relação a efetividades das ações do SUS. Pesquisas apontam que uma das problemáticas mais frequentes de usuários e de dados de pesquisas científicas é referente à falta de humanização nos atendimentos, principalmente em nível de atenção primária. A partir deste contexto, em 2003 urgindo a necessidade de implementar as ações do SUS, a fim de melhorar a atenção nos equipamentos de saúde, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização (PNH) (BRASIL, 2007). O documento referente à PNH também ressalta que diante de avaliação dos serviços, o que chama atenção é o despreparo dos profissionais para lidar com a dimensão subjetiva que toda prática de saúde supõe. Desta forma, entendendo como processo de humanização a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores, os quais são norteados pela política da autonomia e o protagonismo, corresponsabilizando os para o processo de gestão a saúde (BRASIL, 2007).. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(5) Cristiano Santos Caires, Eliana Novaes P. Araujo. 27. As principais dificuldades que o SUS ainda enfrenta no seu processo de atenção a saúde são: . Fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes profissionais;. . Fragmentação da rede assistencial dificultando a complementaridade entre a rede básica e o sistema de referência;. . Precária interação nas equipes e despreparo para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção;. . Sistema público de saúde burocratizado e verticalizado;. . Baixo investimento na qualificação dos trabalhadores, especialmente no que se refere à gestão participativa e ao trabalho em equipe;. . Desrespeito aos direitos dos usuários;. . Formação dos profissionais de saúde distante do debate e da formulação da política pública de saúde;. . Controle social frágil dos processos de atenção e gestão do SUS;. . Não obstante, toda política contextualiza suas considerações sobre a necessidade da criação de uma lei e também ressalta os princípios que nortearão a ação da mesma seja em nível federal, estadual ou municipal. Logo, segue abaixo os princípios norteadores que permeiam a Política Nacional de Humanização.. Logo, os princípios que norteiam a PNH são: . Valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção e gestão no SUS, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão, destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, orientação sexual e às populações específicas (índios, quilombolas, ribeirinhos, assentados, etc.);. . Fortalecimento de trabalho em equipe multiprofissional, fomentando a transversalidade e a grupalidade;. . Apoio à construção de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a produção de saúde e com a produção de sujeitos;. . Construção de autonomia e protagonismo dos sujeitos e coletivos implicados na rede do SUS;. . Corresponsabilidade desses sujeitos nos processos de gestão e atenção;. . Fortalecimento do controle social com caráter participativo em todas as instâncias gestoras do SUS;. . Compromisso com a democratização das relações de trabalho e valorização dos profissionais de saúde, estimulando processos de educação permanente.. 3.2. Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) As primeiras discussões a cerca da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil surgiu no Rio de Janeiro em trabalhos realizados com o intuito de trazer à luz de profissionais da Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(6) 28. Abordagem centrada na pessoa, atenção gerontológica e política nacional de humanização: aproximações entre teoria, praxis e política pública. psicologia e educadores as ideias inovadoras de Carl Rogers (CAMPOS, 2005). A obra de Rogers é considerada um importante expoente da Psicologia humanista, desde meados da década 1940. Sua práxis psicoterapêutica possibilitou um novo sentido de valorização tanto do paciente, quanto a própria relação terapêutica, com a qual era constituída de uma relação rígida de papéis (MESSIAS; CURY, 2006). Campos (2005) pensa que a Psicologia Humanista de Rogers é perfeitamente entendida como uma aliada nas lutas contra a desumanização e as injustiças. Em sua leitura de Rogers, verifica-se que toda pessoa existe num mundo de experiência e em constantes mudanças, do qual ele é o centro, pois possui dentro de si os recursos necessários para o seu próprio crescimento e auto regulação. Um dos pressupostos básicos de sua teoria se orienta nessa ideia, assim como o fato de que a pessoa passa a ser tratada como cliente. Não obstante, essa mudança (paciente para cliente) preconiza que o sujeito possa adquirir uma posição ativa com relação ao seu