ALEXSANDRA DA
SILVA
PACHECO
¿_~ '
CROMOMICOSE
EM
SANTA CATARINA
Trabalho apresentado
à Universidade Federalde Santa
Catarina,para
a conclusãodo
Curso
de
Graduação
em
Medicina.Florianópolis
Universidade Federal de
Santa
Catarina
2003
CROMOMICOSE
EM
SANTA CATARINA
Trabalho apresentado
àUniversidade
Federalde Santa
Catarina,para a
conclusãodo
Curso
de
Graduação
em
Medicina.
Presidente
do
Colegiado:
Prof.
Dr.
Edson
Cardoso
Orientador:
Prof.
Dr.
Jorge
José
de
Souza
Filho
Florianópolis
Universidade Federal de
Santa
Catarina
DEDICATÓRIA
~
A
minha
mae
Maria
Albertina
Pacheco
(inmemorian)
emeu
paiJoa
quim
da
SilvaPacheco, a
quem
eu
tenho
tantopara
falar,mas
com
palavras
não
sei dizer
como
é
grande o
meu
amor,
meu
orgulho
e
minha
gratidão
por
vocês.
Ao
meu
orientador,Dr
Jorge Joséde
Souza
Filho que aceitouo
desafio de ajudar-mena
construção deste trabalho, incentivando-me e orientando-me, dentro
do
princípio deque
é“refazendo”
que
conseguimos construir nosso próprio conhecimento, eque
acalma
e a per-severança são as bases fundamentais para se alcançar
o
sucesso.Além
de
possibilitarmeu
contato
com
a Dermatologia.A
todos os funcionáriosdo
Serviço deAnatomia
Patológica, da Bibliotecado
HospitalUniversitário e
do
SAME,
pela atenção e ajuda.A
todos os laboratórios deAnatomia
Patológica e de Micologiado
Estado de Santa Cata-rina, pelo
empenho
e ajudana
pesquisa.Ao
Julyan Vegini pela ajuda científica.A
todos osmeus
colegas eamigos
de turma, que, deuma
forma
ou
de outra,me
ajudaramcom
palavras de carinho, mostrandoque
o importante ésempre
lutar por nossos objetivos.A
minha
familia, pelo esforço para compreender estemomento
da minha
vida.E
em
especial àmeu
pai,Joaquim
da Silva Pacheco, pelo patrocínio da pesquisaem
cam-
po, pelos ensinamentos e ajuda
em
computação, e pelo estímulo e apoio.SUMÁRIO
Agradecimentos ... .. v Sumário ... .. viResumo
... .. viiSummary
... .. viii 1 Introdução ... .. 01 2 Revisãoda
literatura ... .. 03 3 Objetivo ... .. 124
Material eMétodo
... .. 13 5 Resultados ... .. 15 6 Discussão ... ._29
7 Conclusão ... _.34
8 Referências bibliográficas ... .. 35Normas
adotadas ... _. 38Apêndice
... .. 39 Foto O1 ... ..O6
Foto02
...O7
Foto 03 ... ..09
Foto O4 ... .. 10 viTÍTULO:
CROMOMICOSE
EM
SANTA
CATARINA
AUTORES:
Pacheco, A.S.; Souza, J .J.INSTITUIÇÃO:
Hospital Universitário-
Universidade Federal de Santa CatarinaINTRODUÇÃO:
Cromomicose
éuma
infecção fúngica granulomatosada
pele esubcutâneo, não contagiosa, de evolução crônica.
O
diagnóstico necessita da associaçãoclínica e laboratorial. Existem várias formas de tratamento.
OBJETIVO:
Fazeruma
análise epidemiológica dos pacientes diagnosticadoscom
adoença
no
estado de Santa Catarina, compreendidono
período de setembro de 1997 asetembro de 2002, avaliando a idade, sexo, raça, profissão, naturalidade e procedência,
localização,
tempo
de evolução e fonna anátomo-clínica das lesões, o tratamento ecomplicações.
MÉTODO:
Estudo descritivo retrospectivo.A
análise foi feita através de informaçõescoletadas dos laboratórios de
Anatomia
Patológica e Análises clínicas do estado, e dasagendas de Clínica
Médica
(Dermatologia) atendidosno
Hospital Universitário.RESULTADOS:
O
número
de pacientes diagnosticadoscom
a doença foram 17, dos quais94,12% têm
mais de 50 anos,82,35%
são do sexo masculino e88,24%
da raça branca;47,05%
são trabalhadores rurais.Todos
os pacientes são provenientes de Santa Catarina,com
29,41%
da
grande Florianópolis.Das
lesões,88,21%
estão localizadas nosmembros
inferiores,
têm
uma
média
de 11,33 anos de evolução, ehá
predomínioda
forma verrucosa vegetante (70,58%).O
tratamento mais proposto aos pacientes foi à associação decriocirurgia e Itraconazol, entretanto outros tratamentos foram usados,
como
criocirurgia,cirurgia e Itraconazol, isoladamente.
41,18%
dos pacientes não apresentaram complicações.CONCLUSÃO: O
estudo não foi conclusivo, epidemiologicamente, para a avaliação dacromomicose
em
Santa Catarina,mas
através dele,pudemos
obterum
padrão dos pacientesportadores da doença cromomicose, e
como
estavem
sendo conduzida. Responsável: Alexsandrada
Silva PachecoEndereço:
Av
Mauro
Ramos,
1323Apto
1102 Centro~
Florianópolis-
SC
Cep: 88020-302
Tel: (48) 2229081
RESUMO
Uma
análise epidemiológica dos pacientes diagnosticadoscom
adoença cromomicose
foi feitano
estado de Santa Catarina através de informações colhidas dos laboratórios de Anato-mia
Patológica e Análises clínicas, e das agendas de ClínicaMédica
(Dermatologia) atendidosno
Hospital Universitário, compreendidosno
periodo de setembro de 1997 a setembro de2002.
Foram
analisadas a idade, sexo, raça, profissão, naturalidade e procedência, localizaçãodas lesões e o
tempo
de evolução dasmesmas,
assimcomo
aforma
anátomo-clínica, o trata-mento
e as complicaçõesda
doença.O
número
total de pacientes diagnosticadoscom
a doen- çaforam
de 17, dos quais94,12%
tem
mais de 50 anos,82,35%
sãodo
sexo masculino,88,24%
da
raça branca e47,05%
são trabalhadores rurais.Todos
os pacientes são provenien- tes de Santa Catarinacom
29,41%
da grande Florianópolis.A
grande maioria das lesões(88,21%) esta localizada nos
membros
inferiores,têm
uma
média
de 11,33 anos de evolução, e há predomínioda forma
verrucosa vegetante (70,58%).O
tratamento mais proposto aos pa-cientes e
com
maior obtenção de resposta terapêutica foi a associação de criocirurgia e Itraco- nazol, entretanto outros tratamentosforam
usadoscomo
criocirurgia, cirurgia e Itraconazol,isoladamente.
