• Nenhum resultado encontrado

A nova política pública de qualificação profissional do Brasil: contribuições para uma análise do PLANFOR e do PNQ

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A nova política pública de qualificação profissional do Brasil: contribuições para uma análise do PLANFOR e do PNQ"

Copied!
295
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO DOUTORADO EM EDUCAÇÃO. A “NOVA” POLÍTICA PÚBLICA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO BRASIL -Contribuições para uma análise crítica do P LANFOR e do PNQ -. RECIFE 2011.

(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO DOUTORADO EM EDUCAÇÃO. A “NOVA” POLÍTICA PÚBLICA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO BRASIL -Contribuições para uma análise crítica do PLANFOR e do PNQ -. RECIFE 2011.

(3) SANDRA REGINA PAZ DA SILVA. A “NOVA” POLÍTICA PÚBLICA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO BRASIL -Contribuições para uma análise crítica do PLANFOR e do PNQ -. Tese de doutorado apresent ada ao Curso de Pós-Graduação/Me st rado e Dout orado em Educação da Univer sidade Federal de Pernambuco, co mo requisit o para obt enção do grau de Doutor em Educação.. Or ient ador Prof. Dr. Ramo n de Oliveir a.. RECIFE 2011.

(4) Silva, Sandra Regina Paz da A “nova” política pública de qualificação profissional do Brasil: contribuições para uma análise do PLANFOR e do PNQ / Sandra Regina Paz da Silva. – Recife: O Autor, 2011. 290 f. : il. ; graf., tab., quad. Orientador: Prof. Dr. Ramon de Oliveira. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, CE, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2011. Inclui Bibliografia. 1. Educação e Estado 2. Plano Nacional de Qualificação Profissional - PLANFOR 3. I. Oliveira, Ramon (Orientador) II. Título. CDD 379. UFPE (CE 2011-051).

(5) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO DOUTORADO EM EDUCAÇÃO. COMISSÃO EXAMINADORA. Prof. Dr. Ramo n de Olive ir a Universidade Federal de Per nambuco - UFPE President e. Prof.ª Dr ª. Mar ia Aparecida Ciavat t a Pant oja Franco Universidade Federal Fluminense - UFF 1º Examinador – T it ular E xt erno. Prof.ª Dr ª. Angela S ant ana do Amaral Universidade Federal de Per nambuco - UFPE 2º Examinador – T it ular E xt erno. Prof. Dr. Jamerso n Ant onio de Almeida Universidade Federal de Per nambuco – UFPE Campus Agrest e 3º Examinador – T it ular E xt erno. Prof. Dr. Alexandre S imão de Freit as Universidade Federal de Per nambuco - UFPE 1º Examinador – T it ular I nt erno. RECI FE, 31 de Março de 2011..

(6) DEDICATÓRIA. Cr iar uma nova cu ltur a não s ignif ica apenas fazer individualment e descob er tas “or iginais ”; signif ica tamb ém, e, s obr etu do, difu ndir cr itica ment e ver da des já descob er tas, “socializá - las” por assim dizer ; e, por tant o, tr ansf or má - las em bas e de ações vitais, em element o de coor dena ção e de or dem intelectua l e mor a l. O fato de qu e u ma mu lt idão de homens s eja conduzida a p ensar coer ent ement e e de ma neir a unitár ia a r ealida de pr es ent e é u m fat o “filos óf ico” bem ma is imp or tant e e “or igina l” do qu e a des cob er ta, por par te de u m “gênio” f ilos óf ico, de u ma nova ver da de qu e p er maneça como patr imônio de p equ enos gr up os d e int electua is (GR AMSCI, 1999, p.96).. A cit ação de Gramsci, nos Cadernos do Cárcere nos ensina a import ância da difusão das descobert as co let ivas. O resu lt ado de nosso est udo é um esforço colet ivo, uma sínt ese replet a de diálogos, reflexões e cr ít icas de inúmeros sujeit os e int elect uais que quero dedicar, agradecer e co mpart ilhar a alegr ia advinda dest e t rabalho.. Dedico a u ma pessoa que muit o admir o e fo i impr escindíve l na realização dest e t rabalho realizado com muit o prazer, embora imer so em dificuldades, as quais foram suplant adas pelo desejo de conhecer e aprender. Dedico ao int elect ual e pesquisador, meu quer ido e est imado orient ador Profº. Dr. Ramon de Oliveira, que cont r ibuiu para que est e t rabalho brot asse em silêncio, na escut a, na cr ít ica const ant e, nas idas e vindas. A você, minha grat idão, respeit o e admiração..

(7) AGRADECIMENTOS. Na convivência humana, enquant o relação ent re indivíduos, a liberdade é um equilíbr io de forças e se concret izam numa organização [...] (GRAMSCI, 2004, p. 283).. Na minha t rajet ória da convivência humana, t ive a oport unidade de ser agraciada pela liberdade da presença amiga e int ensa de pessoas especiais que se fazem present e na conclusão dest e t rabalho. Est as me deram for ça e est ímulo para persist ir na lut a. A elas, meu muit o obr igada! Agr adeço especia lment e: Aos t raba lhadores e às t rabalha doras do Brasil que persist em na lut a pela sobrevivência. Ao Pro fº Dr. Ci ro Bezerra, que se fez pr esent e e aco mpanhou o limiar da gest ação e part e dest e t rabalho, o fer ecendo sempre cr ít icas, leit uras e sugest ões. Grande int elect ual que admiro muit o, meu e t erno agradeciment o, respeit o e car inho. À minha fa mília, especia lment e ao meu grande e único amor, minha vó Mar ia da Paz ( in memorian), e a minha mãe, Rosilda da Paz, exemplo de uma vida dedicada ao t rabalho. Ao meu padrast o João Guimarães pelo car inho e amizade. Aos meus so br inho s, Leo, Karo l e Luquinhas que a inda muit o pequenos r eclama m a ausência da t ia “Sandra”, d izendo: “eu quero tu titia, tu vem [sic]? [...]” . À Graça, Caro l e Lorena ( in memorian), minhas co mpanheiras do processo de doutorament o e caminhada, quando t ivemos a oport unidade de celebrar a vida e m t ant os cafés da manhã. Lorena, sua alegr ia e det er minação sempre est arão present es em nossos corações. Às pro fessoras Ângela Amaral e Janet e Azevedo, pela part icipação e cr ít icas na banca de qualificação. Co m muit o car inho, meus agradeciment os. A Lula, Cleide, Nilsa e Marce lo, meus grandes e sempre a migos, que na hora da dor, no mo ment o de doença, que marcaram est a t ese, souberam demo nst rar amor, car inho e dedicação. A Lula pe los cu idados e at enção. À Maur iza, amiga quer ida, presença ami ga e exemplo de so lidar iedade. Est a leu o mat er ial para qualificação do trabalho, assim co mo sempre rezou e me est imulou a co nt inuar per sist indo se m perder as forças..

(8) A Rô mullo, pessoa quer ida, obr igada pe lo apo io, solidar iedade, escut a amiga e por dizer: “a f orça est á dentro de você, não desanima, persi ste [...].”. Às quer idas, sempr e quer idas, minha ir mã e amiga do coração Goret e e Nayara minha sobr inha, pela presença amiga e palavr as de ot imis mo durant e toda a t rajet ória de elaboração dest e t rabalho. A P edro Verdino, Su zana e Cleber que num mo ment o muit o difíc il da t rajet ória pessoal souberam so lidar iament e est icar os br aços e o ferecer os ombros. Valeu, amigos! Às amigas e co mpanheiras de t rabalho do CEDU – Cent ro de Educação, Geórgia, Suzana e Nanci, que assumir am dur ant e um semest re minhas t urmas de graduação, para que eu pudesse me dedicar aos est udos. Obr igada, quer idas! À S heila Bezerra, minha mana do coração, obr igada pela escut a, car inho e afet o, em t ant os mo ment os de so lidão. À Rosa, minha assist ent e para cu idar das roupas, da casa, quando não t inha t empo para ligar para mais nada. Obr igada. Aos pro fessores do Programa de Pós -Graduação do CE, meu muit o obr igada pela d isposição para nos ensi nar, em nos fazer crescer co mo seres humanos e int elect uais. Agradeciment os especiais a: Ferdinand Rörh, Janet e Azevedo, Alfredo Go mes, José Policarpo e João Francisco ( in memorian). Aos co legas de t ur ma do Programa de Pós -Graduação do CE. Obr igada pelas inúmeras aprend izagens e discussões. À equipe de secret ar ia do Programa de Pós -Graduação do CE: Morgana, João e Shir le y. Pessoas quer idas que se fizeram amigas dur ant e o processo de doutorament o. Aos amigos e amigas, ant igos sem dedicação exclusiva do CEDU, Cent ro de Educação da UFAL. Obr igada pela aprend izagem na lut a, na busca de const ruir co let ivament e um espaço de t rabalho mais hu mano e just o.. Às bibliot ecár ias da Univer sidade Feder al de Alagoas, que gent ilment e cont r ibuíram co m a pesquisa e so li c it ação de alguns t raba lhos import ant es. Muit o obr igada!. Aos pro fessores Mart a Mar inho, Inêz e Gonzalo pela revisão ort ográfica, gramat ical e t radução dos resumos em inglês e espanho l. Muit o obr igada!..

