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O contributo do programa “Horta à Porta” da LIPOR, para a definição de um modelo desenhado de hortas urbanas

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Academic year: 2021

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Dissertação de Mestrado apresentada para o efeito de obtenção do grau de Mestre em Arquitetura Paisagista, de acordo com o disposto no Decreto de

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

O contributo do Programa “Horta à Porta” da LIPOR, para a definição de um

modelo desenhado de Hortas Urbanas

Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista

Maria Inês Leal de Sousa

Orientador: Professor Auxiliar Convidado Frederico Meireles Alves Rodrigues Co-orientação: Professora auxiliar convidada Laura Roldão e Costa

Composição do Júri:

Presidente: Doutora Paula Maria Seixas de Oliveira Arnaldo, professora auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Vogais: Frederico Meireles Alves Rodrigues, professor auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Isabel Maria Henriques Martinho da Silva, professora auxiliar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

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A

GRADECIMENTOS

Ao concluir a dissertação de mestrado gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para a sua preparação, realização e conclusão.

Ao meu orientador, o Professor Frederico Meireles, é à minha coorientadora, a Professora Laura Roldão Costa, pelo incentivo, disponibilidade e interesse no desenvolvimento desta dissertação. A eles um especial agradecimento não só pelo apoio prestado durante a realização desta dissertação, mas também pelos conhecimentos, inspiração e amizade transmitidos ao longo do meu percurso académico.

À professora Sandra Costa, pelo apoio dado sempre que solicitado.

À LIPOR, agradeço a oportunidade e confiança de aceitarem o desenvolvimento desta dissertação. Agradeço nomeadamente à Engenheira Benedita Chaves, e Isabel Cabral pela disponibilidade e interesse demonstrado.

Agradeço aos meus companheiros que me acompanharam durante a vida académica. Aos colegas que se tornaram amigos, e aos amigos que se tornaram família. Um obrigado especial à Bianca, Lina e Mariana, por estarem comigo nesta etapa com altos e baixos, mas que de certa modo contribuíram para que tudo fique guardado no coração com saudade.

Não podia deixar de referir, as pessoas que sempre se mostraram disponíveis para aumentar os meus conhecimentos e sempre deram um impulso para me tornar uma melhor pessoa. Nelson, Ricardo e Rui, este agradecimento é para vocês.

Aos meus amigos de sempre e para sempre, Ana Sofia, Débora, Filipe, Inês, Joana, Liliana, Marlene, Tânia e Tiago, agradeço o facto de fazerem parte de mim. São as minhas pessoas.

Ao Sérgio, agradeço a paciência, a amizade, a confiança, persistência, motivação… Obrigado por acreditares em mim e viveres no meu coração. Sem ti nunca teria conseguido.

À Alice, por ser um apoio inexplicável, que me dá força com o seu pequenino e terno abraço. Por fim agradeço aos meus pais, Luciano e São, porque sem eles nada disto seria possível. Agradeço todo o esforço usado para que eu me tornasse o que sou, por toda a compreensão, sacrifício, e amor sentido e demonstrado. Obrigado por serem quem são e me tornarem no que sou.

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RESUMO

As hortas urbanas representam uma contribuição única para o espaço urbano uma vez que constituem não só uma forma de suprimir dificuldades económicas mas também ocupação recreativa e restaurativa.

Com esta dissertação pretende demonstrar-se a importância e especificidade das Hortas urbanas nos diferentes contextos urbanos, e sintetizar modelos concetuais aplicáveis à região do Grande Porto.

Com vista à síntese dos modelos estudou-se as Hortas do Projeto “Horta à Porta “da LIPOR – Porto, desenvolveu-se uma metodologia de trabalho que permite a obtenção de parâmetros de avaliação das hortas do Projeto Horta à Porta, alvo de inventário e levantamento de campo. Na análise foram consideradas 21 hortas com diferentes contextos urbanos, tipologias e configuração espacial, e foram encontrados quer os elementos comuns, que ocorrem de acordo com um padrão, quer os elementos específicos.

Como resultado, foi possível definir dois modelos para as Hortas do Grande Porto, considerando o contexto urbano, e integrando componentes como a qualidade estética, os aspetos funcionais e ecológicos e a estrutura e organização espacial adequada às necessidades dos utilizadores. Este resultado ajuda a sustentar como as paisagens urbanas produtivas podem ser sustentáveis e visualmente atrativas.

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ABSTRACT

Urban allotment gardens (UAG) represent a unique contribution to the city, since they are not only a way to suppress economic difficulties, but also to provide recreation and restoration.

This master thesis in landscape architecture aims to demonstrate the importance and specificity of UAG in different urban contexts, and to create conceptual models adjusted to the context of Grater Porto region, in Portugal.

For this synthesis, the "Horta à Porta" UAG programme, by LIPOR - Porto, the methodology encompassed methods of survey, inventory and evaluation of the allotments, based on a set of parameters. 21 UAG, presenting different urban contexts, spatial configuration and typologies, were considered in the study, and were found both the common elements, which occur according to a pattern, and the specific elements.

As a result, it was possible to generate two models for the UAG of Grater Porto, considering its urban context, and integrating components such as the aesthetic quality, functional and ecological aspects and structure and the spatial organization, adjusted to users’ needs. This result helps to sustain that productive urban landscapes can also be sustainable and visually attractive.

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ÍNDICE DE CONTEÚDOS

RESUMO ... v ABSTRACT ... vii ÍNDICE DE CONTEÚDOS ... ix ÍNDICE DE FIGURAS ... xi

ÍNDICE DE TABELAS ... xviii

ABREVIATURAS ... xviii

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ... 1

1.1.Tema, âmbito e objetivos da dissertação ... 2

1.2. Metodologia e organização da dissertação ... 3

1.3. Estrutura da dissertação ... 5

CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA – HORTAS URBANAS ... 6

2.1. A agricultura (urbana) em espaços urbanos da cidade ... 7

2.2. Hortas Urbanas – espaços de agricultura urbana ... 11

A importância das Hortas Urbanas como espaços verdes urbanos ... 14

2.4. Evolução Histórica - Mundial ... 18

A realidade portuguesa – origem e evolução ... 25

CAPÍTULO 3 - CASOS DE ESTUDO ... 30

3.1. Caso de estudo e definição da metodologia adotada para análise do Projeto Horta à Porta... 31

3.2. Hortas Urbanas no Reino Unido ... 34

Walsall Road Allotements – Birmingham allotment gardens ... 38

Queen Elizabeth Hall Roof Garden ... 44

3.3. Hortas Urbanas na Dinamarca ... 49

De Runde Haver - Nærum Allotment Gardens ... 52

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Kleingartenverein Dr. Schreber e.V... 61

Prinzessinnengarten, Berlin ... 68

3.5. Notas conclusivas dos casos de estudo ... 74

3.6. Discussão – (linhas de avaliação retiradas) ... 76

CAPÍTULO 4 CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO PROJETO HORTA À PORTA ... 80

4.1. Horta à Porta – Hortas biológicas da região do Porto ... 81

4.2. Resultados da caracterização e avaliação das hortas do Projeto Horta à Porta ... 128

Notas conclusivas ... 134

4.3. Discussão final – comparação entre casos de estudo e hortas do Projeto Horta à Porta ... 136

CAPÍTULO 5 DEFINIÇÃO DO MODELO E PROPOSTAS TIPO ...

