• Nenhum resultado encontrado

Aula alteração contrato sociedade

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Aula alteração contrato sociedade"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Texto provisório - PBS 1/6 Direito Comercial e das Sociedades II (breves apontamentos para aulas teóricas) Os presentes apontamentos correspondem a meras notas soltas destinadas a guiar a exposição oral realizada nas aulas teóricas. Por isso, não substituem, de todo, o estudo dos manuais da especialidade que são essenciais para a compreensão global das questões. Os apontamentos são, por isso, apenas um pequeno guia, em tópicos desenvolvidos, do que foi falado.

A – Alterações ao contrato de sociedade B – Aumento de capital social

C – Redução do capital social D – Modificação do objecto social E - Fusão de sociedades

F – Cisão de sociedades

G – Transformação de sociedades

A – Alterações ao contrato de sociedade

Como temos vindo a observar, as sociedades comerciais são realidades móveis que se modificam ao longo do tempo porque precisam de se reinventar ou porque o comércio assim o exige.

Já vimos que todas as sociedades comerciais começam através da celebração de um contrato entre os sócios, o contrato de sociedade. A respeito do contrato de sociedade, é preciso analisar o conteúdo do art. 7.º da Lei das Sociedades Comerciais (LSC) e os artigos 911.º e 913.º do Código Civil (CC).

Vejam que o artigo 913.º estabelece que as alterações do contrato requerem o acordo de todos os sócios, excepto se o próprio contrato o dispensar. Recordam-se do artigo 341.º do Código Civil que prevê que os contratos devem ser pontualmente cumpridos e que só podem ser modificados ou extintos por mútuo consentimento dos contraentes ou nos casos previstos pela lei?

É o contrato de sociedade que forma a sociedade comercial, não há dúvidas sobre este aspecto. No entanto, já vimos que a sociedade comercial funciona como uma entidade autónoma, onde os sócios se limitam a ocupar o órgão deliberativo, a assembleia geral. No entanto, a sociedade está baseada num contrato feito pelos sócios. Como é que se conseguem harmonizar estes dois interesses?

O Direito das Sociedades faz um compromisso entre a natureza autónoma da sociedade e a sua origem contratual, ou seja, permite a alteração do contrato de sociedade pela própria sociedade, recorrendo ao órgão representativo dos sócios, sem que seja necessário que todos os sócios prestem o seu consentimento. É um claro compromisso entre o carácter contratual e institucional da sociedade.

(2)

Texto provisório - PBS 2/6

Prevê o art. 89.º da LSC que compete aos sócios deliberar sobre as alterações dos estatutos da sociedade, salvo quando a lei disponha em sentido diverso. Uma excepção a este regime está plasmada no artigo 9.º, n.º2 da LSC, que permite a modificação da sede social mediante decisão da administração.

As matérias de alteração do contrato de sociedade estão previstas, para além de normas dispersas, no art. 43.º, al. e) da LSC: compete à Assembleia Geral deliberar sobre a alteração do contrato de sociedade. Ainda em sede de sociedades por quotas, essa competência é reforçada pelo art. 210.º, al. a) LSC.

No que respeita a maiorias para alteração dos estatutos, estabelece o art. 52.º da LSC que o regime jurídico de cada tipo societário deve regular essa matéria. Assim é: as maiorias para alteração do contrato de sociedade variam consoante estejamos perante uma sociedade por quotas ou uma sociedade anónima conforme abaixo se mostra:

EM MATÉRIA DE ALTERAÇÃO DE CONTRATO DE SOCIEDADE Sociedade por quotas Sociedade anónima

Artigo Art.º 52 + art. 211.º, al. a) Art.º 52 + art. 282.º, n.º3 Maioria

exigida Votos favoráveis de, pelo menos, dois terços do capital social. Quórum constitutivo: presentes, pelo menos, um terço do capital social.

Quórum deliberativo: votos favoráveis

de, pelo menos, dois terços do capital presente ou representado na assembleia geral. Se a deliberação for feita em segunda convocatória, não é exigido qualquer quórum constitutivo.

As questões que conduzem à modificação do contrato de sociedade sofrem alguma especialização material, tratando a Lei de as regular isoladamente. Por esse motivo, veremos de seguida o aumento de capital, a redução do capital social, a modificação do objecto social, a fusão de sociedades, a cisão de sociedades e, por fim, a transformação de sociedades.

