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APRESENTADA
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FACULDADE DE
MEDICINA
DA
BAHIA
PARA
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i§?
POR
Cyrillino Pinto de Almeida e Castro
PARA OBTER0GRAU
DE
DOUTOR
EU
KEDICI1TA.Omedicodigno destenomeconsagra áhumanidade
assuasvigílias,osacrifíciodos seus prazeres,das suas
commodidades, os fruclosda suaintelligencia, asua vidaaté,se for necessário; eaos seus irmãosna scien-cia alealdade, afranqueza, e aconsideração sem
li-mitesnemreslricções.Sãoestasasdiflerenças princi-paesquedistinguemaprofissão medica deumofficio
mercenário, ou de uma especulação mercantil ou
industrial, (Dr.SilvaLima)
BAHIA
Typograiiliia
de
J. G. Tourinlio.FACULDADE DE
MEDICINA
DA
BAHIA.
DIRECTOR
O Ex.moSnr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães.
ossus.dgutouhs l.*ANNO. matesias qvr leccionam
. r. • 4.U...H.:;». í Physica emgeral, cparticularmenteem suas Cons.VicenteFerreiradeMagalhaes.
^ àppiicaçõcsaMedicina. FranciscoRodrigues daSilva ChimicaeMineralogia. fiarãoda llapoan Anatomiadescriptiva.
2."ANNO. AntoniodeCerqueira Pinto Chimicaorgânica.
JeronymoSodré Pereira.
...
. Physiologia. Antonio MarianodoUomflm BotânicaeZoologia.Barão daItapoan Repetiçãode Anatomiadsscripliva, 3.*ANNO.
Cons. EliasJoséPcdroza Anatomiageralepathologica. Joséde GóesSequeira Pathologiageral.
JeronymoSodré Pereira Physiologia.
4.* ANNO; Cons.ManoelLadisláoAranha Dantas . Pathologia externa.
DemétrioCyriacolourinho Pathologia interna. Conselheiro MalhiasMoreiraSampaio
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CV„S
e dCmen,nos
ANNO.
DemétrioCyriacoTourinho . . . ; . ContinuaçãodePathologia interna. JoséAntonio deFreitas
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^EH,,^
08"**10 '' Medicina °Pe™K>rl«.
Luiz Alvares dos Santos Matéria medica,etherapeutica.
6.'ANNO,
RozendoAprígio PereiraGuimarães. . Pharmacia.
Salusliano FerreiraSouto Medicinalegal.
DomingosRodriguesSeixas Hygiene,eHistoriadaMedicina. JoséAlfonsodeMoura Clinicaexternado3.*e4.° anno»
AntonioJanuáriodeFaria Clinicainternado5.*eC* anno.
Ignacio JosédaCunha i
PedroRibeirode Araujo >Secção Accessoria. José IgnaciodeBarrosPimentel. . .1
VirgilioClymaco Damazio / Augusto* Gonçalves Martins j
DomingosCarlosdaSilva > Secção Cirúrgica.
AntonioPacificoPereira \
Alexandre AdonsodeCarvalho . . .)
Manoel JoaquimSaraiva r
RamiroAlfonso Monteiro > SecçãoMedica. EgasCarlosMonizSodré deAragão . .V
Claudemiro Augusto deMoraesCaldas
..-O
Sr.Dr.Cincinnato PintodaSilva.O
Sr.Dr.Thomaz
tl'Aquino Gaspar.A
MEMORIA
DE
Á
MINHA
MAE
AO
MED
TIO ECUNHADO
AS
MINHAS
CUNHADAS
LESÕES
VALVULARES
DO
CORAÇÃO
Ratio et obsmatio.
(Baglivi).
ntes de entrar no objecto de nossa dissertação,
achamos
conveniente dizeralgumas palavras á cerca da topographia,
e da physiologia do coração,
com
applicação á parte clinica(
das lesões valvulares desse órgão.
1.
—
O
coração está collocado no mediastino anterior,dirigido da direita para a esquerda, de cima para baixo, e
da parte posterior para a parte anterior do thorax,
repou-sando sobre o foliolo médio do centro aponevrotico do
dia-phragma, e o tecido muscular que está
em
contactocom
olado esquerdo do
mesmo
foliolo,Denomina-se área precordial a porção da paredeanterior
da caixa thoraxica pela qual é coberto o coração
em
suatotalidade.
Os
limites dessa região são representados damaneira seguinte,
A
direita poruma
linha curva, que parte daextremi-dade interna do segundo espaço intercostal direito, e, passando quatro
centímetros distante do bordo direito do sterno na altura das cartilagens
terceira e quarta costaes direitas,
vem
terminar na quinta articulaçãochondro-sternal direita; á esquerda por
uma
curva, quepartedo segundoespaço intercostal esquerdo dous centimetros distante do bordo sternal
na altura das cartilagens quartaequinta costaes esquerdas,
vem
terminarna parte da parede thoraxica anterior á que corresponde o vértice do
coração; inferiormente a área precordial é limitada por
uma
linha recta,dirigida de cima para baixo, e da direita para a esquerda, que une os
extremos inferiores dos limitesjá descriptos; o limite superior da região
de que falíamos é representado pela recta que une as extremidades
su-periores dos limites direito e esquerdo.
A
pontado coraçãonem
sempre corresponde aomesmo
logar da paredeanterior do thorax: ora corresponde ao ponto de encontro da vertical
mamillar
com
a sexta cartilagem costal esquerda, ora ao meio da alturado quinto espaço intercostal esquerdo para dentro da vertical mamillar.
Como
sabemos da anatomia descriptiva, sãoem
numero
de quatro osorifícios do coração.
Dous
sãochamados
auriculo-ventriculares, os dousoutros ventriculo-arteriaes; todos elles achão-se collocados no
mesmo
plano obliquo para baixo e para traz.
Os
dous primeiros estão maisapro-ximados á parede posteriordo thorax, os segundos mais visinhosáparede
anterior.
Dos
dous orifícios ventriculo-arteriaesum
édenominado
ventri-culo-aortico, o outro ventriculo-pulmonar; aquelle corresponde á terceira
articulação chondro-sternal direita, este á articulação do
mesmo
nome
do lado esquerdo.
As
válvulas semi-lunares, que seprendem
a esses ori-fícios, e que os obliterão nomomento
dasystole das artérias,correspon-dem
mais oumenos
aosmesmos
pontos.Dos
dous orifíciosauriculo-ventriculares
um
acha-se á direita, o outro á esquerda.O
da direita estásituado para traz e
um
pouco
para baixo do orifício ventriculo-aortico;o bordo livre de sua válvula
—
a válvula tricúspide—
attingindo á porçãodo sterno correspondente ao terceiro espaço intercostal esquerdo; o da
esquerda acha-se para baixo e para a esquerda do orifício
ventriculo-aortico; o bordo livre de sua válvula
—
a válvula mitral—
alcançando oterceiro espaço intercostal esquerdo, distante
um
centímetro do bordosternal do
mesmo
lado.2.
—
O
espaço detempo
em
que sefazuma
revolução cardíaca divide-seem
tres partes, as quaes sechamâo
tempos.O
primeirotempo
começa, eacaba
com
a systole dosventrículos; o segundo é constituído peladiástoledo coração; o terceiro é representado pelo relaxamento dos ventrículos.
A
systole das aurículas dá-se no terceiro tempo, e faz parte delle.O
es-paço
que
medeia entre o primeiro e o segundotempo chama-se
pequeno5
silencio por causade sua duração, relativamente maior que a do
pequeno
silencio.
