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Reflexão Semanal do Evangelho Dominical 27º Domingo do Tempo Comum 1º Domingo do Mês Missionário

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Academic year: 2021

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Reflexão Semanal do Evangelho Dominical

27º Domingo do Tempo Comum – 1º Domingo do Mês Missionário

Ano B - Evangelho de Marcos 10,2-16

Instruções:

Antes de iniciar a leitura desta reflexão, leia atentamente o trecho do Evangelho na sua Bíblia. Grife os parágrafos que te chamaram mais atenção. Procure em um dicionário (pode ser na internet) o significado das palavras que não souber o

significado ou forem desconhecidas. Depois leia novamente esse evangelho, antes de ler este texto de reflexão.

Esta reflexão faz parte do livro “O Caminho Aberto por Jesus – MARCOS” de José Antonio Pagola, publicado pela Editora Vozes.

MATRIMÔNIOS DESFEITOS EM DEFESA DA MULHER

O que mais causava sofrimento às mulheres na Galileia dos anos 30 do século I era sua submissão ao varão dentro da família patriarcal. O esposo podia repudiar a mulher a qualquer momento, abandonando-a à sua sorte. Este direito baseava-se, de acordo com a tradição judaica, nada menos que na lei de Deus.

Os mestres discutiam sobre os motivos que podiam justificar a decisão do esposo. De acordo com os seguidores de Shammai, só se podia repudiar a mulher em caso de adultério; de acordo com Hillel, bastava que a mulher fizesse qualquer coisa “desagradável” aos olhos de seu marido. Enquanto os doutos varões discutiam, as mulheres não podiam levantar sua voz para defender seus direitos.

Em algum momento, a formulação do problema chegou até Jesus: “Pode o

homem repudiar sua esposa?” A resposta de Jesus desconsertou a todos. As mulheres nem podiam acreditar. De acordo com Jesus, se o repúdio está na lei, é por causa da “dureza de coração” dos varões e de sua mentalidade machista, mas o projeto original de Deus não foi o de um matrimônio “patriarcal” dominado pelo varão.

Deus criou o varão e a mulher para serem “uma só carne”. Os dois são chamados a compartilhar seu amor, sua intimidade e sua vida inteira, com igual dignidade e em comunhão total. Daí a exclamação de Jesus: “O que Deus uniu o homem não separe” com sua atitude machista.

Deus quer uma vida mais digna, segura e estável para essas esposas

submetidas e maltratadas pelo varão nos lares da Galileia. Ele não pode abençoar uma estrutura que produza superioridade do varão e submissão da mulher. Depois de Jesus, nenhum cristão poderá legitimar com o evangelho nada que promova

discriminação, exclusão ou submissão da mulher.

Na mensagem de Jesus há uma pregação dirigida exclusivamente aos varões, para que renunciem à sua “dureza de coração” e promovam relações mais justas e igualitárias entre varão e mulher. Onde se ouve hoje esta mensagem? Quando a Igreja chama os varões a esta conversão? O que estamos fazendo nós, seguidores de Jesus,

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para rever e mudar comportamentos, hábitos, costumes e leis que são claramente contra a vontade de Deus ao criar o varão e a mulher?

ANTES DE SEPARAR-SE

Hoje se fala cada vez menos de fidelidade. Basta escutar certas conversas para constatar um clima muito diferente: ”Passamos as férias cada um por sua conta”, “Meu esposo tem um caso, custou-me aceita-lo, mas o que podia fazer?”, “é que sozinha com meu marido fico entediada”.

Alguns casais pensam que o amor é algo espontâneo. Se brota e permanece vivo, tudo vai bem. Se esfria e desaparece, a convivência se torna insuportável. Então o melhor é separar-se “de maneira civilizada”.

Nem todos reagem assim. Existem casais que se dão conta de que já não se amam, mas continuam juntos, sem poder explicar exatamente por quê. Só se perguntam até quando poderá durar essa situação.

Existem também os que encontram um amor fora do seu matrimônio e se sentem tão atraídos por essa nova relação que não querem renunciar a ela. Não querem perder nada, nem seu matrimônio nem esse amor extramatrimonial.

As situações são muitas e, frequentemente, muito dolorosas. Mulheres que choram em segredo seu abandono e humilhação. Esposos que se entediam numa relação insuportável. Crianças tristes que sofrem a falta de amor de seus pais.

Estes casais não precisam de uma “receita” para sair dessa situação. Seria demasiado fácil. A primeira coisa que podemos lhes oferecer é respeito, escuta discreta, encorajamento para viver e, talvez, uma palavra lúcida de orientação. No entanto, pode ser oportuno recordar alguns passos fundamentais que sempre é necessário dar.

