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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Núcleo de Combate à Corrupção Força-Tarefa Lava Jato

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Núcleo de Combate à Corrupção – Força-Tarefa Lava Jato

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 7ª VARA FEDERAL CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO

Processo cautelar a ser distribuído por dependência aos AUTOS 0504252-24.2017.4.02.5101

Demais referências: AUTOS nº 0509503-57.2016.4.02.5101 (Operação Calicute) 0509567-67.2016.4.02.5101 (buscas e apreensões); nº 0506602-19.2016.4.02.5101 (quebra de sigilo telemático); nº 0506980-72.2016.4.02.5101 (quebra de sigilo de registros telefônicos); nº 0504612-56.2017.4.02.5101 (quebra fiscal e bancária); nº 0504668-89.2017.4.02.5101 (quebra fiscal e bancária); nº 0504675-81.2017.4.02.5101 (quebra de sigilo de registros telefônicos); nº 0504767-59.2017.4.02.5101 (interceptação telefônica)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelos procuradores da República signatários, vem, por meio desta, expor e requerer o que segue a respeito dos fatos narrados abaixo.

1 – DA CONTEXTUALIZAÇÃO DOS FATOS

A presente medida cautelar é desdobramento das Operações Calicute (processo nº 0509503-57.2016.4.02.5101) e Eficiência (processo nº 0510282-12.2016.4.02.5101) e das investigações realizadas após a sua deflagração, tendo como escopo aprofundar o desbaratamento da organização criminosa responsável pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de capitais envolvendo contratos para realização de obras públicas pelo Estado do Rio de Janeiro.

Com efeito, após exaustiva investigação que contou com medidas cautelares de quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático, as Operações Calicute e Eficiência conseguiram demonstrar como a organização criminosa comandada por SÉRGIO CABRAL atuou para praticar atos de corrupção e lavagem que desviaram imensa quantia ainda não totalmente mensurada – da qual mais de USD 100.000.000,00 (cem milhões de dólares) já foram recuperados aos cofres públicos – mediante engenhoso processo de envio de recursos oriundos de propina para o exterior.

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Restou claro das investigações que, ao tomar posse como chefe do executivo estadual do Rio de Janeiro, em 01/01/2007, SÉRGIO CABRAL instituiu percentual de propina de 5% de todos os contratos administrativos celebrados com o Estado.

Em tal esquema, foram englobadas praticamente todas as grandes obras públicas de construção civil realizadas pelo ente público, algumas delas custeadas com recursos federais, inclusive provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento. Dentre elas, destacam-se a construção do Arco Metropolitano e a urbanização de grandes comunidades carentes na cidade do Rio de Janeiro, ação vulgarmente denominada por “PAC Favelas”.

A organização criminosa, que atuou desviando verbas públicas de origem federal e estadual, e as remetendo para o exterior, vem sendo desarticulada progressivamente, já tendo sido identificados vários de seus núcleos e operadores financeiros, bem como a forma como lavavam os proveitos do crime.

Consoante desvendado na Operação Calicute, a ORCRIM, assim como as demais investigadas pela Operação Lava Jato, possuía sua estruturação e divisão de tarefas em quatro núcleos básicos: a) o núcleo econômico, formado por executivos das empreiteiras cartelizadas contratadas para execução de obras pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro; b) o núcleo administrativo, composto por gestores públicos do Governo do Estado do Rio de Janeiro, os quais solicitaram e administraram o recebimento das vantagens indevidas pagas pelas prestadoras de serviços; c) o núcleo financeiro operacional, formado por responsáveis pelo recebimento e repasse das vantagens indevidas e pela ocultação da origem espúria, inclusive através da utilização de empresas e escritórios de advocacia, algumas delas constituídas exclusivamente com tal finalidade; d) o núcleo político, formado pelo líder da organização criminosa, o ex-governador SÉRGIO CABRAL.

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A partir de depoimentos prestados e documentos apreendidos quando da deflagração da Operação e durante a instrução da respectiva ação penal, foi possível reunir indícios de que a Orcrim liderada por SÉRGIO CABRAL também tinha em sua folha de pagamentos e recolhimentos empresas ligadas à área de transporte público no Estado do Rio de Janeiro, conforme narrado adiante.

2 – O BRAÇO DA ORCRIM DE CABRAL NO SETOR DE TRANSPORTE. A COLABORAÇÃO DO OPERADOR ÁLVARO NOVIS

ÁLVARO JOSÉ GALLIEZ NOVIS, o doleiro e operador financeiro da organização criminosa capitaneada por SÉRGIO CABRAL, e cuja atuação foi revelada pela deflagração da Operação Eficiência, firmou perante o Superior Tribunal de Justiça acordo de colaboração premiada, oportunidade em que revelou ter sido contratado pelo presidente (Conselho de Administração) da FETRANSPOR e da VIAÇÃO FLORES, JOSÉ CARLOS LAVOURAS, para recolher regularmente dinheiro de algumas empresas de ônibus integrantes dessa Federação, administrar a sua guarda e distribuir a diversos políticos, controlando os aportes e despesas por meio de contabilidade paralela.

Consoante os termos do Anexo 1 da sua colaboração, formalizada na Petição 11.962-DF do STJ, compartilhada com esse Juízo por decisão do Ministro Relator Félix Fischer, ÁLVARO NOVIS revelou:

“Que o relacionamento com JOSÉ CARLOS LAVOURAS, Presidente da FETRANSPOR, sócio da empresa Viação Flores, começou em meados da década de 90;... Que após certo tempo, JOSÉ CARLOS LAVOURAS o chamou para ajudá-lo para recolhimento e entrega de valores; Que o dinheiro era recolhido nas garagens de algumas empresas de ônibus vinculadas à FETRANSPOR pela TRANSEGUR (hoje Prosegur); Que o dinheiro era custodiado na sede da TRANSEGUR; Que o dinheiro custodiado era utilizado para fazer pagamentos a políticos;... Que as ordens para pagamento se davam sempre por meio de JOSÉ CARLOS LAVOURAS; Que as ordens se davam por meio de bilhete em papel...; Que os bilhetes com as ordens de pagamento eram entregues para o colaborador ou para EDMAR, seu funcionário; Que o

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contato com JOSÉ CARLOS se dava também através de sua secretária ENI GULINELLI, que trabalha na VIAÇÃO FLORES, cujo telefone é 2755-9200, e ligava para o fixo da HOYA 3503-1950; Que JOSÉ CARLOS possuía outra secretária, de nome REGINA, que trabalhava com ela na FETRANSPOR; Que ela costumava entregar os bilhetes com as solicitações de pagamento feitas por JOSÉ CARLOS...; Que os bilhetes eram escritos com codinomes para evitar a identificação dos beneficiários; Que quando os pagamentos não eram feitos pela transportadora de valores eram feitos por funcionários do Colaborador e até mesmo pelo Colaborador; Que nessas ocasiões a transportadora de valores entregava na Hoya o dinheiro para posterior entrega ao destinatário final; Que o controle dos valores se dava por meio de planilhas; Que os lançamentos eram feitos pelo funcionário do Colaborador chamado EDMAR; Que entrega nessa oportunidade as planilhas de controle dos gastos referentes a …., JOSÉ CARLOS LAVOURA, CARLOS MIRANDA...., ROGÉRIO ONOFRE (ex-presidente do DETRO)...; Que a primeira coluna refere-se à data em que os recursos foram debitados ou creditados, Que a segunda coluna refere-se ao valor entregue; Que a terceira coluna refere-se ao valor que foi creditado pela FETRANSPOR; Que a quarta coluna refere-se ao saldo que possui com o Colaborador; Que a quinta coluna ('D/C') diz respeito ao status do saldo – se positivo ('CR') ou negativo ('DB'); Que a sexta coluna ('Histórico') servia para que os operadores colocassem alguma observação a respeito da transação;... Que CARLOS MIRANDA possuía os codinomes 'CM', referente a conta oficial, 'Verde/SMS', 'Super' e 'Abacate', codinomes utilizados para pagamentos excepcionais; Que os recursos pagos a CARLOS MIRANDA eram destinados ao ex-governador SÉRGIO CABRAL; Que ROGÉRIO ONOFRE possua (sic) o codinome 'Lagoa' e 'Mamaluco'; Que ressalta que HUDSON BRAGA também recebeu recursos da FETRANSPOR, apesar do Colaborador não possuir controle de pagamentos; Que pelos serviços prestados à FETRANSPOR recebia o valor de R$ 120.000,00, porém, tinha o custo com a transportadora, que ultrapassava R$ 70.000,00 (transporte e com os seguranças); Que a FETRANSPOR possuía duas contas, uma sob o codinome F/SABI e a outra F/NETUNO (a primeira para débito e a segunda para crédito); Que as planilhas apresentadas foram produzidas na época em que os pagamentos eram feitos, para registro contábil desses pagamentos; Que essas planilhas foram produzidas em um sistema idealizado para contabilizar essas operações de débito e crédito; Que esse sistema foi destruído com a deflagração da operação Xepa, motivo pelo qual existem poucos registros daquela época; Que os dados localizados, constam de um pen drive com ordem de pagamentos de 2010 a 2016, assim como de algumas planilhas impressas do próprio sistema, relacionados às pessoas ora indicadas...”.

