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Emp re gabi lidade: p rin cípio edu cativo da qua li fica çã o para o dese mp rego

3. COM PET ÊNC IAS E EM PREGAB IL IDA DE COM O FORM AS

3.2. A Teo ria d o Capita l Hu mano 52 : tentácu lo do novo di scu rso integ rado r na déc ada de

3.2.2. Emp re gabi lidade: p rin cípio edu cativo da qua li fica çã o para o dese mp rego

A no ção de e mprega b ilidad e ma nife st o u -se no iníc io da dé cad a de 1990 e m u m co nt e xt o eco nô mico mar cad o pe la e limina ção de po st o s de t raba lho e pe la co mpet it iv ida de e nt re o s t raba lha do res ; fe nô me no s deco rrent es do s pro ces so s de ree st rut uração t ecno ló g ica. Es se s pro ce sso s pas sara m a e xig ir ma io r co mpet ê nc i a t éc nica e c ie nt ífic a da fo r ça d e t raba lho co mo requ is it o da e co no mia in fo r ma c io na l (SH AFF, 199 5 ; C ASTELLS, 2000).

Est e co nce it o ao lo ngo das ú lt ima s dé cad as t e m rec e bido inú mer a s cr ít ica s. Para O live ira (1999), a no ção de e mpr ega bilid ade d e fine -s e co mo :

a ca pa ci da de da mã o- de- obr a de s e ma nt er empr ega da o u enc ont r a r u m novo empr ego qua ndo demi t i da . O pr i ncí p i o qu e est á por t r á s do c onc ei t o é de qu e o des empr ego t e m c omo ca usa a ba ixa empr ega bi l i da de da mã o - de- obr a [si c], ou s eja , sua i na dequa çã o em fa c e da s exi gênc ia s d o mer ca do (OL I VE IR A, 1999, p. 14).

Co rro bo ra co m a per spe ct iva a nu nc ia da p o r Olive ira (1999), Le it e (1997, p. 64-65). Essa aut ora argu me nt a q ue

a noçã o de empr ega b i l i da de pa r t e do pr i nc í pi o [ de] qu e os t r a ba lha dor es des e mpr ega dos enc ont r a m -s e nessa sit ua çã o, nã o p or qu e ha ja fa lt a de empr ego, ma s, p or qu e nã o s e a da pt a m à s nova s ex i gênc ia s da s emp r esa s ou, e m out r a s pa la vr a s, por qu e nã o a pr es ent a m o p er f i l ex i gi d o p el o novo mod el o de pr odu çã o.

Est e t e m s ido o aspect o ideo lo g iza nt e do co nce it o de e mprega bilid ad e que e nco bre o s re a is mo t ivo s da d inâ mic a do dese mprego .

A no ção de e mpr ega bilid ad e é n it ida me nt e marc ada pe lo s pr inc íp io s do neo libera lis mo . A ê nfa se na ind iv id ua lid ade e respo nsa bilid ad e pe la fo r ma ção é co nd ição para que o su je it o se ma nt e nha e mpreg á ve l. O fr ac asso deco rrent e de ss a aç ão é de int e ir a respo nsa bilid ad e do ind iv íduo . Ga nz (2 001) cr it ica, inc is iva me nt e, o co nce it o de e mpr ega bilid ade e de st aca o ut ro s co nd ic io na nt e s respo nsá ve is p e lo de se mpre go do s t raba lh ado res.

Ap esa r de qu e s e r ec onoc e la i nf lu e ncia de la esc ola r iza c i ón y de la educa c i ón pr of iss i ona l en la p er ma nenc ia y r et or no a l mer ca do y de la t r a ba jo, s e cr it ica la noc i ón de e mpr el ea b il i da d, qu e l l eva a a tr ibui r a los t r a ba ja dor es, i ndi vi dua l ment e, u na r es ponsa b i l i da d por su e mp l eo, desp ec ia ndo el hec ho de qu e ess e emp l e o est á condi c i ona do p or u na s er i e de fa ct or es ma cr o y mi cr oec onómi c os, p or ej e mp l o, la p ol ít ica de desa r r ol l o y la p ol ít ica de i nver s ón r a cia l, de géner o e ot r os ( G ANZ , 2001, p. 182).

Ge nt ili (2002, p. 52) a cre sce nt a qu e a e mpreg a bilida de fo i de fin ida pe la s po lít ic as pú blic as de e mpre go co mo o e ixo est rut urant e d e u m co nju nt o de po lít ic as supo st a me nt e de st inad as a d iminu íre m o s r is co s so c ia is do grande t o rme nt o dest e fina l de sécu lo : o dese mprego .

Para Ge nt ili ( 1995), o fat o de a e mprega bilid ade ser co mpree nd id a a part ir de d ime nsõ es d ist int as d ific u lt a uma de fin iç ão prec is a. A pr ime ir a ser ia a que co nce be a e mpreg a bilidad e co mo re ferê nc ia do s pro cesso s d e ree st rut uração pro dut iva, mu da nça s no mu ndo do t r aba lho e no s mo d e lo s e po lít ic as d e qua lific aç ão . A s egu nd a co nce be a no ção co mo u m do s pr inc íp io s o r ie nt ado res do pro cesso de ree st rut uração mo ra l e c u lt ura l, que c aract er iza a heg e mo nia neo liber a l.