Quando
o ouvido é applicado a qualquer dos pontos da regiãoprecordial, deixa perceber dous ruidos distinclos, succedendo-se
rythmi-camente, e imitando mais ou
menos
o tic-tac deum
relógio.O
primeiro desses ruidos ou tons normaes do coração passa-se no primeiro tempo,é synchrono
com
a systole ventricular, e portantocom
a diástole dasartérias; pode ser ouvido
em
qualquer dos pontos da área precordial,como
já dissemos,mas
onde offerece maior intensidade é no logar da parede thoraxica á que corresponde o vértice do coração, e na base doappendice xiphoide. Esse ruido é produzido: «
Lo
pela contracçãomuscu-lar dos ventrículos; 2.o pela aproximação de suas paredes oppostas; 3.°
pela impulsão do coração contra a parede thoraxica; 4.o pelo choque
im-presso á base das columnas sanguineas contidas na aorta, e na artéria
pulmonar, no
momento
em
queo sangue dosventriculoslevantacom
es-forço as válvulas sigmoides; 5.o pela tensão súbita das válvulas mitral e
tricúspide, pela collisão do sangue contra as válvulas, e o choque desuas
faces correspondentes; G.o pela collisão molecular do liquido sanguíneo,
comprimido, e propellidoparaos orifícios; 7.» pelo attritodo sanguecontra
as paredes ventriculares, sobretudo no nivel das aberturas que elle
atra-vessa. »
Como
o mencionado ruidotem
logar nomomento
da systole cardiaca,é
chamado
systolico pela maior parte dos autores.O
segundo ruidotambém
pode serouvidoem
todos os pontos da regiãoprecordial;
porém
é nos terceiros espaços intercostaes direito e esquerdoque offerece maior gráo de intensidade.
Tem
logar no segundotempo
darevolução do coração, é synchrono
com
a diástole dos ventriculos, ecom
a systole das artérias.
Como
se produz na occasião da diástole cardiaca échamado
ruido ou tom diastolico.Tem
por elementos de sua producção:« l.o o relaxamento dosventrículos,e a collisão do sangue que afílue nas cavidades destes; 2.» o abaixamento súbito das válvulas
auriculo-ventri-culares;3.o a tensão brusca das válvulas sigmoides, eo choque
em
retornosobre suas faces superiores das columnas de sangue lançadasnasartérias
aorta e pulmonar. »
Se attendermos agora para os pontos da área precordial
em
que osdous ruidos de que falíamos apresentão maior intensidade; se
considerar-mos
as relações anatómicas que o coração, seus orifícios, e os troncosexactas as leis physicas da propagação dos sons noslíquidos; e se,
como
nos diz a physiologia, são as válvulas docoração os agentes principaes da
producção daquellesruidos, facilmentechegaremos ás conclusões
seguin-tes: 1.^0 ruido systolico ouvido
com máximo
de intensidade na base doappendice
xiphoMe
propaga-se do ventrículo direito, etem
por causaprincipal a tensão forçada da válvula tricúspide; 2.a o mesifro ruido
com
máximo
de intensidade no vértice do coração transmitte-se do ventrículoesquerdo, e deve sua maior intensidade nesse logar a tensão brusca da
válvula mitral; 3,a o ruido diastolico ouvido
com máximo
de intensidadena parte interna do terceiro espaço intercostal direito propaga-se da
ar-téria aorta, e sua maior intensidade nesse logar
provem
da tensão forçadadas válvulassigmoides dessa artéria; 4.a o
mesmo
ruido diastolico ouvidocom máximo
de intensidade na parte interna do terceiro espaçointer-costal esquerdo procede da artéria pulmonar, e sua maior intensidade
nesse ponto da região precordial é devida á tensão brusca das válvulas
que se
prendem
á circumferencia do oriticio da referida artéria.Assim preparado o terreno
em
quedevemos
laborar, entremosem
nossa dissertação,
3.
—
Sob a denominação de lesões valvulares do coraçãocomprehen-demos
os estados anatomo-pathologicos sobrevindos quer nas válvulas,quer nos orifícios do coração seguidos, ou não de perturbação na circu-lação intercadiaca.
As
lesões valvulares docoraçãotomãoonome
de estreitamentos,quando
os diâmetros normaes dos orifícios cardíacos são mais ou
menos
dimir-nuidos; chamão-se insuficiências,
quando
as válvulas que seprendem
aesses orifícios não
desempenhão
o seu officio de válvulas, ou porque seachão alteradas
em
sua estructura, ou porque, estando esta intacta, osorifícios respectivos augmentarão de diâmetro,
em
consequência deal-guma
alteração histológica.4..—Theoricamente fallando, essas espécies de lesões
podem
atacarindifferenlemente a qualquer dos orifícios cardíacos;
mas
a observaçãodemonstra que são os orifícios da metade esquerda do coração aquelles
que mais vezes são por ellas acommettidos.
5.
—
Os
estreitamentos sãosempre
de origem orgânica, isto é,produ-zidos por
uma
alteração anatómica das válvulas, ou dos anneis fibrososque formão o esqueleto dos orifícios.
As
insufficiencias sãotambém
em
i
das válvulas não se ajustão convenientemente na occasião
em
quefechãoos orifícios, tendo desse
modo
logar a occlusão incompleta dessasaberturas, por consequência o refluxo do liquido sanguíneo;
como
essephenomeno,
além de pouco frequente,é passageiro, e não secomprehende
em
nosso ponto, contentamo-nosem
referil-o.6.
—
Os
estreitamentos dos orifícios do coração são provenientes orade
um
estado mórbidocom
sede nas válvulas, ora dealteraçõesanatomo-patológicas dos orifícios
mesmos.
No
primeiro caso estão asendocardi-tes, seus productos intersticiaes, e superficiaes, as alterações deforma, e
as adherencias das divisões das válvulas, o atheroma, as vegetações de
natureza diversa, finalmente a hypertrophia das válvulas.
No
segundocaso temos a mencionar os productos da endocardite, o atheroma, e as
vegetações na uircumferencia dos orifícios.
As
causas maisfrequentes dasinsuffíciencias são as seguintes.
A
endorcadite, produzindo oencurta-mento
das válvulas, destruindo-asem
parte, ouem
totalidade, e outras vezes formando adherencias entre as divisões das válvulas e a paredecardíaca, ou arterial que lhes fica adjacente; os depósitos defibrina entre
asválvulase suas cordas tendinosas, oatheroma, e seus resultados,
cmfim
a atrophia, ou a hypertrophia das válvulas
mesmas.
Outras vezes asvál-vulas são illesas, entretanto que os orifícios a que ellas se
prendem
achão-se
morbidamente
dilatados: são as insuffíciencias ditas relativas,das quaes nos não
cumpre
fallar.Também
não é raro que as insuffícien-cias procedão da destruição, atrophia e hypertrophia dos músculospa-pillares.
7.
—
Fallemos dos signaes desses estados mórbidos, considerandoseparadamente cada lesão valvular por suavez. Antes
porém
de fazel-o,cumpre
estabelecer os princípios seguintes: i.o a origem dos signaes daslesões valvulares é essencialmente mecânica; 2.o esses signaes
em
geraldenunciãoa existência daslesões de que nos oceupamos,
mas
quasinunca dão conhecimento certo de sua natureza delias, isto é, se as lesões sãoinflam matorias, ulcerativas, cartilaginosas, etc;3.«
em
regra geral as lesõesvalvulares acarretão alguma alteração anatomo-pathologica na substancia
mesma
do coração, estado mórbido que se reconhece,comparando
fre-quentes vezes os signaes oíferecidos pelo coraçãoantes, e depois que pa-rece soffrer; 4.° as lesões valvulares muitas vezes coexistem, e por tal
modo
queuma
occulta a outra, ou seus signaes modificão-se8
8.
—
Insufficiencia mitral. Signaes physicos directos.
