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Leis, Atos e Regulamentos sobre Educação no período imperial na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul

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Academic year: 2021

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Respeite o direito autoral Reproduçao não autorizada é crime

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PRESIDENTE Eliezer Pacheco

DIRETORA DE TRATAMENTO E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES EDUCACIONAIS Oroslinda Maria Taranto Goulart

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA NACIONAL

Presidente: Diana Gonçalves Vidal (USP) Vice-Presidente: Luciano Mendes de Faria Filho (UFMG)

Secretária: Libânia Xavier (UFRJ) Tesoureiro: Jorge Luiz da Cunha (UFSM)

DIRETORIAS REGIONAIS Sul

Titular: Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUC-PR) Suplente: Flávia Werle (Unisinos)

Sudeste

Titular: José Carlos de Souza Araújo (UFU) Suplente: Rosa Fátima de Souza (Unesp)

Centro-Oeste

Titular: Maria de Araújo Nepomuceno (UCG) Suplente: Regina Tereza Cestari de Oliveira (UFMS)

Nordeste

Titular: Ana Maria de Oliveira Galvão (UFPE) Suplente: Jorge Carvalho do Nascimento (UFSE)

Norte

Titular: Maria das Graças Sá Peixoto Pinheiro (Ufam) Suplente: Andréa Lopes Dantas (Ufac)

COMISSÃO EDITORIAL DA REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (RBHE) Marcos Cezar de Freitas (PUC-SP)

Maurilane de Souza Biccas (USP) Maria Lucia Spedo Hilsdorf (USP) José Gonçalves Gondra (Uerj)

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EGULAMENTOS

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NO

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ORGANIZADORES

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RRAIADA

Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor titular de História da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Pesquisador vinculado ao Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (Ceihe).

E

LOMAR

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AMBARA

Doutorando da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Professor de História da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPs). Pesquisador vinculado ao Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (Ceihe).

SBHE

Brasília-DF 2004

(4)

COORDENADORA DE PRODUÇÕES EDITORIAL Rosa dos Anjos Oliveira

COORDENADOR DE PROGRAMAÇÃO VISUAL F. Secchin

EDITOR EXECUTIVO Jair Santana Moraes

DIAGRAMAÇÃO José Miguel dos Santos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Coleção Documentos da Educação Brasileira [recurso eletrônico]. – Dados eletrônicos. – Brasília : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2004.

4 CD-ROM ; 4 ¾ pol., em caixa 14 x 12,5 x 4 cm.

Sistema requerido: Processador categoria Pentium, Microsoft Windows 95, 98, OSR 2.0, Millennium Edition, NT 4.0 com Service Pack 5 ou 6 ou Windows 2000 e 32 MB de memória RAM.

Inclui Software Acrobat 5.0.

Conteúdo: Leis e regulamentos da instrução da Paraíba no período Imperial [recurso eletrônico] / Organizadores: Antonio Carlos Ferreira Pinheiro, Cláudia Engler Cury – Leis, atos e regulamentos sobre educação no período imperial na província de São Pedro do Rio Grande do Sul [recurso eletrônico] / Organizadores: Eduardo Arraiada, Elomar Tambara – Coletânea da documentação educacional paranaense no período de 1854 a 1889 [recurso eletrônico] / Organizadores: Maria Elisabeth Blanck Miguel, Sonia Dorotea Martin – Legislação educacional da província do Rio Grande do Norte (1835 – 1889) [recurso eletrônico] / Organizadoras: Eva Cristini Arruda Câmara Bastos ... [et al.] ; colaboradoras: Cláudia Regina Silva de Azevedo ... [et al.].

1. Legislação educacional. 2. História da educação. I. Título: Leis e regulamentos da instrução da Paraíba no período Imperial [recurso eletrônico]. II. Título: Leis, atos e regulamentos sobre educação no período imperial na província de São Pedro do Rio Grande do Sul [recurso eletrônico]. III. Título: Coletânea da documentação educacional paranaense no período de 1854 a 1889 [recurso eletrônico]. IV. Título: Legislação educacional da província do Rio Grande do Norte (1835 – 1889) [recurso eletrônico].

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APRESENTAÇÃO...

INTRODUÇÃO...

DOCUMENTO 1

Lei 12 – Criando um Colégio de Artes Mecânicas – 1837 ... DOCUMENTO 2

Lei 14 – Lei de Instrução Primária – 1837 ... DOCUMENTO 3-A

Regulamento para as Escolas Públicas de Instrução Primária – 1842 ... DOCUMENTO 3-B

Estatutos para o Liceo de D. Afonso na cidade de Porto Alegre – 1846. DOCUMENTO 4

Regulamento para a Instrução Primária e Secundária da Província de Pedro do Rio Grande do Sul – 1857...

9 11 13 15 21 43 49

(6)

1857 ... DOCUMENTO 6

Regulamento de Instrução Pública Alterando o Regulamento de Instrução Pública Alterando o Regulamento de 1857 – 1859 ... DOCUMENTO 7

Regulamento Marcando o Modo e Formalidades dos Concursos para o prenchimento das cadeiras de instrução Primária e Secundária do Liceu D. Affonso – 1859 ... DOCUMENTO 8

Regulamento Alterando algumas Disposições do Regulamento de Instrução Pública de 1857-1859... DOCUMENTO 9

Regulamento Relativo aos Educandos Menores do Arsenal de Guerra da Classe Provincial – 1859 ... DOCUMENTO 10

Regulamento Aumentando as Aulas do Liceu D. Afonso e dando-lhes o Respectivo Programa de Estudos – 1859... DOCUMENTO 11

Regulamento para o Asilo de Santa Leopoldina – 1857 ... DOCUMENTO 12

Ato pelo Qual se Manda Observar o Regulamento para o Asilo Santa Leopoldina – 1858... DOCUMENTO 13

Lei que Autoriza Contratar Professores Particulares para Lecionarem Primeiras Letras Dentro das Colônias Provinciais – 1864 ... DOCUMENTO 14

Regulamento do Curso de Estudos da Escola Normal – 1872 ... 83 85 89 101 121 127 165 171 183 185

(7)

DOCUMENTO 16

Regulamento da Instrução Pública Primária – 1876 ... DOCUMENTO 17

Ato Dando Regulamento para a Escola Noturna Provincial – 1876 ... DOCUMENTO 18

Regulamento de Instrução Pública – 1876 ... DOCUMENTO 19

Regulamento da Instrução Pública – 1881... DOCUMENTO 20

Ato Classificando as Escolas Públicas do Ensino Primário da Província – 1883 ... DOCUMENTO 21

Ato Aprovando o Programa de Ensino Público Primário da Província – 1883 ... DOCUMENTO 22

Acto Dando Instrucções para o Fornecimento, Arrematação e Distribuicão de Livros, Papel e Tinta às Escolas Públicas Primárias da Província – 1886

199 231 239 265 307 309 331

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A Coleção Documentos da Educação Brasileira foi criada pela Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) com o intuito de divulgar fontes importentes para a pesquisa em História da Educação no Brasil, bem como oferecer elementos para a realização de estudos comparativos entre as várias províncias/estados brasileiros. A manutenção do apoio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), parceiro no publicação dos dois primeiros volumes, viabilizou a edição dos quatro trabalhos que ora chegam a público. A legislação imperial referente à educação no Rio Grande do Sul. Rio Grande do Norte, Paraíba e Paraná (segundo volume) vêm se somar às compilações já editadas sobre Mato Grosso e Paraná. O formato digital adotado para as novas publicações pretendeu facilitar a consulta ao material e ampliar o acesso aos dados. Temos certeza de que o esforço empreendido pelos investidores na coleta e sistematização das leis educacionais, materializado nestes CD-ROMs, será acolhido com enturiasmo pela comunidade brasileira de historiadores da educação.

Diretoria da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e Comissão Editorial da Revista Brasileira da História da Educação (RBHE)

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Esta coletânea de documentos sobre a educação na província de S. Pedro do Rio Grande do Sul não pretende ser exaustiva; pelo contrário, ela reflete uma seleção que, sob a ótica dos organizadores, é representativa da legislação educacional vigente no período imperial naquela privíncia.

É forçoso recordar que a província, nesse período, passou por vários momentos excepcionais, que, certa forma, influenciaram a atuação do executivo nesta área. Entre eles, destacamos a Guerra Cisplatina (1825-1828) e a Revolução Farroupilha (1835-1845).

Sob o prisma metodológico, optamos por ser o mais fiel possível aos documentos e foi com esse intuito que decidimos preservar a ortografia da época. Algums documentos foram recolhidos na Biblioteca Pública Rio-Grandense ena Biblioteca Pública Pelotense; entretanto, em sua grande maioria, esses documentos fazem parte do acervo particular dos organizadores.

