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A validade do psicotécnico na seleçio de motoristas, quando cientificamente aplicado e interpretado o psicodiagnóstico miocinético de Mira y López *

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A

validade

do psicotécnico

na seleçio

de

motoristas, quando

cientificamente aplicado e

interpretado o psicodiagnóstico

miocinético

de

Mira

y

López

*

GLÓRIA QUINTELA

* *

1. Considerações negativas; 2. Especiali-zações; 3. Algumas considerações sobre o nível intelectual.

Um teste é estudado e organizado para determinada fmalidade, abrangendo aspectos diversos que, no contexto geral, visam medir aquilo a que se propõe o autor.

Lourenço Filho, o grande mestre da psicologia e da pedagogia, não tolerava qualquer modificação na técnica e nas regras estabelecidas para alcançar o flm a que se destinava uma determinada prova psicológica. Acha",-, mesmo, com o seu rigor, que não se devia substituir, sequer, uma palavra por um sinônimo na sua apresentação.

A genialidade que caracterizava o Prof. EmI1io Mira y Lópes, psiquiatra invulgar e psicólogo ímpar, conhecedor profundo do comportamento e das rea-ções humanas, levou-o às primeiras experiências sobre o Psicodiagnóstico

Miociné-• Trabalho apresentado perante o Seminário Latino-Americano de Rorschach. São Paulo, set. 1976 .

•• Psicóloga em Brasília.

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tico. Começou-as em 1936, quando realizava a seleção de candidatos a pilotos da aviação republicana espanhola, em 1936, por ocasião da guerra civil.

Quando, por circunstâncias óbvias, deixou o seu país, recebeu convite da Inglaterra, em 1939, "para verificar se os desvios sistemáticos qUIl havia ele notado na apreciação cinestésica do espaço, em relação com os diversos tipos de caráter, podiam ser confirmados em grupos de enfermos mentais que, sofrendo de sín-dromes psiquiátricos bem delimitados, pudessem oferecer, de modo exagerado e indiscutível, os traços atuais que havia ele posto em relação com os diversos tipos de desvio na prova. Prescindiria do uso do axiestereômetro, usado para investigar a memória muscular dos candidatos a pilotos, para que fosse compatível com a conduta dos enfermos mentais, sempre desconfiados em qualquer situação experi-mental".

O estudo de movimentos expressivos vinha despertando o interesse de diversos autores de valor. Dentre eles, para não ser fastidioso, citarei Allport, americano, e Vernon, inglês, que publicaram um excelente livro sobre os movi-mentos expressivos, no qual comprovaram, com base experimental e científica, que as provas ou testes psicomotores são tão constantes e válidos, em seus resultados, quando os testes de inteligência, por meio de linhas e figuras geomé-tricas. Afirmaram finalmente que "existe uma evidente correspondência entre os movimentos expressivos e as atitudes, traços, valores e demais disposições da per-sonalidade interna".

Procurou o Prof. Mira y López estruturar uma prova que combinasse as vantagens das técnicas projetistas e das de expressão ativa, segundo afirmou ele no seu Manual do Psicodiagnástico Miocinético (PMK), prova essa que oferecesse base mais sólida e segura para a investigação dos traços de personalidade. Escolheu uma das zonas mais profundas do psiquismo, qual seja, a miopsique, conjunto de dispositivos que asseguram a adaptação psicomotriz (instintiva) ao ambiente. Desejava também um teste que não oferecesse possibilidade de defesa ou de análise e censura aos que as pudessem fazer.

Começou as suas experiências no Maudsley Hospital de Londres, apresen-tando um plano de investigação, previamente aprovado por"Henry Pieron.

Assim, por exemplo, teria a possibilidade de aferir traços de auto e hetero-agressividade, depressão ou elação, extratensão ou autismo, coordenação motora, emotividade, inibição ou excitação, impulsividade, tensões, inteligência e até o grau de intoxicação etílica.

Técnica expressiva essa que projeta tão exatamente a personalidade, como a assinatura que é o próprio indivíduo. Haja vista o valor da mesma nos cheques.

Ao final das investigações, em 138 casos, houve discordância apenas em 6 entre o diagnóstico clínico dos médicos do hospital e o apresentado pelo Prof. Mira y López. Ele nem sequer viu os doentes, treinando uma equipe para aplicação dos testes. Com sua experiência, só ao observá-los, poderia levantar o diagnóstico.