(9) SIGLAS BID. - Banco Int eramer icano de Desenvo lvim ento. BIRD. -Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento. BM. - Banco Mundial. CETs. - Comissões Est aduais de Trabalho. CMT. - Comissões Munic ipais de Trabalho. CEPAL. -Co missão Econô mica para Amér ica Lat ina e o Car ibe. CINTEFOR. -Cent ro Int eramer icano de I nvest igação Document ação sobre For mação Profissio nal. CNM. -Confeder ação Nacio nal d os Met alúrgicos. CNI. -Confeder ação Nacio nal da I ndúst ria. CODE FAT. -Conselho de Deliber ação do Fundo Amparo ao Trabalhador. CUT. -Cent ral Única dos Trabalhadores. CGU. -Cont rolador ia Geral da União. CGT. -Cent ral Ger al dos Trabalhadores. DIEESE. - Depart ament o Int ersindical de Est at íst ica e Est udos Socioeconô micos. DCN. -Diret r izes Curr icular es Nacio nais. EP. -Educação Profissio nal. EUA. -Est ados Unidos da Amér ica. FAT. -Fundo de Amparo ao Trabalhador. FGTS. -Fundo de Garant ia por Tempo de Ser viço. FHC. -Fer nando Henr ique Cardoso. FS. -Força S ind ical. e.

(10) FMI. -Fundo Monet ár io Int er nacio nal. FUNDEF. -Fundo de Financiament o Manut enção Valor ização do Ensino Fundament al. e. FUNDEB. -Fundo de Financiament o Manut enção Valor ização do Ensino Fundament al. e. INEP. -Inst it ut o Nacio nal de Est udos Educacio nais Anísio Teixe ira. IBGE. -Inst it ut o Brasileiro de Geografia e Est at íst ica. LDB. -Lei de Diret r izes e Bases da Educação. OCDE. -Organização para Coopera ção e Desenvo lviment o Econô mico. ONG. -Organização Não -Governament al. ONU. -Organização das Nações Unidas. OIT. -Organização Int ernacio nal do Trabalho. OSCIP. - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. MARE. - Minist ér io da Administ ração Federal e Refor ma do Est ado. MEC. -Minist ér io da Educação. MTE. -Minist ér io do Trabalho e E mprego. PEA. -População Econo micament e At iva. PEQs. -P lanos Est aduais de Qualificação. PARCs. -Parcer ias Nacio nais e Regio nais. PCN‟s. -Parâmet ros Curriculares Nacio na is. PLAN. -P lanejament o Int ernacio nal para infância. PNQ. -P lano Nacio nal de Qualificação. PLANFOR. -P lano Nacio nal de Qualificação Profissio nal. PLANSEQ s. -P lano Set orial de Qualificação. PLANTEQ s. -P lano Terr it orial de Qualificação. e. P esquisas.

(11) PROESQs. -Projetos Especiais de Qualificação. PPTR. -Polít ica Pública de Trabalho e Geração de Renda. PNPE. -Programa Nacio nal do Prime ir o Empr ego. PROEP. -Programa de Educação Profissio nal. PROEJA. - Programa Nacio nal de I nt egração da Educação Profissio nal co m a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. PRONAF. -Programa Nacio nal Agr icult ura Familiar. PRONERA. -Programa Nacio nal de Educação na Refor ma Agr ár ia. PROJOVEM. -Programa para Juvent ude do MTE. RAIS. -Relação Anual de Infor mações Sociais. REUNI. -Reest rut uração e Expansão das Universidades Federais. SESC. -Serviço Social do Co mércio. SESI. -Serviço Socia l da I ndúst r ia. SENAI. -Serviço Nacio nal de Apr endizagem I ndust rial. SENAC. -Serviço Nacio nal de Apr endizagem Co mercial;. SENAR. -Serviço Nacio nal de Apr endizagem Rural. SINE. -S ist ema Nacio nal de E mpr ego. TCU. -Tribunal de Cont as da União. UNB. -Universidade Federal de Br asília. UNICE F. -Fundo das Nações Unidas par a a Infância. UNESCO. -Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciênc ia e a Cult ura. UNITRABALHO. -Rede Nacio nal de Univer sidades. de. Fort aleciment o. da.

(12) LISTA DE QUADRO. TABELAS,. GRÁFICOS,. FIGURAS. E. TABELA 1-. Taxa de dese mprego no encerra ment o anual do Brasil (em %) 2008............................................... 66. TABELA 2-. Taxa de desemprego mensal (em %) 2009 ............................................................ TABELA 3-. TABELA 4-. TABELA 5-. TABELA 6-. TABELA 7-. TABELA 8-. TABELA 9-. 67. PLANFOR -2000: rede de qua lif icação profissio nal - per fil das ent idades execut oras, quant it at ivo de t reinandos e de invest iment os em 135 %......................... ................................ Execução orçament ár ia dos programas que receberam maior aport e de recursos financeiros e m 181 2008................................................. Dist r ibuição dos recursos em milhões (r$) por ano de execução dos planos nacio nais de qua lificação (PLANFOR/PNQ) 2000 a 2009.............................................. ...... Mat r ículas do PLANFOR/PEQS (1996/1998) segundo habilidades ofert adas nos cursos............................... .................. Dist r ibuição das ent idades do Terceiro Set or no Brasil segundo a dat a de cr iação Dat a de cr iação Qt de. Ent idades Qt de. (%)..................................................... Número de inst it uições por nível de educação profiss io nal, segundo dependência administ rat iva (1999)....... .. Número de Mat r ículas na Educação Bás ica, por Dependência Administ rat iva, segundo Et apa e Modalidade – Brasil –. 190. 199. 241. 243. 244.

(13) 2008..................................................... TABELA 10-. Número de cursos profiss io nalizant es, segundo níve l de dependência administ rat iva (1999 )............................ TABELA 11-. Co mparação de Mat r ículas na Educação Bás ica, por Et apa e Modalidade – Br asil. 2007 – 2008........................................... 245. TABELA 12-. Dist r ibuição das ent idades do Terceiro Set or no Brasil por área de at uação Ár ea Qt de. Ent idades Qt de. (%) ...................... 246. TABELA 13-. Inst it uições da sociedade civil part icipant es do P lanSeQs........................................... GRÁFICO 1-. GRÁFICO 2-. GRÁFICO 3-. 244. 247. Diminuição dos índices de sindicalização ent re 199274 2002.................................................. Co mposição ocupacio nal em países selecio nados nos anos de 1990 (%)........................................................ Dest inação de recur sos para os P lanos Nacio nais de Qualificação nos anos de 2000 a 2009 aos P LANFOR e o PNQ.................................................. .... 77. 251. FIG URA 1-. Organograma do P lano Nacio nal de Qualificação – PNQ............................ .... 146. QUADRO 1-. Quadro sínt ese das carac t er íst icas básicas do PLANFOR e PNQ.............. ..... 164.

(14)

(15) SUMÁRIO 1.O NOVO JÁ NASCE VELHO: uma introdução .................................................... 17 1. 1. O caminho da investigação: fundamentos e metodologia ............................ 35 1.2. Da organização e estruturação do estudo ..................................................... 42 2. REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DO CAPITAL: GÊNESE DA POLÍTICA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL ............................................................................ 45 2.1 Reestruturação produtiva e acumulação flexível: recrudescimento das formas de exploração do trabalho................................................................................... 52 2.2. Acumulação flexível: transformações no mundo do trabalho e a emergência da qualificação profissional ................................................................................ 60 2.2.1. Desemprego e precarização do trabalho na contemporaneidade capitalista ............................................................................................... 60 2.2.2. Informalidade e subemprego: flexibilização ou degradação das formas de trabalho no mundo e no Brasil ................................................ 64 2.3. A qualificação profissional como resposta à crise do emprego: a emergência das políticas de qualificação profissional ............................................................ 70 2.3.1. Políticas de qualificação profissional em tempos de reestruturação produtiva no Brasil ................................................................................. 79 3. COMPETÊNCIAS E EMPREGABILIDADE COMO FORMAS IDEOLÓGICAS DA POLÍTICA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL: dimensões da proposta hegemônica do capital .................................................................................................. 87 3.1. O discurso da educação e da qualificação profissional como ideologia ........ 94 3.2. A Teoria do Capital Humano: tentáculo do novo discurso integrador na década de 1990 ................................................................................................ 101 3.2.1. Fundamentos da pedagogia das competências: a competência como pedagogia da acumulação flexível do capital......................................... 109 3.2.2. Empregabilidade: princípio educativo da qualificação para o desemprego .......................................................................................... 115 3.3. Empregabilidade e competências nas políticas de qualificação profissional 118 4.O PARADOXO DA “NOVA/VELHA” POLÍTICA PÚBLICA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL: similitudes e diferenças e/ou rupturas e continuidades dos Planos Nacionais de Qualificação Profissional ..................................................................... 124 4.1. Dimensões da institucionalidade da “nova” Política de Qualificação Profissional do Brasil: PLANFOR e PNQ – reformas, sentidos e significados .. 126 4.1.1. PLANFOR: o pilar da nova institucionalidade da política de qualificação profissional brasileira ........................................................ 130.