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(destaques nossos) Ouvido pela Procuradoria-Geral da República, ÁLVARO NOVIS ratificou o referido Anexo, tendo acrescentado quanto à FETRANSPOR:

“... Que o Colaborador sabia que os pagamentos feitos pela FETRANSPOR eram realizados para garantir benefícios relacionados a linhas de ônibus, tarifas, etc; Que a FETRANSPOR é dividida em 6 sindicatos; Que as empresas de ônibus entregavam o dinheiro em espécie em transportadoras de valores; Que a entrega dos valores inicialmente era feita para a TRANSEGUR; Que a TRANSEGUR foi adquirida pela PROSEGUR; Que havia outra transportadora de valores chamada TRANSEXPERT que era utilizada para custódia de valores; Que as empresas de ônibus possuíam 'contas' nas transportadoras de valores para custódia dos recursos arrecadados com passagens; Que o Colaborador abriu 'contas' nas referidas transportadoras também para poder movimentar os valores das empresas de ônibus; Que tais 'contas' eram meramente informais; Que os valores eram transferidos das 'contas' das empresas para a 'conta' do colaborador e a partir daí eram feitos os pagamentos aos beneficiários finais; Que o colaborador possuía contrato formal com ambas as transportadoras; Que as ordens para pagamento a políticos eram dadas única e exclusivamente por JOSÉ CARLOS LAVOURA; Que desde 1990/1991 até 2016 as ordens sempre foram emitidas por LAVOURA; Que os pagamentos pararam de ser realizados em razão da operação Xepa da Força Tarefa Lava Jato; Que as ordens eram transmitidas por meio de bilhetes; Que os bilhetes eram entregues por REGINA, secretária de LAVOURA, para MARCIO ou EDIMAR, funcionários do colaborador; Que MARCIO ou EDIMAR também por vezes iam ao escritório de LAVOURA para obter informações acerca das ordens de pagamentos; Que o controle de pagamentos e recebimentos era feito pelo colaborador por meio de planilha que ora entrega; Que eram utilizados codinomes nas planilhas que eram, geralmente, escolhidos pelos colaboradores; Que destruiu grande parte do material onde eram guardadas as planilhas de pagamentos; Que alguns registros foram guardados; Que LAVOURA era sócio da empresa FLORES; Que LAVOURA era sócio também de outras empresas que não sabe dizer; Que o codinome da empresa FLORES na planilha era F/VERA; Que o dinheiro das empresas era transferido para as 'contas' centralizadoras, cujo codinomes eram F/SABI e F/NETUNO, para posterior pagamentos aos políticos; Que a pessoa responsável pelo

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controle de pagamentos era o Colaborador EDIMAR; Que entrega como prova de corroboração das suas alegações planilhas que foram impressas antes da Operação Xepa e que possuía guardados, bem como arquivos digitais contemporâneos aos fatos (2010 a 2016), que estavam armazenados em pen drive criptografado...”.

(destaques nossos) Ou seja, o doleiro e operador financeiro da Orcrim de SÉRGIO CABRAL detalhou a dinâmica de arrecadação e pagamento de propina por empresários do setor de transporte no Estado do Rio de Janeiro a agentes públicos, incluindo o ex-governador, um ex-presidente do DETRO e políticos não incluídos nesta medida cautelar por gozarem de foro por prerrogativa de função nos tribunais, mas que tinham direta ou indiretamente influência sobre a política de transporte no Estado.

A contabilidade paralela cujas planilhas, contemporâneas aos fatos, foram entregues por ÁLVARO NOVIS, revelou que, entre os anos de 2010 e 2016, alguns dos principais donos de empresas de ônibus ligados à FETRANSPOR, quais sejam JOSÉ CARLOS LAVOURAS, LÉLIS MARCOS TEIXEIRA, JACOB BARATA FILHO, JOÃO AUGUSTO MONTEIRO, movimentaram a espantosa quantia de R$ 260.168.069,00, conforme detalhado a seguir (alguns beneficiários foram preservados porque gozam de foro por prerrogativa de função):

CONTABILIDADE PARALELA DA FETRANSPOR ENTRE 2010 E 2016

JOSÉ CARLOS LAVOURAS R$ 40.473.685,00

LELIS MARCOS TEIXEIRA R$ 1.570.000,00

JACOB BARATA FILHO R$ 27.754.990,00

JOÃO AUGUSTO MONTEIRO R$ 23.419.394,00 CARLOS MIRANDA (SÉRGIO CABRAL) R$ 122.850.000,00

ROGÉRIO ONOFRE R$ 44.100.000,00

TOTAL R$ 260.168.069,00

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Como se vê, desse valor, R$ 44.100.000,00 foram destinados ao ex-presidente do DETRO, ROGÉRIO ONOFRE e R$ 122.850.000,00 ao líder da organização criminosa, SÉRGIO CABRAL, recebidos por intermédio do seu operador e braço direito CARLOS MIRANDA.

3 – A PROPINA DA FETRANSPOR PARA SÉRGIO CABRAL POR INTERMÉDIO DE CARLOS MIRANDA

Conforme esclareceu o colaborador ÁLVARO NOVIS, os R$ 122.850.000,00 entregues pela FETRANSPOR ao braço direito operacional e financeiro de SÉRGIO CABRAL, o operador CARLOS MIRANDA, eram destinados ao pagamento de propina ao ex-governador, sendo certo que NOVIS nominou e controlava quatro contas de valores paralelos da FETRANSPOR utilizados nessas operações, quais sejam: CM, VERDE/SMS; ABACATE; SUPER:

PROPINA A CARLOS MIRANDA (SÉRGIO CABRAL)

CONTAS VALORES VERDE/SMS R$ 16.460.000,00 ABACATE R$ 31.590.000,00 SUPER R$ 4.000.000,00 CM R$ 70.800.000,00 TOTAL R$ 122.850.000,00

Com efeito, em seu Anexo 8, esclareceu o Colaborador:

“Que os pagamentos feitos a CARLOS MIRANDA eram destinados ao ex-governador SERGIO CABRAL; Que as entregas feitas a CARLOS MIRANDA se davam da seguinte forma: CARLOS MIRANDA entrava em contato com JOSÉ CARLOS LAVOURAS, indicando o endereço da entrega; Que, então, LAVOURAS indicava ao Colaborador o local onde deveria ser entregue o recurso; Que os pagamentos para SERGIO CABRAL via CARLOS MIRANDA se

