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O turismo rural em Panambi/RS

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DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

DENISE MIRIAN NEUMANN DOS SANTOS

O TURISMO RURAL EM PANAMBI/RS

IJUI/RS

Janeiro/2013

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O TURISMO RURAL EM PANAMBI/RS

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Geografia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial para a obtenção do Título de Licenciado em Geografia, sob a orientação da Professora Célia Clarice Atkinson.

IJUI/RS Janeiro/2013

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Agradeço todas as pessoas que contribuíram para a realização desta pesquisa A professora Célia, pela paciência e orientação. Enfim, a todos que tornaram possível a efetivação desse trabalho.

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RESUMO

A presente pesquisa tem como lócus de estudo o município de Panambi/RS, com o objetivo de observar e analisar as práticas, opções e as possibilidades do Turismo Rural neste município. Em termos teórico-metodológicos, foi realizado um estudo a campo, buscando conhecer as práticas de turismo rural existentes e a sua funcionalidade. Com esse estudo, foi possível arrolar as atividades existentes, bem como mapear novas possibilidades de turismo rural.

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Lista de Mapas

MAPA 1: Localização do município de Panambi no mapa do Rio Grande do Sul. MAPA 2: Município de Panambi/RS. Ordenamento Físico/territorial.

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Lista de Gráficos

GRÁFICO 1: População rural e urbana. GRÁFICO 2: Condição legal do produtor. GRÁFICO 3: Proprietário – gênero.

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Lista de Imagens

IMAGEM 1: Parque de Rodeios Ari Samoel. IMAGEM 2: Cascata de Entre Rios.

IMAGEM 3: Cascata do Rio Palmeira. IMAGEM 4: Residência de Haidi Loose. IMAGEM 5: Casa escolar, Linha Ocearu. IMAGEM 6: Residência de Anélio Macagnan. IMAGEM 7: Residência na Linha Gramado. IMAGEM 8: Residência da Família Tilke.

IMAGEM 9: Vista da entrada do Sitio Raio de Sol. IMAGEM 10: Área verde com plantio de árvores. IMAGEM 11: Açudes para pesca.

IMAGEM 12: Animais na propriedade. IMAGEM 13: Vista da Trilha.

IMAGEM 14: Vista da Trilha.

IMAGEM 15: Vista parcial da propriedade. IMAGEM 16: Charrete disponível para passeios. IMAGEM 17: Animais na propriedade.

IMAGEM 18: Mobiliário do quarto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...06

1– GEOGRAFIA E O TURISMO...08

1.1 Turismo: aspectos gerais...10

1.2 O espaço rural e turismo...15

1.3 Turismo rural...19

1.4 Aspectos positivos e negativos da pratica do turismo rural...23

2– TURISMO RURAL EM PANAMBI...27

2.1 Contextualização de Panambi/RS...27

2.2 Caracterização da área rural de Panambi/RS...32

2.3 Turismo rural em Panambi: opções e possibilidades...41

2.3.1 Opções 2.3.2 Possibilidades CONCLUSÃO...56

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INTRODUÇÃO

O advento do século XXI trouxe várias mudanças na relação do homem com a natureza, como a busca por novas opções de lazer.

Nesse contexto, podemos incluir o Turismo Rural, o qual atrai um público considerável e crescente. Esta modalidade de turismo inclui passeios noturnos e diurnos no meio rural, visitas, hospedagem e inserção em atividades nas propriedades rurais. Por outro lado, nota-se a preocupação de órgãos governamentais no desenvolvimento dessa atividade, com a elaboração e execução de projetos visando o incremento e diversificação da produção do meio rural com vistas a agregar renda e incentivar o homem a permanecer no meio rural.

Geralmente, os habitantes do meio rural estão familiarizados a paisagens que fazem parte do seu cotidiano. Logo, são as populações do meio urbano que buscam opções de lazer e descanso, nos espaços onde a paisagem revela formas e usos distintos da vida urbana.

Dados os benefícios a saúde, ao bem estar e lazer das pessoas, o turismo rural está se expandindo no Brasil, cresce a oferta e o incentivo governamental a favor dessa atividade que possibilita agregar renda às famílias nas pequenas propriedades rurais. A divulgação por diversos meios de comunicação das opções do turismo rural, a organização de rotas e regiões turísticas, programas e políticas publicas revelam o crescimento dessa atividade no território nacional e particularmente no Rio Grande do sul.

No município de Panambi/RS, há iniciativas nesse sentido, como a instalação de áreas de lazer em propriedades do meio rural, todavia o potencial turístico, incluindo o patrimônio natural, histórico e arquitetônico ainda é pouco explorado e desconhecido para a maioria.

Essa pesquisa trata da questão espacial, resultado da relação natureza e sociedade, especifica do lugar, com ênfase ao estudo das opções turísticas no espaço receptor do município de Panambi, localizado no noroeste do RS, temática

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importante dada a sua relevância e atualidade, no contexto socioespacial deste século, investigando as possibilidades e alternativas para o desenvolvimento do turismo rural de Panambi.