tratamento, ou acompanhamento psicológico. De acordo com Rodriguez (2011), a ACP, também conhecida como terapia não diretiva, surge como uma “terceira força” em divergência com as atuais linhas de pensamentos predominantes no inicio do século XX, a saber, a psicanálise e o behaviorismo. Em sua leitura, a psicanálise tendo como objeto de estudo o inconsciente, vislumbra o individuo como um ser determinado por essa instância psíquica. Conquanto, o behaviorismo tende a olhar o individuo baseado em comportamentos, reduzindo a pessoa a uma lógica mecanicista. Desta forma, Campos (2005) salienta que a ideia de Rogers tem como pano de fundo básico uma visão de homem como um ser em busca constante de si mesmo, que vive um contínuo processo de vir a ser e que apresenta uma tendência natural para se desenvolver. Sobremaneira, o homem é mais que a soma das partes tanto de uma visão psicanalítica como behaviorista. O’Hara (1983) ao discutir as ideias de Rogers ressalta algumas atitudes orientadoras para a práxis da ACP, são elas: o ouvir, a empatia e a genuinidade.. O ouvir No contexto terapêutico, as interações são essencialmente verbais e isso possibilita ao terapeuta acessar ao mundo interno do cliente, seja da maneira que ele fala ou como ele se apresenta. Sendo assim, o ouvir tem significado muito mais do que a percepção auditiva, pois estão atrelados ao ouvir, todos os sentidos através dos quais percebemos a realidade.. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(7) Cristiano Santos Caires, Eliana Novaes P. Araujo. 29. Logo, possibilitando maior consciência sobre a percepção sensorial, pensamentos, intuições ou respostas emocionais.. A empatia Metaforicamente a empatia é a capacidade do terapeuta de abandonar a própria pele e passar-se para dentro da pele do outro; é abrir caminho para contatar a sua realidade e arriscar um comprometimento com esta nova realidade; é ser capaz de renunciar à própria visão do mundo para abrir caminho à nova visão que resultada entrada do domínio do outro.. A genuinidade Para que o cliente deseje efetuar uma auto exploração, deve acreditar que o terapeuta está sendo honesto com ele e que construa esse elo de confiabilidade humanizando a atenção. De acordo com o que foi possível levantar no que tange a ACP, podemos resumir que essa abordagem foca o indivíduo como centro de ação e atenção, isto é, trazer o sujeito para uma postura ativa sobre as questões que envolvem sua realidade num processo de acompanhamento tanto de ordem psicológica, aconselhamento ou ensino; é importante salientar que para que haja uma abordagem Rogeriana, o profissional precisa adquirir algumas atitudes específicas como o saber ouvir, ser capaz de ser empático e a capacidade do profissional se mostrar confiável. Não obstante, é importante esclarecer que nosso objetivo não é construir um histórico de como se desenvolve a teoria de Carl Rogers, mas poder ressaltar os princípios básicos que norteiam sua teoria, os quais foram citados, a fim de poder discutir os imbricamentos entre política pública e teoria psicológica como mecanismo de intervenção social.. 3.3. Atenção gerontológica centrada na pessoa Diante deste prospecto da teoria Rogeriana, Rodriguez (2011) nos traz a importância de modelos constituintes de atenção centrada na pessoa e princípios éticos que orientam a práxis na atenção gerontológica. Acredita que propor princípios básicos para intervenção social é imprescindível para a aplicação da técnica de maneira consistente e bem fundamentada. A autora propõe quatro princípios aplicados à intervenção gerontológica, a saber: . O princípio da não maleficência: requer dos profissionais que prestam serviços gerontológicos a não causarem mal, seja de ordem físico, psicológico ou social, para pessoas idosas ou membros de sua família; Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(8) 30. 4.. Abordagem centrada na pessoa, atenção gerontológica e política nacional de humanização: aproximações entre teoria, praxis e política pública. . O princípio da justiça: os profissionais tem a obrigação moral de não discriminar nenhuma pessoa por razões sociais e distribuir os recursos disponíveis de forma equitativa entre as pessoas que necessitam de atenção;. . O princípio da autonomia: promover e respeitar as decisões das pessoas, o que implica em reconhecer seus direitos e respeitar suas opiniões, assim como identificar e considerar intervenções baseados nos valores, crenças e projetos de vida dos idosos;. . O princípio da beneficência: incita os profissionais a fazerem o bem na sua mais pura concepção da palavra aos idosos. Isso se traduz em