141

5.1. Estratégia a aplicar na criação de modelos desenhados de Hortas Urbanas ... 142

5.2. Diagramas conceptuais para desenhar Hortas Urbanas em AUC e AUP. ... 144

5.3. Objetivos e programa de intervenção ... 145

5. 4. Aplicação dos modelos ... 146

Proposta da aplicação do modelo à Horta da Lada ... 148

Proposta da aplicação do modelo à Horta de Leça da Palmeira ... 153

Proposta da aplicação do modelo à Horta de Crestins ... 157

CAPÍTULO 6 CONCLUSÃO ... 162

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 165

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Organigrama metodológico. Fonte: Autor, 2013.. ... 4 Figura 2 – Imagem exemplificativa da relação entre a agricultura e as cidades. Com a sedentarização o homem fixa-se e começam a cultivar para se autoabastecer; Mesmo quando se desenvolveram as muralhas para proteção das cidades os espaços de cultivo localizavam-se nas periferias das mesma e em alguns jardins dentro das muralhas (hortus conclusos) e das propriedades dos nobres e monarcas. Com o passar dos tempos os espaços verdes de cultivo adquirem um forte caráter de lazer, mas sempre com associação ao cultivo. Com a revolução industrial a agricultura tomou novas proporções uma vez que a necessidade de alimentar as populações cada vez mais numerosas dentro das cidades. Fonte: a: http://apomorfia.blogspot.pt/; b: Matos 2010: 107; c: http://mariac457.blogspot.pt/; d: http://hplusmagazine.com/; e:www.lejardin-fengshui.com; f: http://bookdome.com; g: http://fantasticjournal.blogspot.pt/... ... 7 Figura 3 - Gary Comer Youth Center : Telhado verde com uso produtivo. Produção de alimentos e educação de mãos dadas. Em locais onde a produção ao nível do solo pode atrair atenção indesejada ou ser vandalizada, os telhados verdes podem oferecer uma solução interessante para espaços produção seguros. O Gary Comer Youth Center é um exemplo. Nele os benefícios de um espaço protegido (telhado) foram explorados de modo a criar um projeto único e belo. Fonte: Gorgolewski et al. (2011:13).. ... 10 Figura 4 - Classificação das hortas urbanas segundo os seus vários propósitos, funções e contexto. 2013. Fonte: Rodrigues et al. (2013b) ... 13 Figura 5 – Tipo de espaços urbanos segundo o tipo dos seus espaços verdes. Adaptado de Arosemena 2012 15 Figura 6 – Processo de reutilização de resíduos para aplicação de matérias nos espaços verdes produtivos, nomeadamente Hortas Urbanas. Adaptado de Arosemena 2012. ... 15 Figura 7 – “Leisure Garden”- Já em 1975, em Birmingham, foram realizadas propostas para modernização das Hortas Urbanas, tornando-as em espaços de recreio e lazer. O modelo “Leisure Garden”, desenvolvido em Russell Road é um desses exemplos. Fonte: http://www.libraryofbirmingham.com/. ... 17 Figura 8 - Cartazes alusivos da campanha Dig for Victory. Fonte: http://www.boltonswar.org.uk/. ... 18 Figura 9 - a: Hortas urbanas junto da Tower Bridge, Londres 1939–1945; b: Clapham Common, Londres, 1939– 1945. Fonte: Howe et. al. (2005). ... 19 Figura 10 - a: Horta urbana ou comunitária, Nova Iorque, 1944; b: Horta urbana, Queen, Nova Iorque, 1944; c: Hortas urbanas numa cobertura Nova Iorque, 1943. Fonte: http://sidewalksprouts.wordpress.com/history/wwii/. 20 Figura 11 – Hortas Urbanas na Alemanha: dois exemplos de diferentes formas de organizar estes espaços de cultivo. a- Colonia de Hortas Urbanas Dr. Scherber e. V., em Leipzig- Vista área. (Fonte: Google maps); b- Organização de uma parcela dentro da colonia Dr. Scherber e.V. (Fonte: http://www.leipzig.de); c - Allmende Kontor, Tempelhof Berlin: Antigo aeroporto de Berlin reaproveitado para produzir e ao mesmo tempo ser um espaço de jardim. Fonte: http://www.sounds-like-me.com/. ... 22 Figura 12 – Associação de Hortas Urbanas em Poznan, Polónia. Fonte: Autor 2013. ... 23

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Figura 13 – Herttoniemen: Associação de Hortas Urbanas em Helsínquia, Finlândia.Fonte: http://www.rky.fi.. .. 23 Figura 14 - Vista aérea da colonia de Hortas Urbanas, na Dinamarca – Brondbyernes Haveby. Fonte: http://www.globe.dk.. ... 23 Figura 15 – Hortas Urbanas na Grécia, onde só em 2012 começaram a dar os primeiros passos. Fonte: Tsiambaos 2013. ... 24 Figura 16 – Horta Urbana no Funchal. Fonte: http://www1.cm-funchal.pt/.. ... 28 Figura 17 – Hortas urbanas em Cascais – Outeiro de Polima, 2010. Fonte: http://www.hortasdecascais.org/.. .. 28 Figura 18 – Hortas Urbanas no Parque da Quinta da Granja, Lisboa. Fonte: http://www.cm-lisboa.pt/.. ... 29 Figura 19 - Parque hortícola de Tellheiras, Lisboa. Fonte: http://www.cm-lisboa.pt/. ... 29 Figura 20 – Horta Pedagógica de Guimarães... ... 29 Figura 21 - Allotments junta à Fryston Colliery (fábrica de cerâmica). 1870-1890. Fonte: http://www.castlefordheritagetrust.org.uk/ ... 34 Figura 22 - Vila de Helpston, Peterborough antes e depois do processo de The enclouser of the commons. 1809. Fonte: http://www.thelandmagazine.org.uk. ... 35 Figura 23 – a: Criação de Hortas Urbanas num local atingido por uma bomba em período de Guerra. Londres, Inglaterra, 1942. Fonte: http://www.iwm.org.uk/; b: Diferentes peças da legislação inglesa sobre Hortas Urbanas. Fonte: Parlamento Inglês (2013). ... 37 Figura 24 – Vista para a entrada da Associação de Hortas WRA. Fonte: http://growit.btck.co.uk. ... 40 Figura 25 - a: Abrigo de materiais individual; b: Sanitários; c: Cozinha comunitária; e: Fontanário; f: Estufa; g: Voluntários a fazer a manutenção do local; h: Produtos cultivados; i: Atividades na horta. Fonte: http://growit.btck.co.uk/. ... 42 Figura 26 - Diagrama concetual da organização estrutural e tipológica da Associação de Hortas Urbanas WRA. Fonte: Autor 2013. ... 43 Figura 27 - a: Pérgola que dá acesso ao centro do edifício. Fonte: http://www.crowders.co.uk/; b: Estufa e abrigo. Fonte: //www.facebook.com/southbankcentre; c: Equipa Grounded na manutenção do espaço. //www.facebook.com/southbankcentre; d: Área relvada, e ao fundo a esplanada junto ao café/bar. Fonte: http://alexloves.com/.; e: Vista geral sobre QEHRG. Fonte: http://www.fritzhaeg.com/. ... 47 Figura 28 - Diagrama concetual da organização estrutural e tipológica do Queen Elizabeth Hall Roof Garden. Fonte: Autor 2013 ... 48 Figura 29 – Família reunida na horta, em Aalborg, período entre 1920-1925. Fonte: https://www.flickr.com.. .... 49 Figura 30 – Selos comemorativos do surgimento das Hortas Urbanas Dinamarquesas. Demonstrativos da expressão significativa que estes espaços têm na cultura deste país. 2008. Fonte: http://www.cityfarmer.info/-. 51 Figura 31 – Vista área sobre a Associação e a sua envolvente. Fonte: http://www.vulgare.net/... 54 Figura 32 - a: Modelos globais de parcelas possíveis de aplicar. Esquiços deixados pelo projetista para a Associação; b: Interior das parcelas individuais; c: Edifício comum; d: Atividade realizadas em comunidade; e: Vista sobre uma das parcelas individuais. Fonte: http://www.derundehaver.dk. ... 56