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Os casos divergentes foram submetidos a uma instituição de neuropsiquiatria para estudo. A razão diagnóstica estava com o Prof. Mira y López que, com três dias de antecedência pôde prever, pelo PMK, a passagem de um caso maníaco-depressivo da fase depressiva para a maníaca.

Foram, então, apresentadas - a teoria e a prática concludentes do PMK - à

Royal Societv of Medicine de Londres.

O teste é usado em todos os b~ns serviços nacionais e internacionais de seleção, bem como nos de orientação para diagnóstico.

Agora, uma análise de por que está falhando entre nós o exame psico-técnico.

Primeiramente, porque o teste não poderia ter sido "mutilado", como está sendo feito. Eliminaram traçados que confIrmariam, ou não, os primeiros elemen-tos aferidos e acrescentariam outros de grande validade. Retiraram a Escada e as Cadeias. Poderia ser aplicado de maneira apenas reduzida, mas nunca "mutilada". Tirar-se-iam, somente, os UU Verticais e as Cadeias Verticais, cujos aspectos psicológicos apareceriam em traçados posteriores.

A Escada revela o nível de hiper ou hipotensão, além da inteligência abstrata-espacial, indispensável a quem dirige.

A personalidade primitiva, afirma o autor, e se pode comprovar, não consegue fazer o traçado da Escada. Em vez de degraus, faz ângulos agudos muito fechados, e dificilmente reproduz a configuração.

Se fizermos um levantamento estatístico, veremos que o grande número de acidentes nas ultrapassagens, principalmente nas estradas, ocorre pela falta de capacidade de abstração e de percepção espacial .

As Cadeias Sagitais comprovam dados dos lineogramas sagitais, e do zigue-zague. Permitem, segundo o criador do PMK, apreciar, melhor que qualquer outro traçado, os característicos de agressividade - dados quantitativos - a par dos vários e importantes dados exteriorizados qualitativamente nesses traçados. Além

da tensão dominante, dos traços disrítmicos, esquizotímicos, ou esquizóides, evidenciam também a intensa imaturidade práxica (nível motor inferior a sete anos), afirma o Pror. Mira.

Daí a importância dos traçados excluídos, assaz significativos, principal-mente na seleção de motoristas.

E por que eliminá-los, apenas para simplificar o trabalho e atender maior número de pessoas, comprometendo o valor científico da psicologia? Somente por desconhecimento do que isso representa.

Inicialmente salientamos o dever e a necessidade de não alterar, na essência, nenhum teste no seu contexto geral, desde que disso resulte prejuízo.

Outro aspecto relevante a considerar: a apresentação e a orientação pres-critas pelo autor.

Perguntando aos meus examinandos: "Quando você fez o psicotécnico para tirar carteira de motorista recebeu as instruções que lhe estão sendo dadas? " Nenhum candidato confirmou. AfIrmaram alguns que a aplicadora simplesmente

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dizia: "Você está vendo esse desenho? Reproduza-o igual." Ausência total das normas de aplicação. Também uso irregular do anteparo. Nenhuma instrução sobre a postura, num teste neuromuscular.

1. Considerações negativas

Enquanto em certos institutos e clínicas de Brast1ia encontramos serviços cons-cientes e de responsabilidade científica, outros não poderiam ter o direito, por falta de condições, de dar um laudo psicotécnico.

• Há uma instituição em que o responsável - psicólogo - deixava os certifi-cados assinados para aplicadores leigos preencherem o Apto ou Inapto.

Foi substituído por uma psicóloga, responsável pela interpretação do teste, que fez o mesmo, porque não tem tempo para examinar os laudos. Também não sei se conhece realmente o PMK.

• Um motorista submetido ao psicotécnico, num dos melhores senão o melhor centro psicológico de Brast1ia, foi considerado Inapto, por razões patológicas acentuadas. Procurou outro serviço, o mesmo em que os leigos ou aplicadores trabalham sem a supervisão necessária, e voltou ao primeiro em que fez o psicotécnico, para mostrar o certificado de Apto para dirigir.

Pude comprovar que Aptos são considerados Inaptos e vice-versa.

• Uma aplicadora da prova de nível mental, a mesma do PMK, disse a um candidato, aliás jornalista, que se tivesse X erros na prova estaria reprovado, e isto lhe causou forte tensão emocional, o que influiu no rendimento intelectual.

Concluiu-se, portanto, que é indispensável que seja o teste aplicado por psicólogo para isso preparado, e interpretado por psicólogo que tenha sido aprovado em curso específico do PMK, ministrado por quem apresente compro-vante de estar apto a fazê-lo.