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iniciaram no período em que SERGIO CABRAL encontrava-se da ALERJ; Que já efetuou pagamentos para SERGIO DE CASTRO OLIVEIRA ('SERJÃO'), mas de forma mais esporádica; Que os valores e datas de pagamentos constam das contas sob os codinomes CM, ABACATE, VERDE/SMS e SUPER saíram da conta sob o codinome F/SABI; Que a conta F/SABI era uma das contas da FETRANSPOR; Que a planilha SUPER era o dinheiro para JUCA BALA; Que os pagamentos para a conta CM saíram da conta F/SABI; Que a conta sob o codinome VERDE/SMS, é uma conta em que CARLOS MIRANDA recebia créditos da F/SABI, a mando de JOSÉ CARLOS LAVOURAS; Que a maioria das transações de CARLOS MIRANDA iam para JUCA BALA; Que CARLOS MIRANDA não possuía transações na Hoya; Que CARLOS MIRANDA ligava no telefone fixo da Hoya, filial da Barra da Tijuca 3385-9600, para falar com o Colaborador; Que o Colaborador também se comunicava pelo aplicativo 'Wickr' com CARLOS MIRANDA; Que CARLOS MIRANDA também ia pessoalmente à Hoya da Barra da Tijuca.”

(destaques nossos) Em suas declarações prestadas para a Procuradoria-Geral da República, ÁLVARO NOVIS ratificou os termos do seu Anexo 8 e acrescentou:

“...Que a Fetranspor realizava pagamentos por meio da conta Fsabi para SERGIO CABRAL/CARLOS MIRANDA; Que a conta Super também já foi utilizada; Que ambas as contas estavam custodiadas nas transportadoras de valores PROSEGUR e TRANSEXPERT; Que ENI e REGINA são secretárias de JOSÉ CARLOS LAVOURA; Que não se recorda qual foi a data exata que começou a realizar pagamentos a SERGIO CABRAL; Que no aplicativo WICKR o colaborador usava o apelido 'vinho', tendo mudado posteriormente para 'alface'; Que não se recorda do apelido utilizado por CARLOS MIRANDA; Que LAVOURA possuía o apelido de 'kluh' no citado aplicativo; Que nunca tratou de acertos financeiros com SERGIO CABRAL”.

As declarações do Colaborador estão em perfeita harmonia com diversos elementos de investigação apurados desde a fase mais ostensiva da Operação Calicute, porquanto além dos pagamentos feitos pela FETRANSPOR por intermédio de ÁLVARO NOVIS a CARLOS MIRANDA, braço direito de SÉRGIO CABRAL, indicam o uso da empresa de transporte de valores TRANS EXPERT como ferramenta para lavagem e ocultação do dinheiro da propina, empresa que já é objeto de investigação desde o início,

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e onde foram apreendidos em busca e apreensão documentos relacionados a membros da Orcrim (ADRIANA ANCELMO, HUDSON BRAGA e PAULO FERNANDO MAGALHÃES).

Os fatos trazidos também auxiliam na montagem do quebra-cabeças revelado na complexa e extensa Orcrim capitaneada pelo ex-governador do Rio de Janeiro, apontado outros recebedores de dinheiro oculto, tais como HUDSON BRAGA e o doleiro revelado na Operação Eficiência, VINÍCIUS CLARET (JUCA BALA), que, segundo NOVIS, era o destinatário de grande parte da propina de CABRAL, o que coaduna com os fatos já objeto de denúncia após a operação Eficiência, que apontam para a ocultação de mais de USD 100 milhões em paraísos fiscais.

As planilhas fornecidas por ÁLVARO NOVIS estão acostadas na Petição 11.962-DF do STJ, sendo os valores todos creditados a partir da conta F/SABI, que

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o colaborador mantinha como receita paralela da FETRANSPOR arrecadada para entrega das propinas distribuídas por essa Federação, podendo-se resumir os codinomes de contas creditadas em favor de CARLOS MIRANDA (SÉRGIO CABRAL), datas e valores da forma seguinte:

PROPINA A CARLOS MIRANDA / SÉRGIO CABRAL

Conta Período Valores Fls da Pet 11.962/STJ

VERDE/SMS 03/2013 a 02/2014 R$ 16.460.000,00 690/691 ABACATE 01/2014 a 05/2015 R$ 31.590.000,00 691/692 SUPER 11/09 a 30/09/2014 R$ 4.000.000,00 692/693 CM 08/2015 a 01/2016 R$ 6.000.000,00 693 CM 07/2010 a 01/2013 R$ 64.800.000,00 693/695 TOTAL: R$ 122.850.000,00

Às planilhas em arquivos digitais da propina entregues por ÁLVARO NOVIS em seu acordo de Colaboração, contemporâneas à época dos registros contábeis, somam-se como prova de corroboração as impressas ante a destruição dos respectivos arquivos digitais (por força da Operação Xepa) e entregues à PGR pelo Colaborador, que as possuía guardadas (volume 1 da Petição 11.962 - STJ).

Segundo suas explicações, ratificadas por EDIMAR MOREIRA DANTAS, seu funcionário a quem competia fazer os registros de receitas e pagamentos, a primeira coluna refere-se à data em que os recursos da propina foram debitados ou creditados; a segunda coluna referia-se ao valor entregue; a terceira coluna referia-se ao valor que foi creditado pela FETRANSPOR; a quarta coluna referia-se ao saldo que a Federação tinha com o Colaborador; a quinta coluna ('D/C') ao status do saldo – se positivo ('CR') ou negativo ('DB'); e, a sexta coluna ('Histórico') servia para que os operadores colocassem alguma observação a respeito da transação.

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Vejam-se exemplos da contabilidade da propina paga pela FETRANSPOR a SÉRGIO CABRAL, lembrando que CARLOS MIRANDA possuía os codinomes CM, referente a conta oficial, e VERDE/SMS, SUPER e ABACATE, estes utilizados para “pagamentos excepcionais”.

Na conta de codinome VERDE/SMS (fls. 158 da Pet 11.962) constatam-se aportes duas vezes por mês em média, da ordem de R$ 1.000.000,00 e R$ 420.000,00, bem como saques mensais em torno de R$ 700.000,00 a R$ 720.000,00. Como se vê dos extratos abaixo, no dia 29/11/2013 foi creditado o valor de R$ 1.000.000,00 destinados a CM, os quais provieram de saque no mesmo valor e no mesmo dia da conta F/SABI, da FETRANSPOR. Nessa mesma conta VERDE/SMS foram sacados em 18/12/2013 R$ 700.000,00, em favor de CM:

Não por coincidência – e tal circunstância é um importante dado independente de corroboração – a quebra judicial dos registros de ligações telefônicas demonstrou que, entre os dias 05 e 24/12/2013, ou seja, nos dias que antecederam e

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sucederam o pagamento da propina de R$ 700.000,00, CARLOS MIRANDA manteve contato telefônico com número cadastrado em nome da FETRANSPOR por 11 vezes:

TERMINAL_1_ORIGINADOR LEMBRETE_TERMINAL_1 TERMINAL_2_RECEBEDOR LEMBRETE_TERMINAL_2 DATA_INICIO

CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA FETRANSPOR 05/12/2013 11:00:53

CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA FETRANSPOR 05/12/2013 11:01:03

FETRANSPOR CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA 06/12/2013 12:24:05

FETRANSPOR CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA 06/12/2013 12:25:01 CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA FETRANSPOR 06/12/2013 12:27:26

CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA FETRANSPOR 06/12/2013 12:42:40

FETRANSPOR CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA 10/12/2013 12:08:04 CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA FETRANSPOR 12/12/2013 16:24:33