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Figura 33 – Diagrama concetual da organização estrutural e tipológica De Runde Haver. Fonte: Autor 2013 .... 57 Figura 34 – Espaços destinadas ao recreio das crianças e posterior ocupação das famílias como cultivo. 1864-1870. Fonte: http://www.bunkahle.com/.. ... 58 Figura 35 – a: Ocupação das parcelas de hortas junto dos espaços fabris. Século XIX. Fonte: http://www.kleingarten-bund.de/; b: População a cultivar junto do Parlamento Alemão, após a destruição por uma bomba. 1946. Fonte: http://www.ipernity.com/. ... 59 Figura 36 – a: lustração de crianças na área de recreio infantil com supervisor. Fonte: http://schreber-leipzig.de/; b: Cartaz de promoção da Associação. Fonte: http://schreber-leipzig.de/; c: Inserção no contexto urbano

aquando a sua implementação, à direita, e na atualidade, à esquerda. Fonte:

http://www.derdieckmann.de/archives/2045; d: Desenho em planta do desenvolvimento da Associação em torno da área infantil, 1894. Fonte: http://www.aba-fachverband.org/index.php?id=1319. ... 62 Figura 37 - a: Abrigos das parcelas presentes no Jardim. Fonte: http://schreber-leipzig.de/; b: Parque infantil existente na associação. Fonte: http://schreber-leipzig.de/; c:Vista sobre a área central da Associação – Museu e área infantil. Fonte: http://schreber-leipzig.de/; d: Interior de uma parcela. Fonte: http://schreber-leipzig.de/; Organização formal de uma parcela de individual. Fonte: http://www.leipzig.de/. ... 66 Figura 38 – Diagrama concetual da organização estrutural e tipológica Dr. Schreber e.V.. Fonte: Autor 2013 ... 67 Figura 39 - Vista sobre o espaço de cultivo e de lazer.2010. Fonte: http://prinzessinnengarten.net/. ... 70 Figura 40 - a: Biblioteca em contentor. Fonte: http://inhabitat.com/; b: Mercado da Associação. Fonte: http://inhabitat.com; c: Esplanada. Fonte: http://www.stockholmresilience.org/; d. Cultivo em caixas. Fonte: http://contorti.blogspot.pt/; e: Local destinado à apicultura. Fonte: http://prinzessinnengarten.net/; f: Cultivo em saco. Fonte: http://prinzessinnengarten.net/; g: Vista sobre a área. Fonte: http://prinzessinnengarten.net/; h: Bar. Fonte: http://placemanagementandbranding.files.wordpress.com/.. ... 72 Figura 41 – Diagrama concetual da organização estrutural e tipológica Prinzessinnengarten. Fonte: Autor 2013. ... 73 Figura 42 – Folheto de promoção e divulgação do Projeto Horta à Porta. Fonte: LIPOR 2013. ... 82 Figura 43 - Área de intervenção do projeto Horta à Porta. Fonte: Adaptado de LIPOR (2013) ... 82

Figura 44 - Horta de valência social: Quinta da gruta. Fonte:

http://sustentabilidadenaoepalavraeaccao.blogspot.pt ... 84 Figura 45 - Horta empresarial TecMaia. Fonte: Autor 2013. ... 84 Figura 46 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 86 Figura 47 - a: Parcelas de cultivo; b: vedações e entrada; c: abrigo de materiais e área de estadia. Fonte: Autor 2013 ... 86 Figura 48 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta Municipal de Aldoar. Fonte: Autor 2013 ... 87 Figura 49 – Vista geral sobre a Horta Municipal de Aldoar. Fonte: Autor 2013. ... 87 Figura 50 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 88

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Figura 51 – a: Área de receção da horta onde se encontram o abrigo de materiais, mesa e banco imediatamente ao lado; b: Pavimento que se encontra no único percurso da horta de Aldoar; c: Uma das parcelas de cultivo da horta, onde é possível observar a divisão feita dentro de cada área individual. Fonte: Autor 2013.. ... 88 Figura 52 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta de Aldoar. Fonte: Autor 2013. ... 89 Figura 53 – Vista geral da Horta de Aldoar. Fonte: Autor 2013. ... 89 Figura 54 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013. ... 90 Figura 55 - a: Parcelas de cultivo com pouca variedade de culturas; b: Abrigo de materiais presentes na Horta; c: Entrada para o espaço hortícola por entre dois edifícios. Fonte: Autor 2013. ... 90 Figura 56 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta TecMaia. Fonte: Autor 2013. ... 91 Figura 57 - Vista geral sobre o espaço hortícola. Fonte: Autor 2013... 91 Figura 58 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013. ... 92 Figura 59 - Abrigo de materiais e mobiliário que existe neste espaço; b: Limites das parcelas de cultivo, em corda e ripas de madeira; c: Estábulo destinado a animais, tais como galinhas e coelhos. Fonte: Autor 2013. ... 92 Figura 60 – Ilustração demostrativa das estruturas e elementos presentes na Horta CICCOPN. Fonte: Autor 2013.. ... 93 Figura 61 - Vista geral sobre o espaço hortícola. Fonte: Autor 2013... 93 Figura 62 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 94 Figura 63 - a: Materiais colocados na entrada da horta, uma vez que não existe abrigo de materiais; b: Limite de uma das parcelas feito através de vedação em rede; c: Parcela de cultivo. Fonte: Autor 2013. ... 94 Figura 64 - Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta ALADI. Fonte: Autor 2013. ... 95 Figura 65 – Vista geral sobre o espaço hortícola. Fonte: Autor 2013 ... 95 Figura 66 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013. ... 96 Figura 67 – a: Patamar inferior da horta; b: Patamar superior da horta; c: Abrigo de materiais presente no patamar superior e serve os dois patamares. Fonte: Autor 2013 ... 96 Figura 68 - Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta da Lada. Fonte: Autor 2013 ... 97 Figura 69 – Vista geral sobre a horta. Fonte: Autor 2013. ... 97 Figura 70 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013. ... 98 Figura 71 – a: Área de estadia e receção da horta; b: Materiais que limitam as parcelas; c: Organização e subdivisão das parcelas de cultivo. Fonte: Autor, 2013. ... 98 Figura 72 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta de Espinho. Fonte: Autor 2013. ... 99 Figura 73 - Vista geral sobre a horta. Fonte: Autor 2013 ... 99

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Figura 74 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013.. ... 100

Figura 75 - a: Área de enquadramento verde junto à entrada da horta; b: Abrigo de materiais presente nesta horta; c: Parcelas de cultivo organizadas por culturas. Fonte: Autor 2013. ... 100

Figura 76 - Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta. Fonte: Autor 2013. ... 101

Figura 77 - Vista geral sobre do espaço hortícola. Fonte: Autor 2013... 101

Figura 78 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013. ... 102

Figura 79 - a: Diversidade de culturas presentes em algumas parcelas de cultivo; b: Abrigo de materiais junto à área de estadia; c: Pouca manutenção em alguns troços dos percursos da horta. Fonte: Autor 2013... 102

Figura 80 - Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta. Fonte: Autor 2013 ... 103

Figura 81 - Vista geral sobre do espaço hortícola. Fonte: Autor 2013... 103

Figura 82 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 104

Figura 83 – a: Área de estadia situada entre os abrigos de materiais; b: Caminhos da horta limpos e com manutenção; c: Gradeamento que faz a vedação da horta. Fonte: Autor 2013. ... 104

Figura 84 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta do Parque da Vila. Fonte: Autor 2013. ... 105

Figura 85 – Vista geral sobre do espaço hortícola. Fonte: Autor 2013. ... 105

Figura 86 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 135

Figura 87 – a: Área de estadia junto da entrada; b: Diversidade de culturas presente nas parcelas; c: Área de estadia inerida nas parcelas de cultivo. Fonte: Autor 2013. ... 136

Figura 88 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta. Fonte: Autor 2013. ... 137

Figura 89 – Vista geral sobre do espaço hortícola. Fonte: Autor 2013. ... 138

Figura 90 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 143

Figura 91 - a: Área de estadia onde é notória a degradação; b: Limites da parcela de cultivo; c: Interior do abrigo de materiais. Fonte: Autor 2013. ... 108

Figura 92 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta da Senhora da Hora. Fonte: Autor 2013.. ... 109

Figura 93 - Vista geral sobre do espaço hortícola. Fonte: Autor 2013... 109

Figura 94 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013. ... 110

Figura 95 - a: Abrigo de materiais situado na área de estadia; b: Parcelas de cultivo sem manutenção; c: Diversidade de materiais utilizados nos limites das parcelas de cultivo. Fonte: Autor 2013. ... 110

Figura 96 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes no espaço hortícola. Fonte: Autor 2013. ... 111

Figura 97 - Vista geral sobre a Horta. Fonte: Autor 2013 ... 111

Figura 98 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 112

Figura 99 - a: Vista da área central onde é notória a falta de manutenção; b: Área superior da Horta onde se localiza o abrigo de materiais; c: Diversidade de culturas nas parcelas de cultivo. Fonte: Autor 2013 ... 112

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Figura 100 - Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes no espaço hortícola. Fonte: Autor

2013 ... 113

Figura 101 - Vista geral sobre a Horta de Leça da Palmeira. Fonte: Autor 2013 ... 113