Agradecemos ao Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (CEIHE) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPeI) a cedência da infra-estrutura para a elaboração desta coletânea. Agradecemos também às bolsistas Patrícia Daniela Maciel, Aline Vieira da Cunha e Francine Couto de Oliveira, pela digitação dos documentos.

Elomar Tambara e Eduardo Arriada (Organizadores)

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LLei 12 – Criando um Colégio de Artes Mecânicas – 1837ei 12 – Criando um Colégio de Artes Mecânicas – 1837ei 12 – Criando um Colégio de Artes Mecânicas – 1837ei 12 – Criando um Colégio de Artes Mecânicas – 1837ei 12 – Criando um Colégio de Artes Mecânicas – 1837

Fonte: Collecção das leis provinciaes de S. Pedro do Rio Grande do Sul. Segunda Legislatura. Porto Alegre. Reimpresso na Typ. Do Comércio. Rua da Praia, n. 24, 1845 (p. 27- 28)

Antonio Elzeario de Miranda e Brito, Presidente da Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul. Faço saber a todos os seus Habitantes, que a Assembléa Legislativa Provincial Decretou e eu Sanccionei a Ley seguinte:

Artigo 1.° Haverá na Capital da Provincia um Collegio de Artes Mecanicas para ensino de Orfãos pobres expostos, e filhos de pais indigentes que tiverem chegado á idade de dez annos, sem seguirem alguma occupação util. Aos juizes de Orfãos incumbe fazer remetter para o Collegio os primeiros, e aos Juizes de Paz os outros. O numero total dos alumnos não excederá de cem.

Art. 2.° Serão igualmente admittidos nas officinas do Collegio quaesquer moços, exceptuados os escravos, que pretenderem aprender os officios que n’ellas se ensinarem, obrigando-se seus pais, ou bemfeitores a pagar as despesas que fiserem com a sua subsistência, e ensino.

Art.3.° A cada um dos moços que fôr recolhido ao Collegio se abonará pelas Rendas Provinciaes cento e sessenta réis diários para suas despesas, por todo tempo do ensino.

Art.4.° A administração interna do Collegio será commettida á um Diretor, encarregado ao mesmo tempo do ensino de ler, escrever, e contar até as quatro operações de arithmetica sobre numeros inteiros, com vencimento annual de oitocentos mil réis. Haverá mais um Vice-Director, que coadjuvará; e substituirá

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annual de tresentos mil réis, e uma gratificação de cinco mil réis por cada alumno que der prompto no seu officio: não serão pagos do seu salario quando não tiverem aprendizes a quem não possão ensinar.

Art. 6.° Para applicação dos aprendizes a qualquer dos officios mecânicos que se ensinarem, será consultada sua inclinação.

Art. 7.° O producto do trabalho dos aprendizes pertencerá ao Collegio. Art. 8.° O presidente da Provincia fica autorisado não só para formar provisoriamente um regulamento para o referido Collegio, que submetterá depois á approvação da Assembléa Legislativa Provincial, como para despender as quantias necessárias para seu estabelecimento.

Art.9.° O Presidente da Provincia fica autorisado a fazer correr duas Loterias no valor de cem contos de réis cada uma para ajuda do estabelecimento.

Art.10.° Serão por ora unicamente creadas aquellas officinas, que forem mais acommodadas as necessidades locaes da Provincia.

Art.11.° Ficão derrogadas todas as Leis e disposições em contrario. Mando portanto a todas as Autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Ley pertencer, que a cumprão e fação cumprir tão inteiramente como nella se contêm. O 1° Official que interinamente serve de Secretario desta Provincia, a faça imprimir, publicar, e correr. Cidade do Rio Grande dezenove de Dezembro de mil oitocentos e trinta e sete, décimo sexto da Independencia e do Imperio.

Antonio Elzeario de Miranda e Britto. (L.S.)

Carta de Ley, porque Vossa Excellencia houve por bem sancionar o Decreto da Assembléa Legislativa Provincial, creando na Capital desta Provincia um Collegio de Artes Mecânicas, para ensino dos Orfãos, e dando outras providencias sobre o mencionado Estabelecimento, como acima se declara.

Para Vossa Excellencia ver. José de Miranda e Castro a fez. Nesta Secretaria da Presidência foi sellada e publicada a presente Ley aos 19 de Dezembro de 1837.- João da Cunha Lobo Barreto.

Registrada a fl. 56 v. do Livro 1° de Leis. Secretaria do Governo em Porto Alegre 8 de janeiro de 1838.

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LLei 14 – Lei 14 – Lei 14 – Lei 14 – Lei 14 – Lei de Instrução Pei de Instrução Pei de Instrução Pei de Instrução Pei de Instrução Primária – rimária – rimária – rimária – rimária – 1837

Fonte: Collecção das leis provinciaes de S. Pedro do Rio Grande do Sul. Segunda Legislatura. Porto Alegre. Reimpresso na Typ. Do Comércio. Rua da Praia, n. 24, 1845 (p. 28-31)

Antonio Elzeario de Miranda e Britto, Presidente da Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul. Faço saber a todos os seos Habitantes, que a Assembléa Legislativa Provincial Decretou, e eu Sanccionei a lei seguinte.

D DD D

DAAAAA I I I I INSTRUCÇÃONSTRUCÇÃONSTRUCÇÃONSTRUCÇÃONSTRUCÇÃO P P P P PRIMARIARIMARIARIMARIARIMARIARIMARIA... CAPITULO I.

Das Escolas de Instrucção Primaria.

Art.1.° As Escolas Publicas de instrucção primaria comprehendem as tres seguintes Classes de ensino:

1.ª Leitura, e escripta; as quatro operaçoes de Arithmetica sobre numeros inteiros, fracções ordinárias, e decimaes, e proporções; princípios de Moral Christã, e da Religião do Estado, e a Grammatica da Língua Nacional.

2.ª Noçoes geraes de Geometria theorica, e pratica. 3.ª Elementos de Geographia, Francez, e Desenho.

Artigo 2.° A matricula dos alumnos será dividida nas tres classes do ensino sobreditas: tendo a segunda e terceira um Professor particular. Nenhum dos

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alumnos será admittido a freqüentar alguma das duas classes ultimas, sem que se tenha mostrado prompto em todos os elementos da primeira.

Art.3.° São prohibidos de freqüentar as Escolas Publicas. 1.° Todas as pessoas, que padecerem molestias contagiosas. 2.° Os escravos, e pretos ainda que sejão livres, ou libertos.

Art.4.° As Camaras Municipais são obrigadas a prestar aos Professores publicos dos seos Municipios casas sufficientes, situadas dentro dos Povoados, para estabelecimentos das Escolas.

Art.5.° As mesmas Escolas serão fornecidas pelo Presidente da Provincia dos moveis, e utencilios necessarios, de Compêndios, Livros, Traslados de Calegraphia, Estampas, Papel, Tinta, e Pennas, á vista de um orçamento annualmente organisado pelos Professores, informado pelos Inspectores respectivos, e approvado pelo Director.

Art 6.° O Presidente da Provincia designará os lugares, em que devão ser conservadas as Escolas actualmente existentes; e aquelles onde convenha crear outras de novo: dependendo a fixação definitiva do Estabelecimento das mesmas Escolas na approvação da Assembléa Legislativa Provincial.

Art.7.° Toda a Escola, que no decurso de um anno consecutivo deixar de reunir quinze alumnos matriculados com freqüencia effectiva, será transferida pelo Presidente da Provincia para outro lugar onde possa ser freqüentada por numero maior de Discipulos.

CAPITULO II. Dos Professores.

Art.8.° A serventia vitalicia do Emprego de Professor das Escolas de instrucção primaria só pode ser provida em pessoas, que reunão o conhecimento das materias de que trata o Artigo 1.°, provado por meio de concurso, ou exame. Não comparecendo candidatos habilitados por essa fôrma, será a regência da Cadeira provida temporariamente em Mestres os mais idôneos, que for possível; aos quaes o Presidente da Provincia marcará a gratificação que julgar conviniente, não podendo nunca exceder ao ordenado marcado nesta Lei.

Art.9.° Os Professores que forem providos na serventia vitalicia das Escolas da instrucção primaria, nos termos do Artigo antecedente, venceráo annualmente seiscentos mil réis de ordenado, e perceberão mais uma gratificação de cinco mil réis por alumno que for declarado prompto em cada uma das tres classes de ensino, designadas no Artigo 1°, precedendo exame publico.

Art.10.° Os Professores só por sentença, e nos unicos casos seguintes, poderão perder seos Empregos.

