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Avaliação da atenção em idosos

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Academic year: 2021

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(1)Encontro:. Revista de Psicologia. AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM IDOSOS. Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011. RESUMO. Juliana F. Cecato Faculdade de Medicina de Jundiaí cecatojuliana@hotmail.com. Bruna Fiorese Faculdade Anhanguera de Jundiaí bruna.fiorese@foxconn.com. Luana Luz Bartholomeu Faculdade Anhanguera de Jundiaí. A avaliação psicológica é uma disciplina fundamental na formação do psicólogo como parte do seu instrumento de trabalho na avaliação de inteligência, personalidade e desempenho das funções cognitivas. A atenção é um constructo que envolve outras funções cognitivas como a concentração e a memória. O objetivo desse estudo foi avaliar a atenção de adultos e idosos que freqüentam uma faculdade aberta da terceira idade e fornecer subsídios para a construção de um teste de atenção. Para isso, o teste desenvolvido avaliou os constructos de atenção seletiva, sustentada, focalizada por meio de uma tarefa de cancelamento. Os resultados demonstraram que não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos estudados. Pode-se concluir que o teste de atenção não discriminou os grupos de escolaridade, porém a aplicação e interpretação dos testes psicológicos devem ser realizados exclusivamente por psicólogos treinados.. luanasilvaluz@gmail.com. Palavras-Chave: atenção; teste psicológico; idoso.. José Eduardo Martinelli Faculdade de Medicina de Jundiaí. ABSTRACT. drmartinelli@terra.com.br. Psychological assessment is an important discipline in the learning of psychologists as part of their working in the evaluation of intelligence, personality and performance on cognitive functions. Attention is a construct that involves other cognitive functions like concentration and memory. The aim of this study was to evaluate the attention of adults and elderly who attend in a elderly school and provide subsidies for the construction of a test of attention. For this, the developed attention test assessed selective, sustained, focused and cancellation. The outcomes showed no statistically significant differences between groups. It can be concluded that the attention test did not discriminate the groups, but the application and interpretation of psychological tests should performed only by trained psychologists. Keywords: attention; psychological test; elderly.. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@aesapar.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigos Originais Recebido em: 04/10/2011 Avaliado em: 04/01/2012 Publicação: 04 de maio de 2012. 79.

(2) 80. Avaliação da atenção em idosos. 1.. INTRODUÇÃO De acordo com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação é função exclusiva dos psicólogos a utilização de métodos psicológicos que incluem a aplicação e interpretação dos resultados obtidos (ALVES et al., 2002). Devido a grande quantidade de material disponível, os professores do curso de graduação em Psicologia consideram importante estabelecer um consenso do que é ensinado e focalizar em aula o que for indispensável para a formação do psicólogo (ALVES et al., 2002). O Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP) busca trazer a confiabilidade dos testes psicológicos e validação de técnicas e exames na área. O IBAPP promove eventos científicos e publicações de livros em uma revista específica, chamada Avaliação Psicológica (AMENDOLA, 2010). Atualmente, a visão sobre a importância da avaliação psicológica vem aumentando devido a exigência para exames de motoristas, porte de armas, ingresso nas polícias civil e militar, processos judiciais, exames criminológicos, estudos de casos, etc., e que muitas vezes esses testes são aplicados inadequadamente por pessoas sem a menor qualificação (AMENDOLA, 2010). A falta de qualificação dos psicólogos na área de avaliação psicológica é uma questão de maior número de processos e de denúncias que o Conselho Federal recebe. A falta de ética no trabalho e a desatualização profissional são apontados pela autora como causa de todos os processos (AMENDOLA, 2010). No que se refere a avaliação das funções cognitivas, um constructo alvo de pesquisas atuais é a atenção (MONTIEL et al., 2006; 2007; TORTELLA, 2008). A atenção pode ser definida pela abordagem cognitiva-comportamental como um conjunto de processos cognitivos. Já a abordagem behaviorista proposta por Skinner o “prestar atenção” são eventos ambientais que fazem as pessoas discriminar alguns estímulos em detrimentos de outros (STRAPASSOM et al., 2008). Desta maneira a atenção pode ser definida como a habilidade que um indivíduo tem de processar num montante de informação disponíveis aquelas de maior interesse. Skinner ainda diferencia a atenção dependendo da forma com que ela ocorre, ou seja, se a atenção é “atraída” ou “capturada”. Faz sentido se pensarmos no caso de uma situação ambiental nova para o indivíduo, como por exemplo, um som alto, o comportamento adaptativo de ficar atento a essa situação é um comportamento reflexo importante e adaptativo. Entre outras palavras, é uma situação de alerta e evolutivamente aprendida para a sobrevivência da espécie. Já o “prestar atenção” pode ser considerado um comportamento operante, o qual foi aprendido durante alguns processos, como por. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