(16) 4.1.1.1. Achados históricos e políticos da institucionalidade do PLANFOR: concepções e estratégias de atuação ....................... 130 4.1.1.2. Operando a institucionalidade da política de qualificação com o PLANFOR ...................................................................... 144 4.2. PNQ – expressão da “nova/velha” institucionalidade da Política de Qualificação Profissional ................................................................................. 146 4.2.1. Dimensões do “novo” Plano Nacional de Qualificação ................ 146 4.2.2 O discurso integrador – inclusão social e desenvolvimento econômico nos Planos nacionais ............................................................................. 152 4.2.3. Estratégias de operacionalização das políticas compensatórias de redução da pobreza – dimensões e diretrizes do PLANFOR e do PNQ .. 165 4.2.2.4. Participação da sociedade civil nas políticas de qualificação como expressão da reforma gerencial neoliberal: consenso, terceirização e privatização .......................................................................................... 170 4.2.2.5. Articulação e integração das políticas como dimensão da nova política de qualificação profissional ...................................................... 177 4.2.2.6 Avaliação e “controle social” como dimensão da política de qualificação nos Planos Nacionais de Qualificação ............................... 183 4.2.2.7 Dimensões conceituais e/ou avanço conceitual: o que há de novo na “nova” política de qualificação?............................................................ 185 5. A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL COMO POLÍTICA DE ESTADO: expressão da hegemonia do capital ............................................................................................. 204 5.1. Reestruturação capitalista e as dimensões da Reforma Gerencial do Estado no contexto brasileiro ............................................................................................ 212 5.1.1. A política de qualificação profissional: mediações com a reforma do Estado no contexto brasileiro ................................................................ 220 5.2. A nova política de qualificação profissional como política estatal: expressão da hegemonia capitalista .................................................................................. 231 5.2.1. A privatização da política de qualificação e as organizações do terceiro setor. ........................................................................................ 240 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 263 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 271 REFERÊNCIA CONSULTADA .............................................................................. 286 FONTES DOCUMENTAIS ...................................................................................... 287.

(17) RESUMO Est e est udo analisa a no va po lít ica nacio nal de qualificação pro fissio na l do Brasil, e t em co mo objet o empír ico os P lanos [P lanfor e P NQ]. O objet ivo consist iu em analisar a inst it ucio nalidade da nova po lít ica, buscando ident ificar as similit udes e difer enças e/ou as rupt uras e cont inuidades ent re aqueles P lanos. A inst it ucio nalidade imp le ment ada sinaliza co mo as po lít icas públicas de governos de educação profissio nal, se acoplam a um pro jet o societ ár io do capit al, de qualificar para mant er os níveis de explor ação do t rabalho humano. Nossa t ese é que t al inst it ucio nalidade e os discur sos, a inda que apr esent em est rat égias, cont ornos e arcabouços diferenciados, não deixam de submet er -se, co mo polít ica de E st ado, ao modelo de acumulação capit alist a flexíve l. Modelo que exige uma for ma específica de for mação, e que demanda um per fil de força de t rabalho para at uar nesse mo delo de acumu lação, além de fort alecer a hegemo nia do capit al sobr e o t rabalho. A abordagem da pesqu isa é qualit at iva, e t eve co mo metodologia o est udo de nat ureza document al e bibliográfica. A análise document al fo i realizada p or considerar mo s os regist ros como const rutos hist ór icos result ant es dos embat es ent re as forças sociais no int er ior do Est ado. Para efeit o de mat er ial dest e est udo, ut ilizamos os const rutos, produções e nor mat izações de do is minist ér io s: o MEC e o MTE. A t écnica ut ilizada para análise document al é a análise de cont eúdo. Além das fo nt es document ais, recorremos às pesquisas e produções acadêmicas que t ê m co mo objet o de est udo e análise as po lít icas de for mação do t rabalhador da década de 1990 at é a at ualidad e. A pesquisa est á est rut urada em quat ro capít ulo s que se co mplement am. Co mo result ados, ident ificamos que fo i const it uído um pro jet o ident it ár io acerca da necessidade de qualificação dos t rabalhadores, que envo lveu o empresar iado, sindicat os, organizações do t erceiro set or e a burocracia est at al, e expr ime um ca mpo vast o de consenso, sob a hegemo nia do capit a lismo. Par a minimizar as cont radições própr ias da sociedade civil, nossa invest igação t ambé m ident ificou co mo as classes do minant es impuseram ao Est ad o a responsabilidade de mediar as necessidades de qualificação dos t rabalhadores, dilu indo o carát er de classe aí present e. No lugar do conflit o e lut a, o que se ver ificou fo i o fort aleciment o de uma dimensão que reúne r epresent ações e int eresses indifer en ciados. A invest igação t ambém r evelo u que a nova inst it ucio nalidade dest a po lít ica se sediment ou a part ir de uma ideo logia ─ a pedagogia das co mpet ências e da t ese da empregabilidade. No que t ange à análise co mparat iva das polít icas, mesmo do pont o de vist a conceit ual e argument at ivo, sobret udo co m a concla mação de polít ica pública, o PNQ não represent a u m “avanço” em relação ao PLANFOR. Aquele vem represent ando um elo de cont inuidade da po lít ica pública de qualificação do Est ado capit alist a brasileiro ; est e t em at uado como inst rument o de regulação social que beneficia o capit a l em det r iment o do t rabalho. Palav ras- chave: r eestr utur ação capitalista, polít ica de qualif icaçã o pr of iss ional, ideologia das comp et ências e empr egabilida de, Polít ica de Estado..

(18) ABSTRACT This work analyses t he new nat ional po licy o f pro fessio nal qualificat io n in Brazil and has as empir ical o bject t he gover nment al plans known a s P lanfor and PNQ. T he object ive consist ed o f analyz ing t he inst it ut io nalit y o f t he new po licy, t r ying t o ident ify s imilar it ies and differences and/or t he rupt ures and co nt inuit ies bet ween t he t wo plans. The imple ment ed inst it ut ionalizat io n signals as professio nal educat io n gover nment al public po licies, and t he y are connect ed t o a societ ar ia n project of capit al is m, in order t o qualify and t o maint ain t he levels o f explo it at io n o f human labor. Our t hesis is t hat such inst it ut ionalizat io n and t he discourses, alt hough t hey present so me different st rat egies, cont ours and fra meworks, t hey are really submit t ed, as st a t e po licy, t o t he model o f flexible cap it alist model. This model de mands a specific way o f for mat ion, and demands a labor force pro file t o perfor m according to t his accumulat io n model, as well as t o st rengt hen t he capit al hegemo ny o n human labor. The research carr ied out is qualit at ive, and invo lved document al and biblio graphical met hodo logy. The document al analys is is just ified because we co nsider t he regist er s as hist or ical const ruct s result ing fro m t he conflict s amo ng t he social forces in t he int er ior of st at e. The mat er ial st udied consist ed o f const ruct s, product ion and nor malizat io ns o f t wo minist r ies: ME C and MTE (Educat ion and Labor). The t echnique used for t he document al analys is was t he co nt ent analys is. Besides t he document al sources, we sear ched for researches and academic product ions which have as st udy object and analys is worker for mat ion po lic ies since t he decade o f 1990 up t o nowada ys. T his work is organized int o four connect ed chapt ers. As result s, we concluded t hat an ident it y project on t he need for worker qualificat io n was const it ut ed. This pro ject invo lved ent repreneur s, labor unio ns, organizat ions o f t he t hir d sect or and t he st at e bureaucrac y. Al l t his repr esent s a vast consensus field under capit alis m hegemo ny. I n order to minimize t he co nt radict ions of t he civil societ y, our invest igat ion also ident ified how do mina nt classes imposed t o t he st at e t he respo nsibilit y o f mediat ing workers‟ needs for qualificat ion, dilut ing t he exist ing charact er o f class. I nst ead of conflict and st ruggle, we ver ified a real empower ment o f a dimensio n which jo int s different represent at ions and int er est s. The invest igat ion also revealed t hat a new inst it ut io nalit y o f t his po licy has cr yst allized fro m an ideo logy – t he pedagogy o f co mpet ences and t he pr inciple o f emplo yment . In reference to comparat ive analysis o f po licies, even fro m t he concept ual and argument at ive po int o f view, especially wit h t he proclamat io n o f public polic y, t he PNQ does not represent an “advance” in relat io n t o PLANFOR. T he for mer has been repr esent ing a link o f cont inu it y o f qualificat io n public po licy o f t he capit alist st at e; t he lat t er has bee n act ing as social regulat io n inst rument which benefit s t he capit al t o t he det riment o f labor. K ey-Word s: capit alist rest ruct urat io n; professio nal qualificat io n po licy; ideo logy o f co mpet ences and emplo yment ; st at e polic y..