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1.° Condemnação a pena de Galés, ou crime de estupro, rapto, adulterio, roubo, ou furto, ou por algum outro da classe d’aquelles, que offendem a moral publica, a Religião do Estado, ou os bons costumes.

2.° Abandono da Escola por tempo consecutivo excendo a tres meses. 3.° Negligencia habitual, e incorrigível no cumprimento dos seos deveres. 4.° Tendo sido suspenso por tres vezes.

Art.11.° A forma do processo para formação da culpa, e para julgamento nos casos do Artigo antecedente, será a mesma estabelecida para os crimes de responsabilidade dos Empregados Públicos.

Art. 12.° Os Professores sobreditos serão suspensos, sempre que forem pronunciados por algum dos crimes especificados no Artigo 10, ou por algum outro, que não seja affiançavel; e poderáo ser suspensos:

1.° Sendo pronunciado por crime affiançavel.

2.°Por correção nos casos seguintes: 1.° negligencia, ou omissão no desempenho dos deveres do seo officio: 2.° embriaguez habitual: 3.° falta de freqüência da Escola.

Haverá falta de freqüência de Escola todas as vezes que o Professor se ausentar do lugar della, sem motivo urgente justificado por mais de três dias lectivos consecutivos; ou achando-se no mesmo lugar, deixar de dar lições por mais de seis dias.

3.° Desobediencia formal ás ordens do Director, ou Inspector respectivo. Art. 13.° Nos casos comprehendidos no n.2.° e 3.° do Artigo Antecedente, a suspensão não poderá exceder de um mez, e em todos os casos será ordenada pelo Director, depois de ouvido o Professor, devendo ser por aquelle communicada antes de sua intimação ao Presidente da Provincia, que a poderá declarar improcedente, sempre que a não julgar bem fundada.

Art.14.° O Professor suspenso perderá metade do ordenado durante o tempo da suspensão: todavia nos casos em que esta for imposta em conseqüencia de pronuncia por alguns dos crimes comprehendidos nos numeros 2.° 3.° e 4.° do Artigo 10.°, se por sentença definitiva for julgado innocente, ser-lhe-há mandada pagar a parte do ordenado que houver deixado de receber.

Art.15.° Todo o professor de serventia vitalicia, que tiver servido effectivamente por tempo de 25 annos completos terá direito para obter a sua jubilação com ordenado por inteiro.

Aquelles que antes de completar os 25 annos de serviço effectivo, ficarem impossibilitados de continuar no exercicio do seu Magisterio, serão aposentados com parte do seu ordenado proporcional ao tempo que houverem servido.

Art. 16.° Os Professores jubilados poderáo continuar a reger suas Cadeiras, se o Presidente da Provincia com attenção aos bons serviços que dos mesmos

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se poder esperar, julgar conviniente admittil-os, haveráo neste caso huma gratificação annual de tresentos mil réis, além do ordenado de sua jubilação, e serão conservados emquanto bem servirem.

CAPITULO III. Das Escolas de Meninas.

Art. 17.° Nas Escolas Publicas de Instrucção Primaria das Meninas serão ensinadas as matérias comprehendidas nos números 1.° e 3.°, do Artigo 1.° menos Decimaes, e proporções, e a coser, bordar, e os mais misteres próprios da educação domestica.

Art. 18.° As Cadeiras das expressadas Escolas, serão providas em concurso presidido pelo Presidente da Provincia, ou pela pessoa a quem elle delegar.

Art.19.° As Professoras actualmente existentes, e as que no futuro forem providas, venceráo o ordenado annual de seiscentos mil réis, e perceberáo mais a gratificação de cinco mil réis por cada discipula que for julgada prompta, precedendo exame.

Art. 20.° Em tudo mais as Escolas Publicas de Meninas, e suas Professoras, ficão comprehendidas na disposição da presente Ley.

CAPITULO IV.

Do Director, e dos Inspectores.

Art.21.° Haverá na capital da Provincia um Director encarregado da direcção de todas as Escolas da instrucção primaria da Provincia, com a gratificação annual de um conto e dusentos mil réis, ficando comprehendida nesta quantia as despesas do expediente necessario para o desempenho de suas attribuições.

Art. 22.° Incumbe ao Director:

1.° Inspeccionar e fiscalisar todas as Escolas de instrucção primaria da Provincia, por si, ou por intermedio dos Inspectores dos Municipios.

2.° Regular o systema e methodo pratico do ensino, escolher ou organisar os Compendios e modelos das Escolas, e dar as providencias necessarias, para que a instrucção seja uniforme em todas ellas, submettendo tudo á approvação do Presidente da Provincia.

3.° Organisar os regulamentos internos das Escolas, que sugeitará a approvação do mesmo Presidente.

4.° Dar aos Professores todas as instrucções e esclarecimentos necessarios, para o desempenho de suas obrigações; e exigir dos mesmos, e dos Inspectores as informações, que julgar conveniente.

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5.° Decidir quaesquer duvidas e contestações, que possão ocorrer entre os Inspectores, e Professores.

6.° Formar annualmente, hum mez antes da reunião ordinária da Assembléa Provincial, e entregar ao Presidente da Provincia para ser presente a mesma Assembléa, o Relatorio do estado da instrucção primaria de toda a Provincia, indicando nelle os obstaculos, que empecerem o seo andamento e os meios que julgar mais conducentes para os remover.

Art.23.° Em cada Municipio haverá hum inspector das Escolas, que será o Promotor Publico.

Art. 24.° Fica a cargo dos Inspectores:

1.° Inspeccionar todas as Escolas do seo Municipio, e fiscalisar nellas o cumprimento da Ley, e dos Regulamentos.

2.° Receber e transmittir ao Director os Mappas dos alumnos que os Professores são obrigados a dar, acompanhados de suas observações sobre o estado do adiantamento dos mesmos alumnos, e sobre o mais que julgarem conveniente informar.

3.° Propor ao Director os melhoramentos, de que no seo entender forem susceptiveis as Escolas sujeitas a sua inspecção.

4.° Informar todas as pretensões dos professores do seo Municipio. 5.° Passar os mesmos Professores as attestações de freqüencia necessarias para poderem receber os seos vencimentos.

CAPITULO V. Disposições Geraes.

Art.25.° Todos os Professores de Escolas de instrucção primaria, assim publicas, como particulares, são obrigados a dar aos inspectores dos respectivos Municipios as informações, que delles exigirem, Mappas exactos dos seus alumnos, nos prasos, e pela fórma que for determinada pelos competentes Regulamentos, sob pena da multa de dez mil réis, por cada falta que commetter.

Art.26.° Os Professores das Escolas particulares de instrucção primaria são obrigados a solicitar do Presidente da Provincia licença para poderem abrir as mesmas Escolas, que lhes será concedida grátis: devendo instruir os requerimentos com attestação de boa moral, passada pelo Parocho da Freguesia do seo domicilio, e pelo Inspector do respectivo Municipio.

Art. 27.° A disposição dos dous Artigos antecedentes não comprehende os Professores de Escolas particulares, que não forem nas Cidades, Villas, e Freguesias. Art. 28.° Os Professores, e Professoras poderáo castigar moderadamente os seos discipulos, se as penas moraes forem inefficases.

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Art.29.° Ficão derogadas todas as leys, e disposições em contrario. Mando portanto a todas as Authoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumprão e façam cumprir tão inteiramente como nella se contém. O primeiro Official, que interinamente serve de Secretario desta Provincia a faça imprimir, publicar, e correr. Cidade do Rio Grande aos vinte e dous dias do mez de Dezembro de mil oitocentos e trinta e sete decimo sexto da Independencia e do Imperio.

Antonio Elzeario de Miranda e Britto. (L.S.)

Carta de Ley, porque Vossa Excellencia houve por bem sancionar o Decreto da Assembléa Legislativa Provincial, providenciando acerca da instrucção primaria das Aulas nesta Provincia; como acima se declara

Para Vossa Excellencia ver. José de Miranda e Castro, a fez.

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Regulamento para as Escolas Públicas de Instrução Regulamento para as Escolas Públicas de InstruçãoRegulamento para as Escolas Públicas de Instrução Regulamento para as Escolas Públicas de Instrução Regulamento para as Escolas Públicas de Instrução P

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Primária – rimária – rimária – rimária – rimária – 1842

Fonte: Arquivo Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. (Manuscrito)

Officio da Presidencia de 15 de Março de 1842, approvando o Regulamento para as Escolas Publicas de Instrução Primaria desta Provincia.

Em resposta ao officio que Vm. dirigio a esta Presidencia em 17 de Outubro de 1840, acompanhando o Regulamento para as Escolas Publicas de Instrução Primaria d´esta Provincia, tenho a dizer-lhe que approvo o mesmo Regulamento para por elle interinamente se regerem as mesmas Escolas, e Vm. assim o fará executar, fazendo-o imprimir para ser distribuido pelas Escolas, como convem.