O município de Panambi/RS é conhecido como a cidade das máquinas, por sua economia ter como principal atividade a indústria metal mecânica, todavia, sua vocação industrial insere-se no processo de ocupação pela colonização nas áreas de mata no noroeste do RS, caracterizado pela produção da subsistência em pequenas propriedades, no final do século 19 e inicio do século 20, inscrevendo no seu território os traços da cultura e dos hábitos dos migrantes, principalmente de origem alemã, numa terra até então ocupada por lavradores nacionais.

O trabalho foi realizado a partir de revisão bibliográfica, coleta de informações em jornais e páginas da internet, e pesquisa a campo, buscando conhecer o que é o turismo rural em Panambi/RS, as opções e lugares da oferta turística e perspectivas de novos empreendimentos.

No primeiro capitulo são abordadas questões teóricas sobre Geografia e Turismo, a dimensão espacial e sua importância para o desenvolvimento da atividade turística.

A expressão do turismo rural no município de Panambi/RS, sua oferta e possibilidades são tratados no segundo capitulo.

Nas considerações finais retomamos os principais aspectos da problemática abordada, considerando as práticas da atividade turística e suas perspectivas locais.

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1. GEOGRAFIA E O TURISMO

A Geografia é fundamental para o estudo do turismo, pois este é geográfico em sua natureza. O turismo acontece em lugares, envolvendo os movimentos e as atividades entre estes lugares, sendo uma atividade onde tanto as características locais quanto as identificações pessoais são formadas, através das relações criadas entre estes lugares, paisagens e pessoas.

A preocupação central da Geografia do turismo são os impactos socioambientais decorrentes desta atividade.

O estudo do turismo pela Geografia é uma de suas temáticas na análise da organização espacial. Nesta perspectiva, considera-se o arranjo espacial dos lugares turísticos ou espaço receptor, as densidades dos fixos e fluxos e suas conexões com os espaços emissores, ou seja, quais as formas espaciais usadas ou criadas para atender a função turística. Revelam-se como serviço público ou privado para atender a oferta específica de um tipo de turismo, no contexto do desenvolvimento de uma comunidade local/regional na atualidade.

O interesse da Geografia pelo turismo teve seu início a partir da década de 60. Sabe-se que até 1977 os pressupostos neopositivistas da chamada Geografia Teorética influenciaram a elaboração de modelos para analisar dados que foram coletados com a preocupação da classificação, funcionalismo e separando o homem da natureza (Galvão, 2005).

No Brasil, conforme Galvão (2005), o primeiro trabalho sobre geografia do turismo ocorreu no ano de 1976, com Kleber M. B. Assis, com tendência a uma geografia descritiva. A partir de então os estudos passaram a ser mais frequentes, apesar de ainda haverem muitas controvérsias.

Segundo o pensamento de Xavier (2005), os estudos realizados sobre as percepções geográficas se desenvolveram por causa da preocupação no sentido de conhecer e de explicar as atitudes e os valores de uma comunidade frente ao meio ambiente. A pauta fundamental de tais estudos é o espaço. É o mesmo espaço em

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que se situam as habitações, os caminhos e as regiões. É o mundo vivido das pessoas que recebem o turista e que é o mesmo espaço para onde as pessoas se deslocam para o lazer. Assim, a percepção geográfica do turismo torna-se abrangente, razão pela qual ela tem constituído a preocupação de muitos estudiosos ligados aos estudos do turismo.

A Geografia humanística, talvez, seja a que melhor pode contribuir com os estudos relacionados à geografia do turismo, através das perspectivas dos moradores locais, ou pelas subjetividades que envolvem os turistas, viajantes e suas ânsias para conhecerem lugares novos.

Para Cruz (2003), a Geografia do turismo, entretanto, não se refere apenas à abordagem científica do fenômeno do turismo pela ciência geográfica. A “geografia do turismo” é uma expressão que se refere à dimensão socioespacial da prática social do turismo, e isto sim, pode interessar às mais diversas áreas do conhecimento.

Com essas dimensões socioespaciais fica clara a visão de como devemos realizar os estudos sobre o turismo. É preciso um olhar sobre a Geografia do turismo através desta distribuição dos impactos e demais variáveis, e não apenas como uma tentativa de um novo ramo da Geografia, pois não é a intenção que haja uma Geografia especializada em estudos turísticos, mas sim, precisamos analisar de forma geográfica o uso que o território tem sofrido através das viagens turísticas.