B – Aumento do capital social

Uma deliberação de aumento de capital consiste na decisão colectiva, realizada pelos sócios reunidos em Assembleia Geral, destinada a aumentar o capital social da sociedade comercial. Os sócios podem deliberar o aumento do capital social pelas razões que pretenderem, sendo usualmente originados por necessidades da sociedade em obter capital, para realizar investimento ou em sede de reestruturações da sociedade.

O aumento de capital pode ser realizado através de dois modelos diferentes, um assente na incorporação de reservas e outro tendo por base a realização de novas entradas. Recorde-se

(3)

Texto provisório - PBS 3/6

que as reservas são valores em dinheiro mantidos na empresa em cumprimento de norma legal, em cumprimento de norma estatutária ou por vontade dos sócios. Havendo esse excedente, os sócios podem deliberar a sua incorporação na sociedade, transformando a reserva em capital social.

No entanto, não pode ser deliberado um aumento de capital enquanto o capital social definido ainda não esteja integralmente realizado (art. 90.º, n.º2).

Nos aumentos de capital por realização de novas entradas, os sócios ou terceiros interessados em assumir a posição de sócios realizarão novas entradas de capital na sociedade, adquirindo novas participações sociais.

Nos diferentes tipos societários existem regras específicas em caso de aumento capital. A este respeito veja-se o art. 192.º para as sociedade por quotas (direito de preferência no aumento de capital) e art. 298.º nas sociedades anónimas (direito de preferência dos accionistas no aumento de capital).

A lei impõe à deliberação que aprova o aumento de capital o cumprimento de alguns requisitos – art. 91.º - , nomeadamente que mencione;

a) A modalidade e o montante do aumento de capital; b) O valor nominal das novas participações sociais;

c) Os prazos para a realização das participações de capital decorrentes do aumento; d) As reservas a incorporar, se o aumento do capital for por incorporação de reservas;

e) Se no aumento apenas participam os sócios e em que termos, ou se aquele será aberto a terceiros, nomeadamente com recurso a subscrição pública;

f) Se são criadas novas quotas ou acções ou se é aumentado o valor nominal das existentes.

C – Redução do capital social

A redução do capital social encontra-se prevista nos arts. 94.º a 99.º da LSC destinando.se a proceder a uma diminuição do valor nominal do capital social de uma qualquer sociedade comercial.

A deliberação de redução do capital social pertence aos sócios reunidos em Assembleia Geral, devendo essa deliberação explicar os motivos que conduziram à decisão de reduzir o capital social e quais os efeitos que daí resultam. Normalmente, as reduções de capital social são realizadas para responder por perdas da sociedade ou para libertar capital em excesso.Por isso, a deliberação deve esclarecer, para além das razões da redução, o que acontece às participações sociais, isto é, se há extinção de alguma participação social ou se é reduzido o valor nominal das participações sociais (art. 94.º, n.º2).

Quando a redução não seja motivada pelas perdas da sociedade, a sociedade só pode decidir reduzir o seu capital social quando a situação líquida da sociedade exceder a soma do capital social, da reserva legal e das reservas estatutárias obrigatórias em, pelo menos, 20%. O cumprimento deste requisito é demonstrado por meio de relatório realizado por auditor ou sociedade de auditores de contas (art. 94.º, n.º2). A situação líquida da sociedade corresponde ao valor do seu activo (bens).

(4)

Texto provisório - PBS 4/6

A propósito da redução de capital social, a lei tutela os credores, permitindo-lhes exigir a prestação de garantias (art. 97.º). Assim é quando os créditos se tenham constituído antes de publicada a deliberação de redução, o crédito não esteja vencido e, por isso, ainda não é exigível.

D – Modificação do objecto social

A modificação do objecto social corresponde a uma alteração da actividade ou actividades através das quais a sociedade se propõe a atingir a sua finalidade, a obtenção de lucro para os seus sócios. A este respeito, aplica-se a regra geral de direito das sociedades, a qual atribui aos sócios a competência para deliberar sobre essa alteração ao contrato de sociedade.

No entanto, a lei estabelece um regime tutelador dos sócios e dos credores quando a modificação ocorrida seja essencial (ou seja, na parte mais relevante da actividade) ou quando ocorra uma mudança total da actividade da sociedade.

Caso se verifique uma destas situações, os credores podem, ao abrigo do art. 100.º e no prazo de 30 dias contados a partir do registo da deliberação, exigir o vencimento antecipado dos seus créditos, salvo se existir acordo em sentido contrário.

