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A ciência e os diferentes tipos de conhecimento

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Academic year: 2021

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Filosofia – 3º ano Ensino Médio 1º Referencial teórico de tema discutido em aula.

A ciência e os diferentes tipos de conhecimento

Profª. Ms. Renata Silva e Profª.Ms. Elisabeth Penzlien Tafner Associação Educacional do Vale do Itajaí Mirim - adaptado

1. Introdução

A aprendizagem e o desenvolvimento do trabalho intelectual exigem conhecimentos de ordem conceitual, técnica e lógica. Estas três dimensões estão interligadas, pois um pensamento ou argumento apresentado pelo aluno ou pesquisador sem apoio em processos lógicos pode não passar de uma idéia superficial. No entanto, o domínio de conceitos reelaborados, sob critérios lógicos e com o auxílio da técnica, é fator determinante para o alcance dos objetivos da formação universitária: aprender a pensar e a produzir conhecimentos. O domínio do saber, dos métodos e das técnicas é uma exigência do ensino superior para vencer o superficialismo e a falta de rigor científico na produção e socialização do conhecimento. A apostila pretende contribuir para o aprendizado acadêmico durante toda a trajetória do aluno, como também, na busca do conhecimento, a partir dos trabalhos técnico-científicos permitindo o exercício de práticas essenciais à atividade científica: a busca, o registro e o uso do saber já acumulado e disponível para propósitos próprios de construção do conhecimento.

O objetivo desta apostila é favorecer e estimular a produção escrita de alunos e professores, sendo que esta é uma condição indispensável ao desenvolvimento da vida intelectual disciplinada e produtiva, norteada por posturas e práticas de pesquisa, característica da formação superior. Assim, a apostila de metodologia científica apresenta conceitos e teorias que envolvem a temática da disciplina como: tipos de conhecimento, ciência, métodos e tipos de pesquisa. O documento aborda também sobre apresentação oral e as características do texto técnico-científico. Todas as orientações para a formatação e uniformização dos trabalhos acadêmicos estão apresentadas e seguem os critérios da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas, através das Normas Brasileiras Regulamentadoras – NBR’s 6.023 (Referências) e 10.520 (Citações), como aqueles definidos pelo CEUNSP.

2. O conhecimento

Desde os primórdios da humanidade, a preocupação em conhecer e explicar a natureza é uma constante. Ao analisar a palavra francesa para conhecer , tem-se

connaissance, que significa nascer (naissance) com (con), logo se concluí que o

conhecimento é passado de geração a geração, tornando-se parte da cultura e da história de uma sociedade.

Para conhecer, os homens interpretam a realidade e colocam um pouco de si nesta interpretação, assim, o processo de conhecimento prova que ele está

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sempre em construção, visto que para cada novo fato tem-se uma análise nova, impregnada das experiências anteriores. Dessa forma, a busca pelo entendimento de si e do mundo ao seu redor, levou o homem a trilhar caminhos variados, que ao longo dos anos constituíram um vasto leque de informações que acabaram por constituir as diretrizes de várias sociedades. Algumas dessas informações eram obtidas através de experiências do cotidiano que levavam o homem a desenvolver habilidades para lidar com as situações do dia a dia. Outras vezes, por não dominar determinados fenômenos, o homem atribuía-lhes causas sobrenaturais ou divinas, desenvolvendo um conhecimento abstrato a respeito daquilo que não podia ser explicado materialmente. Assim, o conhecimento foi se dividindo da seguinte forma: empírico, teológico, filosófico e científico.

2.1 Conhecimento Empírico

O conhecimento empírico é também chamado de conhecimento popular ou comum. É aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou critérios de análise. Foi o primeiro nível de contato do homem com o mundo, acontecendo através de experiências casuais e de erros e acertos. É um conhecimento superficial, raso; onde o indivíduo, por exemplo, sabe que nuvens escuras é sinal de mau tempo, contudo não tem ideia da dinâmica das massas de ar, da umidade atmosférica ou de qualquer outro princípio da climatologia. Enfim, ele não tem a intenção de ser profundo, mas sim, básico.

“Adquire-se independentemente de estudos, pesquisas, reflexões ou aplicações de métodos” (FACHIN, 2002, p. 9).

“É conseguido na vida cotidiana, fundamentado em experiências vivenciadas ou transmitidas de pessoa para pessoa, fazendo parte das antigas tradições [...]”. (FACHIN, 2002).

“Pode também derivar de experiências casuais sem fundamentações.” (FACHIN, 2002; OLIVEIRA, 1999). “É considerado um conhecimento prático, pois sua ação se processa segundo os conhecimentos adquiridos nas ações anteriores, sem nenhuma relação científica metódica ou teórica.” (FACHIN, 2002, p. 10).

