• Nenhum resultado encontrado

Manual Da Visao de Células - Pr. Aluízio Silva

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Manual Da Visao de Células - Pr. Aluízio Silva"

Copied!
97
0
0

Texto

(1)

Introdução

Certa vez, um garoto perguntou para um homem de Deus: – O que é unção?

O homem de Deus, então, chamando a atenção do garoto para um boi que pastava à distância, indagou:

– Você está vendo aquele boi pastando? – Sim.

– Aquilo não é unção.

Em seguida, olhou para um passarinho que cantava no galho de uma árvore, e disse: – Você está ouvindo aquele passarinho cantando?

– Sim.

– Aquilo também não é unção.

O garoto, exasperado, insistiu com o ancião: – Diga-me, então, o que é unção?

Após uma pausa breve, o homem voltou-se para o garoto e concluiu, dizendo:

– Se você vir um boi no galho de uma árvore, cantando feito passarinho, aquilo, sim, é unção. A verdadeira realidade da Igreja é sobrenatural. Se tudo o que temos são passarinhos cantando nos telhados e bois pastando nos campos, então, não temos nada além do que o mundo tem. A verdadeira obra de Deus precisa ser sobrenatural, celestial e inusitada.

Estamos falando isso a propósito deste manual sobre a nossa estrutura de células em nossa igreja local. O nosso crescimento não vem porque temos uma boa estrutura e uma boa organização. Se a nossa obra se resume a uma boa estrutura organizacional, então, o que temos que o mundo não tem? O mundo possui estratégias de marketing, qualidade total, gerenciamento participativo e muitas outras coisas semelhantes às que possuímos e praticamos. Não podemos confiar na técnica e na mera organização. Ela é apenas uma roupa que colocamos e que podemos trocar de acordo com a necessidade. Crianças trocam de roupas ao crescerem e, como elas, as igrejas mudam de estrutura e organização, à medida que crescem também.

Se a comunhão que praticamos em nada difere da do Rotary ou do Lyons, o que estamos fazendo de mais? Se a nossa pregação não difere da oratória política ou das palestras acadêmicas, o que estamos ministrando de mais? A mensagem de Jesus foi muito clara: Ele não veio para revogar, veio para transcender. É aqui que reside a grande diferença: precisamos transcender às práticas comuns do mundo.

Transcender não é apenas fazer melhor; é fazer sobrenaturalmente. Não podemos atrair o mundo apenas com nossas canções, pois as pessoas do mundo têm músicas até melhor produzidas que as nossas. Não podemos atrair o mundo apenas com teatro, dramas e encenações, pois lá eles as fazem muito melhor do que nós. Nem podemos atrai-los com grupos pequenos, pois isso eles também possuem. Entretanto, existe algo que nem eles e nem ninguém pode fazer: um boi cantar em cima do telhado. Isso somente a unção pode fazer.

Sem o poder de Deus, entretemos os santos e nos iludimos com atividades. A Igreja não é terrena; a sua origem é celestial assim como o seu poder e a sua própria vida. Qualquer coisa que não for feita com base nesta força espiritual não traduzirá a realidade da Igreja; seja comunhão, pregação, aconselhamento, músicas ou as células.

Precisamos da unção do Senhor, pois ela subverte a nossa ordem e os nossos conceitos. Ela transcende o padrão do nosso trabalho. Nossa comunhão não pode ser comum, natural, mas, sim, do tipo com o qual o próprio Deus subsiste. Nossa pregação não pode ser uma palestra inteligente e intrigante, mas, sim, a voz do próprio Deus trovejando dos céus sobre a Terra. Nossa autoridade não pode se prender aos nossos títulos acadêmicos, nem ao volume de voz que usamos nas pregações, e

(2)

sim à autoridade do Espírito Santo. Não somos frutíferos porque temos técnicas, mas porque possuímos a unção. Não importa o quanto tentemos, só a unção poderá levar um boi a cantar como um pássaro em cima de um telhado.

Se a nossa ministração nas células reproduzir as técnicas e dinâmicas aplicadas na psicologia de grupos, estaremos perdendo o nosso tempo. Não somos uma empresa, somos Igreja do Senhor Jesus. Aprenda a técnica e a metodologia de nossa visão, mas lembre-se de que mais importante que os odres é a fonte real do crescimento, da vida, dos frutos e de tudo o mais: o vinho novo do Espírito.

Que o Senhor da glória, o Rei Jesus, derrame sobre você desta unção que faz o

inusitado e frutifica além do esperado. Esta unção é que torna a vida mais que um evento e

que faz dela uma expressão do celestial.

Tudo começa com a oração

A nossa oração é que, em algum momento, enquanto você estiver estudando este

manual, você receba uma revelação especial de Deus. Que você veja a Igreja pelos olhos de

Deus e seja conquistado por uma visão celestial: a edificação de uma igreja de vencedores.

Deixe-se contagiar por estes dois sonhos: multiplicar as células (uma vez por ano) e

conquistar a nossa geração para Cristo. Mas, antes de tudo, tire alguns minutos para escrever

o que você está sentindo. Use as linhas abaixo para escrever uma oração a Deus.

Uma Igreja de Vencedores

Nosso encargo é edificar uma igreja de vencedores, na qual

cada membro é um ministro e cada casa uma extensão da

igreja, conquistando, assim, a nossa geração para Cristo,

através de células que se multiplicam uma vez ao ano.

E

sse é o nosso slogan, a nossa declaração de propósito. A primeira parte dele diz que nosso encargo é edificar uma igreja de vencedores.

O que é ser uma igreja de vencedores?

É ser uma igreja que cumpre o propósito de Deus.

E qual é esse propósito?

Ter um grupo de pessoas à Sua imagem e semelhança. Deus deseja que o homem seja enchido com Ele mesmo como vida, a fim de expressá-Lo e que tenha o Seu domínio para representá-Lo na Terra.

O homem foi criado como um vaso para conter Deus dentro de si. Fomos feitos como uma luva para conter a Deus. A luva é imagem e semelhança da mão, mas a mão é a realidade da luva. Uma luva é criada conforme a semelhança da mão com o propósito de contê-la. Igualmente, o homem foi criado à imagem de Deus com o propósito de conter a Divindade.

(3)

Uma vez que o homem recebe a Pessoa de Deus como vida dentro de si mesmo, ele se torna um instrumento nas mãos de Deus. Para que o homem fosse usado como instrumento, Deus deu a ele a seguinte ordem:

Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. (Gn 1.28)

Crescer e multiplicar

A primeira ordem dada ao homem, na velha criação, foi para crescer e multiplicar-se. A mesma ordem nos é dada, hoje, na nova criação. Todos nós recebemos a ordem de crescer e

multiplicar (Mt 28.20; Mc 16.15). A diferença é que Adão se multiplicava como alma vivente; hoje, porém, nós nos multiplicamos pelo espírito de vida (1Co 15).

Uma igreja de vencedores, portanto, é aquela que cumpre o propósito original de Deus: crescimento e multiplicação. Não há como cumprir o propósito de Deus sem fecundidade e multiplicação; por isso, nossa visão exige a multiplicação de cada célula pelo menos uma vez por ano. Um líder vencedor é aquele que multiplica sua célula pelo menos uma vez por ano.

Sujeitar e dominar

Deus também disse para o homem dominar, ou seja, deu-lhe autoridade para exercer o domínio como se fosse o próprio Deus. Qualquer um que visse Adão saberia que ele representava Deus, pois, em tudo, era semelhante ao Criador.

Conserve em sua mente estas duas palavras: imagem e domínio. Porque temos a imagem, exercemos o domínio. Imagem é para expressar (o próprio Deus) e domínio é para exercer autoridade (de Deus).

Todos nós precisamos lidar com o inimigo sujeitando-o em todas as esferas de nossas vidas (Mt 16.19; Mt 18.18; Rm 16.20). Sujeitar o inimigo significa vencê-lo em todas as circunstâncias e não deixá-lo levar vantagem em nenhum momento.

Quando sujeitamos e exercemos domínio, dizemos que estamos cumprindo a visão de que cada crente é um ministro. O ministro sujeita e domina através da oração e da autoridade no nome de Jesus.

Assim, uma igreja de vencedores é aquela que cresce e se multiplica, mas que também exerce domínio, porque possui a imagem de Deus em seu caráter. Guarde o propósito duplo de Deus. Primeiro, Ele quer ter o homem à Sua imagem para exercer domínio, ou seja: ser um

ministro. Em segundo lugar, Deus deseja que esse homem se multiplique. Uma igreja de vencedores tem a visão de conquistar a sua geração.

Não apenas salvos, mas vencedores

O entendimento comum no meio evangélico é de que todo crente é um vencedor. De fato, isso é parcialmente verdadeiro.

Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. (Rm 8.37)

(4)

Na verdade, todo crente é legalmente um vencedor, por causa da vitória de Cristo. Mas, experimentalmente, muitos vivem como derrotados. Os crentes vencedores cumprem o propósito de Deus, enquanto os crentes derrotados ignoram e desprezam o encargo de Deus para esta geração.

Há uma diferença entre posição legal e posição experimental. Posição legal é aquilo que, por direito, é nosso. Legalmente, já somos mais que vencedores – Cristo já nos garantiu a vitória. Ele já pagou o preço da nossa Redenção, na cruz, e subjugou todos os principados e potestades. Ele venceu, e assim, porque estamos nEle, nós também somos vencedores. A posição dEle é a nossa posição também.

Entretanto, posição experimental é algo bem diferente. Tomar algo experimentalmente significa experimentar algo que já é verdade legalmente. Há muitos crentes que legalmente são herdeiros de uma grande fortuna, mas, experimentalmente, vivem numa miséria absoluta. Sendo filhos do Rei, vivem como se fossem escravos.

Em nossa igreja, adotamos este slogan: O nosso encargo é edificar uma igreja de

vencedores. Vencedores são aqueles crentes que já experimentam, na prática, aquilo que lhes

pertence legalmente. Uma coisa é ser salvo, outra coisa é ser vencedor.

Apesar de todo crente nascido de novo ser um vencedor legalmente, sabemos que essa não é a experiência de todos. Na verdade, existem muitos crentes que são derrotados.

Talvez, você não concorde com essa tese e me questione: Você está dizendo que um crente

derrotado é salvo? Entenda isto: a condição para alguém obter a salvação é uma, enquanto a

condição para o salvo tornar-se vencedor é outra. A salvação tem a ver com a vida eterna, que é um presente de Deus a todo aquele que crê; agora, tornar-se um vencedor é algo relacionado com o galardão e o reinado milenar com Cristo. A salvação é alcançada mediante a fé; a recompensa, pelas obras que praticarmos diante de Deus.

A salvação – ter a vida eterna – é uma coisa; enquanto o reino – ser vencedor – é outra. A recompensa é apenas para os vencedores. Você pode ter a vida eterna, você pode ter salvação e ainda assim viver como um derrotado. Essa é uma questão muito séria.

Poucos se importam com a questão da recompensa ou do galardão que receberemos diante de Deus. Ninguém se engane pensando que receberemos galardão porque aceitamos a Jesus. Galardão tem a ver com trabalho feito para Deus.

A grande recompensa dos crentes será reinar com Cristo durante o milênio, depois que Ele voltar. Mas deixe-me dizer-lhe algo: se você não está disposto nem mesmo a liderar uma célula, como poderá reinar com Cristo? Se não existe o desejo, o encargo, de multiplicar a sua célula uma vez por ano, não haverá galardão algum.

Numa igreja de vencedores, cada membro é um ministro e todos se dispõem a liderar uma célula multiplicando-a uma vez por ano. O sinal de que estamos atuando como uma igreja de vencedores é ver as células se multiplicarem.

Notas

Se você deseja compreender melhor a visão dos vencedores, leia: Nee, Watchman. O dano da segunda morte, Árvore da Vida, 1996.

Nee ,Watchman. The King and the kingdom of heaven, Christian Fellowship Publishers, 1978.

Nee, Watchman. Aids to Revelation, Christian Fellowship Publishers, 1978. Nee, Watchman. Interpreting Matthew, Christian Fellowship Publishers, 1978. Nee, Watchman. Coleção o Evangelho de Deus, Árvore da Vida, 1993. Nee, Watchman. A igreja Gloriosa, Árvore da Vida, 1991.

Nee, Watchman.

A ortodoxia da Igreja, Árvore da Vida, 1990.

Cada Membro Um Ministro

(5)

Nosso encargo é edificar uma igreja de vencedores, na qual

cada membro é um ministro e cada casa uma extensão da

igreja, conquistando, assim, a nossa geração através de células

que se multiplicam uma vez ao ano.

N

ossa visão é um encargo em nosso coração. Há uma diferença entre cargo e encargo. Cargo é a posição

que as pessoas assumem dentro de uma organização. Encargo é um desejo profundo no coração, compartilhado por aqueles que fazem parte de um mesmo organismo. O encargo procede de um desejo profundo no coração. Cargos são posições que geram status, encargos são sonhos do espírito. Quem trabalha por cargo precisa ser supervisionado o tempo todo, não tem motivação para criar nada e só faz o que mandam; quem tem encargo está disposto a dar a própria vida pelo

objetivo proposto.

Existem dois tipos de líderes que não queremos em nossa igreja: aqueles que não fazem o que se manda e aqueles que só fazem o que se manda¹. Os primeiros são ineficazes e os segundos

possuem apenas o cargo, mas não o encargo. O líder que recebeu o encargo não apenas faz o que se manda, mas vai além: ele cria, ele sonha e realiza além do que foi pedido. São homens que estão dispostos a verter sangue, suor e lágrimas, como dizia Winston Churchil.

O clericalismo

Existe um grande impedimento à visão de que cada crente seja um ministro: o clericalismo. O clericalismo é o sistema que surgiu dentro da igreja depois do quarto século e que estabeleceu que na Igreja há dois tipos de pessoas: os clérigos e os leigos. As especialmente dotadas e capacitadas são chamadas clérigos (São os sacerdotes, os reverendos, os doutores em divindades etc.) A outra classe, a dos ignorantes e incapazes, é de leigos. O sistema de clérigos e leigos é totalmente maligno e uma grande ameaça, pois ele anula completamente o conceito básico do sacerdócio universal dos crentes, ou seja, a verdade de que cada crente é um ministro.

Infelizmente, na maioria das igrejas, predomina o clericalismo, os membros não funcionam, tornaram-se letárgicos. O inimigo tem conseguido anestesiar os membros para que não funcionem. Em nossos dias, há dois tipos de clericalismo. No primeiro, os próprios clérigos se colocam acima dos leigos, afirmando que são eles os que sabem, os que conhecem e, portanto, são incontestáveis. Chegam mesmo a proibir os membros de pregar, ensinar ou fazer qualquer outra coisa. Nesse ambiente, a única função dos membros é ir à igreja e se assentarem nos bancos olhando para a frente a fim de ouvir o pregador.

Certo artista plástico foi convidado a pintar um quadro que fosse o retrato da Igreja. Surpreendentemente, ele pintou um monte de nádegas com dois olhos enormes por cima. Aquela tela, infelizmente, traduziu a realidade de muitas igrejas: um monte de nádegas com dois olhos esbugalhados. Os membros só sabem sentar-se e olhar para frente, nada mais.

O segundo tipo de clericalismo é conseqüência do primeiro. Nele, o povo está tão

acostumado à situação que contrata um pregador profissional – um funcionário do púlpito – e exige que ele faça a obra de Deus, enquanto os membros apenas dão o dinheiro. No primeiro caso, o clero

(6)

proíbe o povo de falar; no segundo, o povo se cala, deliberadamente, e contrata um profissional para expressar-se em seu lugar.

Cada crente é um ministro

Na maioria das igrejas, hoje, não há nenhum senso de Corpo de Cristo, ou estrutura na qual os membros possam estar envolvidos de maneira funcional. Por causa disso, a maioria, por decisão pessoal, escolhe sentar-se nos bancos do prédio da igreja, disposta a não se envolver. Ao contrário dessa concepção, na visão de células, não há como se omitir ou não se envolver! Estar na visão é estar comprometido!

Crentes que não se envolvem são crentes parasitas. Eles esperam ser mimados, ministrados e entretidos pela igreja. Em troca, são contabilizados na estatística e, eventualmente, dão uma oferta – ou algo parecido – para manter “o Sistema”. Esse tipo de crente faz parte dos 85% dos membros que são carregados e ministrados pelos outros 15%.

Não há, na igreja convencional, nenhum contexto no qual o crente possa ser treinado a produzir, ao invés de consumir. Já na igreja em células, seus membros têm oportunidade de desenvolver seus potenciais e se tornarem produtivos. Lamentavelmente, essa dinâmica não está sendo experimentada na maioria das igrejas cristãs hoje. Muitos de seus membros freqüentam, fortuitamente, apenas as reuniões dominicais e não se dispõem a envolver-se nos programas de atividades de suas igrejas. Conseqüentemente, transformam-se apenas em mais um dado estatístico do Relatório Anual de Atividades da Igreja “X”, no qual figuram no gráfico dos “esquentadores de bancos”, ou no dos “contribuintes do Sistema”, ou no dos “expectadores sem importância”.