Figura 102 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 130

Figura 103 – a: Degradação do caminho entre parcelas de cultivo; b: Presença de veículos no espaço hortícola; c: Parcelas de cultivo utilizadas e a diversidade de culturas nelas presente. Fonte: Autor 2013 ... 132

Figura 104 - Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta. Fonte: Autor 2013 ... 135

Figura 105 – Vista geral sobre a Horta da Fonte Antiga. Fonte: Autor 2013 ... 136

Figura 106 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 137

Figura 107 – a: Área verde de enquadramento com falta de manutenção; b: Área de pastagem pertencente ao estábulo; c: Parcelas de cultivo sem organização e com falta de manutenção. Fonte: Autor 2013. ... 138

Figura 108 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta. Fonte: Autor 2013 ... 143

Figura 109 - Vista geral sobre a Horta. Fonte: Autor 2013. ... 117

Figura 110 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013.. ... 118

Figura 111 - a: Pomar e área de receção onde se encontra o abrigo de materiais; b: Parcela não cultivadas e sem manutenção; c: Parcela de cultivo com atividade. Fonte: Autor 2013 ... 118

Figura 112 - Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta de Rates. Fonte: Autor 2013. ... 119

Figura 113 – Vista geral sobre a Horta de Rates. Fonte: Autor 2013. ... 119

Figura 114 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 120

Figura 115 - a: Área de estadia sob prado; b: Área de recreio composta por equipamentos infantis; c: Diversidade de culturas nas parcelas de cultivo. Fonte: Autor 2013 ... 120

Figura 116 - Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes no espaço hortícola. Fonte: Autor 2013. ... 121

Figura 117 - Vista geral sobre a Horta. Fonte: Autor 2013 ... 121

Figura 118 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 122

Figura 119 - a: Pomar pertencente à Horta; b: Diversidade de culturas existente nas parcelas de cultivo; c: Caminhos e parcelas de cultivo sem manutenção. Fonte: Autor 2013... 122

Figura 120 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes no espaço hortícola. Fonte: Autor 2013 ... 130

Figura 121 – Vista geral sobre a Horta. Fonte: Autor 2013 ... 132

Figura 122 - Localização geográfica. Fonte: Autor 2013 ... 135

Figura 123 – a: Vedação em rede; b: Área de estadia junto do abrigo de materiais; c: Limites das parcelas de cultivo. Fonte: Autor 2013 ... 124

Figura 124 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes no espaço hortícola. Fonte: Autor 2013. ... 125

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Figura 125 – Vista geral sobre a Horta. Fonte: Autor 2013. ... 138

Figura 126 – Localização geográfica. Fonte: Autor 2013. ... 143

Figura 127 - a: Área de receção e estadia; b: Organização das parcelas de cultivo com as diferentes culturas; c: Diversidade de recipientes espalhados pelas parcelas e percursos. Fonte: Autor 2013. ... 126

Figura 128 – Ilustração demonstrativa das estruturas e elementos presentes na Horta. Fonte: Autor 2013 ... 127

Figura 129 - Vista geral sobre a Horta. Fonte: Autor 2013 ... 127

Figura 130 - a: Divisão da parcela de cultivo feita por pilaretes de madeira - Horta da Maia; b: Ripas de madeira unidas por corda que fazem a divisão das parcelas – Horta do CICCOPN; c: Divisão das parcelas feita por pilaretes de madeira e corda – Horta da Senhora da Hora; d: Vigas de madeira que dividem as parcelas de cultivo na Horta da Fonte; e: Divisão das parcelas feitas por estacas de madeira e por vezes reforçada por rede – Horta da TecMaia; f: Ripas de madeira que fazem a divisão das parcelas de cultivo na Horta de Subsistência da Maia; g: Blocos de betão dividem as parcelas de cultivo na Horta de Aver-o-Mar. Fonte: Autor, 2013. ... 131

Figura 131 – a: Sanitário móvel – Horta Municipal de Aldoar; b: Compostor utilizado nas Hortas Urbanas; c: Tomadas de água – Horta da Quinta da Gruta; d: Pequeno lago inserido no espaço de recreio da Horta de Crestins; e: Área de estadia com mesas e bancos em madeira – Horta de Crestins; f: – Pequeno abrigo onde funciona a área social dos utilizadores da Horta de Custoias; g: Grelhas de betão – pavimento utilizado nos percursos da Horta da Lada. Fonte: Autor, 2013. ... 133

Figura 132 – Horta da Senhora da Hora é um exemplo que demonstra a dependência do desenho em relação à configuração do terreno. Fonte: Autor 2013 ... 135

Figura 133 - Diagrama conceptual para Hortas Urbanas em AUC. Fonte: Autor 2013 ... 144

Figura 134 - Diagrama conceptual para Hortas Urbanas em AUP. Fonte: Autor 2013 ... 144

Figura 135 - Plano geral para a Horta da Lada. Fonte: Autor 2013 ... 149

Figura 136 - Patamares que compõem a Horta da Lada. Ligação entre os dois patamares; Abrigo de materiais e de compostores. Fonte: Autor 2013. ... 150

Figura 137 – Edifício multiusos na praça definida para a Horta da Lada; ponto de venda de produtos; parcelas sobrelevadas. Fonte: Autor 2013. ... 151

Figura 138 – Corte ilustrativo da organização do espaço hortícola em diferentes áreas funcionais. Fonte: Autor 2013. ... 130

Figura 139 – Plano geral da Horta de Leça da Palmeira. Fonte: Autor 2013 ... 132

Figura 140 - Horta de Leça da Palmeira – Clareira e praça arborizada com edifício multiusos e parcelas sob a forma de canteiros sobrelevados. Fonte: Autor 2013 ... 135

Figura 141 – Horta de Leça de Palmeira – Ponto de venda e pérgola. Fonte: Autor 2013. ... 136

Figura 142 – Plano Geral para a Horta de Crestins. Fonte: Autor 2013. ... 158

Figura 143 – Área central interligada com as parcelas de cultivo. Fonte: Autor 2013. ... 159

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xviii

Figura 145 – Corte ilustrativo da organização do espaço hortícola em diferentes áreas funcionais. Fonte: Autor 2013. ... 143

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Análise da estrutura da Associação de Hortas Urbanas de WRA. Fonte: Autor 20013. ... 39 Tabela 2 – Análise da organização funcional da Associação de Hortas Urbanas de WRA. Fonte: Autor 2013.. . 41 Tabela 3 - Análise da estrutura do QEHRG. Fonte: Autor 2013. ... 45 Tabela 4 - Análise da organização funciona do QEHRG. Fonte: Autor 2013. ... 46 Tabela 5 – Análise da estrutura da Associação de Hortas Urbanas De Runde Haver. Fonte: Autor 2013. ... 53 Tabela 6 – Análise da organização funcional da Associação de Hortas Urbanas De Runde Haver. Fonte: Autor 2013. ... 55 Tabela 7 - Análise da organização estrutural da Associação de Hortas Urbanas Dr. Schreber e.V.. Fonte: Autor 2013 ... 63 Tabela 8 - Análise da organização estrutural da Associação de Hortas Urbanas Dr. Schreber e.V..Fonte: Autor 2013. ... 65 Tabela 9 - Análise da organização estrutural da Associação de Hortas Urbanas Prinzessinnengarten. Fonte: Autor 2013. ... 69 Tabela 10 - Análise da organização estrutural da Associação de Hortas Urbanas Prinzessinnengarten. Fonte: Autor 2013 ... 71 Tabela 11 – Síntese de estruturas e elementos presentes nos casos de estudo- Linhas de orientação (Fonte: Autor: 2013) ... 79 Tabela 12 – Tabela síntese: Descrição das características das Hortas do PHP. Fonte: Autor 2013. ... 130 Tabela 13 – Tabela síntese: Descrição das características das Hortas do PHP. Fonte: Autor 2013. ... 132 Tabela 14 - Síntese de estruturas e elementos presentes nas hortas do Projeto Horta à Porta. Fonte: Autor 2013. ... 135 Tabela 15 – Síntese comparativa entre Hortas dos casos de estudo e hortas do Projeto Horta à Porta- Estruturas. Fonte: Autor 2013. ... 136 Tabela 16 – Síntese comparativa entre Hortas dos casos de estudo e hortas do Projeto Horta à Porta- Elementos. Fonte: Autor 2013. ... 137 Tabela 17 – Síntese comparativa entre Hortas dos casos de estudo e hortas do Projeto Horta à Porta- Leis. Fonte: Autor 2013. ... 138 Tabela 18 – Diferenças verificados nos diferentes diagramas. Fonte: Autor 2013. ... 143 Tabela 19 – Objetivos gerais e programa de intervenção. Fonte: Autor 2013. ... 145

ABREVIATURAS

AUC – Área Urbana Consolidada AUP – Área Urbana Periférica CM – Câmara municipal Fig. - Figura

PDM – Plano Diretor Municipal p. e. – por exemplo

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Capítulo 1

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1.1. Tema, âmbito e objetivos da dissertação

“Pode acontecer que, num futuro, essas hortas – que hoje servem para ajudar a matar a fome – possam ser, como nas cidades europeias, para recreio.” (Telles 1996 :18).

