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Análise sensitiva da refractividade atmosférica na interferometria RADAR espacial

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(1)

Faculdade de Ciˆencias

Departamento de Engenharia Geogr´afica, Geof´ısica e Energia

An´

alise sensitiva da refractividade atmosf´

erica

na interferometria RADAR espacial

Vasco Ribeiro Conde

Disserta¸c˜ao

Mestrado em Engenharia Geogr´afica

(2)
(3)

Faculdade de Ciˆencias

Departamento de Engenharia Geogr´afica, Geof´ısica e Energia

An´

alise sensitiva da refractividade atmosf´

erica

na interferometria RADAR espacial

Vasco Ribeiro Conde

Disserta¸c˜ao

Mestrado em Engenharia Geogr´afica

Orientador:

Professor Doutor Jo˜ao Catal˜ao Fernandes (DEGGE - FCUL)

(4)
(5)

Nas ´ultimas d´ecadas tˆem surgido muitas novas tecnologias com aplicabilidade na enge-nharia geogr´afica, principalmente ao n´ıvel da dete¸c˜ao remota. A interferometria RADAR tem demonstrado um grande potencial ao n´ıvel da medi¸c˜ao remota de deslocamentos com grande precis˜ao da superf´ıcie terrestre, que em contraste com o GNSS ou t´ecnicas cl´ as-sicas (e.g. nivelamento e triangula¸c˜ao), tem a capacidade de cobrir ´areas continuas e extensas e ainda permitir observa¸c˜ao sistem´atica a um custo relativamente baixo. De entre as t´ecnicas de interferometria RADAR espacial tem-se destacado uma baseada na utiliza¸c˜ao de pixeis com estabilidade temporal na fase designados por persistent scatteres, esta t´ecnica tem a particularidade de contornar os problemas de coerˆencia geom´etrica e temporal associados `a interferometria RADAR convencional que tˆem inviabilizado a sua ampla utiliza¸c˜ao.

No entanto a t´ecnica PS-InSAR ainda tem algumas limita¸c˜oes como a dete¸c˜ao pouco eficaz de PS em zonas n˜ao urbanas, devido `a descorrela¸c˜ao temporal, e a necessidade de uma grande s´erie temporal de interferogramas, para efeitos de mitiga¸c˜ao dos atrasos atmosf´ericos no sinal eletromagn´etico.

Alguns estudos tˆem apresentado melhores resultados com a modela¸c˜ao do atraso atmos-f´erico, a partir de modelos de previs˜ao meteorol´ogica, e sua pr´evia remo¸c˜ao antes do processamento PS-InSAR.

Recorrendo `a explora¸c˜ao do c´odigo fonte do software de processamento PS-InSAR Sta-MPS, ´e apresentada uma an´alise comparativa da refratividade atmosf´erica na interfero-metria radar espacial.

Palavras chave: SAR, InSAR, PS-InSAR, atraso atmosf´erico.

(6)

Abstract

In the last decades there have been many new technologies with applicability in the ge-ographical engineering, especially in Remote Sensing field. The RADAR interferometry has demonstrated great potential on remote displacements measuring with high accuracy the terrestrial surface, which in contrast to the classical techniques (e.g. leveling and triangulation) or GNSS, has the ability to cover larger and continuous areas, allowing a systematic observation with a relatively low cost. Among the spatial interferometry RADAR techniques, the most enhanced was the one based on the use of pixels with temporal stability phase designated by persistent scatterers. This technique has the particularity to overcome the problem of temporal and geometrical coherence associated with conventional radar interferometry that have been prevented their extensive use. However the PS-InSAR technique still has some limitations such as inefficient detection of PS in non-urban areas, due to temporal decorrelation, and the need for a large time series of interferograms upon the mitigation of atmospheric delays in the electromagnetic signal.

Some studies have shown better results with the removal of atmospheric delay, determi-ned from weather prediction models, before the PS-InSAR processing.

This thesis presents a comparative analysis of atmospheric refractivity radar interfero-metry, based on a StaMPS PS-InSAR’s processing software source code research.

Keywords: SAR, InSAR, PS-InSAR, atmospheric delay.

(7)

Resumo iv

Abstract v

Lista de Figuras viii

Lista de Tabelas x Abreviaturas xi 1 Introdu¸c˜ao 1 1.1 Enquadramento . . . 1 1.2 Objetivo . . . 3 1.3 Organiza¸c˜ao do trabalho . . . 3 2 Interferometria RADAR 4 2.1 Introdu¸c˜ao . . . 4 2.2 RADAR e InSAR . . . 4 2.2.1 RADAR . . . 5 2.2.2 InSAR . . . 5 2.3 PS-InSAR . . . 8

2.3.1 Gera¸c˜ao dos interferogramas . . . 8

2.3.2 Persistent Scatterers . . . 8

2.3.3 O modelo matem´atico . . . 10

2.3.4 ´Indice de dispers˜ao da amplitude . . . 11

2.3.5 Estima¸c˜ao . . . 11

3 StaMPS 14 3.1 Introdu¸c˜ao . . . 14

3.2 Estima¸c˜ao da coerˆencia . . . 14

3.3 Sele¸c˜ao dos PS . . . 16

3.4 Desenrolamento da fase . . . 18

3.5 Estima¸c˜ao da deforma¸c˜ao . . . 19

4 An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 21 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 21

4.2 Dados . . . 22 vi

(8)

Conte´udo vii

4.3 Passos . . . 24

4.4 Estima¸c˜ao da coerˆencia . . . 25

4.5 Sele¸c˜ao dos PS . . . 28

4.6 Remo¸c˜ao de “pseudo PS” . . . 33

4.7 Determina¸c˜ao do erro correlacionado com o ˆangulo de vista . . . 35

4.8 Determina¸c˜ao do erro espacialmente correlacionado . . . 39

4.9 An´alise de resultados . . . 42

4.9.1 N´umero de PS selecionados . . . 42

4.9.2 Diferen¸cas de velocidade . . . 45

4.9.3 Compara¸c˜ao com GPS . . . 47

4.9.4 Atmosfera . . . 47

5 Conclus˜ao 50

(9)

2.1 Geometrias de aquisi¸c˜ao SAR e InSAR [Bamler and Hartl, 1998]. . . 6 2.2 Fluxograma da gera¸c˜ao dos interferogramas [Ketelaar, 2009]. . . 9 2.3 Simula¸c˜ao de fases de um n˜ao-PS e de um PS . . . 9 3.1 Fun¸c˜oes te´oricas de densidade de probabilidade para as popula¸c˜oes de

pixeis observados, p(γx) (azul); n˜ao-PS, (1 − α)pA(γx) (vermelho); e PS,

αpP S(γx) (verde). . . 17

4.1 Histogramas de ´ındice de dispers˜ao da amplitude dos PSC. . . 23 4.2 Exemplos de modela¸c˜ao da componente de fase devida ao erro do MDT,

para um n˜ao-PS e para um PS. . . 26 4.3 Histogramas de coerˆencia durante a estima¸c˜ao da coerˆencia (passo 2),

ao fim da 1a itera¸c˜ao. A vermelho amostra simulada (n˜ao-PS), a azul amostra observada. . . 28 4.4 Histogramas de coerˆencia durante a estima¸c˜ao da coerˆencia (passo 2),

ao fim da 3a itera¸c˜ao. A vermelho amostra simulada (n˜ao-PS), a azul amostra observada. . . 29 4.5 Histogramas de coerˆencia durante a estima¸c˜ao da coerˆencia (passo 2),

ao fim da 5a itera¸c˜ao. A vermelho amostra simulada (n˜ao-PS), a azul

amostra observada. . . 29 4.6 Histogramas de coerˆencia durante a estima¸c˜ao da coerˆencia (passo 2), ao

fim da 7a e ´ultima itera¸c˜ao. A vermelho amostra simulada (n˜ao-PS), a azul amostra observada. . . 29 4.7 Exemplo da sequencia de opera¸c˜oes para a determina¸c˜ao de γ∗ tal que

P (x 6= P S) < q = 0.1, partindo das distribui¸c˜oes (1 − α(Da,x))pA(γx)

(vermelho) e p(γx, Da,x) (azul). . . 31

4.8 Valores de coerˆencia m´ınimos (γ∗) em fun¸c˜ao de ¯Da e recta ajustada

(passo 3 (a)). . . 31 4.9 Histogramas de coerˆencia ap´os a primeira sele¸c˜ao de PS (passo 3 (a)) . . . 32 4.10 Histogramas de coerˆencia ap´os a segunda sele¸c˜ao de PS (passo 3 (b)) . . . 32 4.11 Histogramas de coerˆencia ap´os a remo¸c˜ao de PS adjacentes (passo 4 (a)) . 33 4.12 Compara¸c˜ao entre os histogramas de coerˆencia dos pixeis selecionados

ap´os o passo 3b (linha tracejada) e ap´os passo 4a (linha continua). . . 34 4.13 Histogramas de coerˆencia ap´os a remo¸c˜ao dos PS ruidosos (passo 4 (b)) . 34 4.14 Histogramas de ´ındice de dispers˜ao da amplitude dos PS selecionados. . . 35 4.15 Histograma das diferen¸cas de velocidade (∆v = vB − vA) em mm/ano,

ap´os o desenrolamento da fase. . . 36

(10)

Lista de Figuras ix

4.16 Distribui¸c˜ao espacial dos PS, ap´os o desenrolamento da fase, com diferen-¸cas de velocidade (∆v = vB− vA) superior e inferior ao respetivo desvio

padr˜ao (σ∆v). . . 36

4.17 Histograma das diferen¸cas de velocidade (∆v = vB − vA) em mm/ano,

ap´os o desenrolamento da fase com rampas removidas. . . 37 4.18 Distribui¸c˜ao espacial dos PS, ap´os o desenrolamento da fase com rampas

removidas, com diferen¸cas de velocidade (∆v = vB−vA) superior e inferior

ao respetivo desvio padr˜ao (σ∆v). . . 38

4.19 Histograma das diferen¸cas de velocidade (∆v = vB − vA) em mm/ano,

ap´os o desenrolamento da fase e contribui¸c˜ao do erro da topografia removida. 39 4.20 Distribui¸c˜ao espacial dos PS, ap´os o desenrolamento da fase e contribui¸c˜ao

do erro da topografia removida, com diferen¸cas de velocidade (∆v = vB−

vA) superior e inferior ao respetivo desvio padr˜ao (σ∆v). . . 39

4.21 Histograma das diferen¸cas de velocidade (∆v = vB − vA) em mm/ano,

ap´os o desenrolamento da fase com rampas e contribui¸c˜ao do erro da topografia removidas. . . 40 4.22 Distribui¸c˜ao espacial dos PS, ap´os o desenrolamento da fase com

ram-pas e contribui¸c˜ao do erro da topografia removidas, com diferen¸cas de velocidade (∆v = vB− vA) superior e inferior ao respetivo desvio padr˜ao