As pesquisas geográficas sobre o turismo apontam a necessidade de um conhecimento mais aprofundado sobre as características socioambientais de cada lugar para o desenvolvimento da atividade turística, se o interesse é promover a sustentabilidade (ambiental e das comunidades). Para a Geografia os estudos sobre o turismo devem servir de subsídios às comunidades locais/regionais, no planejamento e decisões sobre a oferta turística e seus impactos socioambientais, ou seja, a consciência espacial é indispensável para a construção de uma identidade territorial autônoma na formulação de estratégias de desenvolvimento em sentido amplo e não meramente econômico-capitalista.

O maior desafio da Geografia do turismo é o de conferir quais são as dimensões geográficas desta atividade, considerando que a mesma possui um caráter transversal e interdisciplinar, a par da diversidade de sua topologia.

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Dentre as diferentes manifestações turísticas (turismo ecológico, ecoturismo, turismo sol-praia, turismo religioso...), consagra-se cada vez mais o que podemos denominar de turismo rural.

A valorização da paisagem rural como recurso histórico, conforme Pires, da-se pela humanização da natureza por meio de atividades agropastoris e de outros aspectos da ocupação do espaço, impregnados pela herança cultural de seus protagonistas (Rodrigues, 2002 p. 117).

O desenvolvimento do turismo rural, no Brasil, não se constitui num fenômeno de grandes proporções, mas está se constituindo como alternativa de opção turística, com periodicidade diversa da sazonalidade que caracteriza o turismo sol-praia, podendo realizar-se o ano todo. Nas partes subseqüentes retomamos essa questão.

1.1 Turismo: aspectos gerais

O espaço deve ser considerado como uma totalidade. É uma regra de método, cuja prática exige que se encontre, paralelamente, através da análise, a possibilidade de dividi-lo em partes. Ora, a análise é uma forma de fragmentação do todo que permite, ao seu término, a reconstituição desse todo. Quanto ao espaço, sua divisão em partes deve poder ser operada segundo uma variedade de critérios. (Santos, 1997 p. 15). O espaço pode ser a própria paisagem, o espaço vivido, a ideia de lugar, a sociedade, a formação socioespacial.

Segundo Milton Santos, o espaço geográfico é um conjunto indissociável de um sistema de ações, e um sistema de objetos, ou seja, há uma associação entre os mesmos. Os objetos e as ações fazem o espaço geográfico, portanto não isolados uns dos outros, são sistemas de objetos e de ações, e ainda apresentam-se como um conjunto indissociável, um todo. O espaço geográfico somente existe nas combinações, nas conexões dos elementos naturais e sociais.

As firmas ou indústrias são as produtoras de bens de consumo. As instituições mantém a ordem; as leis são produtoras de normas que devem ser cumpridas. O meio econômico é o conjunto de complexos territoriais que constitui a

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base física do trabalho humano. E as infraestruturas são o resultado do trabalho humano, material e geográfico.

O espaço definido por muitas teorias como sistema vem sendo criticado atualmente pelo fato de que a definição tradicional de sistema se tornou inadequada. Se os elementos do espaço são sistemas (tanto quanto o espaço) eles são também verdadeiras estruturas. Nesse caso, o espaço é um sistema complexo, um sistema de estruturas, submetido em sua evolução a evolução das suas próprias estruturas (SANTOS, 1997, p.16).

A única prática social que consome elementarmente o espaço é o turismo. A prática do turismo vem tomando dimensão no mundo inteiro e está entre as principais atividades geradoras de receita. Esse rápido crescimento vem trazendo constantes mudanças bem como conceitos muitas vezes polêmicos. Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT),

o turismo é uma modalidade de deslocamento espacial, que envolve a utilização de algum meio de transporte e ao menos um pernoite no destino; esse deslocamento pode ser motivado pelas mais diversas razões, como lazer, negócios, congressos, saúde e outros motivos, desde que não correspondam a forma de remuneração direta.

A OMT sugere que viagem e turismo são sinônimos, pois toda viagem é considerada turismo, inclusive quando se trata em cuidar da saúde. O lazer foi transformado em necessidade para as sociedades, criado pelo modo de produção capitalista. A base do turismo é a possibilidade de convivência entre seres humanos de diferentes culturas, crenças e histórias em um espaço ou lugar.

O turismo tem importância fundamental no desenvolvimento da sociedade, segundo Weissbach (2011), o turismo é um fenômeno socioeconômico. Ele precisa ser estudado e pesquisado por ser uma realidade econômica, social, cultural e política. O turismo representa descanso, repouso, lazer, bem estar longe do ambiente de trabalho, a possibilidade que os seres humanos encontram de sair da rotina, conhecendo espaços diferentes, novos, e ligados com a natureza.

As concepções sobre o turismo são diversas. Para Andrade (1997, p.28) o significado das palavras turismo e turista são determinantes perfeitos e definitivos apenas aos leigos e aos que não se dão ao trabalho de analisar corretamente os conceitos e as realidades. Aos peritos e pesquisadores de turismo, no entanto, as terminologias turísticas ainda se apresentam como possíveis de reformulação ou de

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calibragem, pois, além de apresentarem algumas inexatidões, são expressões de alcance amplo, fato que impede a tradução e o dimensionamento exato das teorias e das técnicas que o fenômeno encerra em seus princípios e em suas operações.