Nos
casosbem
caracterisados de insufficiencia mitral a impulsão do coração é irregular
em
força, eem
rythmo.Um
sopro systolicocom máximo
de intensidadena ponta do coração, ou immediatamente acima do mamillo, ou para fora
deste, substitue o ruido systolico de que jáfalíamos (2). Esse sopropouco
ou quasi nada se ouve na basedo appendice xiphoide, no meio do sterno,
e nos terceiros espaços intercostaes direito e esquerdo; pelo contrario é
ouvido mais ou
menos
claro no angulo inferior do omoplata,em
rodadeste angulo, e desde a sexta até a oitava vértebra dorsal,
como
desde ologar
em
que bate o vértice do coração até a cavidade axillar esquerda.O
sopro systolicocom
os caracteres que vimos de descrever é peculiará insufficiencia mitral.
O
ruido systolico é perfeitamente natural na basedo appendice xiphoide, quer seja coberto, ou não pelo sopro ouvido no
vértice do coração.
O
ruido diastolico ou o segundo ruido é muitas vezeseníraquecido no terceiro espaço intercostal direito
em
razão da diminuiçãodo calibre da aorta; no terceiro espaço intercostal esquerdooruido
dias-tolico é pelo contrario mais accentuado. Se o distingue do sopro anemico, e do sopro chlorotico não só pelos caracteres mencionados,
mas
aindaporque estes dous últimos desapparecem
com
o tratamento dos estadosmórbidos que lhes dão origem; entretanto que o sopro systolicoda insuf-ficiencia
em
geral persiste, infelizmente ha casosem
que existeinsuffi-ciencia mitral
com
ausência de sopro systolico. Então o diagnostico dainsufficiencia é impossível,
menos
que o pratico queira sugeitar-se áalguma
contrariedade pela autopsia.Em
um
doente da Misericórdia, per-tencente á clinica do Sr. I)r. Silva Lima, observámos este annoum
casode insufficiencia mitral
sem
sopro systolico.O
exame
do doente durante a vida revelou hydrothorax direito,con-gestão de
ambos
os pulmões,augmento
considerável do fígado,edema
notável dos
membros
inferiores, ascite, edesordem
completa norythmo
dos movimentos, e dos ruidos do coração, sendo estes muito obscuros, eás vezes imperceptiveis.
O
pratico eminente de que temos a satisfaçãode fallar suspeitava que amoléstia principal desse doente era
uma
lesãoorgânica do coração, e provavelmente
uma
lesão valvular;mas
cauteloso,como
é, e mathematicoem
seus diagnósticos, o illustre clinico tratavadeprolongar os dias do doente,
sem
determinar a séde, ea naturezadalesão.O
doente morreo dias depois.Na
autopsia verificámos, além das lesões9
auriculo-ventricular direito, e hypertrophia
com
dilatação do ventrículodireito, cujas fibras carnudas começavão a soffrerdegeneração gordurosa.
9.
—
Signaes physicos indirectos.Uma
das consequências maiscom-muns
dainsufficiencia mitralé ahypertrophiacom
dilataçãodo ventriculoesquerdo.
Em
virtude desse estado mórbido secundário ochoque dovér-tice do coração e a impulsãocardíaca deslocão-se
um
pouco para fora epara baixo.
A
impulsão do coraçãoaugmenta
em
força.No
segundo espaçointercostal esquerdo sente-se não poucas vezes certa impulsão auricular,
sendo ora presystolica, se aaurícula esquerda está hypertrophiada, e ora
systolica, se a impulsão propaga-se do ventriculo. Pela percussão
verifi-ca-se
augmento
para a esquerda nosom
máximo
da área precordial;algumas vezes
também
á direita, se o ventriculo direito se hypertrophia igualmentecom
o esquerdo, o que não é muito raro, sobretudonosin-divíduos moços.
O
pulso é muito variável. Ora apresenta-se regularem
força, eemr
ythmo, ora frequente e depressivel. Outras vezes éirregular
em
rythmo, pequeno, fraco, e accidentalmente largo e tremulosob a influencia de
algum
estado de excitação do coração.10.
—
E
ffeitos da insufficiencia mitral no systema capillar. Pode-sedizer de
um
modo
geral que a insufficiencia mitral por simesma
nem
um
efleito produz no systema capillar da grandecirculação.A
observação prova que a insufficiencia pode existir muitos annos,sem
que sedesen-volva alguma hydropsia,
sem
que haja congestões sanguíneas. Seporém
sobrevem hypertrophia
com
dilatação,começa
o embaraço namarcha
do sangue no systema capillar, accidente que por sua vez concorre para oaugmento
da dilatação do ventriculo hypertrophiado.A
observação aindademonstra que os effeitos variados consequentes da insufficiencia mitral
no systema capillar do cérebro
dependem
não da insufficiencia,mas
da hypertrophiacom
dilatação, que interrompe amarcha
do sangue na pequena circulação, e dahi os soffrimentos da substancia cerebral, e desuas membranas.
Os
effeitos essenciaes dainsufficiencia mitraltem
losar—nos pulmões.
O
sangue lançado pela aurícula esquerda nas veiaspulmo-nares tende gradualmente a congestionar os pulmões;
como
o ventriculodireito trabalha
com
energiamaior para venceroexcesso desangueexis-tente nos pulmões, segue-se que a congestão e a irritação desses órgãos
são effeitosdirectos dalesão
em
questão,assimcomo
a tosse,a expectora-çãomucosa, a dyspnea, a orthopnea, as bronchites, oedema
pulmonar, apneumonia
congestiva, ouirritativa,acongestão passiva, a apoplexia10
monar.
A
expectoração ora é branca, oramanchada
de sangue escuro, oupuro; raras vezes ha grandes quantidades de sangue na expectoração.
H.
—
Estreitamento mitral. Signaes physicos directos.
A
impulsãocardíaca é irregular, e desigual
em
força.O
sopro deum
estreitamentomitral
bem
desenhadotem
os caracteres seguintes.É
presystolico,ofíe-rece maior intensidade no vértice do coração, ou immediatamente acima
desse ponto, propaga-se nas
mesmas
direcções, e ouve-se nosmesmos
pontos (8) que osopro systolico, ainda que
menos
claramente; raras vezes encobre o ruido systolico, e o ruido diastolico.A
existência desse sopro no estreitamento mitral forma a excepção, sua ausência a regra geral.Isto é devido a que quasi sempre o orifício não apresenta rugosidades, e
a que as mais das vezes a aurículaesquerda, apezar da hypertrophia,
pro-duz contracções fracas. Corno sabe-se, essas duas circumstancias são
desfavoráveis á producção do sopro, cuja origem é toda mecânica.
Na
ausência do sopro presystolico para o diagnosticodoestreitamento mitral, o segundo ruido presta grande auxilio.
É
assim que no terceiro espaçointercostal direito esse ruido é
em
geral fraco, ao passo que é bastante sonoro e accentuado no terceiro espaço intercostal esquerdo. Apezarde
ser raríssimo o sopro presystolico de quefalíamos, observamol-o todavia
este anno
em
um
doente do Sr. Dr. Silva Lima, e o anno passadoem
outro doente pertencente á clinica da Faculdade.12.
—
Signaes physicos indirectos.A
percussão denunciaaugmento
paraa direita no
som
massiço da área precordial.Em
consequência dahyper-trophia
com
dilatação da aurícula esquerda, eda hypertrophia excêntricado ventrículo direito sente-se á esquerda a impulsão presystolica da
aurícula, e a do ventrículo á direita.
13.
—
Os
signaes fornecidos pelo pulso, e pelo systema capillar são osmesmos
que na insufíiciencia mitral.Quando
ha insufficienciacom
es-treitamento, pode acontecer que os sopros dessas lesões sejão ouvidos
cada
um
em
seu tempo, ou somenteum
delles.14.
—
Insufficiencia tricúspide. Signaes physicos directos.Um
soprosystolico
com máximo
de intensidade na base do appendice xiphoide,ou
immediatamente ácima e para fora dessa cartilagem, apenas ouvido novértice do coração, imperceptível na parte esquerda da columna vertebral
opposta ao angulo inferior do omoplata, denuncia geralmente
uma
insuf-ficiencia tricúspide. Esse sopro
em
geral é brando.Nem
sempre
existeapresentar á columnasanguínea
uma
superfície rugosa; 2.o porque omo-vimento do sangue pode ser fraco a ponto de não determinarattrito
sen-sível contra as rugosidades da válvula.