(3) Juliana F. Cecato, Bruna Fiorese, Luana Luz Bartholomeu, José Eduardo Martinelli. exemplo. discriminação. operante,. extinção,. esquemas. de. reforçamento. 81. etc.. (STRAPASSOM et al., 2008). Outro ponto importante discutido por Skinner é em relação ao tipo de evento observado. O prestar atenção, do ponto de vista do observador é um evento público, pois pode-se observar os olhos do sujeito focando o estímulo (STRAPASSOM et al., 2008). Skinner garante que a atenção é mais do que apenas observar o movimento dos olhos do sujeito, enquanto ter a percepção do estímulo é um evento privado, o qual somente o sujeito poderá dizer o que está prestando atenção se verbalizar sua ação (STRAPASSOM et al., 2008). A diferença que Strapassom et al. (2008) abordam sobre os dois construtos é que o “prestar atenção” é um comportamento operante, enquanto que a percepção é um comportamento predominantemente reflexo. A atenção envolve algumas funções cognitivas como a memória operacional, o esforço mental, manutenção do estado de alerta e ser capaz de focalizar, ignorar estímulos distratores e modificar o foco quando necessário (MALLOY-DINIZ et al., 2008), dentre uma das divisões comumente observadas, pode-se subdividi-las em quatro componentes: atenção focalizada (direcionar o foco para um determinado estímulo), atenção sustentada (vigilância), atenção seletiva (manter-se atenção em um único estímulo, com vários estímulos presentes ao mesmo tempo), atenção alternada (de uma maneira voluntária, alternar o foco de atenção) (MALLOY-DINIZ et al., 2008). Indivíduos que sofrem de déficits de atenção apresentam um grande prejuízo com atividades do cotidiano, como comprometimento na realização de tarefas, ou seja, não conseguem concluí-las (MALLOY-DINIZ et al., 2008). Além disso, as pessoas podem apresentar quadros de esquecimentos, dificuldade na atenção nas conversas e emitir comportamentos que não fazem parte do contexto que está sendo realizado (MALLOYDINIZ et al., 2008). O presente artigo teve como objetivo avaliar a atenção de adultos e idosos que freqüentam uma faculdade aberta da terceira idade e fornecer subsídios para a construção de um teste de atenção.. 2.. METODOLOGIA. 2.1. Participantes Foram avaliados 20 participantes que freqüentam regularmente a Faculdade de Medicina da 3ª Idade no município de Jundiaí, com idade igual e superior a 52 anos e com mais de 5 anos de escolaridade. Os participantes foram divididos em 2 grupos de acordo com a Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