Turismo e turista tem significados diferentes, suas terminologias apresentam resultados possíveis de reformulação e aperfeiçoamento, pois atingem um mercado muito amplo. É preciso levar em consideração as definições de turismo. O turista é a pessoa que se propõe a fazer turismo. O turista é o indivíduo, e o turismo é o que ele faz.

Já para Trigo (1999, p.12), o turismo

é uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicação e como elo de interação entre povos, tanto dentro como fora de um país. Envolve o deslocamento temporário de pessoas para outras regiões ou países visando à satisfação de outras necessidades que não atividades remuneradas.

O turismo, em diferentes tempos e espaços, assumiu formas distintas. Atualmente, apresenta-se sob a forma de:

Turismo de massa: é uma viagem em grupos, com gastos reduzidos e

permanência de curta duração, é uma aglomeração de pessoas em um único lugar. É o mais convencional, passivo e sazonal tendo a sua criação vinculada a consolidação do capitalismo, o que propicia o surgimento de seu público alvo, a classe média. Privilegia o lucro imediato e a grande escala. Podemos pensar aqui no turismo que ocorre nas praias do litoral gaúcho, ou as viagens a Paris, na França.

Turismo alternativo: é uma forma de turismo mais limitada, com serviços e

infraestrutura restrita e sofisticada. Tem os espaços naturais como seu principal objeto de consumo.

O turismo é motivado pelos atrativos presentes nos diferentes espaços, que podem ser classificados em três categorias:

Lugar turístico: é o espaço onde já ocorre o turismo ou tem potencial para tal.

É onde há movimento de turistas, pois não basta apenas a infraestrutura. Por exemplo, as Ruínas dos Sete Povos das Missões, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.

Atrativo turístico: está relacionado com a cultura e a cultura vai mudando com

o passar dos tempos, e os atrativos turísticos também, pois o que é atrativo para um pode não ser para o outro. Aqui podemos citar a Oktoberfest, que ocorre no

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município de Panambi, bem como em outros municípios do Estado e em Santa Catarina.

Paisagem turística: “são criações culturais, é tudo até onde os olhos

alcançam, é a porção visível do espaço geográfico” (CRUZ, 2003, p.9). Temos inúmeros exemplos, no Rio Grande do Sul, podemos destacar os Aparados da Serra, em São José dos Ausentes, ou as Cataratas de Foz do Iguaçu, no Paraná.

Todo espaço do planeta é acatado como espaço turístico, e este se materializa quando a prática social do turismo se apropria dos espaços. Esta materialização do espaço são as infraestruturas básicas necessárias como telefonia, saneamento básico, acesso entre outros. O espaço turístico também necessita de ligações entre o local e o global para o bem estar do turista, como instituições financeiras, hotéis multinacionais, alimentação, entre outros serviços.

O turismo urbano está entre os mais explorados, é o que possui maior fluxo, maior movimento, por oferecer melhores infraestruturas em relação a transporte, hospedagem, alimentação, etc. Na relação turismo x cidade destacam-se três possibilidades: uma que a cidade já existia quando teve início a atividade turística, a segunda quando o turismo é concomitante com a urbanização, ou seja, a criação da cidade e o turismo ocorrem em consequência de um projeto urbano-turístico e a terceira é quando um lugar é transformado em centro urbano em consequência do turismo.

Mas os centros urbanos também são os que mais sofrem com o intenso desenvolvimento do turismo, pois a grande maioria não está preparada, pois falta infraestrutura e planejamento. O turismo pode desencadear processos inflacionários, mas também pode gerar empregos e renda a/na cidade. O turismo tem como ponto de chegada, em geral, um núcleo urbano, ponto do qual as pessoas partem em busca de seu destino. A principal fonte turística nos centros urbanos são as arquiteturas e o patrimônio histórico.

Para Cruz, 2003, o turismo em áreas naturais é o que vem crescendo mais significativamente nos últimos tempos, são chamados de alternativos, tendo nos recursos naturais seu principal objeto de consumo. Também pode ser chamado de Ecoturismo, Turismo Ecológico ou Turismo de Natureza. Esse rápido crescimento está no fato de o turismo em áreas naturais ser algo novo no mercado, e por que o mundo todo está preocupado com o meio ambiente direta ou indiretamente.

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O turismo em espaços rurais segundo Portugues (1999) teve origem na prática da hospedagem em propriedades rurais, cuja gênese está associada à necessidade de abrigar viajantes que circulavam por regiões norte-americanas pouco povoadas e, ao mesmo tempo, de paisagens consideradas atrativas para o turismo.