(σ∆v). . . 40

4.23 Resultado final. PS e respetiva velocidade em mm/ano. Obtida a partir da fase desenrolada com rampas e erro do MDT removidos para os dois conjuntos A e B. . . 41 4.24 Histograma das diferen¸cas de velocidade (∆v = vB − vA) em mm/ano,

ap´os o desenrolamento da fase com rampas, contribui¸c˜ao do erro da to-pografia e erro da atmosfera e das ´orbitas das salves removidas. . . 41 4.25 Distribui¸c˜ao espacial dos PS, ap´os o desenrolamento da fase com

ram-pas, contribui¸c˜ao do erro da topografia e contribui¸c˜ao da atmosfera das imagens salves removidas, com diferen¸cas de velocidade (∆v = vB− vA)

superior e inferior ao respetivo desvio padr˜ao (σ∆v). . . 42

4.26 Histogramas de coerˆencia. A azul primeira estima¸c˜ao da coerˆencia, a vermelho histograma de coerˆencia da correspondente amostra aleat´oria e a verde histograma de coerˆencia dos PS ap´os o ´ultimo passo de sele¸c˜ao. . 43 4.27 Fase (desenrolada) devida ao atraso atmosf´erico e erro das ´orbitas da

imagem master (17-05-2009) e slave (12-04-2009). . . 48 4.28 Fase interferom´etrica do atraso atmosf´erico modelada a partir de um

mo-delo de previs˜ao WRF para 12 de abril de 2009. . . 48 4.29 Fase (desenrolada) devida ao atraso atmosf´erico e erro das ´orbitas da

imagem master (17-05-2009) e slave (21-06-2009). . . 49 4.30 Fase interferom´etrica do atraso atmosf´erico modelada a partir de um

(11)

4.1 Data, base temporal e base perpendicular dos interferogramas. . . 22 4.2 Indicador de convergˆencia por itera¸c˜ao e por conjunto. . . 28 4.3 N´umero de PS selecionados ao fim de cada passo para o conjunto A. . . . 42 4.4 N´umero de PS selecionados ao fim de cada passo para o conjunto B. . . . 42 4.5 Diferen¸ca do n´umero de PS selecionados entre os conjuntos A e B. . . 44 4.6 N´umero de PS com ´ındice de dispers˜ao da amplitude menor e maior que

0.25, antes e depois dos passos de sele¸c˜ao para o conjunto A. . . 45 4.7 N´umero de PS com ´ındice de dispers˜ao da amplitude menor e maior que

0.25, antes e depois dos passos de sele¸c˜ao para o conjunto B. . . 45 4.8 M´edia e desvio padr˜ao das diferen¸cas de velocidade (mm/ano). v - fase

desenrolada, o - rampas, d - erro residual devido ao MDT, s - fase espa-cialmente correlacionada das imagem salve. . . 46 4.9 M´edia das velocidades dos PS na vizinha¸ca (buffer de ±200 m) das

esta-¸c˜oes GPS. . . 47

(12)

Abreviaturas

APS Atmospheric Phase Screen

Doris Delft object-oriented radar interferometric software GNSS Global Navigation Satellite System

InSAR Interferometric Synthetic Aperture Radar LOS Line Of Sight

LPR Linear Phase Residues PS Persistent Scatterer

PSC Persistent Scatterer Candidate

PS-InSAR Persistent Scatterer - Interferometric Synthetic Aperture Radar RADAR RAdio Detection And Ranging

SAR Synthetic Aperture Radar

StaMPS Stanford Method for Persistent Scatterers SRTM Shuttle Radar Topography Mission WRF Weather Research and Forecasting

(13)

Introdu¸

ao

1.1

Enquadramento

S˜ao muitas as novas tecnologias que tˆem surgido com aplicabilidade na engenharia geo-gr´afica. Surgem e evoluem a um ritmo impressionante e muitas delas j´a substituem os m´etodos cl´assicos quase por completo. Exemplos disso s˜ao: o taque´ometro eletr´onico e o GNSS que substitu´ıram o teodolito e a fita de invar; os Sistemas de Informa¸c˜ao Geo-gr´afica (SIG) que hoje s˜ao t˜ao indispens´aveis na gest˜ao de informa¸c˜ao georreferenciada; a dete¸c˜ao remota em que, praticamente, toda a cartografia ´e produzida recorrendo a imagens a´ereas.

A dete¸c˜ao remota espacial ´e das ´areas onde esta evolu¸c˜ao se manifesta com maior intensi-dade. Hoje em dia, j´a ´e poss´ıvel obter imagens ´oticas, obtidas a partir de sat´elites a ´ orbi-tar a centenas de quil´ometros de altitude com resolu¸c˜oes geom´etricas a aproximarem-se da fotogrametria a´erea (e.g. Geoeye I, com 0,41 m de resolu¸c˜ao espacial), e esta evolu¸c˜ao deu-se em poucas d´ecadas.

A interferometria RADAR ´e mais um produto desta gigantesca explos˜ao tecnol´ogica. Embora se baseie no mesmo principio do RADAR desenvolvido para fins militares du-rante a segunda guerra mundial (anos 1940s), a sua grande evolu¸c˜ao, para efeitos de observa¸c˜ao da Terra, deu-se principalmente nas ´ultimas duas d´ecadas.

A interferometria RADAR espacial tem demonstrado um grande potencial para a ge-ra¸c˜ao de modelos digitais de terreno e para a medi¸c˜ao de deslocamentos da superf´ıcie

(14)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao 2

terrestre de grande precis˜ao, que em contraste com o GNSS ou com as t´ecnicas cl´ assi-cas, tem a capacidade de cobrir ´areas continuas e extensas, permitindo ainda observa¸c˜ao sistem´atica, tudo a um custo relativamente baixo. O modelo digital de terreno, de cober-tura mundial e amplamente utilizado, o SRTM (Shuttle RADAR Topography Mission), que foi gerado a partir desta t´ecnica [Farr et al., 2007] ´e um grande exemplo destas van-tagens, j´a sendo utilizada tamb´em para gerar modelos digitais da superf´ıcie de outros corpos celestes como ´e o caso da Lua [Wahl et al., 2012].

Ao n´ıvel da monitoriza¸c˜ao de deslocamentos existem in´umeros exemplos de observa¸c˜ao de grandes deforma¸c˜oes s´ısmicas [Massonnet et al., 1995, 1993], de deforma¸c˜oes locais como foi o caso da medi¸c˜ao de um efeito de subsidˆencia de uma ´area da cidade de Lisboa decorrido durante os anos 1990s [Catal˜ao et al., 2011a, Heleno et al., 2011], ou mesmo de deforma¸c˜oes em grandes estruturas como a barragem das Trˆes Gargantas na China [Wang et al., 2011]. Sendo estas deforma¸c˜oes confirmadas por outras t´ecnicas geod´esicas, de comprovada fiabilidade e precis˜ao, como o GNSS e o nivelamento geom´etrico [Catal˜ao et al., 2011a, Heleno et al., 2011, Hooper et al., 2004].

A interferometria RADAR, no entanto, ainda tem muitas limita¸c˜oes de coerˆencia geo-m´etrica e temporal que inviabiliza a sua ampla utiliza¸c˜ao.

De maneira a mitigar essas limita¸c˜oes foi desenvolvida a t´ecnica dos Permanent Scatte-rers (PS) [Ferretti et al., 2001], que tem como principal caracter´ıstica apenas utilizar os pixeis que apresentam estabilidade temporal no valor da fase.

Esta t´ecnica ainda tem algumas limita¸c˜oes como a dete¸c˜ao pouco eficaz de PS em zonas n˜ao urbanas, devido `a descorrela¸c˜ao temporal, e a necessidade de uma grande s´erie temporal de interferogramas, para efeitos de mitiga¸c˜ao dos atrasos atmosf´ericos no sinal eletromagn´etico.

Grande parte do processamento PS-InSAR passa pela filtragem das componentes de fase in´uteis que comp˜oem a fase observada (e.g. atraso atmosf´erico e erro das ´orbitas) de maneira a isolar a componente de fase devida `a deforma¸c˜ao. A modela¸c˜ao do atraso atmosf´erico, a partir de modelos de previs˜ao meteorol´ogica e sua pr´evia remo¸c˜ao antes do processamento PS-InSAR tem j´a dado provas das suas vantagens [Catal˜ao et al., 2011b, Kinoshita et al., 2013]

´

(15)

1.2

Objetivo

Recorrendo `a explora¸c˜ao do c´odigo fonte do software de processamento PS-InSAR Sta-MPS (Stanford Method for Persistent Scatterers), ´e apresentada uma an´alise compa-rativa da refratividade atmosf´erica na interferometria RADAR espacial. Aplicando o processamento PS-InSAR a um conjunto de interferogramas, adquiridos sobre a cidade de Lisboa, com e sem mitiga¸c˜ao dos artefactos atmosf´ericos, determinados por um mo-delo num´erico de previs˜ao WRF (Weather Research and Forecasting).

1.3

Organiza¸

ao do trabalho

O presente trabalho ´e constitu´ıdo por cinco cap´ıtulos.

O cap´ıtulo 1 consiste na introdu¸c˜ao que enquadra o tema e apresenta o objetivo. Os cap´ıtulos 2 e 3 apresentam, do ponto de vista te´orico, alguns conceitos fundamentais para a interferometria RADAR. O cap´ıtulo 2 apresenta uma descri¸c˜ao sint´etica dos sistemas RADAR, SAR, InSAR e PS-InSAR. O cap´ıtulo 3 aprofunda a descri¸c˜ao da t´ecnica PS-InSAR desenvolvida por Andrew Hooper designada por StaMPS.

O cap´ıtulo 4 apresenta a analise sensitiva da refractividade atmosf´erica na interferometria RADAR.