FETRANSPOR CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA 16/12/2013 17:55:34

FETRANSPOR CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA 24/12/2013 12:36:32

FETRANSPOR CARLOS EMANUEL DE CARVALHO

MIRANDA 24/12/2013 12:36:33

Por sua vez, a conta de codinome ABACATE (fls. 160 da Pet 11.962) foi aberta com um aporte inicial de R$ 6.500.000,00 em 29/01/2014, ao qual correspondeu o saque no mesmo valor na conta F/SABI, cujo extrato revela inclusive que esse valor era creditado pela FETRANSPOR em favor da Orcrim de SÉRGIO CABRAL mensalmente:

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Cumpre registrar que os fatos trazidos pelo Colaborador foram confirmados por EDIMAR MOREIRA DANTAS, a quem cabia o controle de planilhas e pagamentos em relação às contas espúrias da FETRANSPOR:

“... QUE com relação a CARLOS MIRANDA sabe informar que ele não era cliente da HOYA; Que entrava em contato com ALVARO NOVIS, e que indicava o endereço da entrega era CARLOS MIRANDA, JOSÉ CARLOS LAVOURAS somente autorizava o crédito para CARLOS MIRANDA; QUE as entregas eram feitas pela transportadora; QUE os valores e datas de pagamentos constam nas planilhas das contas de CARLOS MIRANDA, sob os codinomes CM, ABACATE, VERDE/SMS e SUPER; QUE os créditos destas contas eram debitados da conta sob o codinome F/SABI; Que a conta F/SABI era uma das contas da FETRANSPOR; QUE os créditos da conta SUPER possuía a senha MARGARIDA: MARGARIDA 1, MARGARIDA2, MARGARIDA 3, MARGARIDA 4, MARGARIDA 5, MARGARIDA 6, MARGARIDA 7 e MARGARIDA 8; Que também houve pagamentos a CARLOS MIRANDA, referente a valores da FETRANSPOR, nos anos de 2010 a 2016, que os valores constam das planilhas de controle de pagamentos entregues no pen drive; Que também houve pagamentos a CARLOS MIRANDA, referente a valores da FETRANSPOR, nos anos de 2010 a 2016 realizados por ordem de JOSÉ CARLOS LAVOURAS; Que CARLOS MIRANDA ligava no telefone fixo da Hoya da Barra da Tijuca, 3385-9600, para falar com ALVARO NOVIS; Que o ALVARO NOVIS também se comunicava com CARLOS MIRANDA pelo aplicativo “Wickr”; Que CARLOS MIRANDA também ia pessoalmente à Hoya da Barra da Tijuca; QUE CARLOS MIRANDA indicava o local onde os valores deveriam ser entregues pela transportadora, normalmente lá mesmo na transportadora, e o responsável por receber os valores era o doleiro JUCA BALA...”

(destaques nossos)

Também a testemunha RICARDO CAMPOS SANTOS, funcionário da HOYA que fazia as entregas de valores a mando de ÁLVARO NOVIS ou EDIMAR MOREIRA DANTAS, confirmou em depoimento ao Ministério Público Federal essa dinâmica de recolhimentos de valores da FETRANSPOR pela TRANS EXPERT e

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distribuição regular e que se protraiu no tempo a diversas pessoas indicadas pelos primeiros, inclusive a CARLOS MIRANDA e CARLOS BEZERRA, operadores financeiros de SÉRGIO CABRAL:

“... Que trabalha na HOYA desde 1991, teve apenas um ano de afastamento entre 2001 e 2002; Que exerce a função de liquidante de câmbio turismo; Que fazia entrega de dinheiro em espécie a algumas pessoas a mando de EDIMAR ou de ALVARO NOVIS; Que a transportadora TRANSEXPERT entregava dinheiro na sede da HOYA e depois o declarante entregava parte para algumas pessoas indicadas por NOVIS ou EDIMAR; Que Márcio comentava que o dinheiro entregue era da FETRANSPOR; … Que entregou valores pessoalmente a CARLOS MIRANDA em uma sala na Avenida Rio Branco, nº 123, em sala que não se recorda o número; Que nesse prédio era necessária a identificação para o acesso; … Que já entregou dinheiro para pessoa de nome “Dr. Fabricio”, na Rua México, nº 164, sala 57; Que já entregou dinheiro a CARLOS BEZERRA, nesse mesmo endereço, na presença de Dr. Fabrício...”

4 – DOS PAGAMENTOS AO EX-PRESIDENTE DO DETRO/RJ ROGÉRIO ONOFRE DE OLIVEIRA

Conforme narrado pelo colaborador ALVARO NOVIS, em seu anexo 9 (fls. 706/715 da PET nº 11.962/DF), os recursos oriundos do “caixa” da FETRANSPOR também custearam pagamentos de propina para o então Presidente do DETRO/RJ, ROGÉRIO ONOFRE DE OLIVEIRA, em montante que atingiu a impressionante quantia de R$ 44.100.000,00, no período de 2010 a 2016.

Os recursos pagos a ROGÉRIO ONOFRE eram contabilizados em contas de nomes “LAGOA” e “MAMALUCO”. Os colaboradores também utilizavam o codinome “MALUCO” para se referir a ROGÉRIO ONOFRE. Conforme narrado pelo colaborador EDIMAR DANTAS (fls. 779/780, da PET nº 11.962/DF), as quantias eram entregues a pessoa de nome CLÁUDIO FREITAS, no escritório da corretora de valores PLANNER, por vezes através da transportadora TRANS-EXPERT ou pelos office boys da

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HOYA, de nomes RICARDO CAMPOS SANTOS, CARLOS ALBERTO VITAL DA SILVA e ROBSON TEIXEIRA DE CASTRO.

Ouvido nesta Procuradoria da República, o office boy da HOYA, RICARDO CAMPOS SANTOS, funcionário dos colaboradores ALVARO NOVIS e EDIMAR DANTAS, confirmou que realizou diversas entregas de dinheiro em espécie a pessoa de nome CLÁUDIO FREITAS, nos mesmos endereços indicados pelos colaboradores (doc. junto):

“... Que já entregou dinheiro para Cláudio Freitas em sala da Planner, na Avenida Rio Branco nº 123; Que nesse prédio havia necessidade de cadastro do visitante; Que acredita que Claudio Freitas era ex-funcionário da Planner, pois usava uma sala para receber dinheiro do declarante; Que antes entregava dinheiro em mãos para Claudio Freitas em sala na Rua Rodrigo Silva, nº 26, 19º andar, onde era exigida identificação; Que Claudio Freitas aguardava no corredor e entrava com o declarante numa sala de reunião...”

Outro office boy da HOYA, CARLOS ALBERTO VITAL DA SILVA, confirmou que também entregava dinheiro a CLÁUDIO FREITAS (doc. junto):

(…) QUE o depoente já ter feito entregas de dinheiro em espécie para pessoa de nome CLÁUDIO FREITAS na Av. Rio Branco nº 123, 9º Andar; que o depoente também já entregou dinheiro em espécie para CLÁUDIO FREITAS na Rua Rodrigo Silva nº 26 e no Assembleia, nº 10, em uma sala; que essa sala não era na FETRANSPOR; que na Rodrigo Silva entregava na CORRETORA PLANNER; que depois a PLANNER se mudou para a Rio Branco nº 123; (…)

Em pesquisas nas fontes abertas e nos bancos de dados disponíveis nesta Procuradoria da República, a pessoa de nome Cláudio Freitas, indicada pelos office boys da HOYA, RICARDO CAMPOS SANTOS e CARLOS ALBERTO VITAL DA SILVA, foi identificada como CLÁUDIO SÁ GARCIA DE FREITAS (CPF

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), o qual foi reconhecido por ambos na foto apresentada, conforme termo em anexo:

Ainda, como apontado no Relatório nº 3079/2017, da Assessoria de Pesquisa e Análise desta Procuradoria, CLÁUDIO SÁ GARCIA DE FREITAS possui endereço registrado no Ministério da Fazenda justamente na Avenida Rio Branco nº 123, 9º andar, local onde funciona a corretora de valores Planner, no qual os office boys confirmaram ter realizado diversas entregas de dinheiro em espécie, pessoalmente, sempre a ele. Na mesma linha, foi encontrado nos cadastros do investigado o endereço Rua Rodrigo Silva, 26, 19º Andar, Centro, também apontado pelos entregadores como local onde ele recebia dinheiro em espécie.