Deos Guarde a Vm. Palacio do Governo na Leal e Valorosa Cidade de Porto Alegre 15 de Março de 1842 – Saturnino de Souza e Oliveira – Sr. Dr. João Rodrigues Fagundes, Director das Aulas de Instrução Primaria.

Regulamento para as Escolas Publicas de Instrução Primaria da Provincia do Rio Grande de S. Pedro do Sul, organisado pelo Director das mesmas, o Bacharel João Rodrigues Fagundes, na fórma do art. 22§§2º e 3º, da Lei Provincial de 22 de Dezembro de 1837 sob numero 14.

CAPITULO I.

Dos alumnos, e suas entradas.

Artigo 1º - Nas Escolas Públicas de Instrução Primaria de toda a Provincia serão recebidos todos os Alumnos, que forem apresentados aos Professores, ou

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Professoras com as formalidades estabelecidas no presente regulamento, a exepção daquelles a quem é expressamente prohibido frequentar as Escolas Publicas.

Artigo 2º – Não serão admitidos como Alumnos nas Escolas Públicas, além dos prohibidos por Lei:

§1º os menores de 5 annos: §2º os que não forem pessoalmente apresentados por seus Pais, Tutores, ou Encarregados.

Art. 3º – Logo que fôr admittido qualquer alumno o Professor o matriculará em um Livro, que terá especialmente destinado para esse fim, mencionando todas as circunmstâncias, e informações, que obtiver na fórma do modello junto. Art. 4º – Matriculado qualquer alumno adquire elle um direito amplo, e perfeito a receber do respectivo Professor gradualmente a Instrução Primaria garantida por Lei.

Art. 5º – Nem um Professor poderá distrair e occupar seus alumnos durante o exercicio da Escola em seu serviço particular, ou outro qualquer objecto, que não seja o ensino, sob pena, tanto que semelhante abuso chegar ao conhecimento do Director, ou de outra autoridade superior, de serem suspensos por oito dias aquelles, que praticarem, perdendo o respectivo ordenado.

CAPITULO II.

Do methodo do ensino, e distrubuição das materias, que devem ser ensinadas.

Art. 6º – Todos os Professores Publicos de primeiras letras da Provincia ensinarão pelo methodo simultaneo, dividida a instrucção em Classes, e decurias para facilitar o ensino, regulando-se pelo que vai determinado nos Artigos seguintes, e pelo que se acha estabelecido no methodo pratico do ensino que se achará no fim deste Regulamento.

Art. 7º – Dividirão o ensino de leitura em 10 Classes differentes, e distribuirão por cada uma os Compendios correspondentes, pela maneira que vai indicada no Artigo seguinte.

Art. 8º – As 4 primeiras Classes devem comprehender as lições de leitura até os-Nomes- inclusive: a 5ª 6ª e 7ª manuscritos, e um compendio de doutrina Moral Christã e civilidade soletrado, a 8ª 9ª, e 10ª noções de história do Brasil ensinadas por compendio resumido, e Grammatica Nacional.

Art. 9º – Da Grammatica Nacional, Calligrafia, e Arithmetica formar-se-hão as Classes que constão no methodo pratico, impresso no fim deste regulamento, e pela tabella que no mesmo se acha será regulado o exercicio diario da Escola. Art. 10. – Os Compendios necessarios para o uzo de cada uma das classes, e materiais serão oportunamente designados pelo Director, depois de approvados pelo Presidente da Provincia.

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Art. 11. – Para o ensino de Calligrafia uzarão os Professores da Colleção de translados por Ventura, ou Miranda, tendo muito em vista para esse fim as regras pelo mesmo estabelecidas, que as deverão cuidadosamente ensinar a seus alumnos.

Art. 12. – A Classe que contiver mais de dez alumnos, será dividida em decurias, tendo cada decuria o seu Monitor particular, para vellar na sua instrucção. Cada uma das Classes terá a sua bancada, e cada alumno o seu assento numerado na respectiva Classe, do qual se não levantará senão quando fôr precizo.

CAPITULO III.

Dos exercicios praticos das Escolas. SUA ECONOMIA, E POLICIA.

Art. 13. – Para o regular andamento, e melhor ordem nos trabalhos das Escolas Publicas de Primeiras Letras haverão, os seguintes empregados escolhidos, e tirados d´entre os alumnos de maior merito, pelo professor: 1º um Monitor Geral; 2º tantos Monitores de Leitura, Escrita, e Arithmetica, quantos forem necessarios para instrucção das differentes Classes, ou decurias, podendo em caso de necessidade o mesmo alumno ser o Monitor de diversas Classes, ou decurias, uma vez que se não complique por isso a ordem dos trabalhos.

Art. 14. – Os Monitores serão tirados da Classe immediatamente superior áquella em que houveram de ensinar.

Art. 15. – O Monitor Geral será aquelle, que mais se distinguir entre seus condiscipulos, tanto em merito, como em conducta; e será como empregado de maior dignidade na escola depois do Professor, respeitado por todos os Monitores, e condiscipulos, que deverão obdecer aos seus mandados, no que fôr concernente ao exercicio da Escola, e determinado pelo Professor.

Art. 16. – São atribuições do Monitor Geral as seguintes:

§1º Inspeccionar todas as Classes, e decurias; vellar na execução do presente regulamento, e ordens do Professor, fazendo a necessaria advertencia a seus condicipulos, e Monitores, reprezentando ao professor quando uns, e outros não cumprão com seus deveres.

§2º Substituir o Monitor, que faltar á Escola, leccionando a Classe, ou decuria respectiva.

§3º Fazer observar o necessario silencio, e ordem na Escola, evitando o quanto fôr possivel a confuzão, e motim.

§4º Fazer todos os dias de manhã á vista do Professor, chamada de seus condiscipulos por uma lista, que terá em seu poder.

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§5º Conceder a necessaria licença aos seus condiscipulos para se proverem d’agua, e outras funcções naturaes, procurando evitar, que de taes licenças se abuse, fazendo logo participação ao Professor, quando assim aconteça.

Todas as Escolas terão dentro do mesmo edificio commodos, e arranjos apropriados, para que os alumnos não saião á rua por necessidade alguma.

Art. 17. – O Exercicio practico das Escolas publicas será em todos os dias uteis por espaço de trêz horas e meia de manhã, e outras tantas á tarde, começando desde o 1º de Novembro ao ultimo de Abril ás 8 horas da manhã, e á 1 ½ da tarde; e desde o 1º de Novembro ao Ultimo de Abril ás 7 e meia da manhã, e ás 2 da tarde:

Art. 18. – Durante o espaço de tempo de que trata o Artigo antescedente, os Professores farão com que seus alumnos cumprão restrictamente com suas obrigações, pela maneira designada nos Artigos seguintes.

Art. 19. – Na hora aprasada para começarem os trabalhos das Escolas os Professores deverão estar dentro das mesmas: e fazendo sentar seus alumnos nos respectivos lugares, depois de notar brevemente, os que faltarem, distribuir-se-hão os objectos necessarios para principio dos trabalhos d´escripta, a fim de que o fação na primeira hora classica, seguindo-se depois as operações Arithmeticas, instrucções, e leituras. Por signaes de campanha o Professor fará conhecer o principio, e a concluzão das horas classicas.

Art. 20. – Alem da inspecção do Monitor Geral, é o professor restrictamente obrigado a inspeccionar pessoalmente cada decuria nas differentes Classes; não obstante, a coadjuvação dos Monitores.

Art. 21. – As faltas commetidas pelos alumnos, tanto na Escola como fóra della, serão punidas em primeiro lugar com a pena de prizão solitaria, e só quando esta for infructifera, o Professor inflingirá a pena physica com moderação propiorcionada à idade, e sensibilidade do alumno, e á gravidade da falta, não podendo em caso algum exceder o castigo a doze palmatoadas, e sim annexar-se-lhe a pena de prisão solitaria quando o caso exigir.

Art. 22. – Por pretexto nenhum pode o Professor receber vizitas, ou tratar qualquer negocio particular durante as horas da Escola, que lhe roubem o tempo ao cumprimento de seus deveres, ficando de sua parte o fazer a necessaria advertencia quando taes visitas apareção.

Art. 23. – Os Professores na quarta-feira e sabbado de cada semana, no tempo destinado para as lições de leituras, por si, e por intermedio dos respectivos Monitores, tomarão uma lição aos seus alumnos de Doutrina Christã, explicando e instruindo pessoalmente a todos nas maximas e pricipios da Moral Christã, e nos pricipais deveres do homem para com Deos, para consigo mesmo, e para com seus semelhantes.