41,18%
não apresentaram complicações relacionadas ao tratamentoou
à doen- çaem
questão.O
estudoem
questão não foi conclusivo, epidemiologicamente, para a avalia-ção da
cromomicose
em
Santa Catarinacomo
um
todo,mas
através dele,pudemos
obterum
padrão dos pacientes portadores da doença cromomicose, e
como
estavem
sendo conduzida.An
epidemiologic analysisof
the patients diagnosed with the diseasechromomycosis
was
done
in the stateof
Santa Catarina basedon
the informationof
the laboratories of PathologicalAnatomy
and Clinical Analyses, andfrom
the agendas ofIntem
Medicine (Dermatology) as- sisted at the University Hospital, in the periodof
septemberof 1997
to septemberof
2002. ltwas
analyzed the age, sex, race, profession, native place and origin, locationof
the lesions andthe time
of
evolutionof
thesame
ones, as well as the anatomicoclinical form, the treatmentand the complications
of
the disease.The
totalnumber
of
patient diagnosed with the diseasewas
17,fiom
which
94,12%
aremore
than 50 years old,82,35%
aremale and
88,24%
white;47,05%
are rural workers. All the patientscome
from
Santa Catarinaand
29,41%
of
GreatFlorianópolis.
The
great majorityof
the lesions (88,21%) are located in the inferior limbs,an
average
of
evolutionof
11,33 years,and
there is a prevalenceof
the vegetans verrucousform
(70,58%).
The
treatmentmore
proposed to the patients and with better theraupetic efficacywas
the associationof
cryosurgeryand
Itraconazol,however
other treatmentswere
used likecryosurgery, surgery
and
Itraconazol, separately.41,18%
did not presentany
complicationrelated to the treatment or to the disease.
The
studywas
not conclusive, epidemiologically, for the evaluationof
chromomycosis
in all Santa Catarina, but with itwe
were
able to obtain apattern
of
the patients with chromomycosis, andhow
this disease hasbeen
conducted.1
-INTRODUÇÃO
Cromomicose
éuma
micose profunda, crônica e progressivaacometendo
com
fieqüência a pele e o tecido celular subcutâneo, e ocasionalmente outros órgãos.É
causada por diferentesdermatiáceos,
em
gêneros e espécies,que
tem
como
característicacomum
a presença de fun-gos arrendondados e acastanhados (células fiimagóides)
na
lesão.W"4Doença
cosmopolita, descoberta por Pedroso (1911)em
São
Paulo.*'“'*° Incidente nas re-giões tropicais e subtropicais de clima quente e
úmido da América
Latina, África e Ásia, eno
Brasil estadoscomo
São
Paulo, Rio de Janeiro,Minas
Gerais, RioGrande do
Sul, Paraná e osdo
Norte e Nordeste são endêmicosda
doença.2'“'7›'3É uma
doença pouco
fieqüente, não contagiosa, atingindo preferentemente a raça brancae
homens
adultos engajadosna
lavoura,com
predomínio decomprometimento
em
membros
i11feriores.2'5'°'“›“ Manifesta-se através de prurido e dor local,
com
evolução .a longo prazo paraúlcera e vegetações."“
O
diagnósticoda cromomicose
é confirmado através dosexames
de micologia e l1istopatologia."“*°'”Vários
métodos
de tratamentotem
sido propostos, entretanto, o tratamento eficaz para acura
da
cromomicose
continua sendoum
desafio para os dermatologistas e patologistasfUma
hipótese para explicar este fato,
pode
encontra-se nas dificuldades financeiras dos pacientes,ou
no
fatoda
rede de saúde pública não dispor demedicamentos
atuantes na doença, oque
fazos pacientes
ficarem
anossem
tratamentoou
o fazerem irregularmente, tomando-se, assim, refiatários às medicações instituídasff”Epidemiologicamente poucos estudos
tem
sido feito para determinar onúmero
total depacientes acometidos
com
adoença
cromomicose, tanto a nível nacionalcomo
mundial.”Os
últimos estudos evidenciando tais dados, foi feito por
Ocampo
e Solano (1989), que conside-ravam
Costa Rica o país de maiorendemia
mundial (1 caso para cada 24.000 habitantes), se-guido de Cuba, Porto Rico e Brasil,
em
ordem
de fieqüência. 4Modificando,
portanto, o estu-do
deAl-Doory
(1972) que apresentava o Brasilcomo
o país de maior predomínioda doença
cromomicose, seguido por Madagáscar, Costa Rica, República
Dominicana
e Austrália.9No
Brasil, os últimos dados colhidos
foram
de Silva (1955), registrando 168 casos decromomi-
Apesar
deque na
literatura latino-americana se assinala o Brasil entre as zonas de elevadaendemia, não se
têm
estatísticas nacionaisque permitam
conhecer a verdadeira prevalênciada
cromornicose.
Não
obstante, esta entidade nosológica se observacom
relativa fieqüência esempre
em
maior quantidade que outras micoses subcutâneasfsNa
literatura não existem evidenciasde
que adoença cromomicose
possa levar ao óbito,entretanto, a importância
do
estudo desta doença relaciona-se a grande capacidade que elatem
de gerar comorbidades para os pacientes acometidos.