Em pesquisas nos e-mails de CARLOS MIRANDA, conhecido integrante da organização criminosa e braço direito de SÉRGIO CABRAL, foi localizada mensagem em que CLÁUDIO FREITAS foi um dos interlocutores, por meio do endereço de e-mail alcsgf :

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Além disso, em oitiva complementar realizada nesta Procuradoria da República, o colaborador EDIMAR DANTAS confirmou a sistemática de entrega de valores para ROGÉRIO ONOFRE, bem como as contas que contabilizavam esses pagamentos:

“... Que nunca conheceu ROGÉRIO ONOFRE, mas pode dizer que soube que a conta LAGOA, posteriormente denominada MALUCO ou MAMALUCO era de ROGÉRIO ONOFRE; que soube por ÁLVARO que um dia, muito tempo depois, contou para o depoente que MALUCO era ROGÉRIO ONOFRE; que nos últimos tempos, ROGÉRIO ONOFRE recebia apenas por pessoa de nome CLÁUDIO FREITAS; que nunca tratou pessoalmente com CLÁUDIO FREITAS, apenas falando com ele umas poucas vezes pelo telefone; que sabe dizer que CLÁUDIO FREITAS tinha escritório na empresa PLANNER na Rodrigo Silva inicialmente, depois na Rio Branco 123 e, finalmente na Assembleia 10, este último apenas uma sala usada por CLÁUDIO...”

(destaques nossos) As entregas eram ajustadas por telefone: CLAÚDIO FREITAS fazia ligações do telefone fixo da PLANNER (2505-2100) ou de seu celular (21 )

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para o telefone fixo da HOYA (3503-1950), como narrado às fls. 779/780, da PET nº 11.962/DF.

No período de 2010 a janeiro de 2013, os valores pagos a ROGÉRIO ONOFRE foram registrados inicialmente sob o codinome “LAGOA”, conforme planilha a seguir colacionada, cujo arquivo consta em pendrive entregue pelo colaborador ALVARO NOVIS:

ROGÉRIO ONOFRE - CODINOME LAGOA : 2010 - 2011 - 2012 - 2013

CONTA ORIGEM PLANILHA DESTINATÁRIO DATA VALOR DESCRIÇÃO

FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 20/07/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 25/07/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 13/08/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/08/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 20/08/2010 R$ 400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 13/09/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/09/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 20/09/2010 R$ 400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 13/10/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/10/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 20/10/2010 R$ 400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 13/11/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/11/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 20/11/2010 R$ 400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 07/12/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 09/12/2010 R$ 300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 14/12/2010 R$ 400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 16/12/2010 R$ 400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 21/12/2010 R$ 400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 28/12/2010 R$ 400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 13/01/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 20/01/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 25/01/2011 R$500.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/02/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 23/02/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 25/02/2011 R$500.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 14/03/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 14/03/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 25/03/2011 R$500.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 14/04/2011 R$300.000,00

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FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 14/04/2011 R$300.000,00

FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 29/07/2011 R$300.000,00 OBS: até dez p/ Marcelo FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 03/08/2011 R$300.000,00 OBS: até dez p/ Marcelo ref julho FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 05/08/2011 R$400.000,00 OBS: até dez p/ Marcelo ref julho

FETRANSPOR C ROGÉRIO ONOFRE 11/08/2011 R$300.000,00

OBS: até dez p/ Marcelo ref a agosto

FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 18/08/2011 R$300.000,00

OBS: até dez p/ Marcelo ref a agosto

FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 25/08/2011 R$400.000,00

OBS: até dez p/ Marcelo ref a agosto

FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/09/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 20/09/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 27/09/2011 R$400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 11/10/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 20/10/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 27/10/2011 R$400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 08/11/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/11/2011 R$300.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 22/11/2011 R$400.000,00 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/12/2011 R$300.000,00

Obs: passou a ser 1.500 em dezembro

FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 29/12/2011 R$400.000,00

FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 05/01/2012 R$400.000,00 obs: ref a dezembro FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 12/01/2012 R$400.000,00 obs: ref a dezembro FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 25/01/2012 R$500.000,00 obs: ref a janeiro FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 01/02/2012 R$500.000,00 obs: ref a janeiro FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 08/02/2012 R$500.000,00 obs: ref a janeiro FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/02/2012 R$650.000,00 obs: ref a fevereiro, 01 x 10 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/03/2012 R$650.000,00 obs: ref a março, 02 x 10 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/04/2012 R$650.000,00 obs: ref a abril, 03 x 10 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/05/2012 R$650.000,00 obs: ref a maio, 04 x 10 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/06/2012 R$650.000,00 obs: ref a maio, 05 x 10 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/07/2012 R$650.000,00 obs: ref a junho, 06 x 10 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/08/2012 R$650.000,00 obs: ref a junho, 07 x 10 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/09/2012 R$650.000,00 Obs: ref a junho , 08 x 10 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/10/2012 R$650.000,00

Obs: ref a junho , 08 x 10 - JC disse a última é 15/11 FETRANSPOR PEN DRIVE ROGÉRIO ONOFRE 15/11/2012 R$650.000,00 Obs: última

2013

TOTAL R$ 25.200.000,00

JFRJ Fls 21

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A partir de março de 2013 até 2014, os pagamentos realizados foram registrados sob o codinome “MAMALUCO”, conforme planilha colacionada a seguir, cujo arquivo consta em pendrive entregue pelo colaborador ALVARO NOVIS:

ROGÉRIO ONOFRE - PRESIDENTE DO DETRO : MAMALUCO

CONTA ORIGEM ORDEM CONTA DESTINATÁRIA DATA VALOR DESCRIÇÃO

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 07/03/2013 R$500.00,00 dez/13

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 14/03/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 22/03/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 28/03/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 10/04/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 18/04/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 25/04/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 21/05/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 28/05/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 21/06/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 01/07/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 19/07/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 24/07/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 26/08/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 29/08/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 17/09/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 27/09/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 15/10/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 25/10/2013 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 19/12/2013 R$500.00,00 ref 23/12

JFRJ Fls 22

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FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 02/01/2014 R$500.00,00 Ref 30/12

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 02/01/2014 R$500.00,00 Ref 27/12/2013

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 08/01/2014 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 08/01/2014 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 17/01/2014 R$500.00,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 27/02/2014 R$ 1.000.000,00 Ref 28/02/2014 FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 28/04/2014 R$ 1.000.000,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 18/03/2014 R$ 100.000,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 02/07/2014 R$500.00,00 Ref 30/05/2014

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 02/07/2014 R$ 400.00,00 Ref 30/04/2014

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 29/07/2014 R$ 500.000,00 Ref 30/06/2014

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 12/08/2014 R$ 500.000,00 Ref 30/07/2014

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 01/09/2014 R$ 500.000,00

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 01/10/2014 R$ 500.000,00 Ref 30/09/2014

FETRANSPOR / SABI J.C. LAVOURAS

ROGERIO ONOFRE:

MAMALUCO 26/11/2014 R$ 500.000,00

Total R$ 18.000.000,00

Conforme detalhado em capítulo adiante, a partir de 2015 os pagamentos a ROGÉRIO ONOFRE passaram a ser realizados diretamente por MARCELO TRAÇA GONÇALVES, e eram contabilizados nas suas contas de codinomes RIOMAR e RIOMAR II, com posterior abatimento das contribuições semanais que suas empresas RIO ITA e FAGUNDES deveriam recolher para o “caixa” da FETRANSPOR.

