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Relatório de Estágio realizado no Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos

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Laboratório Militar de Produtos Químicos e

Farmacêuticos – Sucursal Porto

Nelson Miguel da Silva Penelas

(2)

FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO (FFUP)

MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS (MICF)

Relatório de Estágio Profissionalizante

Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos

– Sucursal do Porto

Janeiro 2020 – Setembro 202

Nelson Miguel da Silva Penelas

Orientadora: Dr.ª. Rita China Pereira

Tutora: Prof.ª Dr.ª Manuela Sofia Rodrigues Morato

(3)

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é da minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As

referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras de atribuição, e encontram-se devidamente

indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio

constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

(4)

AGRADECIMENTOS

O estágio no Laboratório de Produtos Químicos e Farmacêuticos – Sucursal do Porto revelou-se um privilégio. Uma instituição com valores tão próprios, que me permitiu abrir horizontes e perceber outras perspetivas.

Começo por agradecer à minha orientadora, Dr.ª Rita China Pereira, por me receber e estar sempre disponível para ajudar, de forma tão serena, paciente e carinhosa. Foi um pilar durante todo o percurso.

À Dr.ª Maria Fernanda Marques por ser um exemplo do que deve ser um farmacêutico, por transmitir todo o seu conhecimento de forma tão clara e fundamentada, por ser um apoio sempre pronto a ajudar e a motivar.

À Susana Queirós e à Susana Barros por me terem transmitido toda a sua experiência, ajudarem a lidar com o público e por todas as pausas cheias de momentos de alegria.

À Anabela Monteiro por ter sido tão prestável, corrigir vários erros muito

antes de os notar e por ser a verdadeira definição de tranquilidade.

À dona Rosa, dona Helena, Amílcar, Sr.º Duarte, Sr.º Manuel e Dr.ª

Bárbara Gonçalves por me terem dado um pouco de vós, por estarem sempre

disponíveis a ajudar e por toda a simpatia demonstrada.

A toda a equipa um sincero obrigado por me ajudarem a transformar numa

melhor pessoa e futuro farmacêutico. Cada experiência passada convosco vai

impactar o meu futuro.

À Prof.ª Dr.ª Manuela Morato por me ter acompanhado ao longo de todo

o estágio, por estar sempre disponível para me ajudar e por nunca me deixar

desleixar.

Finalmente a todos os meus amigos e família por me ajudarem a

ultrapassar os momentos menos fáceis e por terem sido a base de todo o meu

percurso.

(5)

RESUMO

O reconhecimento europeu ao diploma de conclusão do Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto (FFUP), implica o mínimo de seis meses de estágio

curricular em farmácia comunitária e/ou hospitalar.

O presente documento tem por objetivo retratar as atividades realizadas

ao longo de todo o meu estágio, concretizado no Laboratório Militar de Produtos

Químicos e Farmacêuticos

– Sucursal do Porto (LMPQF-SucPorto) sob

orientação da Dr.ª Rita China Pereira, compreendendo o período de janeiro 2020

a setembro 2020. A pandemia provocada pela COVID-19 levou a uma paragem

de cerca de dois meses.

Inclui em duas secções. A primeira, trata a descrição do serviço

farmacêutico, da instituição albergadora e das minhas atividades ao longo de

todo o estágio. A segunda, manifesta o desenvolvimento dos quatro projetos

realizados ao longo deste período, intitulados de: 1) “Suplementação alimentar:

do desporto à estética -

A operação verão”; 2) “Comunicação de risco no

contexto de crise”; 3) “COVID-19 - Que informação reter?”; 4) “Guia de bolso -

Gripe vs Constipação”.

Ficam reconhecidos resultados bastante positivos perante todo o período

de estágio como complemento da minha formação. No sentido inverso, quanto

às minhas funções, considero que a exigência sobre o meu papel foi atingida,

apesar de ser algo muito condicional e pessoal.

(6)

ÍNDICE GERAL

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ... III AGRADECIMENTOS ... IV RESUMO ... V ÍNDICE DE ANEXOS ... VIII LISTA DE ABREVIATURAS ... X INTRODUÇÃO ... XII

PARTE I ... 1

1. LABORATÓRIO MILITAR DE PRODUTOS QUÍMICOS E FARMACÊUTICOS – SUCURSAL DO PORTO ... 1

1.1. EQUIPAEHORÁRIODEFUNCIONAMENTO ... 2

1.2. INFRAESTRUTURAS ... 2

1.3. GESTÃOELOGÍSTICAINTERNADAFARMÁCIA ... 3

1.3.1. SISTEMA INFORMÁTICO ... 3

1.3.2. PRODUTOS EM STOCK ... 4

1.3.3. GESTÃO DE STOCK ... 4

1.3.4. SELEÇÃO E AQUISIÇÃO ... 5

1.3.5. RECEÇÃO E VERIFICAÇÃO DE ENCOMENDAS ... 5

1.3.6. ARMAZENAMENTO ... 6 1.3.7. DISPENSA E ACONSELHAMENTO ... 6 1.3.8. RECEITUÁRIO ... 9 1.3.8.1. VALIDAÇÃO E VERIFICAÇÃO ... 9 1.3.9. COMPARTICIPAÇÕES ... 10 1.4. ARMAZÉMLOGÍSTICO ... 10 1.5. SERVIÇOS ... 11 1.5.1. SERVIÇOS INTERMEDIÁRIOS ... 12 2. FORMAÇÃO ... 12

PARTE II – PROJETOS DESENVOLVIDOS ... 13

3. SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR: DO DESPORTO À ESTÉTICA - A OPERAÇÃO VERÃO ... 13

3.1. ÂMBITOEOBJETIVOS ... 13

3.2. ENQUADRAMENTOTEÓRICO ... 14

3.2.1. REALIDADE DO CONSUMO ... 14

3.2.2. PROTEÍNA ... 15

(7)

3.2.3.1. METABOLISMO ... 16

3.2.3.2. DOSE ... 17

3.2.3.3. PERIGOS DO CONSUMO ... 17

3.2.4. ESTEROIDES ANABOLIZANTES ANDROGÉNICOS ... 17

3.2.4.1. PAPEL NO DESENVOLVIMENTO MUSCULAR ... 18

3.2.4.2. EXCREÇÃO ... 19

3.2.4.3. PERIGOS DO CONSUMO ... 19

3.2.5. QUEIMADORES DE GORDURA... 20

3.2.5.1. CONSTITUINTES: ... 21

3.2.5.2. PERIGOS DO CONSUMO ... 22

3.3. MÉTODOS,RESULTADOSECONCLUSÃO ... 22

4. COMUNICAÇÃO DE RISCO NO CONTEXTO DE CRISE ... 23

4.1. ÂMBITO ... 23

4.2. OBJETIVOSEMÉTODOS ... 23

4.3. ENQUADRAMENTOTEÓRICO ... 24

4.3.1. QUAL A NECESSIDADE DE UMA COMUNICAÇÃO DE RISCO?... 24

4.4. RESULTADOSECONCLUSÃO ... 25

5. COVID-19 - QUE INFORMAÇÃO RETER? ... 25

5.1. ÂMBITOEOBJETIVO ... 25 5.2. MÉTODOS ... 26 5.3. ENQUADRAMENTOTEÓRICO ... 26 5.3.1. COVID-19 ... 26 5.3.1.1. TRANSMISSÃO HUMANA ... 26 5.3.1.2. SINTOMAS ... 27 5.3.1.3. PREVENÇÃO ... 28

5.3.2. FALSAS INFORMAÇÕES COVID-19 ... 28

5.4. RESULTADOSECONCLUSÃO ... 30

6. GUIA DE BOLSO - GRIPE VS CONSTIPAÇÃO... 30

6.1. ÂMBITOEOBJETIVO ... 30 6.2. MÉTODOS ... 30 6.3. ENQUADRAMENTOTEÓRICO ... 31 6.3.1. GRIPE ... 31 6.3.2. CONSTIPAÇÃO ... 31 6.3.3. SINTOMATOLOGIA ... 32 6.3.3.1. TOSSE ... 32 6.3.3.2. ESPIRROS ... 33 6.3.3.3. DOR DE GARGANTA... 34 6.3.3.4. CONGESTÃO NASAL ... 34