Pode
acontecer ainda que hajaum
sopro mitral, e que este abafe completamente aquelle; entretanto oscaracteres próprios de
ambos
esses sopros e a apreciação exacta deseusmodos
de propagação distinguem-nos perfeitamente.Em
theorh o sopro próprio da insufficiencia tricúspide pode ser confundidocom
o sopro proveniente da collisâo do sangue contra as cordas tendinosas espessadase rugosas da válvula. Para distinguil-os recorre-se á impulsão auricular,
e ao estado das veias do pescoço. Assim se a impulsão auricular 6
mais ou
menos
forte, se existecom
ella ondulação, ou pulso venoso dasjugulares, ou melhor ainda pulso hepático, o sopro é devido á
insuffi-ciencia tricúspide, e não ao espessamento das cordas tendinosas.
Ha
porém
insufficiencia tricúspidesem
pulsação jugular, ou hepática, esem mudança
notável na força da impulsão cardiaca.Nesse caso o diagnostico permanece
em
duvida, principalmente se oquizermos fazer servindo-nos somente do sopro.
O
ruido diastolico per-cebido no terceiro espaço intercostal esquerdo ordinariamente é fraco; noterceiro espaço intercostral dirmto conserva
porém
seu caracternor-mal.
É
em
geral fraco o ruido systolico percebido no vértice do coração.15.
—
Signaes physicos indirectos.As
impulsões sternal e epigastricaapresentão-se
com
força variável, e mais pronunciadas á direita que áesquerda, excepto se o ventrículo esquerdo se acha hypertrophiado.
O
som
massiço da região precordial augmenta á direita. Essesphenomenos
são devidos á dilatação simples, ou
com
hypertrophia do ventrículo di-reito.Âs
vezes a hypertrophia doreferido ventrículo torna mais forte que normalmente o segundo ruido na artéria pulmonar.16.
—
O
pulso não offerece nada de notável.Nos
casosbem
figuradosda insufficiencia
em
questão as veias jugulares são túrgidas, nodosas,pulsativas, muitas vezes deixando sentir o thrill dos autores inglezes, e
ouvir o sopro transmittido da válvula.
O
traço sphygmographico, tiradosobre ellas, mostra que a linha ascendente é descripta
em
dous tempos:é
uma
linha quebrada na união de seu terço superiorcom
o terço médiosem
formação de angulo distincto.Nos
casosem
que pulsão as veiasju-gulares, raramente falta a pulsação hepática,
symptoma
de alto valor nalesão que nos occupa.
Gomo em
medicina tudo falha, essessymptomas
17.
—
Effeitos no systema capillar.
Vimos
(10),quando
fallámos dain-sufficiencia mitral, que os capillares pulmonares soffrião directamente os
effeitos dessa insufficiencia: na insuffictencia tricúspide succede o
con-trario.
Os
capillares pulmonares soffrem indirectamente, isto é, depoisque se produz stase sanguínea nos capillares da grande circulação.
As
razões disto são dadas facilmente pela physiologia, e pelas relações
ana-tómicas da pequena
com
a grande circulação. Sigamos no terreno daobservação pratica e positiva.
A
stase sanguínea nos capillares da grande circulaçãocomeça
nomo-mento
em
que a dilatação dascavidadesdireitasdo coração é insulficiente1para compensar o embaraço da circulação. Isto é attestado pela observa-ção clinica, e defendido pela physiologia. Daqui nasce
um
principio geralpara a pratica: só se deve receiar na insufficiencia tricúspide stase san-guínea na grande circulação, quando a dilatação das cavidades direilas
do coração forinsufficiente para manteroequilibrio circulatório, ou quan-do tiver diminuído a acção nervosa do coração.
A
stase sanguínea nos capillares do cérebro e as apoplexias cerebraessão mais frequentes nas lesões valvulares
com
dilatação das cavidadesdireitas (portanto na insufficiencia tricúspide) que nas lesões valvulares
com
hypertrophia do ventrículo esquerdo.A
observação demonstraque
a cirrhose do fígado desenvolve-se
menos
geralmente na insufficienciatricúspide que na insufficiencia mitral, ainda que nessa lesão a stase
san-guínea seja mais considerável que nesta ultima.
A
icterícia é maisfre-quente na insufficiencia tricúspide que na mitral.
A
razão dessesacei-dentes ainda é desconhecida pela sciencia.
Também
são mais frequentesna insufficiencia tricúspide que na mitral aalbuminúria passiva, o
edema
dos órgãos genitaes na mulher, e a leucorrhea passiva.
Os symptomas
que vimosde descrevertemosobservado algumasvezes;agora
mesmo
(13 de Junho) acha-se na enfermaria Santa Clarauma
pretaafricana, soffrendo de insufficienciatricúspide,
em
que se pode encontrar a maior parte dossymptomas
descriptos, além de hydrothorax duplo,augmento
considerável do fígado, forte dyspnea, e grande anasarca.18.
—
Estreitamento tricúspide. Ainda não tivemos occasião de ver na
pratica essa espécie de lesão valvular. Sua existência é possível, ejá
tem
sidoobservadapor especialistasde grandenomeada.
Nem
um
dellesporém
(pelo
menos
os que consultámos) apresentauma
descripção satisfactoria43
outras lesões valvulares, ficando desse
modo
no espirito dequem
apreciaa descripção duvida
em
pertencerem certos signaes ao estreitamentoem
questão, ou ás outras lesões valvulares de que elles fallão. Assim pois,em
vez de expor os signaes do estreitamento tricúspide, faremos apenas algumas considerações a seu respeito.O
estreitamento tricúspide é muito rarosem
outra lesão valvular.Em
theoria
um
sopro presystolicocom máximo
de intensidade na base doappendice xiphoide,
com
omodo
mais oumenos
de propagação dosoprosystolico da insufficiencia tricúspide, denuncia a existência de
um
estrei-tamento do orifício auriculo-ventricular direito.
A
praticaporém
aindanão verificou semelhante sopro apezar da existência do dito
estreita-mento.
Os
effeitos do estreitamentoem
questão no systema capillarem
quasinada differem dos da insufficiencia tricúspide. Noscasos de estreitamento
tricúspide,
acompanhado
de outras lesões valvulares, os signaesseguintessão os que mais parecem pertencer-lhe. Turgencia consideráveldas veias
jugulares, sobretudo das jugulares do lado direito, pulsação dessas veias,
augmento
para a direita nosom
massiço da área precordial, e pulsaçãohepática. 49.
—
Estreitamento doorifício aórtico. Signaes physicos directos. Sopro
systolico
com máximo
de intensidade na parte interna do terceiro espaçointercostal direito, na metade direita dosterno correspondenteou opposta
ao
mesmo
espaço, diminuindo rapidamente de força entre essespontos eo mamillo esquerdo, onde muitas vezes não é percebido; ouvido
fraca-mente
no terceiro espaço intercostal esquerdo, distincto na segundacar-tilagem direita, no colchete sternal, e desde a segunda até a quinta
vér-tebra dorsal.
Ás
vezes é mais distincto á esquerdaque ádireita do sterno;então é melhor percebido abaixo do sterno que na direcção do ventrículo
esquerdo, na parte superior do dorso á direita da columna vertebral,
com
tanto que os pulmões, os mediastinos, e a curva da aorta estejãolivres de certos estados mórbidos.
Em
geral esse sopro ébem
distincto,prolongado, e áspero;pode todavia serbrando, e tomar accentuações
par-ticulares; muitas vezes é perfeitamente musical.
