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PORTUGUÊS / LITERATURA GRUPO I. Leia atentamente o poema abaixo transcrito e responda às questões que se lhe seguem:

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Academic year: 2021

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PROVAS ESPECIALMENTE ADEQUADAS DESTINADAS A AVALIAR A CAPACIDADE PARA A FREQUÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR PARA MAIORES DE 23 ANOS

Centro de Competência de Artes e Humanidades

PROVA DE AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS 14 de Junho de 2016 Duração: 120 minutos

PORTUGUÊS / LITERATURA

GRUPO I

Leia atentamente o poema abaixo transcrito e responda às questões que se lhe seguem:

“De Tarde”

“Naquele pic-nic de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas, Em todo o caso dava uma aguarela. Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão-de-bico Um ramalhete rubro de papoulas. Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampámos, inda o Sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão de ló molhado em malvasia. Mas, todo púrpuro a sair da renda, Dos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda O ramalhete rubro das papoulas.”

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1. Analise a estrutura e conteúdo do poema de Cesário Verde, considerando a sua estrutura narrativa e referindo-se às componentes:

a) espaço; b) tempo; c) acção; d) personagens.

2. Identifique a estrutura da composição poética, referindo-se à rima do poema. 3. Descreva o papel do sujeito lírico no poema.

4. Explique de que modo de cria, no poema, a sugestão da pintura, com recurso à citação dos versos e / ou expressões mais relevantes para essa alusão.

5. Identifique duas figuras de estilo no poema, indicando os versos em que ocorrem.

GRUPO II

Resuma o excerto abaixo transcrito, construindo, para tal, um texto bem estruturado, com discurso lógico e sintético, que foque a ideias principais nele expressas:

“Recolhemos à Biblioteca, a tomar o café no conchego e alegria do lume. Fora, o vento bramava como num ermo serrano: e as vidraças tremiam, alagadas, sob as bátegas da chuva irada. Que dolorosa noite para os dez mil pobres que em Paris erram sem pão e sem lar! Na minha aldeia, entre cerro e vale, talvez assim rugisse a tormenta. Mas aí cada pobre, sob o abrigo da sua telha vã, com a sua panela atestada de couves, se agacha no seu mantéu ao calor da lareira. E para os que não tenham lenha ou couve, lá está o João das Quintas, ou a tia Vicência, ou o abade, que conhecem todos os pobres pelos seus nomes, e com eles contam, como sendo dos seus, quando o carro vai ao mato e a fornada entra no forno. Ah Portugal pequenino, que ainda és doce aos pequeninos!

Suspirei, Jacinto preguiçava. E terminámos por remexer languidamente os jornais que o mordomo trouxera, num monte facundo, sobre uma salva de prata--jornais de Paris, jornais de Londres, Semanários, Magazines, Revistas, Ilustrações... Jacinto desdobrava, arremessava: das Revistas espreitava o sumário, logo farto; às Ilustrações rasgava as folhas com o dedo indiferente, bocejando por cima das gravuras. Depois, mais estirado para o lume:

– É uma seca... Não há que ler.

E de repente, revoltado contra este fastio opressor que o escravizava, saltou da poltrona com um arranque de quem despedaça algemas, e ficou erecto, dardejando em torno um olhar imperativo e duro, como se intimasse aquele seu 202, tão abarrotado de Civilização, a que por um momento sequer fornecesse à sua alma um interesse vivo, à sua vida um fugitivo gosto! Mas o 202 permaneceu insensível: nem uma luz, para o animar, avivou o seu brilho mudo: só as vidraças tremeram sob o embate mais rude de água e vento.

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Então o meu Príncipe, sucumbido, arrastou os passos até ao seu gabinete, começou a percorrer todos os aparelhos completadores e facilitadores da Vida--o seu Telégrafo, o seu Telefone, o seu Fonógrafo, o seu Radiómetro, o seu Grafófono, o seu Microfone, a sua Máquina de Escrever, a sua Máquina de Contar, a sua Imprensa Eléctrica, a outra Magnética, todos os seus utensílios, todos os seus tubos, todos os seus fios... Assim um Suplicante percorre altares donde espera socorro. E toda a sua sumptuosa Mecânica se conservou rígida, reluzindo frigidamente, sem que uma roda girasse, nem uma lâmina vibrasse, para entreter o seu Senhor.”

Eça de Queirós, A Cidade e As Serras, Porto, Lello & Irmãos, 1901, pp. 52-53.

GRUPO III Escolha apenas uma das questões:

1. Explique e desenvolva as afirmações do texto, complementando-as com argumentos e conhecimentos decorrentes da leitura e estudo da lírica camoniana:

“Os conceitos de amor passivo e activo […] pressupõe, como é obvio, a existência de dois tipos de mulher [...]. Há pois, uma oposição profunda entre as duas ideias da lírica; Laura e Vénus. Uma é centrífuga em relação à terra, outra é centrípeta, uma é a negação do sensível, outra é a sua afirmação; uma cabe dentro dos moldes da hierarquia feudal, outra quebra-os; uma é transcendentalista, outra é imanentista. A poesia de Camões acha- se partida pelo meio.”

António José Saraiva, Luís de Camões, Lisboa, Gradiva, 1977, p. 69 e p. 86.

