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PESO RELA TIVO DE V-S.52. Subordinada 33% Tabela 03: Freqfi8ncia e peso relativo de V-S segundo 0 estatuto da ora\=ao.

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ABSTRACT: This paper presents the results concerning some factors that seem to accountfor the Verb-Subject inversion in Wh-questions in spoken language in Brazilian Portuguese.

o

meu objetivo nesse trabalho e analisar a ordem sujeito-verbo que ocorre nas senten~as interrogativas com elemento

Q-

no portugues brasileiro falado atual. 0 corpus dessa pesquisa se compoe de 307 senten~as que foram obtidas em programas de entrevista na televisiio, sala de aula de adultos e crian~as e, tambem, fala espontAnea1•

Essa pesquisa se insere dentro de uma outra maior (SIKANSI, 1994) que procurou analisar esse mesmo fen6meno, porem utilizando registros mais variados - dados do Projeto NURC/SP e dados de lfngua escrita. Todos os dados receberam, primeiramente, urn tratamento estatfstico conforme a abordagem variacionista para, em seguida, serem analisados segundo a perspectiva gerativista. 0 estudo probabilfstico apontou para urn alto fndice de inversiio verbo-sujeito (.42) nesse contexto. Esse resultado e muito intrigante pois difere drasticamente dos obtidos nos outros dois contextos analisados e vai contra urn fato apontado por vanos pesquisadores (ver Kato 1987, 1992 e 1993 e Kato & Tarallo 1993, por exemplo) a saber a tendencia de perda progressiva da inversiio verbo-sujeito no Portugues do Brasil atual. Dessa forma e que procurei analisar os fatores lingilfsticos e extra-lingiifsticos que podem estar influenciando essa ordena~iio nas interrogativas Q-, sendo que especial aten~iio foi dada ao sintagma nominal que ocorre depois do verbo nas senten~as com inversiio com 0intuito de verificar se ele e

realmente 0 sujeito da senten~a ou apenas urn constituinte deslocado

a

direita coindexado com urn pronome nulo na posi~iio de sujeito pre-verbal (Hip6tese da Falsa Inversiio).

Os dados foram codificados e analisados levando-se em conta os seguintes fatores lingiHsticos e extra-lingiifsticos: tipo de sujeito, tipo de verbo, tipo de voz verbal, tipo de constru~iio verbal, expletivo e que, tipo de elemento Q-, estatuto da ora~iio, tipo de corpus e dimensiio do sujeito. A ordem verbo-sujeito aconteceu em 43% dos dados e os fatores selecionados como explicativamente fortes foram, respectivamente, tipo de verbo, dimensiio do sujeito, estatuto da ora~iio e tipo de sujeito.

(2)

considerado.

TIPO DE VERBO FREQUENCIA DE V-S PESO RELATIVO DE V-S

C6pula 89% 1101123 .93

Ergativos 73% 8/11 .66

Intransitivos 33% 1/3 .73

Reflexivos 30% 3110 .49

Transitivos 5% 81160 .12

Um dos pontos mais interessantes que podem ser observados na tabela acima e que os verbos ergativos e intransitivos, apontados como muito semelhantes por varios autores, apresentam um comportamento oposto se considerarmos apenas os resultados percentuais, porem se olharmos os resultados probabilfsticos, 0 comportamento desses dois tipos de verbos se aproxima novamente. Ou seja, ambos os tipos de verbos favorecem a ordem V -S. 0 resultado discrepante observado nos dados empfricos provavelmente se deve a atuar,;ao de outros fatores lingiifsticos, tais como os relacionados ao tipo de sujeito. Junto a esses verbos temos 0 copulares que amplamente privilegiam a inversao (.93). JIi os reflexivos apresentam uma ligeira prefer8ncia pela ordem S-V (.49). Resultado esse corroborado nos demais corpora analisados. Dessa forma e que temos que 0 unico tipo de verba que realmente exige 0sujeito antes dele numa interrogativa e0transitivo.