As Hortas Urbanas são uma das opções viáveis para a implementação de agricultura nos espaços urbanos e, como tal, constituem um importante objeto de estudo, no qual é essencial definir as suas características e objetivos. Hoje em dia, esta atividade não constitui somente uma forma de suprimir dificuldades económicas como também uma ocupação recreativa e terapêutica.

Considerando a importância e atualidade do tema, pretende-se desenvolver um modelo desenhado de Hortas Urbanas para o Grande Porto1, através do estudo das hortas do Projeto Horta à

Porta da LIPOR, que seja refletor de um modelo integrador da qualidade estética, dos aspetos funcionais e ecológicos e de uma estrutura e organização espacial adequadas às necessidades dos seus utilizadores.

Para se poder alcançar este objetivo, torna-se importante perceber de que forma se organizam espacial e funcionalmente as Hortas Urbanas, assim como estas se interligam no contexto urbano onde estão inseridas, de modo a se poderem encontrar as soluções mais viáveis para a definição do modelo pretendido, sempre atendendo às necessidades reais dos utilizadores. Esta perceção é extraída através da compreensão da evolução das Hortas Urbanas nos diferentes locais e contextos, de modo a apreender como as mudanças interferem na implementação das Hortas Urbanas.

Assim sendo, adicionalmente ao objetivo principal, surge um conjunto de objetivos que se pretendem cumprir:

- Definição de uma metodologia para análise e avaliação das hortas do Projeto Horta à Porta; - Estudar o Projeto Horta à Porta da LIPOR (o seu processo de implementação) e inventário das Hortas Urbanas resultantes;

- Analisar as tipologias de desenho das Hortas do Projeto Horta à Porta da LIPOR, em termos de:

 Integração no contexto urbano;

 Estrutura e organização espacial;

 Utilização e organização funcional;

- Definição de estratégias para a definição dos modelos tipo desenhados; - Aplicação dos modelos tipo desenhados a algumas hortas.

1 Grande Porto é a área abrangida pelo Projeto Horta à Porta. O Grande Porto é uma sub-região NUT III, pertencente à região Norte, sendo constituído por 9 municípios: Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia (Ribeiro e Chorina 2014).

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1.2. Metodologia e organização da dissertação

A metodologia utilizada encontra-se, representada na Figura 1, e desenvolve-se em quatro fases que seguem uma lógica sequencial. A primeira fase corresponde à obtenção e levantamento de informação, que por sua vez se subdivide em duas etapas – revisão bibliográfica, que aborda o conceito de Hortas Urbanas, a sua evolução e o modo como se foram implementando nos diversos locais ao longo do tempo; e análise de casos de estudo, onde se selecionam projetos/ casos de estudo que representam a implementação de Hortas Urbanas no espaço urbano. Com a análise destes casos de estudo pretende-se conhecer e perceber as diferentes abordagens programáticas e formas/ estruturas podendo-se inferir um conjunto de linhas orientadoras para avaliação das Hortas Urbanas pertencentes ao Projeto Horta à Porta e definição de modelos.

Paralelamente será feita uma recolha de dados relativos às hortas do Projeto Horta à Porta. A recolha de dados será fundamental para a caracterização da área em estudo e avaliação das necessidades dos utilizadores. A reunião de informação será obtida através de consulta junto dos responsáveis pelo Projeto Horta à Porta, e de levantamentos in situ das hortas inseridas no projeto.

O tratamento de dados corresponde à segunda fase deste trabalho, onde todos os dados obtidos serão analisados. Será realizado um inventário das hortas existentes no Projeto Horta à Porta, onde se registará e catalogará toda a informação relativa a cada uma de forma individual. Com este registo inventariado fica-se a conhecer detalhadamente o comportamento e a dinâmica estrutural e funcional de cada horta urbana e da sua tipologia.

Na terceira fase irá proceder –se à análise e diagnóstico dos dados segundo parâmetros e os critérios obtidos na fase um. De acordo com as avaliações obtidas as sínteses vão refletir como as diferentes tipologias se inserem no contexto urbano, se estruturam e organizam aos níveis espacial e funcional de modo a se perceber como todos, quando interligados, podem criar espaços de produção multifuncionais e estéticamente interessantes nos espaços urbanos.

A obtenção da síntese permitirá ter a perceção de todas as potencialidades e fragilidades destes espaços agrícolas, contribuindo assim para a definição de linhas estratégicas e critérios orientadores dos modelos tipo de Hortas Urbanas que se podem aplicar a diferentes contextos e realidades.

A quarta fase corresponde à definição de modelos tipo desenhados de Hortas Urbanas segundo o contributo do Projeto Horta à Porta. Esta fase é o culminar de todo o trabalho desenvolvido, que resultará inicialmente numa definição de programa base de projeto com as estratégias definidas após a avaliação e síntese de dados, e, posteriormente será apresentada uma proposta desenhada de

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4

modelos de Hortas Urbanas, com base nas potencialidades e fragilidades apresentadas por todas as hortas em estudo.

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1.3. Estrutura da dissertação

A presente dissertação é estruturada em seis capítulos. No Capítulo 1 descreve-se o âmbito da dissertação, apresentam-se os objetivos que se pretendem alcançar e explica-se o processo metodológico utilizado para os atingir. Por último, é apresentada, resumidamente, a estrutura da dissertação.

O Capítulo 2 apresenta um conjunto de noções e definições de aspetos relacionados com o tema em investigação – Hortas Urbanas - identificando onde podem surgir e como se podem classificar. É também abordada a evolução histórica mundial tendo em conta os diferentes contextos económico-sociais onde se desenvolveram, assim como a importância que estas assumem atualmente nos espaços urbanos.

O Capítulo 3 é dedicado à investigação de casos de estudo, de onde são retirados os parâmetros e critérios aplicados na metodologia de avaliação do Projeto Horta à Porta. Os casos de estudo analisados são Walsall Road Allotments, Queen Elizabeth Hall Roof Garden, De Runde Haver,

Dr. Schreber e. V., e Prinzessinnengarten. Antes de se iniciar a análise individual de cada caso, é

realizada uma contextualização acerca da história e evolução das Hortas Urbanas no País correspondente. Para a análise destes casos de estudo organiza-se uma tabela onde é possível extrair parâmetros relacionados com a organização espacial e funcional e o contexto urbano onde se inserem. Por fim, após a análise comparativa entre estes casos de estudo, extrai-se os parâmetros e critérios mencionados anteriormente.

No Capítulo 4 é caracterizado o Projeto Horta à Porta e apresentadas as técnicas utilizadas na recolha de dados relativos às hortas em estudo. Neste capítulo, também se demonstram os resultados obtidos na avaliação, tendo em conta os parâmetros e critérios identificados no capítulo 3. Com a avaliação é possível perceber quais as oportunidades e constrangimentos presentes e de que modo influenciam a definição dos modelos tipo desenhados.

O Capítulo 5 inicia-se com a definição da estratégia usada na criação de modelos tipo desenhados. A estratégia que se apresenta resulta da análise efetuado no capítulo 4 e a revisão bibliográfica e surge sob a forma de dois modelos desenhados diferentes para contextos urbanos diferentes. Também se apresenta um programa base de intervenção para os modelos definidos, que aparece representado na forma de propostas tipo, alusivas à aplicabilidade dos modelos tipo desenvolvidos.