(16)

Cap´ıtulo 2

Interferometria RADAR

2.1

Introdu¸

ao

RADAR – RAdio Detection And Ranging – famoso dispositivo utilizado na guerra e em navega¸c˜ao, para detetar e rastear objetos `a distˆancia a partir da emiss˜ao e rece¸c˜ao de impulsos de radia¸c˜ao eletromagn´etica.

Este dispositivo cuja primeira referencia ao seu principio de funcionamento data do final do s´eculo XIX e que as suas primeiras vers˜oes, embora muito limitadas, tiveram um papel crucial na segunda guerra mundial, chega `as ciˆencias geof´ısicas nos finais do s´eculo XX, altamente desenvolvido, com grandes capacidades como a gera¸c˜ao de modelos digitais de terreno, monitoriza¸c˜ao de deforma¸c˜oes da superf´ıcie terrestre, entre outras.

2.2

RADAR e InSAR

Antes de abordar a t´ecnica dos PS-InSAR propriamente dita, h´a que primeiro explicar, resumidamente, os sistemas que o precederam e que o comp˜oem: RADAR, SAR, e InSAR.

(17)

2.2.1 RADAR

A palavra RADAR ´e o acr´onimo inglˆes para RAdio Detection And Ranging e ´e utilizado para designar o sistema eletr´onico que deteta e rasteia objetos a distˆancias consider´ a-veis, a partir da emiss˜ao, direcionada, de curtos impulsos de radia¸c˜ao eletromagn´etica (frequˆencia - 1 GHz a 300 GHz) e a respetiva rece¸c˜ao dos impulsos retro-refletidos pelos objetos intercetados.

Uma vez que a velocidade de propaga¸c˜ao da radia¸c˜ao eletromagn´etica ´e conhecida – velocidade da luz – a distˆancia do sensor ao objeto ´e determinada pela metade do tempo medido entre a emiss˜ao do impulso e a rece¸c˜ao do respetivo eco (range ou alcance), que em combina¸c˜ao com o conhecimento da dire¸c˜ao da emiss˜ao/rece¸c˜ao (azimuth ou azimute) ´e determinada a posi¸c˜ao planim´etrica do objeto.

A primeira referˆencia ao principio RADAR surge em 1897, quando Alexander Popov observou interferˆencias, durante uma telecomunica¸c˜ao via r´adio, provocadas pela pas-sagem de um navio [Guarnieri, 2010]. Desde ent˜ao o RADAR foi sendo desenvolvido durante o inicio do s´eculo XX, tendo atingido o seu pico durante a segunda guerra mun-dial (anos 1930s e 1940s). Os primeiros radares eram de desempenho limitado mas que rapidamente foi ultrapassado pelo avan¸co tecnol´ogico.

2.2.2 InSAR

Nos anos 1940s, ainda por necessidades b´elicas (guerra fria), o ex´ercito dos EUA, procu-rava um sistema de reconhecimento que n˜ao dependesse das condi¸c˜oes climat´ericas (e.g. nuvens e nevoeiro) e que operasse vinte e quatro horas por dia (dia e noite).

O RADAR encaixava-se nestes requisitos e nos anos 1950s foi adaptado com sucesso. Este novo sistema, designado por SAR (Synthetic Aperture RADAR), em portuguˆes RADAR de Abertura Sint´etica, ´e um sistema RADAR de imagem em que o sensor ´e colocado num avi˜ao (ou sat´elite) e adquire a informa¸c˜ao lateralmente (c.f. figura 2.1a), para n˜ao haver sobreposi¸c˜ao de ecos de origens opostas que se encontrem a distˆancias idˆenticas do sensor.

(18)

Cap´ıtulo 2. Interferometria RADAR 6

(a) Geometria de aquisi¸c˜ao SAR.

(b) Geometria de aquisi¸c˜ao InSAR. Vista perpendicular `as trajet´orias do sat´elite. Figura 2.1: Geometrias de aquisi¸c˜ao SAR e InSAR [Bamler and Hartl, 1998].

A imagem ´e assim formada, numa dire¸c˜ao pelo tempo de retorno do sinal refletido (range ou alcance) e na dire¸c˜ao perpendicular pelos sucessivos impulsos que v˜ao retornando da superf´ıcie atingida ao longo da trajet´oria do sat´elite (azimuth ou azimute1).

A designa¸c˜ao de abertura sint´etica deve-se `a simula¸c˜ao da abertura angular do feixe com o prop´osito de aumentar a resolu¸c˜ao azimutal da imagem [Bamler, 2000]. Sem isto era imposs´ıvel um resolu¸c˜ao suficientemente aceit´avel. Por exemplo para o sat´elite ERS-1, que tinha uma antena de 10 m de comprimento e orbitava a uma altitude de 850 km a resolu¸c˜ao em azimute em abertura real seria de 5 km, para uma resolu¸c˜ao aceit´avel de 4 m seria necess´aria uma antena de 12 km [Catita, 2007].

Em 1974 surge a t´ecnica InSAR, em portuguˆes Interferometria RADAR de Abertura Sint´etica, utilizada para determinar informa¸c˜ao altim´etrica de uma regi˜ao, a partir das imagens SAR. Nos finais dos anos 1980s come¸cou-se a utilizar esta t´ecnica para a deter-mina¸c˜ao da deforma¸c˜ao da superf´ıcie terrestre recorrendo `a remo¸c˜ao da contribui¸c˜ao da topografia, para isso recorrendo a um modelo digital de terreno, a este designam ainda por DInSAR, Interferometria RADAR de Abertura Sint´etica Diferencial [Bamler and Hartl, 1998].

A Interferometria RADAR de Abertura Sint´etica (InSAR) convencional, com o objetivo de estimar deslocamentos da superf´ıcie terrestre, lida com a diferen¸ca de fase, pixel a

1

(19)

pixel, de duas imagens SAR captadas em diferentes momentos e em localiza¸c˜oes aproxi-madamente iguais [Colesanti et al., 2003]. Tendo-se duas imagens SAR, nestas condi¸c˜oes, cujos pixeis s˜ao representados por n´umeros complexos (valor do sinal retrorrefletido cap-tado)[Bamler and Hartl, 1998]:

u1(r, α) = |u1(r, α)|ejφ1(r,α) u2(r, α) = |u2(r, α)|ejφ2(r,α) (2.1)

em que r ´e o alcance projetado no plano, α o azimute (ver figuras 2.1a e 2.1b) e φ ´e a fase enrolada. A partir da sua multiplica¸c˜ao complexa forma-se um interferograma:

v(r, α) = u1(r, α)u∗2(r, α) = |u1(r, α)||u2(r, α)|ejφI(r,α) (2.2)

em que u∗2 ´e o conjugado de u2.

Cada observa¸c˜ao complexa v(r, α) pode ser separada em amplitude |u1(r, α)||u2(r, α)| e

em fase φI(r, α). ´E a partir da fase interferom´etrica que o deslocamento ´e estimado.

Sendo:

φI(r, α) = φ1(r, α) − φ2(r, α) (2.3)

Na ausˆencia de outras contribui¸c˜oes de fase como a curvatura terrestre, topografia e atmosfera, a fase interferom´etrica relaciona-se com o deslocamento:

φ = −4π

λ ∆R (2.4)

em que λ ´e o comprimento de onda, ∆R ´e o deslocamento na dire¸c˜ao da linha de vista (em inglˆes LOS - Line Of Sight ), que corresponde `a varia¸c˜ao das distˆancias entre sat´ elite-refletor entre as duas aquisi¸c˜oes (∆R = R2− R1).

Apesar de, teoricamente, a InSAR convencional permitir medir deslocamentos da su-perf´ıcie terrestre, ainda n˜ao se tornou uma ferramenta totalmente operacional, porque `a parte dos problemas da ambiguidade de ciclo, as limita¸c˜oes s˜ao principalmente devidas `a descorrela¸c˜ao temporal e geom´etrica (i.e. a refletividade de um pixel varia com o tempo e/ou com a geometria de aquisi¸c˜ao) e por artefactos atmosf´ericos [Colesanti et al., 2003].

(20)

Cap´ıtulo 2. Interferometria RADAR 8

2.3

PS-InSAR

De maneira a mitigar estas limita¸c˜oes, no final dos anos 1990s, surgiu a t´ecnica PS-InSAR [Ferretti et al., 2001] – Permanent Scatterers Interferometric Synthetic Aperture RADAR – que em portuguˆes se pode traduzir por Interferometria RADAR de Abertura Sint´etica por Dispersores Permanentes.

A principal caracter´ıstica desta t´ecnica ´e a utiliza¸c˜ao exclusiva de pixeis que apresentam estabilidade no valor da fase numa s´erie temporal de interferogramas diferenciais relativos a uma mesma imagem (master ), designados por Permanent Scatterers ou Persistent Scatterers (PS) [Hooper et al., 2004].

Foi desenvolvida, inicialmente, por A. Ferretti, F. Rocca e C. Prati do Politecnico di Milano para ultrapassar a maior limita¸c˜ao da interferometria SAR convencional, a des-correla¸c˜ao temporal, tanto para a gera¸c˜ao de modelos digitais de terreno como para a monitoriza¸c˜ao de deforma¸c˜oes da superf´ıcie terrestre [Ferretti et al., 2001].

Ao longo da ´ultima d´ecada, outras variantes tˆem surgido [Ferretti et al., 2011, Hooper et al., 2004], mas como esta continua a ser a t´ecnica de referˆencia e o ponto de partida das outras, ser´a feita aqui uma breve descri¸c˜ao desta.

2.3.1 Gera¸c˜ao dos interferogramas

Para a execu¸c˜ao desta t´ecnica ´e necess´ario uma longa s´erie temporal de interferogramas. A partir de uma pilha de N + 1 imagens SAR, obtidas aproximadamente da mesma posi¸c˜ao em momentos diferentes, s˜ao gerados N interferogramas em rela¸c˜ao `a mesma imagem master, aos quais a cada pixel ´e retirada a componente de fase devida `a curvatura da superf´ıcie da Terra, e a componente devida `a topografia (com recurso a um modelo digital de terreno - MDT). Na figura 2.2 encontra-se representado o fluxograma da gera¸c˜ao de um destes interferogramas.