2.2 Conhecimento Teológico

É o conhecimento relacionado ao misticismo, à fé, ao divino, ou seja, à existência de um Deus, seja ele o Sol, a Lua, Jesus, Maomé, Buda, ou qualquer outro que represente uma autoridade suprema. O Conhecimento teológico, de forma geral, encontra seu ápice respondendo aquilo que a ciência não consegue responder, visto que ele é incontestável, já que se baseia na certeza da existência de um ser supremo (Fé). Os Conhecimentos ou verdades teológicas estão registrados em livros sagrados, que não seguem critérios científicos de verificação e são revelados por seres iluminados como profetas ou santos, que estão acima de qualquer contestação por receberem tais ensinamentos diretamente de um Deus.

“Produto de intelecto do ser humano que recai sobre a fé” (FACHIN, 2002, p. 8). De um modo geral apresenta respostas para questões que o ser humano não pode responder, ligados a fé (FACHIN, 2002; OLIVEIRA, 1999).

2.3 Conhecimento Filosófico

A palavra Filosofia surgiu com Pitágoras através da união dos vocábulos PHILOS (amigo) + SOPHIA (sabedoria) (RUIZ, 1996, p.111). Os primeiros relatos do pensamento filosófico datam do século VI a.C., na Ásia e no Sul da Itália (Grécia

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Antiga). A filosofia não é uma ciência propriamente dita, mas um tipo de saber que procura desenvolver no indivíduo a capacidade de raciocínio lógico e de reflexão crítica, sem delimitar com exatidão o objeto de estudo. Dessa forma, o conhecimento filosófico não pode ser verificável, o que o torna sob certo ponto de vista, infalível e exato. Apesar da filosofia não ter aplicação direta à realidade, existe uma profunda interdependência entre ela e os demais níveis de conhecimento. Essa relação deriva do fato que o conhecimento filosófico conduz à elaboração de princípios universais, que fundamentam os demais, enquanto se vale das informações empíricas, teológicas ou científicas para prosseguir na sua evolução.

“Desenvolver no ser humano a possibilidade de reflexão ou a capacidade de raciocínio” (FACHIN, 2002, p. 5). É uma busca do saber (FACHIN, 2002).

A filosofia (reflexão crítica) deve ser uma atitude de todos que se propõem a fazer qualquer estudo (FACHIN, 2002). Procura conhecer as causas reais dos fenômenos, não as causas próximas (OLIVEIRA, 1999).

Existem duas fases que conduzem à reflexão: a primeira parte de objetos reais e é denominada realismo e a segunda parte de idéias e é denominada idealismo (FACHIN, 2002).

2.4 Conhecimento Científico

A ciência é uma necessidade do ser humano que se manifesta desde a infância. É através dela que o homem busca o constante aperfeiçoamento e a compreensão do mundo que o rodeia por meio de ações sistemáticas, analíticas e críticas. Ao contrário do empirismo, que fornece um entendimento superficial, o conhecimento científico busca a explicação profunda do fenômeno e suas inter-relações com o meio. Diferentemente do filosófico, o

conhecimento científico procura delimitar o objeto alvo, buscando o rigor da exatidão, que pode ser temporária, porém comprovada. Deve ser provado com clareza e precisão, levando à elaboração de leis universalmente válidas para todos os fenômenos da mesma natureza. Ainda assim, ele está sempre sob júdice, podendo ser revisado ou reformulado a qualquer tempo, desde que se possa provar sua ineficácia.

“Caracteriza-se pela presença do acolhimento metódico e sistemático dos fatos da realidade sensível” (FACHIN, 2002, p. 11).

Preocupa-se com a abordagem sistemática dos fenômenos, tendo em vista termos relacionais que implicam relação causa e efeito (FACHIN, 2002).

O conhecimento científico possui um método, se prende aos fatos e se vale da testagem empírica para formular respostas aos problemas colocados e apoiar suas afirmações (FACHIN, 2002). Seu objetivo é “estudar as causas reais dos fenômenos e descobrir as leis pelas quais eles regem” (OLIVEIRA, 1999, p. 71).

Procura sempre alcançar a verdade dos fatos independente de valores ou crenças dos cientistas e resulta de pesquisa metódica e sistemática da realidade (FACHIN, 2002).

3. CIÊNCIA

Pode-se afirmar que ciência é um conjunto de informações sistematicamente organizadas e comprovadamente verdadeiras a respeito de um determinado tema. Contudo existem muitas maneiras de pensar, de organizar e de comprovar os estudos, dependendo do caminho que se segue (método). Os objetivos da ciência podem ser apresentados como a melhoria da qualidade de vida intelectual e vida material. Para o alcance dos objetivos, são necessárias novas descobertas e novos produtos. Os princípiosda ciência podem ser classificados como: nunca absoluto ou final, pode ser

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sempre modificado ou substituído; a exatidão nunca é obtida integralmente, mas sim, através de modelos sucessivamente mais próximos; é um conhecimento válido até que novas observações e experimentações o substituam.

“Ciência é a necessidade de acréscimos de conhecimentos racionais e verificáveis da realidade.” (FACHIN, 2002).