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Capítulo 2

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7

2.1. A agricultura (urbana) em espaços urbanos da cidade

Antecedentes, definições, tipologias e benefícios

A prática da agricultura em ambientes urbanos não é uma contradição, dado que sempre esteve presente na dinâmica urbana das cidades. Se refletirmos, na história da humanidade é possível observar essa correlação. Os espaços (verdes) produtivos situados dentro e nas periferias dos aglomerados urbanos sempre constituíram uma importante fonte de produção de alimentos, e em lugares de sociabilização (Fig. 2).

Com a Revolução Industrial e Agrícola, a relação natural/urbano foi de certa forma fragmentada (Veenhuizen 2006: 8). A revolução industrial, seguida de um impressionante crescimento demográfico das cidades e de uma saída da população, do campo (Êxodo do Rural) provocou esta fragmentação. A indústria implanta-se nos arredores das cidades, as classes médias e operária deslocam-se para os subúrbios e a cidade deixa de ser uma entidade espacial bem delimitada como se verificava em períodos anteriores (Matos 2010: 109).

Figura 2 – Imagem exemplificativa da relação entre a agricultura e as cidades.a: Com a sedentarização o homem fixa-se e começa a

cultivar para se autoabastecer. Fonte: http://apomorfia.blogspot.pt/; b: Mesmo quando se desenvolveram as muralhas para proteção das

cidades os espaços de cultivo localizavam-se nas periferias das mesma e em alguns jardins dentro das muralhas (hortus conclusos) e das propriedades dos nobres e monarcas. Matos 2010: 107; c: http://mariac457.blogspot.pt/; d:Com o passar dos tempos os espaços verdes de cultivo adquirem um forte caráter de lazer, mas sempre com associação ao cultivo tanto a nível formal como nas espécies plantadas. Fonte: http://hplusmagazine.com/. f: Ferme ornée. Fonte: http://bookdome.com.Com a revolução industrial a agricultura tomou novas proporções uma vez que a necessidade de alimentar as populações cada vez mais numerosas dentro das cidades.g: http://fantasticjournal.blogspot.pt/.

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8

No século XXI, apesar do desenvolvimento urbano se encontrar no seu auge, começam-se a perceber certos indícios de retorno da agricultura às cidades (Ferrão 2000). A necessidade de se pensar num novo conceito de cidade é cada vez mais vinculada, como é referido por Ribeiro Telles e Pierre Donadieu nas seguintes citações.

“Na cidade do futuro deve ser reintegrada a ruralidade e a agricultura, a tempo parcial e

complementar, ou mesmo de determinadas especialidades. Uma cidade/região, onde a ruralidade e a urbanidade estejam interligadas é fundamental para encarar o futuro.” (Telles 1996: 14-19) “Abandonar o conceito de cidade que exclui a agricultura pelo de campos urbanos supõe aceitar, duradouramente, a reunião de urbanidades, agricultura e jardinagem.” (Donadeiu 2013: 284).

Com a visão destes dois autores demonstra-se que manter a cidade e o campo ligados passou de uma visão futura a uma necessidade presente, cada vez mais emergente, embora ao longo da história já se tenha verificado uma preocupação em fazer co-existir estes dois sistemas.

Para manter estes dois sistemas juntos (urbano e rural) é necessário repensar a agricultura como um elemento fundamental do espaço urbano (Telles 2006: 44 - 45). Esta estratégia de integrar domínios rurais e urbanos é descrita por Ribeiro Telles, no conceito de Paisagem Global2.

A agricultura urbana torna-se numa das soluções possíveis para a junção destes sistemas, pois esta atividade pode entender-se como a produção de alimentos, no interior das cidades, como também nas periferias, como explica Mougeot (2000):

(…) a agricultura urbana é uma indústria localizada dentro ou na periferia da cidade, onde o crescimento processa e distribui alimentos e outros produtos, reutilizando largamente recursos humanos e materiais, produtos e serviços encontrados dentro e nos arredores da área urbana, e fornecendo, por sua vez, recursos materiais e humanos, produtos e serviços para aquela área urbana.

Perante a definição apresentada é possível verificar a variedade de fatores que intervém na agricultura urbana e que, segundo Arosemena (2012: 17-18), são dois os fatores fundamentais para caracterizar esta atividade: a localização e a sua conexão com o sistema urbano.

No que diz respeito à localização, este é um elemento, mais conflituoso quando se estabelece a distinção entre agricultura urbana e outros tipos de agricultura, uma vez que não existe uma separação nítida no tecido urbano no que diz respeito ao que é espaço urbano ou rural. Deste ponto de vista considera-se que a agricultura urbana se localiza em áreas de diferentes tipologias, como:

2 O conceito de Paisagem Global, definido por Telles em 1994, sugere que a segregação entre urbano e rural seja ultrapassada e que seja conseguida uma interligação entre elementos vivos e inertes, entre os modos de vida campesinos e urbanos e o desejado retorno à multifuncionalidade e continuidade da paisagem (Matos 2010).

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9  Zonas urbanas dispersas - oferecem a possibilidade de cultivar superfícies com maior área;

 Zonas densas da cidade - com superfícies limitadas e mais fracionadas.

Atendendo a estes termos, podem definir-se zonas densas como áreas urbanas consolidadas e zonas urbanas dispersas como áreas urbanas periféricas, contextualizando com a realidade portuguesa, em que:

- Áreas urbanas consolidadas são: espaços de solo urbanizado que se encontram estabilizadas em termos de morfologia urbana e de infra-estruturação, e estão edificadas em, pelo menos, dois terços da área total de solo destinado a edificação, Decreto Regulamentar n.º 9/2009, de 29 de Maio (DOGTDU 2011a: 18);

- Áreas urbanas periféricas ou periurbanas são áreas que se encontram numa posição de transição entre espaços estritamente rurais e áreas urbanas. Estas áreas, em geral, garantem uma articulação urbano-rural de proximidade e podem eventualmente torna-se urbanas. A maioria das áreas periurbanas localizam-se na proximidade imediata das áreas urbanas consolidadas, mas também podem corresponder a aglomerados residências localizados em paisagens rurais. As áreas urbanas periféricas são frequentemente um produto dos processos de suburbanização ou de crescimento urbano em mancha de óleo (urban sprawl) (DOGTDU 2011b: 2).

Quanto às conexões do sistema urbano, Arosemena (2012) refere as seguintes:

Conexão ecológica, quando existe um aproveitamento dos resíduos urbanos na produção agrícola;

Conexão social, quando os agricultores habitam e cultivam na mesma cidade;

Conexão económica, quando a agricultura urbana constitui um apoio económico, tanto a nível de autoabastecimento como para se comercializar produtos.

Em síntese, e referindo Mougeot (2005: 3-7) o que melhor diferencia a agricultura urbana dos outros tipos de agricultura não é a localização, mas sim as suas conexões ao sistema urbano, o facto de estar ligada à economia urbana e integrar os sistemas ecológicos e sociais da cidade. A agricultura urbana utiliza os recursos ambientais (terra, resíduos sólidos orgânicos e água) e humanos (trabalho), de modo a produzir produtos agrícolas para os cidadãos, ainda que influenciada pelas condições urbanas (políticas, mercados e dinâmicas legais). O produto da sua existência e atividade causa impacto no sistema urbano, tendo efeitos na segurança alimentar, na pobreza, na ecologia e na saúde.

Como se referiu, a escala da agricultura urbana pode ser abrangente, refletindo-se no tipo de infraestruturas e tipologias que a compreende. Segundo Rute Pinto (2007: 50), a agricultura urbana abrange um grande número de espaços, tais como: Hortas Urbanas, jardins agrícolas, arborização urbana com árvores de fruto, cultivo de quintais agro-florestais, plantação e uso de plantas medicinais e

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10

ornamentais, plantação de culturas hortícolas junto a estradas e caminhos, ocupação de lotes urbanos vazios, e cultivo em vasos e recipientes de vários tipos nas varandas, em terraços, em pátios, nas caves, nas paredes de estruturas construídas. As tipologias de agricultura urbana de maior escala, como é o caso das CPLU´s3, podem englobar todas as tipologias referidas.

Para além de questão da escala, a agricultura urbana debate-se com questões relacionadas com as limitações de espaço urbano permeável disponível para o cultivo. Atualmente, os espaços intersticiais das cidades já não são suficientes, e por esse motivo são procuradas novas formas de introduzir a produção em meio urbano. Como refere Rute Pinto (2007), o cultivo estende-se a varandas terraços e pátios, mas não fica por aqui, pois com as novas técnicas de plantação, hoje os telhados já são procurados para este tipo de atividade (Fig. 3).