Sabemos que qualquer pessoa, em qualquer situação, reage sempre à base da sua personalidade. Daí a importância desse aspecto no psicotécnico: um diagnós-tico válido. E nenhum outro teste se iguala ao Psicodiagnósdiagnós-tico Miocinédiagnós-tico de Mira y López para aferir os atributos necessários para dirigir um carro automotor. Por isso mesmo, o Prof. Mira y López, autor do teste, criador do exame psico-técnico, escolheu-o para essa fmalidade.

O PMK é tão completo na verificação das condições necessárias para dirigir que o ziguezague, que avalia a coordenação motora, tem a mesma posição do volante e reproduz, exatamente, QS movimentos executados na direção: é, de fato, uma atividade como se fosse situativa, ou real. É até mais válido que a aparelha-gem de coordenação motora, ou bimanual ou torno.

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2. Especializações

Em qualquer curso de nível superior, seja medicina, direito, engenharia, psicologia etc., há uma base geral de formação. A seguir, de acordo com tendências e interesses, vem a especialização.

Em medicina, por exemplo, o pediatra ou o médico de clínica geral não farão uma cirurgia da competência de cirurgiões, que do mesmo modo têm especializações.

Assim na psicologia as áreas de atividade são muito diversificadas. A psico-logia humana vai da fase pré-natal à senilidade, através de todos os períodos evolutivos. E as especializações são múltiplas: vocacional, profissional, industrial, social, comportamental e uma assaz importante: a psicologia aplicada ou psico-logia clínica, que estuda todas as técnicas, visando determinados fins .

Não é possível, pois, que sem domínio dessas técnicas, principalmente as expressivas ou projetivas, de maior desenvolvimento e uso nos nossos dias, se possa fazer um seguro diagnóstico de personalidade - síntese de todos os traços e funções do indivíduo, na sua interrelação íntima, segundo Mc-Dougall.

Cumpre, agora, comprovar a minha assertiva de que, quando aplicado e interpretado por quem está apto para fazê-lo, respeitando as condições necessárias, bem evidenciadas aqui, o teste é realmente fidedigno.

1. Aplicá-lo, para seleção, reduzido de apenas dois elementos, UU Verticais e Cadeia Vertical - nunca nas condições em que está sendo feito.

2. Ser aplicado somente por psicólogo conhecedor da técnica.

3. Ter o aplicador a formação necessária para interpretá-lo, isto é, aprovação em curso especializado do PMK, ministrado por quem tenha qualificação para fazê-lo.

Caberá aos conselhos regionais de psicologia fazer a indispensável superviSão dos serviços credenciados pelo Detran, mas

por psicólogos que tenham

compro-vantes de aprovação em cursos específicos do PMK.

3. Algumas considerações sobre o nível intelectual Farei, a seguir, um comentário sobre a prova de nível mental.

A Resolução n.O 504{76 do Conselho Nacional do Trânsito não inclui essa

prova no exame psicotécnico.

Um grupo de três psicólogos de São Paulo, Rio Grande do Sul e Brasília -acharam-na desnecessária, porque a Escada já avalia o nível de inteligência abstra-ta-espacial.

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Para as pessoas que tenham comprovante de formação de nível médio ou superior é, na verdade, dispensável.

Quanto aos motoristas, alguns conseguem fazê-la bem, outros, regularmente. Só as personalidades primitivas são incapazes de traçá-la em condições aceitáveis.

E o teste de nível mental seria um comprovante a mais, quantitativo, da inteligência, enquanto a Escada é mais qualitativa.

Cada um reagirá no teste com as condições que lhe são peculiares. Os de nível mental menos elevado alcançarão menor número de pontos, enquanto os de melhor formação atingirão um número mais alto. E teremos o traçado da Escada para confirmação. O nível mínimo a ser aceito deve ser o

médio

ou

normal.

Como terá o motorista possibilidade, numa situação de emergência - capacidade per-ceptoreacional - para evitar um acidente, em segundos?

Sem dúvida, o Teste de Matrizes Progressivas de J. C. Raven, para medida da capacidade intelectual de pessoas de 12 a 65 anos - Escala Geral - é o mais indicado. Serve para todos os níveis de inteligência.

boa.

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Deve, entretanto, ser avaliado por tabela estatística, dentro de cada grupo. A tabela levantada pela Força Pública de São Paulo, usada por mim, é muito

Inteligência Pontos Inferior O a 10 Média inferior 11 a 19 Média 20 a 37 Média superior 38 a 46 Superior 49 a 60 A.B.P.A. 3/77

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