Vanessa Hatje
Laboratório de Oceanografia Química, UFBA vhatje@ufba.br
62°Reunião Anual da SBPC, 25 a 30/7/2010
Mini-curso MC-14/ Oceanografia Química
- Salinidade
- Composição da água do mar
- Matéria orgânica nos oceanos
62°Reunião Anual da SBPC, 25 a 30/7/2010
Mini-curso MC-14/ Oceanografia Química
Salinidade
Salinidade nos oceanos
• As águas dos rios, lagos, chuva e mar apresentam salinidade….. i.e. apresentam sais dissolvidos em sua composição.
Salinidade é a massa total, expressa em gramas, de todas as substâncias dissolvidas em um kilo de água do mar quando todo o carbonato tenha sido substituído por uma quantidade equivalente de óxido, todo brometo e iodeto tenha sido substituído por cloreto e todos os compostos orgânicos tenham sido oxidados em uma temperatura de 480oC.
Como determinar a salinidade?
Sais menos solúveis atingem a saturação primeiro e precipitam. A ordem de ppt é função da solubilidade e não da abundância.Ordem de precipitação
Precipitação?
1) Composição dos componentes maiores ± 0.01 2) Evaporação ± 0.01
3) Clorinidade ± 0.002
5) Densidade ± 0.004 6) Condutividade ± 0.001 7) Índice de refração ± 0.05
Precisão de medidas de salinidade determinadas por diferentes métodos
CTD é o instrumento mais utilizado para medir salinidade, temperatura, pressão e profundidade.
CTDsignifica: Condutividade –Temperatura – Depth (profundidade).
O CTD pode ser fixo ou utilizado para fazer perfis verticais.
Alguns CTDs são tão rápidos que podem fazer até 24 medidas por segundo!
Salinidade nos oceanos
• Média do oceano: 33 – 37
• Hipersalinos: S > 40
– Mar Morto, Vermelho
• Hiposalinos/salobro: S < 25
Salinidade nos oceanos está em condição “steady-state”, ou estacionária, pois a quantidade de sal adicionada (fontes) no sistema é igual a quantidade de
sal removida (sumidouros) ao longo do tempo.
• Porque o mar é salgado?
• Porque o mar não é doce como os rios que
deságuam no oceano?
• Porque a água do mar tem uma composição
química tão uniforme?
Salinidade
Variações temporais e espaciais da salinidade• Salinidade é conservativa: controles físicos – Salinidade ↑: congelamento e evaporação – Salinidade ↓: precipitação, escoamento e
descongelamento • Oceano aberto
– Balanço evaporação - precipitação
• Latitude controla a taxa destes processos • Zona costeira
– Aporte fluvial – Lençol freático • Zonas polares
– degelo
Mudança da salinidade nos últimos 40 anos
• Oceanos: gde reservatório de água – 86% evaporação
– 78% precipitação
• Linha entre Groelândia e o sul da América do Sul – 50°S - 60°N
– Mínimas e máximas de E- P nos dois hemisférios – 50 anos de dados
– Estoque de água doce do mar Nórdico e bacias sub-polares aumentou 19.000 km3entre 1960 - 1990
Controle do ciclo hidrológico
Curry et al., 2003 Nature, 426, 826p.
Curry e Mauritzen, 2005 Science, 308, 1772p. http://www.whoi.edu/institutes/occi/currenttopics/abruptclimate_rcurry_pr.html
1967-1972 1980-1984 1995-2000
Águas superficiais do Oceano Atlântico Tropical estão se tornando mais salgadas (0,1 – 0,4)...
Consequentemente, as águas de fundo do Atlântico Norte estão apresentando salinidades mais baixas
Taxa de evaporação aumentou 5-10% nas últimas
4 décadas. Oceanos aumentaram 1°C. Água doce está sendo perdida nas baixas latitudes e está se acumulando nos pólos numa velocidade maior do que a circulação do oceano pode compensar
Efeito de larga escala
• O aquecimento da superfície da terra: ↑ evaporação e ↑ salinidade em baixas latitudes, e assim, transportando mais vapor de água doce para os pólos.