(19) RESUMEN. Est e estu dio ana liza la nu eva p olít ica nacio nal de cua lif icación pr of es iona l d e Br asil, y t iene como ob jet o emp ír ico los P lanes [PL ANFOR - P la no Nacional d e For maçã o Pr of iss iona l y PN Q - Pla no Naciona l de Qualif icaçã o ]. E l ob jet iv o cons istió en ana lizar la inst itu cionalida d de la nu eva p olít ica, buscand o ident if icar las s emeja nzas y dif er encias y/ o las r uptur as y cont inu ida des entr e es os p lanes. La inst itu ciona lida d imp lem enta da indica como las p olít icas públicas sobr e la educación pr of es ional de los diver s os gobier nos, se acop la n a un pr oyect o del cap ital, de cualif icar para mant ener los niveles de exp lotació n del tr abajo hu ma no. Nu estr a t es is es la de qu e esa tal inst itu c iona lida d y su s discur sos, aunqu e pr es ent en estr ategias, cont or nos y or ígenes dif er encia dos, n o deja n de s omet er s e, como p olít ica de Es tado, al modelo de acu mu lació n capitalista f lexible. M odelo qu e ex ige u na f o r ma esp ecíf ica de f or mación, y qu e dema nda u n p er f il de fu er za de tr abajo para actuar en es e modelo d e acu mu lación, además de f or talecer la heg emonía del capital s obr e el tr abajo. Esta invest igación tien e u n enf oqu e cualitat ivo, con u na met odología basada en un estu dio de natur aleza docu mental y b ib l io gr áfica. El anális is docu mental fu e r ealizado p or qu e cons ider a mos los r egist r os como constr uct os hist ór icos r esu ltant es de los embates entr e las fu er zas socia les en el int er ior del Esta do. Para ef ect o de mat er ial de est e estu dio, utiliza mos los constr uct os, pr oducciones y nor matizaciones de dos mi nist er ios : el MEC y el MT E. La técnica ut iliza da par a anális is docu mental es el aná lisis de cont enido. Ademá s de las fu ent es docu mentales, r ecur r imos a las invest igaciones y pr oducciones académicas qu e t ienen como ob jet o de es tudio y a nális is las polít icas d e f or mación del tr abajador de la década de 1990 hasta la actualida d. La investigación está estr uctur ada en cuatr o capítu los qu e s e comp lementa n. Como r esu ltados, identif ica mos qu e fu e const itu ido u n pr oyect o id ent itar io s obr e la necesida d de cua lif icación de los tr abajador es, qu e envolvió al empr esar ia do, sindicat os, or ga nizaciones del t er cer s ect or y a la bur ocr acia estatal, y qu e expr ime u n ca mp o vast o de cons ens o, ba jo la hegemo nía del capita lis mo. Par a minimizar las contr adicciones pr op ias de la s ocieda d civil, nu estr a investigación ta mb ién ident if icó cómo las clas es domina nt es impus ier on a l Estado la r esp onsabilida d de mediar las neces ida des de cualif icación de los tr abajador es, dilu yendo el car ácter de clas e qu e estaba ahí pr es ent e. E n lu gar del conf lict o y lucha, lo qu e s e ver if icó fu e el f or talecimient o de u na dimens ió n qu e r eú ne r epr es entaciones e int er es es no dif er enciados. La invest igación tamb ién r eveló qu e la nu eva institu cionalidad de esta p olít ica s e s edi ment ó a par tir de u na ideología ─ la p eda gogía de las comp et encias y la t es is de la emp leab ilida d─. En lo qu e r esp ecta al aná lisis compar ativo de las p olít icas, aú n des de el pu nt o de vista conceptual y ar gu mentat ivo, sobr e todo con la pr ocla mación de p olít ica púb lica, el PN Q no r epr es enta u n “ava nce” en r elació n al PL ANFOR. Aqu él, r epr es enta u na cont inu ida d de la p olít ica púb lica d e cualif icación del Esta do cap italista br asileño; ést e, ha actuado como instr u ment o de r egu lación s ocial qu e b enef icia al capita l en detr iment o del tr abajo.. Palabras clave: r eestr utur ación cap italista, polít ica de cualif icació n pr of esiona l, ideología de las comp et encias y emp leab ilida d, Política de Esta do..

(20) Parad a do Velho Novo. Eu est ava sobre uma co lina e vi o velho se aproximando, mas ele vinha co mo se fosse o Novo. Ele se arrast ava em novas mulet as, que ninguém ant es havia vist o; e exalava no vos odores de put refação, que ninguém ant es havia cheirado. [...] Em t orno est ava m aqueles que inst ilava m horror e grit avam: aí ve m o Novo, t udo é novo, saúdem o Novo, sejam no vos co mo nós! [. ..] Bert old Brecht , 1990..

(21)

(22) 17 1. O NOVO JÁ NASCE VELHO: uma in trodu ção [...] ant es de tu do, nã o ex ist e s ó u m ú nico ca minho par a o futur o. Há outr as tr ilhas e dir eç ões a s er em s egu idas . Enco nt rar o novo , sab endo ret irar do v elho o qu e no s p er mita estar sempr e r econstr uindo p er sp ectivas futur as [...] (OLI VEIR A, 2003, p. 9) (gr if os noss os).. Vislumbr ar a possibilidade do novo nos coloca em uma sit uação de ot imis mo em r e lação ao fut uro. No ent ant o, quando nos vo lt amos às polít icas de qualificação profissio nal no Brasil, const at amos o cont rár io dest e post ulado, ou seja, o processo de “( des)qualificação 1” (OLIVEIRA, 2003) da educação profiss io nal br asileir a. Para enfrent ar m o s est a t endência, defront amo - nos co m o seguint e paradoxo: o novo já nasce velho. A int enção dest e est udo é analisar est e paradoxo, considerando a “inst it ucio nalidade”. da. nova. po lít ic a. pública 2. de. qualificação. profissio nal, que co mpr eende o PLANFOR e o PNQ 3. Est a. inst it ucio nalidade. designa. at o. ou. efeit o. de. inst it uir,. disciplinar, regulament ar at ravés de leis, nor mat izações, assim co mo o est abeleciment o de leis fundament ais que regem a for ma social, po lít ic a e pedagógica da po lít ica de for mação dos t rabalhad ores. Nest e est udo, os planos nacio nais de qualificação são compreendidos co mo expressão da 1. T er min ol ogi a ut i l i z a da por OLIVE IRA, R. e m seu l i vr o: (De s)q ual i fi c aç ão da e duc aç ã o pr ofi s si onal br asi l e i r a . Sã o Pa ul o: Cor t ez , 2003. Nest e l i vr o, o a ut or di scut e a pr obl em á t i ca da educa çã o pr ofi ssi on a l br a si l ei ra na s úl ti m a s déca da s, bem c om o en fa t i z a com o a educa çã o pr ofi s si on a l é nor t ea da pel a s m udan ça s oc or r i da s n o â m bi t o do ca pi t a l i sm o gl oba l , com o i n vól ucr o do pr oc e ss o de gl oba l i z a çã o ec on ôm i ca e a s m uda n ça s do set or pr odut i vo c om o a dven t o de um a pr oduçã o d e ca r á t er m a i s fl exí vel . D ess e m od o, a r gum ent a com o e st e s pr oce ss os (de s)qua l i fi ca m a educa çã o pr ofi s si on a l n a per spect i va de for m a çã o da cl a sse t r a ba lh a dor a. 2. Qua n do ut i l i z a m os n est e est ud o a ca t eg or i a pol í t i ca públ i ca , est a m os l e va n do em c on si der a çã o os c on st r ut os e for m ul a çõe s de pol í t i ca públ i ca des en vol vi dos p or Az e ved o Li n s (2004, p. 5 -7) em seu l i vr o A educ aç ão c omo pol í t ic a públi c a e de Hofl i n g (2001) E st ado e pol ít i c as (públ i c as) soc i ai s. De a cor do c om est a s a ut or a s, pol í ti c a p úbl i c a r epr esen t a a m at er ia l i da de da i n t er ven çã o d o E st a do, ou o “ E st a d o em a çã o” , c om vi st a s a i m pl an t ar um pr ojet o de gover n o, a tra vés de pr oj et os, pl a n os, pr ogr am a s e a ções vol t a dos pa r a set or es e spe cí fi c os da s oci eda de. De ss e m od o, pa r a Az e ved o Li n s (2004, p. 5), con cei t ua r pol í t i ca públ i ca i m pl i ca t a m bém con si der a r os r ecur sos d e p oder que op er a m n a sua defi n i çã o e que t êm , n a s in st it ui çõe s d o E st a do, sobr et ud o n a m á quina est a t al , o seu pr in ci pal r efe r en t e. 3. Pl an o Na ci on a l de For m a çã o Pr ofi ssi on a l – PLANF O R e Pl a n o Na ci on a l de Qua l i fi ca çã o - PNQ..