O sistema de Jesus foi projetado para resultar em produtores, e não em consumidores, ou parasitas. Precisamos retomar, nesses dias, ao fundamento do sacerdócio universal do crente, a verdade de que cada um de nós é um ministro. (IPe 2.9)

Não existe em nossa igreja um departamento ou um programa de células. O nosso alvo é bem mais ambicioso. Nós queremos restaurar o modelo de Igreja do Novo Testamento, com um novo tipo de membro. Isso, na verdade, representa o restabelecimento do paradigma original da igreja, no qual o membro não é mais um mero consumidor espiritual (no shopping da igreja), mas um produtor útil e frutífero na família de Deus.

Muitos encaram a igreja como uma prestadora de serviços espirituais, na qual podem buscar, quando desejarem, uma ministração forte, uma palavra interessante, uma aula apropriada para seus filhos, um ambiente agradável, e assim por diante. Quando, por algum motivo, os serviços da igreja caem de qualidade, esses consumidores saem à procura de outro shopping espiritual mais eficiente. Membros assim não têm aliança com o Corpo.

Jesus nos chamou para fazer discípulos e não apenas convertidos!³ Por isso queremos ser um povo com uma vida cristã sólida, com a prática regular de oração e leitura da Palavra de Deus. Queremos ser um povo cujos lares são aquecidos pelo amor! Queremos ser uma comunidade que serve a Deus, com os dons, na família, na escola, no trabalho, na igreja etc. Em outras palavras, nós desejamos ser ministros.

Como é o crente que se torna um ministro?

Existe uma diferença entre ter a visão e a visão ter você. Ter uma visão não é algo difícil. Basta mudar nossa terminologia. Todavia, ser conquistado por uma visão é completamente diferente, pois implica numa mudança de mentalidade.

Quando um crente compreende que ele deve produzir, e não simplesmente consumir, uma verdadeira revolução acontece na sua postura em relação à igreja local.

(7)

Ele não se preocupa em saber o que a igreja pode lhe oferecer; antes, preocupa-se em saber como ele pode ser útil a ela.

Ele não responsabiliza o pastor ou algum líder pelo seu crescimento espiritual, porque sabe que pode e deve ter intimidade com Deus sem intermediário algum.

Ele encara suas próprias guerras e ainda tem disposição para dar apoio e socorro aos novos convertidos nas guerras deles.

Se tiver que se mudar para outra cidade, ele sabe que a igreja vai junto com ele. Ele sabe que mesmo distante do prédio, a igreja acontece onde ele estiver.

Alguém conquistado pela visão está consciente de seus dons e de que deve usá-los para a edificação dos outros membros. Esta visão, apesar de ser revolucionária, não é nova. Desde os tempos da Reforma Protestante já se falava em sacerdócio universal dos crentes. Estamos apenas retornando às origens e procurando viver segundo o padrão de Deus.

NOTAS

¹Citação atribuída a Henry Ford no livro “Pequeno manual de administração e negócios”. (United Press, 1998) ²Ralph Neighbour, Where do we go from here (Touch publications, 1990)

³Bill Beckham, Manual do ano da Transição (Ministério Igreja em células, 1995)

Cada Casa Uma Extensão

da Igreja

É algo realmente gratificante ver tantas pessoas funcionando

como membros do corpo vivo de Cristo. Temos o privilégio de

ver uma estrutura funcionando com liberdade, sem temores e

permitindo o desenvolvimento do pleno potencial de cada um.

E

m nossa igreja já não temos que convencer as pessoas a respeito de células, nós apenas as vivemos em nosso

dia-a-dia. Ainda temos sacerdotes profissionais (nada é perfeito!), mas cada crente tem funcionado como um sacerdote, um ministro.

Vejamos agora o terceiro aspecto de nossa visão: cada casa é uma extensão da igreja. O prédio onde nos reunimos não é o retrato de nossa igreja. Ela poderia ser vista melhor como um tabernáculo no deserto, perambulando de um lugar a outro, acontecendo simultaneamente por toda a cidade, nas casas.

(8)

Nas células, existe uma mobilização natural para ajudar os necessitados. Os mais velhos ensinam aos mais novos o que é ser crente. Os pastores treinam os novos líderes para o desempenho do serviço e todo o corpo se mobiliza para a festa da colheita de almas; afinal, cada célula visa se reproduzir e se multiplicar uma vez por ano. Falamos todos uma mesma linguagem e há uma unanimidade santa de propósito entre nós. Em nosso coração sentimos que estamos voltando para os primórdios da Igreja do primeiro século.

Nós somos uma igreja em células

Cada instituição é a cara do prédio onde se reune, mas a nossa igreja não existe em função do prédio onde nos reunimos. O prédio para nós é apenas um lugar de treinamento e celebração, a vida normal da igreja acontece em outros lugares, no nosso dia-a-dia.

Apesar de, no Velho Testamento, Deus ter habitado num templo, isso já não acontece no Novo Testamento. Hoje, nós somos o templo de Deus: Ele habita em nós. Assim, biblicamente falando, a Igreja do Novo Testamento possui um lugar de reunião, mas não possui templos.

Os templos são uma grande contradição do cristianismo. Na verdade, eles não existiam até o segundo século. Se você procurasse pela igreja no primeiro século você seria conduzido a um grupo de pessoas se reunindo numa casa. Não havia nenhum prédio especial. No entanto, aquele foi o tempo em que a Igreja mais cresceu em número e na vida espiritual.¹

Na verdade, esses são os dois objetivos básicos da igreja: crescimento em número e crescimento em fé e serviço. E os prédios não ajudam em nada a atingirmos isso. Não sou contra o uso de prédios como lugares para a reunião da Igreja. Creio que eles têm muitas lições a nos ensinar.

1. Prédios falam de imobilidade

O mover de Deus diz: Ide, mas nossos prédios nos dizem: Fiquem. O mover de Deus diz para buscarmos os perdidos, mas os prédios nos dizem: deixe que eles venham até nós.²

Uma igreja em células é um tabernáculo ambulante. É sempre móvel, é uma peregrina. Nossa identidade não está associada a prédios. Prédios possuem uma utilidade meramente funcional, e não existencial.

2. Prédios falam de inflexibilidade

Faça você mesmo um teste. Vá a uma igreja para a qual o prédio seja a própria identidade dessa comunidade. Avalie o grau de abertura para mudanças no meio deles. Pode ter certeza: o resultado é zero. O prédio determina o tipo de igreja que nele se reune. Tudo fica em função do espaço disponível. Mas a pior coisa a respeito da falta de flexibilidade é a estagnação. Entra ano e sai ano e aquela igreja é a mesma. Sabe por quê? Porque ela e o prédio se confundem. Os prédios mudam pouco, principalmente quando são caros e magníficos.

Na antiguidade, os judeus guardavam vinho em odres feitos de couro de ovelha. Esses odres precisavam ser untados, frequentemente, por fora para não se enrijecerem e se partirem perdendo-se todo o vinho. Assim, a maior necessidade de um bom odre era ser flexível. Isso era necessário por causa da fermentação do vinho que emite gases e força a estrutura do odre.

Essa ilustração é incrivelmente clara. Odres (estruturas) precisam ser flexíveis porque o vinho (Espírito Santo) é algo cheio de vida que produz movimentos e mudanças eventuais de volume. E uma boa maneira de torná-lo flexível é sempre mantê-lo cheio do óleo. Nós somos uma igreja flexível e aberta ao mover de Deus, justamente porque a nossa identidade está nas células.

(9)

Por si só os prédios são coisas impessoais. Apesar de, em alguns momentos, inspirarem o culto, transpiram formalidade e distanciamento. Podemos estar alegres e descontraídos, mas quando entramos num “templo”, somos atingidos por um espírito de impessoalidade. Nos tornamos

imediatamente frios, distantes e formais.

Esse tipo de problema não existe quando a vida da igreja extrapola os limites do prédio, através das células. Elas definem tanto a nossa liturgia quanto a nossa maneira de existir como igreja.

4. Prédios nos falam de orgulho

Uma das motivações da construção da Torre de Babel foi a perpetuação do nome dos seus construtores. Eles queriam tornar-se célebres e famosos (Gn 11.4). Se, por um lado, os grupos estão à procura de ostentação e glória e se preocupam muito com prédios; por outro, as células não ostentam coisa alguma e estão em todo lugar: nas casas, nas escolas, nas empresas. Não temos em que nos gloriar, a não ser no poder de Deus.

Ao usar a analogia do templo, não estamos dizendo que somos contra os prédios, cremos mesmo que eles são inevitáveis. Mas, cuidado! Quando a identidade de uma igreja está ligada ao prédio, então, a vida já se foi; o que resta é uma instituição morta.