2.3.2 Persistent Scatterers

O elemento mais importante nesta t´ecnica ´e o Persistent Scatterer. Numa imagem SAR a onda retro-refletida por um elemento de resolu¸c˜ao (pixel ) resulta da soma coerente

(21)

Figura 2.2: Fluxograma da gera¸c˜ao dos interferogramas [Ketelaar, 2009].

das ondas retro-refletidas por todos os refletores individuais no seu interior. Os pixeis designados por PS (Persistent Scatterers) s˜ao aqueles que correspondem a elementos que tˆem um ou mais refletores dominantes (mais brilhantes) que possuem um comportamento coerente ao longo do tempo, isto ´e apresentam estabilidade no valor da fase ao logo do tempo (ver figura 2.3).

(a) (b)

Figura 2.3: Simula¸c˜ao de fases de um n˜ao PS e de um PS. Esta figura representa os diferentes refletores que contribuem para a fase observada, para um determinado pixel, num interferograma. Estes refletores movimentam-se de forma aleat´oria de ´epoca para ´epoca. No caso (B) existe um refletor est´avel e com um brilho trˆes vezes superior aos restantes e que na soma coerente das v´arias contribui¸c˜oes resulta numa estabilidade na

(22)

Cap´ıtulo 2. Interferometria RADAR 10

2.3.3 O modelo matem´atico

Para cada pixel x de um interferograma i a fase observada (enrolada) ´e composta por [Kampes, 2006]:

φix = φitopo,x+ φidef o,x+ φiatmo,x+ φiruido,x (2.5) em que φi

topo,x ´e a fase residual devida `a topografia (erro do MDT utilizado), φidef o,x

´

e a fase devida ao deslocamento na dire¸c˜ao da linha de visada (LOS), φiatmo,x ´e a fase devida `a diferen¸ca entre os atrasos atmosf´ericos e φi

ruido,x ´e o ru´ıdo aleat´orio devido `a

descorrela¸c˜ao (pequeno para um PS).

Para modelar a componente devida ao deslocamento ´e utilizado um modelo linear [Fer-retti et al., 2000]:

φidef o,x= −4π λT

i· v

x (2.6)

em que Ti ´e a base temporal em rela¸ao `a imagem master e v

x ´e a taxa m´edia do

deslocamento do ponto x (velocidade). Uma eventual componente residual n˜ao linear ´e considerada como ru´ıdo.

A fase devida `a topografia ´e considerada fun¸c˜ao linear da componente perpendicular da linha de base Bi

⊥,x (ver figura 2.1b):

φitopo,x= βxi · ∆hx (2.7)

em que ∆hx ´e a altura do ponto x em rela¸c˜ao ao MDT, designado por erro do MDT e

βxi ´e um fator de convers˜ao de altura para fase para o pixel x [Kampes, 2006]: βxi = −4π λ B⊥,xi Rm x sin θmx,inc (2.8)

em que λ ´e o comprimento de onda, Bi

⊥,x ´e a base perpendicular, Rxm ´e o alcance

correspondente `a imagem master e θx,incm ´e o ˆangulo de incidˆencia.

O objetivo da t´ecnica PS ´e a estima¸c˜ao destas contribui¸c˜oes (eq. (2.5)). A ideia b´asica consiste em explorar os seus diferentes comportamentos espectrais numa an´alise multi-dimensional tempo-espa¸co-geometria de aquisi¸c˜ao, tendo em conta que [Colesanti et al., 2003]:

(23)

• φi

def o´e correlacionada no tempo, pode exibir diferentes graus de correla¸c˜ao espacial

dependendo do fen´omeno e ´e n˜ao correlacionado com a componente perpendicular da linha de base;

• φi

topo´e proporcional `a linha de base perpendicular, n˜ao ´e correlacionado no tempo,

pode ser ou n˜ao correlacionado espacialmente dependendo das caracter´ısticas do modelo de terreno utilizado;

• φi

atmo´e fortemente correlacionado no espa¸co e n˜ao correlacionado no tempo, nem

com a linha de base perpendicular.

2.3.4 ´Indice de dispers˜ao da amplitude

Ap´os a cria¸c˜ao dos interferogramas ´e necess´ario fazer uma sele¸c˜ao dos pixeis para os quais a probabilidade de serem PS ´e elevada. Enquanto a estabilidade da fase s´o ´e acess´ıvel ap´os a estima¸c˜ao e remo¸c˜ao das v´arias contribui¸c˜oes (atmosfera, erro do MDT, deforma¸c˜ao, etc.), a amplitude ´e praticamente insens´ıvel a estas [Ferretti et al., 2001]. O ´ındice de dispers˜ao da amplitude ´e definido como:

Da=

σa

¯

a (2.9)

em que σa e ¯a s˜ao respetivamente o desvio padr˜ao e a m´edia temporal da amplitude do

sinal. Segundo Ferretti et al. [2001], para valores baixos de dispers˜ao da fase, Da ´e um

bom indicador da estabilidade da fase:

ˆ

σφ' Da (2.10)

Selecionando-se apenas os pixeis com um Dainferior a 0.25 espera-se obter pixeis apenas

com comportamento de PS [Colesanti et al., 2003]. Os pixeis selecionados por este limiar s˜ao designados por candidatos a PS (PSC).

2.3.5 Estima¸c˜ao

O primeiro passo ´e a mitiga¸c˜ao da componente da atmosfera ou APS (Atmospheric Phase Screen). Como o APS ´e fortemente correlacionado no espa¸co, a contribui¸c˜ao

(24)

Cap´ıtulo 2. Interferometria RADAR 12

de fase diferencial da atmosfera relativa a PSC pr´oximos ser´a extremamente reduzida (para pontos distanciados a menos de 1 km o σ2φ

atmo ´e normalmente menor que 0.1 rad

2

[Colesanti et al., 2003])

Para um par de PSC (x, y) pr´oximos (e.g. at´e 2 km), a diferen¸ca de fase em cada interferograma i ´e:

φix,y = βix· ∆hx,y−4π λT

i· v

x,y+ ωx,yi (2.11)

em que ωix,y, designado por res´ıduos de fase linear (LPR), cont´em as contribui¸c˜oes resi-duais da atmosfera, ru´ıdo e deslocamento n˜ao linear.

Como a fase est´a enrolada, trata-se de um problema de invers˜ao n˜ao linear, que n˜ao pode ser resolvido por invers˜ao direta. A estima¸c˜ao dos parˆametros ´e feita a partir de uma busca atrav´es do espa¸co solu¸c˜ao, recorrendo a uma estimativa da coerˆencia complexa:

ˆ γx,y= 1 N N X i=1 exp(jωx,yi ) (2.12) em que ωx,yi ´e estimado pela diferen¸ca entre a diferen¸ca de fase observada e a diferen¸ca de fase modelada entre os pontos vizinhos x e y:

ωx,yi = φix,y− (βxi · ∆hx,y−

4π λT

i· v

x,y) (2.13)

A solu¸c˜ao, ou seja os valores de ∆hx,y e vx,y que maximizam |ˆγx,y|, ´e determinada

na pr´atica por amostragem do espa¸co solu¸c˜ao bidimensional, dentro de determinados intervalos e resolu¸c˜oes [Kampes, 2006].

Isto ´e poss´ıvel desde que |ωi

x,y| < π rad [Ferretti et al., 2000]. Em principio esta

con-di¸c˜ao estar´a garantida, se o efeito da atmosfera for reduzido entre pontos pr´oximos e o ru´ıdo pequeno, este ´ultimo ´e garantido se na sele¸c˜ao dos PSC, o ´ındice de dispers˜ao da amplitude m´aximo adoptado for inferior a 0.25.

Com estas estimativas o valor da fase dos PSC ´e desenrolado por integra¸c˜ao, a partir do m´etodo dos m´ınimos quadrados em que o peso ´e fun¸c˜ao do valor de ˆγx,y. Ap´os

o desenrolamento, a fase residual ωi

(25)

[Ferretti et al., 2000]: ˆ φiatmo,x=  [ωix− ¯ωx]P Atempo  P Bespa¸co + [¯ωx]P Bespa¸co (2.14)

Em que P A e P B s˜ao as iniciais para filtro passa-alta e filtro passa-baixa, ¯ωx´e a m´edia

temporal da fase residual que ´e uma estimativa para a fase atmosf´erica da imagem master. Esta ´e removida `a fase residual para n˜ao ser filtrada no filtro passa-alta temporal seguinte. O filtro passa-alta temporal remove poss´ıveis deslocamentos correlacionados no tempo. O primeiro filtro passa-baixa no espa¸co ´e uma estimativa para a fase atmosf´erica da imagem slave e o segundo ´e uma estimativa da fase atmosf´erica da imagem master. A componente da fase atmosf´erica estimada para os PSC ´e interpolada para os restantes pixeis e retirada aos interferogramas. Com os interferogramas j´a sem esta componente s˜ao determinados novos PS e estimados os seus parˆametros (∆hx e vx). Desta vez a

determina¸c˜ao dos parˆametros j´a n˜ao ´e feita entre pontos vizinhos pelo facto da atmosfera j´a n˜ao ser um problema.

(26)

Cap´ıtulo 3

StaMPS

3.1

Introdu¸

ao

A t´ecnica PS-InSAR original, j´a apresentada em tra¸cos gerais no cap´ıtulo anterior, est´a protegida legalmente e muitos dos seus pormenores n˜ao foram divulgados ou n˜ao s˜ao muito claros [Kampes, 2006].

Com o passar do tempo, t´ecnicas alternativas foram surgindo, uma das mais populares ´e o StaMPS – Stanford Method for Persistent Scatterers – cujo c´odigo fonte est´a dispon´ıvel, de forma gratuita na internet, permitindo o seu estudo mais aprofundado.

Segundo Hooper [2006], o seu autor, este m´etodo traz duas melhorias em rela¸c˜ao `a t´ecnica anterior, o primeiro ´e a possibilidade de detetar mais PS em zonas n˜ao urbanas, e o segundo ´e n˜ao precisar de um modelo a priori da deforma¸c˜ao do terreno e por isso conseguir determinar deslocamentos de pequena dura¸c˜ao e/ou peri´odicos (e.g. origem vulcanica). Mas, em contra partida, pode n˜ao detetar PS isolados que se comportam de forma diferente em rela¸c˜ao `a sua vizinhan¸ca [Sousa et al., 2010].