Em
geral o prognósticoda doença
ébom,
mas
toma-se reservadoquando há
disseminação, principalmente a sistêmica.” Dentre ascormobidades apresentadas a incapacidade funcional é a mais prevalente,
mas podemos
en- contrar o carcinoma de células escamosas e elefantíase.“O
diagnóstico, a prevenção e o controleadequado da cromomicose
fundamenta-se nos conhecimentos referentes à história natural, reservatório de infecção,mecanismo
de transmis-são, distribuição geográfica e grupos
humanos
mais afetados?Diante destes fatos, e
da
não realização deum
estudo epidemiológico sobrecromomicose
em
Santa Catarina, associado a seu difícil controle e tratamento devido principalmente aosfatores sócio-econômicos, emergiu a proposta deste estudo,
com
o objetivo de abordar a inci-dência, prevalência, localização mais freqüente, sexo, idade, cor
da
pele, profissão,tempo
deevolução,
forma
clínica, tratamento proposto e complicaçõesda cromomicose no
estado de Santa Catarina e posteriormente compará-lascom
a literatura.2
-REVISÃO
DA
LITERATURA
Cromomicose
étambém
conhecida por Cromoblastomicose, Dermatite Verrucosa Cro- momicótica, Figueira, Espúndia,Pé Musgoso,
Formigueiro,Sundam,
Susna, Blastomicose Negra,Doença
de Fonseca,Doença
de Pedroso,Doença
deGomes,
Doença
de Pedroso&
Carrión, Chapa, Molestia de Guiteras,
Micose
deLane
&
Pedroso, Dermatite Verrucosa Cro-mopaiasitária.'-WS
Foi observada pela primeira vez
em
São
Paulo (Brasil), 191 1, pelo brasileiro Alexandrinode
Moraes
Pedroso, não tendo,porém
publicado a observação (presençado
parasitaem
cortes histológicos).““° Jáem
1914,Rudolph
a descreveu pela primeira vez,no
Brasil central, pu-blicando
um
artigo intitulado“Úber
fiir Schiffsund
Troppen
Hygiene”,no
qualeram
analisa-dos seis casos de
uma
doença
com
características clínicas semelhantes à cromon1icose.“~“Foi
em
1915que
Lane
e Medlar, pesquisadores americanos, publicaram o primeiro casode
cromomicose
(localizaçãoem
uma
das nádegas), cuja etiologia foi Phialophora Verruco-sa,3'°~” e só
em
1920
éque
Pedroso publicou seu trabalho sobre quatro casos decromomicose
pela Phíalophora Verrucosa.” Porém,
em
1927 Montpellier e Cotanei descreveram o 1° casode
cromomicose na
Algeria, fora das Américas.” _A
denominação cromomicose
foi datada de 1935,quando
Moore
eAlmeida propuseram
o termo para designar a
doença
causada por fungos de coloração escura (dematiáceos).“O
termocromomicose
também
encontra opositores por ser considerada abrangenteno
seusignificado etimológico.
Alegam
esses autoresque
não é adoença
(micose) que é escura(cromo) e, sim, os seus agentes etiológicos.“
Numerosos
pesquisadores brasileiros e estrangeiros contribuíram para o melhor conheci-mento da
cromomicose, destacando-se os trabalhos de Fonseca Filho&
Areâ Leão
(l923; 1930),Moore
&
Almeida
(1935),Emmons
(1966), Carrión (l942; 1954),Canont
&
Martin (1937), entre outros.No
Brasil encontra-se teses importantescomo
de Cavalcanti (1924), Pereira (1938), Tiburça (1939),Azulay
(1944), Aleixo (1946),Guimarães
(1951) e Barbosada
Silva (l955).9A
cromomicose
tem
sido diagnosticadaem
todos os continentes, entretanto, a maioria doscasos é de países tropicais e sub tropicais
da América
e África,8›”5-'6 sendo que os primeirosnoticia-dos
em
Vera Cruz
eOaxaca
(no México).Na
Costa Rica, 140 casosforam
diagnosticadosem
1966, e cerca de 14 casos/anoeram
noticiados de 1961-
1966.Também
notificado naVene-
zuela, Porto Rico, Republica Dominicana, Cuba,
Colômbia
e Brasil?i
Trindade (1995) citou
que no
Brasil, a incidênciada
doença é maior nos estadosda
regiãoamazônica, Rio
Grande do
Sul,São
Paulo, Rio de Janeiro eMinas
Gerais.”Na
Europa, foram notificadosna
Rússia, Finlândia, Lesteda
Alemanha,
Romênia
e Cze-choslovakia.
Na
Ásia locaiscomo
Japão, China, Philippinas e Malásia.Na
Austráliatambém
foram
descritos casos.Na
África é maiscomumente
vistono
sulda
África e Madagascar,Kenia, Zaire e Tanzania?
Bopp
considera Venezuela, México, sul dos Estados Unidos,Congo,
Áfricado
Sul,Ma-
dagascar, Austrália e
Nova
Zelândia, zonas de maior prevalência.”Cromomicose
designaum
processo granulomotoso crônicoda
pele e tecido celularessubcutâneos, caracterizados clinicamente por lesões poljmorfas: vegetantes, eritematoescamo-
sas, papilomatosas
ou
ulceradas, atingindo desde localizações habituais cutâneas até fomiasviscerais.5'“›“
Diversos
fimgos produzem
lesões cutâneascom
aspecto verrucoso,mas
acromomicose
éproduzida por
um
grupo de micosebem
individualizadado
ponto de vista clínico, anatomopa-tológico e micológico. Processos de dermatite verrucosa
podem
ser determinados por acti-nomicetos, leveduras, Cipholosporium keratoplastícum, Sporothrix schenckii, Blastomycoes
dermatitides,
Hormodendrum
japonicum,Hormodendrum
rossícum,Hormodendrum
leproi-des,
T
orula poichilospora eHormiscium
dermatitidis9Os
agentes etiológicosda cromomicose
são Phialophora verrucosa,Fonsecaea
pedrosoí,Fonsecaea
compacta,Cladosporíum
carrioni e Rinocladiella aquaspersa. (Ver descrição a-bai>‹o)."3*5'*'°~”'“'”
Mas
há
outras espécies relatadascomo
causadorasda cromomicose
como
Wangiella dermatitidís, Cladophíalophora ajelloi,
T
aníolella bopii, Exophiala spínífera eBotryomyces coespitosus 3'”'"
1-
F
onsecaea pedrbsoi: espécie que mais freqüente causa acromomicose
e é encontrada nas zonas tropicais,com
grande ocorrência de chuvas.Na
micologia, mostraum
fun-go
produtor de conidióforos dos tipos Rinocladiella (acroteca), Cladosporíum (Hor-modendrum)
e Phialophora.3'°*”3-
Fonsecaea
compacta: espéciepouco
relatadana
literatura, e os conidióforos produ-zem
conídiosem
cadeiado
tipo Cladosporíum.3=9'”4-
Cladosporium
carrioni: espécie mais encontradaem
clima tropicalcom
regiões semi-áridas e de pluviosidade escassa
ou
semidesértica,tem menor
poder patogênico e in-vasivo e somente produz conidióforos
do
tipo Cladosporium (Hormodendrum).3'°'” 5- Rinocladíella aquaspersa: hoje conhecida por Acroteca aquaspersa.3'°'“Os
esporos são disseminados pelo vento e, a partirdo
homem
e dos animais,chegam
aosreservatórios. Estes esporos são resistentes a variações de temperatura, umidade, calor e dis-
secação, e o período de incubação se desconhecef
Os
parasitasda
cromomicose
se apresentam nos tecidos lesados sobforma
de elementosesféricos
ou
ovóides (corpos escleróticos), algunsem
filamentaçãocom
coloraçãomarrom
ou
fuliginosa característica, e a reprodução faz-se quasesempre
por cissiparidade e não por bro-tamento?