• Ciclo hidrológico:
– padrão de precipitação (distribuição, severidade e freqüência das secas, cheias e tempestades) – Isso, por si só, poderia aumentar o aquecimento
global, pois estaria adicionando mais vapor d’água na atm, o qual é um potente gás estufa.
• ↓ salinidade das águas no Atlântico Norte poderia evitar seu afundamento, ao ponto de diminuir a velocidade ou até interromper a circulação do oceano.
E se a salinidade no Atlântico Norte diminuir muito?
Contraste de densidade impulsiona a MOC Atlântica (transporte de calor): - Água vai parar de afundar e circulação termohalina diminui
MOC Meridional Overturning Circulation
• Isso já aconteceu na história....e causou um esfriamento na região do Atlântico Norte e secas em várias áreas do HN em períodos de tempo que variaram de anos a décadas.
• O degelo das capotas polares no Ártico também são fontes adicionais de água doce.
• Um esfriamento do Atlântico Norte iria reduzir o processo de degelo, diminuir o aporte de água doce para o Atlântico Norte e a circulação termohalina voltaria.
• Entretanto, o aquecimento global e a aceleração do ciclo de água continuaria a colocar mais água doce para as altas latitudes.
Ambientes costeiros
• Condições costeiras x oceânicas
– Forçantes: maré, aporte fluvial, vento – Variações espaciais e temporais são maiores – Influência antrópica:• Carga de sólidos dissolvidos e particulados • Contaminantes orgânicos e inorgânicos • Descarga de líquidos
• Portos, barragens
Maiores gradientes são observados em estuário. Mas o que são estuários?
Conceitos e características
• Aestuarium = maré, onda abrupta de grande altura • Estuários: encontro do rio com o mar• Conexão livre com o oceano • Ambiente de transição:
– complexo e vulnerável • Biologicamente produtivos
Estuários
• Inicialmente: receptor de esgotos Metade do século XIX
• Crescimento econômico: – Acesso ao interior – Portos
– Férteis: pesca
– Alta taxa de renovação de água – Receptor de esgotos
Zona Costeira: estuários
• 70% da população mundial • 2/3 das grandes cidades • Ambiente altamente impactado
– Contaminação orgânica e inorgânica – Alta taxa de sedimentação/dragagem – Perda de habitat
• 70% estuários americanos estão impactados
Definição e Terminologia
• Um estuário pode ser definido de várias maneiras, i.e. química, física, geologia
• Pritchard (1955) e Cameron & Pritchard (1963): “estuário é um corpo d’água costeiro semifechado, com uma livre ligação com o oceano aberto, no interior da qual a água do mar é mensuravelmente diluída pela água doce oriunda da drenagem continental”
Distribuição horizontal da salinidade
isolinhas Limite intrusão salina
Perillo, 1995: visão ecológica
“ Estuário é um corpo de água costeiro semi-fechado, estendendo-se até o limite efetivo da influência da maré. Dentro dele a água do mar é diluída significativamente com a água fluvial proveniente da drenagem continental, podendo sustentar espécies biológicas eurihalinas durante uma parte ou por todo o seu ciclo de vida.”Delimitação funcional do estuário
• Zona fluvial:movimentos unidirecionais de água cujaorigem é a drenagem continental
• Zona de mistura:mistura da água doce e água do mar
• Zona de turbidez máxima:zona de transição, onde a velocidade resultante dos movimentos convergentes é nula. Região de alta concentração de MS
• Zona de salinidade mínima:0-5, altamente reativa
Delimitação funcional do estuário
Limite do efeito da maré Influência fluvial S<1 Zona de turbidez máxima Zona de mistura 1<S<35 Pluma estuarina
Composição da água do mar
Composição da água do mar
• Ciclo hidrológico
altera a composição das águas
– Precipitação
– Dissolução
– Evaporação
– Mistura
Qual é a composição da água do mar?