3.2

Estima¸

ao da coerˆ

encia

Como na t´ecnica anterior esta come¸ca por selecionar um primeiro conjunto de PSC baseado no seu ´ındice de dispers˜ao da amplitude (ver equa¸c˜ao (2.9)), mas o ´ındice

(27)

m´aximo utilizado ´e agora `a volta de 0.4 o que resulta num n´umero de PSC muito superior.

A fase observada ´e a soma de v´arias contribui¸c˜oes [Hooper, 2006]:

φix = φidef,x+ φiatmo,x+ φiorb,x+ φitopo,x+ φiruido,x (3.1) em que φidef,x´e a contribui¸c˜ao devida ao deslocamento, φiatmo,x ´e a contribui¸c˜ao devida ao atraso atmosf´erico, φi

orb,x ´e a contribui¸c˜ao devida ao erro das ´orbitas, φitopo,x ´e a

contribui¸c˜ao devida `a topografia, φiruido,x ´e o ru´ıdo.

Esta decomposi¸c˜ao da fase interferom´etrica nas suas componentes ´e assim, praticamente, idˆentica `a apresentada no m´etodo anterior (ver eq. (2.5)).

A primeira abordagem passa pela remo¸c˜ao do atraso atmosf´erico e outras contribui¸c˜oes espacialmente correlacionadas (os primeiros trˆes termos e parte do quarto da equa¸c˜ao (3.1)). Inicialmente Hooper et al. [2004] propˆos a utiliza¸c˜ao de um filtro passa-baixa no dom´ınio do espa¸co (m´edia). Eram utilizados os PSC que estavam contidos numa vizinhan¸ca pr´oxima (e.g. 2 km) de cada PSC para determinar a m´edia:

¯

φix= ¯φidef,x+ ¯φatmo,xi + ¯φiorb,x+ ¯φiruido,x (3.2) em que ¯φiruido,x ´e a soma das m´edias de φitopo,xe φiruido,x que se assume pr´oxima de zero. Mais tarde Hooper [2006] prop˜oe um filtro passa-banda que se adapta a qualquer gradi-ente de fase presgradi-ente nos pr´oprios dados, que ´e implementado por um filtro adaptativo aplicado no dom´ınio das frequˆencias [Hooper, 2006].

Esta estimativa, da parte espacialmente correlacionada, ´e retirada `a fase observada:

φix− ¯φix= φtopo,xi + φiruido,x− ¯φ0iruido,x (3.3) em que ¯φ0iruido,x = ¯φiruido,x+ ( ¯φidef,x−φi

def,x) + ( ¯φiatmo,x−φiatmo,x) + ( ¯φiorb,x−φiorb,x). Como

a fase residual da topografia ´e considerada proporcional `a componente perpendicular da linha de base:

ˆ

(28)

Cap´ıtulo 3. StaMPS 16

substituindo (3.4) em (3.3) e a partir de um ajustamento por m´ınimos quadrados estima-se Kθ,x e consequentemente uma estimativa para φitopo,x. Nesta estima¸c˜ao tamb´em ´e

determinada uma constante (offset ) que est´a presente em todos os interferogramas e corresponde `a fase espacialmente correlacionada da imagem master.

Com estes elementos ´e definida uma medida baseada na coerˆencia temporal do pixel x [Hooper et al., 2004]: ˆ γx= 1 N N X i=1 exp(j(φix− ¯φix− ˆφitopo,x)) (3.5)

em que N ´e o n´umero de interferogramas e ˆφitopo,x ´e a estimativa obtida para φitopo,x. Assumindo que os valores de ¯φ0iruido,x s˜ao pequenos, ˆγx ´e uma medida da estabilidade

temporal da fase do pixel x e por isso um indicador se este ´e um PS.

Trata-se de um procedimento iterativo em que o peso de cada pixel no filtro (fun¸c˜ao de ˆ

γx) vai sendo atualizado, at´e a sua varia¸c˜ao estabilizar.

3.3

Sele¸

ao dos PS

Com a estimativa da coerˆencia para cada pixel determinada (ˆγx) procede-se `a sele¸c˜ao

dos pixeis considerados PS. Para isso ´e determinado um valor m´ınimo γx∗ que maximiza a probabilidade do pixel x ser um PS.

A popula¸c˜ao de pixeis ´e tratada como a uni˜ao de duas popula¸c˜oes complementares. A dos pixeis n˜ao-PS, com comportamento aleat´orio, e a dos pixeis PS, com comportamento coerente (ver figura 3.1). A fun¸c˜ao densidade de probabilidade para a popula¸c˜ao ´e dada pela seguinte soma pesada:

p(γx) = (1 − α)pA(γx) + αpP S(γx) (3.6)

em que pA(γx) ´e a fun¸c˜ao densidade de probabilidade dos pixeis com comportamento

ale-at´orio, e pP S(γx) ´e a fun¸c˜ao densidade de probabilidade dos pixeis com comportamento

(29)

Figura 3.1: Fun¸c˜oes te´oricas de densidade de probabilidade para as popula¸c˜oes de pixeis observados, p(γx) (azul); n˜ao-PS, (1 − α)pA(γx) (vermelho); e PS, αpP S(γx)

(verde).

Uma pA(γx) ´e gerada a partir da simula¸c˜ao de um grande n´umero de pixeis com

com-portamento de fase aleat´orio, a partir de um m´etodo num´erico de gera¸c˜ao de n´umeros pseudo-aleat´orios.

Hooper [2006] considera pP S(γx) ≈ 0 quando γx varia entre 0 e 0.3 (ver figura 3.1), isto

´

e n˜ao existem PS com valor de coerˆencia inferior a 0.3 e por isso a probabilidade de um pixel ser PS com valor de coerˆencia inferior a 0.3 ´e nula. Assim sendo os integrais das distribui¸c˜oes p(γx) e (1 − α)pA(γx), para o intervalo [0 : 0.3] s˜ao iguais:

Z 0.3 0 p(γx)dγx = (1 − α) Z 0.3 0 pA(γx)dγx (3.7) e como R0.3 0 p(γx)dγx e R0.3

0 pA(γx)dγx s˜ao conhecidos, porque p(γx) ´e a distribui¸c˜ao de

coerˆencia dos pixeis observados e pA(γx) a dos pixeis simulados, α ´e determinado.

Com estes elementos determina-se um valor γx∗ a partir do qual a probabilidade de selecionar falsos PS ´e igual a um valor q entre [0:1] definido pelo utilizador:

(1 − α)R1

γ∗pA(γx)dγx

R1

γ∗p(γx)dγx

= q (3.8)

A resolu¸c˜ao num´erica desta equa¸c˜ao, em ordem a γ∗, ´e apresentada no cap´ıtulo seguinte. De maneira a melhorar esta sele¸c˜ao, os pixeis s˜ao agrupados em subconjuntos em fun¸c˜ao da dispers˜ao da amplitude (p(γx, Da)), em que para cada um deles ´e determinado um

γx∗. A partir de uma regress˜ao, utilizando-se os valores de γx∗ e ¯Dade cada subconjunto,

´

(30)

Cap´ıtulo 3. StaMPS 18

¯

Da· k = γ∗ (3.9)

Os pixeis s˜ao selecionados como PS se o seu valor ˆγx for maior que Da,x· k = γ∗.

Ap´os a sele¸c˜ao, o valor da coerˆencia γx ´e novamente determinado e ´e executada uma

nova sele¸c˜ao.

Segundo Hooper [2006], um dispersor brilhante pode contaminar pixeis adjacentes e por isso a sele¸c˜ao ´e refinada, detetando agregados de PS e selecionado apenas o pixel com maior γx.

Posteriormente s˜ao rejeitados os pixeis ruidosos (noisy).

3.4

Desenrolamento da fase

Os pixeis n˜ao selecionados s˜ao descartados e procede-se ao desenrolamento da fase apenas com os pixeis selecionados (PS).

O correto desenrolamento da fase s´o ´e poss´ıvel se a diferen¸ca de fase absoluta entre PS vizinhos for menor que π radianos. Isto, normalmente, verifica-se para a parte espacial-mente correlacionada da fase enrolada desde que a densidade de pixeis seja elevada. Pelo contr´ario isto pode n˜ao acontecer com a parte n˜ao espacialmente correlacionada, cuja grande contribui¸c˜ao ´e devida ao erro do MDT. Como j´a existe uma estimativa para esta contribui¸c˜ao, esta conjuntamente com o offset da master s˜ao removidas da fase antes do desenrolamento:

φix− ˆφitopo,x= φidef,x+ φiatmo,x+ φiorb,x+ φ0itopo,x+ φiruido,x (3.10) em que φ0itopo,x´e o erro residual do MDT devido `a incerteza das estimativa K, incluindo qualquer erro do MDT espacialmente correlacionado, este n˜ao tem efeito na diferen¸ca de fase entre pixeis pr´oximos o que n˜ao prejudica o desenrolamento da fase, mas tem de ser posteriormente removido.

(31)

A fase ´e desenrolada por integra¸c˜ao no tempo e no espa¸co (3 dimens˜oes) ficando:

φidr,x= φidef,x+ φiatm,x+ φorb,xi + φi,corrtopo,x+ φiruido,x+ 2kxiπ (3.11) em que φidr,x´e a fase desenrolada de φix− ˆφitopo,x, kix´e a ambiguidade inteira de ciclo.

3.5

Estima¸

ao da deforma¸

ao

Para determinar a deforma¸c˜ao ´e necess´ario remover os restantes termos in´uteis que a mascaram.

Os termos in´uteis s˜ao espacialmente correlacionados e dividem-se em duas partes: 1) A parte temporalmente correlacionada, constitu´ıda pela contribui¸c˜ao da master (atmos-fera e ´orbitas) que se encontra presente em todos os interferogramas; 2) A parte n˜ao temporalmente correlacionada que ´e a contribui¸c˜ao da atmosfera e das ´orbitas da slave mais a parte espacialmente correlacionada do MDT.

Utilizando uma combina¸c˜ao de filtros no tempo e no espa¸co estes termos s˜ao estimados e removidos da fase desenrolada.

Para estimar a primeira parte ´e aplicado um filtro passa-baixa no tempo. Mas segundo Hooper [2006] o termo 2kπ torna a fase desenrolada n˜ao correlacionada no tempo impe-dindo a aplica¸c˜ao direta de um filtro no tempo.