Quando
o ventrículo estáhypertrophiado, isto concorre poderosamente para augmentar a
intensi-dade do sopro, e tornai-o mais prolongado. Para distinguir essesoprodo
produzido pela chlorose, e anemia o meio mais seguro é appellar para o
14
demorar o diagnostico nos casos
em
que se procura saber se o soprosystolico é devido á lesão do orifício, ou á alteração do sangue.
2,0.—Signaes physicos directos. Ligão-se todos á hypertrophia do
ven-ticulo esquerdo.
21.
—
Pulso. Se o estreitamento é pequeno, o pulso não soffre alteração
nem
uma; se é considerável, então o pulso é pequeno, duro, rijo econ-centrado.
^.2,—Effeitos no systema capillar.
O
systema capillar dospulmões
nada soffre diretamente da parte do estreitamento;
quando
chega asoffrer é porque o sangue das veias pulmonares não se deposita
inteira-mente
na aurícula esquerda,cujo sangue desta deixa de passarem
totali-dade para o ventrículo correspondente, que luta
com
difficuldade paraexpellir de si seu conteúdo sanguíneo.
Em
geral o estreitamento aórticopode existir por muitos annos
sem
produzir derramações hydropicas.Quando
estas se declarão, são provenientes ou deuma
alteraçãodyscra-sica do sangue, ou da falta de integridade funccional do orifício mitral.
Segundo
a observação clinica os capillares do cérebro não soffrem stasesanguínea, senão nas condições
em
que soffrem os capillares da grandecirculação. 23.
—
Insufficiencia aórtica. Signaes physicos directos. Sopro diastolico
com máximo
de intensidade no terceiro espaço intercostal direito,pro-pagando-se até a base do appendice xiphoide, onde se ouve
com
inten-sidade mais ou
menos
amesma.
No
terceiro espaço intercostal direito oditosopro diastolico revela-se de
modo
variável.É
assim que neste pontoora elle éouvido só, ora
acompanhado
doruido diastolico,apresentando-se este ultimo ou na occasião da producção do sopro, ou logo depois
desta, ou finalmente ao desapparecer do sopro.
No
primeiro caso hades-truição completa das sigmoides da aorta; nosegundo existe ainda
alguma
dessas válvulas, ou o ruido ouvido
com
o sopro propaga-se das sigmoi-des pulmonares; no terceiro caso, o mais raro, o ruido pode provir ou dealguma
das válvulas sigmoides da aorta ainda conservada intacta, ou dafalta de isochronismo na systole das artérias aorta e pulmonar.
A
quali-dade do sopro varia muito: ébrando, áspero, musical, etc.
Na
insuffir.ien-cia aórtica o sopro é constante, seja qual for o estado de integridade da
substancia do coração, o que se
comprehende
facilmente, attenta a causade sua producção. Se
porém
ha estreitamento considerável no calibre da15
estreitamento aórtico, então o sopro pode faltar: neste caso não se trata
ile
uma
insufficiencia simplesmente.24.
—
Signaes phijsicos indirectos. São osmesmos
que os dahypertro-phia excêntrica, ou simples do ventrículo esquerdo. (9)
25.
—
Pulso.Os
caracteres do pulso na insufficiencia aórtica sãodistin-ctos dos de qualquer outra lesão valvular.
O
dedo sente a onda sanguínea fortemente impellida pela systole cardíaca, eimmediatamente depois divi-dir-seessamesma
ondaem
duas, das quaesuma
segue a direcção daim-pulsão ventricular, e a outra reflue para o ventrículo.
Em
geral orythmo do pulso é normal; ás vezesporem
adiástole arterial tem logarum
poucodepois do ruido systolico. As pulsações fazem-se
em
certos casoscom
solavancos, desigualdades, e intermittencias; nascarótidas principalmente
experimenta-se, quando sobre essas artérias se applica o dedo,
uma
sen-sação análoga áde
um
corpoquezune—
thrill arterialdos autores inglezes.
Na
occasião dadiástole arterial percebe-se ainda,nas carótidas sobretudo,muitos pequenos ruídos,
acompanhados
deum
sopro distincto.Às
peque-nas artérias,
como
por exemplo as temporaes, tornão-se rectilíneas decurvas que são naturalmente.
A
linha ascendente do traçosphygmogra-phico, tiradosobre as radiaes, é muito vertical, o angulo formado poresta
linha e pela linha descendente é bastante agudo; na parte superior da
linha descendente forma-se
uma
espécie decolchete, mais oumenos
bem
desenhado, segundo o gráo da insufficiencia; a linha de descida é
descri-pta
com
rapidez notável.26.
—
Effeitos no systema capillar.A
circulação pulmonar é aífectadapor dous modos, isto é, a válvula mitral lornando-se insufficiente por sua
vez, ou sobrevindo o embaraço do
movimento
sanguíneo,produzido pelacollisão do sangue refluente da aorta e doque desce da aurículaesquerda.
A
hypertrophia do ventrículo esquerdo longe de ser favorável á stasesanguínea na grande circulação, pelo contrario lhe é nociva, porque
au-gmenta
o calibre da aorta, enfraquecendo dest'arte a força activa dessaartéria.
Aprova
disto é que a insufficiencia pode existir por longotempo-sem
edema
das extremidades inferiores,em
quanto não sobrevem ahypertrophia do ventrículo esquerdo.
Os
capillares do cérebro soffremstases sanguíneas indirectamente, por meio do embaraço subsequente da
circulação pulmonar.
27.
—
Estreitamento do orifício da artériapulmonar. Ainda não tivemos occasião de observar essa lesão. Autores inglezesporem
dignos de fe'1G
observárão-na algumas vezes;
acompanhamos
a descripção feila por elles.Sopro systolico
com máximo
de intensidade na parte interna do terceiroespaço intercostal direito, mais ou
menos
perceptível na parteantero-superior do thorax, propagando-se fracamente para a ponta do coração,
aonde
em
geral não se percebe, é o signal physico directo de mais valor.Como
signaes physicos indirectos temos os signaes da hypertrophiaex-cêntrica, ousimples doventrículo direito, embaraço notável dacirculação
venosa, principalmente se o orifício tricúspide
toma
parte no soffrimentopulmonar.
O
pulso não apresenta caracteres particulares.^.—Insufficiencia das válvulas sigmoides da artéria pulmonar. Essa
lesão
tem
sido observada existindo só, eacompanhada
de outras lesõesdocoração, eda artéria pulmonar.
Os
signaes quelhe devião ser próprioslaltárão nos casos observados; sua existência delia verificou-se
post-mortem.Nós, nãopretendendo a gloriade sustentar idéas theoricas de
quem
quer que sejão,
nem
imitando certos autores nos vôos de suasimagina-ções, nós, que ern medicina temos mais confiança nos sentidos íntegros
do que
mesmo
na razão, sujeita tantas vezes áphantasia, eaos caprichosde theorias falsas, consideramos muito difficil, se não impossível o
diag-nostico da insufficiencia pulmonar durante a vida, excepto se existe só;
sem
outro estado pathologico dos pulmões, ou do coração (o que não éde fácil concepção
em
praticaj porque nesse caso o diagnostico dainsuf-ficiencia seria feito por exclusão.
Em
theoriaum
sopro diastolicocom
máximo
deintensidade no terceiro espaçointercostal esquerdo,propagan-dose para a parte esquerda e antero-superior dothorax, e na direcção do
ventrículo direito á esquerda do sterno, seria ligado á existência de
uma
insufficiencia pulmonar.
Yimos
entretanto que o sopro da insufficienciaaórtica
também
podia apresentar esses caracteres.Os
effeitos no systemacapillar são os mais sérios: quaes sejão elles a physiologia nos faz prever
facilmente. 29.
—
Considerações ácerca dodiagnostico das lesões valvulares.