Para que o turismo aconteça e se desenvolva é preciso que o consumidor turista se desloque até ele. É necessário investimento e infraestrutura, dispor ao turista hospedagem, alimentação, transporte e serviços, para atender suas necessidades ou exigências.

Segundo Cruz, (2003), o turismo cria novos objetos nos lugares, mas também se apropria de objetos preexistentes, como objetos naturais (rios, praias, montanhas etc.) e objetos culturais (infraestruturas, edifícios, patrimônio histórico), atribuindo-lhes novos significados e, muitas vezes, novas feições.

A prática do turismo se não realizada de forma consciente pode trazer prejuízos irreversíveis a natureza, como, por exemplo, a poluição das praias, destruição de florestas, pisoteamento, dentre outras implicações. Conforme Cruz, (2003, p. 30)

o turismo tem, reconhecidamente, uma capacidade avassaladora de transformar os lugares (natureza e cultura), mas, a priori, isso não é bom ou ruim. Somente as análises de caso podem revelar como, quando e onde o turismo impactou positiva ou negativamente o patrimônio natural ou cultural de um lugar. E, quando se tratar de impactos socioeconômicos e culturais, é preciso ter ciência de que todo julgamento será permeado por ideologias e que, portanto, aquilo que for considerado negativo por determinado autor poderá ser visto como positivo por outro.

Toda e qualquer atividade realizada pelo homem interfere nos ambientes naturais, porém algumas podem ser negativas e outras positivas. Quando o turismo se apropria de lugares já degradados e promove sua recuperação e proteção torna-se muito positiva. A causa mais prejudicial vista pelos ambientalistas está relacionada com a produção de lixo e dejetos deixados pelos próprios turistas e o pisoteio, principalmente em trilhas.

Do ponto de vista econômico o turismo se torna positivo em relação à oferta de emprego, geração de divisas, melhor distribuição de renda, incremento das receitas locais, manutenção e melhoria dos serviços, diversificação de atividades, apoio às pequenas empresas locais e integração de nova fonte de renda.

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Do ponto de vista social, as atividades turísticas melhoram a qualidade de vida, pode promover propriedades autossuficientes, diminuição do êxodo rural e as propriedades são dos habitantes locais.

No Brasil, segundo dados da EMBRATUR, o segmento turístico cresce 12% ao ano estando concentrado principalmente nas faixas litorâneas, com o chamado turismo de massa, devido principalmente pelo suporte material para as praticas de turismo e pelos seus atrativos naturais. Os estados que se destacam como maiores receptores de turistas no Brasil são: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, ambos os estados são privilegiados pelas suas belíssimas áreas litorâneas e pelo seu grande valor histórico.

1.2 O espaço rural e turismo

O espaço rural representa um dos mais importantes setores econômicos para um país. No Brasil está em destaque na produção primária mundial, com a produção de soja, milho, trigo, café, cana de açúcar, entre muitos outros produtos. Mas esta produção está mais voltada aos grandes produtores, cujo os quais possuem mais recursos, mais investimentos e tecnologia.

Enquanto isso, o pequeno produtor precisa buscar alternativas para garantir seu sustento. E um dos setores que vem crescendo nos últimos anos é o turismo rural, ou seja, uma nova ruralidade.

Enquanto o rural é relativo a tudo o que pertence ao campo (agrícola ou não agrícola), a ruralidade diz respeito às características de tudo que está vinculado com a vida rural, principalmente as condições materiais e morais necessárias para a existência dos habitantes rurais (Teixeira; Lages, 1997).

Esta nova ruralidade destaca o produtor familiar, que representa um foco para a diversificação da economia rural, já que o agronegócio depende em parte do mercado externo e fica sujeito as flutuações dos preços internacionais (Weissbach, 2011).

Produtor familiar, segundo Wilkinson (1986, p. 31) é o trabalhador, assalariado ou não, que tem por renda total (e não somente a agrícola) até dois salários mínimos regionais e cuja unidade de produção baseia-se no trabalho.

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Grande parte de produção brasileira destina-se à exportação, consequentemente os interesses internacionais instigam a produção nacional, ordenando quais produtos o produtor deve produzir.

No Rio Grande do Sul a agricultura se desenvolveu consideravelmente após a década de 1960, devido às novas tecnologias. Entretanto, conforme Flous e Macedo (2005, p. 1), a política agrícola adotada a partir de 1970 baseou-se em fatores modernos como o uso intensivo de capitais, o que levou ao aumento da concentração da terra e da riqueza nas mãos de pequenas parcelas da população.

Esse rápido desenvolvimento no setor rural também gerou outro grande problema em relação à mão de obra. Com a introdução de modernas máquinas, tecnologias, entre outros, parcela dos trabalhadores foram dispensadas do setor. Então, se de um lado a incorporação de inovações tecnológicas aumentou a produção e a produtividade, por outro, reduziu os postos de trabalho na lavoura (Weissbach, 2011).