Relativamente aos sócios essas regras podem encontrar-se estabelecidas no contrato de sociedade parte especial da Lei , para cada tipo societário. Por exemplo, no âmbito das sociedades por quotas, o sócio pode exonerar-se (deixar de ser sócio, recebendo o valor da sua participação social), nos termos do art. 201.º, n.º1, al. b) se se verificar, contra o seu voto, uma modificação do objecto com esta amplitude.

E – Fusão de sociedades

A fusão entre sociedades consiste no procedimento mediante o qual duas ou mais sociedades, ainda que tipo diverso, se fundem numa só. O regime jurídico da fusão está previsto nos arts. 101.º e ss da LSC, encontrando-se ainda algumas normas avulsas ao longo da Lei (nomeadamente na parte especial, no âmbito das sociedades por quotas e das sociedades anónimas).

As fusões podem ser realizadas de acordo com os seguintes tipos (art. 101.º, n.º2): 1. Por transferência global do património de uma ou mais sociedades para outra e

atribuição aos sócios daquelas de quotas ou acções desta;

Através deste tipo de fusão, a sociedade A integra-se na sociedade B, passando os sócios da sociedade A a terem participação social na sociedade B. O património da sociedade A é transferido para a sociedade B.

2. Por meio de constituição de nova sociedade, para a qual se transferem globalmente os patrimónios das sociedades fundidas,sendo aos sócios destas atribuídas partes, acções ou quotas da nova sociedade.

Neste modelo, a sociedade A e a sociedade B decidem juntar o património, constituindo a sociedade C. Os patrimónios de A e B integram-se na sociedade C, criada para o efeito, deixando de existir autonomamente.Os sócios de A e os sócios de B passam a ser sócios de C.

A competência para decidir acerca da realização de fusões é assembleia geral da sociedade, nos termos do art. 43.º, al.g). No entanto, a iniciativa para a fusão é das

(5)

Texto provisório - PBS 5/6

administrações das sociedades a fundir, as quais devem elaborar em conjunto o projecto de fusão (art. 102.º, n.º1 e 294.º, n.º2, al. g( para as sociedades anónimas). Este projecto de fusão – o qual deve conter todos os elementos constantes das alíneas do n.º1 do art 102.º, é realizado pelas administrações e apresentado aos sócios de ambas as sociedades, após fiscalização por parte do conselho fiscal ou auditor de contas (art. 103.º). Depois de efectuado, o projecto de fusão é levado a registo (art. 3.º, n.º1, al. o) do Código de Registo Comercial), sendo convocada a assembleia geral de ambas as sociedades para deliberar sobre o projecto de fusão (art. 104.º, n.º1). É garantido aos interessados o acesso e consulta dos documentos (art. 105.º). O projecto de fusão que for levado à assembleia geral é exactamente igual, não podendo ser sujeito a qualquer modificação por parte dos sócios, ou tal facto originará o reinício do procedimento: os sócios só podem aceitar ou rejeitar a fusão, sendo que qualquer pedido de modificação equivale, na verdade, a uma rejeição (art. 106.º).

A deliberação é realizada nos termos previstos para cada tipo societário, sendo necessário obter o consentimento de alguns sócios quando a fusão os possa prejudicar (art. 107.º). Relativamente às maiorias, são definidas de acordo com o tipo societário (art. 107.º, n.º1), a saber:

- sociedade por quotas: art. 210.º, al. j); - sociedade anónima: art. 282, n.º3.

Uma vez aprovada a fusão e levada a registo, produzem-se os seguintes efeitos (art. 116.º):

a) Extinção das sociedades incorporadas ou das sociedades fundidas, conforme a modalidade de fusão;

b) Os sócios das sociedades extintas tornam-se sócios da sociedade incorporante ou da nova sociedade.

Por fim, alerta-se para o regime especial de nulidade da fusão (art. 121.º): a declaração de nulidade da fusão apenas pode ser fundada na falta de documento ou na prévia declaração de nulidade ou anulação de alguma deliberação das assembleias gerais das sociedades. Todavia, esse pedido só pode ser formulado no prazo máximo de seis meses após a publicação da fusão registada ou da publicação da sentença transitada em julgado que declare nula ou anule alguma deliberação.

F – Cisão de sociedades

A cisão é o procedimento e conjunto de actos mediante os quais uma sociedade destaca parte do seu património para constituir com ele outra sociedade (cisão simples), dissolve-se e constitui uma nova sociedade com uma das partes resultantes da divisão ou pelo qual destaca partes do seu património (cisão-dissolução) ou dissolver-se, dividindo o seu património em duas ou mais partes, para as fundir com sociedades já existentes ou com partes do património de outras sociedades, separadas por idênticos processos e com igual finalidade (cisão-fusão) - art.122.º, n.º1.