garantir maior bem estar biopsicossocial a eles, assim como pensar seu bem estar a partir da sua própria ideia subjetiva de bem estar, ou o que correspondam a suas expectativas.. DISCUSSÃO A humanização nos serviços de saúde pode ser incluída como um elemento essencial para a melhoria de qualidade nos serviços, sendo que, para o Ministério da Saúde um dos maiores problemas para a implementação do SUS está na área dos Recursos Humanos (CARVALHO, 2008). Os dados apresentados na leitura exploratória dos textos propostos para este trabalho nos faz perceber o quanto que a proposta da abordagem centrada na pessoa está intimamente imbricada com os princípios norteadores da PNH. Na carta da PNH quando se propõe a valorização de uma dimensão subjetiva e social, consequentemente exige-se do profissional da rede pública de saúde que ele precisa ter, além de conhecimentos dos procedimentos específicos de sua área, um aparato tecnológico que vai para além da sua postura enquanto especialista. Assim como, para que as equipes multiprofissionais possam atuar de maneira transversal visando a grupalidade, é preciso que cada interlocutor dessa equipe desempenhe um papel com certo grau de passividade, no sentido de observar, para que compreenda o grupo e suas relações transversais. Não. obstante,. a. carta. da. PNH. também. ressalta. a. importância. da. corresponsabilidade e protagonismos dos sujeitos implicados com a rede do SUS nos processos de saúde. Ou seja, este item da PNH evidência que todos são responsáveis pelo processo de atenção à saúde, sejam eles de nível de gestão, de profissionais que desprendem atenção e ou os usuários. Nestes primeiros princípios que direcionam a prática dos envolvidos com a rede de atenção a saúde, é perceptível que, para que esses itens sejam vislumbrados por uma práxis assertiva e resolutiva, é importante que as pessoas envolvidas estejam aptas para. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(9) Cristiano Santos Caires, Eliana Novaes P. Araujo. 31. adentrar numa abstração momentânea. Abstração tal, que possibilite absorver o máximo possível da subjetividade envolvida nas situações vivenciadas por toda equipe e principalmente da subjetividade daqueles que procuram os equipamentos de saúde. Em termos de atenção centrada na pessoa (na gestão ou na prática) é possível dar vida a estes princípios da PNH de maneira simples, buscando a singularidade de cada pessoa ou situação vivenciada pelos profissionais a partir de algumas atitudes: a saber, o ouvir, a empatia, e a genuinidade. Estes três itens propostos por Carl Rogers para uma atenção centrada, proporciona ao profissional conhecer os colaboradores e os grupos que fazem parte da rede SUS por outra ótica. Esta ótica subentende-se que é conhecer os fenômenos imbricados nas relações humanas a partir dos próprios fenômenos, eximindo o profissional de tomar atitudes errôneas ou atitudes fruto de questões imaginárias do próprio profissional. Isto é, quando o profissional tem habilidade de ouvir, o mesmo vai entrar em contato com o real dos problemas e consequentemente se apresentando com empatia pelas experiências humanas tende a buscar respostar para sanar problemas com mais assertividade, garantindo a dignidade e singularidade da pessoa ou de um grupo. Haja vista que ainda temos mais três princípios da PNH que correspondem à construção de rede cooperativa comprometida, o fortalecimento do controle social, o compromisso com a democratização das relações de trabalho e valorização dos profissionais, que a partir dos itens anteriormente citados, percebe-se concomitantemente que ao aprender a observar os fenômenos, os profissionais tendem a expressar melhor suas opiniões a cerca de um problema contribuindo junto aos envolvidos a situação, para decidir e construir juntos práticas que possibilitem restauração da saúde, assim como a manutenção e promoção da mesma. Para capacitação de profissionais especializados em gerontologia, de acordo com Rodriguez (2010) se agregam quatro princípios da bioética: não maleficência; justiça; autonomia e beneficência. Segundo a autora, não se trata de um código moral, mas um procedimento que assume a necessidade de introduzir valores em decisões técnicas para a construção da melhoria do atendimento assistencial. Esses princípios éticos utilizados nas intervenções sociais acompanhados de boas práticas nas atuações profissionais servem de guias para a formação e orientação dos funcionários. Para essa consolidação Rodriguez defende programas de formação continuada buscando atualização de conhecimentos e inovação nos modelos de atendimento. Ainda sugere a estimulação de grupos de apoio ético onde a troca de experiências nas condutas e a discussão de dificuldades no âmbito pessoal e profissional promovem um sentido de respeito à singularidade e de pertencimento ao trabalho em. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(10) 32. Abordagem centrada na pessoa, atenção gerontológica e política nacional de humanização: aproximações entre teoria, praxis e política pública. equipe. Importante ressaltar que a autora se baseia na teoria da Abordagem Centrada na Pessoa para construir sua ideia de atenção voltada à gerontologia. Fato que nos mostra que cada princípio denota em si a boa prática do ouvir, da empatia e da genuinidade assim como exaltar o indivíduo como centro da atenção e não somente a doença, o que promove o sujeito a ser ativo diante das questões que o circundam. A construção de novos modelos de atendimento gerontológico que promovam a aproximação entre teoria e práxis preconizada pela Política Nacional de Humanização e Atenção Centrada na Pessoa são desafios aos profissionais do século XXI à crescente população idosa brasileira. Essas reflexões buscam uma proposta de atendimento respeitoso e humanizado dentro das possibilidades reais de um país que envelhece. Concluindo nossas indagações, é possível salientar que a teoria da Abordagem Centrada na Pessoa se mostra uma boa técnica para a práxis dos profissionais da saúde, principalmente aqueles que trabalham com público idoso, assim como, esta teoria parecem estar intimamente imbricados com a Política Nacional de Humanização.. REFERÊNCIAS ANDRADE, L. O. M., SOARES, R. J. & JUNIOR, T. M. A descentralização não marco da Reforma Sanitária não Brasil. Rev Panam Salud Publica, Washington, v 8, n. 1-2, agosto de 2000. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S102049892000000700026&lng=en&nrm=iso>. >. Acesso em 19 de outubro de 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S1020-49892000000700026. ARAUJO, E. N. P. Práticas Psicogerontológicas nos cuidados com idosos. São Paulo. 1ª Ed. Juruá Editora, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso / Ministério da Saúde. – 2. Ed. Ver. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. Brasil. Lei 8.080, de 11 de setembro de 1990. Diário Oficial [daRepública Federativa do Brasil]. Poder Legislativo. Brasília, DF:12 set. 1990ª. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização. [Citado 2007 set. 28]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area=390 CAMPOS, R. F. A Abordagem Centrada na Pessoa na história da psicologia no Brasil: da psicoterapia à educação, ampliando a clínica. Psic. Da Ed., São Paulo, 21, 2º sem. de 2005, 11-31. CARVALHO, C. A. P. et al. Acolhimento aos usuários: uma revisão sistemática do atendimento no Sistema Único de Saúde. Arq. Ciênc. Saúde. 2008. abr/jun; 15(2): 93-15. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Projeção da população do Brasil por sexo e idade par o período 1980-2050. Revisão 2004. Disponível em: HTTP://www.ibge.gov.br. Acesso em maio de 2010. Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de vida no Brasil. Disponível em: HTTP//www.ibge.gov.br. Acesso maio de 2010. MALAGUTTI, W., BERGO, A.M.A. org. (2010) Abordagem Interdisciplinar do Idoso. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Rubio. MESSIAS, J. C. C.& CURY, V. E. Psicoterapia Centrada na Pessoa e o Impacto do Conceito de Experienciação. In. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19 (3), 2006, 355-361. MINAYO, M. C. S. Os 20 anos do SUS e os avanços na vigilância e na proteção à saúde. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 17(4): out-dez, 2008.. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

(11) Cristiano Santos Caires, Eliana Novaes P. Araujo. 33. O’HARA, M. M. Psicoterapia Centrada na Pessoa: tecnologia da mudança ou busca de conhecimento. In. Em Busca de vida: da terapia centrada no cliente à abordagem centrada na pessoa. Org. Carl Rogers [et al.]. Trad. De Afonso Henrique L. da Fonseca. – São Paulo: Summus, 1983. RODRIGUEZ, T. M. Centros de Atencón Diurna para Personas Mayores: atención tuaciones de fragilidad y dependencia. Buenos Aires. Madrid: Médica Panamericana, D. L. 2010. RODRÍGUEZ, T. M. La Atención Gerontológica Centrada em La Persona. Guia para La intervención profesional e lós centros y servicios de atencion a personas mayores em situación de fragilidad o dependência. Vitoria-Gasteiz, Ed. Eusko Jaurlaritzaren Argitalpen Zerbitzu Nagusia, 2011.. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 17, Nº. 26, Ano 2014  p. 23-33.

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