As datas e valores dos pagamentos feitos no período de outubro de 2015 a fevereiro de 2016 estão detalhados na planilha colacionada a seguir, cujo arquivo consta em pendrive entregue pelo colaborador ALVARO NOVIS:

JFRJ Fls 23

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MARCELO - RIO ITA - RIOMAR E RIOMAR II

CONTA ORIGEM

ACERTO POR

DIFERENÇA DESTINATÁRIO DATA VALOR DESCRIÇÃO

RIOMAR MARCELO

MAMALUCO - ROGÉRIO

ONOFRE 08/10/2015 R$ 150.000,00

RIOMAR II MARCELO

MAMALUCO - ROGÉRIO

ONOFRE 09/12/2015 R$ 150.000,00 ref Nov

RIOMAR II MARCELO

MAMALUCO - ROGÉRIO

ONOFRE 09/12/2015 R$ 150.000,00 Ref Out

RIOMAR II MARCELO

MAMALUCO - ROGÉRIO

ONOFRE 04/01/2016 R$ 150.000,00 Ref 30/12

RIOMAR II MARCELO

MAMALUCO - ROGÉRIO

ONOFRE 29/01/2016 R$ 150.000,00 Ref jan

RIOMAR II MARCELO

MAMALUCO - ROGÉRIO

ONOFRE 29/02/2016 R$ 150.000,00

Total R$ 900.000,00

Sobre esses pagamentos realizados diretamente por MARCELO TRAÇA GONÇALVES a ROGÉRIO ONOFRE, o colaborador EDIMAR DANTAS esclareceu, em oitiva complementar realizada nesta Procuradoria da República, como era feito o registro contábil e a compensação com o “caixa” da FETRANSPOR:

“... QUE em determinado momento MARCELO passou a efetuar os pagamentos devidos pela FETRANSPOR para ROGÉRIO ONOFRE; QUE esses pagamentos eram feitos de forma independente por MARCELO TRAÇA que apenas recolhia à F/NETUNO a diferença; QUE o dinheiro em espécie era pago diretamente por MARCELO a ROGÉRIO; que contabilmente o depoente registrava o somatório dos valores pagos por MARCELO a ROGÉRIO e à FETRANSPOR (F/NETUNO) como crédito de MARCELO para a F/NETUNO e da F/SABI para a MAMALUCO...”

A corroborar as informações acima, o relatório de pesquisa nº 3056/2017, da Assessoria de Pesquisa e Análise desta Procuradoria (anexo), confirmou que ROGÉRIO ONOFRE exerceu o cargo de presidente do DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (DETRO/RJ), de 01/01/2007 a 03/04/2014. Além disso, o relatório aponta que foi identificado, na agenda telefônica de HUDSON BRAGA, ex-Secretário de Obras do Governo de SÉRGIO

JFRJ Fls 24

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CABRAL, atualmente preso em decorrência da Operação Calicute, o contato de ROGÉRIO ONOFRE, com a indicação do número de celular (21)

5 – FETRANSPOR, RIOPAR, RIO ÔNIBUS E O CAIXA 2 DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE PARA PAGAMENTO DE PROPINA

A FEDERAÇÃO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES DE PASSAGEIROS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – FETRANSPOR (CNPJ 33747288000111) é entidade que congrega 10 sindicatos de empresas de ônibus responsáveis por transporte urbano, interurbano e de turismo e fretamento. Esses sindicatos, por sua vez, reúnem mais de 200 empresas de transporte por ônibus, que respondem por 81% do transporte público regular no Estado do Rio de Janeiro1.

Como sabido, a referida federação sindical representa os interesses das empresas de transporte de passageiros do Estado, sendo a entidade de interlocução com a sociedade civil e esferas governamentais a respeito dos serviços púbicos prestados nesse setor da economia.

Os responsáveis pela gestão da FETRANSPOR, bem como por cada um dos sindicatos filiados, estão relacionados no quadro a seguir, disponível no próprio site da Federação2, em destaque os nomes de alguns dos requeridos na presente medida cautelar, cuja atuação será detalhada a seguir:

1 Fonte: https://www.fetranspor.com.br/a-fetranspor-sobre-a-fetranspor

2 Informação disponível em http://www.fetranspordocs.com.br/downloads/RAF2015.pdf.

JFRJ Fls 25

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JFRJ Fls 26

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Ainda de acordo com informações do site da própria Federação3, desde 1988 JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS exerce a presidência do Conselho de Administração da entidade. A partir de 2006, com a alteração na estrutura da FETRANSPOR, LÉLIS MARCOS TEIXEIRA assumiu o cargo de presidente-executivo:

JACOB BARATA FILHO, por sua vez, é membro suplente do conselho de administração da FETRANSPOR e delegado da entidade na Confederação Nacional de Transportes, exercendo, ainda, o cargo de vice-presidente de Transporte Rodoviário de Passageiro daquela confederação4.

Além disso, MARCELO TRAÇA GONÇALVES exerce a função de vice-presidente do conselho de administração da FETRANSPOR, colegiado que, como visto acima, é presidido por JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS.

Com relação aos sindicatos patronais filiados à FETRANSPOR, LÉLIS MARCOS TEIXEIRA é, desde 1999, o Presidente Executivo do Sindicato das 3 https://www.fetranspor.com.br/especiais/os-condutores

4 Fonte: http://www.cnt.org.br/Paginas/estrutura-cnt

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Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro – RIO ÔNIBUS5, mesma entidade na qual o empresário JOÃO AUGUSTO MORAIS MONTEIRO exerce a função de Presidente do Conselho Superior.

Já o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro – SETRERJ é presidido por MARCELO TRAÇA GONÇALVES, que também é administrador da CONCESSIONÁRIA DO VLT CARIOCA S/A e suplente de LÉLIS MARCOS TEIXEIRA no Conselho Diretor da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos – NTU, conforme informações consolidadas no Relatório de Pesquisa nº 3044/2017, da Assessoria de Pesquisa e Análise do MPF (em anexo):

Além dessas entidades sindicais patronais, os requeridos exercem o controle da sociedade empresária RIOPAR PARTICIPAÇÕES SA (CNPJ 16727386000178), a qual foi constituída em agosto de 2012 e opera a bilhetagem eletrônica de todos os transportes públicos no Estado do Rio de Janeiro (Bilhete Único e Rio Card)6.