P primeiro é não renunciar ao diálogo. É preciso esclarecer a relação. Expor com sinceridade o que cada um sente e vive. Procurar entender o que se oculta por trás desse mal-estar crescente. Descobrir o que não funciona. Dar nome a tantas afrontas mútuas que foram se acumulando sem nunca serem elucidadas.

Mas o diálogo não basta. Certas crises não se resolvem sem generosidade e espírito de nobreza. Se cada um se fecha numa postura de egoísmo mesquinho, o conflito se agrava, os ânimos se crispam e o que um dia foi amor pode transformar-se em ódio secreto e mútua agressividade.

É preciso recordar também que o amor se vive na vida ordinária e repetida do cotidiano. Cada dia vivido juntos, cada alegria e cada sofrimento compartilhados, cada problema vivido como casal, dão consistência real ao amor.

A frase de Jesus: “O que Deus uniu o homem não separe” tem suas exigências muito antes de chegar a ruptura, porque os casais vão se separando pouco a pouco, na vida de cada dia.

SEPARADOS, MAS PAIS

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também lutar por um amor já desaparecido. Eu os vi suportar as censuras, a

incompreensão e o distanciamento de pessoas que pareciam seus amigos. Junto a eles vi também seus filhos sofrerem.

Não é totalmente certo que a separação dos pais cause um trauma irreversível nos filhos. O que lhes causa danos e a falta de amor, a agressividade ou o medo que, às vezes, acompanha uma separação quando realizada de forma pouco humana.

Nunca se deveria esquecer que os que se separam são os pais, não os filhos. Estes têm direito a continuar desfrutando seu pai e sua mãe, juntos ou separados, e não há razão para sofrerem sua agressividade nem ser testemunhas de suas disputas e litígios.

Por isso mesmo não devem ser coagidos a tomar partido por um ou por outro. Eles têm direito a que seus pais mantenham diante deles uma postura digna e de mútuo respeito, sem denegrir nunca a imagem do outro; a que não os utilizem como “arma de ataque” em seus enfrentamentos.

Por outro lado, é mesquinho chantagear os filhos om presentes ou condutas permissivas, para conquistar seu carinho. Pelo contrário, quem busca realmente o bem da criança facilita-lhe o encontro e a comunicação com o pai ou a mãe que já não vive com ela.

Além disso, os filhos têm o direito a que seus pais se reúnam para tratar de temas relativos à sua educação e saúde, ou para tomar decisões sobre aspectos importantes para a sua vida. O casal não deve esquecer que, mesmo estando separados, continuam sendo pai e mãe de filhos que precisam deles.

Conheço os esforços que não poucos casais fazem para que seus filhos sofram o menos possível as consequências dolorosas da separação. Nem sempre é fácil, nem para quem fica com a custódia dos filhos (como é extenuante ocupar-se sozinho do cuidado deles) nem para quem precisa doravante viver separado deles (como é duro sentir sua falta). Esses pais precisam, em mais de uma ocasião, de apoio, companhia ou ajuda que nem sempre encontram em seu ambiente, em sua família, entre seus amigos ou na comunidade cristã.

DIANTE DOS DIVORCIADOS

Nós cristão não podemos fechar os olhos diante de um fato profundamente

doloroso. Em geral, os divorciados não se sentem compreendidos pela Igreja nem pelas comunidades cristãs. A maioria só recebe uma dureza disciplinar que não chegam a entender. Abandonados aos seus problemas e sem a ajuda de que precisariam, não encontram na Igreja um lugar para eles.

Não se trata de pôr em discussão a visão cristã do matrimônio, mas de ser fiéis a esse Jesus que, ao mesmo tempo em que defende o matrimônio, se aproxima de todo homem ou mulher oferecendo sua compreensão e sua graça precisamente aos que delas mais precisam. É este o desafio. Como mostrar aos divorciados a misericórdia infinita de Deus para com todo o ser humano? Como estar junto deles de maneira evangélica?

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Antes de mais nada, precisamos recordar que os divorciados que voltaram a casar no civil continuam a fazer sendo membros da Igreja. Não estão excomungados; não foram expulsos da Igreja. Fazem parte da comunidade e devem encontrar nos cristãos a solidariedade e compreensão de que necessitam para viver sua difícil situação de maneira humana e cristã.

Se a Igreja lhes retira o direito de receber a comunhão é porque “seu estado e condição de vida contradizem objetivamente a união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atualizada na eucaristia” (João Paulo II). Mas isto não autoriza ninguém a condená-los como pessoas excluídas da salvação nem adotar uma postura de

rejeição ou marginalização.

Ao contrário, o mesmo João Paulo II exorta os responsáveis da comunidade cristã “a que ajudem os divorciados cuidando, com caridade solícita, que não se

sintam separados da Igreja, pois podem e inclusive devem, enquanto batizados, tomar parte em sua vida” (Familiares Consortio, n.84). Como todos os demais cristãos,

também têm o direito a ouvir a Palavra de Deus, a participar da assembleia

eucarística, a colaborar em diferentes obras e iniciativas da comunidade e receber a ajuda de que necessitam para viver sua fé e para educar seus filhos.