Como k ser´a igual para pixeis pr´oximos, ´e feita a diferen¸ca entre pixeis vizinhos, e essa fase diferencial ´e filtrada no tempo por convolu¸c˜ao com uma fun¸c˜ao gaussiana:

LT{∆x2 x1φ i dr,x} ≈ ∆xx21φ i def o,x− ∆xx21φ m atmo,x− ∆xx21φ m orb,x (3.12)

em que LT ´e o operador filtro passa-baixa, ∆x2

x1 ´e o operador diferencial entre x2 e x1

e m indica uma contribui¸c˜ao da imagem master. Estimando LT{∆x2

x1φ

i

dr} para a data

da aquisi¸c˜ao da imagem master em que φdef o,x = 0 determina-se uma estimativa para

∆x2

x1φˆ

m

atmo,x e ∆xx21φˆ

m

orb,x. Os valores ˆφmatmo,x e ˆφmorb,x s˜ao obtidos por uma invers˜ao por

(32)

Cap´ıtulo 3. StaMPS 20

Para determinar as restantes contribui¸c˜oes n˜ao correlacionadas no tempo ´e aplicado um filtro passa-alta subtraindo LT{∆x2

x1φ i dr} `a fase diferencial ∆xx21φ i dr,x: ∆x2 x1φ i dr,x− LT{∆xx21φ i dr} = ∆xx21φ s,i atmo,x+ ∆xx21φ s,i orb,x+ ∆ x2 x1φ corr,i topo,x+ ∆xx21φ s,i ruido,x (3.13)

em que s indica uma contribui¸c˜ao da imagem slave. Por uma invers˜ao por m´ınimos quadrados da fase diferencial:

[∆x2 x1] −1{∆x2 x1φ i dr,x− LT{∆xx21φ i dr}} = φ s,i atmo,x+ φ s,i orb,x+ φ corr,i topo,x+ φ s,i ruido,x (3.14)

A este resultado ´e aplicado um filtro passa-baixa no espa¸co a cada interferograma para extrair apenas as componentes ˆφs,iatmo,x+ ˆφs,iorb,x+ ˆφcorr,itopo,x.

Subtraindo `a fase desenrolada todos estes termos isola-se a deforma¸c˜ao:

(33)

An´

alise sensitiva da refratividade

atmosf´

erica

4.1

Introdu¸

ao

A t´ecnica PS-InSAR, em teoria, modela e remove a componente de fase devida ao atraso atmosf´erico, no entanto alguns estudos tˆem apresentado melhores resultados quando o atraso atmosf´erico ´e modelado e mitigado antes do processamento PS-InSAR [Catal˜ao et al., 2011b, Kinoshita et al., 2013].

Este cap´ıtulo apresenta uma an´alise comparativa, do processamento PS-InSAR para dois conjuntos de imagens SAR, que tˆem a mesma origem, diferenciando-se apenas ap´os a gera¸c˜ao dos interferogramas, em que a um deles foram removidos os interferogramas sint´eticos do atraso atmosf´erico, determinados a partir de um modelo de previs˜ao WRF (Weather Research and Forecasting) [Mateus et al., 2013].

Esta an´alise tira partido da disponibilidade de acesso ao c´odigo fonte do software Sta-MPS, permitindo apresentar, para al´em dos resultados finais, resultados interm´edios. O cap´ıtulo divide-se em duas partes, a primeira ´e o acompanhamento sequencial do pro-cessamento PS-InSAR, em que s˜ao apresentados alguns resultados interm´edios para os dois conjuntos de dados. E a segunda parte ´e uma an´alise comparativa desses resultados, com o intuito de determinar a influˆencia da remo¸c˜ao da atmosfera no processamento e nos resultados.

(34)

Cap´ıtulo 4. An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 22

4.2

Dados

A partir de um conjunto de 19 imagens ENVISAT-ASAR, adquiridas entre 14 de setem-bro de 2008 e 15 agosto de 2010 (700 dias, cerca de 2 anos), sobre a cidade de Lisboa e a respetiva regi˜ao envolvente, geraram-se 18 interferogramas. A imagem adquirida em 17 de maio de 2009 foi escolhida para imagem master, tendo em conta a minimiza¸c˜ao da base perpendicular e da base temporal.

Na tabela 4.1 encontram-se as datas de aquisi¸c˜ao das imagens slaves e as respetivas bases temporal e perpendicular, relativamente `a imagem master.

O software utilizado para a gera¸c˜ao dos interferogramas foi o DORIS (Delft Object-oriented RADAR Interferometric Software) [Kampes et al., 2003], desenvolvido pela Universidade T´ecnica de Delft (TUDelft) e cujo procedimento encontra-se esquematizado na figura 2.2.

Data ∆t Base perpendicular 14-Sep-2008 -245 dias -253 m 19-Oct-2008 -210 dias 76 m 23-Nov-2008 -175 dias -423 m 28-Dec-2008 -140 dias 28 m 01-Feb-2009 -105 dias -204 m 08-Mar-2009 -70 dias 93 m 12-Apr-2009 -35 dias -166 m 17-May-2009 0 dias 0 m 21-Jun-2009 35 dias -222 m 26-Jul-2009 70 dias 186 m 30-Aug-2009 105 dias 216 m 04-Oct-2009 140 dias -254 m 08-Nov-2009 175 dias 59 m 13-Dec-2009 210 dias -302 m 17-Jan-2010 245 dias 82 m 28-Mar-2010 315 dias 154 m 02-May-2010 350 dias -80 m 15-Aug-2010 455 dias 144 m

Tabela 4.1: Data, base temporal e base perpendicular dos interferogramas.

Ap´os a gera¸c˜ao dos interferogramas procedeu-se `a sele¸c˜ao dos pixeis candidatos a PS a partir do ´ındice de dispers˜ao da amplitude. Dos 86 × 106 pixeis que formam cada um dos interferogramas foram selecionados 6260152 pixeis com ´ındice dispers˜ao da amplitude inferior a 0.4, de registar, para efeitos de compara¸c˜ao com a t´ecnica original, que destes PSC selecionados apenas 182740 tinham ´ındice de dispers˜ao da amplitude inferior a 0.25,

(35)

isto ´e 3% do total selecionado, significa isto que 97 % tinha ´ındice de dispers˜ao superior a 0.25 (ver figura 4.1a). Este primeiro conjunto de PSC, o qual n˜ao sofreu nenhum tratamento especial, passa a ser designado por Conjunto A.

A partir de previs˜oes baseadas no modelo WRF e de um procedimento ray-tracing estimaram-se os atrasos atmosf´ericos de fase para cada interferograma. As previs˜oes dos parˆametros atmosf´ericos que foram gerados sobre uma grelha 1 × 1 km foram interpola-dos para as localiza¸c˜oes dos pixeis dos interferogramas. Geraram-se os interferogramas sint´eticos correspondentes aos atrasos atmosf´ericos de fase a partir da diferen¸ca entre os atrasos atmosf´ericos de fase calculados para os tempos de aquisi¸c˜ao das imagens SAR da master e das slaves. Aos interferogramas j´a gerados, dos quais foram selecionados os PSC do primeiro conjunto, foram removidos os interferogramas sint´eticos do atraso atmosf´erico de fase correspondentes.

Aos interferogramas corrigidos procedeu-se a uma nova sele¸c˜ao dos candidatos a PS a partir do ´ındice de dispers˜ao da amplitude, utilizando-se o mesmo valor m´aximo de 0.4. Dos 86×106pixeis que formam cada um dos interferogramas foram selecionados 6260149 pixeis, destes apenas 182739 tinham ´ındice de dispers˜ao da amplitude inferior a 0.25, isto ´e, como para o conjunto A, 3 % do total selecionado, sendo que 97 % tinha ´ındice de dispers˜ao da amplitude superior a 0.25 (ver figura 4.1b). Este segundo conjunto de PSC, ao qual foi mitigado o atraso atmosf´erico, passa a ser designado por Conjunto B.

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.1: Histogramas de ´ındice de dispers˜ao da amplitude dos PSC.

(36)

Cap´ıtulo 4. An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 24

• Conjunto A - Conjunto dos candidatos a PS com origem nos interferogramas ori-gin´arios, isto ´e sem mitiga¸c˜ao da atmosfera;

• Conjunto B - Conjunto de candidatos a PS com origem nos interferogramas que sofreram mitiga¸c˜ao do atraso atmosf´erico.

4.3

Passos

Com os PSC selecionados iniciou-se o processamento PS-InSAR propriamente dito. O StaMPS est´a dividido nos seguintes oito passos [Hooper, 2010]:

• Passo 1 - Carregamento dos dados; • Passo 2 - Estima¸c˜ao da coerˆencia; • Passo 3 - Sele¸c˜ao dos PS;

• Passo 4 - Remo¸c˜ao de “pseudo PS”;

• Passo 5 - Remo¸c˜ao da componente de fase devida ao erro do MDT; • Passo 6 - Desenrolamento da fase;

• Passo 7 - Estima¸c˜ao do erro espacialmente correlacionado com o ˆangulo de vista; • Passo 8 - Estima¸c˜ao do erro espacialmente correlacionado.

Os passos 3 e 4, devido `a sua importˆancia neste estudo s˜ao aqui divididos em dois subpassos, a e b.

O passo 3a, consiste numa primeira sele¸c˜ao dos PS com base nos valores de coerˆencia determinados no passo 2. O passo 3b, utilizando apenas os PS selecionados no passo 3a procede a uma nova determina¸c˜ao da coerˆencia e com base nestes novos valores procede a uma nova sele¸c˜ao de PS.

No passo 4a, a cada agregado de PS – conjunto de pixeis vizinhos entre si – ´e selecionado, apenas, o pixel de coerˆencia m´axima. O passo 4b, consiste na remo¸c˜ao dos PS ruidosos (noisy).

(37)

4.4

Estima¸

ao da coerˆ

encia

O processamento StaMPS inicia-se com a convers˜ao e carregamento dos dados de entrada (passo 1), que se encontram em v´arios formatos distintos, para as estruturas de dados especificas do software.

De entres os dados de entrada os mais importantes s˜ao: i) o sinal interferom´etrico dos PSC para cada interferograma (n´umeros imagin´arios); ii) o ´ındice de dispers˜ao da amplitude; iii) as datas de aquisi¸c˜ao das imagens SAR; iv) informa¸c˜ao palanim´etrica – coordenadas imagem (i, j) e geogr´aficas (φ, λ) dos PSC; v) informa¸c˜ao altimetrica – coordenadas altim´etricas (H) dos PSC.