Hoje já podemos observar que a falta de ocupações no meio rural, responsáveis pela geração da renda e do sustento familiar está entrando em decadência, conforme Weissbach (2011):

Se por um lado, os programas estatais combateram, e ainda combate, a questão do êxodo, por outro existe a urgência de geração de postos de trabalho remunerado do espaço rural com a finalidade de que uma transmutação simples e direta não ocorra: a pobreza urbana transfira-se integralmente para o espaço rural.

Cada vez mais pessoas residentes na zona rural por falta de recursos, baixa produção e baixo índice de retorno das atividades agropecuárias, buscam desenvolver atividades geradoras de renda nas grandes zonas urbanas, exercendo atividades nas indústrias.

A agricultura nacional segue um caminho especializado, sempre visando atender os interesses do mercado internacional, enquanto a agricultura familiar sofre com a falta de recursos financeiros, técnicas e modernização, consequentemente enfrenta grandes dificuldades em se desenvolver, por sua produção social estar voltada para atividades tradicionais e num modelo financeiro alheio as suas limitações.

Estas questões todas levam o produtor rural a uma pluriatividade necessária. Ou seja, um “novo rural brasileiro”. Onde são atribuídas novas funções e atividades

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no espaço rural. Ou ainda práticas que aconteciam eventualmente, hoje ocorrem de forma frequente ou rotineira na vida dos produtores rurais. Em relação a essas mudanças Graziano da Silva (2002) diz:

A conclusão é que o meio rural brasileiro já não pode ser mais analisado apenas como o conjunto das atividades agropecuárias e agroindustriais, pois ganhou novas funções. O aparecimento (e a expansão) dessas “novas” atividades rurais – agrícolas e não agrícolas, altamente intensivas e de pequena escala – tem propiciado outras oportunidades para muitos produtores que não podem mais serem chamados de agricultores ou pecuaristas e que, muitas vezes, não são nem mesmo produtores familiares, uma vez que a maioria dos membros da família está ocupada em outras atividades não agrícolas e/ou urbanas.

Com o desenvolvimento, os avanços e as novas técnicas empregadas no meio rural diminui o uso da força de trabalho, com isso o produtor que permanece no meio rural está com uma certa sobra de tempo, e este tempo ocioso ele está usando para investir na pluriatividade, investindo em outros ramos concomitantemente com a agricultura ou pecuária. A grande maioria das famílias rurais está se dividindo, enquanto um integrante da família se dedica à agricultura e pecuária, outro integrante da família opta por atividades diferentes, assim aumentando a renda familiar.

A pluriatividade pode ser vista através da concorrência entre o pequeno e o grande produtor, a falta de políticas públicas em favor do pequeno produtor e o desenvolvimento do capitalismo, ou ainda pela necessidade familiar, ou pelas características locais e regionais da economia.

O setor rural apesar dos muitos problemas e dificuldades que encontra, principalmente por ser um dependente constante do clima, está em busca de novas atividades como forma de renda. Weissbach (2011) enfatiza que as mudanças paradigmáticas da produção rural familiar dependem, em parte, das diferentes formas pelas quais as populações rurais viabilizam a sua reprodução social e econômica e, em parte, ao apoio estatal por meio de políticas públicas no sentido de viabilizar novas estratégias de produção.

Hoje temos uma visão bem clara que os setores rurais e urbanos estão mudando, o meio rural não é mais o mesmo. O rural se tornou uma continuação do urbano. O que diferencia a região urbana da região rural ou agrícola não é a sua função, mas sim as relações de quantidade, densidade e multidimensão entre eles. Weissbach (2011) complementa:

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Sobretudo na década de 1990, abandona-se a idéia do rural como exclusivamente um mundo agrícola. O espaço rural amplia a sua possibilidade de emprego e geração de renda. Assim, há uma valorização de bens não tangíveis como a paisagem e o lazer, oportunizando novas formas de ocupação e obtenção de rendimentos ao trabalhador rural.

Essas mudanças no meio rural fizeram surgir um novo tipo de agricultor, o do tempo parcial (part-time forming)1 que além das atividades que exerce internamente também realiza atividades fora, ligadas ou não a agropecuária.

Até então, o espaço rural era visto apenas como o lugar onde eram produzidas as matérias primas, o alimento entre outros. Nos dias atuais os moradores urbanos já não veem mais o rural assim. O rural passou de produtor de alimentos a fornecedor de bem estar de vida, de lazer, proximidade com a natureza, uma fuga perfeita para o estresse diário das cidades.

Weissbach (2011) afirma que

o significado do espaço agrícola tem se alterado em razão do trabalho nele empreendido. Assim, as técnicas são fundamentais na consideração de que o rural segue, ainda que tradicionalmente, sua função primordial para a vida humana. Mas, também há de se considerar que esta função está impregnada de novos significados resultantes da mudança do conteúdo eminentemente preconceituoso e excludente do rural como um espaço subordinado e complementar do espaço urbano.