DIMENSAO DO SUJEITO FREQUENCIA DE V-S PESO RELATIVO DE V-S

1 ou 2 sfiabas 12% 20/171 .27

3,4,5 ou 6 sfiabas 68% 52/76 .62

7,8,90u mais sflabas 95% 58/61 .89

A tabela acima mostra que apenas os sujeitos de uma ou duas sflabas favorecem a nao anteposir,;ao do verbo (ordem S-V em 88% dos casos). 0 sujeito tendo tr8s ou mais silabas jli tende a acontecer depois do verbo e, se ele tiver mais de sete, a freqiiencia dessa ordem cresce mais ainda. 0 estudo probabilfstico confirma os valores percentuais, pois, segundo esse clilculo, quanta maior for 0 sujeito maior serli a probabilidade de acontecer depois do verbo.

Esse grupo de fatores tambem foi apontado como relevante para 0fen6meno da inversao V-S nas interrogativas com elemento Q- quando da analise do corpus de Hngua escrita.

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837 PESO RELA TIVO DE V-S .52

Subordinada 33% 4112 .13

Tabela 03: Freqfi8ncia e peso relativo de V-S segundo 0estatuto da ora\=ao.

Os resultados observados na tabela acima confirmam a hip6tese levantada em Ambar (1988) segundo a qual, nas ora\=oes subordinadas, existem menos restri\=oes de ocorr8ncia da ordem S-V. A observa\=ao dessa autora foi feita em cima de dados do portugu8s europeu, mas, ao que tudo indica, ela tambem vale para 0 portugu8s

brasileiro, apesar das vanas diferen\=as que podem ser verificadas entre essas duas Hnguas no que conceme as constru\=oes interrogativas com elemento Q). Tanto 0

resultado percentual quanto 0 probabilfstico apontam para a baixa produtividades de

senten\=as com inversao verbo-sujeito nas ora\=oes subordinadas (33% e .13, repectivamente). JIi as ora\=oes independentes ou principais mant8m um comportamento basicamente neutro, sendo que em 43% dos dados a ordem utilizada foi verbo-sujeito, chegando a .52 a probabilidade dela ocorrer.

ESTATUTO DA ORACA.O

TIPO DE VERBO Independente Subordinada Total

C6pula 92% 1081117 33% 2/6 89% 1101123 Brgativos 70% 7/ 10 100% 1/1 73% 8/ 11 Intransitivos 33% 1/ 3

-

33% 1/ 3 Reflexivos 22% 2/ 9 100% 111 30% 3/ 10 Transitivos 5% 81156 0% 0/4 5% 8/160 Total 43% 126/295 33% 4112 42% 130/307

Tabela 04: Freqfi8ncia de V-S a partir do cruzamento de estatuto da ora\=ao com tipo de verbo.

Para poder avaliar melhor a for\=a exercida por essa varilivel no fen6meno em questiio, fiz0cruzamento entre os resultados obtidos para esse grupo de fatores com 0

que considera 0tipo de verbo. A tabela 04 mostra que a c6pula

e

0unico tipo de verbo .que parece ser afetado pelo estatuto da ora\=ao, uma vez que, mesmo sendo ela fortemente influenciadora da ordem V-S, se ela ocorre numa senten\=a subordinada a ordem mais provlivel

e

justamente a oposta, ou seja, sujeito-verbo. Esse resultado mostra a for\=a que 0 estatuto da ora\=ao tem para influenciar a ordena\=ao dos constituintes nas interrogativas, isto

e,

nesse tipo de constru\=ao a ocorrencia da anteposi\=ao do verba

e

fortemente inibida. Com as senten\=as independentes e principais, a ordem

e

mais afetada pelo tipo de verbo.

(4)

Expressao-referencialJ 73% 115/159 .63

Pronomes4 9% 14/148 .36

A tabela 05 mostra que as expressoes-referenciais preferem, nitidamente, a ordem verbo-sujeito, pois esta acontece em 73% dos dados. Uma vez que esse tipo de sujeito ocorre em mais da metade do corpus (159 de urn total de 307 senten~as), esse resultado faz com que, nos dados de lingua falada, encontremos 0 maior fndice probabilfstico da ordem verbo-sujeito ser a utilizada nas senten~as interrogativas (.43). No entanto, os mimeros acima niio nos trazem grandes novidades, pois, nos demais corpora, essa varilivel tambem foi selecionada como explicativamente forte para 0

fen6meno. Porem, parece-me importante entender 0porqu8 desse grupo de fatores estar em quarta posi~iio nesse corpus, sendo que nos outros ele apareceu na primeira (NURC/SP) e na segunda (dados de lfngua escrita). Portanto, a seguir, apresentarei 0

cruzamento dessa variavel com a que codifica a dimensao do sujeito.