A estratégia de implementar espaços de cultivo nestas áreas (telhados, varandas), surge da necessidade de dar resposta ao desenvolvimento dos aglomerados urbanos. Com o aumento destes aglomerados e a falta de solo “saudável” torna-se necessário concentrar a devida atenção no desenvolvimento de técnicas que possibilitem o fornecimento de alimentos e espaços recreativos seguros e mais próximos da população urbana (Gorgolewski et al. 2011:13).

Ainda que a agricultura urbana se manifeste em várias tipologias, a que se vai destacar neste estudo são as Hortas Urbanas, por ser objeto de estudo nesta dissertação.

3 CPLU’s (Continuous Productive Urban Landscapes) - O conceito foi introduzido pela primeira vez em 1998 pelo atelier

Bohn e Viljoen – Architects, e explicado no livro Continuous Productive Landscapes : Designing Urban Agriculture for Sustainable Cities. O conceito sobrepõe o conceito de paisagens urbanas produtivas com o conceito espacial de paisagens

contínuas e propõe uma nova estratégia para projetos urbanos que irão mudar a aparência das cidades contemporâneas rumo a um naturalismo sem precedentes. As CPULS serão paisagens abertas produtivos em termos econômicos sociais e ambientais.

Figura 3 – Gary Comer Youth Center: Telhado verde com uso produtivo. Produção de alimentos e educação de mãos dadas. Em locais onde a produção ao nível do solo pode atrair atenção indesejada ou ser vandalizada, os telhados verdes podem oferecer uma solução interessante para espaços produção seguros. O Gary Comer Youth Center é um exemplo. Nele os benefícios de um espaço protegido (telhado) foram explorados de modo a criar um projeto único e belo. Fonte: Gorgolewski et al. (2011:13).

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2.2. Hortas Urbanas – espaços de agricultura urbana

A agricultura urbana engloba um variado número de tipologias, porém, a mais presente no solo urbano são as Hortas Urbanas. Sobre as Hortas Urbanas, Matos (2010: 197) refere que:

(…) são uma contribuição única para o espaço urbano. Contribuição esta que desafia a noção convencional de espaço urbano e de desenho de espaço aberto. Estes espaços são um eco, uma memória do que o campo terá sido – uma paisagem humanizada, ainda acessível no coração da cidade, um espaço para construir a ilusão de estar no campo, mais confortável e acessível para as pessoas que desejam trabalhar com a terra que o campo genuíno dos negócios agrícolas, a exclusividade social da cultura do range-rover e o modo de vida rural fora da cintura verde, o sistema natural que assegura a respiração da cidade.

Para Jankovska e Panagopoulos (2010:113), Hortas Urbanas consistem em parcelas de terreno divididas, usadas por indivíduos e famílias para cultivar flores, vegetais e frutas que coexistem na cidade com a criação de coelhos, aves ou outros animais. Philippe Tixier e Hubert de Bon (2006) vão acrescentar ao conceito de Hortas Urbanas as hortas periurbanas e definem-nas como sendo todas as culturas hortícolas cultivadas para consumo humano e uso ornamental não só dentro, como também e nas imediações das cidades.

Rute Pinto (2007: 57) oferece uma descrição geral das Hortas Urbanas para o contexto português onde aponta várias características: são geralmente de pequenas dimensões (limitado pela disponibilidade de terras); refletem um uso espontâneo dos espaços intersticiais das cidades; permitem a autossuficiência; reduzem os consumos energéticos; aumentam a atividade econômica, pois cria postos de trabalho e proporcionam a oferta de produtos saudáveis e frescos, no caso de se praticar agricultura biológica.

As descrições de Hortas Urbanas, apresentadas por diversos autores, permitem constatar, que a agricultura urbana, sob forma de hortas, é um meio útil, para fornecer alimentos e apoiar a economia familiar dos cidadãos.

No entanto, os benefícios e usos múltiplos associados a esta prática agrícola não se resumem apenas a produção de alimentos e apoio financeiro. Cook, Lee & Perez-Vasquez (2005: 207) mencionam outros benefícios importantes:

Sociais coletivos (lazer, favorecer grupos locais de pessoas com necessidades especiais: terapia, reabilitação de jovens infratores);

Socais individuais (incentivar as qualidades pessoais, tais como: altruísmo, melhoria da qualidade de vida através do contacto social, benéfico para a saúde, pois promove o exercício físico, ingestão de produtos diversificados e com melhor qualidade);

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Ambientais (renovação de áreas urbanas abandonadas ou degradadas, diversificação do uso do solo urbano, aumento da biodiversidade, preservação, redução da pegada ecológica4);

Económicos (estimular as economias locais).

Perante estes benefícios, é possível constatar que as Hortas Urbanas são um elemento de aproximação do rural com o urbano, explicado e pretendido por Gonçalo Ribeiro Telles, que ao longo dos anos, tem defendido a implantação de Hortas Urbanas nas cidades portuguesas, tendo como exemplo os países do Norte da Europa que já há vários anos tem implementado Hortas Urbanas nas suas cidades.

As Hortas Urbanas podem dividir-se em diversas tipologias, segundo os objetivos e usos que pretendem atingir. Deste modo, e tendo por base a realidade portuguesa, elas reúnem-se nas seguintes categorias5:

Hortas Sociais ou comunitárias, cuja finalidade é satisfazer as necessidades de pessoas ou famílias mais desfavorecidas ou contribuir para o respetivo rendimento pela venda da sua produção;

Hortas de Recreio, de uso individual ou coletivo, cuja finalidade é proporcionar à população em geral uma melhoria da qualidade de vida, pelo contacto com a natureza e com atividades de lazer;

Hortas Pedagógicas, cuja finalidade é apoiar as iniciativas de educação ambiental desenvolvidas nas escolas e outras associações;

Hortas dispersas, situadas em zonas de ocupação temporária em áreas expectantes. Atualmente, tendo em conta os vários propósitos e funções das Hortas Urbanas, e composição estrutural, está a ser desenvolvida uma classificação a nível europeu, no âmbito do COST ACTION6 TU

1201, em que o conceito principal é olhar para as Hortas Urbanas como um elo entre a agricultura urbana, e os espaços verdes urbanos e recreação (Fig. 4).

4 Pegada ecológia – introduzida em 1992, por William Rees, é um indicador de sustentabilidade ambiental e refere-se, à quantidade de terra e água que seria necessária para sustentar as gerações atuais, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos, gastos por uma determinada população.

5 Estas categorias/designações surgem de acordo com o primeiro esboço para o Regulamento para a Instalação e Funcionamento de áreas de agricultura urbana – Câmara Municipal de Lisboa (Matos 2010:341).

6 COST (Cooperação Europeia em Ciência e Tecnologia) é um dos quadros europeus de longa duração para apoio à cooperação entre os cientistas e pesquisadores de toda a Europa. O COST TU1201 - Urban Allotment Gardens in European

Cities - Future, Challenges and Lessons Learned - tem como principal objetivo criar uma plataforma de investigação sobre

Hortas Urbanas tendo em conta a respetiva importância para o desenvolvimento urbano sustentável na Europa, compreendendo os seus impactos sociais, ecológicos e as perspetivas desenho urbano (http://www.urbanallotments.eu/).

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13 Segundo os autores deste estudo, Rodrigues et al. (2014), a classificação organiza-se em três classes distintas, que refletem os seus objetivos, funções, o tipo de utilizadores e o contexto onde se inserem:

Horta de Subsistência (Subsistence allotment - SA), pode ser colocada mais perto da agricultura urbana e da esfera produtiva e mais afastada de recreação urbano. É uma horta, onde toda a área disponível é dividida em parcelas destinadas ao cultivo de produtos alimentares para auxiliar economia familiar;

Horta de Subsistência e Recreio (Subsistence and recreational allotment - SRA), é o tipo de horta em que parte da área disponível é projetado de forma a proporcionar oportunidades de recreação e lazer para a comunidade, mas também existem parcelas destinadas à produção de alimentos;

Horta Ocupacional (Occupational allotment garden - OAG), está relacionada com recreação urbana e é uma horta onde toda ou parte da área disponível está dividida em parcelas, sem finalidade específica de produção de alimentos. Nesta horta atividades relacionada com lazer, interação social, aprendizagem, ou terapia ocupacional são tidas como atividades principais.