O
agente Phialophora verrucosatem
sido isoladono
solo, mas, freqüentemente,tem
sidoobtido
em
madeira e polpa. Já aFonsecaea
pedrosoitem
sido isolado de madeira, solo, mata,plantas e árvores podres, e
no
ar.”O
fungo é introduzidono
organismo através de traumatismoou
ferimentos, eacomete
mais
homens, meia
idade30
-
50
anos, área rural,sem
preferência de raça."3=°-”*'3-“J”É
maisfreqüente
em
homens
pela maior exposição ao solo e maior oportmiidade de injuriasno
traba-lho, principalmente daqueles
sem
proteção,com
exceçãodo
Japão,onde
a incidência se equi-vale entre
homens
e mulheres.Alguns
autores acreditamque
onão comprometimento
de in-fantes deve-se ao prolongado período de latência
da
afecção.1*3›6Um
a doismeses
após o traumatismo surgeuma
lesão inicial papulosaou
mais raramentenodular.
Os
nódulos e pápulas lentamenteaumentam
em
número
evolume
e os mais antigos,devido ao adelgaçamento crescente
da
epiderme que os recobre, ulceram-se.Pode
haver formação de crostana
superfície, e 0 fundo dessas ulceraspode
tomar-se vegetante.O
parasi- tana
pele detenninaum
processo hiperplásico dos elementos malpighianoscom
conseqüente proeminência das papilas,que
secondensam
eno
centro de cadauma
apareceum
cordão con- juntivo vascular, processando-se pela ação dos fungos a proliferação fibroepiteliais.A
porçãoepitelial das verrugas acusa hiperplasia
da
camada
cómea
(hiperceratose),da
camada
granulo- sa (hipergranuloma) edo
corpomucoso
de Ma1pighi(hiperacon), sendo freqüente a formaçãode vasos sanguíneos, o que a faz sangrarem
com
facilidade.A
reação ganglionar não é co-mum,
porém
o odorda
lesão é desagradávelf”Quanto
às formas anátomo-clínicasda
cromomicose, são classificadas em:"1- Verrucosa Vegetante (mais
comum
e típica) (Ver fotos 01 e 02); 2- psoriasiforme; 3- elefantiásica; 4- nodular; 5- cicatricial. ;~ _- z¬~ .f“.__x~šÍ.¬¬'"'*'‹= - -fr??-¬<*“ r M-'zm -,_~^ , _ r ,"`:_.w¬}'‹f~f , › u íÊ:?›z›Ç,Íí‹7Í _ J-É-'H ›'\ ' ¬¬.¬.'j' stFoto 01: Forma clínica da cromomicose, com acometimento de membro inferior esquerdo. Paciente em acompa nhamento no Hospital Universitário (Santa Catarina).
7
Foto 02: Forma anátomo-clínica verrucosa vegetante, com acometimento de membro inferior direito. Paciente
em
tratamento no Hospital Universitário (Santa Catarina).Fonte: Autorizada
Outra classificação, de Tiburço (1939) evidenciou dois tipos principais de lesão?
1-
Forma
dérmica:têm
processo de granulomatose, nódulos inflamatórios (histiócitos)com
poucas alterações epidérrnicas, e observam-se duas subfomiasra-
Sem
nódulo: predominantemente supurativo (mais fieqüente) b-Com
nódulo: predominantemente histiocitário2 -
Forma
dermica-epidermica: encontra-se hiperceratose, hipergranulose e disceratose.O
período de infecção varia de 01mês
a20
anos, sendo maiscomum,
longos períodos deevolução.”
A
infecçãoacomete
maismembro
i11ferior,*'”'°'“também
podendo
ocorrerno
dorsoda
mão,
punho, cotovelo, joelho, áreasdo
braço, nádega, pescoço,ombro,
mama
e face.” Le~sões
em
mucosas
são raras. Jáforam
descritos lesõesno
nariz, laringe e seios paranasais.”membros
atacado pelo processo mórbido.°Pode
haver presença de metástase cerebral, tam-bém
rara (descrita por Fukushero (l957).°Não
há comprovação da
infecção inicialno
apare-lho respiratório por inalação
do
fungo.”Disseminam-se localmente por contigüidade,
podendo
também
ser por via linfática, sen-do
rara a disseminação via hen1atogêriica."”'°'2*Desenvolve-se imunidade celular, evidenciada pela positividade
da
reação intradérmicacom
antígeno fúngico, e imunidadehumoral
pela presença de anticorposem
reação de Preci- pitinas e deComplemento,
principahnente paraFonsecaea
pedrosoi, raro paraCladosporium
carrioní.'*°'°
As
complicações incluem degeneração carcinomatosa, elefantíase, linfedema e infecção secundária.” "'5'”Sendo punido
e dor os sintomas maiscomuns
da
doença.°Diagnóstico diferencial é feito
com
tuberculose verrucosa, leishmaniose verrucosa, espo-rotricose verrucosa, hanseníase, piodermite vegetante, epitelioma espinocelular, certas formas
de lupus, paracoccidioidomicose, carcinoma verrucoso, micetoma,
doença
de Jorge Lobo,blastornicose e Sífilis.'~3'°'“-lí"
A
diagnose laboratorial permite aconfirmação do
diagnóstico clínico,1 incluindo oexame
direto, cultura e histopatológico.*'5'°
O
exame
micológico direto obtém-se a partirda
retiradado
material das lesões (pus, se-creção
ou
escamas), diluí-seem uma
ou
duas gotas deKOH
al0%,e
após levado ao micros-cópio, revela os parasitas
(nem
sempre
fácil de achá-los por suapequena
quantidade), caracte-risticamente
com
corpos arredondados de 6-
12 micras de diâmetro, cor de chamto, isoladosou
agrupados (corpos fumagóides).'~2~”"6~*'°'*6'"A
culturaem
meio
Ágar-sabouraud, Czapek, Mycobioticou
Lactrimel, a temperatura ambiente possibilita o crescimentodo
fungoem
uma
ou
duas semanas, cujoexame
microscó-pico identifica
o
gênero e a espéciecom
base nas variações morfológicasdo
aparelho repro-9
Foto 03: Colônias de
F
onsecaea pedrosoi.'5O
exame
histopatológico mostrana
epiderme a presença de ceratose, acantose, alterandocom
áreas de atrofia e coleção de células inflamatófias;na
derme
observa-se reação granulo-matosa
com
linfócitos, plasmócitos, histiócitos, células epitelióides e células gigantes.O
para-sita
pode
ser observadoem
meio
a essas estruturas ou, mais freqüentemente,no
interior decélulas gigantes, sob a forma de células arredondadas de coloração acastanhada. (Ver foto
Foto 04: Corte histológico de cromomicose mostrando células fúngicas acastanhadas, esféricas, de parede espes-
sa,
em
uma
célula gigante.”Existem
numerosas
formas de tratamento para a cromomicose,podendo
ser local (quandoas lesões são
em
pequeno
número),com
criocirurgiade
nitrogênio líquido (2 ciclos de30
-
60
segundos,
com
excelente resultados); exérese cirúrgica(com
ampla
margem
de segurançasuperficial e profunda) seguida, se necessário, de enxerto cutâneo; termoterapia (T°
43
-
45 °C
várias vezes ao dia); laser de
CO2
(eficaz,mas
de
alto custo); curetagem; eletrodissecação;eletrocoagulação (lesões recentes e pequenas); radioterapia
(sem bons
resultados) .Nos
casosavançados usa-se Anfotericina
B
(25mg em
dias altemados) associado a 5-
Fluocitosina(150 mg/kg/dia
por
2 - 3 meses), Cetoconazol (200-
400
mg), Itraconazol (100-
400
mg
porvários meses), Tiabendazol (3 g/dia por 10 semanas, reduzindo para 2g/dia até 8
meses de
tra-tamento), quimioterapia
ou
ergosterol."“'°'°-“~“*~"Iodeto
de
sódio, vitaminaD2
(Calciferol), iontoforese e radioterapianão
são mais utiliza-dos atualmente.”