As cisões podem assumir as seguintes modalidades, acima caracterizadas.: a) Cisão simples; - art. 127.º a 129.º;

b) Cisão-dissolução; art. 130.º a a 132.º c) Cisão-fusão – art. 133.º a 135.º.

Para que se realize a cisão, é necessário que a sociedade elabore um projecto de cisão, em moldes semelhantes ao projecto de fusão. A este respeito, vejam-se os requisitos impostos pelo art. 123.º.

(6)

Texto provisório - PBS 6/6

À cisão de sociedades é aplicável o regime da fusão, nos termos do art. 124.º. Por conseguinte, havendo lugar a uma cisão, temos de observar com especial cuidado o regime da fusão de sociedades, com as necessárias modificações.

G – Transformação de sociedades

A transformação de uma sociedade é o procedimento através do qual uma sociedade adopta um tipo societário diferente daquele que detinha originalmente. Ao abrigo do princípio do numerum clausus de tipos societários, quem pretender constituir uma sociedade comercial tem de seleccionar um dos tipos disponibilizados pela lei. No entanto, desde que cumpridos alguns pressupostos, a lei permite que os sócios decidam modificar o tipo da sociedade, transformando, por exemplo, uma sociedade anónima em sociedade por quotas, uma sociedade por quotas em sociedade unipessoal por quotas, mantendo a personalidade jurídica originária.

A competência para decidir a transformação está atribuída aos sócios reunidos em assembleia geral, nos termos do art. 43.º, al. g) e, adicionalmente, art. 210.º, al. j) para as sociedades por quotas e art. 294.º, n.º2, al. g) a contrario senso para as sociedades anónimas (isto é, se cabe ao conselho de administração deliberar sobre o projecto de transformação, é aos sócios que cabe deliberar sobre esse projecto de transformação). As maiorias exigidas à assembleia geral para alterar o tipo societário também variam consoante o tipo societário: art. 282.º, n.º3 para as sociedades anónimas, art. 211.º, al. a) para as sociedades por quotas.

O regime da transformação está previsto, no essencial, nos arts. 136.º a 143.º da LSC. Neste, esclarece a Lei que:

1. Não pode ser deliberada a transformação se não estiver totalmente realizado o capital social;

2. O balanco da transformação demonstrar que o património líquido (valor dos bens da sociedade) é inferior ao capital social;

3. Se existirem obrigações convertíveis em acções emitidas, não pode a sociedade ser transformada enquanto as acções não estiverem integralmente reembolsadas

Para que a transformação seja convenientemente preparada, a lei obriga que a administração prepare um relatório, o balanço da transformação e o projecto de estatutos (art. 138.º). Estes elementos têm de ser apresentados aos sócios reunidos em assembleia geral para que estes deliberem, em primeiro lugar, a aprovação do balanço e, de seguida, a transformação da sociedade e os novos estatutos (art. 139.º).

A transformação não tem como efeito alterar a proporção da participação social dos sócios, salvo haja acordo em sentido contrário. De igual modo, a transformação não pode ser um meio para eliminar direitos especiais, salvo se o sócio titular de direitos especiais consinta na eliminação ou diminuição do seu direito especial (arts. 139.º, n.º2 e art. 141.º, n.º1).

Se algum dos sócios votar contra a transformação da sociedade, este tem direito a exonerar-se da sociedade, devendo fazê-lo por escrito nos 30 dias seguintes ao registo da transformação (art. 142.º).

Referências

Documentos relacionados

A fim de preparar a solução de problemas industriais, devemos modificar as condições de processo, ou seja, entre dois pontos do processo exigimos que se eleve o

A Psicologia, por sua vez, seguiu sua trajetória também modificando sua visão de homem e fugindo do paradigma da ciência clássica. Ampliou sua atuação para além da

Resumo: O presente relato apresenta as principais atividades e desafios de um embedded librarian, ou bibliotecário integrado, junto aos diversos grupos envolvidos nos processos

Para analisar e registrar a presença dos caracóis no município diversas saídas de campo foram realizadas nos principais bairros da Cidade, buscando sempre esses

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

A primeira diz respeito ao valor médio absoluto do desenvolvimento repetido da força realizada, enquanto a segunda pode definir-se como a capacidade do atleta se

Nesse  passo,  mesmo  que  a  decisão  combatida  tenha  se  subsumido  na 

Resumo: trata-se de uma exposição teórico- metodológica da oficina sobre Mulheres e religião, que ocorreu durante a Semana de Filosofia da UnB.