Acabou-se o tempo em que a vida da igreja era algo que acontecia aos domingos, nos templos. Numa igreja de vencedores, ser cristão é um estilo de vida que praticamos em nosso dia-a-dia. A igreja acontece em todo lugar: nas ruas, nos colégios, nos supermercados, nos shoppings e, acima de tudo, nas casas.

Numa igreja de vencedores, não recrutamos membros, fazemos discípulos. Membros

de igreja não podem alcançar muito para Deus, discípulos, porém, conquistam nações. Se a

visão entrar em você, onde você for a igreja irá junto. Se você se mudar para outra cidade, a

igreja irá junto com você. Você não vai à igreja, mas carrega a igreja aonde você for.

Conquistando A Nossa Geração

Nosso encargo é ganhar a nossa geração para Cristo através

de uma igreja de vencedores. E uma igreja de vencedores é

aquela em que cada um é um ministro e faz de sua casa uma

extensão da igreja.

A

través das células edificamos uma igreja de vencedores e ganhamos a nossa geração. O alvo é edificar uma

igreja de vencedores; o meio são a células. Todo líder cristão sonha em encher sua igreja

com milhares de vidas. Nós sabemos que as células têm suprido essa ânsia em muitas igrejas. Elas são uma base sólida para a manifestação dos dons, para o surgimento de líderes, para o

(10)

de ver a nossa cidade completamente tomada por grupos que expressam a Cristo em vida, amor e santidade.

Os grupos são uma possibilidade real de crescimento exponencial. Considere a seguinte possibilidade: se uma igreja tem a maioria de seus membros em células, nas quais se reúnem cinco pessoas, e se cada célula ganhar apenas uma única pessoa ao ano, o número de membros dessa igreja poderia dobrar a cada cinco anos. E uma única alma por ano para cada célula é um alvo muito pessimista.

Mas suponha ainda que apenas 40% das células de uma igreja se multiplicassem a cada ano. Crescer 40% ao ano significa que cada grupo de 10 pessoas ganhará apenas quatro em um ano inteiro, ou seja, uma pessoa a cada três meses. Mas, mesmo com um crescimento de apenas 40% ao ano, uma igreja poderia dobrar a cada dois anos. Assim, uma igreja de 200 membros terá, no final de dez anos, 5.785 membros. O crescimento da Igreja deixou de ser uma possibilidade remota e tornou-se um alvo real e concreto.¹

Todavia, cremos que é possível uma célula se multiplicar uma vez por ano. Este é o nosso desafio e a nossa visão. E convidamos você a abraçá-la. Nossa geração, nossa cidade, nossa nação podem ser alcançadas para Cristo. Para isso basta que multipliquemos nossas células uma vez a cada ano.

Nós podemos transformar nosso país num exército de líderes de células, os quais, como você, abraçarão a visão de multiplicar as suas células anualmente. É possível fazer isso porque podemos todas as coisas naquele que nos fortalece. Queremos fazer isso, e você? Pense nisso!

Uma célula, normalmente, começa com seis ou sete pessoas. Para duplicá-la em um ano sua tarefa será levar esse grupo de seis ou sete pessoas a ganhar uma pessoa a cada dois meses

aproximadamente. Isso não parece ser um alvo tão difícil. Você pode fazê-lo! Centenas de outros líderes têm feito isso todos os anos em nossa igreja.

Nós somos uma igreja em células

Para nós, as células são a nossa maneira de sermos igreja. Não ficamos preocupados em fazer coisas diferentes ou termos programações variadas em nossa igreja. O que fazemos é concentrar-nos num único objetivo: levar cada célula a se multiplicar ano após ano.

A nossa igreja acontece nas células. Ensino, cuidado mútuo, compartilhamento, amor, encorajamento, dons, serviço, tudo acontece nas células e através delas. Até algum tempo atrás, isso era um sonho, mas hoje já é uma realidade.

Nós podemos ter uma série de outros programas suplementares: programas de televisão, rádio, revista e ministérios sociais. Entretanto, é no trabalho das células que está o fundamento do crescimento constante e consistente.

Venha caminhar entre vencedores. Queremos contagiar você com esse sonho de alcançar a nossa geração para Cristo. Este pequeno manual visa dar a você as primeiras direções de como conduzir uma célula e levá-la a se multiplicar uma vez por ano. Nós podemos alcançar a nossa nação com líderes de células que multiplicam-nas uma vez por ano. Não estamos convidando você para nos ajudar em um trabalho, estamos compartilhando com você o nosso sonho. Venha sonhar conosco!

Se cada crente for um ministro e cada casa for uma extensão da igreja, seremos uma igreja de vencedores e, conseqüentemente, conquistaremos a nossa geração para o Senhor! O propósito de Deus somente pode ser atingido pela multiplicação, pela fecundidade, pela frutificação, pelo crescimento e pela expansão. As células são apenas um meio. O fim é a edificação e a expansão do Corpo de Cristo nesta geração!

(11)

O desafio é claro: cada líder deve multiplicar a sua célula uma vez por ano. Esse é um

ponto muito importante dentro da nossa visão e por isso nunca será demais enfatizá-lo. Nós

podemos conquistar a nossa nação nessa geração se tivermos líderes dispostos a multiplicar a

sua célula uma vez por ano.

Por que Células?

Em nossa igreja, as células não são apenas uma estratégia que

escolhemos, dentre as muitas disponíveis. Elas fazem parte de

uma visão de como a Igreja deveria ser.

O

nosso objetivo não é simplesmente levar a nossa igreja a crescer numericamente; nós desejamos estar, de fato, trabalhando na edificação da Igreja como a noiva de Cristo.

Não consideramos as células uma doutrina, mas cremos que elas estabelecem uma visão e definem o nosso modelo de igreja. Por essa razão, somos tão radicais na visão de células. Em nossa igreja, as células não são mais um dentre os muitos departamentos em atividade; elas são a própria vida da igreja. Um membro que se recusa a participar de uma célula está se excluindo da vida do Corpo.

Não somos uma igreja em células por modismo, mas por convicções claras e firmes. Vamos enumerar algumas razões por que somos uma igreja em células.

1. A igreja deve crescer e se multiplicar

Assim como as células biológicas se juntam para formar o corpo humano, as células da igreja se juntam para formar o Corpo de Cristo. Do mesmo modo como o corpo humano cresce e se desenvolve através do processo de multiplicação celular (cada uma delas, ao atingir a maturidade, se divide em outras duas), a Igreja também cresce através da multiplicação de células sadias.

2. Ser uma comunidade terapêutica e transformadora

Esta é a vocação da Igreja: ser um lugar onde há vida, libertação, cura e aconchego. Queremos ser um povo que conhece e vive plenamente a Verdade. Queremos ser uma comunidade carismática e missionária, que cresce na vida interior e se expande para o exterior, para ganhar a nossa cidade, o nosso país e a nossa geração! As células são a nossa estratégia.

3. O crente cresce saudável se ouvir e falar

Todos nós necessitamos de uma dieta espiritual equilibrada, que envolve ouvir e falar. Em Romanos 10.17, vemos que a fé vem pelo ouvir a Palavra. Por um lado, quando participamos da reunião de celebração, o alvo é recebermos fé pelo ouvir. Mas por outro, se quisermos crescer, precisamos também compartilhar o que ouvimos. É pelo falar que somos cheios do Espírito; é pelo falar que geramos, liberamos e ministramos vida! Nas reuniões de celebração, ouvimos para receber fé; e, nas reuniões da célula, falamos para crescer em fé!

(12)

4. A Igreja é um edifício, não um monte de pedras

Para muitos, hoje, no meio evangélico, a Igreja não passa de um prédio feito de concreto. Chegam mesmo a reverenciar o lugar e cometem a heresia de chamá-lo “Casa de Deus”. Eles dizem que estão indo à igreja se referindo ao edifício. Este é um conceito completamente equivocado, pois a Igreja somos nós – as pedras vivas (1Pe 2.5) que, após sermos edificados mutuamente, somos constituídos habitação de Deus, no Espírito (Ef 2.20-22).

A Igreja, indiscutivelmente, não é o prédio onde nos reunimos. No entanto, ainda assim, é um edifício, ou seja, um edifício espiritual feito de pedras vivas. A palavra de Deus nos diz que a Igreja é uma construção e, como tal, requer uma planta, um alicerce e materiais adequados para a sua edificação.

Toda Igreja local deve ser um edifício. Todavia, um grupo de crentes pode se reunir aos domingos e, ainda assim, não ser um edifício. Para isso, as pedras devem estar edificadas

mutuamente e ligadas pela argamassa do Espírito. Pedras isoladas e amontoadas aos domingos não constituem um edifício. Assim como um depósito de tijolos não é uma construção.