(4) 82. Avaliação da atenção em idosos. idade: grupo 1 composto por 10 pessoas, com idade entre 52 a 64 anos; grupo 2 com 10 pessoas, com idade entre 66 a 81 anos. A média de idade encontrada no grupo 1 foi de 58,40 (Mediana = 59, mínimo = 52, máximo = 64 e desvio padrão ±4,33) e 70,20 no grupo 2 (Mediana = 69,5, mínimo = 66, máximo = 81 e desvio padrão ±4,34). Do total de participantes 17 (85%) correspondiam ao gênero feminino.. 2.2. Teste de Atenção (Cecato em construção) Para o desenvolvimento do teste de atenção foi feito levantamento bibliográfico sobre o tema e pode-se perceber a importância da elaboração de um teste de atenção que examine as várias formas de apresentação de estímulo, avaliando o desempenho da atenção dos sujeitos. Para isso, decidiu-se criar um teste que avalie os seguintes constructos da atenção: focalizada, seletiva, sustentada e de cancelamento. Para a avaliação da atenção focalizada foram selecionadas várias figuras em uma prancha, que tinham figuras de frutas, animais, meios de transporte e objetos do cotidiano. A prancha com todas as figuras foram apresentadas para os participantes durante 30 segundos. Depois foi apresentado uma outra prancha com as figuras que estavam na prancha, concomitante com figuras que não estavam na primeira prancha apresentada. O indivíduo deverá apontar apenas as figuras que estavam na primeira prancha. A figura de uma praia foi criada para avaliar a atenção seletiva. Este desenho foi apresentado durante 1 minuto. Em seguida, foi retirado e feito algumas perguntas em relação ao desenho apresentado. As perguntas elaboradas foram: “Quantos meninos estão correndo atrás da bola?”; “Qual é a cor da bola?”; “Quantos animais aparecem dentro da água?”; “Qual a cor da pipa que o menino está brincando?”; “Qual é a fruta que aparece do lado da moça que está deitada na areia?”; “Quantas nuvens têm no céu?”. Uma sequência numérica foi elaborada para a avaliação da atenção sustentada. Em uma prancha, foi apresentado uma sequência de números pela examinadora. Na mesma prancha, o participante deverá identificar a sequência igual a que está sendo apresentada no enunciado. Uma segunda sequência numérica será apresentada após a realização da primeira. Agora, será apresentado no enunciado uma sequência de números e o indivíduo deverá identificar a sequência de números em ordem inversa que estará sendo apresentada no enunciado. Por exemplo, os números apresentados na primeira sequência são “5, 2, 8” e a pessoa deverá indicar a sequência “5, 2, 8” na folha de respostas. A segunda sequência é “6, 9, 4” e a pessoa deverá indicar a sequência na ordem inversa, ou seja, deverá indicar a sequência “4, 9, 6”. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

(5) Juliana F. Cecato, Bruna Fiorese, Luana Luz Bartholomeu, José Eduardo Martinelli. 83. O teste de cancelamento foi avaliado de três maneiras diferentes. Na primeira foi apresentado uma prancha com vários símbolos diferentes. A pessoa deverá indicar na prancha todos os estímulos semelhantes ao estímulo-alvo que será apresentado anteriormente. Na segunda parte, o teste foi apresentado com um grau maior de dificuldade, ou seja, agora foram sequências de um estímulo-alvo e o participante deverá encontrar na prancha os estímulos semelhantes a sequência apresentada. Na terceira parte, serão associados cores aos símbolos. Foi apresentado um símbolo específico concomitante a uma cor. O participante deverá identificar na prancha o estímulo semelhante ao símbolo e a cor apresentados no estímulo-alvo.. 2.3. Análise de dados Os dados foram analisados por meio do programa SPSS 13.1 e do programa Excel para Windows (2003). Foram realizadas estatísticas descritivas quanto a idade dos participantes. A análise de Kolmogorov-Smirnov (KS) comprovou que os testes aplicados correspondem a uma distribuição não-paramétrica. Com isso, as análises em relação aos dois grupos foi feita pelo teste de Mann-Whitney, estabelecendo-se um nível de significância de 5%.. 3.. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação a divisão dos participantes pela idade, demonstraram diferenças significativas (p<0,001) entre o grupo 1 (52 a 64 anos) e grupo 2 (66 a 81 anos). A atenção focalizada consiste em uma condição fundamental da aprendizagem, pois é ela responsável por manter o foco em determinado estímulo por um determinado período de tempo, e essa capacidade será a responsável pelo sucesso da aprendizagem (NARDIN et al., 2008). Por meio da análise dos resultados, não ocorreram diferenças significativas no teste de atenção focalizada categoria frutas (p= 0,317), animais (p= 0,317), objetos do cotidiano (p= 0,400) e meios de transporte (p= 0,147). Pode-se inferir com base nos dados observados que ambos os grupos foram capazes de manter o foco no estímulo apresentado (Tabela 1). A atenção seletiva pode ser denominada como a capacidade de selecionar (prestar atenção) apenas em um estímulo no meio de tantos outros presentes no ambiente (ROSSINI et al., 2006). É conhecido que a atenção seletiva do indivíduo recebe influências do espaço e da forma do objetivo (ROSSINI et al., 2006), sendo fundamental para as atividades de vida diária onde se presta atenção em um determinado estímulo com tantos. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