A
anfotericinaB
nos casoscom
lesões pequenasou
lesões císticas, reco-menda-se
a utilização intralesional(50mg
diluídasem
4ml
de
lidocaína a1%
de 15/15 dias).'5E
a 5-
Fluocitosina isoladapode
levar à resistência, podendo,também,
ser associadacom
O
Cetoconazol,em
geral, é insatisfatóriofsE
o Itraconazol (quetem
muito mais eficáciacom
as espéciesCladosporium
carrioní eFonsecaea
pedrosoí),tem
eficácia diminuídaem
lesões extensas.
A
erradicação totaldo
parasitanem
sempre
é obtida.”GERAL
Determinar as características clínicas e epidemiológicas dos casos de cromornicose diag-
nosticados
no
Estado de Santa Catarina, no período compreendido de setembro de 1997 a se-tembro de 2002.
ESPECÍFICO
Estabelecer a incidência: idade, sexo, cor
da
pele, profissão, naturalidade e procedência.Defnir
os dados clínicos: localização,tempo
de evolução e forma anátomo-clínica. Avaliação: do tratamento proposto e complicaçõesda
cromomicose.4
_MATERIAL
E
MÉTODO
Este trabalho consta de
um
estudo descritivo retrospectivo.Para a determinação
da
populaçãodo
estudo, foi entradoem
contatocom
216
laborató- riosdo
Estado de Santa Catarina, dos quais37
são laboratórios deAnatomia
Patológica e 179são laboratórios de Análises Clínicas.
Ao
mesmo
tempo,foram
avaliados 1155 dias de agen- das da ClínicaMédica
(Dermatologia) de pacientes atendidosno
Hospital Universitário, den-tre os quais variavam
em
média
de08
(oito) agendas diárias,com
média
de04
(quatro) paci- entes atendidos por agenda, totalizando 36.960 diagnósticos avaliados, duranteum
período de 05 (cinco) anos compreendidos de setembro de 1997 a setembro de 2002.Subseqüentemente à seleção, foi realizado o levantamento dos prontuários fornecidos pe-
lo Serviço de Arquivo
Médico
e Estatístico(SAME)
do
Hospital Universitárioda
Universida-de Federal de Santa Catarina dos pacientes diagnosticados
com
cromornicoseno
mesmo
hos-pital, e dos casos de
cromomicose
dos laboratórios deAnatomia
Patológica e Análises Clíni-cas,
foram
entradoem
contatocom
os médicos assistentes e/ou pacientes via E-mail e/ou tele-fone para adquirir os demais dados que não estavam contidos nos laudos recebidos dos labo-
ratórios.
Foram
analisados retrospectivamente nessas amostras, dadoscomo
idade, sexo, corda
pele, profissão, naturalidade, procedência,
tempo
de evoluçãodo
quadro cutâneo, localizaçãodas lesões,
forma
anátomo-clínicada
lesão, tratamento proposto e complicações dacromomi-
cose.
A
variável idade subsidiou a estratificação dos pacientes por faixas etárias a qual foi feitasegundo a divisão por década, já a variável sexo subdividiu-se
em
homem
e mulher.Em
relação a variável corda
pele dos pacientes foi categorizada de acordocom
a classifi-cação dos tipos de pele adotada pelos trabalhos científicos,
ou
seja, classificadasem
branca,parda e negra. Essa classificação adotada não obedece à verdadeira classificação dos tipos de
pele
em
relação à sensibilidade e reação ao ultravioleta feita por Fitspatrick“, que as categori-za
em
branca-
clara (tipo I, muito sensível,sempre
queima,nunca
pigmenta); branca (tipo II,muito sensível,
sempre
queima,pigmenta
pouco);morena
-
clara (tipo III, sensível,queima
epigmenta); parda (tipo V, pouquíssimo sensível,
nunca
queima,sempre
pigmenta) e preta (ti-po
VI,nunca
queima,sempre
pigmenta).'A
variável profissão foi categorizada de acordocom
as atividades especializadas de cará-ter permanente dos pacientes
no
período inicialda
doença, sendo algumas vezes encontradoem
estágio de aposentadoriasem
ser evidenciado o estágio prévio (tipo de funçãono
momen-
to inicial
da
doença).Relativo à procedência e naturalidade dos pacientes, não
houve
um
parâmetro de distribu-ição,
nem
restrição ao estado de Santa Catarina, sendo apenas citado.A
variáveltempo
de evoluçãoda
lesão distribui os pacientes a partirdo
diagnóstico con-firmado
com
exames
laboratoriaisda cromomicose
por anos de evolução e apresentados se-gundo
duração de 1/2 (meia) década.Relativo à localização das lesões foi estratificado
em
acometimento demembro
superior,membro
inferior, tronco e face,ou
associações entre eles, e relativo às complicaçõesda
cro-momicose,
distribuído de acordocom
o tipo de complicação.Em
relação à classificação anátomo-clínicada
lesão, são distribuídas de acordocom
o
as-pecto apresentadoƒ
em
vernicosa vegetante, psoriasiforme, elefantiásica, nodular e cicatrici-al, e
em
relação a variável tratamento,foram
distribuídos de maneira padronizada e personali-zada, evidenciando o método, tipo e o
tempo
de tratamento utilizado.Antes de iniciar a coleta dos dados, o projeto de trabalho foi submetido à aprovação
da
Comissão
de ÉticaMédica da
Universidade Federal de Santa Catarinacom
parecer favorávelà sua realização (vide
Apêndice
01).Os
dados obtidos foram analisadoscom
o auxilio dos aplicativos Microsoft ExcelXP
R,
Microsofl
Word
XP
R, Microsoft Access R eAutoCad
2002, através dos quais realizaram-se consultas ao banco de dados, os quais permitiram a descrição dos resultados na forma de tex-23
Quanto
aotempo
de evoluçãodo
quadro cutâneo, é calculado a partirda
datado
diagnós-tico
confirmado
com
exames
de laboratórios. Variando de 0l a30
anoscom
amédia
de 11,33anos, e se distribuem de acordo
com
a figura 05.FIGURA
05
-
Distribuição dos pacientes
quanto ao
tempo
de
evolução
do
quadro
clínico11,77%
lI0-5
533%
na-10
11-77%
41'16%
1:11-15
EI16 -20
11,77%
I21-25
17,65%
125-39
Fonte : Ficha de cadastro de dados aplicado ao conjunto de prontuários
(SAME
-HU) e ficha de cadastro médico particular dos pacientes diagnosticados com
tabela 03.