É injusto que uma compreensão estreita da disciplina da Igreja e um rigorismo que pouco tem a ver com o Espírito de Jesus nos levem a marginalizar e abandonar inclusive pessoas que se esforçam sinceramente por salvar seu primeiro matrimônio, que não tem forças para enfrentar seu futuro sozinhas, que vivem fielmente seu matrimônio civil, que não podem refazer de maneira alguma seu matrimônio anterior ou que têm novas obrigações morais adquiridas em sua atual situação.

Seja como for, a vocês divorciados que se sentem crentes (aqueles que creem) só lhes quero recordar uma coisa: Deus é infinitamente maior, mais compreensivo e mais amigo do que puderem ver em nós, os cristãos, ou nos homens de Igreja. Deus é Deus. Quando nós não compreendemos vocês, Ele os compreende. Confiem sempre nele.

DIANTE DOS MATRIMÔNIOS DESFEITOS

É cada vez maior o número de crentes que, de uma maneira ou de outra, se fazem hoje a pergunta: Que atitude adotar diante de tantos homens e mulheres, muitas vezes amigos e familiares nossos, que romperam sua primeira união matrimonial e vivem numa nova situação considerada irregular pela Igreja?

Não se trata de rejeitar nem de discutir a doutrina da Igreja, mas de ver qual deve ser nossa postura verdadeiramente cristã diante destes casais unidos por um vínculo que a Igreja não aceita como sacramento.

São muitos os cristãos que, por um lado, desejam defender lealmente a visão cristã do matrimônio, mas, por outro, intuem que o evangelho lhes pede que adotem diante destes casais uma atitude que não pode reduzir-se a uma condenação.

Antes de mais nada, precisamos entender com mais serenidade a posição da Igreja diante do divórcio e ver com espírito evangélico que a defesa de sua doutrina sobre o matrimônio não deve impedir nunca uma postura de compreensão, acolhida e ajuda.

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Quando a Igreja defende a indissolubilidade do matrimônio e proíbe o divórcio, ela quer fundamentalmente dizer que, embora alguns esposos tenham encontrado numa segunda união um amor estável, fiel e fecundo, este novo amor não pode ser recebido na comunidade cristã como sinal e sacramento do amor indefectível de Cristo aos homens.

Mas isso não significa que devamos necessariamente considerar como negativo tudo o que os divorciados vivem nessa união não sacramental, sem podermos

encontrar nada de positivo ou evangélico em suas vidas. Em muitos deles existe amor autêntico, fidelidade, entrega generosa a seus filhos, preocupação por sua educação.

Nós cristãos não podemos rejeitar nem marginalizar esses casais, muitas vezes vítimas de situações extremamente dolorosas, que estão sofrendo ou sofreram uma das experiências mais amargas que podem acontecer: a destruição de um amor que realmente existiu. Quem somos nós para considera-los indignos de nossa acolhida e de nossa compreensão? Podemos adotar uma postura de rejeição contra aqueles que, depois de uma trajetória difícil e complexa, se encontram hoje numa situação que dificilmente podem sair sem grave dano para outra pessoa e para alguns filhos?

As palavras de Jesus: “O que Deus uniu o homem não separe” nos convidam a defender a exigência de fidelidade que se encerra no matrimônio. Mas estas mesmas palavras não nos convidam também, de alguma maneira, a não introduzir uma

separação e uma marginalização desses irmãos e irmãs que sofrem as consequências de seu fracasso matrimonial?

REFLITA BEM SOBRE AS PALAVRAS DE REFLEXÃO DO AUTOR JOSÉ ANTONIO PAGOLA E FAÇA A SI MESMO AS PERGUNTAS QUE ELE DEIXA ABERTAS NO TEXTO.E DIANTE DESSA REFLEXÃO

PERGUNTE-SE:O QUE DEUS ESPERA DE MIM DIANTE DESSA SITUAÇÃO? O AUTOR

José Antonio Pagola é sacerdote católico, nasceu em 1937 em Anõrga (Guipúzcoa – província do País Basco, localizada no Norte da Espanha). Cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. Foi professor de Cristologia na Faculdade Teológica do Norte da Espanha (Vitória). É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Nos últimos anos se dedica exclusivamente a pesquisar e tornar conhecida a pessoa de Jesus. É autor de vários livros, entre eles “Jesus – aproximação histórica” (2010); “Pai Nosso: orar com o Espírito de Jesus” (2012); e dos comentários aos evangelhos da coleção “O Caminho aberto por Jesus” com quatro livros: “Marcos”, “Mateus”, “Lucas” e “João”. Todos os livros foram publicados pela Editora Vozes.

Referências

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