(6) 84. Avaliação da atenção em idosos. outros presentes. Observa-se nos resultados encontrados que os dois grupos acertaram apenas 50% das perguntas e não houve diferenças estatisticamente significativas (p=0,395) entre o grupo 1 e o grupo 2. Entende-se por atenção sustentada a intensidade ao qual o indivíduo dispõe sob determinado estímulo, melhorando a qualidade do processamento desse estímulo. Dentre outras palavras, é a capacidade que o indivíduo tem em manter o foco em um estímulo num período de tempo prolongado (FENIMAN et al., 2007). No teste avaliado com a sequência numérica, ambos os grupos mantiveram a atenção sobre os estímulos e obtiveram médias semelhantes, onde o grupo 1 com um resultado de 1,8 e o grupo 2 igual a 1,7 (Tabela 1). O último teste aplicado foi o teste de cancelamento. Tortella (2008) aborda que o teste de atenção por cancelamento é quando se apresenta um estímulo antecedente, como por exemplo, um símbolo. Em uma prancha com vários símbolos, o sujeito deve encontrar o estímulo antecedente que o examinador solicitou que ele encontrasse nessa prancha. Nesta pesquisa, foram apresentados três pranchas diferentes, sendo todas as pranchas com o fundo branco e as duas primeiras pranchas com os símbolos da cor preta. Tanto na primeira prancha (cancelamento 1 p= 0,503) quanto na segunda (cancelamento 2 p= 0,551) não houveram diferenças significativas entre os dois grupos. No terceiro teste de cancelamento, agora com os símbolos coloridos em um fundo branco, as médias encontradas foram muito semelhantes entre os dois grupos, não sendo capaz de diferenciar o grupo dos adultos jovens com relação ao grupo mais idoso (cancelamento 3 p= 0,317), como mostra a Tabela 1. Em síntese, as análises não revelaram diferenças significativas entre os dois grupos. Como mostra a Tabela 1, tanto o grupo mais jovem (grupo 1) quanto o grupo mais idoso (grupo 2), tiveram médias semelhantes em todos os testes de atenção. Um escore total foi calculado e as análises mostraram a ausência de diferenças significativamente estatísticas entre os dois grupos (p= 0,324).. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