TABELA
03
-
Distribuição
dos
casos
segundo
a localização
das
lesõesLocal
Numero
Percentual (%)Mandíbula
5,88Mão
esquerda+ membro
superioresquerdo
5,88
Pé
direito 29,41Pé
direito+
perna direita+
coxa
direita+
perna esquerda5,88
Pé
esquerdo 11,77Pé
esquerdo+ pema
esquerda 11,77Perna direita 23,54
Perna direita
+
coxa
direita 5,88Fonte : Ficha de cadastro de dados aplicado ao conjunto de prontuários
(SAME
-HU)
e ficha de cadastromédico particular dos pacientes diagnosticados com cromomicose durante o período de setembro de 1997 a setembro de 2002
25
Quanto
à forma clínicada
cromomicose, mais de 50%
dos pacientes apresentaram a for-ma
verrucosa vegetante.Nenhum
paciente,no
diado
diagnóstico, apresentou a forma psoría- siforme, elefantiásicaou
nodular. Estão distribuídos de acordocom
a figura 06.FIGURA
06
-
Distribuição
dos
pacientes
quanto
à
forma
clínicada
cromomicose
29'41%
IlVerrucosa
Vegetante
I
Cicatricial,59%
Fonte : Ficha de cadastro de dados aplicado ao conjunto de prontuários
(SAME
-
HU)
e ficha de cadastro médico particular dos pacientes diagnostica-dos com cromomicose durante o período de setembro de 1997 a setem- bro de 2002
Quanto
ao tratamento proposto aos pacientescom
cromomicose,09
(52,94%) pacientestiveram
uma
associação de tratamento sistêmico e localem
algum
períododo
ciclo, devido aograu de evolução da doença. Estão distribuídos de acordo
com
o gráfico 01.GRÁFICO
01
-
Distribuição dos casos
segundo
0
tratamento
utilizado
___________
ç_______
p P_______
A
C1____\
| 1o ~ E oo t N os i T 07 E os ‹ s os = Q4 . oa o2 › o1 ~ 02 04 osoe1o12141e1a
2o 22 24 26 2a ao 32 34 se as 40 42 44 46 4a so MesesLEG EN
DA
cR|oc|RuR‹;|A c|RuRe|A |rRAcoNAzoL zoo mgm|TRAcoNAzo|. -:oo mg/a
cR|oc|RuR‹;|A + |rRAcoNAzoL 1oo mg/d cR|oc|RuRG|A + |rRAcoNAzoL zoo «ngm cR|oc|RuR‹;|A + |'rRAcoNAzo|. -:oo :ngm
IIUIIII
Fonte : Ficha de cadastro de dados aplicado ao conjunto de prontuários
(SAME
-HU)
e fichade cadastro médico particular dos pacientes diagnosticados com cromomicose duranteo período de setembro 1997 a setembro 2002.
Ressaltando que o paciente
com
tratamento apresentadono
gráfico,com
um
mês, foi otratamento oferecido ao paciente na primeira consulta (paciente 01, 02, 03,
04
e 06), não ha-vendo retomo do
mesmo.
Portanto, enquadradocomo
abandono
de tratamento, nãopodendo
ser considerado curado,
uma
vez que nãohouve retomo
e avaliação clínica.27
Com
o paciente07
nãohouve
términodo
tratamento pelo falecimentoem
decorrência deoutra doença.
Os
pacientes 09, 10, 14 e 15também
abandonaram
tratamento.Pacientes ll, 16 e 17 continuavam
em
tratamentono
início de setembro 2002.carcinoma de célula
escamo
sa. (figura 07)FIGURA
07
-
Distribuição dos
pacientes
quanto
às
complicaçoes
41,16%
GD
529%
5,88%
17,65%
Il InfecçãoI
Úlcera+
InfecçãoE|Carcinoma
de
célulasescamosas
ElNão
apresentaram
complicaçõesFonte : Ficha de cadastro de dados aplicado ao conjunto de prontuários
(SAME
- HU) e ficha de cadastro médico particular dos pacientes diagnostica- dos com cromomicose durante o período de setembro de 1997 a setem bro de 2002
6
-DISCUSSÃO
Cromomicose
éuma
doença, afecção dermatológica, de diagnóstico clínico-laboratorial,uma
vez quehá
clinicamente similaridadecom
tuberculose Verrucosa, esporotricose e leish-maniose.'° Por essas características, essas doenças são conhecidas por
Síndrome
VerrucosaLECT
(que significa Leishmaniose, Esporotricose,Cromomicose
e Tuberculose).“°Epidemiologicamente
poucos
estudostem
sido feitos para determinar onúmero
total depacientes acometidos
com
adoença
cromomicose, tantoem
nível nacionalcomo
mundial.”Os
últimos estudos evidenciando tais dados, foram feitos porOcampo
e Solano publicadoem
1989.* E,
no
Brasil os últimos dados colhidos foram de Barbosada
Silva (1955).9Trindade (1995) cita
que no
Brasil a incidênciada
doença é maior nos estadosda
regiãoamazônica, Rio
Grande do
Sul,São
Paulo, Rio de Janeiro eMinas
Gerais.”Desde
então,nenhum
outro estudo foi publicado abordando sobre a epidemiologia a nível nacional.Em
Santa Catarina, registram-se relatos de casos de pacientes
com
adoença
cromomicose,mas
não
há
nenhum
registro sobre onúmero
de pacientes acometidos pela doença.Nosso
estudo procurou saber o perfil epidemiológicoda
cromomicose
em
SC,no
entantomuitas dificuldades nos
impediram de
tal tarefa.De
todos os2116
laboratórios contactadosdo
Estado de Santa Catarina, obtivemos resposta somente de40
laboratórios (18,51%), oque
equivale a
um
patamar muito abaixodo
esperado e não é considerado viável paraum
estudoestatístico de caráter populacional.