Apenas sais dissolvidos?
Composição da água do mar
1. Sólidos( > 0,45 µm)
- Material particulado orgânico (detritos, fito e zooplâncton) - Material particulado inorgânico (minerais)
2. Dissolvido( < 0,45 µm) orgânica e inorgânica
- Maiores (> 1ppm) Ca, Na, K, Mg, Cl
- Menores (<< 1ppm) metais, nutrientes e matéria orgânica
3. Colóides( < 0,45 µm)
- Orgânicos (açucares) - Inorgânicos (hydróxidos de Fe)
4. Gases - Conservativos (N2, Ar) - Não-conservativos (O2, CO2)
Divisão operacional
Particulado Dissolvida colóides zoo Fito bactéria Vírus mm µm nmpeneiras filtros ultra filtros
peneiras moleculares
Detritos
Quais são os principais constituintes
da fração dissolvida?
Sais Dissolvidos
• Cl-(cloreto) 56% • Na+(sódio) 28% • SO42-(sulfato) 8% • Mg2+(magnésio) 4% • Ca2+(cálcio) 1,5% • K+(potássio) 1% • HCO3-(bicarbonato) 0,5%Representam mais de 99%
Íons Maiores
Constituintes maiores (1 ppm)
Constituintes traço (1 ppb)
Composição da água do mar
Elementos mais abundantes na
crosta terrestre
• Si 28,2%
• Al 8,2%
• Fe 5,6%
• Ca 4,2%
• Na 2,4%
• K 2,4%
• Mg 2%
• Ti 0,6%
Quantos elementos abundantes
na crosta terrestre estão
presentes na água do mar em
grandes concentrações??
Cl
-, Na, SO
42-??
Apenas o Na, K, Mg e Ca
PORQUE?
• Grau de solubilidade
• Comportamento/reatividade química
Ex:
Si, Al
pouco solúvel
Teoria das Proporções Constantes
Princípio de Marcet
• As concentrações dos íons maiores
dissolvidos podem variar de lugar para lugar,
mas a proporção relativa se mantém constante.
• A salinidade total pode variar, mas as
proporções dos elementos são constantes.
Qual é a razão de K na concentração
total de salinidade?
• Salinidade 34,482:
Concentração K = 0,380 = 0,011 (cte) Salinidade total 34,482
Se a salinidade for 37 qual será a concentração de K???
Em termos gerais:
Salinidade varia em função do balanço E - P, e a mistura/diluição de águas.
- não tem efeito na proporção relativa dos íons maiores - a concentração dos íons varia na mesma proporção
Fatores que podem alterar a salinidade
• Evaporação • Dissolução • Precipitação • Congelamento • Oxidação
Quais são as regiões/áreas que estes processos podem
mudar a composição de elementos maiores?
1. Estuários e zonas costeiras
• Influência do aporte fluvial
– 10 - 200 mg/kg sólidos dissolvidos – Bacia de drenagem• geologia, tipo de solo, clima
– Basaltos e granitos são as principais rochas fonte MILLERO, 2006
Componentes maiores de vários rios
MILLERO, 2006
- Água + silicatos (feldspato, quartzo, etc.)
silicatos + CO2+ H2O = argilo minerais + Sidis+ Na+, Ca2+, HCO3
-- Água + carbonatos (calcita e dolomita)
Intemperismo
Resultado do Intemperismo
• Adição de cátions e alcalinidade • Remoção de O2e CO2da atmosfera • Água fluvial – pH 7,3 - 8 – Cátions: Ca2+, Mg2+e Na+ – Ánions: HCO3-, SO 42-e Cl
-MILLERO, 2006 Água fluvial
Água do mar
2. Bacias Anóxicas
• Baixa razão SO4-2/Cl-: bactérias fazendo sulfato
redução. H2S é perdido por precipitação do FeS2e ZnS, CuS, etc.