(8)

6.3.3.5. DIARREIA ... 35 6.3.3.6. CEFALEIA... 36 6.3.3.7. FEBRE ... 36 6.3.3.8. MIALGIA ... 37 6.3.3.9. FADIGA... 38 6.4. RESULTADOSECONCLUSÃO ... 38

7. CONCLUSÃO GOLBAL DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO... 38

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 39

9. ANEXOS ... 51

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I

– Material auxiliar da formação interna ... 51

(9)

Anexo II

– Norma interna “Orientações para uma comunicação de risco com o

utente em situações de stresse” ... 68

Anexo III

– Cartaz de informação COVID-19... 76

Anexo IV

– Panfleto sobre a desinformação COVID-19 ... 77

Anexo V - Fotografia do Guia de bolso distribuído pela equipa ... 79

(10)

LISTA DE ABREVIATURAS

ADM - Assistência na Doença aos Militares; AIM - Autorização de Introdução no Mercado; AINEs - Anti-Inflamatórios Não Esteróides; AL - Armazém logístico;

ATP – Adenosina trifosfato;

BCAA’s - Branched-Chain Amino acids; CCK – Colecistocinina;

CDC - Centers for Disease Control and Prevention; CNP – Código Nacional de Produto;

DFAs - Deficientes das Forças Armadas DGS - Direção Geral da Saúde;

DMAP’s - Damage-associated molecular patterns;

DPOC - Doença pulmonar obstrutiva crónica; DT - Diretora Técnica;

EAA - Esteroides Anabolizantes androgénicos; ECA2 - Enzima conversora da angiotensina tipo 2; EME - Estado-Maior do Exército;

FEFO - First Expired, First Out;

FFUP - Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto; FIFO - First In, First Out;

FIP – Federation Internationale Pharmaceutique;

FSH - Hormona folículo-estimulante; GH - Growth Hormone;

GnRH - Hormona libertadora de gonadotrofinas; HDL - High density lipoprotein;

HFAR/PP - Hospital das Forcas Armadas – Polo do Porto; IECA’s - Inibidores da enzima de conversão da angiotensina; IGF1 - Insulin like growth factor-1;

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. IVA – Imposto sobre o valor acrescentado;

LDL – Low density lipoprotein; LH - Hormona luteinizante;

LMPQF - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos;

LMPQF- Suc-Porto - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos – Sucursal do Porto;

MICF - Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas; MNRSM - Medicamentos não sujeitos a receita médica; MSRM - Medicamentos sujeitos a receita médica;

(11)

OF – Ordem dos Farmacêuticos; OMS – Organização Mundial da Saúde; PEG2 – Prostaglandina E2;

PVF – Preço de venda à farmácia PVP – Preço de venda ao público

RCM - Resumo das Característica do Medicamento; SA – Substância Ativa;

SAD-GNR - Serviços de Assistência na Doença - Guarda Nacional Republicana; SAR-PSP - Serviços de Assistência na Doença - Polícia de Segurança Pública; SNS - Serviço Nacional de Saúde;

SPMS - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde; TFG - Taxa de filtração glomerular;

(12)

INTRODUÇÃO

O processo de formação de um farmacêutico culmina com a aquisição de

experiência e conhecimentos numa farmácia, seja ela hospitalar ou comunitária.

Seis meses de prática diária, junto de pessoas altamente qualificadas, aliada a

uma estimulação constante de teoria científica, são o verdadeiro impulsionador

para uma transição sustentada do mundo discente para o mundo profissional.

O LMPQF-SucPorto permitiu-me contactar com alma do exercício

farmacêutico e provocar uma sedimentação dos conhecimentos adquiridos. Em

concomitância, e porque a formação farmacêutica prima pelo rigor e atualização

científica, não só realizei quatro projetos passiveis de implementação na minha

instituição, como participei em diversas atividades formativas.

Este período compreende várias valências e objetivos adquiridos em

diferentes momentos. Infra descrito encontra-se o cronograma das atividades

desenvolvidas.

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Organização da farmácia Verificação de validades Encomendas e aprovisionamento Dispensa e aconselhamento Medição de parâmetros bioquímicos Apoio ao Armazém logístico Desenvolvimento tema 1 Desenvolvimento tema 2 Desenvolvimento tema 3 Desenvolvimento tema 4

(13)

PARTE I

1. LABORATÓRIO MILITAR DE PRODUTOS QUÍMICOS E FARMACÊUTICOS – SUCURSAL DO PORTO

Localizada na Avenida da Boavista, dentro do perímetro militar do Hospital das Forças Armadas – Pólo do Porto (HFAR/PP), o LMPQF-Suc.Porto é uma das sete sucursais dispersas por todo o país, do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF). Este, surgiu em 1918 com o objetivo de suprimir necessidades oriundas da I Guerra Mundial, o que acarreta uma avultada bagagem histórica de serviços farmacêuticos e como um importante estrutura orgânica logístico-farmacêutica do país.

Órgão fundido no Estado-Maior do Exército (EME) desde 2019, a sua missão passa por assegurar a logística sanitária militar, necessária ao sistema de saúde militar e às Forças Armadas, aos seus familiares e aos deficientes militares. Responde às necessidades dos serviços do Ministério da Saúde, nomeadamente na produção e manipulação de medicamentos. Com efeito, a sua atuação desenvolve-se quer no âmbito da logística de produção quer no âmbito da logística operacional ou de consumo. No âmbito civil, o LMPQF tem como missão produzir medicamentos que não se encontrem autorizados ou comercializados em Portugal e que sejam imprescindíveis na prática clínica. O apoio numa situação de epidemia ou pandemia está também descrito, o que foi verificado nos últimos meses (1,2).

Sucintamente, como competências dispostas no Decreto-Lei n.º 102/2019, de 6 de agosto, o LMPQF: a) ”Presta Apoio Logístico do medicamento e dispositivo médico às Forças Armadas, nomeadamente às Forças Nacionais Destacadas”; b) ”Produz e manipula medicamentos necessários ao Sistema de Saúde Militar e ao Serviço Nacional de Saúde”; c) ”Produz medicamentos para fazer face a situações de emergência, epidemia ou pandemia”; d) ”Constitui reservas estratégicas de medicamentos para fazer face a situações de emergência e catástrofe”; e) “Colabora com o Serviço Nacional de Saúde no apoio a programas específicos de saúde”; f) ”Presta apoio às Forças Armadas na área das análises clínicas, análise de águas, controlo de ambientes, desinfestações, e desinfeções”; g) ”Apoia os Militares, Família Militar e Deficientes das Forças Armadas através das farmácias militares”; h) ”Participa em projetos de investigação e desenvolvimento; i) “Promove a cooperação técnico-militar na sua área de atuação” (1).

Através das farmácias militares, as várias sucursais possuem atividades de atendimento ao público em tudo semelhantes ao das farmácias comunitárias civis. Como órgão do EME, está sujeita orientações, normas e regulamentos das Forças Armadas. No entanto, segundo o disposto no artigo 10º do Decreto-Lei n.º 102/2019, de 6 de agosto, “O LMPQF, na sua atividade científica e técnica na área da produção do medicamento, dos postos de dispensa de medicamentos e na reserva estratégica, está sujeito à atividade inspetiva dos serviços do Ministério da Saúde, em coordenação com o Ministério da Defesa Nacional.” Isto significa que a farmácia e o ato farmacêutico não deixam de se reger pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) e pelas normas das Boas Práticas de Farmácia Comunitária (3).