Art. 24. – Nos dias de que trata o artigo antecedente, ou nos immediatamente anteriores, se aquelles forem impedidos, os alumnos que se

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applicarem à doutrina, ficão izentos de outra lição de Leitura; porém não dos seus deveres da Escripta, Arithmetica &c.

Art. 25. – O Professor dentro, ou fóra da Escola, terá de seus discipulos o tratamento de – Professor – acompanhado daquella obediencia e respeito que lhe é devido e este tratará sempre a seus alumnos pelo appellido, combinando deveres e autoridade de superior com os principios de polidez, e boa educação. Art. 26. – Os condiscipulos em qualquer parte, que se acharem, se respeitarão mutuamente e se conservarão dentro da Escola, ou fora d’ella, com sizudez, e gravidade, ficando sugeito a ser punido a arbitrio do Professor, segundo a natureza, e em proporção da falta, aquelle que o contrario praticar.

Art. 27. – O Professor não consentirá, que seus alumnos appareção na Escola com as unhas, e cabellos grandes; com qualquer parte do corpo, e mesmo com a roupa suja, rota, e indecente, ainda que usada, devendo lançar mão dos castigos que forem suficientes, e apropriados para cohibir esse desmazelo, se a advertencia não fôr bastante. No dia de sabbado de cada semana, antes de começar o exercicio da Escola, procederá a um rigoroso, e geral exame a semelhante respeito.

Art. 28. – Para excitar a emulação, e promover o adiantamento entre os condiscipulos, os Professores farão com que seus alumnos, no ultimo dia util da semana, apresentem escriptas preparadas com esmero, afim de decidirem por pessoal inspecção da competencia dos lugares de Monitor desta Classe, e outro tanto farão, e no mesmo dia, por meio da argumentação dos alumnos entre si nas Classes de Arithmetica, devendo louvar em presença de todos áquelle ou áquelles, que obtiverem preferencia por melhor desempenho de seus deveres, além de os premiar como merecerem. O lugar de Monitor Geral não entra em competencia com outros; aquelle que uma vez o adquirir só o deixará por auzencia da Escola, ou prevaricação de conducta.

Art. 29. – O Professor não consentirá que algum de seus alumnos saia da Escola antes de concluido o tempo marcado para o exercicio, salvo por motivo justo, e ponderoso, como doença, e outros semelhantes.

Art. 30. – Durante o exercicio da Escola, o Professor não se retirará d’ella por motivo algum, a não ser por imperimento repentino de saúde, o que inhiba de continuar nos trabalhos.

Art. 31. – A correspondencia official dos Professores com o Director, ou Inspectores, será escripta alternadamente pelos alumnos mais adiantados da Escola, e assignada pelos mesmos Professores.

Art. 32. – Os professores devem conservar constantemente em cima da mesa um Diccionário, e uma Grammatica da Lingua Nacional, que servirá para si, e para seus alumnos se esclarecerem sobre qualquer duvida.

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CAPITULO IV.

Do provimento das cadeiras vagas.

Art. 33. – A pessoa que pretender entrar em concurso de Alguma Cadeira Publica de Instrução Primaria, que se achar vaga, deverá dirigir seu requerimento nesse sentido ao Exm. Presidente da Provincia, acompanhado de documentos, que provem ser maior de 21 annos, e achar-se no gozo dos direitos de cidadão Brazileiro, e que é pessoa de sã moral, e boa conducta, attestado pelo Juiz de Paz, ou Vigario do Municipio de sua residencia.

Art. 34. – As cadeiras que se acharem vagas, e houverem de ser prehenchidas, o serão assim declaradas por ordem do Exm. Presidente da Provincia, em Editaes afixados; e publicados pelos Jornaes, que marquem um prazo razoavel para se apresentarem os Pretendentes ás mesmas, com seus requerimentos documentados na fórma do Artigo anterior.

Art. 35. O concurso, ou exame se fará publicamente na capital da Provincia em prezença do Exm. Presidente da mesma, e do Director, ou somente deste, que para esse fim será avisado.

Art. 36. – Para se effectuar o concurso ou exame serão nomeados com antecedencia pelo Exm. Presidente da Provincia, trez cidadãos, tendo cada um pelo menos conhecimento especial de uma das materias sobre que versar o mesmo concurso, ou exame, e serão logo prevenidos do objecto que tem de votar, ou examinar, e do dia, hora,. e lugar do comparecimento.

Art. 37. – No dia aprasado, prezentes as pessoas acima indicadas, os concurrentes, ou oppositores arguirão uns aos outros por espaço de uma hora cada um em todas as materias do concurso, e depois de fazerem os Examinadores, e Director as perguntas, que julgarem convenientes a cada um, serão mandados retirar, e proceder-se-há a votação, em a qual terá parte o Exm. Presidente, e o Director, ficando assim provido aquelle dos pretendentes, que obtiver a pluralidade dos votos, e a arbitrio do Exm. Presidente se rezultar empate na votação.

Art. 38. – Não apparecendo mais que um pretendente á Cadeira vaga, os Examinadores o arguirão escropulosamente sobre differentes pontos das materias respectivas por espaço de meia hora cada um; e se procederá na votação e provimento pela maneira disposta no artigo antecedente.

Art. 39. – O voto do Director, e Examinadores será escripto, e assignado em separado, e entregue ao Presidente do Concurso, ou Exame.

Art. 40. – De todo este acto será lavrado um termo em livro proprio, e destinado para esse fim, por um empregado da Secretaria da Presidencia, em que assignarão o Exm. Presidente. ( se ahi se achar) o Director, e Examinadores. Art. 41. – Não podendo o Exm. Presidente assistir pessoalmente ao Concurso, ou Exame, delegarà expressamente essa faculdade no Director, que procederá em tudo como se acha determinado.

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CAPITULO V. Dos professores...

[...] Os artigos 42 a 44 e parte deste subtítulo foram extraviados. Art. 45. – O disposto no artigo antecedente não comprehende as Professoras de meninas as quaes terão a escola na mesma caza em que morarem, devendo comtudo ter estas os commodos necessarios, e espaço sufficiente, e proporcionado ao numero de alumnas.

Art. 46 – Os Professores, e Professoras só começarão a vencer seus ordenados, do dia em que tomarem posse e derem principío ao exercicio do seu magisterio em diante, provando por attestado do respectivo Inspector, Parocho, ou Juiz de Paz. Quaesquer despezas, que tenhão os mesmos de fazer para se dirigir, ou transportar ao lugar da Escola, serão feitas á sua custa.

Art.. 47. – As Escolas só deverão contar-se com principio de exercicio depois que nellas houverem oito alumnos matriculados, e com effectiva frequencia, antes do que não poderão os Professores principiar a vencer seus ordenados.

Art. 48. – Nenhum Professor terá direito a perceber seus ordenados não estando em effectivo exercicio de seu Magisterio, salvo os que competentemente tiverem obtido licença, a qual farão constar ao Director, e Inspector respectivo. Art. 49. – As licenças serão concedidas pelo Exm. Presidente da Provincia por motivo de enfermidade attestada ou por outro qualquer procedendo informação do Director, e se limitarão o quanto fôr possivel ao tempo absolutamente indispensável.

Art. 50. – Os alugueres de caza para a escola serão abonados ao respectivo Professor á vista de um attestado da Camara Municipal do lugar, e na sua falta do Parocho, ou Juiz de Paz em que se declare o ajuste feito com o proprietario, e o dia em que começou a ser devido o aluguer.

Art. 51. – O Professor, ou Professora, logo que der principio ao exercicio do seu Emprego, o farà sciente ao Director, participando-lhe da caza em que estabeleceo a Escola e seu aluguer comprovado, por attestado da Câmara respectiva, Parocho ou Juiz de Paz, e remetter o Mappa dos alumnos com que abrio a Escola.

Art. 52. – Os Professores e Professoras da Provincia são obrigados a remetter de 3 em 3 mezes ao Director as escriptas de seus alumnos, pertencentes ao primeiro dia util de cada trimestre, afim de melhor ser observado o seu progresso. As escriptas de que se trata aqui são unicamente as da 5ª Classe em diante.

Art. 53. – E’ tambem de sua obrigação:

§1º Admittir á matricula da Escola a seu cargo a qualquer anno, todos os alumnos, que lhes forem apresentados, não sendo excluidos pelas disposições do Artigo 3º da Lei Provincial de 22 de Dezembro de 1837, sob numero 14, e do Artigo 2º do presente regulamento.

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§2º Leccionar gratuitamente, e com o mesmo desvello, e igualdade a todos os seus alumnos sem mostrar preferencia, ou parcialidade em favor de algum.