(23) 18 inst it ucio nalidade da Po lít ica Pública de Qualificação Profiss io nal. E st es são for malizados at ravés de um co njunt o de medidas que discip linam e regulament am a sua mat er ialidade hist ór ica, que co mpr eende sua for ma, cont eúdo, princ ípio s e fundament os. Não obst ant e, para co mpreensão da problemát ica dest e paradoxo, pressupõe-se, capit alist as. ant es de t udo, sit uá - la. das. últ imas. décadas,. no. com. a. seio. das t ransfor mações. f ina lidade. de. cont inuar. desvelando alguns out ros nós da t ese da t essit ura dos “fio s invis íveis”, já enfat izados por Cêa (2003) que art iculam, a um só t empo, a no va inst it ucio nalidade. da. po lít ica. de. qualificação. pro fissio nal. à. reest rut uração produt iva, ao Es t ado capit alist a e às diferent es ideo logias e discur sos que t êm legit imado a qualificação pro fissio nal 4. Analisar as polít icas co nt emporâneas de qualificação da força de t raba lho no Brasil, sem levar em consideração est as imbr icações pouco cont ribuir á, na nossa perspect iva, para a t omada de posição dos sujeit os sociais que deseja m co mpreender e superar o parado xo supracit ado. Nesse int u it o, sit uaremo s os fat os objet ivos. As t ransfor mações capit alist as na década de 1990 desencadeara m dois mo viment os que est ão int ima ment e relacio nados: as mudança s 4. Sa l i en ta m os que ut i l i z ar em os n o dec or r er do e st udo o t er m o qua l i fi ca çã o pr ofi s si on a l , a pesa r de e st a n om en cl a t ur a t er si do su bst i t uí da c om a LD B 9394/ 96 por educa çã o pr ofi s si on a l . Entr et a nt o, a expr essã o educa çã o pr ofi s si on a l t em um a h i st ór ia r ecen t e n a educa çã o br a si l ei r a. E sta foi in tr oduz i da com a pr om ul ga çã o da LD B, que n o Ca pí t ul o III, Ar t i go 39, a fi r ma : “ A e duc aç ão prof i ssi onal , i nt e grada às di f e re nt e s f ormas de e duc aç ão, ao t rabal ho, à c i ê nc i a e à t e c nol ogi a, c onduz ao pe rmane nt e de se nv olv i me nt o de apt i dõe s para a v i da produt i v a ” . Mesm o c on si der an do que e st a m udan ça possa t r a z er em seu boj o m uda n ça s con cei t ua i s, n a pr át i ca a in da se en con t r a vi gen t e o t er m o qua l i fi ca çã o pr ofi ssi on a l . Nest e est ud o, pr i vi l egi a m os qua l i fi ca çã o/ educa çã o pr ofi ssi on al c om o t oda s a s a ç õe s educa t i va s , for m a i s e n ã o for m a i s, dest i na da s à qua l i fi ca çã o de um a det er m ina da pr ofi s sã o/ ocupa çã o. En tr et an t o, par a Ci a va t ta (1998), o t er m o educa çã o pr ofi ssi on a l c on st i t uir -se-i a em a l go a m bí guo, à m edi da que t om a a par t e com o o t od o. O c on cei t o d e educa çã o, c on t i n ua a a ut or a , ser i a al go m a i s am pl o, poi s c om pr een der i a a un i ver si da de da cul t ura n eces sá r i a à r epr oduçã o s oci a l , de for m a que in cl ui a di m en sã o t ra ba l h o. Ma s o t ra ba l h o e a sua di m en sã o r est ri t a à educa çã o pr ofi s si on a l n ã o esg ot a o l equ e de c on h eci m en t os n eces sá r i os à vi da em soci eda d e. De ssa for m a , r essa l t a a r efer i da a ut or a : “educa çã o d os t r a ba l h a dor es n ã o de ve e st a r subm et i da à i dei a de pr epa r a çã o pa ra o t r a ba lh o ou pa r a o d es en vol vi m en t o d e i n ova ç õe s t ecn ol ógi ca s (CIAV AT T A, 1998, p. 23). Ent r et an t o, nã o pod em os dei xa r de c on si der ar que est e i m per at i vo é o que t em vi g or a do..

(24) 19 est rut urant es do sist ema produt ivo e, por conseguint e, as mudanças polít icas. e. ideo lógicas. que. o. regulam. e. o. legit imam.. A. no va. inst it ucio nalidade da qualificação profissio nal é co ndicio nada pelas t ransfor mações. promo vidas. pela. denominada. Terce ir a. Revo lução. Indust r ial 5. Essas t ransfor mações co mpreendem a emergência de novas t ecno logias de gest ão e produção, desenvolvidas num cenár io po lít ico e ideo lógico dominado pelo s pilares do neo liber alis mo 6. Essas t ransfor mações co meçam a se esboçar a part ir da segunda met ade do século XX, quando as grandes empresas capit alist as passara m a enfrent ar o desafio de t er que aument ar a t axa de ret orno dos invest iment os num cont ext o de queda t endencia l da t axa de lucro (MÉSZÁROS, 2002). Port ant o, como é a força de t rabalho que valor iza o capit al ( MARX, 1980), o apr imorament o da força de t rabalho passou a assumir. pr ior idade,. por. uma. razão. fundament al:. o. novo. padrão. capit alist a de acumulação passou a ser redefinido em função da. 5. De a c or do c om Al bor n oz (2000), o m ar co r efer en ci a l d a pr i m eir a r evol u çã o i n dustr ia l da t a da cr ia çã o da m á quina a va por . A segun da r evol uçã o de c or r eu do pr oce ss o de i n dust ri a li z a çã o, des en vol vi do n o sé cul o XVII I, c om a d es c ober t a da el et r i ci da de. E a t er cei r a é de ba se t ecn ol ógi ca . E st a é e n gen dr a da pel os si gn i fi ca t i vos a va n ç os da ci ên ci a e da t ecn ol ogi a com o pr i n ci pai s m ei os de pr odu çã o de ben s e s er vi ç os. Um a spe ct o i m por t an t e a con si der a r é que a va l or i z a çã o da ci ên ci a e da t écn i ca é si m ul tan ea m en t e a va l or i z a çã o do ca pi t a l , com o fi m de a um en tar os pr oc e s s os d e expl or a çã o a m pl i a da do ca pi t a l , ou se ja , n o pr oce ss o d e t ra ba l h o a m pl ia -se a ext r a çã o da m a i s -va l i a em sua for m a a bs ol ut a e r el a t i va (NE VE S, 1999). 6. O n eol i ber a l i sm o n a sceu l og o a p ós a II Gu er r a Mun di al , n a E ur opa e n a Am ér i ca do Nor t e on de i m per a va o ca pi t a l i sm o. Pa r a Sa der (1996, p. 151), o n eol i ber a l i sm o do pon t o de vi st a h i st ór i co r epr esen t a um a das est r a t égi a s de sobr evi vên ci a do ca pi t a l i sm o, ou s e ja , sem pr e qu e o ca pi t a l i sm o en fr en t a um a cri se fun da m ent a l ou di fi cul da de s e st r ut ur a i s n a sua op er a ci on a l i za çã o, el e bus ca s em pr e s ol uç õe s pr a gm á ti ca s. En tr et ant o, é t a m bém con fi gur a do com o um a r ea çã o t e ór i ca e pr át i ca c on tr a o E st a do In t er ven ci on i st a de Bem -e st a r s oci a l . Den t r e os s eus pr i n ci pa i s r epr esen t an t es, est ã o Fr i edr i ch Ha yek e Mi l t on Fri edm an . E ssa t en dên ci a ca r a ct er i za -se por a pr egoa r que o E st a do i nt er ven h a o m ín i m o n a econ om i a , m an t enha min i ma m ent e a r egul am en ta çã o da s a t i vi da des e c on ôm i ca s pr i va da s dei xa n do a gi r l i vr em en t e os m eca n i sm os d o m er ca do. At ua l m en t e, es sa t en dên ci a pa ssou a s er em es ca l a m un di a l. É, segun do Ander son (1995, p. 9 -23), “um proj e t o de soc i e dade que t e m se mat e ri al i zado, e fe t ivame nt e , nas aç õe s polí t ic as c om a de sre gul ame nt aç ão do pape l do E st ado e nquant o prov e dor”. Ca t eg or i a s ch a ve qu e si n a li z am a a çã o obj et i va d os pr es supost os n e ol i ber a i s, sã o el a s: E st a do m í n im o pa r a a s pol í t i ca s s oci a i s, di m in ui çã o e c on t en çã o dos ga st os pú bl i c os, pr i va t i z a çã o e t ran sfer ên ci a s pa ra a soci eda d e ci vi l d e r esp on sa bi l i da des e t a r e fa s qu e c om pet em a o E st a do..