A partir da proje¸c˜ao das respetivas coordenadas geogr´aficas, s˜ao ainda determinadas as coordenadas retangulares (x, y). Estas s˜ao muito importantes porque ´e com base nelas que s˜ao executados os desenrolamentos de fase e os filtros espaciais.

Com os dados convertidos e carregados o processamento iniciou a primeira determina¸c˜ao dos valores de coerˆencia dos PSC.

Trata-se de um procedimento iterativo em que a coerˆencia vai sendo recalculada at´e atingir uma determinada convergˆencia.

Para este procedimento ´e necess´aria uma amostra de uma popula¸c˜ao constitu´ıda apenas de pixeis n˜ao-PS, isto ´e de comportamento de fase aleat´orio. Para isso antes de entrar no ciclo o StaMPS gerou 300 000 n´umeros aleat´orios dentro de um intervalo [0; 2π] radianos, que simulam uma popula¸c˜ao de pixeis de fase aleat´oria (enrolada).

Com estes valores foram determinadas as respetivas coerˆencias e foi gerada a respetiva distribui¸c˜ao (FDP) pA(γx).

O ciclo divide-se em 5 partes: i) filtragem pesada das componentes de fase espacialmente correlacionadas; ii) estima¸c˜ao e remo¸c˜ao da componente de fase devida ao erro do MDT; iii) c´alculo da coerˆencia; iv) c´alculo do peso para o filtro; v) teste de convergˆencia da coerˆencia - reinicia ou termina o ciclo.

O filtro utilizado trata-se de um filtro passa-banda adaptativo aplicado no dom´ınio das frequˆencias, destinado a determinar as componentes de fase espacialmente correlaciona-das. O sinal interferom´etrico de cada PSC ´e dividido pela respetiva norma passando

(38)

Cap´ıtulo 4. An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 26

assim a amplitude a 1, mantendo a fase intacta, e depois ´e multiplicada pelo peso, este inicialmente ´e dado pelo inverso da dispers˜ao da amplitude e nas itera¸c˜oes seguintes ´e determinado no final do ciclo com base na coerˆencia estimada. Estes sinais pesados s˜ao distribu´ıdos sobre uma grelha de resolu¸c˜ao de 50 metros (matriz de zeros) em fun¸c˜ao das suas coordenadas retangulares. Isto ´e feito a partir da soma complexa do sinal interferom´etrico pesado com o valor respetivo na grelha de 50 m.

O filtro foi aplicado, e ao resultado (grelha), ou seja `a parte espacialmente correlacionada, foram extra´ıdos os valores correspondentes a cada PSC em fun¸c˜ao das suas coordenadas retangulares ¯φix. Estes valores foram subtra´ıdos `a fase observada:

φix− ¯φix= φtopo,xi + φiruido,x− ¯φ0iruido,x (4.1) Passou-se `a remo¸c˜ao da parte correlacionada com a base perpendicular, ou seja a com-ponente devida ao erro do MDT. O StaMPS entrou assim no ponto ii) do ciclo. Neste c´alculo foi ainda determinada uma constante que corresponde `a contribui¸c˜ao da imagem master (atraso atmosf´erico e erro das ´orbitas) que se encontra presente em todos os interferogramas.

Como a fase encontra-se enrolada trata-se de um problema de invers˜ao n˜ao linear. O StaMPS recorre assim a uma busca pelo espa¸co solu¸c˜ao seguida de uma regress˜ao linear (ver figura 4.2).

(a) N˜ao PS. ˆγ = 0.2362 (b) PS. ˆγ = 0.8789

Figura 4.2: Exemplos de modela¸c˜ao da componente de fase devida ao erro do MDT, para um n˜ao-PS e para um PS.

(39)

Estas componentes, depois de determinadas, foram removidas `a fase filtrada, ficando apenas a componente de fase residual:

φix− ¯φix− ˆφitopo,x= φiruido,x− ¯φ0iruido,x (4.2) Com a componente de fase residual foi determinada a coerˆencia (ponto iii do ciclo) a partir da express˜ao (eq. 3.5):

ˆ γx= 1 N N X i=1 exp(j(φix− ¯φix− ˆφitopo,x)) (4.3)

O procedimento passou ao c´alculo dos pesos (ponto iv do ciclo) que foram utilizados na itera¸c˜ao seguinte.

O peso ´e baseado na probabilidade de o PSC ser um PS, definida pela seguinte express˜ao:

P (x ∈ P S) = 1 − (1 − α)pA(γx) p(γx)

(4.4)

em que p(γx) ´e a distribui¸c˜ao dos valores de coerˆencia acabados de determinar, e pA(γx)

´

e a distribui¸c˜ao dos valores de coerˆencia da amostra dos pixeis n˜ao-PS simulados, que ´e escalada tendo em conta a express˜ao (ver eq. 3.7):

(1 − α)pA(γ) = R0.3 0 p(γ)dγx R0.3 0 pA(γ)dγx · pA(γ) (4.5)

O peso ´e ent˜ao dado pelo quadrado da probabilidade do PSC vir a ser um PS:

wx = P (x ∈ P S)2=  1 −(1 − α)pA(γx) p(γx) 2 (4.6)

Conclu´ıda a determina¸c˜ao dos pesos o StaMPS verifica se o ciclo deve ser reiniciado (ponto do ciclo v). ´E determinado o desvio padr˜ao das diferen¸cas de coerˆencia entre as coerˆencias determinadas na presente itera¸c˜ao com as determinadas na itera¸c˜ao anterior. Se o desvio padr˜ao for inferior a 0.005 o ciclo ´e interrompido (convergˆencia alcan¸cada), caso contr´ario o ciclo ´e reiniciado tendo em conta os novos pesos.

(40)

Cap´ıtulo 4. An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 28

Em ambos os casos, conjuntos A e B, convergiram ao fim de 7 itera¸c˜oes e no final de cada uma delas os valores de desvio padr˜ao das diferen¸cas de coerˆencia foram praticamente iguais entre si. A tabela 4.2 apresenta estes valores para cada itera¸c˜ao.

Itera¸c˜ao Conjunto A Conjunto B 1 0.5330 0.5327 2 -0.4539 -0.4535 3 -0.0259 -0.0259 4 -0.0137 -0.0137 5 -0.0085 -0.0086 6 -0.0052 -0.0051 7 -0.0030 -0.0031

Tabela 4.2: Indicador de convergˆencia por itera¸c˜ao e por conjunto.

As figuras 4.3, 4.4, 4.5 e 4.6 apresentam os histogramas de coerˆencia obtidos ao longo das itera¸c˜oes 1, 3, 5 e 7 (´ultima). Em que se pode constatar que para os dois conjuntos A e B estes histogramas s˜ao praticamente iguais.

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.3: Histogramas de coerˆencia durante a estima¸c˜ao da coerˆencia (passo 2), ao fim da 1a itera¸c˜ao. A vermelho amostra simulada (n˜ao-PS), a azul amostra observada.

4.5

Sele¸

ao dos PS

Depois de determinada a coerˆencia para os PSC (passo 2) o StaMPS passou `a sele¸c˜ao dos PS (passo 3).

A sele¸c˜ao ´e feita atrav´es da determina¸c˜ao de um valor de coerˆencia m´ınimo γ∗ para o qual a probabilidade de um determinado PSC n˜ao ser PS ´e m´ınima (ver eq. 3.8). Este

(41)

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.4: Histogramas de coerˆencia durante a estima¸c˜ao da coerˆencia (passo 2), ao fim da 3a itera¸c˜ao. A vermelho amostra simulada (n˜ao-PS), a azul amostra observada.

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.5: Histogramas de coerˆencia durante a estima¸c˜ao da coerˆencia (passo 2), ao fim da 5a itera¸c˜ao. A vermelho amostra simulada (n˜ao-PS), a azul amostra observada.

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.6: Histogramas de coerˆencia durante a estima¸c˜ao da coerˆencia (passo 2), ao fim da 7a e ´ultima itera¸ao. A vermelho amostra simulada (n˜ao-PS), a azul amostra

(42)

Cap´ıtulo 4. An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 30

valor ´e definido pelo utilizador, que pode ser dado em percentagem ou por densidade (n´umero de falsos PS por km2), neste caso foi utilizado o valor de 7 n˜ao-PS/km2. A determina¸c˜ao do valor m´ınimo de coerˆencia γ∗´e feita em fun¸c˜ao do valor de dispers˜ao da amplitude, Da.

Os PSC foram agrupados em 626 subconjuntos de 10000 pixeis, em fun¸c˜ao de Da. Para

cada um destes subconjuntos foi determinado um valor de coerˆencia minimo γ∗: (1 − α(Da,x)) R1 γ∗pA(γx)dγx R1 γ∗p(γx, Da,x)dγx = q (4.7)

O StaMPS para determinar a distribui¸c˜ao de pixeis com comportamento aleat´orio cor-respondente a cada subconjunto (1 − α(Da,x))pA(γx) utiliza, como no passo anterior, a

express˜ao (eq. 3.7): (1 − α(Da,x))pA(γx) = R0.3 0 p(γx, Da,x)dγx R0.3 0 pA(γx)dγx · pA(γx) (4.8)

Para cada um destes subconjuntos de PSC o StaMPS determinou γ∗. A determina¸c˜ao de γ∗ a partir da eq. (4.7) ´e resolvida numericamente (ver figura 4.7), come¸ca por inverter o sentido do eixo do x para as duas distribui¸c˜oes (1−α(Da,x))pA(γx) e p(γx, Da,x) (exemplo

na figura 4.7b), s˜ao determinadas as respetivas distribui¸c˜oes cumulativas (exemplo na figura 4.7c); s˜ao divididas uma pela outra (exemplo na figura 4.7d); e o sentido do eixo dos x ´e novamente invertido resultando numa fun¸c˜ao f (γx) ≈ P (x 6= P S) onde ´e ent˜ao

determinado γ∗ tal que f (γ) < q (exemplo na figura 4.7e).

Com os valores de γ∗determinados o StaMPS, a partir de uma regress˜ao linear, ajustou-os a uma recta em fun¸c˜ao de Da:

γ∗ = k · ¯Da (4.9)

em que ¯Da ´e o vector das m´edias dos valores de Da dos pixeis dos subintervalos.