– Baixa circulação
– Alta taxa de matéria orgânica Ex: Mar Negro
3. Precipitação e dissolução
- Dissolução de CaCO3 na água de fundo
- Precipitação de sais mudando a composição da solução
- Zonas de gde evaporação - Circulação restrita - Formação de evaporitos - NaCl (haleto) - CaCO3(carbonato) - CaMg(CO3)2(dolomita) Pacífico Norte Millero, 2006
4. Congelamento
• Sais podem ficar oclusos no gelo. Ex: o gelo tem a razão SO4-2/Cl-maior que a água o mar.
5. Água intersticial
• Ca+– dissolução do CaCO 3
• SO4-2– formação de H 2S
• Cátions – troca com argilominerais • Mg – formação de dolomita
6. Trocas oceano-atm
-injeção de bolhas na atm (10 x 109ton íons/ano)
- fracionamento: - enriquecimento: Ca2+, K+, Mg2+ - empobrecimento: Cl-, Br -7. Vulcanismo submarino - Pouco efeito - Alta F/Cl
Elementos maiores são os principais
componentes da água do mar.
Quais são os outros componentes importantes
da água do mar?
• Gases dissolvidos
• Matéria orgânica
• Material particulado
• Nutrientes
• Elementos traço (metais)
Gases Dissolvidos – trocas livres água-atmosfera
- CO2:gás estufa, sistema carbonato, pH
- N2:efeito estufa
-DMS:gás biogênico, núcleo de condensação/albedo
- He e Ar
Matéria orgânica
Matéria Orgânica Dissolvida (DOM)
DOM – fração < 0.45 µm (dissolvido e colóides) Carbono dissolvido – COD (75-100 µM)
Matéria orgânica coloidal (CDOM) é importante!!!
Matéria Orgânica Particulada (POM)
POM – fração > 0.45 µm
Carbono Orgânico Particulado (POC) Material detrítico (~0.03 x 1018 gC)
Biomassa viva é secundária (~0.5-1.0 x 1015gC).
Nutrientes
– Quem são:
nitrito, nitrato, fosfato e silicato
– Processos biológicos;
– Nitrogênio é fixado pelo fitoplâncton; – Silicato é usado na construção de carapaças.
Material Particulado
10-20 ng/LSe move livremente no oceano, Composição e concentração variável:
- agregação, desagregação, decomposição, dissolução e incorporação na biota Controlador da composição da água do mar:
remoção de nutrientes e metais, transporte vertical e lateral
‘The great particle conspiracy’: controle de metais
Material Particulado: composição
Inorgânico:
sedimentar, fragmentos de rochas (aluminosilicatos) ORIGEM EXTERNA (rios, deposição atm, colóides,
precipitados de Fe e Mn e complexos formados em estuários)
Orgânico:
material biológico: POC, açucares, aminoácidos, proteínas, plânctom, pelotas fecais, conchas e detritos ORIGEM INTERNA
Se os rios são as principais fontes de sais
dissolvidos, matéria orgânica, material
particulado e nutrientes para a água do mar,
porque a água do mar não é uma versão
concentrada da concentração média dos rios???
Ciclo hidrológico? Reatividade química?
Composição das águas naturais
Composição das águas naturais
• Chuva: gases dissolvidos (CO2e SO2), pH 5.7 • Variações locais • Ca2+e HCO 3-: carbonatos e silicatos Chuva (TDS = 7.1 mg/L) Rio (TDS = 118.2 mg/L) 4 1 60
Chuva
Rio
Mar
Composição das Águas Naturais
• Água do mar tem 300 vezes mais sais
dissolvidos que a média da água doce;
• HCO
3-, Ca
2+e SiO
2: removidos da água
• Grande parte dos elementos tem origem
continental
Composição das Águas Naturais
• Na
+, Mg
+2, Ca
+2: abundância na crosta terrestre;
• Cl
-: pequena concentração na crosta (> 0,01%);
• Cl
-presente nas águas fluviais são proveniente
da ciclagem dos sais marinhos via aerossóis
Qual é a origem do Cl
-então?