(14)

A missão descrita do LMPQF e a sua atuação pública presenteiam-nos com o embelezar do que deve ser uma organização pública que congrega o conhecimento científico farmacêutico e a capacidade técnica, com a capacidade de se posicionar como suporte ao bem-estar público. Para além da almofada a nível militar, é uma estrutura que tem influência no âmbito civil. Foi um privilégio poder conhecer o funcionamento interno do LMPQF-SucPorto e do próprio LMPQF. Deparei-me com a sua ação na produção e distribuição de medicamentos manipulados sujeitos a condições de segurança superiores, como a pasta de cocaína, que era dispensada pelo LMPQF-SucPorto para a estruturas hospitalares. Contactei também com vários medicamentos produzidos e dispensados pelo próprio LMPQF (Entre diversas, deixo exemplo a Vitamina A composta, Vaselina, Atropina injetável, Ácido acetilsalicílico e, mais recentemente, álcool gel). Porém, a ação que mais me marcou foi o apoio que é realizado aos Deficientes das Forças Armadas (DFAs) que se demonstrou crucial no âmbito da sua saúde e bem-estar.

1.1. EQUIPA E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

Especificamente na sede do Norte, o LMPQF-Suc.Porto conta com duas subestruturas: a Farmácia da Sucursal do Porto e o Armazém logístico e Serviços Administrativos da Sucursal do Porto. A equipa da Farmácia é estruturada pelo Chefe de Sucursal, três farmacêuticas, duas ajudantes técnicas, uma assistentes técnicas e duas assistentes operacionais. Quanto ao Armazém a estrutura humana contém um farmacêutico, um coordenador técnico, dois assistentes operacional e um encarregado operacional. O horário do funcionamento está definido como 8h30–13h00, 14h00-16h30, com abertura de segunda a sexta-feira, o qual correspondeu ao meu próprio horário.

1.2. INFRAESTRUTURAS

O património imóvel distribui-se por dois pisos convergidos no HFAR/PP. O primeiro piso abrange a Farmácia e o Armazém, já o segundo piso conta com uma área que se destina a trabalho administrativo e uma zona de refeições. A farmácia encontra-se numa zona de fácil acesso, próxima da entrada principal das instalações do HFAR/PP. A entrada só é permitida mediante apresentação de identificação de militares, familiares de militares, funcionários e pessoas externas com autorização prévia.

A Farmácia, regendo-se pelo Artigo 29º do Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto:

o Conta com uma área ampla, composta por uma zona de espera bem iluminada e climatizada com condições de temperatura e humidade adequadas ao bom armazenamento e conservação dos medicamentos e restantes produtos farmacêuticos, segundo as regras instaladas. Está organizada com um sistema de senhas e cadeiras, onde os utentes aguardam a sua vez, uma balança para determinação do peso corporal e um frigorifico destinado a medicação que necessite de conservação a temperaturas inferiores (2-8ºC);

o Um balcão em L com três postos de atendimento equipados com computador, leitor ótico, impressora, caixa registadora e terminal multibanco;

o Expositores destinados a produtos de cosmética, produtos sazonais (medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)), suplementos alimentares e calçado ortopédico;

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o Gabinete de Aconselhamento Farmacêutico que consiste em uma sala privada onde se pode proporcionar um aconselhamento farmacêutico mais específico e onde se produzem as medições dos parâmetros bioquímicos;

o O laboratório, com as condições apropriadas e necessárias à elaboração de manipulados;

o Instalações sanitárias;

o A zona de “backoffice”, de armazenamento de medicamentos que funciona também como zona de receção de encomendas e área administrativa apoiados por um computador com leitor ótico e fontes oficiais de informação. Encontram-se aqui armazenados os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), MNSRM, dispositivos médicos e outros produtos de saúde. A sua simbiose com o hospital permite à Farmácia ser um local de passagem para utentes dos serviços hospitalares e funcionários do hospital, tornando-se num sítio estratégico e cheio de oportunidade para o contacto interpessoal.

O Armazém logístico (AL):

o Está estruturado de forma a que seja o possível o armazenamento de medicamentos nas condições exigidas, dispositivos médicos e outros produtos farmacêuticos destinados a reabastecer as Unidades de Saúde Militares e Santas Casas da Misericórdia de todo o País. Inclui uma zona isolada de armazenamento de medicamentos falsificados, caducados, recolhidos e rejeitados segundo as Boas Práticas de Distribuição (4). Apresenta uma zona de apoio administrativo devidamente equipada.

1.3. GESTÃO E LOGÍSTICA INTERNA DA FARMÁCIA 1.3.1. SISTEMA INFORMÁTICO

As normas do manual das Boas Práticas de Farmácia (5) refere que uma farmácia deve estar equipada com meios informáticos adequados, constituindo uma ferramenta que facilita uma melhor prestação de serviços, facilita a validação da dispensa, de forma a evitar erros. O LMPQF utiliza um software de gestão farmacêutica desenvolvida pela SoftReis, denominado de SPharm.

O sistema informático é implementado no sentido de aumentar a produtividade da gestão logística da farmácia, permitindo uma redução do tempo de trabalho, facilitando assim as tarefas rotineiras. Perante o atendimento, o software possui toda a informação do medicamento e os dados sobre cada utente, com anterior consentimento. O fornecimento e transmissão dos dados necessários aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) é feito de forma automática.

A informação acerca da gestão de todos os produtos existentes na farmácia, permite a realização do controlo de prazos e validades, atualizações de preços, processamento mensal do receituário dos diferentes organismos entre outras funcionalidades.

O sistema informático é bastante intuitivo e catalisador de funções. A adaptação foi bastante rápida e isto auxiliou, principalmente, na adaptação ao atendimento, já que as diferentes informações relativas aos medicamentos suportam e dão segurança, o que permitiu um atendimento mais confiante.

(16)

Um ponto fraco é o facto de o sistema informático ser diferente do utilizado pela maioria das farmácias, podendo tornar-se numa desvantagem num futuro próximo.

1.3.2. PRODUTOS EM STOCK

O stock da farmácia, apesar suficientemente abrangente de formar a suprimir as diversas necessidades, é pensado e direcionado ao público mais comum: idosos e DFAs. Podemos dar conta de um perfil de stock que para além do comum, demonstra algumas particularidades. Existe claramente uma contenção nos suplementos alimentares, produtos de puericultura e de dermocosmética (com exceção de cremes hidratantes). Pelo contrário, o stock de dispositivos médicos é enaltecido. De forma a dar o devido suporte aos DFAs, materiais como fraldas, fralda-cueca, meias de compressão, pensos, canadianas e dispositivos oculares e auriculares são dispensados em bastante quantidade. Produtos como próteses e implantes dentários também estão presentes devido à intercolaboração com o serviço de estomatologia do HFAR/PP. Relativamente os medicamentos de uso veterinário não são parte integra do stock, mas podem ser adquiridos mediante encomenda ao fornecedor.

1.3.3. GESTÃO DE STOCK

A gestão dos produtos engloba diversas etapas e diferentes análises. A gestão de cada farmácia depende de vários fatores e questões diferenciadoras. Apesar das diferenças todas convergem no sentido de uma gestão responsável e cuidada quer em termos financeiros, quer em vista da capacidade de suporte ao utente.

Os pilares na manutenção de um stock sustentável são a necessidade, a qualidade e parte financeira. Relativamente à necessidade, é um ponto onde se deve analisar o volume de dispensa dos produtos condicionado pela sazonalidade, no caso dos produtos que se dependem desta. É um ponto de previsão, antecipação e experiência, realizado principalmente pela Diretora Técnica (DT), em que o objetivo principal é manter um número consciente de produtos, não sendo exagerado por defeito ou por excesso. As consequências variam desde à insatisfação dos utentes perante falhas de produtos, até ao desperdício de recursos devido à validade expirada. Quanto à validade e outras questões de qualidade dos produtos é outro ponto que deve ser constantemente cuidado e controlado. A parte financeira é um ponto meticulosamente alinhado. Os custos e receitas fazem parte de uma balança que não deve ser desequilibrada. Relativamente a este pilar, uma gestão cuidadosa tendo em conta os pontos referidos, aliada a um estudo de mercado na busca pelas melhores condições, são fundamentais para controlo de qualquer empresa ou serviço. De realçar o facto de o utente ser uma condicionante demarcada na tomada de qualquer decisão sobre o stock, já que deve ser ele sempre a prioridade de qualquer serviço de saúde. No LMPQF-SucPorto este último ponto ganha ainda mais notoriedade.