O valor k obtido no processamento do conjunto A foi de 0.56 e para o conjunto B foi de 0.56.

As figuras 4.8a e 4.8b apresentam os valores de γ∗ em fun¸c˜ao de ¯Da e respetivas retas

(43)

Figura 4.7: Exemplo da sequencia de opera¸c˜oes para a determina¸c˜ao de γ∗ tal que P (x 6= P S) < q = 0.1, partindo das distribui¸c˜oes (1 − α(Da,x))pA(γx) (vermelho) e

p(γx, Da,x) (azul).

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.8: Valores de coerˆencia m´ınimos (γ∗) em fun¸c˜ao de ¯Da e recta ajustada (passo 3 (a)).

O StaMPS com o k determinado passou `a sele¸c˜ao (primeira sele¸c˜ao) dos PS. Todo o PSC cuja coerˆencia γx era superior a k · Da,x foi selecionado.

Nesta primeira sele¸c˜ao o conjunto A ficou com 1924683 PS selecionados e o conjunto B ficou com 1922532 PS selecionados dando uma diferen¸ca n˜ao significativa entre os conjuntos A e B de -2151 PS. E uma perda relativamente aos PSC selecionados pelo ´ındice de dispers˜ao da amplitude de 4335469 e 4337617 para os conjuntos A e B respeti-vamente, isto ´e uma perda m´edia de 69 por cento. Os histogramas de coerˆencia dos PS selecionados no passo 3a e 3b encontram-se nas figuras 4.9a e 4.9b respetivamente. A sele¸c˜ao foi refinada (passo 3b), para isso a coerˆencia foi novamente determinada, apenas com os PS acabados de selecionar.

(44)

Cap´ıtulo 4. An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 32

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.9: Histogramas de coerˆencia ap´os a primeira sele¸c˜ao de PS (passo 3 (a))

Com os novos valores de coerˆencia o StaMPS procedeu a uma nova sele¸c˜ao. Os valores de k foram agora de 0.54 para o conjunto A e de 0.54 para o conjunto B.

Nesta segunda sele¸c˜ao o conjunto A ficou com 1481402 PS selecionados e o conjunto B ficou com 1478521 PS selecionados dando uma diferen¸ca n˜ao significativa entre os conjuntos A e B de -2881 PS. E uma perda relativamente aos PS selecionados no subpasso anterior de 443281 e de 444011 para os conjuntos A e B respetivamente, isto ´e uma perda m´edia de 23 por cento. Os histogramas de coerˆencia dos PS selecionados no passo 3a e 3b encontram-se nas figuras 4.10a e 4.10b respetivamente.

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

(45)

4.6

Remo¸

ao de “pseudo PS”

Depois da sele¸c˜ao o StaMPS passou ao passo da remo¸c˜ao dos “pseudo PS” (passo 4), pixeis que passaram nas fases de sele¸c˜ao como PS mas n˜ao s˜ao considerados como tal. A classifica¸c˜ao errada de n˜ao-PS como PS acontece devido `a contamina¸c˜ao por verdadeiros PS vizinhos (muito brilhantes) ou porque embora tendo uma elevada coerˆencia s˜ao muito ru´ıdosos relativamente aos PS vizinhos.

A primeira fase deste passo (passo 4a) foi a dete¸c˜ao de agregados de pixeis, conjuntos de pixeis adjacentes uns aos outros. A cada agregado apenas foi selecionado o PS que tinha o maior valor de coerˆencia, e os restantes descartados.

O resultado foi a sele¸c˜ao de 758076 pixeis para o conjunto A e 756108 para o conjunto B, isto ´e uma diferen¸ca n˜ao significativa de -1968 pixeis entre os conjuntos A e B. E uma perda relativamente aos PS selecionados no passo anterior de 723326 e de 722413 para os conjuntos A e B respetivamente, isto ´e uma perda m´edia de 49 por cento. As figuras 4.11a e 4.11b apresentam os histogramas de coerˆencia para os pixeis selecionados.

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.11: Histogramas de coerˆencia ap´os a remo¸c˜ao de PS adjacentes (passo 4 (a))

De registar ainda que este passo eliminou principalmente PS de elevada coerˆencia. Isto pode ser facilmente verificado comparando os dois histogramas de coerˆencia dos PS selecionados ap´os o passo anterior, 3 (b), e este, 4 (a), como est´a representado na figura 4.12.

Em seguida foram removidos os pixeis ru´ıdosos (passo 4b). A perda foi 117715 pixeis para o conjunto A, ficando 640361 pixeis selecionados como PS. Para o conjunto B a perda foi de 117597 pixeis, ficando 638511 pixeis selecionados como PS. A perda m´edia

(46)

Cap´ıtulo 4. An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 34

Figura 4.12: Compara¸c˜ao entre os histogramas de coerˆencia dos pixeis selecionados ap´os o passo 3b (linha tracejada) e ap´os passo 4a (linha continua).

relativa aos pixeis selecionados no subpasso anterior foi de 16 por cento. Entre os dois conjuntos a diferen¸ca de pixeis selecionados foi de -1850 pixeis. As figuras 4.13a e 4.13b apresentam os histogramas de coerˆencia para os pixeis selecionados.

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.13: Histogramas de coerˆencia ap´os a remo¸c˜ao dos PS ruidosos (passo 4 (b))

Verifica-se ainda que para o conjunto A dos 640361 PS selecionados apenas 43098 tˆem ´ındice de dispers˜ao da amplitude inferior a 0.25 e para o conjunto B dos 638511 PS selecionados apenas 43076 tˆem ´ındice de dispers˜ao inferior a 0.25, isto ´e cerca 7 % do total de PS selecionados. Nas figuras 4.14a e 4.14b encontram-se os histogramas de ´ındice de dispers˜ao da amplitude dos PS selecionados.

(47)

(a) Conjunto A (b) Conjunto B

Figura 4.14: Histogramas de ´ındice de dispers˜ao da amplitude dos PS selecionados.

4.7

Determina¸

ao do erro correlacionado com o ˆ

angulo de

vista

Aos PS selecionados foi removida a componente de fase relativa ao erro do MDT, deter-minado no passo 3b e a fase foi desenrolada.

Para comparar os resultados entre os dois conjuntos a fase desenrolada foi convertida em velocidade (mm/ano), utilizando-se apenas os PS comuns aos dois conjuntos, isto ´e com as mesmas coordenadas imagem. Determinaram-se as diferen¸cas de velocidade entre os dois (∆v = vB−vA). A m´edia das diferen¸cas de velocidade foi de -0.02 mm/ano e o desvio

padr˜ao e 3.90 mm/ano. Na figura 4.15 est´a representado o histograma das diferen¸cas de velocidade dos pixeis em comum aos dois conjuntos, ap´os o desenrolamento da fase. E nas figuras 4.16a e 4.16b a distribui¸c˜ao geogr´afica dos pixeis cuja diferen¸ca de velocidade ´

e inferior e superior ao desvio padr˜ao das diferen¸cas de velocidade (±σ∆v = ±3.90

mm/ano).

Ap´os o desenrolamento da fase o StaMPS diverge um pouco da sua concep¸c˜ao te´orica [Hooper et al., 2004, Hooper, 2006], que ap´os o desenrolamento da fase passa `a estima¸c˜ao das contribui¸c˜oes de fase in´uteis remanescentes, para posterior isolamento da deforma-¸c˜ao. Em vez disso o StaMPS come¸cou por estimar e remover, a cada interferograma, uma tendˆencia espacial designada por rampa. Esta tendˆencia ´e claramente vis´ıvel nos resultados interm´edios, de diferen¸cas de velocidade geradas ap´os o desenrolamento da fase, apresentados nas figuras 4.15 e 4.16. A tendˆencia ´e definida pelo modelo de um

(48)

Cap´ıtulo 4. An´alise sensitiva da refratividade atmosf´erica 36

Figura 4.15: Histograma das diferen¸cas de velocidade (∆v = vB− vA) em mm/ano, ap´os o desenrolamento da fase.

(a) ∆v < −3.90 mm/ano (b) ∆v > 3.90 mm/ano

Figura 4.16: Distribui¸c˜ao espacial dos PS, ap´os o desenrolamento da fase, com di-feren¸cas de velocidade (∆v = vB− vA) superior e inferior ao respetivo desvio padr˜ao

(σ∆v).

plano:

y = m1+ x · m2+ y · m3 (4.10)

As rampas s˜ao determinadas por regress˜ao linear multivariada, em que as vari´aveis independentes s˜ao as coordenadas retangulares (x, y) e as vari´aveis dependentes s˜ao os

(49)

valores de fase desenrolada. Para o interferograma i tem-se:      φi 1 .. . φinps      =      1 xi 1 yi1 .. . ... ... 1 xinps ynpsi           mi1 mi2 mi3      (4.11)

A m´edia das diferen¸cas de velocidade entre os conjuntos A e B, calculadas com a fase desenrolada e com as rampas removidas, foi de -0.01 mm/ano e o desvio padr˜ao foi de 1.09 mm/ano. A figura 4.17 apresenta o histograma das diferen¸cas de velocidade e as figuras 4.18 a distribui¸c˜ao geogr´afica dos PS cujo o valor de diferen¸ca de velocidade ´e inferior e superior ao desvio padr˜ao das diferen¸cas de velocidade (±σ∆v = ±1.09 mm/ano).

Figura 4.17: Histograma das diferen¸cas de velocidade (∆v = vB− vA) em mm/ano, ap´os o desenrolamento da fase com rampas removidas.

Ap´os a remo¸c˜ao destas rampas o StaMPS determinou as contribui¸c˜oes residuais de fase devido ao atraso atmosf´erico e ao erro das ´orbitas da imagem master e a componente de fase residual devida ao erro do MDT (correlacionado com a base perpendicular), tamb´em por regress˜ao multivariada, definido pelo seguinte modelo:

y = d1+ B⊥· d2+ ∆t · d3 (4.12)

em que o coeficiente d1 corresponde ao offset da master e d2ao erro residual do MDT, as

vari´aveis independentes s˜ao as bases perpendiculares e as bases temporais, e as vari´aveis dependentes s˜ao os valores de fase desenrolada com as rampas removidas:

Referências

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