Origem do Cloreto
É o vulcanismo
- O Cloreto de Hidrogênio (HCl): gases vulcânicos;
- Vulcanismo ativo antigamente;
- Gases solúveis foram emitidos na degaseificação
do interior da terra e se dissolveram no oceano;
- Excesso de voláteis “Excess Volatile”
H, O, Cl, N, S, B e F
Origem dos Elementos
• Titulação a longo prazo:
Rochas ígneas + “excess volatiles”
rochas sedimentares + oceanos + atm
Origem dos Elementos
• Todos os elementos presentes nos oceanos podem
ser explicados pelo intemperismo terrestre?
• Como podemos avaliar isto?
Compara-se a quantidade total de um elemento
adicionado no oceano pela ação do
intemperismo rochoso, com sua quantidade
dissolvida na água do mar.
Origem dos Elementos
• Balanço de massa:
O Balanço de Sódio
• Na
+: origem exclusivamente terrestre;
• Calcula-se a quantidade de rocha continental
que tem que sofrer intemperismo para gerar a
concentração observada em 1L de água do mar
(várias simplificações....);
Origem dos Elementos
• Por ex:
– 11g/L de Na na água do mar
– Conc. Média de Na na crosta é 2,4g em 100g rocha • 75% é dissolvido no intemperismo → oceano
Open University, 1999
Origem dos Elementos
• Menos que 10% de qualquer um dos elementos
encontrados nas rochas precisam ser intemperizados para explicar suas concentrações no oceano
• Será então que o intemperismo não é importante? • Rápida remoção dos elementos da água do mar • Menor a % de elemento dissolvido, mais eficiente foi o
processo de remoção biológica ou inorgânica e, portanto, menor o tempo de residência na coluna d’água.
Existem outras fontes importantes de
materiais para os oceanos?
• Grande variação espaço-temporal • Transporte atmosférico
– Mais forte em baixas latitudes
• Poeira eólica carregada em pulsos
• Transporte glacial
– 2° fonte + importante em termos de massa de material – Importância local (90% Antártica –anel de sedimento)
Existem outras fontes importantes de
materiais para os oceanos?
• Intemperismo de baixa temperatura da crosta
oceânica (basalto)
• Reações de alta temperatura –
atividade hidrotermal – Fonte e sumidouro• Ambiente dominado por fluxos
• Comportamento dinâmico dos elementos: remoção dissolvidos → particulado
Oceano é um ambiente dinâmico
Processos que controlam a composição da água
• Existe um contínuo aporte e perda dos componentes da água do mar • Processos físico-químicos: – Reações ácido-base – Reações de óxido-redução – Reações de complexação – Adsorção – Processos gás-solução – Processos fotoquímicos
Natureza das reações define a composição da água via aporte, reatividade interna e remoção
Aproximação “steady-state” ou estado estacionário
Os processos no oceano são cíclicos
Taxa de entrada = Taxa de saída
ao longo do tempo
A composição do oceano se mantém
constante nos últimos 100 milhões de anos
Tempo de Residência
Tempo médio que um constituinte
passa dentro do oceano
Tempo de residência = quantidade de elemento no oceano taxa de entrada ou saída
Fluxos Fluviais e Tempo de Residência
Open University, 1999
Concentração x Tempo de Residência
Comportamento dos constituintes
Comportamento conservativos são:
• Alterados apenas por processos físicos – Salinidade
– Concentração de gás inerte
Comportamento não conservativos:
• Alterados por processos biológicos e químicos
– Nutrientes – Matéria orgânica
- perfis verticais uniformes - razão cte elementos/S - baixa reatividade
- maioria dos elementos maiores
Propriedades Não Conservativa do O
2 Processo BiológicoCO2+ H2O → fotossíntese → matéria orgânica inorgânico N ← respiração ← + O2
inorgânico P Processo Físico
O2atmosfera → O2 dissolvido
←
Propriedades Não Conservativa
Nutrientes
• N : nitrato e amônio
• P: fosfato
• S: silicato
• Metais traços: Fe, Zn, Mo, Cu, Co
Elementos ou compostos necessários
para o fitoplâncton
Conservativos Tipo nutriente Tipo removíveis
Elementos tipo nutriente: biologicamente ativos
• Remoção na superfície e enriquecimento com a profundidade • Processos biológicos: ciclo do MP e MO
nmol/kg
Matéria Orgânica nos Oceanos
O que é Matéria Orgânica?