TIPO DE SUJEITO

DlMENSAODO Pronomes Expressoes-referenciais Total SUJEITO

1 ou 2 sfiabas 10% 14/144 22% 6/27 12% 20/171

3, 4, 5 ou 6 sfiabas 0% 01 4 72% 52/72 68% 52/ 76

7, 8, 9 ou mais sfiabas

-

97% 58/60 97% 581 60

Total 9% 14/148 73% 116/159 42% 130/307

Tabela 06: FreqU8ncia de V-S a partir do cruzamento de tipo de sujeito com dimensao do sujeito.

A tabela acima mostra que e a dimensao do sujeito a variavel mais forte a influenciar a anteposi~ao do verba, pois, quando 0 sujeito e pronominal, 0 seu numero

de sfiabas e pequeno (normalmente I ou 2) e, na grande maioria dos casos, ele ocorre antes do verbo. Ia quando 0sujeito e uma expressao-referencial - que e predominante nesse corpus - a sua dimensao varia bastante e isso influencia a sua posi~ao na senten~a. Note que quando 0sujeito e curto, ele, em geral, aparece antes do verbo. Por outro lado,

se ele for longo (7 sfiabas ou mais), na quase totalidade dos casos, ele vai aparecer posposto ao verbo. Portanto, pode-se perceber que a variavel dimensao do sujeito foi colocada em posi~ao hierarquicamente superior

a

variavel tipo de sujeito porque a primeira, ao atuar basicamente dentro do fator expressao-referencial, que nesse corpus, ao contrano dos outros, representa a maioria dos casos de sujeito, possibilita uma distin~iio mais fina da atua~ao do sujeito no estabelecimento da ordem nas senten~as interrogativas.

Ap6s a apresenta~ao dos resultados estatfsticos, podemos concluir que, sem duvida alguma, as variaveis que mais diretamente afetam a estrutur~io das senten~as interrogativas sao tipo de verba e tipo de sujeito. Por urn lado, n6s temos a c6pula e 0

(5)

839 sintagma nominal sujeito como os fatores que mais favorecem a inversiio sujeito-verbo (exemplos 1 e 2) e, na outra extremidade, encontramos 0 verbo transitivo e 0 sujeito

pronominal como altamente inibidores dessa ordem (exemplos 3 e 4).

No entanto, a questiio mais intrigante relacionada a esse corpus e 0alto indice

de inversiio nas interrogativas Q-. Como ja foi apontado anteriormente, a analise dos demais corpora (ver Sikansi, 1994) mostrou que a inversiio ocorria em apenas uma pequena parcela dos dados nos outros contextos considerados - nas pe~as teatrais ela praticamente niio aconteceu. Como explicar esse resultado inesperado? Nos ultimos anos, varios pesquisadores (Kato 1987 e 1992, Kato & Tarallo 1993) t@mapontado para o fato de que 0 portugu@s do Brasil parece estar perdendo a capacidade de antepor 0

verbo ao sujeito nas interrogativas Q-. Como conciliar, portanto, os resultados estatisticos apresentados acima com essas observa~oes?

A meu ver, a resposta para essa pergunta se encontra em Kato (1993). Nesse texto a autora procura explicar todas as possibilidades de ordena~iio encontradas nas senten~as interrogativas com elemento Q- e postula que, nas constru~oes com inversiio verbo-sujeito, sem 0 expletivo e que, 0que ocorre e uma Falsa Inversiio. Isto e, sua proposta e que, nesse contexto, a extra~iio se faz a partir de estruturas que apresentam urn sintagma nominal deslocado

a

direita com urn pronome co-referente nulo na posi~iio de sujeito. As senten~as (5a) e (6a) seriam a base da extra~iio e0sujeito se encontraria em posi~iio final. Uma vez que os sujeitos nulos estiio desaparecendo do Portugu@s do Brasil (conforme Duarte 1993), a tend@ncia e que se revele a falsa inversiio que ocorre nessas estruturas (exemplos 5b e 6b).

(5) a. (Bles) Bstiio aqui os meninos. b. Onde (eles) estiio os meninos?

(6) a. (Bla) Faturou vinte mil cruzeiros a nossa barraca. b. Quanto (ela) faturou a sua barraca?