1.3 Turismo rural

O turismo rural hoje é uma forma alternativa para a geração de renda nas propriedades rurais, principalmente nas pequenas e médias propriedades. O produtor tem a possibilidade de manter sua produção e juntamente a chance de obter mais renda, além de gerar empregos, conscientizar a população na

1Part-time forming diz respeito ao tempo integral de trabalho na propriedade por parte do individuo da

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conservação e preservação ambiental e valorizando a cultura do lugar. Também consegue comercializar seus produtos diretamente com o consumidor, principalmente produtos de artesanato, produtos coloniais, de pecuária entre tantos outros. E esta negociação direta também beneficia em relação ao preço e a aquisição de produtos frescos.

Outra vantagem do turismo rural está relacionada à infraestrutura, como melhoria das estradas, mais acessos, telecomunicações, saneamento, informação, entre outras. E isto tudo independe do tamanho da propriedade, pois o que chama os turistas são os atrativos da propriedade, quanto mais natural, mais autêntica ela for mais atrativa também será aos olhos dos turistas. Weissbach (2011) salienta:

A transformação econômica positiva é, sem dúvida, um dos diferencias e um dos atrativos do turismo no espaço rural. A geração de renda, a diversificação da economia, o efeito multiplicador, o incentivo à produção em outros setores da economia, o aumento da receita municipal e o desenvolvimento da infraestrutura local são boas alternativas que muitos agentes públicos e privados tem enxergado. Mas, há também transformações positivas ambientais e sócio culturais, tais como: preservação do patrimônio natural, criação de áreas protegidas, melhoria do saneamento básico e aumento da conscientização ambiental, o incentivo a participação da comunidade, o intercâmbio cultural, a preservação do patrimônio histórico e a valorização da cultura local.

Ainda segundo Weissbach (2011), diante de uma realidade espacial em transformação, o mundo rural brasileiro mostra uma dinâmica passível de muitos olhares. Dentre estas ocorrências, o turismo emerge como uma provável atividade que pode ser incorporada a vida dos produtores familiares rurais.

O turismo rural não é uma atividade nova, ele já existe há muito tempo, existem diversos exemplos da utilização do campo para o descanso na Grécia Antiga. O que é novo são os estudos relacionados ao turismo em áreas rurais.

Uma característica marcante do turismo no espaço rural é a questão da peculiaridade das regiões naturais. O modo de produzir a existência humana nessas áreas é o diferencial que atrai os citadinos para o ambiente rural (Weissbach, 2011). Ou seja, o turismo rural é diferente do modelo de produção em massa como ocorre nos centros urbanos. O turismo no espaço rural possui características próprias, está cheio de particularidades e significados que só fazem sentido no âmbito do lugar.

O turismo rural apresenta conceitos um pouco polêmicos, por ser uma atividade considerada nova em termos de estudos acadêmicos. Sendo necessários mais estudos e pesquisa em relação ao termo. Weissbach (2011) diz que existem

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estudos geográficos, ecológicos, econômicos, sociológicos, que se preocupam com o turismo no espaço rural.

O turismo no espaço rural está baseado no contato humano, nas diversas manifestações culturais, nas combinações naturais, na conservação e preservação da natureza. Este espaço também se divide em diversas modalidades que estão ligadas ao dia a dia do modo de vida rural, num mesmo momento e no mesmo espaço rural podem ocorrer o turismo ecológico, o agroturismo e o turismo cultural.

Talavera (2000, p.155) conceitua o turismo rural como o

uso ou aproveitamento do entorno não urbano, atendendo-se as premissas do desenvolvimento sustentável: gerar efeitos eminentemente positivos (conservação do patrimônio, proteção do meio, etc.), tem lugar em áreas “não invadidas”, de incluir os habitantes locais como atores culturais, ser minoritário e promover, por meio de encontros espontâneos e da participação, o contato cultural.

Já Solla (2002, p.117) simplifica dizendo que o turismo rural “(...) é aquele que se desenvolve no meio rural e que tem como principais motivações os elementos próprios desses ambientes”.

Assim, o Turismo no Espaço Rural (TER) são todas as formas de turismo realizadas no ambiente rural, possui segmentações turísticas especificas como: – Turismo em Áreas Rurais (TAR) que é realizado em áreas onde houve interferência humana para que ele acontecesse, ou seja, o lugar passa por modificações para melhor atender o turista.

– Turismo no Meio Rural (TMR) é a forma de turismo onde é preservada primeiramente a identidade do local, a originalidade das construções e dos estabelecimentos, a cultura e o modo de vida ali existentes. Sofrendo apenas adaptações para receber o turista.

– Turismo na Natureza (TN) depende apenas dos elementos naturais existentes no local, com quase nem uma interferência humana.