A gestão em termos de dispensa rege-se perante os produtos cujos prazos de validade caducam mais cedo e por isso devem ser seguidas as regras First Expired, First Out (FEFO) e

First In, First Out (FIFO), garantindo uma rotatividade adequada dos artigos em stock. Relativamente a este ponto, de forma a assegurar maior controlo sobre os produtos armazenados, são realizadas mensalmente verificações do stock. Estas têm como objetivo

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identificar os erros apresentados pelo sistema informático e atualizar a informação de cada artigo. São impressas listas de artigos com a informação presente no sistema, especificamente relativo ao local, quantidade e aos prazos de validade mais curtos. Esta informação é confrontada com a verificação manual e ajustada se assim for necessário.

Em concomitância com todos estes pilares, é necessário assegurar uma coerente eficiência em todas as etapas no circuito do medicamento e dos restantes produtos de saúde, desde a seleção até à dispensa.

1.3.4. SELEÇÃO E AQUISIÇÃO

Fundamentalmente, esta tarefa era efetuada pela DT em dois momentos distintos ao longo do dia (antes do período de almoço e antes do encerramento). Estava sempre dependente da análise feita previamente com enfoque nos pontos supracitados na questão do stock sustentável. Normalmente, através auxílio do sistema informático capaz de fazer uma análise importantíssima de dados mais eficaz, era gerada automaticamente uma lista com os produtos que se encontravam abaixo do stock previamente estipulado. Esta lista era alterada tendo como suporte a experiência humana. Para além da aquisição corrente, em situações de pedidos específicos, o pedido de encomenda poderia ser feito através do telefone ou pela via digital (gadget).

Parte essencial deste ponto é a escolha dos fornecedores, que no caso específico do LMPQF-SucPorto é muito limitada e dependente de delineamento superior. Em caso de necessidade ou possível vantagem, a aquisição também poderia ser feita ao Armazém logístico da Sucursal ou à Sede do LMPQF situada em Lisboa.

1.3.5. RECEÇÃO E VERIFICAÇÃO DE ENCOMENDAS

O passo posterior à aquisição dos produtos é a receção e verificação de encomendas, função que comecei a realizar logo na primeira semana de estágio. No caso de ter sido feito um pedido a um fornecedor “externo”, estes fazem o transporte e a entrega dos produtos na farmácia, garantindo as devidas condições de armazenamento, conservação e segurança próprias de cada medicamento ou outro produto, e acompanhado da devida documentação, conforme o legislado (fatura, original e duplicada, ou guia de remessa) (4). Normalmente este processo acontece duas vezes ao dia, ao final da manhã e no antes do encerramento.

Na farmácia efetua-se a verificação dos conformes da encomenda, que passa pela lista dos artigos (é confrontado com o pedido efetuado), preços (PVF, PVP e totais), taxas (IVA) e pelos próprios produtos. Nesta fase é dada prioridade aos produtos que necessitam de conservação pelo frio (2-8ºC) de forma a serem armazenados prontamente, no frigorífico, nas condições requeridas. Outro caso especial é do dos medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, que vêm separados da restante medicação, por questões de segurança e legais, e vêm acompanhados pela documentação legalmente exigida (6). Os artigos que advém de pedidos específicos também são priorizados e armazenados numa prateleira específica para este efeito.

Todos estes dados da encomenda são registados no sistema informático, de forma a manter atualizados os valores em stock, prazos de validade e PVP. Certos produtos não

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apresentam os códigos de barras e neste caso é impressa uma etiqueta com o respetivo código e ainda com o CNP, PVP e IVA.

A verificação de alguma inconformidade relativa à encomenda é prontamente esclarecida. Por vezes estas situações levam à necessidade de devolução de algum artigo, onde é contactado o fornecedor de forma a regularizar a situação. Deste processo resulta uma nota de devolução que explicita os motivos da devolução e a informação do artigo. O processo de devolução também pode advir de algum dano no artigo, de prazo de validade curto, de alguma notificação da entidade reguladora ou pelo detentor da Autorização de Introdução no Mercado (AIM), com o intuito de retirar o produto do mercado.

1.3.6. ARMAZENAMENTO

Segundo o artigo 29º do Decreto-Lei n.º 307/2007 e as Boas Práticas de Farmácia Comunitária, fundamentalmente os medicamentos e outros produtos de saúde devem ser armazenados em adequadas condições de conservação e segurança, numa zona que deve ser corretamente dividida e identificada. No LMPQF-SucPorto os medicamentos e restantes produtos de saúde estão armazenados em gavetas e/ou estantes devidamente identificadas de acordo com, a classificação quanto à dispensa, segundo o prontuário terapêutico, via de administração, grupo fármacoterapêutico, ordem alfabética da substância ativa (SA), dosagem, quantidade, forma farmacêutica e ordem alfabética do nome comercial ou laboratório.

Existem, no entanto, medicamentos que devem estar separados dos demais. Medicamentos que têm de ser mantidos a temperaturas entre os 2ºC e os 8ºC são armazenados no frigorífico. Já os estupefacientes e medicamentos psicotrópicos encontram-se armazenados, por segurança, num cofre. Devido à grande necessidade de facilitar outros produtos de saúde, o Armazém logístico contém alguns artigos pertencentes à Farmácia, nomeadamente fraldas e fralda-cueca, devido ao abundante espaço que ocupam.

Sem dúvida que esta divisão facilitou a minha adaptação e ligação aos produtos. O ênfase dado ao prontuário terapêutico catalisa uma associação mais rápida ao objetivo terapêutico e conseguinte mecanismo de ação, assim como o próprio nome comercial, algo que considero importante no primeiro contacto “oficial” com a farmácia de oficina. Este processo de adaptação foi também facilitado pela tarefa de verificação de stock, que envolve um contacto palpável com os diversos medicamentos e produtos.

1.3.7. DISPENSA E ACONSELHAMENTO

Ato profissional em que o farmacêutico, após avaliaçãoda medicação, cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica ou em regime de automedicação ou indicação farmacêutica,acompanhada de toda a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos. Na cedência de medicamentos o farmacêutico avalia a medicação dispensada, com oobjetivo de identificar e resolver problemas relacionados com os medicamentos, protegendo o doente de possíveis resultados negativos associados à medicação”

(7). Acompanhada do aconselhamento, são sem dúvida os pináculos de um farmacêutico comunitário que tem o dever de se diferenciar e aprimorar perante esta valência. É um ato

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farmacêutico condicionado pelo conhecimento e caracterização pessoal, capaz de influenciar e melhorar a saúde da comunidade. É, portanto, uma ação abundante em responsabilidade. “O aconselhamento sobre o uso racional e responsável dos medicamentos, e o acompanhamento dos doentes, entre outras atividades no âmbito dos cuidados farmacêuticos, são responsabilidades assumidas pelos farmacêuticos, enquanto profissionais que integram o sistema de saúde” (7).

Esta etapa foi sem dúvida a mais importante e a que mais aguardava. O envolvimento aconteceu numa fase bastante precoce do período de estágio. Começou na segunda semana, com a observação do trabalho da minha orientadora relativamente ao atendimento. Na terceira semana comecei a realizar atendimentos de forma autónoma sempre com um apoio próximo da equipa, ficando cada vez mais à vontade de forma proporcional ao número de atendimentos e diferentes cenários que se deparavam. Qualquer dúvida que surgiu, e equipa auxiliava prontamente. Numa primeira instância, tentei sempre esclarecer as dúvidas através de fontes oficiais, como por exemplo o Resumo das Característica do Medicamento (RCM) em formato online. Primei sempre por realizar um atendimento atencioso e responsável, estando sempre atento a situações onde poderia ter alguma ação adicional, de forma a aplicar o conhecimento técnico-científico adquirido.