(25) 20 int rodução. de. novas t ecno logias de. gest ão, produção e ser viço s;. t ecno logias que passaram a exigir um novo per fil de t rabalhador assalar iado. Um per fil for mado nos processos pedagógicos esco lares, capazes. de. desenvo lver. novas. co mpet ências. e. habilidades.. Essas. co mpet ências 7 são assim definidas: A capacidade de comu nicar -s e adequa da ment e, com o domínio dos códigos e linguagens, incor p or ando, a lém da língua p or tu gu esa, a língua estr angeir a e as novas f or mas tr azidas p ela semiót ica : a autonomia intelectual , par a r es olver pr ob lemas pr áticos ut ilizando os co nheciment os cient íf icos, buscando ap er f eiçoar -s e cont inua ment e; a autonomia moral , atr avés da capacida de de enfr entar as novas s ituações qu e ex igem p os icionament o ét ico; fina lment e, a capacida de de compr omet er -se com o tr a balho, ent endido em sua f or ma mais amp la d e constr ução do homem e da s ocieda de, atr avés da r esp onsab ilida de, da cr ít ica, da cr iativida de (K UEN ZER, 2000, p. 32).. Tais. t ransfor mações. foram. desencadeadas. por. uma. mudança. est rut ural da base t écnica das at ividad es econô micas, alt erando, por conseguint e, a co mposição orgânica do capit al 8. Essas t ransfor mações foram no meadas de reest rut uração produt iva 9 do capit al, ist o é, a convivência de novos e ant igos modelo s produt ivos: o t aylor ist a/ fordist a. 7. Pa r a um est udo cr í t i co a cer ca da P eda gogi a da s Com pet ên ci a s, ver o l i vr o d e RAM OS, M. N. A pe dagogi a da s c ompe tê nc i as : a ut on om i a ou a da pt a çã o? Sã o Pa ul o: Cor t ez , 2001. Outr o t ext o que pr obl em a t i z a a quest ã o é o d e RO D RIG UE S, Da n i el (2007), int i t ula do: a i mpossi bi l i dade d a r e ssi gn i fi c aç ão das c ompe tê nc i as n uma pe r spe c ti va mar xi sta. Di sp on í vel em : h t tp: / / www. a n ped. or g. br . GT : Tra ba l h o e E duca çã o. Rodr i gues t a m bém di s cut e os l i m i t es t eór i c os da s a bor da gen s que t en t am r ede fi n ir ou r essi gn i fi ca r “a peda gogi a d a s c om pet ên ci a s” a fa vor da s cl a sse s t ra ba l ha dor a s. 8. Ma r x n os en si n a que a com posi çã o or gâ n i ca do ca pi t a l en vol ve a r el a çã o en t r e ca pi t a l con st a n t e (Mei os de pr oduçã o) e ca pi t a l va r i á vel (F or ça de t r a ba lh o). Com o pr oce ss o de r eest r ut ur a çã o pr odut i va , o a pr i m ora m en t o e en r i queci m en t o do ca pi t a l va r i á vel pa ssa r a m a ser uma da s prin ci pa i s es t ra t égi a s ca pi t a l i sta s c om o fi m d e a um en tar a ca pa ci da de pr odut i va . 9. Sa l ern o (1997, p. 245) ca ra ct er i za a r eest r ut ur açã o pr odut i va c om o um con jun t o de m udan ça s n ã o h om og ên ea s que est ã o a c on t ecen do n o si st em a pr odut i vo, en vol ven d o desd e a s r el a ç ões en t r e a s em pr esa s di st i n t a s a t é a a t i vi da de r ea l do t r a ba lh o, jun t o a um equi pa m en t o, con duz in do a im pl i ca ções e c on ôm i ca s, pol í t i ca s e s oci a i s..

(26) 21 e. o. t oyot ist a 10.. Est e. últ imo,. caract er izando. o. novo. processo. de. acumulação de capit al. A emer gência do “novo modelo” de acumulação flexível procurou reso lver sint o mas de esgot ament o da acumulação de capit al decorrent e dos limit es da base t écnica do “ant igo modelo”. Mas conse r vou muit o dos aspect os e caract er íst icas do ant igo; conser vou, pr incipalment e, as relações sociais de produção e reprodução do capit al, ist o é, as for ma s jur ídicas de dist r ibuição do poder e das r iquezas produzidas socialment e. Um dos aspect os fundament ais dest a cont inuidade é a manut enção do processo de expropr iação da mais - valia, ext raída ext ensivament e pelo prolo ngament o da jor nada de t rabalho, com acréscimo em sua dimensão abso lut a; e, de maneira int ensiva, pe lo aument o do rit mo de t rabalho. Nesse caso , obser va- se que o aument o da int ensificação do r it mo do t rabalho assalar iado result a em elevação dos padrões hist ór icos de produt ividade e lucro médio dos grandes co nglo mer ados econô micos (ANTUNES, 2000). Tais processos foram capazes de desmo bilizar as i nst it uições sindicais,. órgãos. represent at ivos. dos. int eresses. das. classes. assalar iadas 11.. 10. O m odel o d e a cum u l a çã o fl exí vel é m a r ca do pel o c on fr on t o di r et o c om a ri gi dez do for di sm o. E l e se a poi a n a fl exi bi l i da de d os pr oce ss os d e t r a ba l h o, dos m er ca dos d e t ra ba l h o, dos pr odut os e pa dr ões de c on sum o. Ca r a ct eri z a -se pel o sur gi m en t o de n ovos s et or es d e pr odu çã o, n ov a s m a n ei r a s de for n eci m en t o de s er vi ç os fi n an cei r os, n ovos m er ca dos e, s obr et ud o, t a xa s a l t a m en t e i nt en si fi ca da s de i n ova çã o c om er ci a l , t ecn ol ógi ca e or gan i za ci on a l . A a cum ul a çã o fl e xí vel en vol ve r á pi da s m udan ça s dos pa dr ões d o d es en vol vi m en t o de si gua l , t a n t o en tr e os s et or es c om o em r egi õe s ge ogr á fi ca s, cr i an do um va st o m ovi m en t o do ch a m a do em pr ego n o „set or de ser vi ç os‟ ( HA RVE Y, 2000, p. 140). 11. Pa r a um a aná l i se a cer ca dos e fei t os n e fa st os d o pr oc es s o de r e est r ut ura çã o pr odut i va ca pi t a l i st a n os m ovi m en t os si n di ca i s, ver os s egui n t es e st udos: MAT T OSO, J. O Br a si l des em pr ega do: c om o for a m dest r uí dos m a i s de 3 m i l h ões d e em pr ego n os a n os 90. Sã o Pa ul o: Fun da çã o P es eu A br a m o, 1999. BOIT O Jr . , A. P ol í ti c a Ne ol i be r al e Si ndi c al i smo n o B r asi l . Sã o Pa ul o: Xa m ã , 19 99. Ai n da, par a a pr ofun dar a t em á t i ca, ver a segun da par t e do li vr o de Ru y BRAGA, i n t it ul a da : Da c r i se c onte mp or âne a à e str até gi a de pas si vi z aç ão . In : A r est a ura çã o d o ca pi t a l : um est ud o s obr e a cr i se con t em por â n ea. Sã o Pa ul o: Xa m ã , 1999. p. 153 a 263..