Compostos de C
Propriedade físicas e químicas diversas grupos funcionais
Base energética e nutricional da cadeia trófica Importante para especiação de metais
Precursores de combustíveis fósseis Controle do clima global
Fonte de MO para os oceanos
1,8 0,5 Deposição seca 3,65 1,0 Chuva Carga atmosférica 3,95 1,08 Rios + Subterrânea Carga líquida 6,2 1,7 Macrófitas 84,4 23,1 Fitoplâncton Produção Primária % total 1015gC/ano Fonte
Bomba biológica e PP
• Processos fisicos vs produção primária
• Ausência da bomba biológica: – Nitrato 33 mmol/m3
– Fosfato 2.1 mmol/m3
• As concentrações são <<<< nos oceanos
• Existem regiões com altos teores de nutrientes e baixa PP
Variabilidade ± 10% como a salinidade!
1960-70: Dissolvida x Particulada
Filtros de fibra de vidro ou prata de 0,45µm
Classificação da MO
Particulada Coloidal Dissolvida colóides zoo Fito bactéria Vírus mm µm nm
peneiras filtros ultra filtros
peneiras moleculares
Microalgas/detritos
Matéria Orgânica Dissolvida (DOM)
DOM – membrana de 0.45 µm
97% CO na água do mar ocorre na fração dissolvida filtração não é recomendada
Bactérias heterotróficas são os principais consumidores
DOM: cadeia alimentar microbiana e fluxo de C e energia
O conteúdo de carbono é descrito como COD, sendo que o COD na água do mar varia entre 75-100 µM
Classificação da MO
A maior parte do DOM reside no fundo dos oceanos resistente a biodegradação
Matéria orgânica coloidal (CDOM):
Alto peso molecular (HMW: >1000)
Colóide sólido amorfo, partículas com grande área Classificação da MO
Matéria Orgânica Dissolvida (DOM)
Matéria Orgânica Dissolvida (DOM)
1. DOC: dois reservatórios
a. Novo, rápida ciclagem do plancton (< 1000 anos) b. Velho, ciclagem lenta a partir do material fluvial
fotodegradado (5000 anos)
2. C/N (8 a 18)
a. Maiores em águas de fundo b. Maiores para partícula menores:
4 for 500 µm and 10 for 0.003 µ m c. Maiores para MO terrestre (C/N > 15)
Matéria Orgânica Particulada (POM)
POM – fração retida na membrana de 0.45 µm zona fótica: biomassa viva (microalgas)zona afótica: detritos de conchas, esqueletos de diatomáceas, pelets fecais, “neve marinha”...