Quanto ao aconselhamento e dispensa, o tipo de produto de saúde é um fator condicionante. Na dispensa de MSRM existem diversas especificidades onde podemos ter influência direta. Afinal de contas, a dispensa é um ato farmacêutico e devemos garantir que estão reunidas todas as condições para que o utente seja capaz de seguir a terapêutica de forma consciente e correta, contribuindo assim para uma melhoria na educação e consequentemente na saúde das pessoas. Na maioria das vezes, no que toca a MSRM, o aconselhamento passou pelo alerta à posologia e pelo entrave à dispensa sem receita. No entanto situações muito pontuais aconteceram e, casos como troca de medicação crónica ou esquemas terapêuticos desfasados do disposto pelo RCM, foram identificados e questionados aos utentes com intuito de esclarecer e precaver algum erro.

No caso dos MNSRM, foi o que exigiu mais de mim e onde demorei mais tempo a sentir-me confiante. Inicialsentir-mente, qualquer aconselhasentir-mento, por mais simples que fosse, questionava a alguém da equipa se o mesmo era adequado. Ao longo do tempo confiança e o conhecimento aumentou, o que permitiu ter uma ação mais demarcada no atendimento. Pude verificar que a automedicação é muito superior à procura da indicação, no entanto considero que o farmacêutico tem um papel extremamente relevante, em ambas, no que toca ao aconselhamento. Especificamente, os MNSRM sazonais, normalmente são um grande mercado numa farmácia comunitária e, portanto, deve ser um foco de atenção. Contudo, estes tipos de medicamentos não eram dispensados em grande número, pelo que a experiência adquirida passou muito pelo estudo autónomo. Por outro lado, a dispensa de colírios por indicação médica era usual, o que me obrigou a evoluir de forma a poder aconselhar de forma autónoma. De forma geral, a maior parte dos grupos farmacoterapêuticos, apesar do volume de dispensas não ser elevado, permitiu contacto suficiente de forma a evoluir no aconselhamento dos mesmos.

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Os produtos de dermocosmética e higiene corporal era talvez a classe que à partida necessitava de mais formação e experiência. A sua dispensa não foi em grande número ao longo do estágio, no entanto, permitiu diversos momentos de aconselhamento suportados por uma formação e pesquisa autónoma prévia. Neste ponto a partilha de informação por parte das farmacêuticas foi de grande valor. Mesmo assim, e por ser um mercado de grande ênfase nas farmácias comunitárias, a experiência adquirida foi insuficiente.

No âmbito dos suplementos alimentares, estes faziam parte de uma área onde me sentia algo confortável antes do início do estágio curricular. O aconselhamento foi muito mais fluido e confiante, ainda surgissem muitas situações novas e que implicaram dúvidas. São produtos de saúde que foram dispensados frequentemente, principalmente no que toca à fadiga física e mental, e à manutenção das articulações. Um caso específico que ocorreu, foi um aconselhamento relativo a um suplemento alimentar de uma plataforma de suplementação dietética e desportiva. Foi pedida a opinião sobre o glucomamano (inibidor do apetite). Neste caso tentei perceber alguns erros na dieta do utente e tentei encontrar soluções alimentares (cereais e fruta com a casca) antes de optar pela suplementação.

Relativamente aos dispositivos médicos, como falado, são um grande mercado no LMPQF-SucPorto. O desconhecimento era bastante elevado, mas foi um mundo bastante explorado. Deparei-me com diversos produtos e uma grande diferenciação. O aconselhamento foi bastante difícil, devido ao facto de nunca ter contactado com muitos destes produtos. Fui várias vezes presenteado com dúvidas relativas ao funcionamento dos dispositivos, algo que implicou a ajuda da equipa. Como dispositivos principais, as fraldas, dispositivos para a incontinência urinária, e os dispositivos oculares eram as classes principais. No que toca à incontinência urinária, após ganhar confiança com alguns utentes, foram os próprios que me deram algumas lições do funcionamento destes dispositivos.

Os medicamentos e produtos veterinários é uma classe com a qual não tive contacto. Estes produtos não se encontravam em stock, mas podia ser feita uma encomenda caso surgisse o pedido. Algo que não me aconteceu. Assim é uma área que precisarei de compensar com formação autónoma.

Junto da veterinária, a puericultura foi outra área muito pouco explorada. O stock era muito reduzido e não me aconteceu qualquer atendimento onde me fosse pedido algum produto destes.

A bagagem que a dispensa e aconselhamento me proporcionaram é imensa. Não só pela fração científica que me obrigou a consolidar e melhorar, mas também pela fração interpessoal que me fará um futuro profissional melhor preparado. Foi aqui que me deparei com o melhor da profissão, ajudar e melhorar a vida de alguém. Como reverso da moeda, foi aqui que me deparei com situações mais desafiantes. De realçar alguns casos de difícil intercooperação entre diferentes profissionais de saúde, que por vezes se esquecem que o utente deve ser o agente centralizado e que o único objetivo deve ser ajudar.

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Considero ser preponderante a relação próxima e de confiança com o utente, uma base científica inabalável, um discurso atencioso e assertivo, uma comunicação clara e objetiva, perseverança e capacidade adaptativa.

1.3.8. RECEITUÁRIO

1.3.8.1. VALIDAÇÃO E VERIFICAÇÃO

A validação da prescrição médica perante a dispensa de MSRM é um passo importante no prisma de averiguação de todos os requisitos legais e clínicos, evitando erros que podem originar problemas no que toca à saúde do utente ou problemas burocráticos na aceitação da receita perante o centro de conferência de faturas do SNS (Serviço Nacional de Saúde). Existem diversas normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de saúde, gerais ou específicas consoante o meio de prescrição (eletrónica desmaterializada, eletrónica materializada ou manual) (8).

Por conseguinte, também existem diversas normas a seguir no momento da dispensa e dependentes da forma de prescrição (9).

Todas estas regras devem ser conhecidas e equacionadas no momento da dispensa.

A validação e verificação das receitas é um ponto sensível do atendimento. Foi daqui que surgiram alguns erros, posteriormente corrigidos. Erros que serviram de aprendizagem e de aproximação às regras de dispensa, de forma a evitar problemas posteriores.

A receita eletrónica desmaterializada é o tipo de receituário mais protegido e menos passível a erros. A comunicação e transmissão dos dados é feita automaticamente pelo sistema informático aos SPMS. Por outro lado, a receita materializada contém, comumente, incongruências relativas às normas. Relativamente a estas, numa fase inicial do período de estágio, necessitei de bastante ajuda da equipa, de forma a evitar erros. No LMPQF-SucPorto existe uma grande prevalência de atendimento a DFAs com receitas manuais (para dispensa de outros produtos de saúde para além de medicamentos). Foi no atendimento a DFAs onde senti maiores dificuldades relativas ao receituário e onde observei mais erros, principalmente devido à não menção da Portaria 1034/2009, 11 de setembro, legislação esta que lhes confere o direito à comparticipação a 100% naquele tipo de artigos, e descrição errada dos produtos (no caso dos medicamentos, a enunciação deve ser feita pela SA, o que por vezes não acontecia). Erros mais correntes, como a validade, ausência de vinheta ou assinatura do prescritor, número de utente por preencher, também aconteceram, mas eram de mais fácil identificação.

Por outro prisma, a análise crítica da prescrição a nível clínico deve ser produto de análise, tendo em conta a obrigação do farmacêutico.

Perante a dispensa de medicamentos a DFAs, é impresso uma fatura no verso da receita (no caso da recita manual ou eletrónica materializada) ou uma fatura independente (no caso da receita eletrónica desmaterializada). Em ambas é pedida a assinatura do utente. Na dispensa de outros produtos de saúde, era necessário anexar a fatura impressa à receita eletrónica desmaterializada, por imposição da ADM (Assistência na Doença aos Militares).

A dupla verificação das receitas era feita ao longo do dia por uma assistente técnica, o que permitia detetar erros e possibilitava a rápida retificação.

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Quanto ao processo administrativo das receitas, são seguidas a regras do Centro de Conferências de Faturas do SNS e da ADM (10). Uma particularidade, é o facto do LMPQF-SucPorto proceder à organização do receituário (lote das receitas eletrónicas desmaterializadas e lotes de 30 unidades no que toca às receitas manuais e eletrónicas materializadas), impressão de verbetes de identificação e são enviados à sede do LMPQF, de forma a centralizar o processo. Isto significa que não existe um contacto direto da Sucursal com as entidades oficiais.