Você percebe a diferença entre um edifício e um depósito de material de construção? Tudo que está no edifício também está no depósito, mas com um única diferença: no edifício, os materiais estão edificados dentro de um projeto e de uma visão.

Desejamos ser uma grande igreja na qual os vínculos entre os irmãos sejam preservados. Mas a única chance de atingirmos esse alvo é edificando a igreja nas reuniões menores, ou seja, nas células. Numa igreja (estruturada em departamentos) em que se reúnem mais de duzentas pessoas, torna-se difícil a manutenção de vínculos satisfatórios. Já na igreja estruturada em células, esse problema não existe.

5. A Igreja deve ser um Corpo (Ef 4.15,16, 1Co 12.12-27)

Para ser um corpo, pelo menos duas condições são necessárias: os membros precisam estar ligados e também precisam estar funcionando. Vejamos primeiro a questão de se estar vinculado.

Se pegarmos pernas, braços, cabeça e tronco, e os ajuntarmos, teremos um amontoado de membros. Ter um amontoado de membros em nossas reuniões não faz de nós um corpo! Para ser um corpo, os membros precisam estar vinculados - ligados uns aos outros - para que o sangue da vida de Deus circule entre eles. Nós somos uma igreja em células porque desejamos ser um organismo vivo, e não uma mera organização!

Vamos fazer uma breve comparação entre um organismo e uma organização.

No organismo, os membros estão vinculados; na organização, estão associados.

No organismo, os membros têm funções; na organização, têm cargos.

(13)

Na organização, trabalhamos por responsabilidade ou recompensa; no organismo, temos encargos no coração.

Na organização, a autoridade é pelo cargo; no organismo, a autoridade vem pela vida e pelo reconhecimento.

A organização é algo morto e o organismo é essencialmente vivo.

Mas o corpo não é apenas uma questão de ter membros vinculados. É também necessário que os membros funcionem e exerçam seus dons.

Nas igrejas convencionais, as pessoas somente podem exercer seus dons nos cultos. Por isso não vemos ali o corpo funcionando. Se fôssemos dar oportunidade para cada membro participar do culto de domingo, precisaríamos de uma eternidade para que todos exercitassem os seus dons. É uma situação impossível. Todavia, a Palavra de Deus nos mostra o padrão bíblico de reunião e, nesse padrão, todos devem participar.

Que fazer irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação aquele outro língua, e ainda outro interpretação. Tudo seja feito para edificação. (1Co 14.26)

Não podemos simplesmente dizer que não é mais possível praticarmos, nas reuniões da igreja, o padrão da Palavra de Deus.² Cremos que o padrão de Coríntios deve ser aplicado. Esse é o segredo da edificação da igreja e do seu crescimento. Mas, evidentemente, esse padrão somente pode ser atingido nas reuniões da célula. É preciso enfatizar que a reunião da célula é tão importante quanto as reuniões gerais de celebração. Um crente que deixa de participar da célula está

comprometendo o seu próprio crescimento espiritual, do mesmo modo que aquele que deixa de participar da reunião geral de celebração está se privando do alimento da fé. Nós precisamos desses dois tipos de reuniões para crescermos apropriadamente.

Os dons são um grande instrumento para a edificação e o crescimento da Igreja. Quando há profecia, fé, milagres, curas, palavras de sabedoria e de conhecimento, os incrédulos são impactados e os crentes, renovados na sua fé. A célula é o lugar mais apropriado para a manifestação dos dons do Espírito disponíveis a todo membro do corpo.

6. A igreja precisa ser uma grande família

De um modo geral, as pessoas estão carentes de amor e aceitação. Por isso, precisamos ser a resposta de Deus para os seus anseios! A igreja precisa ser uma grande família. A sociedade está

(14)

cheia de pessoas feridas e desajustadas emocionalmente, as quais somente serão alcançadas através de um ambiente de amor e aceitação familiar. É justamente esta a visão que temos para as células de nossa igreja: que cada célula seja um grupo familiar no qual as pessoas sejam aceitas e amadas.

Na mente de todo homem, o lar é o ponto de convergência - o lugar de aceitação e de expressão incondicionais, o lugar de acolhimento e aconchego.³ A Igreja, dentre tantas ilustrações bíblicas, é um lar, que deve ter todas essas expressões de vida e amor. É por isso que somos uma igreja em células, porque desejamos ser um lugar de acolhimento e amor.

7. Não há maneira melhor de se fazer discípulos

O plano de Deus para formar discípulos espiritualmente maduros envolve colocá-los dentro de um contexto de grupos pequenos, ou seja, células. Ninguém jamais escalou o monte Everest sozinho, mas, a cada ano, pequenas equipes o fazem, atingindo as maiores alturas!4

8. Queremos ganhar a nossa geração

As células são uma estratégia leve, ágil e feroz, diz Ralph Neighbour.5 O inimigo pode até

resistir a grandes líderes e ministérios, mas como ele poderá resistir a todo o Corpo de Cristo, funcionando em milhares e milhares de células? As portas do Inferno não poderão nos resistir!

9. Nós cremos na restauração da Igreja

O clericalismo e o templismo são impedimentos sérios para o cumprimento do plano de Deus. Ministros profissionais e templos fechados não podem produzir a Igreja do Novo Testamento. As células são um manifesto de restauração – o retorno às origens, em que cada membro é um ministro e cada casa uma extensão da igreja.

Notas

¹Larry Stockstill, A igreja em Células, Editora Betânia, 2000.

²Ralph Neighbour, Where do we go from here, Touch publications, 1990. ³Apostila do Ano da Transição, Ministério Igreja em células, 1995.

4Josh Hunt, You can doble your class in two years or less, Group, 1997.

5

Ralph Neighbour, citado no Manual do ano da Transição (Ministério Igreja em células,

1995).

As Células Estão na Bíblia

No Velho testamento, o povo se encontrava com Deus no

Tabernáculo de Moisés e, depois, no templo de Salomão. Ali

era o lugar onde Deus morava. Se alguém quisesse buscar a

Deus, deveria ir até aquele lugar.

(15)

H

avia um lugar designado para servir a Deus e as ofertas deveriam ser entregues ali. Hoje, no tempo

da Nova Aliança, Deus já não habita em lugares feitos por homens. Nós somos a habitação de Deus. Cada um individualmente é habitação de Deus e, como igreja, somos individualmente pedras, e estamos sendo edificados mutuamente para a habitação plena de Deus, no Espírito.

Em 1 Coríntios 3.16, Paulo nos adverte:

Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?

E outra vez, em 1 Coríntios 6.19, ele repete a pergunta:

Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?

E ainda, no verso 17, ele mesmo nos dá a resposta:

Aquele que se une ao Senhor é um só espírito com Ele.

Individualmente somos habitação de Deus e, como Igreja, estamos sendo edificados casa de Deus, como diz em Efésios 2.20-22:

... edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo edifício bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.

Também, em 1 Pedro 2.5, entendemos que a verdadeira casa espiritual somos nós:

...também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.

Durante os três primeiros séculos, a igreja não tinha templos. E foi nesse período que ela experimentou o maior crescimento de sua história. Os irmãos se reuniam basicamente nos lares e usavam lugares neutros como sinagogas e anfiteatros apenas para evangelizar. A igreja era uma igreja nos lares.

Em Atos 2.46, Lucas diz que

diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa, e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração...

(16)

pois

todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar a Jesus, o Cristo.

Depois de saírem da prisão, Paulo e Silas se dirigiram para a casa de Lídia, que era o lugar onde os irmãos se reuniam.

Tendo-se retirado do cárcere, dirigiram-se para a casa de Lídia e, vendo os irmãos, os confortaram (At 16.40)

Falando aos presbíteros de Éfeso, Paulo os exorta dizendo que ele próprio jamais havia deixado de anunciar coisa alguma proveitosa, de ensinar publicamente e também de casa em casa (At 20.20).

Em Romanos 16.5 e em 1 Coríntios 16.19, Paulo faz uma saudação à igreja que se reúne na casa de Áquila e Priscila:

No Senhor muito vos saúdam Áquila e Priscila e, bem assim, a igreja que está na casa deles.

Ao que tudo indica não era uma reunião temporária, mas uma prática normal da igreja. Em Colossenses 4.15, Paulo saúda os irmãos de Laodicéia, à Ninfa e à igreja que ela hospedava em sua casa.

E, finalmente, em Filemon 1.2, ficamos sabendo de uma igreja que se reunia na casa de um certo irmão Arquipo:

...e à irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que está em sua casa.