Nos dados do corpus analisado, niio encontrei nenhuma senten~a com deslocamento

a

direita e lexicaliza~iio do pronome sujeito. No entanto, acho que a explica~iio de Kato e adequada aos dados, pois 0 sujeito que aparece nessa posiyiio deslocada e uma expressiio-referencial definida. Alem disso, e talvez mais importante ainda, e0fato de que esse sujeito muitas vezes aparece em ultima posiyiio na sentenya,

mesmo depois de urn complexo verbal ou de urn adjunto adverbial. Se nesses casos estivesse ocorrendo apenas uma inversiio de posiyiio entre 0sujeito e0verbo, 0que se esperaria e que 0sujeito aparecesse logo depois do primeiro verbo, como e0padriio no

(6)

21/01/81, TV CULTURA)

(8) Como esta hoje em dia 0projeto de aparelhamento do Ibope? (J6 SOARES 11:30,

10/12/90, SBT)

Por fim, se considerarmos que, nessas estruturas, niio ocorre a inversiio verbo-sujeito, mas sim urn sintagma nominal deslocado

a

direita com urn pronome co-referente nulo na posi~iio do sujeito, pode-se entender porque a ordem V-S e mais freqtiente no corpus de lfngua falada. Isso se da porque as estruturas com deslocamento

a

direita silo bem mais comuns na fala do que na escrita, onde 0 usuario pode voltar no texto e

refazer as senten~as se achar que esta havendo ambigtiidade. Esse recurso niio e posslvel na fala, 0 que ocasiona urn uso maior de sintagmas nominais no final da ora~iio com 0

objetivo de esclarecer eventuais duvidas. E0fato desse sintagma ter urn carater definido

s6 refor~a a hip6tese da falsa inversilo.

1. As senten~as que nilo possuiam urn sujeito ou urn verbo lexicalmente expresso foram excluldas desse corpus, bem como as estruturas em que 0elemento Q- interrogativo substituia 0sujeito.

2. Sobre esse assunto ver a tese de doutorado de Lopes Rossi (1996).

3. Esse grupo de fatores codifica tanto as expressoes referenciais simples (a) quanto as complexas (b).

(a) 0 que que as miles fazem? (Fala espontlinea, 24/10/90)

(b) 0 senhor sabe como e denominada a pessoa que empresta dinheiro? (NURC/SP, DID 250)

4. Alem dos pronomes pessoais e demonstrativos, esse fator considerou tambem os pronomes de tratamento (c).

(c) Como a senhora ve0crescimento desse movimento chamado municipalista? (RODA

VIVA, 17/12190, TV Cultura).

RESUMO: Esse artigo apresenta os resultados relativos aos fatores que parecem estar influenciando a ordem Sujeito-Verbo nas sentenfas interrogativas

Q-

no portugues brasileiro falado atual. Alem disso, 0 trabalho procura explicar tambem porque esse

(7)

AMBAR. M. (1988)

Para uma sintaxe da inversiio sujeito-verbo em Portugues.

Disserta~io de Doutorado. Universidade de Lisboa.

DUARTE. M.E.L. (1993). Do pronome nulo ao pronome pleno: a trajet6ria do sujeito no portuguSs do Brasil. In ROBERTS. I. & KATO. M.A. (orgs)

Viagem Diacronica

pelasjases do Portugues Brasileiro.

Editora da Unicamp. Campinas, SP.

KATO, M.A. & TARALLO. F. (1993). The loss of VS syntax in Brazilian Portuguese (mimeo).

KATO. M.A. (1987). Inversio da ordem SV em interrogativas no portuguSs: uma questio sintatica ou estilfstica? In

D.E.L.T.A.,

vol. 3. numero 2.

KATO, M.A. (1992). Varia~io Sintatica e Estilo. In

Cadernos de Estudos Lingu(sticos.

numer022.

KATO, M.A. (1993). Word Order Change: the case of Brazilian Portuguese Wh-questions (mimeo).

LOPES ROSSI. M.A.G. (1996)

A sintaxe diacronica das interrogativas-Q do

portugues.

Tese de Doutorado. Unicamp, Campinas - SP. .

SIKANSI, N.S. (1994).

A Estrutura das Senten~as com Pronome lnterrogativo no

Portugues Brasileiro Atual.

Disserta~io de Mestrado, Unicamp. Campinas -SP.

Referências

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