A
pri-meira cousa que o pratico deve ter
em
vista,quando
procura estabelecero diagnostico de
uma
lesão valvular, é saber se o coração estáprecisa-mente
collocadoem
seu logar natural; porque a falta dessa condiçãomuda
necessariamente a sede dos ruidos normaes do órgão.Não
é raroque o coração seja deslocado de sua posição natural; ou por causa de
alterações anatómicas, sobrevindas
em
sua estructura antes,ou
durante,17
estados mórbidos das artérias aorta e pulmonar, dos mediastinos, das
pleuras, do pericárdio, e dos pulmões. Nos derramamentos das pleuras, e
do pericárdio é quasi sempre o vértice do coração que
muda
de posição,ao passo que a base conserva sua posição ordinária
em
consequência doestado de fixidade que recebe da parte dos grossos troncos vasculares.
30.
—
A
intensidade dos sopros soffrea influencia mais oumenos
directadoestado
em
queseacha a substanciadocoração.É
assim quena dilataçãodas cavidades do coração,
como
em
outras affecções da substanciacar-díaca
acompanhadas
de fraqueza, sãoenfraquecidosnão somente os soprosprovenientes dos estreitamentos,
mas
ainda os resultantes dasinsuffi-ciencias valvulares.
Pode
entretanto acontecerqueos sopros provenientes dasinsufficienciasconservem suas intensidades naturaes, porque estas
dependem
principal-mente
da quantidade de sangue refluente da artéria, a porção de sanguepodendo
ser considerável aponto de contrabalançar o efíeito da dilatação,ou da fraqueza do musculo, desfavorável á intensidade dos sopros.
Supponhamos
agorauma
hypertrophia doventrículo esquerdo, einsuf-iciência das válvulas sigmoides da aorta
com
estreitamento doorifício damesma
artéria: osopro causado pela insufficienciadiminue deintensidade,o do estreitamento pelo contrario augmenta. Admitíamos ainda a hyper-trophia do referido ventrículo esquerdo
com
insufficiencia da válvulamitral e estreitamento do orifício auriculo-ventricular esquerdo: o sopro
da insufficiencia augmenta (note-se que falíamos
comparando
os soprosantes, e depois do desenvolvimento da hypertrophia), o do estreitamento
nada soffre. Assim pois vê-se que a hypertrophia influe directamente
na intensidade dos sopros.
31.
—
Dado
um
sopro, sendo determinada sua origem, os caracteresdesse sopro são susceptíveis de modificar-se por influencia de
alguma
alteração anatomo-pathologica dos outros orifícios.
Não
poucas vezes osopro do estreitamento aórtico é absorvido pelo sopro da insufficiencia mitral. Consegue-se distinguil-os então reparando nos pontos de maior
intensidade, partindo dos quaes nota-se que ha
um
logar entre ellesem
que
diminuem
gradualmente as intensidades respectivas dos sopros. 32.—
Nos
casos de hypertrophia, ou de dilatação da aorta, havendoinsufficiencia das válvulas desta artéria, o sopro diastolicopode
augmen-tar de intensidade, e serprecedido de
um
sopro systolico, principalmentese os seios de Walsalva se achão dilatados.
A
chlorose e a anemia con~18
correm poderosamente para o
augmento
da intensidade dos sopros;mui-tas vezes o pratico mais experimentado encontra difficuldades serias
em
distinguir os sopros destes estados mórbidos daquelles que
provem
daslesões anatómicas dos orifícios do musculo cardíaco: otratamento de taes
estados pathologicos é o melhor meio de reconhecera origem desses
so-pros,
como
já dissemos.33.
—
Os
sopros das lesões valvulares muitas vezes não se ligão ás suas verdadeiras origens,em
consequência de estados mórbidos tendo sedenos órgãos vizinhos ao coração. E' assim que o sopro do estreitamento
aórtico ouve-se algumas vezes melhor á esquerda que á direita: no caso
por exemplo de
emphysema
do pulmão esquerdo e enduração do direito.A's vezes o
rythmo
das contracções cardíacas é alterado por talmodo,
que éimpossíveldistinguir orythmo dosruídos do órgão, portanto o tem-po
em
que o sopro se produz.34.
—
As
condições physicas dos orifícios, ou de suas válvulas, pro-ductoras deum
sopro,podem
mudar, sobrevindo, ou não alteração nosopro existente, relativamente á natureza da mudança. Isto quer dizer o
seguinte: l.o o estado anatomo-pathologico de
um
orifício, ou de suaválvulapode seraggravado,
sem
que hajamudança
sensível no sopro; 2.»uma
lesão valvular simples,um
estreitamento por exemplo podeesten-der-se posteriormente ás válvulas, estas soffrer alteração superior á
do orifício, e o sopro denunciadorda insufficienciatornar-se maisnotável
que
o do estreitamento; 3.o acontece algumas vezes que as condiçõesphysicas de
um
sopro são de natureza tal que, existindoum
estreita-mento, ou
uma
insufficiencia, ouve-seem
qualquer das lesões figuradas, oraum
sopro diastolico, ora systolico, entretanto que a lesão é simples;4.o
em
outros casos,bem
que raros, tem-se observado odesappareci-mento
deum
sopro por lesão anatómica,sem
que haja alteração dosan-gue,
nem
fraqueza notável daacção cardíaca.35.
—
Resulta de todas essas considerações que, seem
geral é fácil odiagnostico das lesões valvulares,
em
certas circumstancias elle é muitodifficil, e ás vezes impossível,
menos
que o pratico queira sugeitar-se áalguma
contrariedade pela necropsia.36.
—
Symptomas
consecutivos.Do
que dissemos á respeitode cada lesãoem
particular pode-se facilmente ajuizar dos effeitos doembaraço
dosangue no systema capillar.
Assim
oedema
das extremidades, a ascite,19
sangue, as congestões do fígado, tornando-se posteriormente moscado,
ou granulado, os soffrimentos dosrins, do baço, ohydrothorax, o
hydro-pericardio, os padecimentos do apparelho respiratório,
emfim
a anasarcalem
inteira e fácil explicação.A
perda de forças e a inaptidão para otra-balho, a nutrição conservando-se boa, são effeitos
mui
constantes naslesões valvulares.
O
somno
dos cardíacos é quasi sempre perturbado: orapor desassocego simplesmente, ora por meio de representações
imagina-rias mais ou
menos
desagradáveis.É
raro queos pacientes detaesmolés-tias conservem no leito a posição horisontal:
tem
geralmente a cabeça elevada sobre altos travesseiros.A
região do coração é muitas vezessedede sensações dolorosas de variável intensidade: desde a mais leve sensa-ção de dor até a verdadeira angina pectoris. Essas sensações estendem-se
cm
geral até as regiões vizinhas.37.
—
Duração, e prognostico.
Não
se pode determinar ao certo otempo
de duração de
uma
lesão valvular: 1.° porque o estado actualda sciencia,com
quanto nos de na pluralidade dos casos o conhecimento daexistên-cia de taes estados mórbidos, ainda não dispõe de elementos, por meio
dos quaespossamos ajuizar
com
segurança danatureza, egravidade dessasaffecções; 2« porque
uma
lesãovalvular,reveladamuitas vezes por signaesphysicos dos mais patentes eclaros, persistepor longo tempo; 3.o porque
lesões valvulares
mui
graves haque
só se reconhecem post-mortem; 4.oporque, se ha
em
palhologia grupo de moléstiasem
que a natureza semostra superior a todos os conhecimentos do medico, é o das moléstias
de que falíamos;
nem
sempre os poderes da natureza se patenteão ásvis-tas darte.
De
accordocom
a observaçãoclinicadeum
eminente praticoinglez,va-mos
exporasérieda gravidade das lesões de quenos occupamos.A
maisgrave é a insufficiencia tricúspide, depois o estreitamento mitral, a
insuffi-ciencia deste nome,e a insufficiencia aórtica,o estreitamentopulmonar,
fi-nalmenteo estreitamento aórtico.