No Velho Testamento, quando Moisés se sentiu cansado, por causa do peso do trabalho, a orientação dada por Deus nos faz lembrar das células. Todo o povo deveria ser dividido em grupos de mil, de cem, de cinqüenta e de dez pessoas. Cada grupo com o seu líder (Êx 18.1-27). Foi uma estratégia dada diretamente por Deus. É impossível um único líder cuidar de centenas de pessoas.

Jesus priorizou um grupo pequeno de pessoas no seu ministério. E, apesar de ter gasto um tempo considerável ensinando nas sinagogas e ao ar livre, Jesus parece dar especial atenção a grupos pequenos. Ele separou setenta e os enviou de dois em dois (Lc 10.1), e também nas inúmeras vezes em que ministrou em casas. (Mc 1.29-34; 2.15; 3.20-34; 7.17; 9.28; Mt 10.12-14; Lc 10.5-7)

Quando olhamos para a história da Igreja, notamos que a igreja nas casas tem sido a forma de expressão comum da Igreja Cristã.

Quando Constantino se tornou cristão, houve uma grande mudança da adoração subterrânea nas catacumbas e das igrejas nas casas para as catedrais. A igreja nas casas, que tinha sido o

símbolo de comunidade e espiritualidade, desapareceu da estrutura da Igreja. No entanto, parte do movimento monástico e alguns grupos sectários continuaram com a igreja nas casas como uma atividade paralela.

Na época da Reforma Protestante, a corrente principal da reforma continuou atada às catedrais, mas os anabatistas, que não tinham prédios de igrejas, se reuniam em casas para adoração e crescimento espiritual. Os pietistas se tornaram a expressão mais marcante da igreja nas casas, logo após a Reforma.

(17)

Dois séculos depois, encontramos um importante personagem da história da igreja: João Wesley. Ele foi profundamente influenciado pelos morávios. Ele criou os chamados clubes de santidade. Esses clubes de santidade se tornaram a base para o avivamento Wesleyano. Eles funcionavam basicamente como as células de hoje e se espalharam por todo o mundo.

As igrejas que mais crescem hoje no mundo são as igrejas em células. Isso acontece pela ação poderosa do Espírito Santo, o qual está restaurando a noiva de Cristo, para a glória do “primeiro século.1

Notas

¹Vários, Manual do auxiliar de célula (Ministério Igreja em células, 1995).

Igreja em Células

ou

Igreja com Células?

As células não são um ministério novo dentro da igreja, elas

são a igreja funcionando. Não há um ministério de células, há

ministérios nas células.

A

s células são uma maneira de nos organizarmos e de sermos expressivos e eficientes dentro da visão que

Deus nos deu. As células são a nossa maneira de sermos igreja.

Nós somos uma igreja em células. Uma igreja em células é aquela na qual existe um equilíbrio entre as células e as reuniões de celebração. Os grupos não são opcionais e nem tampouco um ministério. Nessas igrejas, os líderes-chave são os líderes das células e todo o

processo de liderança é integrado e descentralizado, para que os líderes de grupo tenham autonomia para apascentar. Ali, os ministérios fluem através das células e acaba a distinção entre clérigos e leigos, sendo os grupos, normalmente, homogêneos.¹

Na igreja em células há um equilíbrio entre as reuniões da célula e as reuniões de

celebração. Bill Beckham define uma igreja em células como uma igreja de duas asas, onde uma asa é a célula, e a outra, a celebração de domingo. Se as duas asas estão equilibradas, a igreja poderá voar para posições mais altas. Não podemos admitir que os irmãos participem apenas de uma das reuniões, precisamos das duas.²

(18)

São reuniões semanais nas quais todas as células se reúnem para adoração e treinamento. Essas reuniões acontecem a cada domingo, no prédio da igreja. Elas são muito importantes e nenhum membro deveria faltar a elas.

Diferenças entre a celebração e a célula

Na celebração, ouvimos para gerar fé; na célula, falamos para crescer em fé.

Na celebração, fazemos oração de guerra em nível estratégico; na célula, fazemos oração de guerra em nível pessoal.

Na celebração, buscamos libertação; na célula, mantemos a libertação.

Na celebração, o alvo é treinamento; na célula, o alvo é discipulado.

Na celebração, o alvo é ministrar a Palavra; na célula, o alvo é praticar e compartilhar a Palavra.

Na celebração, aprende-se com o pregador; na célula, aprende-se uns com os outros.

Na celebração, temos testemunho e evangelismo de massa; na célula, temos testemunho e evangelismo pessoal.

Durante muitos séculos, a Igreja tem ignorado as reuniões pequenas e tem enfatizado somente as reuniões gerais de celebração. A igreja se tornou uma igreja de uma única asa: tornou-se desequilibrada e incapaz de voar apropriadamente. Veja o que mudou na igreja quando ela trocou os grupos pequenos pelo grande:

A Ceia do Senhor transformou-se em um mero ritual.

O estilo de liderança tornou-se profissional.

O discipulado virou treinamento.

A oferta virou um negócio com Deus.

O testemunho tornou-se uma venda.

Deixou-se de participar do culto para assistir ao culto.

O uso dos dons mudou da edificação para o impressionismo.

O membro tornou-se um simples consumidor.

O crescimento mudou da multiplicação para a adição.

Os edifícios mudaram de funcionais para sagrados.

(19)

Nós somos uma igreja em células. Trabalhamos para ver as células em pleno

funcionamento. Para tanto, demonstramos aos membros que as células são a prioridade de diversas formas:

Os líderes de célula são honrados e reconhecidos publicamente e recebem tratamento especial;

A preparação para o batismo é feita na célula;

O batismo é feito pelos pastores junto com os líderes de célula;

Ninguém se batiza sem que esteja numa célula;

Para participar de um ministério de apoio (como o louvor, por exemplo), o membro precisa ter a recomendação do líder de sua célula;

Ministramos a ceia e coletamos ofertas na célula;

Uma pessoa somente pode receber ajuda da assistência social por recomendação do líder de célula;

Nunca permitimos que as programações especiais da igreja atrapalhem as reuniões da célula ou que elas sejam canceladas.

Estas medidas práticas trazem seriedade às células e estimulam a participação da igreja. Na prática, toda a estrutura de funcionamento da igreja tem como base a célula.

Notas

¹O ano da Transição (Ministério Igreja em células, 1995). Esse conceito de igrejas em células e igrejas com células foi desenvolvido por Ralph Neighbour.

²O ano da Transição (Ministério Igreja em células, 1995). O conceito de igreja de duas asas foi concebido por Bill Beckham.

O Que É Uma Célula?

Uma célula é um grupo constituído de cinco a quinze pessoas,

que reúnem-se, semanalmente, para aprenderem como

tornar-se uma família, adorar o Senhor, edificar a vida espiritual uns

dos outros, orar uns pelos outros e levar pessoas ao Evangelho.

(20)

C

ada célula deve ter no mínimo cinco pessoas e não deverá ultrapassar o limite de quinze. Os grupos de

Moisés eram constituídos de 10 (Êx 18.21) e Jesus liderou doze. Quinze pessoas é o número ideal de membros para uma célula. Quando atingir esse limite, a célula deve se multiplicar.

1. Onde a célula se reúne?

Apesar de preferirmos residências, uma célula pode se reunir também em empresas (na hora do almoço), em escolas, em salões de festas (de condomínios) e em qualquer lugar onde haja o mínimo de silêncio e privacidade. Só não recomendamos reuniões em bares ou lugares semelhantes. Quando a célula não se reune em uma casa, não haverá a figura do anfitrião. Contudo, a maioria das nossas células acontecem em residências.

2. Por que a célula não deve ter mais de quinze pessoas?

Não há tempo suficiente numa reunião para mais de quinze pessoas receberem ministração e compartilharem no grupo. É muito difícil para um líder, mesmo com um líder em treinamento, apascentar mais de quinze pessoas. Também, as casas, normalmente, não comportam mais do que quinze pessoas numa sala, para uma reunião.

A razão para se limitar o número de pessoas numa reunião de células tem muito a ver com as “linhas de comunicação”. Ralph Neighbour enfatiza essa questão com muita clareza: Quando

duas pessoas se encontram, existem duas linhas de comunicação. Quando três estão reunidas, existem seis. Se há quatro pessoas reunidas, então temos doze. Se há cinco, o número sobe para vinte, e quando chega a dez, já são noventa linhas de comunicação. Quinze pessoas reunidas resultam em 210 linhas de comunicação, ou seja, a comunicação já não é apropriada.