O
total de casos de pacientes acometidoscom
adoença cromomicose foram
de 17. Se-melhante aos resultados encontrados
na
literatura nacional e i11temacional,4"6*l°”“'22'25 a grande maioria dos pacientes erado
sexo masculino (82,35%), que apresentaramuma
proporção Masculino/Feminino superior a 4:1.Os mesmos
estudos evidenciaramuma
superioridadeestatística
da
raça branca,comparada
a outras raças.O
equivalente foi demonstradoem
nossoestudo
com
uma
porcentagem de
88,24%
dos pacientes de cor branca, sendo encontrado dois pacientes cor parda.Distribuídos por grupos de idade, encontramos
uma
maiorporcentagem
de pacientes a-cometidos por cromornicose (70,59%) acima de 61 anos.
Nenhum
caso foi encontradocom
pacientes de idade inferior a 41 anos.
Ao
compararcom
a literatura, os resultados se equiva-foram
evidenciadosna
literatura,um
exemplo
de pacientecom
16anosm
e vários entre 21 e30.4”
A
literaturasempre
evidenciou essa idade avançada para diagnóstico decromomicose
pelo fato de seu longo período de latência
da
afecção,5'6 mostrandouma
média
de 15 anos de evolução.4”“”25No
nosso estudo, otempo
de evoluçãoda
cromomicose
variou de 01mês
à30
anos
com uma
média
de 11,33 anos.Os
diversos filngos cromomicóticosvivem
saprofiticamentena
naturezaem
plantas, de-getos e solo,6 por isso
costumam
acometer,em
maior número, trabalhadores agrícolas.4”5'l°°18No
nosso estudo, isso secomprovou,
tendoum
total de47,06%
de trabalhadores agrícolas.Obtivemos
também
um
caso de pacientedo
lar,um
empresário,um
marceneiro,um
pedreiroeum
operário, ecom
exceçãodo
empresário, as demais são profissões de fácil contaminação,porque trabalham
com
objetos cortantes, penetrantes,onde
um
acidente produz solução decontinuidade, e por ela, contaminação.5 Já nos demais, não foi possível saber a ocupação
na
época
de inícioda
lesão (períododo
trauma), sendoque no
períododo
diagnósticoseram
re-portados
como
aposentados.Como
já havia sido mencionado, RioGrande do
Sul está entre os estados de maior ende-mia
decromomicose no
Brasil.”No
nosso estudo,há
05 pacientescom
adoença
de naturali-dade
gaúcha
(total de 29,41%), entretanto não foi possível averiguar seno
inícioda doença
esses pacientes
moravam
no
estado do RioGrande do
Sulou
de Santa Catarina, omesmo
ser-ve para o paciente
do
Paraná e RioGrande do
Norte. Haja vista que100%
dos pacientes são provenientes de Santa Catarina.Com
relação à procedência, obtivemos23,54%
dos pacientes diagnosticadoscom
cro-momicose
provenientes de Florianópolis, entretanto não há grande valor significativo,uma
vez
que
o centro de atendimento referenciadoem
Dermatologiado
Estado de Santa Catarina encontra-seno
Hospital Universitário, localonde foram
colhidos grande parte dos dados (a-gendas de Dermatologia).
E
há
dificuldade nos demais municípios,uma
vez quehouve
pouca
resposta aos contatos feitos
com
os laboratórios emédicos
das respectivas regiões.Semelhante à literamra,4*1°'“”l8'21 a forma clínica de destaque
em
nosso estudo foi a ver-rucosa vegetante (70,58%), seguida
da
cicatricial (29,41%).Alguns
estudosdemonstram
va- riedadena forma
cicatricial,bem
como
a elefantiásica4”'° e a psoriasiforme.2°No
Brasil, Porto Rico, República Dominicana,Guatemala
eHonduras
os trabalhadoresagrícolas são desprovidos de calçados e roupas adequadas para sua proteção contra ferimen-
fungos causadores
da
cromomicose.5Em
Cuba,há
uma
maior proteção, sendo muito maiscomum
o acometimento demembros
superioresna doença
cromomicose.5'4 Iguais aos estu-dos publicados
em
níveis nacionais“”18'2°'2l e internacionais,l° nosso estudo evidenciou88,24%
dos pacientescom
lesãoem
membros
inferiores,um
casoem
face eum
em
membro
superior.
Muitos
tratamentos são usados para erradicar o agente etiológicoda cromomicose
e por conseqüência a curada
lesão.Uma
revisão dos tratamentos descritos ao longoda
históriada
doença cromomicose
são mostrados na tabela04
(abaixo), entretanto muitos deles já não sãomais relevantes.”
Tabela
4:Tratamentos
de
acordo
com
boletins
médicos
revisados
U
5-fluocitosina
Ácido
AscórbicoÁcido
FênicoÁcido
FólicoÁcido
FolinicoÁcido
NicotínicoÁcido
Nítrico AnfotericinaB
Azatioprina Botas deUnna
Cálcio Calor local Cianocobalamina Cola de FosfatoCuretagem
Dinitroclorobenzeno Eletrocirurgia Eletrodissecção ExcisãoFumarato
ferrosoGeléia de petróleo
(Vaselma
sahcilada)Griseofulvina
Hidroclorito de
Procama
(N
ovocama)
Itraconazol Cetoconazol Metotrexato Nicotinamida Nitrogênio líquido Pantonato de cálcio Pixe Radioterapia Rifampicina
Thiamina
Ungüentos
de Oclusao VitaminaA
VitaminaB1
VitaminaB6
VitaminaD2
VitaminaD3
Cucé
e Gatti (1983) trataramcromomicose
com
5-
Fluocitosina (5-FC)na
dose de 100-
200
mg/kg/dia, isoladamente,'° o queprovou
ser eficaz, entretanto causou resistêncianum
prazo relativamente curto. '° Após, associaram 5 - Fluocitosina e Anfotericina
B
com
resul-tados excelentes, pois a associação diminui a resistência à 5 - Fluocitosina,
causam
um
siner-gismo, diminui os efeitos indesejáveis
do
5 - Fluocitosina, diminui os custos econômicos,diminui o risco de toxicidade
da
AnfotericinaB
(porque,em
associação, a dose passa de 1mg/kg/dia para 0,2 mg/kg/dia).'°
Em
2001
(Revista Venezuelana) excelentes resultadosforam
obtidoscom
a associação de Itraconazo1200 mg/dia por via oral e tratamento tópicocom
5-Fluocitosina a5%
para Fonse- caea pedrosoí, e associação de Itraconazol200
mg/dia por via oral e Criospray a cada 15dias para Exophiala jlanselmeí var. Lecanii
comi.”