Perante este serviço administrativo foram-me instruídas todas as etapas do processo e facultada a lista de erros proclamada pela Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS).

1.3.9. COMPARTICIPAÇÕES

Segundo a Lei de Bases da Saúde disposta na Lei n.º 95/2019, refere que o acesso à proteção de saúde tem assente “A igualdade e a não discriminação no acesso a cuidados de saúde de qualidade em tempo útil, a garantia da equidade na distribuição de recursos e na utilização de serviços e a adoção de medidas de diferenciação positiva de pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade;” e “Equidade, promovendo a correção dos efeitos das desigualdades no acesso aos cuidados, dando particular atenção às necessidades dos grupos vulneráveis;”. No Serviço Nacional de Saúde (SNS) o Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de maio prevê a comparticipação de medicamentos através de um regime geral e um regime especial que se aplica a situações específicas e abrangendo certas patologias ou grupos de doentes. Já a Portaria n.º195-D/2015 estabelece os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos de medicamentos que podem ser objeto de comparticipação e os respetivos escalões. Para além do serviço público geral, existem ainda subsistemas de saúde públicos e privados que são responsáveis pelo financiamento e prestação de cuidados de saúde.

No caso do LMPQF-SucPorto, apenas o SNS e os subsistemas públicos têm a possibilidade de usufruir dos serviços na Farmácia. O contacto mais frequente foi com a ADM, Serviços de Assistência na Doença - Polícia de Segurança Pública (SAD-PSP) e Serviços de Assistência na Doença - Guarda Nacional Republicana (SAD-GNR). Específico da ADM, segundo o disposto na portaria 1034/2009 de 11 de setembro, define que os DFAs têm direito “a assistência na doença aos beneficiários titulares da ADM abrange o pagamento das despesas de saúde decorrentes de acidentes de trabalho e doenças profissionais.”. É considerado DFAs, segundo o Decreto-Lei n.º 43/76 de 20 de Janeiro, quando “No cumprimento do serviço militar e na defesa dos interesses da Pátria adquiriu uma diminuição na capacidade geral de ganho” em resultado das suas funções e deveres diretos ou indiretos. Estes são o público grosso do LMPQF-SucPorto. Uma especificidade a notar é o facto de a assistência estar em vigor em qualquer farmácia no que toca a medicamentos, mas relativamente aos restantes produtos de saúde a assistência só pode ser usufruída nas Sucursais do LMPQF mediante apresentação do receituário prescrito por instituições militares.

1.4. ARMAZÉM LOGÍSTICO

O AL é um órgão anexo ao LMPQF-SucPorto. É responsável pela aquisição de medicamentos diretamente aos laboratórios produtores e pela sua distribuição, dispondo do

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estatuto de armazenista de medicamentos (11). Como referido acima, a sua função principal passa por assegurar a armazenamento de produtos de saúde nas condições exigidas, destinados a reabastecer as Unidades de Saúde Militares do Norte do país.

O estágio no LMPQF-SucPorto para além de permitir o exercício de funções comuns em farmácia comunitária, alargou a minha formação com o envolvimento no AL. Foi um privilégio muito específico poder estar integrado e observar o funcionamento de um armazenista. Colocou-me em contacto com as Boas Práticas de Distribuição e com a gestão de stock através do processo de aquisição direta a laboratórios, auxiliado pelo catálogo de aprovisionamento público da saúde, gerido pelos SPMS. Este tem o objetivo de centralizar o processo de compras de bens e serviços, com base numa economia de escala, tendo em vista maiores ganhos negociais com os fornecedores. O processo de aquisição de estupefacientes e de medicamentos psicotrópicos, através do preenchimento do Anexo VII presente na Portaria n.º 981/98, de 8 de Junho.

Perante o AL, apesar de ser sempre optativo, foi-me diversas vezes pedido auxílio no que toca à preparação de encomendas pedidas, principalmente no período pós estado de emergência. Considero ter sido bastante enriquecedor, na medida em que me permitiu um contacto com medicamentos e outros produtos de saúde totalmente diferenciados dos presentes no stock de uma farmácia comunitária, principalmente medicamentos de foro hospitalar. A quantidade de dispositivos médicos armazenados também era bastante apetrechada, deparando-me diversas vezes com produtos totalmente desconhecidos. Sempre que contactei com algo novo, tentei perceber o seu objetivo e modo de funcionamento, proporcionando uma constante aprendizagem.

No início do período de estágio, após as primeiras interações com o stock do AL, deparei-me com a dificuldade de localizar os deparei-medicadeparei-mentos. Isto porque a organização dos deparei-mesmo não seguiam qualquer regra. Sugeri então realizar uma alteração na organização de modo a seguir a ordem alfabética da SA. Esta foi aceite e posteriormente realizada.

1.5. SERVIÇOS

No LMPQF-SucPorto é possível medir parâmetros bioquímicos e fisiológicos dos utentes. Acontece no Gabinete de Aconselhamento Farmacêutico, permite uma privacidade aumentada, pelo que é possível usufruir do espaço para situações que exigem uma maior delicadeza. Neste espaço, é possível a medição de três parâmetros bioquímicos, o colesterol, a glicemia e os triglicerídeos. É também possível a medição da tensão arterial sistólica e diastólica (e frequência cardíaca).

Comum às diversas farmácias comunitárias, o LMPQF-SucPorto, participa no programa

Valormed, na recolha de medicamentos e resíduos inutilizados ou em condições incorretas para o seu consumo.

Infelizmente a única medição possível de ser realizada ao longo do meu período de estágio foi a medição da tensão arterial. Em adição, após a declaração do estado de emergência e consequente instalação de medidas de proteção, este serviço deixou de ser realizado. Apesar do pouco contacto, percebi que é um serviço bastante procurado e o tempo dispensado permite

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uma comunicação bastante próxima com o utente, o que por vezes pode revelar alguns pontos passíveis de serem condicionados através da ação farmacêutica.

1.5.1. SERVIÇOS INTERMEDIÁRIOS

Neste âmbito, o LMPQF-SucPorto posiciona-se como intermediário no que toca a próteses de diversas tipologias, óculos graduados e outros produtos de saúde, mais complexos, para DFAs. Este serviço passa pela transferência do receituário para outra entidade ou para a Sede do LMPQF dependendo do artigo.

Colabora também intimamente com o serviço de Estomatologia do HFAR/PP, no qual acumula a função de estipular orçamentos e de dispensa de próteses e implantes dentários. 2. FORMAÇÃO

A formação contínua e a experiência adquirida são premissas cruciais para qualquer meio profissional. Na área da saúde, principalmente a formação de modo continuo, ganha ainda mais proporção. A mutabilidade do conteúdo científico e a vida humana são os pontos mais impulsionadores para a construção de uma base extremamente fundamentada.

Numa fase primária, o foco passou pelo entendimento de toda a logística interna do LMPQF-SucPorto. O primeiro contacto com os produtos de saúde aconteceu pela verificação do stock e várias dúvidas surgiram, que prontamente foram colmatadas. Dúvidas tão simples como o objetivo terapêutico de um medicamento foram recorrentes.

A segunda fase passou pelo contacto com o atendimento, que me levou a estimular a comunicação com os utentes e a pesquisar, cada vez mais, questões relacionadas com os produtos de saúde. Desde a posologia até aos mecanismos de ação, passando pela indicação terapêutica. Englobou também o contacto com os passos mais fundamentais da gestão de uma farmácia, como por exemplo, a gestão do stock e encomendas.

A terceira fase, a autonomia. Foi o período onde pude crescer com as diferentes experiências de cada atendimento e de situações do LMPQF-SucPorto. É nesta que considero que começou a verdadeira diferenciação como futuro profissional de saúde, pois as decisões já começam a ser independentes e são elas que nos definem. É importante que referir que a declaração do estado de emergência devido à COVID-19, levou a uma paragem do período de estágio de aproximadamente dois meses. Isto levou a algum retrocesso na autonomia que teve de ser compensado e novamente construída.