§ 3º Prezidir constantemente o exercicio da Escola, e pessoalmente inspeccionar os trabalhos da mesma.

[...] os § 4,5,6,7,8 e 9 foram extraviados

§10. os utencilios que restarem de um anno entrarão no calculo do orçamento para o proximo, e seguinte anno. – Nos orçamentos não haverão despezas eventuaes.

§11. Participar ao Director, e na sua falta ao Inspector no caso de enfermidade prolongada por mais de 24 horas, acautelando todos os trastes, objectos pertencentes á Escola, para que se não extraviem.

§12. Abrir todos os dia a caza da Escola dez minutos antes da hora marcada para o começo do ensino, sendo por conseguinte o 1º a comparecer, e o ultimo a retirar-se.

§13. mandar fazer todos os dias pelo Monitor Geral chamada de seus alumnos, notando aquelles que faltarem, e dando no mesmo dia as providencias necessarias, para vir no conhecimento, se aquelle que faltou teve cauza sufficiente, a fim de o punir, além do castigo physico com a prizão solitaria, se o contrario verificar.

§14. Recommendar aos Monitores a inspecção da conducta dos alumnos, depois de sahirem da escola, impondo-lhes a obrigação de lhe fazerem sciente de qualquer travessura, ou acção má, que observarem para ser punida na devida proporção, e segundo a gravidade do facto. Conservar a caza da Escola, bem como todos os seus trastes limpos, e ordenados.

§15. Cumprir todas as obrigações, que lhe são marcadas no prezente regulamento.

Art. 54. – E´ absolutamente prohibido aos Professores Publicos de Instrucção Primaria ensinar por paga, ou salário, a qualquer alumno da escola a seu cargo, durante as horas do ensino publico.

Art. 55 . – Os Professores, que contravierem as disposições do prezente Regulamento, ou desobedecerem ás ordens, e instrucções do Director, soffrerão a pena de suspensão por um mez na fórma estabelecida no Artigo 13 da Lei Provincial de 22 de Dezembro de 1837 sob numero 14.

CAPITULO VI. Da Inspecção das Escolas.

Art. 56. – As Escolas Publicas de Instrução primaria da Capital serão vizitadas, e inspeccionadas pessoalmente pelo Director, pelo menos duas vezes por mez

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em dias indeterminados, e as dos lugares onde não existir o Director, o serão pelos Inspectores respectivos pelo menos uma vez em cada mez, tambem em dia indeterminado.

Art. 57. – A inspecção do Director, e Inspectores terá por fim:

§ 1º Observar se as disposições do presente Regulamento são exactamente cumpridas, e executadas pelos Professores, não só quanto ao exercicio da Escola, e methodo do ensino, como relativamente a todas as obrigações, que lhes são impostas.

§ 2º Observar o estado de adiantamento, e progresso dos Alumnos sobre as materias que aprenderem.

§ 3º Examinar se os Professores cumprem com as obrigações policiaes, não só sobre a caza da Escola, como sobre os mesmos alumnos.

$ 4º Tomar conhecimento se o Livro da Matricula esta escripturado em regra, advertindo o Professor quando assim não o encontre.

Art. 58. – O Director visitará em tempo incerto as Escolas Publicas de Instrução Primaria, existentes, e estabelecidas fóra da Capital, e além dos fins indicados no Artigo antecedente terá mais a seu cargo:

§1º Proceder a um exame geral sobre os alumnos das Escolas que vizitar, para conhecer de seu aproveitamento e estado de Instrução.

§2º Presidir os exames publicos dos alumnos, que forem declarados promptos pelo respectivo Professor.

§3º Instruir os Professores no cumprimento de seus deveres, especialmente quanto ao Methodo do ensino, e exercicio pratico da Escola.

§4º Conhecer á vista da relação dada pelo Professor se existirem todos trastes pertencentes á Escola, e qual o seu estado de uso.

§5º Dar aquellas providencias, que estiverem a seu alcance para execução do presente Regulamento.

CAPITULO VII. Do Director. Art. 59. – ao Director incumbe:

§1º Fazer annualmente um relatorio circumstanciado ao Exm. Presidente da Provincia do estado das Escolas, não omittindo circumstancia alguma, de que tenha conhecimento relativamente ao bom, ou não comportamento dos Professores, cumprimento de seus deveres, estado de adiantamento, numero dos alumnos em cada Escola, e bem assim todas aquellas providencias, que julgar necessarias para o progresso da instrucção, de accordo com o methodo, e systema adoptado, referindo igualmente as difficuldades, ou embaraços, que por ventura tenhão apparecido na execução do Regulamento, ou que em geral se opponhão

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á Instrucção Primaria, devendo ao mesmo tempo participar de alguma providencia, que houver tomado, das que estão ao seu alcance na conformidade da lei, e Regulamento, em beneficio da Instrucção:

§2º Não sahir da capital a percorrer as Escolas de sua inspecção, sem o fazer sciente ao Exm. Presidente, declarando os lugares para onde se dirige.

§3º Dirigir-se officialmente ao Exm. Presidente sobre todos os negocios tendentes á Instrucção primaria.

§4º Não autorizar, e nem fazer despeza alguma sem autorização do mesmo Exm. Presidente.

§5º Representar sobre a conducta escandalosa publica, e particularmente de algum Professor, ou Professora, que estiver nesse caso, fundamentando a sua representação em factos, ou documentos.

§6º Prestar com verdade as informacções de qualquer naturesa, que lhe forem exigidas pelo Exm. Presidente.

§7º Corresponder-se officialmente com os Professores, e dar-lhes todos os esclarecimentos, que pedirem sobre o cumprimento de seus deveres.

§8º Approvar os orçamentos dos Professores, depois de informados pelos Inspectores respectivos, glozando aquelles artigos, ou despeza que lhes parecerem superfluas, remettendo-os depois ao Em. Presidente.

§9º Assistir ao Concurso, ou Exame para provimento das Cadeiras vagas, e votar conjunctamente com os Examinadores.

§10º Observar, e fazer observar as disposições do prezente Regulamento, e bem assim as ordens do Exm. Presidente sobre a Instrucção Primaria.

CAPITULO VIII. Dos Inspectores.

Art. 60. – Constatando ao Inspector, que algum Professor do seu Municipio, voluntariamente, ou por qualquer motivo abandonam a Escola a seu cargo, tratará logo de arrecadar judicialmente, e pôr em boa guarda, depois de inventariados todos os trastes, e utencilios pertencentes á mesma Escola, procedendo immediatamente na acusação contra o referido Professor, se o cazo assim o exigir, e fará de tudo sciente ao Director, enviando-lhe uma copia dos trastes, e utencilios arrecadados na Escola.

Art. 61. – Vindo o Inspector no conhecimento de que algum Professor de seu Municipio é relaxado, e omisso no cumprimento de seus deveres, ou tem conducta publica escandalosa, é dado á embriaguez, ou deixa de dar Escola em dias uteis, ou não, preside constantemente ao exercicio da mesma, o fará logo saber ao Director, afim de lhe ser imposta a pena de suspensão estabelecida pela Lei, depois de prehenchidas as formalidades da mesma.

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Art. 62. – Fica incumbido aos Inspectores, nos lugares em que se não achar o Director, Inspeccionar as Escolas Publicas de Instrucção Primaria de seu Municipio, e vellar na execução do presente regulamento, lembrando aos professores aquellas de suas disposições que conhecer se não executão, tendo sempre em vista o disposto no artigo antecedente.

Art. 63. – Quando tenhão de informar o orçamento annual dos utencilios para as Escolas, antes que o fação devem calcular, e combinar o mais aproximadamente que fôr possivel, o numero de alumnos com os objectos pedidos, para dar sua informação consciemciosa, devendo notar os artigos, que lhes parecem superfluos, ou excessivos.

Sua informação será escripta, manifestando sua opinião sobre o orçamento em globo, e com especialidade sobre aquelles de seus artigos, que não approvar. Art. 64. – quaisquer duvidas, que da parte dos Professores se suscitarem a seu respeito, farão presente ao Director com os esclarecimentos indispensáveis para decizão do negócio.

Art. 65. – Constando aos Inspectores, que no seu Municipio existe algum, ou alguns meninos de idade propria para serem applicadas á Instrucção Primaria, e que seus pais, ou encarregados, por negligencia, ou desleixo os não applicão, havendo no lugar Escola Publica, farão primeira, e segunda advertencia para que elles sejão postos a frequentar a escola, e se taes advertencias forem infructíferas, passados 20 dias participarão ao Director com especificação do nome, e idade do menino, ou meninos, e do nome de seus Pais, ou encarregados, para que aquelle representando sobre o caso ao Exm. Presidente da Provincia, este se o julgar acertado, mande recolher esse menino, ou meninos ao collegio Publico de Instrucção Primaria, que na Capital houver.