Outro estudomostrou
a associação deItraconazol e
CO2
laserzótambém
com
bons resultados. Este estudo sóreafirmou
o que Silvae
Marques
(1999) jáhaviam
citado sobre casos decromomicose
tratadoscom
a associação deItraconazol (200 mg/dia) e Anfotericina
B
intralesional (frascocom
50
mg
diluídoem
10ml
de solução anestésica à base de xylocaina a
2%
sem
vasoconstrictor,ficando
uma
concentra-ção de 5 mg/ml), aplicado
semanalmente
ou
quinzenalmente.7Para
comprovar
a suscetibilidade de alguns antifiíngicos aFonsecaea
pedrosoí, Beclout,Gómez
e Restrepo” (1997)demonstraram
que havia resistência,com uma
concentração ini-bitória
mínima (MIC)
em
33%
com
5-Fluorocitosina,66,7%
com
Fluconazol,com
exceçãodo
Itraconazol
que
nãohouve
resistência aMIC.
Demonstraram,
também, que
auma
concentra-ção letal
mínima
(MLC)
em
91,7%
dos casos tratadoscom
AnfotericinaB
nãohouve
morte deFonsecaea
pedrosoí,91,7%
também
nãohouve
a mortecom
5-Fluorocitosina,100%
deresistência ao Fluconazol e
41,7%
ao Itraconazol.”O
estudodemonstrou
também
que
10%
dos pacientes
com
cromomicose
nãocuram
adoença
com
Itraconazolquando
o tratamentoultrapassa
20
meses.”O
ideal seria se antes de iniciar tratamentocom
antifungicos, omesmo
pudesse ser avali-ado através de testes de susceptibilidade, podendo-se assim, evitar efeitos indesejados, alto
custo e lentificação
no
decorrerdo
tratamento.”Um
método
altemativo, tanto para a resistência ao antifúngico quanto para o alto custo, seria a terapiaem
pulsos de Itraconazol (200 mg), dadosem
dose oral poruma
semana, se-33
Nosso
estudo mostrou que dos 17 pacientescom
a doençacromomicose O4
deles cura-ram, todavia, nesses não
houve
uma
prevalência quanto tipo de tratamento utilizado,ou
seja,cada paciente foi tratado
com
um
tipo diferente demétodo
(cirúrgico, tópicoou medicamen-
toso via oral). Entretanto, 03 pacientesem
setembro de2002
(términoda
pesquisa) aindapermaneciam
em
tratamento, tratamento esse,combinado
em
sua grande maioria (associaçãode criocimrgia e Itraconazol
em
diferentes posologias),mas
que veio mostrando bons resul-tados e
com
boa
remissão das lesões, observadas nessemesmo
período (setembro de 2002). Ressaltando, portanto, que a associaçãomedicamentosa
é muito mais potente, principal-mente
pelo sinergismo das drogas, sendo preferidaquando há
uma
cronicidadeou
extensãoda
lesão.
Alguns
dos pacientesabandonaram
o tratamento, sendo o principal motivo a distânciado
centro de tratamento (Hospital Universitário, localizado
em
Florianópolis) e custodo
fármaco(Itraconazol).
Importante ressaltar
que
não foi realizado nenhiunexame
micológicoou
histopatológicoque evidenciasse formas negativas para cromomicose, sendo avaliada apenas a clínica
da
le-são. Estudos
demonstram
quemesmo
após tratamentoda
lesãocom
diferentes tiposde
com-
binação os
exames
de biópsia e micologiapermanecem
positivos paracromomicose.”
A
aná-lise estatística dos últimos boletins
médicos
revisados mostraque
em
57%
dos casos adoença
é erradicada,
mas
que
em
43%
dos pacientes háuma
recrudescência persistente dos fungos.”Comparando-os
com
a literatura,há
igualdadecom
relação às infecções bacterianas.“*1°A
maioria dos nossos pacientes não apresentaram complicações (41,16%) relacionadas aotratamento
ou
a própria evoluçãoda
doença.Os
pacientes que complicaram, a infecção se-cundária (35,29%) e a infecção associada à úlcera (17,65%)
foram
os maiscomuns,
sendo encontrado apenasum
caso de carcinoma de células escamosas.3 _
O
número
total de pacientes diagnosticadoscom
adoença cromomicose no
estado de Santa Catarina,no
período de setembro de 1997 a setembro de 2002, são de 17 casos. Entretanto, onúmero
total de casos não corresponde à realidade,uma
vez que obtive-mos
somente
18,51%
de respostas dos laboratórios deAnatomia
Patologia e Análises Clínicasdo
estado de Santa Catarina.Praticamente a totalidade dos enfermos, 16 casos,
têm
mais de50
anos de idadeno
mo-
mento do
diagnóstico; a maioria dos pacientes édo
sexo masculino, corda
pele brancae trabalhadores rurais.Todos
os pacientescom
adoença cromomicose
são provenientesdo
estado de Santa Ca-tarina, dos quais
29,41%
são provenientesda
grande Florianópolis. Cinco (05) pacientes são naturaisdo
RioGrande do
Sul,um
(01) naturaldo
RioGrande do
Norte eum
(01)natural
do
Paraná.Dos
nossos pacientes,29,42% têm
mais de 15 anos de padecimento.A
forma
clinica verrucosa vegetanteocupa
70,59%
da
nossa casuística e a localizaçãoem
membro
inferior representa88,24%
dos casos.No
períododa
obtenção dos dados, setembro de 1997 a setembro de 2002,nove
(09) pacientesabandonaram o
tratamento proposto,um
(01) paciente faleceu (doençanão
em
questão), quatro (04) curaram
da
cromomicose, e três (03) continuaramem
tratamento.O
tratamento proposto para35,29%
dos pacientes foi à associação de Criocirurgia e I-traconazol; os demais
foram
tratadoscom
Criocirurgia, cirurgiaou
Itraconazol isolada-mente.
Grande
parte dos pacientes (41,16%) não apresentaram complicaçõesno
períododa
do-8
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