3. Cuidado! Isso pode não ser uma célula!

Existem alguns tipos de grupos que não são células. Assim, precisamos também saber o que não é uma célula.²

a. Grupo de oração

Normalmente esse tipo de grupo é composto de pessoas que têm a seguinte atitude: O que

esse grupo pode fazer por mim?

b. Grupo de estudo bíblico

O problema deste tipo de grupo é que ele não estimula o compartilhar de necessidades e nem a verdadeira comunhão; pelo contrário, tende a se tornar um grupo restrito e fechado, no qual o incrédulo não é bem-vindo.

c. Grupo de discipulado

(21)

d. Grupo de cura interior

É um tipo de grupo que usa técnicas da psicologia para buscar cura para os seus traumas emocionais. Todos eles são estéreis, melancólicos e introspectivos.

e. Grupo de apoio

Grupos assim são semelhantes aos Alcoólicos Anônimos: as pessoas se reúnem para falar de seus problemas, dia após dia, semana após semana.

f. Ponto de pregação

Grupos assim têm como deficiência básica o fato de não compartilharem a realidade da vida do Corpo. As pessoas vêm e vão e o grupo é só um ajuntamento.

g. Qualquer grupo com as seguintes características:

Grupo fechado, criado só para as pessoas de um departamento da igreja.

Qualquer grupo que não tenha a multiplicação como objetivo.

Qualquer grupo que não se submeta à liderança geral das células.

Qualquer grupo que seja apenas uma reunião social.

Cuidado! Não se engane! Esses grupos acima não são células!

4. Como é uma célula?

A célula não é um grupo de oração, ainda que a oração seja um dos seus ingredientes básicos. Não é um grupo de discipulado, ainda que o discipulado aconteça espontaneamente. Não é um grupo de estudo bíblico, ainda que a edificação seja forte nas reuniões. Não é um grupo de cura

(22)

interior, ainda que seja um ambiente de restauração. Não é um ponto de pregação, ainda que o objetivo básico de cada célula seja a multiplicação. A célula é um pouco de cada um desses grupos.

A célula da igreja pode ser comparada a uma célula do nosso corpo. A célula não é o corpo todo, mas traz dentro de si todas as informações necessárias para gerar um corpo inteiro. Isto é o que nós chamamos de informação genética.

Nesse contexto, célula é simplesmente uma miniatura da igreja reunindo-se nas casas. Não existe algo como um ministério de células, as células são o ambiente em que os ministérios fluem.

A célula é muito maior que a sua reunião. Se a célula só existe no dia da reunião, então não é uma célula, mas apenas um culto doméstico. A célula acontece a semana toda: no supermercado, no shopping, na caminhada, no lazer, nas casas. Sempre que os irmãos se encontram, a célula acontece. A primeira característica da célula é ser comunidade, e não o fato de existir como uma reunião.

a. A célula não é um lugar onde, a cada semana, comparece um grupo diferente de pessoas

Apesar da reunião de célula não ter como objetivo o evangelismo, o visitante será sempre bem-vindo. Na verdade, a célula visa à multiplicação, enquanto a reunião, propriamente dita, está voltada para edificação.

Ainda que a reunião não seja evangelística, todo o projeto final da célula visa à multiplicação. Crentes realmente edificados na Palavra são crentes frutíferos. E o ambiente adequado para se frutificar é no círculo familiar, na escola, no trabalho. A reunião funciona como um lugar de treinamento e motivação, para que cada um possa enfrentar, com ousadia, a guerra lá fora.

b. Nossas células possuem endereço e dia certos de reunião

Existem igrejas em que a reunião da célula é feita, a cada semana, na casa de um dos membros da célula. A nossa experiência, porém, tem demonstrado que um lugar de reunião definido produz um senso de identidade, constância e segurança no grupo.

c. A célula se reúne regularmente

A chave para a comunhão é a constância, a regularidade. Não basta ter um lugar de reunião, é preciso que a célula se reúna numa base regular, semanalmente. Nenhum relacionamento sólido e gratificante pode ser construído sem convivência. É a convivência que vai produzir vínculos de amor, de amizade e de aceitação.

d. A célula é homogênea

Quando participamos de um grupo que possui as mesmas características gerais peculiares às nossas, nos sentimos muito mais à vontade para compartilhar. Em nossa igreja, as células são padronizadas por faixa etária e não por sexo. Assim, temos redes de células de crianças, adolescentes, jovens e casais (mas temos também algumas células mistas).

Notas

¹Vários, Manual do líder de célula (Ministério Igreja em células, 1995). Esse conceito de linhas de comunicação foi desenvolvido por Ralph Neighbour.

²Silva, Aluizio A., Manual de Visão e Prática de Células, Editora Videira, 1998.

Os Objetivos das Células

(23)

Uma célula é mais do que uma reunião semanal. A reunião é o

encontro dos membros da célula que acontece a semana toda.

Não queremos apenas ter cultos nos lares, nós queremos

edificar células.

A

diferença entre estas duas coisas é muito grande. Um culto doméstico é uma reunião realizada numa

casa, na qual os presentes não estão necessariamente vinculados e, às vezes, nem mesmo se conhecem. A célula, por outro lado, é mais que uma reunião; é um grupo de irmãos que estão ligados e vinculados entre si. Esses irmãos buscam, ao mesmo tempo, uma vida de comunidade e almejam multiplicar-se pelo menos uma vez por ano. A célula é maior que a sua reunião e vai muito além dela.

Resumimos os objetivos da célula em quatro pontos:

Comunhão. Visa ao desenvolvimento de uma vida compartilhada, alvos comuns e aliança

mútua entre todos os membros.

Ensino. A célula oferece o ambiente para crescimento espiritual, aprendizado prático e

disciplina em amor.

Multiplicação. A célula é o ambiente no qual inserimos novos membros na igreja. É nela

que alimentamos, guardamos e suprimos os novos irmãos.

Serviço. Na célula, cada membro é um ministro. Ali, os membros exercitam os seus dons

para o serviço mútuo.

A seguir, apresentaremos, em detalhes, cada um desses objetivos.

1. Comunhão

A igreja é um corpo vivo. Nela, através das células, os vínculos de comunhão do Corpo são edificados. Esses vínculos são importantes, pois eles propiciam a circulação de vida. A Palavra de Deus diz que o sangue é vida, é um símbolo perfeito da vida do próprio Deus. Aquilo que o sangue faz em nosso corpo físico, a vida de Deus faz na Igreja – o Corpo de Cristo. O sangue realiza, pelo menos, cinco funções no corpo:

retira as impurezas;

mata os germes;

alimenta as células;

traz energia;

mantém a temperatura.

a. A comunhão retira as impurezas

Em primeiro lugar, o sangue tem o poder de retirar as impurezas do nosso organismo. Do mesmo modo, a vida de Deus, circulando entre os membros do corpo, expele todo tipo de impureza na vida dos membros. Quanto mais a vida de Deus fluir em uma célula, maior será a expressão de santidade pessoal.

A vida de Deus se manifesta plenamente nos relacionamentos. Quando estamos conectados uns aos outros, em vínculos de amor e comunhão, a vida, espontaneamente, elimina as impurezas do pecado. Se tudo na igreja se resume em fazer coisas, então nos tornamos uma organização morta.

(24)

Uma organização morta é apenas uma instituição, um monumento. Mas um corpo acontecerá quando formos membros uns dos outros e, ajudados e consolidados pelo auxílio de toda junta, efetuarmos o nosso próprio crescimento pela vida de Cristo (Rm 12.5; Ef 4.16)

b. A comunhão mata os germes

Um dos componentes do sangue são os leucócitos, ou glóbulos brancos, cuja função é promover a defesa imunitária do organismo celular. Em outras palavras, eles são os agentes de defesa do corpo humano. Eles têm a propriedade de atacar e destruir os germes invasores do organismo. Semelhantemente, a vida de Deus, que circula entre os membros do Corpo de Cristo, destrói as setas do diabo e expulsa os demônios invasores.

Cada membro do corpo precisa compreender a importância de estarmos juntos, de

ministrarmos uns aos outros, de funcionarmos como membros de um corpo. Tal funcionamento não tem nada a ver com o prédio, é uma relação viva no meio das células.

c. A comunhão alimenta as células

Assim como os membros do corpo humano são supridos e alimentos pelo mesmo sangue que circula entre eles, a vida de Deus também supre e alimenta os membros do Corpo de Cristo em comunhão uns com os outros. Os membros podem ser muitos, mas a vida que circula entre eles é a mesma: a vida de Deus.

Muitos podem testificar que são alimentados nos cultos pela Palavra ministrada, isso é bom e necessário. Mas há um tipo de fortalecimento que é mais que aprender algo novo, é ver e ouvir repetidamente o mesmo ensino no relacionamento espontâneo entre irmãos. A comunhão alimenta o membro e fortalece a vida.

d. A comunhão traz energia

Ainda que a forma e o estilo de comunhão variem, o crente que não experimenta uma vida de intimidade com uma célula de irmãos já perdeu o real sentido do que significa ser membro do corpo.