Art. 66. – Os Inspectores darão no pricipio de cada mez as atenções necessárias aos Professores do municipio, para que os mesmos possão receber seus vencimentos, declarando nas mesmas sua frequencia, e numero de alumnos na Escola a seu cargo, e se cumprem seus deveres com zelo, e interesse.

CAPITULO IX. Dos Exames do Alumnos.

Art. 67. – Os Exames dos alumnos das Escolas Primarias se farão no dia 12 até o dia 20 de Dezembro de cada anno, conforme o numero de alumnos, que houverem promtos para se examinarem.

Art. 68. – Os Professores em cujas Escolas houverem alumnos capazes de ser examinados, o farão sciente ao Director um mez antes do tempo indicado no artigo antescedente com declaração do nome, idade, e filiação dos alumnos examinandos.

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Art. 69. – Os exames serão presididos pelo Director, achando-se este no lugar, e para Examinadores o mesmo nomeará trêz pessoas inteligentes, e capazes, designando-lhes com antecedencia pelo menos de 24 horas, o dia, hora, e lugar, em que devem comparecer para esse fim, e as materias sobre que tem de examinar.

Art. 70. – Na mesma Salla da Escola serão feitos publicamente os exames, devendo assistir a elles todos os mais alumnos. Não se examinarão mais de trêz alumnos diariamente.

Art. 71. – O Professor assistirá aos exames como para interprete das perguntas dos Examinadores para com seus alumnos, nunca lhes indicando a resposta, mas sómente esclarecendo as perguntas.

Art. 72. – Do resultado dos exames se lavrará diariamente um termo em que se designe o nome, idade, e filiação de cada um dos Examinadores, e a qualidade da approvação, que obteve, e esse termo será assignado pelo Director, Inspector, e Examinadores.

Art. 73. – Do termo de que trata o artigo antescedente dará o Director uma copia ao professor respectivo, para com elle requerer a gratificação, que lhe competir, e o mesmo enviará os originais ao Exm. Presidente da Provincia depois de concluídos todos os exames.

Art. 74. – Os Professores não terão direito a gratificação alguma pelos alumnos, que no exame não obtiverem approvação plena.

Art. 75. – Não se achando o Director presente, o Inspector fará sua vezes assistindo aos exames dos alumnos, que forem declarados promptos, com todas as formalidades aqui estabelecidas, e remetterá os originaes dos termos dos exames ao Director.

Art.76. – Quando houver de ser examinada alguma alumna será tambem nomeada uma Sra. Capaz, para a examinar nos misteres da costura.

Art. 77. – O Presidente do exame não consentirá que os Examinadores estendão suas perguntas além das materias do exame, e nem que sejão demasiadamente complascentes para com os examinandos; regulará o tempo para cada um exame, que nunca excederá de uma hora, e indicará aos Examinadores se fôr precizo, o objecto sobre que devem examinar.

Art. 78. – A votação será por escrutinio secreto, e nella terá parte o presidente do exame. O Inspector do Municipio escreverá sempre os termos dos exames, quer esteja presente, quer não o Director.

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CAPITULO X.

Disposições para a Aula de Geometria.

Art. 79. – A Aula de geometria fica comprehendida nas disposições do presente Regulamento que lhe forem aplicáveis, e também nas que abaixo se seguem.

Art.80. – O Professor da Aula de geometria não matriculará em sua Aula alumnos, que se não mostrarem habilitados por certidão de exame, ou attestado de professor, nas materias das primeiras letras, inclusive a Grammatica da lingua nacional. A matricula estará sempre aberta.

Art.81. – O exercicio desta Aula será sómente uma vez ao dia por espaço de 3 horas; nas quaes ensinará o professor Arithmetica, e noções gerais de Geometria theorica e pratica. Os alumnos que se matricularem depois do mez de março formarão novo turno para começarem com o estudo de Arithmetica; e da mesma forma os que se matricularem trez mezes depois, e assim por diante, para evitar a complicação, e atraso dos trabalhos.

Art.82. – As lições serão designadas, e explicadas pelo professor pelo menos 24 horas antes, e no dia seguinte ou quando houver de ser dada, o Professor mandará para a pedra indeterminadamente aquelle ou aquelles dos alumnos que lhe parecer, alternando entre elles as lições de modo que em poucos dias sejão chamados a ella todos os de cada um dos turnos.

Art.83. – No ultimo dia util de cada semana haverá Sabatina, em a qual arguirão quatro alumnos e defenderão dois por espaço de meia hora cada um; e serão nessa mesma occasião tirados á sorte, sendo para arguentes os primeiros quatro que sahirem, e para defendentes, os dois ultimos. As sortes serão tiradas por um dos alumnos designado pelo Professor.

Art.84. – A Sabatina terá lugar tanto na Arithmetica, como na Geometria, entre os alumnos do mesmo turno; e seu único fim é a recordação geral de todos os atrasados, e especialmente das materias da semana. Á Sabatina devem assistir todos os alumnos; e neste dia não haverá outra lição para aquelles que estiverem sugeitos á sorte.

Art.85. – No fim de cada anno haverão exames na fórma estabelecida neste Regulamento, se o Professor julgar que tem discipulos habilitados para isso, devendo com antecedencia participar ao Director.

CAPITULO XI.

Disposições peculiares á Aula de Francez.

Art.86. – A Aula de Grammatica Franceza é comprehendida em todas as disposições do presente Regulamento, que lhe forem aplicáveis, e igualmente as dos artigos seguintes.

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Art.87. – Nesta Aula não se admitirão alumnos, que se não mostrarem promptos, por certidão de exame, ou attestado do Professor, nas matérias das primeiras letras, inclusive a Grammatica Nacional.

Art.88. – O exercicio desta aula será sómente uma vez ao dia por espaço de 3 horas successivas; e neste espaço de tempo serão ensinados os elementos da Geographia, Francez, e Dezenho.

Art. 89. – Os alumnos só serão applicados á Geographia e Dezenho depois de bem instruídos nas regras da Grammatica Franceza, na Leitura, Escripta, e Traducção da mesma lingoa, tanto em proza, como em verso.

Art.90. – Na Quarta-feira e sabbado de cada semana na ultima hora dos trabalhos da Aula, o Professor ensinará e seus alumnos mais adiantados a fallar a lingoa Franceza, exercitando-o em diálogos appropriados á conversação familiar. Art.91. – As Lições dos Alumnos serão passadas no dia antecedente, em duplicata, e haverão todos os dias themas, e argumentação dos Verbos, ainda entre os mais adiantados.

CAPITULO XII.

Disposições peculiares ás escolas de Meninas.

Art.92. – Todas as Escolas Publicas de meninas da Provincia, e suas respectivas Professoras, são comprehendidas nas disposições do prezente Regulamento na parte que lhes for applicável, com as únicas alterações abaixo mencionadas:

§1º - o exercicio destas Escolas será de 3 horas de manhã, e outras tantas á tarde.

§2º - As alumnas de manhã serão applicadas unicamente ao ensino de Leitura, e Escripta; das quatro operações de Arithmetica sobre números inteiros e frações ordinárias; pricipios de Moral Christã, e da Religião do Estado; Grammatica Nacional; e de tarde a cozer, bordar, marcar, e mais misteres da educação domestica.

As costuras em que tiverem de ser applicadas serão fornecidas pelos Pais, ou pessoas á cujo cargo estiverem as alumnas, e só por consentimento d’aquelles poderão estas cozer para as Professoras.

§3º - Aquellas alumnas cujos Pais, ou Encarregados não quiserem que se appliquem á costura, serão também applicadas de tarde á Leitura, Escripta, Arithmetica, e então as que já escreverem até bastardo o farão de manhã em papel e de tarde em Lousa.

Art.93. – As Professoras darão as providencias necessárias para que suas discipulas não passem por pretexto algum para o interior de sua caza, e nem sahião para longe de suas vistas, e antes as farão conter nos seus lugares, cuidando de seus deveres, quando não for indispensável estar fora delles.

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Art.94. – As Professoras se apresentarão na Escola vestidas com decência, e limpesa, dando assim exemplo ás suas alumnas, e farão com que estas na razão das posses de seus Pais apparecão também limpas, e arranjadas, não consentindo por fórma alguma, que durante o tempo que estão na Escola estraguem a roupa com travessuras; e lhes recommendarão na sahida toda a seriedade, e gravidade na rua, castigando aquellas que lhes constar não cumprem essa recommendação.

Art.95. – Terão toda a cautella em prevenir que suas alumnas na Escola não appareção com objectos de divertimentos e nem se entretenhão em outra cousa, que não seja o cumprimento de suas obrigações.