(27) 22 E is. as. conquist as. cap it alist as. proporcio nadas. pelas. novas. t ecno logias de gest ão e produção trazidas pela reest rut uração produt iva: int ensifica-se. o. processo. de. explor aç ão. e. desmo bilizam- se. as. organizações da classe que vive do trabalho 12. As novas especificidades de int ensificação da explor ação da força de t rabalho ocorrem quer pelo fat o de os t rabalhadores assalar iados t rabalhare m. simu lt aneament e. em. vár ia s. máquinas. e. fun ções. –. o. t rabalhador mult ifuncio nal –, quer pelo r it mo e veloc idade impost os pelos. processos. produt ivos. encadeados,. e. agora. infor mat izados. e. programados em redes, superando a velha for ma de produção em sér ie do fordis mo/t aylor ismo. Desse modo, a acumulação flexíve l consegue co m a maquinar ia aut omat izada e infor mat izada e a adoção de novos mét odos de gest ão (Qualidade t ot al, Just i n time, escama de peixe, Kan bam, gerência part icipat iva, ent re out ras) subsumir, em t ermos for mais e reais, a força de t rabalho ao capit al ( ANTUNES, 1995; 2000; BRAGA, 1996; ALVES, 2000) e, port ant o, expropr iar os conheciment os acumulados pela força de t rabalho. Dessa for ma, a reest rut uração produt iva co nfigura um quadro ext remament e posit ivo para o capit al; os agent es econô micos r et omam os ciclo s. virt uosos. de. acumulação. e,. com. eles,. a. recuper ação. das. rent abilidades. É. ass im. que. a. acumulação. flexíve l. consegue. reanimar. o. capit alis mo em um no vo pat amar de exploração da força de t raba lho, co mbinando, fort ement e, for mas r elat ivas e abso lut as de ext ração de mais- valia ( ANTUNES, 2000, p. 37 -56).. 12. E st a t erm in ol ogi a t em com o obj et i vo, de a c or do com An t un es (2000, p. 101), c on fer i r va l i da de con t em por ân ea a o con cei t o m a r xian o de cl a ss e t r a ba lh a dor a, a ssi m c om o pr et en de se c on tr a por à s i deol ogi a s a pol ogét i ca s de fi m da hi st ór i a e, c on sequen t em en t e, do fi m da s cl a sses fun da m en ta i s e da cen tr al i da de do tr a ba lh o. O c on cei t o de cl a s se s oci a l que vi ve d o t r a ba lh o a m pl i a o c on c ei t o d e cl a ss e t ra ba l ha dor a , in cor por an do est r a t os c om o os t er cei r i z a dos, pr eca r iz a dos, den tr e out r os, que est ã o i n cl usi ve for a do m un d o do t r aba l h o, c om o os d e sem pr ega dos, bem c om o di fer en ci a da cl a sse de m an do r epr esen t at iva do ca pi t a l ..

(28) 23 Nosso post ulado é que as mudanças ocorr idas co m o processo de reest rut uração produt iva do capit al associada a uma ideo logia que remo nt a e revigora os pr incípios. da. Teor ia do. Capit al Humano. fort alecem a valor ização do capit al. A acumulação flexível t raz consigo a sua pedagogia ou um novo pr incíp io educat ivo para disciplinar e subjugar a força de t rabalho 13 ao capit al. Confor me mencio na Olive ira (2003): O capital nã o só subsu me tu do a os s eus int er ess es, ma s inclus ive det er mina o qu e qu er e o qu e deve s er f eit o par a atender aos s eus des ejos. O capital nã o esp er a o qu e os tr abalhador es t êm a lhe of er ecer , dita sua s necessida des. Par a isso, constr ói os novos conceit os e as novas cat egor ias coor dena dor as da sua r elação com o tr abalho. E ntr e est es, os conceit os de empr egab ilida de e de comp et ências sur gem como a qu eles qu e melhor sint et iza m a cr is e do empr ego e as estr atégia s do capital, no ca mp o edu cacional, ob jet iva ndo ma nt er su a hegemoni a (OLI VEIR A, 2003, p. 86) (gr if os noss os).. Est as pedagogias são as “pedagogias das compet ências, a t ese da empregabilidade cujo slogan é o aprender a aprender ”. Pedagogias e cat egorias, que na acepção de Duart e (2001), são “apropr iações pós moder nas 14 no âmbit o da educação qu e fort alecem o sist ema capit al”. 13. BRAVE RMA N (1987, p. 54), de for m a pri m or osa , a tr i bui um sent i do si gn i fi ca t i vo à for ça d e t r a ba l h o. Pa r a est e a ut or , a for ça d e t r a ba lh o c om o ca pa ci d a de h um a na de exe cut a r tr a ba lh o nã o pod e ser c on fun di da com o pod er de qua l quer a gen t e n ã o h uman o, seja el a n at ur a l ou fei t a pel o h om em . O t r a ba lh o h um an o, seja di r et a m en t e exer ci d o, se ja a rm a z en a do em pr odut os c om o fer ra m ent a s, m a quinar i a ou a n im a i s dom e st i ca dos r epr esen t a o r ecur s o excl usi vo da h um an i da de par a en fr en t ar a n at ur ez a . Assi m , para os h um an os em s oci eda de, a for ça de t r a ba l h o é um a ca t egor i a esp eci a l , dest i t uí da e n ã o i n t er ca m bi á vel c om o qua l quer out r a, si m pl esm en t e por que é h uman a . 14. Pa r a um est udo a pr ofun da do, r i co e cr í t i co a c er ca da s ba s es e fun da m en t os da P ós m oder n i da de, ver a Par t e I do l i vr o de HA RVE Y, D. A c ondi ç ão pós - mode r na . 3 . ed. Sã o Pa ul o: L oyol a , 2000. Pa ssa gem da m oder nida de à pós -m od er n i da de n a cul t ur a c on t em por ân ea , (p. 13 -109). No c on t ext o fi l os ófi co, a p ós -m od er n i da de se c on st i t ui c om o l egí t i m a r ea çã o à “m on ot on i a ” da vi sã o de m un do do m od er n i sm o uni ver sa l , cuj o si st em a é g er a l m en t e per cebi d o c om o p osi t i vi st a , t ecn oc ên t ri co e r a ci on a l i sta . O m oder n i sm o un i ver sa l t em si do i d en ti fi ca do c om o a cr en ça n o pr ogr esso l i n ea r, n a s ver da des a bs ol ut a s, n o pl a n eja m en t o r a ci on al de or den s s oci a i s, i dea i s, e c om a pa dr oni z a çã o do c on h eci m en t o e da pr oduçã o. O p ós -m od er n o, em c on tr a st e, pr i vi l egi ar i a a h et er ogen ei da de e a di fer en ça c om o fo r ça s l i ber t a dor a s n a r ede fi n i çã o do di s cur so cul t ur a l , quer di z er, a fr a gm en t açã o, a i n det er m in a çã o e a i n t en sa des c on fi a n ça de t od os os di s cur sos un i ver sa i s ou, pa r a usa r um a t er m in ol ogi a fa vor i t a, “t ot a l i z an t es” . É m ar co d o p en sa m en t o pós -m od er n o a des c o ber t a d o pr a gm a ti sm o n a fi l os ofi a , a m udan ça de i dei a s s obr e a fi l os ofi a da ci ên ci a pr om ovi da por Kuhn (1962) e Fe yer a ben d (1975), a ên fa se fou ca l t i an a na.