mistura complexa de matéria viva e detritos:
variação de tamanho, forma e reatividade
Classificação da MO
Volkman e Tanoue, 2002
Matéria Orgânica Particulada (POM)
POM em suspensão
mistura de detritos e biomassa viva (10:1) biomarcadores (clor a, carotenóides, ATP, DNA – biomassa viva)
Fito
Estrutura da comunidade: ciclagem e exportação de MO Estrutura básica: diversos grupos (e.g. algas verdes, diatomáceas)
Diatomáceas de blooms (sazonal e espacial)
Volkman e Tanoue, 2002
POM em suspensão
BactériasBactérias heterotróficas: prod. secundária → ciclagem C
90% total do carbono biológico dominantes em águas oligotróficas
Bactérias aeróbicas: luz solar → energia
até 20% total das bactérias (oligotróficos)
não foi provado se elas fixam Cinor→ ciclagem global do C
POM em suspensão
VírusNumericamente dominante
Fração pouco significante na contribuição de MO Alça microbiana:
DOM (fito) → POM (bactérias) → DOM (protistas e vírus)
3-26% COP da PP é reciclado por lise viral para COD infecção viral: declínio de blooms
Pastagem por protistas: minimiza limitação por Fe
POM em suspensão
Neve MarinhaGrandes agregados de matéria orgânica
Mucilagem, cianobactérias, espécies autótrofas, detrítos Frágeis, degradados até os 1000m
C:N aumentam com o volume (maior agregados/mais velho)
Kaiser et al, 2005
Mar Adriático
Fontes de Matéria Orgânica
Alóctona e autôctona
0 5 10 15 20 25 30 35 D O C ( µµµµ M ) 50 100 150 200 250 300 350 400 450 River SeawaterAlóctonas:fonte externa
Rios e estuários
Plantas (50%: carboidratos, lipídios e material lábil de LMW –ac.fúlvicos) Solos (subs. húmicas (70%)
e material refratário)
Fontes de Matéria Orgânica
estuário
Aportes fluviais de MO
• Descarga de água total: 35 x 103 km3/ano
– Variando de poucos m3/s – 200.000 m3/s (Amazonas)
• Aportes são dependentes: – Tamanho da bacia de drenagem – Geologia
– Regime fluvial – Natureza e uso do solo
100 243.2 100 37,400 Total 0.1 0.3 0.7 262 1 Semi-árido 2.8 6.5 5.8 2,169 3 Tropical seco 65.6 153.5 51.3 19,186 8 Tropical úmido 17.6 41.1 27.5 10,285 4 Temperado 13 30.6 11.7 4,376 7 Taiga 1 2.2 3 1,222 2 Tundra % total 106t/ano % total Km3/ano Exportção do DOC Descarga de água COD mg/L Zona Leenheer, 1991
A taxa de aporte fluvial é baixa
comparada a produção anual dos
oceanos (50Gt C/ano)
• Razões isotópicas • C:N >15 ambiente terrestre • C:N ~ 7 ambiente marinho • Floculação e precipitação da MO – Resultados variam: •Sazonalidade;•Floculação/agregação (tamanho importa!);
•Físico-química vs. turbulência e tempo de residência
• Fotoxidação
• MO origem antrópica
– zona costeira (salting out)
Porque a MO nas bacias oceânicas não tem origem terrestre?
Atmosfera
Importante na microcamada superficial (0-100 µm)! - 10x mais DOC que a camada inferior
- Composição pouco conhecida (subst. húmicas, mono e polissacarídeos, DDT, PCBs, etc.)
- deposição seca e úmida: 2,2 1014gC/ano
(semelhante a carga fluvial 4,0 1014gC/ano)
- bolhas: gde parte da deposição atm é reciclada Fontes de Matéria Orgânica
Autóctonas: FONTE INTERNA
Organismos autotróficos: transformadores
Reduzem o CO2para C orgânico e estocam a energia química
nos seus tecidos.
Ex: plantas (plâncton e macroalgas) e algumas bactérias.
Fotossíntese ou produção primária é o processo global mais importante:
6 CO2 + 6 H2O + nutrientes => C6H12O6+ 6 O2
Fontes de Matéria Orgânica
Autóctonas:
COP: vivo (menos de 5% do TOC no oceano)
fitoplancton – fotossíntese – 2 x 1016g C/ano
Organismos microscópios de pequena mobilidade Diatomáceas: grupo dominante
Cianobactérias, cocolitoforideos,...