(7) Juliana F. Cecato, Bruna Fiorese, Luana Luz Bartholomeu, José Eduardo Martinelli. 85. Tabela 1. Comparação entre os grupos separados por idade com relação aos testes de atenção.. Testes. Atenção focalizada frutas. Atenção focalizada animais. Atenção focalizada objetos Atenção focalizada meios de transporte Atenção seletiva. Atenção sustentada. Cancelamento 1. Cancelamento 2. Cancelamento 3. Escore Total. Grupo 1. Grupo 2. Média. Média. dp (min-máx). dp (min-máx). 3. 2,9. ±0 (3-3). ±0,32 (2-3). 2,9. 3. ±0,32 (2-3). ±0 (3-3). 5,6. 5,4. ±0,97 (3-6). ±0,84 (4-6). 3. 2,7. ±0 (3-3). ±0,67 (1-3). 3. 2,6. ±1,41 (1-5). ±2,01 (1-6). 1,8. 1,7. ±0,42 (1-2). ±0,48 (1-2). 9,8. 8,9. ±0,63 (8-10). ±2,85 (1-10). 2,7. 2,4. ±0,67 (1-3). ±1,07 (0-3). 4. 3,9. ±0 (4-4). ±0,32 (3-4). 31,6. 27,3. ±4,60 (22-38). ±10,76 (3-40). *p. 0,317. 0,317. 0,400. 0,147. 0,395. 0,615. 0,503. 0,551. 0,317. 0,324. *Mann-Whitney; dp= desvio padrão; min= mínimo; máx= máximo; Grupo 1= 52 a 64 anos; Grupo 2= 66 a 81 anos.. 4.. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com relação ao teste de atenção aplicado nesta pesquisa encontrou-se médias semelhantes entre os dois grupos e esse dado pode ser justificado pelo fato da avaliação ser aplicada em uma faculdade aberta da 3ª idade onde todos os participantes mantém atividades intelectuais. É importante salientar que intelectualidade difere de escolaridade, onde a história de vida de cada sujeito, as atividades desenvolvidas e os exercícios cognitivos (como por exemplo, leituras, palavras-cruzadas, jogos de xadrez etc.) devem ser considerados como fatores importantes durante a avaliação da atenção em pessoas idosas. A relação entre o desempenho no teste de atenção e as características subjetivas da história de vida do sujeito (educação, freqüência com que lê, o que gosta de fazer para passar o tempo, grau de intelectualidade, etc.) enfoca a preocupação de se coletar o maior. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

(8) 86. Avaliação da atenção em idosos. número possível de informações para auxiliar a avaliação do desempenho de cada indivíduo. No caso da baixa pontuação dos dois grupos no teste de atenção seletiva, pode ser explicado pelo fato de que o teste foi aplicado coletivamente na sala de aula, ou seja, todos os 20 participantes. Nesse caso, os distratores ambientais provocados pela sala de aula com todos os participantes juntos podem ter causado a falta de atenção na figura apresentada e contribuído com a baixa pontuação no teste. A ausência de discriminação no teste de atenção entre os dois grupos pode ser justificado pelo fato de que os participantes da pesquisa não apresentarem sintomas de declínio cognitivo, conforme avaliação neuropsicológica aplicada em avaliações anteriores. Fenimam et al. (2007) salienta que a manutenção da atenção dependerá muito da memória operacional para o sucesso de seu desempenho. Assim como Fenimam et al. (2007), o estudo de Kinjo (2011) revela o declínio nos testes de memória em idosos, sugerindo que o processo de retenção de informação exija recursos da atenção. A preocupação em se associar memória e atenção se deve ao fato de identificar se os esquecimentos apresentados pelos idosos são decorrentes de síndromes demenciais ou se devem a falhas no processo de atenção. Tentando identificar essa associação Kim et al. (2011) desenvolveram uma escala de atenção (Attention Questionnaire Scale) que avaliou 268 idosos e compararam seus resultados com outros testes cognitivos como o Miniexame do Estado Mental (MEEM). Os resultados dessa pesquisa evidenciaram que a escala de atenção criada conseguiu diferenciar o grupo de idosos normais, com comprometimento cognitivo leve e com doença de Alzheimer, sendo capaz de fornecer mais um teste que auxilie na investigação diagnóstica de queixas cognitivas. Tanto o conceito descrito por Fenimam et al. (2007) quanto as pesquisas de Kinjo (2011) e Kim et al. (2011) retratam a importância de se avaliar a atenção de idosos e como este constructo está intimamente relacionado a memória. Essa informação pode explicar a falta de diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos desta pesquisa, já que nenhum dos participantes tinha queixas de memória no início das atividades na faculdade da 3ª idade e por essa razão podem ter obtido boas pontuações no teste aplicado. A disciplina de Avaliação Psicológica é o que torna único e exclusivo o trabalho do psicólogo. Por essa razão, o conteúdo ministrado e a qualidade com que é assimilado pelos alunos se tornam fundamentais para a sua aplicação segura e interpretação precisa dos seus resultado. Aspectos únicos do paciente devem ser analisados com detalhe. Nesse sentido, é importante que o psicólogo em formação aprenda os testes, mas que esta aprendizagem permita desenvolver habilidades para a aplicação de outros testes que irá. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