De um modo geral, ao longo do período de estágio deparei-me com diversas situações que proporcionaram uma posterior pesquisa. Ainda mais me deparei com áreas e produtos totalmente desconhecidos, que me incitaram a uma busca de informação, de forma a preparar-me para o mopreparar-mento onde iria ser necessário aplicar os conhecipreparar-mentos. O contacto direto com a farmácia comunitária e as experiências diárias que implicou foram todas bastante frutíferas e importantes na minha aprendizagem enquanto individuo e futuro profissional de saúde. A experiência da equipa do LMPQF-SucPorto revelou-se uma grande valia nesta etapa. Ainda mais, o conhecimento que foi passado de forma tão pronta e paciente. As duas farmacêuticas da equipa foram muitas vezes o meu suporte científico e a fonte de informação de vários temas,

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transmitidos de forma tão genuína e atenciosa. Esta abordagem é de um privilégio enorme e permitiu um grande aumento da minha bagagem científica.

Para além do período de estágio, a busca de informação era recorrente. Não só através de uma pesquisa autónoma, mas também pela presença em diversas formações online e webinares, nomeadamente:

o Escola de Pós-graduação em Saúde e Gestão:

o A Farmácia em tempos de Pandemia – desafios laborais e regulatórios) – dia 01-06-2020, 16h00 – 17h00;

o PharmaNord:

o Sistema Imunitário: Selénio e Vitamina D, dia 04-06-2020, 18h00 – 19h00;

o Nutrientes para manter as articulações saudáveis, dia 16-06-2020, 18h00 – 19h00;

o Cooprofar:

o A importância da vacinação ao longo da vida, dia 07-06-2020, 21h00 – 22h00;

o OMS (Organização Mundial da Saúde):

o Infection Prevention and Control (IPC) for Novel Coronavirus (COVID-19)

(e-learning – aproximadamente 2h);

o Emerging respiratory viruses, including COVID-19: methods for detection,

prevention, response and control (e-learning – aproximadamente 4h); De notar que estava inscrito em várias formações presenciais, na área da dermocosmética, que acabaram por ser canceladas devido à Pandemia COVID-19.

Parte II – PROJETOS DESENVOLVIDOS

3. SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR: DO DESPORTO À ESTÉTICA - A OPERAÇÃO VERÃO

3.1. ÂMBITO E OBJETIVOS

A conjuntura atual e as novas gerações deparam-se com uma realidade dentro da virtualidade. Cada vez mais o contacto virtual é privilegiado e as redes sociais são um pilar na sociedade e na vida de cada um. Estas redes acabam por ser plataformas de contacto superficial e visual, o que levou a um aumento da pressão associada à imagem de cada um, que é diretamente proporcional à aparência física. Se por um lado esta pressão se revelou positiva num prisma em que obriga as pessoas a fazerem exercício físico e seguirem uma alimentação cuidada (apesar de muitas vezes não se mostrar saudável), por outro, a dificuldade em obter um corpo de “sonho” leva à utilização de catalisadores, nomeadamente suplementos alimentares e até substâncias ilícitas. O crescimento do mercado da suplementação é a prova disto, não só é sustentado pela crescente oferta, quer em quantidade quer em variedade, mas também pelo crescente consumo que duplicou de 2013 a 2018 (2 milhões e 259mil pessoas afirmaram terem consumido algum tipo suplemento), cerca de ¼ da população portuguesa (12). Segundo este estudo, apenas 51,2% da população estudada recorre a profissionais quando toca à decisão da

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toma de suplementos (13). Isto significa que praticamente metade dos consumidores toma suplementos por iniciativa própria e sem acompanhamento profissional, aumentando o risco de seguir um regime errado no prisma da eficácia e na prevenção para uma toma cuidada e consciente. Existem vários exemplos de complicações associadas à toma descuidada destes produtos (14) e cada vez mais uma atenção mediática, não só para problemas em consumidores com fins estéticos, mas também para fins desportivos (atletas de alta competição).

Apesar de existirem profissionais com uma bagagem técnica e científica muito mais fundamentada relativamente à nutrição, quando toca à suplementação, seja de que vertente, o farmacêutico tem de ter a capacidade de aconselhar e tem de estar preparado para responder a diversas dúvidas que possam surgir.

Assim, este projeto surge no sentido de abranger um tema premente na conjuntura social atual (cada vez mais em voga) e também para o publico da farmácia, que engloba profissionais ligados às Forças Armadas Portuguesas (um público muito ligado ao exercício físico). É objetivo introduzir informação especifica relativa à suplementação alimentar com objetivos estéticos e desportivos dos principais produtos consumidos, apresentando os seus diferentes mecanismos, precauções e, principalmente, tentar preparar a equipa para possíveis questões neste âmbito.

3.2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 3.2.1. REALIDADE DO CONSUMO

Segundo a Diretiva 2002/46/ce do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de junho de 2002, suplementos alimentares são definidos como “géneros alimentícios que se destinam a complementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinados nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico, estremes ou combinados, comercializados em forma doseada, ou seja, as formas de apresentação como cápsulas, pastilhas, comprimidos, pílulas e outras formas semelhantes, saquetas de pó, ampolas de líquido, frascos com conta-gotas e outras formas similares de líquidos ou pós que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade reduzida”. A definição atual de suplemento alimentar e a sua legislação associada, permite um mercado bastante abrangente, diversificado e de difícil controlo. Apesar de um renovado controlo após a publicação do Decreto-Lei n.o

118/2015 de 23 de junho, com medidas restruturadas, na minha opinião, ainda fica aquém do devido. A base científica continua a não ser sempre, nem objetivamente, exigida e por vezes assenta em estudos paralelos (15,16).

Toda esta liberdade na introdução do mercado, aliada à facilidade de obtenção, permitiu ao mercado emergir de forma abrupta. Cada vez mais plataformas, quer físicas quer online, comercializam este tipo de suplementos.

Dentro de toda a panóplia de opções direcionada ao desporto recreativo, suplementos à base de Proteína são os mais utilizados, representando 80,1% de prevalência dentro dos consumidores de suplementos. Dentro deste espetro, também os Branched-Chain Amino acids

(BCCA’s) representam 36,8%. Um número bastante significativo é também o da Creatina, em que praticamente um terço da população consumidora (28,4%) recorre a este suplemento (13). Os dados supra descritos vão ao encontro da conclusão retirada resultante de outro foco do

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estudo, que é o objetivo do consumo. Os suplementos mais utilizados dentro da população de atletas recreativos têm o objetivo de aumento da massa muscular, o que corresponde a 55,7%. Num foro mais perigoso, mas real, existem os esteroides anabolizantes androgénicos. Uma opção muito mais invasiva e perigosa que incluem a testosterona na forma natural e sintética. São utilizados em diversas condições médicas e, cada vez mais, em pessoas saudáveis com o objetivo de aumentar a massa muscular e diminuir a gordura corporal. Este tipo de drogas ganhou fama entre atletas de alta competição com o objetivo de melhorias na performance desportiva, mas atualmente, são os grupos de desportistas recreativos que representam o maior consumidor na busca de uma melhoria estética (17,18). (Em Portugal provavelmente esta transição deveu-se à restrita legislação antidopagem que não permite o uso destas substâncias descritas na Portaria nº326/2016.) É preocupante perceber que num estudo de meta-análise onde compilaram 271 estudos a nível mundial revelam que existem 3,3% de consumidores. Se analisarmos mais detalhadamente, percebemos que dentro do grupo de atletas recreativos existe uma percentagem de consumo de 18,4%. Já a percentagem de atletas profissionais consumidores é de 13,4% (18). Apesar de os dados não serem rigorosos, por estarem sujeitos a variadas condições, não deixa de ser preocupante o número de consumidores, principalmente no grupo de atletas recreativos, que tenham objetivos estéticos.