Quando estamos vinculados uns aos outros, somos supridos de energia e vigor espiritual. O poder de Deus é a sua própria vida liberada através da comunhão. Uma coisa é a oração individual, mas outra muito diferente e mais poderosoa é a oração em um grupo. O mesmo se pode dizer da adoração, do louvor e da celebração. O sangue da vida de Deus é poder disponível a todos quando estamos conectados no corpo.

e. A comunhão mantém a temperatura

Enfim, é o sangue que tem a propriedade de manter a temperatura do nosso corpo humano. Uma célula cheia de vida, invariavelmente, será um lugar quente, cheio do fogo do Espírito. Quando não há vida, os membros se tornam frios, mas, se o sangue circula entre eles, a temperatura se eleva. Existem muitos que se esfriaram porque estão sós. Individualismo, definitivamente, é uma palavra que não combina com cristianismo. Uma brasa sozinha logo se apaga.

Sei que os evangelistas podem me apedrejar por dizer isso, mas a Bíblia fala muito mais de comunhão da igreja do que de evangelismo. Creio mesmo que a melhor estratégia de evangelismo é a verdadeira e genuína comunhão entre os irmãos. Jesus disse que o mundo nos reconheceria como seus discípulos se amássemos uns aos outros. É através da comunhão que testemunhamos desse amor.

Você notou quantas coisas a vida de Deus pode operar em nós? Basta que os membros estejam devidamente ligados pelo auxílio de toda a junta, segundo a justa cooperação de cada

parte. (Ef 4.16)

Precisamos ser cuidadosos para que a nossa comunhão não se transforme em clube social e, assim, sermos distraídos por outras coisas.

(25)

Tudo isso foi dito para mostrar o quanto é importante a questão dos vínculos de comunhão dentro da Igreja. Por isso, cada líder deve priorizar a comunhão de sua célula.

Cada membro de sua célula deve estar vinculado a outro membro em amor e também em sujeição de autoridade. Cada um deve ter alguém a quem se sujeitar em amor, para receber edificação pessoal e suprimento em amor. O discipulador natural de uma pessoa é aquele que o ganhou para Cristo, mas mesmo aqueles que já têm muitos anos de convertidos devem se submeter a outro que seja reconhecido como mais maduro e experiente na fé. Não deve existir ninguém sem vínculo.

2. Ensino

Cada célula precisa ter um nível forte de compartilhamento da Palavra. Quando falo de nível, não me refiro à erudição, nem à cultura dos irmãos, mas ao fogo que queima, quando a Palavra é ministrada. Quando temos o coração incendiado pela Palavra, contaminamos toda a célula.

O ensino ministrado deve ser fruto de revelação. O líder não precisa saber muito, mas aquilo que ele falar, por mais simples que seja, deve vir do coração, fruto da luz de Deus no seu espírito. Uma Palavra forte não é necessariamente profunda ou erudita. Conta-se que quando Evans Roberts pregava, às vezes, ele não dizia muita coisa, apenas repetia algumas frases do tipo: Deus

ama você. Acontece que ele dizia isso com o coração queimando, e o seu auditório era fortemente

impactado. Talvez não tenham aprendido algo profundo, mas foram ministrados de forma correta. Este é o segundo objetivo da célula: compartilhar a Palavra de Deus com vida. Não é ensinar muito, mas ensinar de forma correta, com revelação.

3. Multiplicação

Cada célula deve se multiplicar pelo menos uma vez ao ano. Para que esse alvo seja alcançado, é necessário ganhar e consolidar as pessoas. Assim, a célula não é somente para ganhar, mas também para consolidar e cuidar das novas ovelhas. A multiplicação é fruto de ganhar e consolidar.

Todo novo convertido é como uma criança e, como tal, necessita de alguns cuidados básicos. Ele necessita de cinco coisas:

Alimento Proteção Ensino Disciplina Amor

Esses cuidados não podem ser dados de maneira massificada, mas individual.

a. Alimento

Todo novo convertido necessita de uma dieta balanceada. Se não for alimentado nesta fase da vida espiritual, poderá tornar-se um crente problemático, se não morrer de inanição. Na célula, eles são alimentados com palavras de fé, de encorajamento e de ânimo.

b. Proteção

Além de alimento, o recém-nascido precisa de proteção. A rotatividade na igreja é fruto da falta de cuidado e proteção. O lobo entra e leva a ovelha, pois não há pastores guardando o rebanho. Líderes de célula são pastores que vigiam o rebanho. Até que o novo convertido aprenda a caminhar sozinho, é fundamental a proteção de um pai espiritual.

(26)

c. Ensino

O termo ensino não se refere simplesmente ao aprendizado de doutrinas, mas à aquisição de hábitos espirituais. O ensino aponta para a conduta e as atitudes que devem ser desenvolvidas no novo crente. Se, por exemplo, quando criança, o crente não é ensinado a ser dizimista, é difícil ser mudado depois de velho na fé. É na célula que a criança espiritual recebe o ensino.

d. Disciplina

Todo novo convertido deve ser alimentado, protegido, ensinado e também corrigido quando sair do padrão da Palavra. Na célula, existe um ambiente para ele ser exortado, admoestado e corrigido em amor.

e. Amor

Por último, a criança na fé precisa ser amada. Todos vimos para a vida da igreja com nossas emoções destruídas. Entretanto, o amor paciente dos irmãos na célula restaura a nossa alma. Uma criança só recebe amor e suprimento adequado em um ambiente famíliar. E a proposta das células é justamente esta: ser uma família vinculada pelo amor. Nesse ambiente familiar, nossos filhos serão supridos e, de forma alguma, nenhum deles se extraviará.

4. Serviço mútuo

Muita gente pensa que servir a Deus é fazer coisas na igreja, como cantar, orar e pregar. Poucos percebem que servimos a Deus quando exercitamos nossos dons e conhecimentos para ajudar a edificar as pessoas, sejam irmãos ou não.

Se você tem filhos e é experiente em cuidar de crianças, ajude as novas mães ensinando-as como cuidar dos filhos; outros podem servir de babá para que um casal possa passear numa noite; ou ainda, se alguém não pode pagar um cursinho, poderíamos ajudar com aulas para o vestibular. São tantas as possibilidades de ajuda mútua e serviço que não poderíamos enumerá-las aqui.

Jesus disse que seríamos conhecidos como seus discípulos se nos amássemos uns aos outros. Não existe melhor forma de expressar o nosso amor do que servindo os nossos irmãos.

Quando uma célula atinge estes quatro objetivos: comunhão, edificação, multiplicação e serviço, ela se torna uma pedaço do céu na Terra.

O Que É A Multiplicação?

Multiplicação é o processo pelo qual uma célula se divide em

duas, quando atinge o número de 15 membros. Todavia, jamais

dizemos que uma célula se dividiu em duas, sempre dizemos

que ela se multiplicou em duas.

Multiplicar é positivo, enquanto dividir, nesse contexto, é negativo. Multiplicar-se é o alvo primário de cada célula.

Normalmente, uma célula começa com sete ou oito pessoas. Sendo assim, precisamos alcançar apenas uma pessoa a cada dois meses, aproximadamente, para atingirmos o objetivo de multiplicarmos a célula uma vez por ano. Este alvo é perfeitamente alcançável! Para atingir esse objetivo, o líder deve apresentar o alvo para toda a célula e mostrar sua praticidade e simplicidade.

Referências

Documentos relacionados

Sendo assim, a automação residencial pode prover meios para controlar todos os sistemas da residência como sistema de ar condicionado e aquecimento, home- office, contemplando

Neste capítulo, será apresentada a Gestão Pública no município de Telêmaco Borba e a Instituição Privada de Ensino, onde será descrito como ocorre à relação entre

Chapter: CULTURAL AND CREATIVE INDUSTRIES IN PORTO’S TOURISM: HOW TO DEVELOP AUTHENTIC EXPERIENCES IN DOWNTOWN.. Raquel

pH (como solução aquosa) Sem dados disponíveis Não existe informação disponível Viscosidade cinemática Sem dados disponíveis Nenhum conhecido. Viscosidade Dinâmica

Local de realização da avaliação: Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação - EAPE , endereço : SGAS 907 - Brasília/DF. Estamos à disposição

Para o atestado número 16 (IP São Paulo Sistema Gestão Empresarial S.A.), não foi encontrado o valor da receita da empresa mesmo tendo sido diligenciada com busca de

Esta realidade exige uma abordagem baseada mais numa engenharia de segu- rança do que na regulamentação prescritiva existente para estes CUA [7], pelo que as medidas de segurança

Situações como essas, acabam por não contribuir para o processo de aprendizagem, pois não promovem muitas vezes, a apropriação do conhecimento, levando a ideias