(29) 24 Essas pedagogias for am sendo incorporadas pe las refor mas dos sist ema s de ensino, realizadas na Europa, Ásia e Amér icas. Daí a necessidade de inst it ucio nalizar. novas. prát icas. qualificação. fo rça. de. da. pedagógicas. t rabalho,. em. de. esco lar ização. t odos. os. mo ment os. e da. esco lar ização. No caso do Brasil: da educação infant il à educação super ior. I manent e a est e “no vo princípio educat ivo”, demandado pelo capit al co m a pedagogia das co mpet ências e a t ese da empr egabilidade, há. um. dis cur so. reciprocament e,. ideo lógico. de. cunho. aument o. da. produt ividade. o. int egrador, e. que. art icula,. co mpet it ividade. econô mica co m as po lít icas educat ivas. Tal discurso ancorado nas cat egorias cidadania, inclusão social e mit igação da pobreza t em sido os refer enciais est rut urant es das po lít icas e programas gover nament ais, t ais co mo. o. PLANFOR,. PNQ,. Projo vem. Trabalhador. nas. suas. vár ia s. modalidades, dent re out ros 15, em ambo s gover nos ( FHC e Lula). E st e discur so procura, dissimuladament e, demo nst rar uma dimensão “ma is humana” da lógica reprodut iva capit alist a, que t em no lócus do Est ado o pr incipal agent e operacio nalizador, por assegurar uma “pseudo inclusão” aos já exclu ídos das diver sas for mas de sociabilidade humana e produt iva. Ent ret ant o, a const it uição do novo d iscurso int egrador ocult a o papel do Est ado como indut or e media dor do processo de reprodução do capit al. Est e, em essência, at ua ambiguament e, co m po lít icas que visam at ender aos imper at ivos das t ransfor mações econô micas co m a busca incessant e pelo cresce nt e aument o da produt ividade, assim co mo at ua na pro moção de ser viços que pro movem a inclusão, via po lít ica s. des c on t in ui da de e n a di fer en ça n a h i st ór ia e a p r im a zi a da da por el e a “ c or r el a çõe s pol i m or fa s em vez da ca usa l i da de si m pl e s ou c om pl exa ” . Ac en t ua -se a i n det erm in a çã o com t e or i a da ca t á str ofe, do ca os e o r essur gi m en t o da pr eocupa çã o c om a ét i ca n a pol í t i ca e n a an tr opol ogi a c om a va l i da çã o da “di gn i da de do out r o” , t udo i ss o i n di ca um a a m pla m udan ça n a “e st r ut ura do sen t i m en t o” . O que h á em c om um n esse s ex em pl os é a r ej ei çã o da s m et an arr at i va s (SANT OS, 1990, p. 19). 15. O est ud o e a n á l i se dos Pr ogr a m a s: PLANFO R (1995 -1998/ 1999 -2002); Ser vi ço Ci vi l V ol un t ár i o (F HC) e Ju ven t ude Ci da dã (Lul a ), PROE P, P RO NE RA, PNPE , PN Q, PROE JA e P ROJ OVE M n os p er m i t e in fer i r que o di s cur so est r ut uran t e que m a r ca m os r e fer i dos pr ogr a ma s gover n am en ta i s é que a educa çã o é um i n vest i m en t o que ger a r en da , a m pl i a opor t un i da des de em pr ego, des en vol vi m en t o, equi da de, cr esci m en t o e i n cl usã o soci a l a os suj ei t os ex cl uí dos s oci a l m en te..

(30) 25 sociais. O refer ido discurso t em co mo t ent áculo um pro jet o ident it ár io const ruído por vár io s organismos e inst it uições sociais, t ais co mo o Banco Mundia l, a CEP AL e o empresar iado (OLIVEIRA, 2005; 2006) (segment os que per sonificam o capit al), bem co mo inst it uições de vida social. Est as são as forças po lít icas que no cenár io brasile iro t êm est rut urado a qualificação profissio nal, cujos pro jet os e disc ur sos buscaremo s evidenciar no decorrer do estudo. Ent ret ant o, emerge, dessa for ma de produção, a conciliação de novos mo delo s de produção e educação esco lar, ambo s buscando conso lidar for mas de aprendizagem que pot encializem o novo ciclo virt uoso do capit alismo, o qual, em seus fundament os, sust ent am os pilar es própr ios dest e sist ema societ al: a expl oração do homem pelo homem. Há,. port anto,. um. recrudesciment o. da. pedagogia,. uma. (re) inst rument alização dos processos de ensino e aprendizagem, e sua int rodução nas unidades educat ivas esco lares e não esco lares, co m novos cont eúdos e exigências de no vas post uras, comport ament os e habilidade s dos sujeit os pedagógicos, se podemos diz er assim, para fort alecer, agora, co m maior int ensidade, a dominação do capit al so b re a força de t rabalho , mediada pela ideo logia da for mação t écnica ou qualificação profiss io nal. A co mbinação e co mpat ibilização dos modelos produt ivos co m o sist ema educat ivo est ão sob o co mando das pot encia lidades abert as pelo s novos padrões da acumulaçã o flexíve l. É exigência dest e modelo de acumulação uma no va inst it ucio nalidade de qualificação profissio nal e, por conseguint e, a proposição de po lít icas públicas de apr imorament o da força de t rabalho. Nesse cont ext o hist órico, procurou -se refor mar a inst it ucio nalização da qualificação pro fis sio nal, bem co mo da educação básica. Esses acont eciment os se int ensificaram nas t rês últ imas décadas do sécu lo XX, mas apresent am t endênc ias de est abilização nas pr imeiras décadas do século XXI ; ainda que co m sucessivas cr ises, congênit as e hist ór icas, mas sem co mpro met er as bases da reprodução socio met abó lica.

(31) 26 do. capit al.. Isso. cont emporaneidade. acont ece do. dessa. capit alis mo,. for ma. os. porque,. sujeit os. na. hist ór icos. at ual que. se. cont rapunham ao capit al foram desmo bilizados , co mo é o caso do mo viment o sindical; e os novos mo viment os sociais que emergiram – novos. suje it os. –. lut am. fragment ados. e. condic io nados. por. suas. part icular idades corporat ivas, sem nenhuma chance de derrot ar o capit al. Confor me argument a Ant unes (2000, p. 48): Opondo-s e ao contr a -poder qu e emer gia das lutas sociais , o cap ital iniciou u m pr ocess o de r eor ga niza ção das suas f or mas de dominaçã o s ocietal, nã o s ó pr ocur an d o r eor ganizar em t er mos cap italistas o pr ocess o pr odutivo, mas pr ocur ando gestar u m pr ojet o de r ecup er ação da hegemonia nas ma is diver sas esf er as de s ociab ilidade. Fez iss o, p or ex emp lo, no p lano ideológico, por meio d o cult o de u m subj etivismo e de u m ideár io f r agmenta dor qu e faz ap ologia ao individualis mo exacer ba do contr a as f or mas de s olidar i eda de e de atuaçã o colet iva e s ocia l.. No. Brasil,. foram. int roduzidos,. além. de. novos processos. e. modalidades de for mação/qualificação profissio nal 16, novos mecanis mo s de part icipação da sociedade civil, de sujeit os sociais, na elaboração de met odologias. e. execução. dos. planos,. projet os. e. programas. de. qualificação. Est es sujeit os passar am não só a execut ar as po lít icas de for mação profissio nal, a elaborar met odologias, be m co mo cont ribuir para est abelecer o consenso ent re capit al e t rabalho (SILVA, 2003) . Out ro. exemplo. da. nat ureza. dest a. nova. inst it ucio nalidade. são. os. conselho s que decidem sobr e a po lít ica de qualificação profiss io nal do s ent es federados (co mo o CODEFAT) e as co missões de empr ego que envo lvem sindicat os, cent rais sindicais e as diver sas modalidad es de organizações não gover nament ais. 16. Segun do a LD B 9394/ 96, a E duca çã o Pr ofi ssi on a l deve e st a r in t egr a da à s di fer en t es for m a s de educa çã o, à ci ên ci a e à tecn ol ogi a . Tr a ta -se da est r a t égi a do E st a do pa r a fa vor ec er o de sen vol vi m en t o s oci oec on ôm i c o n a ci on a l , bem com o pa r a r eduçã o da s de si gua l da des s oci a i s e r egi on a i s. Os objet i vos da LD B, n o que t a n ge à for m a çã o pr ofi ssi on a l , coa dun a m -se c om a n ova i n sti t uci on a l i da de dos Pl a n os qu e pr et en dem os a n a l i sar. Nova i n st i t uci on a l i da de, va l e di z er , é a in st i t uci on al i za çã o d e n ova s pr á t i ca s soci a i s de qua l i fi ca çã o pr ofi s s i on a l , com o o i n gr esso de n ovos suj ei t os s oci a i s, c om o os si n di ca t os e a s c en tr a i s si n di ca i s, n o pr oces s o d e el a bor a çã o e ex ecu çã o da s p ol í t i ca s pú bl i ca s d e qua l i fi ca çã o pr ofi ssi on a l ; pr oce s s os que a n t es er a m r ea l iz a dos a pen a s pel a s em pr esa s ca pi t a l i st a s, m edi a da s pel o Si st em a S, e pel o E st a do..

Referências

Documentos relacionados

Era de conhecimento de todos e as observações etnográficas dos viajantes, nas mais diversas regiões brasileiras, demonstraram largamente os cuidados e o apreço

In this study, fungal endophytes were explored in the stems and leaves of seven species of the Plukenetia genus, and also evaluated the abilities of isolates of Trichoderma

Estes limites são avaliados antes do envio de cada ordem ao sistema de negociação, permitindo estabelecer, para cada comitente¹, os seguintes parâmetros de negociação:

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

Foram encontradas, também, as pes- quisas de Soares (2007), sob o título “O Sistema Nacional de Avaliação da Educa- ção Superior e a Gestão Estratégica das

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São

Assim, mesmo apresentando grau de dependência moderado, o GC apresentou maior craving na segunda e terceira semana de tratamento em relação a leptina sérica, em comparação ao