Segundo Oliveira (1999) trata-se do estudo das relações existentes entre causa e efeitos de um fenômeno qualquer. Para Goode (1981 apud FACHIN, 2002, p. 15) a “[...] ciência é popularmente definida como uma acumulação de conhecimentos sistemáticos”. A ciência é constituída pela observação sistemática dos fatos por meio de análises e experimentos (FACHIN, 2002).

A ciência tem por objetivo ou finalidade, segundo Oliveira (1999) estabelecer a distinção das características comuns ou das leis que regem as relações causa e efeito dos fenômenos. Sua função, ainda segundo Oliveira (1999, p. 49) é “o aperfeiçoamento do conhecimento em todas as áreas para tornar a existência humana mais significativa”.

Reflita sobre as questões a seguir e responda o que se pede:

1. ENADE/2006. Leia trecho da carta-resposta de um cacique indígena à sugestão, feita pelo governo do estado da Virgínia (EUA), de que uma tribo de índios enviasse alguns jovens para estudar nas escolas dos brancos.

(...) Nós estamos convencidos, portanto, de que os senhores desejam o nosso bem e agradecemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa. (...) Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome. Não sabiam caçar o veado, matar o inimigo ou

construir uma cabana e falavam nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, inúteis. (...) Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão, concordamos que os nobres senhores de Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo que sabemos e faremos deles homens.

Carlos Rodrigues Brandão. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1984.

A relação entre os dois principais temas do texto da carta e a forma de abordagem da educação privilegiada pelo cacique está representada por:

A. Sabedoria e política / educação difusa. B. Identidade e história / educação formal. C. Ideologia e filosofia / educação superior. D. Ciência e escolaridade / educação técnica. E. Educação e cultura / educação assistemática.

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2. Leia atentamente o texto abaixo.

Conhecer é incorporar um conceito novo ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos. Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos. Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos gatos, dos cães, dos macacos e dos leões.

Existem diferentes tipos de conhecimentos. Identifique em cada frase abaixo, o tipo de conhecimento a que se refere cada uma delas:

“A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.”

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"O homem é a ponte entre o animal e o além-homem" (Friedrich Nietzsche)

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“Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em reencarnação; acreditar em espírito, acreditar em cartomante, etc.”

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“Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá a respiração dos batráquios.” _________________________________________________________________________________

3. Leia atentamente, reflita e responda ao questionamento que segue.

Um homem morreu. Em seu velório estavam presentes um padre, um filósofo, um inculto e um médico. Uma pessoa pergunta aos quatro, por que o homem morreu.

Quais as explicações dadas pelo Padre, Filósofo, Inculto e pelo Médico? Padre: ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ Filósofo: ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ Inculto: ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________

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Médico:

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4. ELES USARAM QUE CONHECIMENTO?

Há muitos anos, uma tribo vivia no Colorado (EUA) e tinha economia baseada na caça de uma certa espécie de veado. Uma vez que esses animais são migratórios, os índios eram também nômades. Eles seguiam as migrações dos veados para o alto das montanhas e para os vales do Colorado. Eles preferiam preparar uma carne de caça, fervendo toda a carcaça num grande tacho. Uma vez que esse veado era muito abundante naquela época, os índios estavam "bem de vida", mas tinham um problema: quando a carne era cozida nos vales, o processo tomava pouco tempo e a carne ficava macia, mas, quando os animais eram abatidos e cozidos nas montanhas, a carne ficava rija e o cozimento levava varias horas.

Um dia, enquanto esperava que a carne cozinhasse no alto de uma montanha, um grupo de guerreiros começou a pensar neste estranho fenômeno. Um dos bravos, então, anunciou que tinha tido uma idéia: "Acho que são os maus espíritos que fazem a carne ficar dura. Todos sabem que há mais maus espíritos nas montanhas que nas planícies". (Eles "sabiam" disso porque aconteciam mais acidentes nas montanhas; coisas tais como pernas e braços quebrados). "Se são os maus espíritos que fazem a carne ficar dura, então vamos colocar uma tampa sobre o tacho. Isto afastará os maus espíritos e fará a carne ficar macia. Isto fazia sentido, e os índios tentaram. A carne cozinhou mais depressa e ficou mais macia, mas ainda não estava igual à carne preparada nos vales. Outro guerreiro teve então outra idéia: "Sabemos que os maus espíritos são muito delgados. “Eu acho que eles estão se esgueirando pelas frestas entre a tampa e o tacho para endurecer a carne, então, se nós vedarmos as frestas com barro, eles não poderão entrar e a carne ficará macia”. O novo método foi tentado e a carne ficou ainda mais macia que aquela cozida nos vales.

Estes índios usaram algum tipo de conhecimento para resolver seu problema? Qual ou quais conhecimentos foram utilizados? Justifique a sua resposta.

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Profª Marilia Coltri Colégio Ser! Sorocaba

Referências

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