5 http://www.rioonibus.com/rio-onibus/historia/ 6 http://www.riopar.com.br/

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Como demonstra a ATA anexa aos autos e a publicação no Diário Oficial do Estado, em 21/10/2014, quando em franca atividade os recolhimentos de propina por ÁLVARO NOVIS e CARLOS BEZERRA no âmbito da Orcrim capitaneada por SÉRGIO CABRAL, foram eleitos para o biênio seguinte para a presidência e para o Conselho de Administração da RIOPAR, respectivamente, JACOB BARATA FILHO, JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS, LÉLIS MARCOS TEIXEIRA e MARCELO TRAÇA GONÇALVES:

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A referida ata ainda demonstra que os principais acionistas da RIOPAR PARTICIPAÇÕES S/A são justamente a FETRANSPOR e a OPUS CONSULTORIA ADMINISTRAÇÕES E PARTICIPAÇÕES LTDA, empresa administrada por LÉLIS MARCOS TEIXEIRA, sócio majoritário com 80% do capital social, sendo o quadro societário integrado por seus filhos e esposa, conforme informações da Receita Federal:

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Consta ainda, em ata de Reunião do Conselho de Administração da RIOPAR PARTICIPAÇÕES S/A, realizada em 27/08/2015, publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro em 26/10/2015 e arquivada na JUCERJA em 01/10/2015, a confirmação de que LÉLIS MARCOS TEIXEIRA, JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS e MARCELO TRAÇA GONÇALVES atuam como Conselheiros da Companhia, sob a presidência de JACOB BARATA FILHO, como trechos colacionados a seguir:

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Além das funções de Diretor e membro do Conselho de Administração da RIOPAR PARTICIPAÇÕES S/A (CNPJ 16727386/0001-78), LÉLIS MARCOS TEIXEIRA integra a diretoria da RIOCARD ADMINISTRADORA DE CARTÕES E BENEFÍCIOS S/A (CNPJ 14.081.184/0001-76), da CONCESSIONÁRIA DO VLT CARIOCA S/A (CNPJ 18.201.378/0001-19), em companhia de JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS e JACOB BARATA FILHO, bem como da RIOTER – TERMINAIS RODOVIÁRIOS DE PASSAGEIROS LTDA (14.102.782/0001-84), sociedades subsidiárias da primeira.

Essa digressão acerca das diversas funções de comando exercidas pelos requeridos nas entidades representativas das empresas de transporte, bem como na administração de sociedades empresárias diretamente atuantes no sistema de bilhetagem eletrônica de todos os transportes públicos do Estado do Rio de Janeiro, permite contextualizar a forte ingerência de cada um deles na gestão do caixa 2 da FETRANSPOR, tanto em relação às contribuições quanto a respeito da sua distribuição para agentes públicos, como detalhado nos tópicos anteriores.

A partir das revelações trazidas pelos colaboradores ÁLVARO NOVIS e EDIMAR DANTAS foi possível concluir que JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS, LÉLIS MARCOS TEIXEIRA, JACOB BARATA FILHO e MARCELO TRAÇA GONÇALVES contrataram os serviços dos colaboradores para fazer operar um gigantesco esquema de contabilidade e movimentação de recursos de forma paralela, à margem dos órgãos de controle, por meio do recolhimento semanal de valores em espécie nas garagens das empresas de ônibus.

Esses valores eram custodiados informalmente nas sedes das transportadoras de valores e posteriormente distribuídos a diversos agentes públicos, de acordo com os interesses das empresas filiadas. As planilhas apresentadas pelos colaboradores demonstram, inclusive, que o capital custodiado recebia uma espécie de

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remuneração ao longo do tempo, circunstância que denota a sofisticação e estabilidade do esquema, cuja operação se assemelha a uma “instituição financeira” clandestina.

5.1 – DOS VALORES MOVIMENTADOS POR JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS: Conforme Pesquisa da Assessoria de Pesquisa e Análise desta Procuradoria (ASSPA), a “COMPANHIA FLORES” trata-se da EMPRESA DE TRANSPORTES FLORES LTDA, CNPJ 31.934.318/0001-73, com sede declarada na AVENIDA AUTOMÓVEL CLUBE 990, CENTRO – SÃO JOÃO DE MERITI, Telefone: (021) 27559200, tendo como um de seus sócios administradores JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS, CPF: , que declara como endereço o mesmo da referida empresa:

Ainda consoante as pesquisas da ASSPA, JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS é sócio de mais treze empresas ligadas ao ramo de transporte:

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Pois bem, em seu Anexo 1.1, ratificado em suas declarações prestadas à PGR, o Colaborador ÁLVARO NOVIS revela que JOSÉ CARLOS LAVOURAS indicava todos os pagamentos de propina a políticos pela FETRANSPOR, inclusive pelo telefone fixo da Federação (3221-6300) e o fixo da HOYA (3503-1950), com a ajuda de sua secretária na Federação, REGINA (após identificada como REGINA DE FÁTIMA PINTO ANTONIO). Além disso, também tinha uma conta pessoal administrada pelo referido doleiro, que nas Planilhas da contabilidade paralela recebia o nome de PJCAL, que recebia aportes da conta caixa 2 da FETRANSPOR já referida, de codinome F/SABI.

Esclareceu ainda que a secretária de LAVOURAS na VIAÇÃO FLORES, ENI DA SILVA GULINELI (tel da empresa: 2755-9200 – e-mail:

eni2001 , também tratava de pagamentos pelo caixa da propina com EDIMAR MOREIRA DANTAS, funcionário do Colaborador, pelo telefone da HOYA (3503-1950), para ajuste das contas das planilhas e batimento de débito e crédito.

Além da conta paralela PJCAL, JOSÉ CARLOS LAVOURAS movimentava valores recebidos da FETRANSPOR da conta sob o codinome JC, além de

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outra de codinome ENI/REGINA, suas secretárias, totalizando R$ 40.741.685,00 entre os anos de 2010 e 2015:

Então, por exemplo, à planilha a seguir, onde consta um aporte de R$ 3.350.000,00 em 30/10/2015, corresponde o débito na conta F/SABI na mesma data (fls. 49, Pet 11.962 - STJ):

Além dessas contas, JOSÉ CARLOS REIS LAVOURAS tinha outra paralela, da VIAÇÃO FLORES, sob o codinome F/VERA, utilizada para o caixa dois dessa empresa, conforme as planilhas entregues pelo Colaborador ÁLVARO NOVIS, que constam às fls. 112/124 da Petição 11.962/STJ). O exemplo a seguir demonstra o aporte de

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R$ 3.450.000,00 em 02/12/2014, ao qual corresponde o respectivo débito no mesmo dia na conta paralela da FETRANSPOR administrada pelo referido doleiro:

Em suas declarações prestadas perante a PGR, ÁLVARO NOVIS confirmou os termos de seu Anexo:

“... Que a partir de 1990/1991 a FETRANSPOR, a mando de JOSÉ CARLOS LAVOURA, passou a utilizar os serviços do Colaborador para efetuar custódia e pagamento de vantagens indevidas a políticos; que o Colaborador sabia que os pagamentos feitos pela FETRANSPOR eram realizados para garantir benefícios relacionados a linhas de ônibus, tarifas, etc; Que a FETRANSPOR é dividida em 6 sindicatos; Que as empresas de ônibus entregavam o dinheiro em espécie em transportadoras de valores; Que a entrega dos valores inicialmente era feita para a TRANSEGUR; Que a TRANSEGUR foi adquirida pela PROSEGUR; Que havia outra transportadora de valores chamada TRANSEXPERT que era utilizada para custódia de valores; Que as empresas de ônibus possuíam 'contas' nas transportadoras de valores para custódia dos recursos arrecadados com passagens; Que o Colaborador abriu 'contas' nas referidas transportadoras também para poder movimentar os valores das empresas de ônibus; Que tais 'contas' eram meramente informais; Que os valores eram transferidos das 'contas' das empresas para a 'conta' do colaborador e a partir daí eram feitos os pagamentos aos beneficiários finais; Que o colaborador possuía contrato formal com ambas as transportadoras; Que as ordens para pagamento a políticos

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eram dadas única e exclusivamente por JOSÉ CARLOS LAVOURA; Que desde 1990/1991 até 2016 as ordens sempre foram emitidas por LAVOURA; Que os pagamentos pararam de ser realizados em razão da operação Xepa da Força Tarefa da Lava Jato; Que as ordens eram transmitidas por meio de bilhetes; Que os bilhetes eram entregues por REGINA, secretária de LAVOURA, para MARCIO ou EDIMAR, funcionários do Colaborador; Que MARCIO ou EDIMAR também, por vezes, iam ao escritório de LAVOURA para obter informações acerca das ordens de pagamentos; Que o controle de pagamentos e recebimentos era feito pelo colaborador por meio de planilha que ora entrega; Que eram utilizados codinomes nas planilhas que eram, geralmente, escolhidos pelos colaboradores; Que destruiu grande parte do material onde eram guardadas as planilhas de pagamentos; Que alguns registros foram guardados; Que LAVOURA era sócio da empresa FLORES; Que LAVOURA era sócio também de outras empresas que não sabe dizer; Que o codinome da empresa FLORES na planilha era F/VERA; Que o dinheiro das empresas era transferido para as 'contas' centralizadoras, cujos codinomes eram F/SABI e F/NETUNO, para posterior pagamento aos políticos; Que a pessoa responsável pelo controle de pagamentos era o Colaborador EDIMAR; Que entrega como prova de corroboração das suas alegações planilhas que foram impressas antes da Operação Xepa e que possuía guardados, bem como arquivos digitais contemporâneos aos fatos (2010 a 2016), que estavam armazenados em pen drive criptografado.”