Art.96. – A Professora que for relaxada, e omissa no cumprimento de seus deveres, que desobedecer ás ordens do Director, ou não der exacta, e inteira execução ás disposições do presente regulamento, que sejam applicáveis á Escola a seu cargo, fica sujeita á pena de suspensão por um mez, depois de ser ouvida, e approvada aquella medida pelo Exm. Presidente da Província.

CAPITULO XIII. Dos Feriados.

Art.97. – São feriados nas Escolas Publicas de Instrucção Primaria da Provincia, além dos Domingos, e Dias Santos, todos os dias de feriados Nacional, e provincial, estabelecidos por Lei, e todas as quintas-feiras, quando não houver outro feriado na semana.

Art.98. – Os Feriados do Entrudo, e Espirito Santo comprehenderão sómente os trez dias rezervados pela Igreja; os de Pascoa começarão no Domingo de Ramos, até a 2º Oitava depois de Domingo de Pascoa; e os de Natal terão principío no dia 20 de Dezembro, e concluirão no dia 6 de Janeiro do anno seguinte, e além destes não haverão outros feriados.

CAPITULO XIV. Disposições geraes.

Art.99. – Os Professores em qualquer parte têm o mesmo direito á odediencia, e respeito de seus discípulos, e devem castigal-os quando faltarem a esse rigoroso dever.

Art.100. – Se em alguma das Escolas Publicas Primarias existir algum alumno tão máo, e de tão pessima indole, e comportamento, que se tenha tornado incorrigivel de seus máos costumes, e insensível a todos os castigos, e que a sua

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presença na Escola se torne prejudicial, pelo funesto exemplo, que dá a seus condiscipulos, o respectivo Professor o despedirá de sua escola, depois de representar circumstanciadamente sobre sua conducta ao Director, e de ser approvada pelo Exm. Presidente da província aquella medida

Art.101. – O que assim fôr despedido não poderá novamente ser recebido na mesma Escola senão trez mezes depois, e por ordem expressa do Exm. Presidente., assegurando seu Pai, Tutor, ou Encarregado, que elle tem mudado de conducta. Fica porém sugeito a uma vigilância mais rigorosa, e a soffrer a mesma pena do Artigo antecedente, imposta com as mesmas formalidades, se continuar no mesmo procedimento; e em tal caso jámais será admitido

Art.102. – Os Professores Publicos de meninos darão as necessarias providencias para que seus alumnos compareção todos os Sabbados de manhã na Escola antes da hora do exercicio, preparados com aquella decencia, que permittirem suas posses, e com elles se dirigirão ao santo Sacrifício da Missa na Igreja mais proxima, e farão com que elles em tão religioso acto se conservem com toda a seriedade, e respeito.

Nem um Professor e nem alumno será dispensado desta obrigação senão por motivo mui justo, e ponderoso.

Art.103. – Nos lugares onde não houver Inspector, executará suas obrigações marcadas neste regulamento o respectivo Juiz de Paz, ou Parrocho, se também não existir aquelle.

Art.104. – Os Professores das Escolas particulares de Instrucção Primaria da Provincia, ficão sugeitos a enviar ao director, de seis em seis mezes, como os Professores Publicos, o Mappa de seus alumnos com os mesmos esclarecimentos exigidos para aquelles; bem como a não poderem abrir sua escola sem que para esse fim tenhão obtido licença do Exm. Presidente, com attestado, ou outros documentos de sua boa conducta, e moralidade, sob pena de ser a mesma mandada fechar e processados como desobedientes aquelles que reincidirem.

As Portarias das Licenças serão rubricadas pelo Director, para se dar o devido cumprimento.

Porto Alegre 15 de Outubro de 1842. João Rodrigues Fagundes, Director da Instrucção Primaria da Provincia.

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MAPPA DOS ALUMNOS QUE FREQÜENTAM A ESCOLA PUBLICA

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METHODO PRATICO.

do ensino para as Aulas de Instrução primária da Provincia do Rio Grande de S. Pedro do Sul

OFERECIDO

AO ILLUSTRISSMO SENHOR DOUTOR JOÃO RODRIGUES FAGUNDES, DIRECTOR DAS AULAS DE INSTRUÇÃO PRIMARIA POR

Manoel Luiz Corrêa, Professor Publico.

A pratica, que obtive durante o tempo em que particularmente me dediquei a ensinar aos jovens Brasileiros os principios da lingoa Nacional, e o resultado de varias experiencias que fiz, ora innovando, ora supprimido algumas couzas nas praticas de ensino adoptadas por sempre encontrar difficuldades e vencer, me obrigarão a fazer uma séria reflexão sobre um methodo pratico, pelo qual encontrassem o ensino rapido, e durante sua estada em applicação não perdessem um momento de instrucção.

É verdade, que os meus conhecimentos tem sido e ainda são poucos para tentar uma empresa, que reconheço superior às minhas forças: porém, como me dediquei ao ensino da mocidade, devo procurar tudo quanto seja a seu beneficio.

O methodo, que junto offereço, não é uma pratica nova, e por mim inventada; mas arranjada pela fórma que me parecêo mais regular.

Dividi a instrucção em dez classes distinctas, e um banco de arêa para que em cada uma dellas aprenda gradualmente o ensino correspondente ao seu entendimento: por isso que no banco de arêa o menino aprende a traçar linhas rectas, e curvas, cada uma das letras de Abc, os algarismos arithmeticos, e juntamente decora seus nomes.

Na 1ª Classe, aprende a traçar sobre louza as linhas rectas, e curvas, a contar, e numerar de um até mil, o valor das unidades, e o som de duas, ou mais letras alphabeticas reunidas.

Na 2ª aprende a traças letras de corpos primitivos que não prolongão hastes quer superiores, quer inferiores, habitua-se a escrever qualquer parcella, que se lhes dite, aprende a taboada de sommar numeros digitos, e argumenta todo o syllabario.

Na 3ª, aprende a traçar, não só letras de corpos primitivos que não prolongão suas hastes; como aquellas que as prolongão tanto superiores, como inferiores, somma, ou reune em um só numero vários numeros, ou parcellas, aprende a taboada de diminuir tanto numeros digitos, como compostos, reune syllabas formando nomes.

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Na 4ª, aprende a fazer, ou traçar as letras alphabeticas por ordem, diminui uns numeros de outros, ou parcellas, aprende a taboada de multiplicar numeros digitos, e argumenta nomes.

Na 5ª, principia em papel a fazer as letras alphabeticas por ordem, e por sombra, multiplica numeros simples, e compostos, aprende a taboada de dividir, e principia a ler soletrado.

Na 6ª, fórma as letras alphabeticas por ordem sem sombra divide por um numero digito, argumenta as quatro especies, de sommar, diminuir, multiplicar, e repartir, continuando a ler soletrado; porém mais desembaraçado.

Na 7ª, escreve bastardo, divide por numero composto, argumenta as quatro especies, e lê soletrado com rapidez

Na 8ª, escreve bastardinho, aprende a dizima, lê sem soletrar, decora lições.

Na 9ª e 10ª finalmente, o resto com recordações que fazem, quando transmitem a seus condiscípulos aquilo que já aprenderão.

Fórma de crear o Estabelecimento.

Logo que o Professor tenha um numero de discipulos sufficiente, e os utensilios necessarios, escolherá dez alumnos dos mais adiantados, e os farà desempenhar as obrigações, que se hão de fazer no banco de arêa, servindo-lhes de monitor, e quandoelle os julgue capazes tanto em pratica, como em theorica os passará á primeira classe, deixando dois, um para monitor, e outro para supplente, afim de que possão receber alternadamente, o ensino, e exercicio da classe superior; por esta fórma entrão outros dez para o banco de arêa, fazendo as vezes do professor o monitor, e supplente.

Na 1ª Classe o Professor os exercitará, e della por diante até ultima, e quando os do banco de aréa forem julgados promptos, passarão à 1ª classe, e os da 1ª á 2ª ficando sempre das classes passadas dois para monitores, e supplentes d’ella.

Por esta fórma vai o Professor creando as classes sem prejuizo de instrucção (destinando as tardes para esse fim) e em pouco tempo se conhecerão as vantagens, e a regularidade.

Creadas que sejão todas as classes, o Professor tirará da 10º os monitores, e supplentes para todas as classes inferiores.

Estes monitores, e supplentes farão o serviço alternadamente: isto é ora em a 1ª ora na 4ª & c, afim de evitar qualquer sobornamento do classico para com elles.

O banco de arêa não deve ser considerado como classe: porque traça primeira, e segunda lição, ou linhas rectas, e curvas, as letras alphabeticas, e algarismos, ficando-lhe o resto do tempo para estudar, e dar lição.

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