A pr ime ira d ime ns ão , na per spe ct iva d o auto r, diz re sp e i t o ao p la no das re laçõ e s o bjet ivas, ist o é, a represe nt ação que a ss u miu a e mprega bilid ad e no s pro cesso s co nt e mpo râ neo s de t ra ns fo r ma ção da bas e

mat er ia l cap it a list a. A se gu nda, ao s sig nific ado s s imbó lico s, qu a ndo e la se t o rno u u m mec a nis mo e fic ie nt e de e nq uadra me nt o da co nsc iê nc ia, o u se ja, u m me ca nis mo id eo ló g ico que o bjet ivo u a pro dução de u m co ns e nt ime nt o do s t raba lha do res a ac e it a re m o u se co nfo r ma re m co m a s it ua ção de dese mprego . Ness a d ime nsão , a no ção de e mprega b ilidad e:

[. . . ] s e i nc or por a no s ens o c omu m c omo s i gnif i ca do qu e pr et ende est r ut ur a r , or i ent a r e def i nir a s opções ( ou fa lt a de opç ões) dos i ndi ví du os no ca mp o edu c a ci ona l e n o mer ca do de t r a ba lho, t or na ndo -s e t a mb é m „ a ‟ r ef er ênc i a nort ea dora, o „dever ser ‟ dos progra mas de for ma çã o pr of iss i ona l e, i nc lusi ve, da s pr ópr ia s pol ít ica s educa c i ona is (GENT IL I, 1995, p. 85).

A pr ime ira d ime nsão da e mpreg a bilid ade, que as su miu a co nd iç ão de vis ão de mu ndo o rie nt ada par a ló g ica do cap it a l, e que adqu ir iu vis ib ilid ade a part ir d a déc ada de 199 0, fo i a es t a be le c id a co mo e le me nt o o rie nt ado r de u ma sér ie de açõ es go ver na me nt a is, co mo a reduç ão do s e ncargo s pat ro na is, a fle x ib iliz aç ão do t raba lho e a educ aç ão pro fis s io na l, de st inada s, est as açõ es, a d iminu ír e m o s r isco s so c ia is do dese mprego e a d ina miz are m o mer cado de t ra ba lho , po de ndo , a inda , aparec ere m vinc u lada s, de fo r ma art ic u lada, às t rês açõ es re fer id a s ac ima.

Na segu nda, o uso do t er mo co mo meca n is mo ideo ló g ico dese mpe nho u u ma impo rt ant e fu nção s imbó lic a, da do o carát er limit ado e qua se irre a liz á ve l d a po ss ib ilida de d e e mpre gar t o do s o s ind iv íduo s no mu ndo eco nô mico , me s mo qu e se ja m qua lific ado s co mo me st res, do uto res e pó s-do uto res. Para Ge nt ili (19 95, p. 87), a fo r ma co ns er vado ra da no ção de e mpreg a bilida d e des e mpe nho u:

[. . . ] u ma fu nçã o s i mb ól ica c e nt r a l na dem onst r a çã o d o ca r á t er l i mi t a do e a pa r ent eme nt e ir r ea l i zá vel dessa pr omessa no ca mp o ec onômi c o: a esc ola é u ma i nst â nc i a de i nt egr a çã o dos i ndi ví du os a o mer ca do de t r a ba lho, ma s nem t odos p ode m ou p oder ã o goza r dos b enef íc i os dess a i nt egr a çã o já qu e, no mer ca do c omp et it i vo, nã o há espa ç o pa r a t odos.

O cres c ime nt o do dese mprego e a impo s s ib ilid ade d e co mbat ê - lo no cap it a lis mo t ê m co nt r ibu ído para ma nt er t a is id eo lo g ias co mo ju st ific ado ras da s de s igu a ldad es e e xc lusõ es so c io e co nô mic a s na repro dução so c ia l do s ist e ma cap it a list a, e mbo ra o de se mpr ego não po ss a ser vist o co mo u ma id io ss incr asia da at ua l fa se do cap it a lis mo . O s imp act o s dest rut ivo s do dese nvo lv ime nto t ecno ló g ico , deco rrent e da acu mu la ção fle x íve l, na persp ect iva de M att o so (1999), não é u ma via d e mão ú nica, po is po de co nduz ir a g a nho s para a c las se qu e vive do t raba lho . Mat to so (1999, p. 36) acre sc e nt a que o de se mpr ego e se u carát er t ecno ló g ico po dem:

c onduz ir a ma is e mpr ego, c onsu mo, t em po l i vr e ou des empr ego; é u ma esc ol ha , hist or ica ment e det er mi na da p ela s f or ma s de r egu la çã o do s ist e ma pr odut i vo e dist r ibu i çã o dos ga nhos de pr odut i vi da de . E s e é u ma qu est ã o de esc ol ha , é u ma op çã o p ol ít i ca . [P a ra o r ef er i do a ut or , o des e mpr ego nã o é ca usa do p ela fa lt a d e qua li f ica çã o, ma s por opç ões de or dem pol ít i ca e i deol ógi ca ].

A e mpreg a bilida de, co mo u ma d as id eo lo g ia s just ific ado ras do dese mprego , ser ve de su st ent ação para ise nt ar o cap it a l e o Est ado de sua s re spo nsa b ilidad es, sup er va lo r iz a ndo as po lít ica s pú blic as d e pro mo ção do e mprego co mo m e d ida s pr e ve nt iva s e d e ins erç ão da c la ss e t raba lhado ra no merc ado de t raba lho , e m fu nção do cresc ime nt o eco nô mico co mbina do co m a red ução de e mpre go s (CÊA, 2003).

3.3. Emp regabi lid ade e co mpet ência s nas po lític as de qua li fi caçã o