(destaques nossos) Por sua vez, EDIMAR MOREIRA DANTAS, funcionário da HOYA a quem cabia o controle de planilhas e pagamentos em relação às contas espúrias da FETRANSPOR, confirmou os fatos trazidos pelo Colaborador, acrescentando outros dados importantes:

“... QUE o declarante, além das atividades desenvolvidas na Corretora, também fazia o controle de planilhas e pagamentos em relação às contas que possuía nas transportadoras TRANSEXPERT (Odebrecth / Fetranspor), TRANSNACIONAL (Odebrecht) e PROSSEGUR (Fetranspor); QUE em relação a JOSÉ CARLOS LAVOURAS, o conhece como Presidente da FETRANSPOR, e sócio da empresa Viação Flores; QUE JOSÉ CARLOS é amigo de ALVARO desde a década de 90, e era cliente de ALVARO na empresa; Que no início, o dinheiro era recolhido nas empresas de ônibus filiadas a FETRANSPOR pela TRANSEGUR (hoje Prosegur) e custodiado na sede da TRANSEGUR e

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depois da TRANSEXPERT; QUE as empresas que efetuavam pagamentos a FETRANSPORT eram TINGUA, TRELL, RIO D’OURO, FÁBIOS, VERA CRUZ, EVANIL, ACARI, MAUA E ABC, FAGUNDES, RIO ITA, PENDOTIBA, AMÉRICA, RUBANIL, MADUREIRA CANDELARIA, GLÓRIA, PONTES, FLORES, SANTO ANTÔNIO, REAL, MASTER, SALUNSTRANS, PONTE COBERTA, REDENTOR, FUTURO; Que a participação dessas empresas não era uniforme, que o período exatamente pode ser verificado nas planilhas entregue no pen drive; Que o dinheiro custodiado era utilizado para fazer pagamentos às pessoas, nos valores, dias e nos endereços indicados por JOSÉ CARLOS LAVOURAS; Que os pagamentos eram feitos pela transportadora TRANS EXPERT e PROSEGUR e os offices boys do declarante RICARDO CAMPOS SANTOS e CARLOS ALBERTO VITAL DA SILVA, que ainda trabalham com o declarante, além de ROBSON TEIXEIRA DE CASTRO, que não mais trabalha na HOYA; … Que JOSE CARLOS LAVOURAS era quem dava as ordens para os pagamentos diretamente para o ALVARO NOVIS, depois para o MARCIO JOSÉ FREIRE DO AMARAL, e, com a saída deste (ficou doente), para o declarante, através de bilhete em papel, ou pessoalmente; QUE as ordens de pagamento eram passadas também por um cronograma repassado por JOSE CARLOS mensalmente, em reunião que ocorria na FETRANSPOR; Que JOSÉ CARLOS tinha uma secretaria na VIAÇÃO FLORES, ENI GULINELLI, telefone é 2755-9200, que recebia valores, mas não sabe o destinatário final; QUE EDIMAR se encontrava com ENI para fazer controle de planilhas; Que ENI possuía um relatório retirado do sistema, para ser confrontado com a planilha do depoente; QUE se falavam do fixo da VIAÇÃO FLORES para o fixo da HOYA 3503-1950; Que JOSÉ CARLOS possuía uma secretária na FETRANSPOR, a dona REGINA, que REGINA também recebia valores para JOSÉ CARLOS; Que REGINA costumava entregar os bilhetes para MÁRCIO AMARAL; QUE não havia controle de planilha com REGINA; Que JOSÉ CARLOS também ligava do telefone fixo da FETRANSPOR, 3221-6300, para o telefone fixo da HOYA 3503-1950; Que após receber as ordens de JOSÉ CARLOS, o colaborador passava os valores com datas e endereços para a transportadora TRANSEXPERT de valores, que efetuava os pagamentos; ... Que o controle dos valores se dava por meio de planilhas, de acordo com a entrada e saída de valores da conta beneficiária; Que os lançamentos eram feitos pelo colaborador EDIMAR; Que a primeira coluna refere-se à data em que os recursos foram debitados ou creditados; Que a segunda coluna refere-se ao valor debitado; Que a terceira coluna refere-se ao valor que foi creditado pela FETRANSPOR; Que a quarta coluna refere-se ao saldo que possui com o Colaborador; Que a quinta coluna (“D/C”) diz respeito ao status do

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saldo – se positivo (“CR”) ou negativo (“DB”); Que a sexta coluna (“Histórico”) servia para que os operadores colocassem alguma observação a respeito da transação; Que JOSÉ CARLOS LAVOURAS possuía valores constante na planilha sob o codinome PJCAL;... Que a FETRANSPOR possuía duas contas, uma sob o codinome F/SABI e a outra F/NETUNO (a primeira para débito e a segunda para crédito); Que alguns endereços de entrega constam nas planilhas de controle de entregas de valores do ano de 2010 a 2016, outros não porque foram feitos pelo esquema dos bilhetes antes citado; Que as planilhas apresentadas foram produzidas na época em que os pagamentos eram feitos, para registro contábil desses pagamentos; Que essas planilhas foram produzidas em um sistema idealizado para contabilizar essas operações de débito e crédito; que esse sistema foi destruído após a operação Xepa; que os dados localizados constam de um pen drive que foi preservado, com ordem e “ok” de pagamentos realizados de 2010 a 2016; Que a planilha F/VERA é referente à VIAÇÃO FLORES, empresa de Viação da qual JOSÉ CARLOS é sócio”.

(destaques nossos) Ouvido perante a Procuradoria da República no Rio de Janeiro, EDIMAR MOREIRA DANTAS explicou detalhadamente como era feito o recolhimento semanal das empresas de ônibus que formavam o grupo da FETRANSPOR que abastecia a conta NETUNO com o dinheiro de caixa dois, cujo saldo, após o pagamento de despesas operacionais, era transportado para a conta F/SABI, de onde eram feitas as retiradas para pagamentos de propina a vários agentes públicos:

“... que as transportadoras recolhiam semanalmente nas empresas de ônibus; ... que a planilha era mensal, mas os recolhimentos eram semanais; que o dinheiro em espécie ficava custodiado nas transportadoras sob a gerência de ÁLVARO NOVIS; QUE ÁLVARO tinha um “conta” ou controle F/NETUNO que contabilizava os valores recolhidos nas garagens das empresas; que no final do mês, havendo saldo na conta F/NETUNO, após os pagamentos regulares que saiam dela, os valores eram transferidos para a “conta” F/SABI; que ambas as contas eram geridas por ÁLVARO NOVIS; que NOVIS mantinha os valores contabilizados nessas contas ou controles nas transportadoras...”

Então, por exemplo, no arquivo “EMPRESAS JANEIRO 2016”, feito por EDIMAR para controle da contabilidade paralela administrada por ÁLVARO NOVIS,

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