Não comprehendemos
nesta série o esrtreitamento tricúspide,
nem
a insufficiencia pulmonar,porserem muitora-ras estas lesões. Encarando a gravidade das lesões valvulares,
relativa-mente
á frequência da morte súbita, a insufficiencia aórtica occuparia oprimeiro logar; mas,
como
essa terminação das lesõesem
questão é por assim dizer exclusiva á insufficiencia aórtica, conservamos a sérieprimei-ra, cumprindo ao pratico ter sempre
em
memoria
a gravidade de talprognostico de
uma
lesão valvular do coração.A
causa da morte súbitanos cardíacoséincontestavelmente a syncope do coração; se esta é
deter-minada
mecânica, ou dynamicamente,ou porambos
osmodos
aomesmo
tempo
a sciencia ainda não deu demonstração satisfactoria.Ainda desta vez
queremos
evitar ocampo
das theorias, tão enrequecidopelos autores francezes neste ponto.
A
morte súbita na insufficienciaaórtica pode sobrevir havendo perfeito estado de integridade das forças
vitaes do coração,
como
em
condições oppostas; tanto no estado derepouso, quanto de movimento, assim nos indivíduos dominados por
im-pressões moraes profundas,
como
em
o estado mais sereno detranqui-lidade de espirito.
O
estado da substancia do coração entraem
grande linha de conta noprognostico das lesões valvulares.
A
dilatação das cavidades cardíacas,consecutiva á lesão primitiva das válvulas, acarreta ordinariamente outra
lesão valvular. Pode-se dizer que ahypertrophia produz os
mesmos
effei-tos da dilatação.
No
estreitamento aórtico entretanto a hypertrophiammora
os effeitos desta lesão; ao passo que aggrava as consequências dainsufficiencia do
mesmo
nome.O
estado de adiantamento e a gravidade das lesões secundarias,reve-ladas no systema capillar dos difterentesórgãos, são auxiliares poderosos
do prognostico dessas lesões cardíacas.
Os
signaes physicos directos sãoem
regra geral denem
uma
importância: ha muitas lesões valvularesgraves
sem
omenor
sopro.Temos
tocado nos pontos principaes, indispensáveis para o prognosticadosestados mórbidosjá tantas vezesfallados.
Do
que dissemos vê-se queo prognostico depende de circumstancias numerosas, as quaes
em
certoscasos o tornão fatal,
em
outros duvidoso,em
outrosemíim
(osmenos
frequentes) favorável. 38.
—
Tratamento
—
Qualquer que seja a natureza da causa determi-nante das lesões valvulares, qualquer que seja o estado de alteração ana-tomo-pathologicaem
que seachem
as válvulas doentes, a medicinapratica nao conhece meio
nem
um
capaz desatisfazer a indicação directado tratamento das lesões valvulares. Se
bem
que as lesões valvularesestejão além dos recursos da therapeutica, consideradas anatomicamente,
os seus mais graves eífeitos funccionaes delias são susceptíveis até certo ponto não só de ser combatidos,
mas
ainda obstadosem
seu21
Seja qual fora lesão valvular, o tratamento
empregado
náotem
porfimcombater a lesão
em
simesma,
mas
prevenir a hypertrophia do musculocardíaco, refreal-a, impedira dilatação das cavidades docoração, minorar
ou remover os effeitos secundários da lesão primitiva, os quaes por sua vez constituem graves estados mórbidos.
39.
—
Para prevenir o desenvolvimento da hypertrophia os melhoresagentes therapcuticos são osaconselhados pelahygiene. Assimos cardíacos
devem
subtrahir-se a todo, e qualquer desassocego deespirito; fazerpas-seios
moderados
ao ar livre e puro; evitar o uso dos alcoólicos, e das bebidas quentes; ser sóbrios nosprazeres dameza; ecommunicar
aome-dico a
menor
perturbação que experimentarem naregião docoração.Se, apezar de todas essas cautelas, sobrevierem ahypertrophia do
cora-ção
com
dilatação e as lesões secundarias, então a therapeutica é muitovariável.
Digitalis—Muito merecidamente adigitalis denomina-se oremédio por
excellencia doscardiacos. Seus effeitosbenéficos no tratamento daslesões
valvulares, descriptos por
um
celebre pratico de S. Petersburgo, tem sidomais ou
menos
presenciados por nósem
mais deum
doente no hospitalda Misericórdia. «
A
digitalis diminue a excitação do coração, orythmo
deste órgão, queera augmentado, torna-se regular, ochoque é maisforte,
desapparecem as falsas contracções; o diâmetro, sobre tudo o transverso,
diminue; o pulso torna-se mais forte; as artérias são mais difficilmente
comprimidas pelodedo; o
numero
dasinspirações diminue, adispnea easpalpitações se enfraquecem consideravelmente; a urina
augmenta
dequantidade, e todos os
symptomas
que indicãoum
enfraquecimento daactividade do coração diminuem.)) Depois que osdoentesusão por
algum
tempo
dessa substancia, a sua acção desta se enfraquece por fim,em
consequência de habituar-se
com
ella oorganismo; pelo queé convenientereserval-a para os casos urgentes não sódeexcessiva actividade do
cora-ção,
mas também
para oscasos de grande fraqueza domesmo
órgão.Em
lugar da digitalis usa-se vantajosamente do nitrato de prata, cuja acção,
npezar da
menos
rápida que a da digitalis, é mais permanente, do acetatode zinco, do aconito (o extracto da raiz,) e do bromureto de potássio.
Os
preparados de arsénico e os de ferro jámais
devem
ser esquecidos,por-que
em
todo o casoconvém
sustentar aboa nutrição do organismo, e22
agentes therapeuticos mais vantajosamente empregados napratica contra
as lesões valvulares, considerando-osdirigidosparticularmente ao coração
mesmo,
desculpe-se-nos a expressão.Os
diuréticos, taescomo
a aguardente allemã, os vinhos diuréticos, oacetato,onitrato,eobitartratodepotassa, sesão deutilidade incontestável
quando existe a hydropesia,
também
são bastante úteis antes damesma.
É
assim que elles, diminuindo a quantidade de sangue,sem
alterar asua composição,
oppõem-se
ao embaraço da circulação, deixandomenos
trabalho aocoração, obstando a alteração do liquido sanguíneo resultante
da
demora
do sangue nos canaes que percorre, oppondo-se áperturbação da hematose, áaccumulação no sangue deprincípiosquedevem
serelimi-nados, etc.
Se, apezar do emprego dos diuréticos, a urina continua a serexcretada
em
pequena quantidade, os sinapismos, os vesicatórios, e asventosases-carificadas, applicadas sobre a região dos rins, são excellentes auxiliares,
quando se traia de promover a diurese.
Convém
que as funcções intestinaes sejão regulares: desfarte evita-senão só os esforços na occasião da defecação,
mas
ainda a congestão dofígado.
Os
purgantes salinos, oaloés, ospurgativosdeacçãoelectivasobreos grossos intestinos são então indicados.
O
catarrho gastro-intestinalserá combatido pelos meios apropriados, os quaes são numerosos. Esta complicação exige especial attenção do medico, porque concorre
em
grande parte para o periodo de cachexia das lesões valvulares
em
razão da perturbação da digestão. Contra os engorgitamentos dospulmões
aproveitão internamente a ipecacuanha, o meimendro, a scilla, a senega,
etc: externamente os sinapismos, e osvesicatórios. Deve-se recorrer aos anti-spasmodicos nos paroxysmos de dyspnea; os opiados
devem
serem-pregados
com
reserva: somente nos casos de insomnia.Emprega-se
com
proveito contra as congestões hepáticas o chá do cortical de
murungú,
o da raiz e das folhas de capeba, os purgativos, auxiliando o
emprego
desses medicamentos
com
o uso externo dos sinapismos, e vesicatórios.O
calomelanos não deve serempregado
neste ultimo caso por causa desua acção fluidificante na massa do sangue.