Com outro objetivo, mas no mesmo âmbito da procura de uma melhoria estética corporal, existem os suplementos com o objetivo de perda de gordura. Existe uma enorme lista de suplementos com este objetivo, como inibidores do apetite (ex.Glucomamano) e inibidores da absorção (ex.Extrato de feijão branco, Orlistato). Mas os suplementos mais utilizados para este efeito, segundo os dados das plataformas de venda destes, são os suplementos intitulados queimadores de gordura (19).

O mundo dos suplementos é muito abrangente e pouco linear. As categorias que serão abordadas englobam os suplementos desportivos (proteína e esteroides anabolizantes androgénicos) e de perda de gordura corporal (queimadores de gordura). São também os que acarretam maior cuidado no seu consumo, por isso são os mais prementes de estudo por parte dos farmacêuticos (13).

3.2.2. PROTEÍNA

3.2.2.1. PAPEL NO DESENVOLVIMENTO MUSCULAR

A hipertrofia muscular é mecanismo de adaptação importante para a sobrevivência humana e é particularmente interessante para atletas com o objetivo de aumentar a força e o volume muscular. Existe uma relação direta entre a hipertrofia muscular e o aumento da força (20).

O objetivo primordial da toma de um suplemento de proteína é o aumento da massa muscular esquelética. Muito resumidamente, este aumento é causado devido a uma hipertrofia das fibras musculares, antecedida por um processo inflamatório e de stresse metabólico. É causado por um estímulo, normalmente treino de resistência muscular. Em resposta a este estímulo, a ativação dos fatores de crescimento (eixo GH (Growth Hormone)/ IGF1 (Insulin Like Growth factor-1)) leva a que mecanismos de reparação sejam ativados (via PI3K/AKT/mTOR)

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que, em concomitância com um aporte nutricional suficiente (nomeadamente de aminoácidos), causam o aumento da síntese proteica para compensar a sua degradação (devido ao estímulo, existem microlesões que provocam a degradação proteica), elevando a quantidade de actina e miosina, as proteínas musculares. Isto provoca o aumento do tamanho da miofibrila, que aumentam o tamanho da fibra muscular e, consequentemente, do músculo esquelético(21).

O processo de hipertrofia das fibras musculares esqueléticas acontece quando a síntese proteica é superior à destruição (22). Caso o balanço seja contrário, irá acontecer a atrofia das fibras, resultando na diminuição da massa muscular esquelética. Um dos fatores mais importantes para fazer tender a balança é a quantidade de aminoácidos presente no sangue (aminoacidémia). Uma hiperaminoacidémia resulta no aumento da síntese proteica muscular e numa ligeira inibição da destruição (20). A toma de suplementos de proteína permite o fornecimento de aminoácidos essenciais e não essenciais, em quantidade suficiente, para responder a uma necessidade aumentada de síntese.

3.2.3. PROTEÍNA DE SORO DE LEITE

Dentro da suplementação proteica é importante perceber que existem diversos suplementos semelhantes (ex. Caseína, BCAA’s, Aminoácidos isolados). A mais consumida (segundo diversos sites de suplementação desportiva (23,24)) é sem dúvida a proteína de soro de leite (comumente designada de proteína whey).

A proteína whey é uma proteína de rápida absorção e hidrossolúvel. Caracteriza-se por ter uma grande influência no metabolismo do musculo esquelético por provocar uma elevada aminoacidémia pós-prandial (25). Nela estão presentes uma grande quantidade de aminoácidos essenciais e não essenciais. Normalmente é apresentada na forma de pó (25–28).

3.2.3.1. METABOLISMO

A digestão das proteínas começa no estômago, a pH ácido, desnaturando as proteínas, que são metabolizadas pela pepsina em polipéptidos mais pequenos. Já no intestino delgado, são libertadas hormonas digestivas (a secretina e a CCK (colecistocinina)) que estimulam o processo de digestão e consequente degradação dos polipéptidos. Elas estimulam a libertação de enzimas digestivas, pelo pâncreas, como a tripsina, a quimotripsina e a elastase. Juntas, quebram os polipéptidos em unidades mais elementares, os aminoácidos. Estes são absorvidos, onde serão transportados para suprir as diferentes necessidades, fundamentalmente síntese proteica ou, em casos de necessidade energética imediata, conversão em intermediários metabólicos com ação no ciclo de Krebs para a produção de ATP (acetil-CoA, acetoacil-CoA, piruvato, oxaloacetato ou α-cetoglutarato) (29).

Caso a presença de aminoácidos se encontre em excesso, não existe mecanismo de armazenamento direto, pelo que, ou serão transformados nos intermediários metabólicos supracitados para a produção de glicose, corpos cetónicos ou ácidos gordos, ou serão catabolizados em hidrocarbonetos e nitrogénio. O nitrogénio em grandes concentrações é um composto tóxico, pelo que tem de ser excretado. Encarregue deste processo encontra-se o ciclo da ureia através da combinação de dióxido de carbono com amónia, resultando em ureia e água. A ureia é posteriormente eliminada pelos rins, através na urina (29).

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3.2.3.2. DOSE

Um suplemento será sempre um suplemento e não deve substituir uma alimentação saudável. No então, e seguindo o sentido lato da palavra, os suplementos podem e devem ser utilizados para complementar a dieta conforme o objetivo. Caso o regime alimentar não consiga suprir as necessidades nutricionais, o suplemento é uma boa alternativa para equilibrar. No caso da proteína diária, um adulto que não tenha objetivos desportivos ou estéticos, deve consumir no mínimo 0,8g/kg/dia para compensar a necessidade indispensável de aminoácidos e prevenir a atrofia muscular (30). Já no prisma de um atleta recreativo o cenário é bem diferente. Caso tenha como objetivo o aumento da massa muscular, diversos estudos apontam um valor mínimo necessário de 1,6g/kg/dia. Este valor corresponde ao valor mínimo para otimizar o aporte nutricional e maximizar o processo anabólico. Quanto ao limite superior surge o valor de 2,2g/kg/dia. Isto significa que acima deste valor não foram demonstradas mais valias quando falamos do aumento de massa muscular (31,32).

3.2.3.3. PERIGOS DO CONSUMO

A popularidade da suplementação proteica aumentou consideravelmente. Junto, perpetuaram-se diversas dúvidas sobre os riscos associados à toma do suplemento em indivíduos saudáveis. Dentro de muitas, o deterioramento ósseo, da função renal e hepática, processos inflamatórios, doenças cardiovasculares e risco de cancro são as que tomam maior proporção. Apesar de todas estas dúvidas e debates, diversos estudos apresentam dados a refutar estas questões (30,33–36). Por outro lado, quanto à toma de proteína whey é sugerido que pode causar náusea, fadiga, vómitos, diarreia e outros problemas digestivos (30,33–36).

Quanto à função renal, foi realizado um estudo de meta-análise de 40 estudos de revisão. A conclusão foi que uma dieta hiperproteica aumenta a taxa de filtração glomerular (TFG) (há maior quantidade de nitrogénio para ser excretado). Apesar de ser um parâmetro de prognóstico de algumas doenças (ex. diabetes), neste caso concluíram que o aumento resulta de um normal mecanismo de adaptação. Esse estudo conclui que a dieta hiperproteica não afeta negativamente a função renal em indivíduos saudáveis (30,33,37).

Relativamente ao perigo do consumo, a conclusão assenta na não evidência de efeitos nefastos associados à proteína whey. Apesar disto, caso o consumidor apresente precedentes patológicos, a toma deve ser sempre acompanhada por profissionais.

3.2.4. ESTEROIDES ANABOLIZANTES ANDROGÉNICOS

Comumente denominados apenas como “esteroides”, os Esteroides Anabolizantes androgénicos (EAA), são derivados sintéticos da testosterona. Cada vez mais têm ganho popularidade tanto no foro medicamentoso como no desenvolvimento muscular (38,39). A sua molécula mãe, a testosterona, é um derivado do colesterol. A sua regulação é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise que estimula a glândula pituitária através da hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH) que, por sua vez, estimula a secreção de hormona luteinizante (LH) e de hormona folículo-estimulante (FSH). Estas estimulam a síntese de testosterona a partir do colesterol (40).

Referências

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