2. Analise e reflita sobre as palavras de Alberto Caeiro, complementando-as com argumentos e conhecimentos decorrentes da leitura e estudo da poesia lírica de Cesário Verde:

Que pena que tenho dele! Ele era um camponês Que andava preso em liberdade pela cidade. Mas o modo como olhava para as casas, E o modo como reparava nas ruas, E a maneira como dava pelas coisas, É o de quem olha para árvores,

E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando E anda a reparar nas flores que há pelos campos…

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Cotações

Grupo I – 75 pontos

• 20 pontos (conteúdo 15 pts. / organização e correcção linguística 5 pts.) • 20 pontos (conteúdo 15 pts. / organização e correcção linguística 5 pts.) • 15 pontos (conteúdo 10 pts. / organização e correcção linguística 5 pts.) • 10 pontos (conteúdo 9 pts. / organização e correcção linguística 1 pt.) • 10 pontos (conteúdo 9 pts. / organização e correcção linguística 1 pt.)

Grupo II Grupo I – 55 pontos

Conteúdo 30 pontos.

Organização e correcção linguística 25 pontos.

Grupo III Grupo I – 70 pontos

Conteúdo 45 pontos.

Organização e correcção linguística 25 pontos.

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Centro de Competência de Artes e Humanidades

Linhas de Correcção da PROVA DE AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS de PORTUGUÊS / LITERATURA de 2016

Grupo I

Poema “De Tarde”, de Cesário Verde (O Livro de Cesário Verde, 1887):

1. Análise da estrutura e do conteúdo do poema de Cesário Verde, considerando a sua estrutura narrativa e referindo-se às componentes:

a) Espaço: campo (“pic-nic”; “burrico”; “granzoal azul de grão-de-bico”; “penhascos”)

b) Tempo: “de tarde”; “inda o Sol se via”;

c) Acção: “tu, descendo do burrico”; “colher (...) [u]m ramalhete rubro de papoulas”.

d) Personagens: “burguesas”; “tu”; “sujeito lírico” (“nós”).

2. Identificação do tipo de composição poética, referindo a estrutura da rima do poema: poema de forma fixa, composto por quatro quadras com rima A, B / A, B.

3. Descrição do papel do sujeito lírico no poema: observador; “narrador”; i.e., aquele que observa e descreve (sobretudo visualmente) a situação narrativa descrita no poema, sem intervir individualmente na narrativa (com, por exemplo, o uso do pronome pessoal ‘eu’), mas integrado nos participantes no “pic-nic”: cf. “nós”.

4. Explicação do modo como se cria, no poema, a sugestão da pintura, com recurso à citação dos versos e / ou expressões mais relevantes para essa alusão: “aguarela”; referência a cores (“azul”, “rubro”, “púrpuro”), incluindo às cores dos alimentos e do vinho: “melão, “damascos”; “pão de ló molhado em malvasia”).

5. Identificação de duas figuras de estilo no poema, indicando os versos em que ocorrem: comparação (“teus dois seios como duas rolas”, segundo verso da quarta quadra); metonímia: (i.e., uma figura de retórica que consiste no uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, por ter uma significação que tenha relação objectiva, de contiguidade, material ou conceitual, com o conteúdo ou o referente do verso; o “ramalhete rubro das papoulas” é “o supremo encanto da merenda”, i.e., comestível.)

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Grupo II

No excerto, o narrador, a partir da observação da existência de um grande número de pobres numa cidade civilizada como Paris, compara França com Portugal, considerando que, apesar da ruralidade do país, este acaba por apresentar condições mais favoráveis às suas gentes; desenha, além disso, o retrato de Jacinto como alguém que vive os malefícios da vida citadina: abatido física, moral e intelectualmente pelo tédio, Jacinto, que até ali cedera à procura ilusória da fruição e da materialidade, sente que nem a Mecânica, nem a Civilização preenchem o Homem.

Grupo III 1.

Referência a dois tipos de mulher que representam dois tipos de amor, o ideal e o sensual:

Mulher petrarquista:

• Modelo feminino de cabelos loiros, pele branca e beleza serena, não palpável; abstrata; inacessível; símbolo de harmonia e perfeição, a beleza física está em equilíbrio com a beleza interior.

• A mulher ideal é objeto de culto, intocável e distante. • A mulher é o reflexo da beleza divina, é a ponte para a perfeição do amador. Por isso, não é retratada com traços físicos precisos – a sua beleza reside sobretudo no olhar, na postura “humilde” e na bondade.

Mulher carnal:

• Ser maléfico

• Amores pecaminosos e trágicos, fazendo ressaltar que o maior sofrimento que os amorosos padecem é a recordação da sua imensa felicidade passada.

2.

• Oposição cidade/campo, sendo a cidade um espaço de morte e o campo um espaço de vida – valorização do natural em detrimento do artificial.

• O campo é visto como um espaço de liberdade, do não isolamento; e a cidade como um espaço castrador, opressor, símbolo da morte, da humilhação, da doença. A esta oposição associam-se as oposições belo/feio, claro/escuro, força/fragilidade.

• Oposição passado/presente, em que o passado é visto como um tempo de harmonia com a natureza, ao contrário de um presente contaminado pelos malefícios da cidade (ex: «Nós»).

• A questão da inviabilidade do Amor na cidade.

Referências

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