As
palpitações e os accessos de angina pectoris são combatidosgeral-mente
pela digitalis, pelo nitrato de prata, bromureto de potássio, e pelaano-23
dyno de Hoffmann, tincturade digitalis, e tinctura debelladona: tomar de
10 a
20
gottas desta mistura duranteos accessos ».Como
meios externosusa-se do gelo sobre a região do coração, da
pomada
de chloroformio.das injecções hypodermicas de acetato de morphina, e da corrente
SECÇÃO
ACCESSORIA.
TINCTURAS
ALCOÓLICAS
PROPOSIÇÕES
I
Tincturas alcoólicas são medicamentos officinaes líquidos, resultantes
da acção do álcool sobre uma, ou mais substancias medicamentosas,
em
geral de origem vegetal, ou animal, raramente de origem mineral.
II
Importatantoao medico, quanto ao pharmaeeutico a divisão das
tinctu-ras alcoólicas
—
em
alcoolaturas e tincturas alcoólicas propriamente ditas.III
Nas tincturas alcoólicas o álcool representa tres papeis: dissolve as
substancias medicamentosas; oppõe-se á alteração das
mesmas
substan-cia, é
também
medicamento.IV
O
estado secco,de humidade, e a divisão das substanciasmedicamen-tosas, cujas tincturas se procura obter, influem poderosamente na
quali-dade e no gráo de concentração desses preparados pharmaceuticos.
V
O
gráo de concentração do álcool a empregar-se na preparação dastincturas varia segundo a natureza das substancias medicamentosas.
VI
A
cocçãocomo
processo de preparação das tincturas alcoólicas deveser desprezada pela pharmacia.
26
VII
A
proporção deuma
parte das substancias medicamentosas para cincopartes deálcoolna preparação dastincturas alcoólicas deve ser observada
pelos pharmaceuticos, exceptuando
um
pequenonumero
de substancias.VIII
Os
melhores processos de preparação das tincturas alcoólicas são a solução simples, a maceração, e a digestão.IX
A
simplicidade, ou complexidade das tincturas alcoólicas deriva-seda
numero
das substancias que lhes servem de base.X
A
addição dos alcalinos ao álcool na preparação das tincturasalcoó-licas não
tem
utilidade alguma. XIA
evaporação do álcool antes, durante, e depois da preparação dastincturas deve ser sempreevitada.
XII
As
tincturas alcoólicas, preparadas secundum artem,eHEMORRHAGIA PUERPERÀL
E
SEU
TRATAMENTO
PROPOSIÇÕES
I
Chama-se
hemorrhagia puerperal a perda interna, ou externa desan-gue que
tem
logar antes, ou durante, ou depois do trabalho doparto.II
Achamos
exeellentca divisão que faz Cazeaux das causas dahemorrha-gia puerperal
—
em
causas predisponentes, causas determinantes, ecausasespeciaes.
[II
O
desenvolvimento exagerado de vasos sanguíneos no tecido do úterodepois da concepção, o
modo
pelo qual se faz a circulaçãoutero-placen-taria, a estructura dos vasos utero-placentarios, as contracções
spasmo-dicas do útero tresmezes depois da concepção, as excitações physicas,ou
moraes, capazes de determinarafíluxo de sangue parao útero, a exaltação
de todas as íuncções, provocada pela concepção, e pelo desenvolvimento
do ovo, são as principaes causaspredisponentesda hemorrhagia puerperal.
IV
As causas predisponentes, já referidas, prolongadas por muito
tempo
podem
ser causas determinantes da hemorrhagia puerperal.V
A
inserção da placentano segmento inferiordo útero, aruptura da haste omphalo-placentaria,a curtezado cordãoumbilical,ascontracções rápidase enérgicas do útero, as rupturas do corpo, edo collo doútero são causas
28
VI
Sem
a perda externa de sangue, ousem
o reconhecimento de coalhos sanguíneos no útero ha sempre duvida no espirito do parteiro á cerca daexistência de
uma
hemorrhagia puerperal.VII
A
gravidade do prognostico deuma
hemorrhagia puerperal depende da quantidade de sangue perdida e da epochaem
que a hemorrhagia tem logar: para omenino
oprognostico é tanto mais grave, quantomenor
é o
tempo
decorrido depois da concepção; para amãe
é o contrario. VIIIA
observância dos meiosprophylacticos da hemorrhagia puerperalnem
sempre é sufficiente para obstar o desenvolvimento dareferida
hemor-rhagia.
IX
A
sangria geral só deve ser applicadacomo
meio de tratamento dahemorrhagia puerperal durante ostresúltimos mezes daprenhez,
quando
a perda de sangue for devida a
um
estado de plethora geral.X
O
centeio, a rolha, e a ruptura dasmembranas
dofetocomo
meios detratamento da hemorrhagia puerperal muitas vezesprovocão o aborto.
XI
O
emprego
do frio, dos revulsivos, da compressão dos vasos dosmembros,
e o repouso dão excellentes resultados no tratamento da he-morrhagia puerperal.XII
O
emprego
do centeio, darolha, e do frio são os meios de cura maisCIIOLERA
MORBUS
PROPOSIÇÕES
I
A
choleramorbus
é determinada porum
miasma
denatureza aindadesconhecida.
II
Não
se pode negar que a choleramorbus
seja infecto-contagiosa.III
A
putrefacção das dejecções doscholericos favorece o desenvolvimentodo
miasma
cholerico, e a sua transmissão deste.IV
A
affecção primordial domiasma
cholericotem
logarno tubointestinal.V
A
elevação, ou a conservação de temperatura nos cadáveres doschole-ricos explica-se pelas contracções musculares.
VI
A
gravidade doprognostico da choleramorbus
está narazão directa da quantidade de liquido perdido pelos intestinos.VII
Diarrhea cholerica, cholerina, cholera morbus asphyxico, e cholera
morbus
typhoideem
essência sãouma
e amesma
moléstia, divergindosomente
em
seus symptomas,em
consequência de idiosyncrasias30
YIÍI
A
paralysia do coração na choleramorbus
procede do espessamentodo sangue.
IX
A
prophylaxia dacholeramorbus
écapazdesuster acontinuação desta moléstia.X
A
arte não conhece meionem
um
capaz de combater causalmente acholera morbus.
XI
As
fricções sobre apellecom
espirito de vinho e essência de mostardamuito aproveitão no tratamento symptomatico da cholera morbus, e
de-vem
ser preferidas a outros excitantes externos.XII
As
preparações opiadas, auxiliadas pelo calomelanos e os excitantesdiffusivos, são os melhores agentes tberapeuticos empregados
EYFFOOE^TIS
i
Vita brevis, ars longa, occasio praeceps, experientia fallax, judicium
difíicile.
Nec
solum seipsum oportet praestare opportuna facientem, sedet aegrum etaccidentes et exteriora.
{Sect. í.a, Aph. 1)
II
Quae medicamenta nonsanant, eaferrum sanat.Quae ferrum non sanat,
eaignissanat. Quaeveroignis
non
sanat, ea insanabilia existimare oportet.(Sect. S.a, Aph. 6.)
III
Cibi, potus, Vénus, omnia moderata sint.
(Sect.
%\
Aph. 6.)IV
In morbis acutis
extremarum
partium frigus,malum.
(Sect. 7.a, Aph. i.)
Duobus
doloribussimul obortis,non
ineodem
loco,vebementiorobscu-rat alterum.
(Sect. 2.a, Aph.
%)
VI
Natura corporis est in medicina principium studii.
(Sect. 8.*,
Aph.
9.)£ícemeiá'da et fêotntnjféão ê&evió&la. £@a/t'a e $fízcet/c/ac/e e/e
tsfáec/i--cèna em 4 e/e @u/wtfto e/e*éy2.
tSáás con^ólme OJ Sataéatod. S^acu/e/ac/e e/e iJ&eeáanae/a &a&'a S e/e
Ouàt/to (/elêja.
£$f. ^/aue/emeio féci/c/ad.