(9) Juliana F. Cecato, Bruna Fiorese, Luana Luz Bartholomeu, José Eduardo Martinelli. 87. encontrar no seu trabalho clínico. Embora o teste utilizado nessa pesquisa não demonstrou diferenças entre os grupos estudos, é necessário a continuação de sua aplicação, conseguir um número maior de participantes a fim de se obter dados mais representativos da amostra.. REFERÊNCIAS ALVES, I.C.B.; ALCHIERI, J.C.; MARQUES, K.C. As técnicas de exame psicológico ensinadas nos cursos de graduação de acordo com os professores. Psico-USF, 7(1): 77-88, 2002. AMENDOLA, M.F. Panorama da história dos testes psicológicos no Brasil e críticas atuais. Disponível em: http://www.canalpsi.psc.br/canalpsi_revista/artigo12.htm, acessado em 10 de maio de 2010. FENIMAN, M.R.; ORTELAN, R.R.; LAURIS, J.R.P. et al. Proposta de instrumento comportamental para avaliar a atenção auditiva sustentada. Rev Bras Otorrinolaringol, 73(4): 523-527, 2007. KIM, S.Y.; PARK, M.H.; HAN, S.H. et al. Validation analysis of the attention questionnaire scale. J Alzheimers Dis, 24 (2): 393-402, 2011. KINJO, H. Effects of aging and divided attention on recognition memory processes for single and associative information. Psychol Rep, 108 (2):405-19, 2011. MALLOY-DINIZ, L.F.; CAPELLINI, G.M.; MALLOY-DINIZ, D.N.M. et al. Neuropsicologia no transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. In. Neuropsicologia: teoria e prática. Fuentes, D.; Malloy-Diniz, L.F.; Camargo, C.H.P. et al. Editora Artmed. P.241-256, pp.430, 2008. MONTIEL, J.M.; FIGUEIREDO, E.R.M.; LUSTOSA, D.B.S.; DIAS, N.M. Evidência de validade para o Teste de Atenção Concentrada Toulouse-Piéron no contexto de trânsito. Psicol pesqui Transito, 2 (1): 19-27, 2006. MONTIEL, J.M.; CAPOVILLA, A.G.S. Teste de Atenção por Cancelamento. Em A.G.S. Capovilla & F.C. Capovilla (Orgs.), Teoria e pesquisa em avaliação neuropsicológica (pp. 119-124). São Paulo: Memnon, 2007. NARDIN, M.H.D.; SORDI, R.O. Aprendizagem da atenção: uma abertura à invenção. Rev Iberoamericana de Educación, 47: 1-11, 2008. ROSSINI, J.C.; GALERA, C. Atenção visual: estudos comportamentais da seleção baseada no espaço e no objeto. Estudos de Psicologia, 11(1): 79-86, 2006. STRAPASSOM, B.A.; DITTRICH, A. O conceito de “prestar atenção” para Skinner. Psicologia: teoria e pesquisa, 24(4): 519-26, 2008. TORTELLA, G. Teste de atenção por cancelamento: avaliação da atenção em estudantes do ensino fundamental. Avaliação psicológica, 7(2): 265-267, 2008 Juliana F. Cecato Mestranda pela Faculdade de Medicina de Jundiaí. Ambulatório de Geriatria e Gerontologia “Jundiaí 80+”. Bruna Fiorese Curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Jundiaí. Luana Luz Bartholomeu Curso de Psicologia na Faculdade Anhanguera de Jundiaí.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

(10) 88. Avaliação da atenção em idosos. José Eduardo Martinelli Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (1976), mestrado em Gerontologia pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2008). Médico responsável pela disciplina de Geriatria e Gerontologia da FMJ e pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia Comendador Hermenegildo Martinelli.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 79-88.

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