Segundo os mesmos autores esta classificação foi alcançada através de um estudo exploratório e inventariado sobre as Hortas Urbanas, legais, onde são identificadas e examinadas com o objetivo de conhecer este fenómeno em Portugal. O Inventário desenvolveu-se através da recolha de dados, baseado na consulta de programas de hortas urbanas existentes, (p.e. o Projeto Hortas à Porta da LIPOR), diferentes bases de dados disponíveis online e fotografias aéreas, de modo a criar uma matriz onde se organizam as informações relativas: à localização das Hortas urbanas, proprietários e entidades gestoras dos espaços, os objetivos e as suas funções e a relação com o contexto urbano. Este inventário dispõe também de informações sobre o layout espacial, nomeadamente o tipo de limites, área disponível, número e forma de parcelas, características especiais, informações sobre as práticas sustentáveis e o tipo de utilizadores.

Figura 4 – Classificação das hortas urbanas segundo os seus vários propósitos, funções e contexto. 2013. Fonte: Rodrigues et al.

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O inventário exploratório conduziu ao desenvolvimento da classificação anteriormente descrita e ao mesmo tempo mostrou que estes lugares estão a tornar-se num novo e importante tipo de espaço verde público em Portugal, uma vez que oferece uma grande variedade de funções, tais como recreação, valorização do sentido de comunidade a nível pessoal, social, pedagógico e terapêutico e regeneração de solo urbano. Salienta-se ainda que esta classificação pode ser usada para a criação de um modelo desenhado possível de aplicar nas novas hortas urbanas, que seja integrador de aspetos sociais e funcionais, ecológicos e estéticos (Rodrigues et al. 2014).

2.2.3. A importância das Hortas Urbanas como espaços verdes urbanos

As Hortas Urbanas continuam a ser, desde o seu aparecimento, locais de eleição para as populações urbanas. Hoje, as Hortas Urbanas tornaram-se parte essencial da vida urbana, não só como forma de produzir alimentos, mas também como local de encontro social, de troca de experiências e de aprendizagem, e contacto com a natureza, podendo ainda contribuir para o equilíbrio ecológico da paisagem urbana como espaços de regeneração.

No artigo Integrating Urban Agriculture in the urban landscape (2011), Marielle Dubbeling, refere-se às Hortas Urbanas como sendo espaços verdes produtivos com um caráter multifuncional e que podem estar aliados ao espaço natural, à produção de alimentos, à educação ambiental, ao recreio e às atividades de lazer. Já Fadigas (2010: 42), acrescenta que a agricultura urbana, com fins ambientais e paisagísticos, pode ser uma fonte de rendimento para quem pratica esta atividade na cidade e dela recebe benefícios, desde que a agricultura urbana assuma as funções de zona-tampão diversificada e de espaço verde da cidade.

Sendo assim, as Hortas Urbanas podem promover os mesmos benefícios ambientais e socias que os restantes espaços verdes urbanos7, como os parques e os jardins, com a vantagem de serem

menos dispendiosos para o erário público, e mais sustentáveis, uma vez que estão menos dependentes de sistemas produtivos distanciados dos centros urbanos.

7O conceito de espaço verde apresenta-se conceptualmente como um conjunto de áreas livres, ordenadas ou não, revestidas por vegetação, que desempenha funções urbanas de proteção ambiental, integração paisagística, ou de recreio. Estes espaços assumiram na cidade diversas formas – parque urbano, jardim público ou privado, áreas de integração paisagística e de proteção ambiental de vias e outras infraestruturas, taludes, encostas, vegetação ribeirinha, sebes e cortinas de vegetação, zonas verdes cemiteriais e as zonas verdes agrícolas e florestais no interior dos espaços urbanos (Fadigas 2010).

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15 Existem vários autores que corroboram isto mesmo. Graciela Arosemena (2012), que desenvolveu um estudo sobre espaços de cultivo para uma cidade sustentável é um(a) deles (as) (Fig. 5). Para além de discordar da separação entre o espaço rural e o urbano, a autora demonstra que todas as matérias produzidas podem ser rentabilizadas e reutilizadas nos espaços verdes de produção, uma vez que, a reutilização dos resíduos orgânicos podem ser utilizados para produzir composto orgânicos aplicados nas Hortas Urbanas (Fig. 6). Ainda neste contexto, Firmino (1999), acrescenta que para se embarcar no desenvolvimento sustentável, que vise um modelo de agricultura ecológico que produza alimentos, mas também forneça áreas de recreio que respondam às necessidades físicas, biológicas e sociais de forma equilibrada, é necessário promover o comportamento sustentável dos cidadãos.

Figura 5 - Tipo de espaços urbanos segundo o tipo dos seus espaços verdes. Adaptado de Arosemena 2012.

Figura 6 – Processo de reutilização de resíduos para aplicação de matérias nos espaços verdes produtivos, nomeadamente Hortas Urbanas. Adaptado de Arosemena 2012.

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No futuro, não é apenas o comportamento sustentável dos cidadãos que deve estar na base da mudança para a obtenção de espaços verdes de produção equilibrados. Segundo a visão de David Crouch e Richard Wiltshire (2005), no artigo Design on the plot: The future for allotments in urban

landscapes, o futuro das Hortas Urbanas depende da criação de lógicas modernas que justifiquem a

retenção e o compromisso entre a cultura das Hortas Urbanas e os pretendentes ao cultivo da terra, ou seja, não só como uma propriedade mas também como recurso paisagístico e de lazer. Dessas lógicas salienta-se o design e o papel que este pode desempenhar para garantir o futuro das Hortas Urbanas, preservando os seus princípios ao mesmo tempo que acompanham os novos indícios de mudança.

Os mesmos autores referem que o projetista desempenha um papel importante na mudança, pois é o responsável por encontrar formas de adaptar a paisagem e a cultura "viva" das instalações compartilhadas que existem nas hortas, como bancos e arte pública - "peças" que reforçam as oportunidades de relações sociais mais íntimas, tanto no "interior" do espaço hortícola, como ao longo dos seus limites. De acordo com as mais recentes lógicas do Guia Growing in the Community, Crouch et al. (2005) identifica como essencial para o futuro destes espaços a mudança do acesso, por exemplo, à realização de hortas com ambiente mais aberto, ou seja, que valorize a existência de espaços verdes mais amplos, através de projetos que incentivem a contemplação (ou recreio passivo) estimulem, assim, o utilizador/observador a ponderar comprar uma forquilha e "trabalhar a terra", ao mesmo tempo que protege as culturas e as várias propriedades de uma forma "leve" mas apropriada. Dentro do espaço, os critérios do projeto devem integrar-se nos novos contratos de arrendamento, promovendo regras distintas para as áreas de contemplação, ou reduzindo os valores dos arrendamentos para aqueles que preservam e cultivam árvores ornamentais que potenciam a variedade cromática sazonal e a troca/partilha dos frutos por elas gerados. É possível, ainda, explorar o espaço entre parcelas para acomodar os utilizadores de uma forma mais inovadora, misturando os microespaços de produção com equipamentos de partilha como bancos e arte pública - ações que potenciam as relações sociais no interior do espaço e nos seus limites. A aplicação desta estratégia pode ser observada em locais como, Bidefor e Birmingham, em Inglaterra (Fig. 7).

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17 Em suma, pode dizer-se que princípios ecológicos e de sustentabilidade motivam a introdução da natureza na cidade, o que privilegia gradualmente as estruturas verdes urbanas. Deste modo, as Hortas Urbanas tornam-se elementos importantes na redefinição e estruturação paisagística da cidade, onde a Arquitetura Paisagista tem um papel cada vez mais importante. Às componentes ecológica e da sustentabilidade, o arquiteto paisagista tem a arte de acrescentar a estética e o desenho, sem marginalizar os elementos que contribuem para a atracão e estadia de todos os utilizadores, sem menosprezar os de condição social média baixa.

Figura 7 – Leisure Garden”, - Já em 1975, em Birmingham, foram realizadas propostas para modernização das Hortas Urbanas,

tornando-as em espaços de recreio e lazer. O modelo “Leisure Garden”, desenvolvido em Russell Road é um desses exemplos. Fonte: http://www.libraryofbirmingham.com/.

Referências

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