Fontes de Matéria Orgânica
Composição do Fito
• 40% proteínas • 40% carboidratos • 15% lipídeos • 5% ácidos nucléicos Variações: - aporte de nutrientes - idade - T°CComposição do Fito
• Simplificação da fotossíntese: C, N e P
106CO
2+ 16NO
3-+ 1HPO
42-+ 12H
2O +
18H
+→ C
106
H
263O
110N
16P + 138O
2C:N:P: 106:16:1
Razão de Redfield
Razão de Redfield:
razão estequiométrica para o fito/zoo é constante! (gde escala temporal)
Fontes de Matéria Orgânica
Matéria orgânica Oxigênio
C H O N P O2 Redfield et al. 1963 106 263 110 16 1 138 Anderson 1995 106 164-186 26-59 16 1 141-161 Hedges 2002 106 177 37 17 0,4 154 Muito altas Aumenta o consumo
Autóctonas: FONTE INTERNA
POC: não vivo
Detritos
Organismos mortos Material fecal Agregados orgânicos
Fontes de Matéria Orgânica
fito
• Aglomerados de bactérias/detrítos • Agregação de MO por ação de bolhas • Floculação
• Adsorção de COD em partículas
Controvérsia: COD autóctono vs. alóctono Estima-se que entre 10-50% do COD seja de origem terrestre
COMPORTAMENTO CONSERVATIVO LIGNINA
Bauer et al., (2002)
Dafner & Wangersky (2002) revisão!
Fontes de Matéria Orgânica
COD (principal estoque de CO nos oceanos)
Proteínas (amino ácidos) Auto e Alo
Carboidratos Auto e Alo
Lipídios Auto e Alo
Pigmentos Auto e Alo
Lignina Alo
Ácidos Nucléicos Auto e Alo
POM:
Hidrocarbonetos, ácidos graxos, carboidratos, lignina, detrítos Terrestre ou Marinha:
N-alcanos (biomarcadores) C23-C35: terrestre
C15-C21: marinho
Acidos graxos (biomarcadores) C14-C36: terrestre
C12-C24: marinho
Composição da Matéria Orgânica
POM:
Pequena parcela: biomassa viva Grande parcela: biomassa morta
Partículas pequenas: maior parte do POM
Partículas grandes: neve marinha/pelets fecais (cadeia alimentar)
Composição da Matéria Orgânica
DOM (coluna d’água):
COD: 95% do TOC no oceano 10-20% caracterizada
Fração lábil DOM: lipídios, carboidratos, aminoácidos, pigmentos
Organismos vivos POC→ DOC: Exudação do fito
Excreção do zoo
Composição da Matéria Orgânica
DOM (coluna d’água):
Fração não caracterizada: material inerte, altamente refratário
GELBSTOOF: macromoléculas do tipo material húmico e lignina
Micro-camada superficial: sopa orgânica SCUMS
Variedade de substâncias: POC, DOC, P, N, bactérias, DDT, PCB e metais
Referências
Livros textos
S. Libes (1992) An Introduction to Marine Biogeochemistry R. Chester (2000) Marine Geochemistry
D.A. Hansel & C.A. Carlson (2002) Biogeochemistry of marine dissolved organic matter
F. Millero (2005) Chemical Oceanography. 3nd Edition. CRC, USA, 469p.
Para ir mais longe
Volkman, J. & Tanoue, E. (2002) Journal of Oceanography V. 58, 265-279p.
Sarmiento & Gruber (2006) Ocean Biochemical Dynamics, Princeton, 507p.
Baldock, et al. (2004) Marine Chemistrty V. 92, 39p. Giorgio & Duarte (2002) Nature V. 420, 379p. Hopkinson & Vallino (2005) Nature V. 433, 142p.