Desse modo, as principais modalidades turísticas presentes no espaço rural são:

– Agroturismo (AT) é a forma de turismo onde o turista além do contato com a vida rural interage diretamente com o dia a dia de uma fazenda agropecuária. As principais características são elementos pré-existentes do meio rural. Os atrativos turísticos do agroturismo são a forma de produzir os gêneros e matérias primas e de

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transformá-los artesanalmente ou de modo rudimentar e ainda a forma de cuidar/criar/tratar os animais. Nesta modalidade, o turista executa atividades participando da rotina do estabelecimento agrícola ou pecuário (Weissbach, 2011). O agroturismo ocorre simultaneamente ao desenvolvimento das diversas atividades agropecuárias cotidianas da propriedade rural.

Segundo Weissbach, 2011, um dos atrativos que garantem ao agroturismo um excepcional aumento da demanda turística diz respeito ao oferecimento de produtos agroecológicos, ou seja, produtos agrícolas sem o uso de pesticidas. A existência de uma produção agrícola pode gerar a vinculação de uma agroindústria, que também pode servir de atrativo turístico no agroturismo.

– Turismo Rural (TR) ocorre no espaço rural e apresenta uma forte ligação com a natureza histórica local. Aproveita os elementos que já existem no meio ou incorpora estruturas que sirvam para o turismo. Tem sua base na história e cultura local. Sua atratividade reside na consideração da identidade rural local e no caráter tradicional do meio rural. Os atrativos podem ser de ordem cultural (baseados nas construções socioeconômicas locais) ou de ordem natural (baseados na paisagem existente).

A OMT (Organização Mundial de Turismo) considera o turismo rural como uma modalidade que proporciona a experimentação de estilos de vida e de ambientes que se contraponham ao ambiente das cidades e que apresentam qualidade ambiental (OMT, 2003, p. 89).

No Brasil, o Ministério do Turismo conceitua turismo rural como “o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade” (MTUR/PNT, 2005).

O turismo rural para se manter precisa de alguns elementos essenciais que ficam a cargo diretamente do proprietário podendo também receber o apoio do poder público, como sendo um agente do turismo. Os principais elementos necessários para o desenvolvimento do turismo rural são: os acessos ao local que deve ser sinalizado e com condições de trafegabilidade, hospedagem adequada, a paisagem deve preservar tanto a imagem natural quanto humana, a gastronomia deve ser típica do local e o lazer também deve estar de acordo com o local.

Por sua vez, o Turismo Ecológico (TE), tem a pretensão da presença e do convívio direto com o ambiente natural. Pode ocorrer em ambientes com pouca interferência humana ou onde tenha uma maior interferência humana. O turismo

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ecológico também pode ser confundido com o ecoturismo, por possuírem características bastante semelhantes.

A EMBRATUR/IBAMA caracteriza o ecoturismo como:

(...) um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

Já o turismo ecológico é caracterizado como a prática em áreas naturais nativas, pouco alteradas ou já recuperadas, que utiliza o patrimônio natural de forma sustentável, incentivando a sua conservação, promovendo a formação de uma consciência ambientalista e garantindo o bem-estar das populações envolvidas.

Para Beni (2002, p.34), ecoturismo é o “deslocamento de pessoas para espaços naturais delimitados e protegidos pelo Estado ou controlados em parceria com associações locais e ONGs”.

Já para o mesmo autor o turismo ecológico é:

denominação dada ao deslocamento de pessoas para espaços naturais (...) motivadas pelo desejo/necessidade de fruição da natureza, observação passiva da flora, da fauna, da paisagem e dos aspectos cênicos do entorno. Neste sentido, pode também ser chamado de turismo de natureza, ou turismo verde (Beni, 2002, p. 33).

Ecoturismo prioriza a qualidade, o trabalho personalizado, flexível e de qualidade. Trata-se de um turismo para pequenos grupos, realizada de uma forma mais personalizada, e que atende aos estilos de vida que priorizam o homem e a natureza (Queiroz 2006). Conservar é proteger, usar racionalmente, preservar é a proteção total, é não utilizar nenhum recurso da natureza. O ecoturismo procura preservar e conservar a natureza é uma forma responsável que procura sempre evitar os impactos negativos em relação à natureza, procura proporcionar ao homem momentos de lazer, observação e contemplação das belíssimas paisagens naturais.

Para que o ecoturismo ocorra de forma correta e sustentável é necessário seguir algumas normas como:

. Estudo do Impacto Ambiental . Licenciamento Ambiental

. Zoneamento – Lei do Uso do Solo . Criação de Unidade de Conservação

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Conforme Queiroz (2006) devem ser aplicadas as técnicas de planejamento e ordenamento ambiental em uma área destinada à implantação de um projeto turístico, independentemente do porte e da magnitude da sua intervenção, porém, sempre o redimensionando para o ecoturismo.

1.4 Aspectos positivos e negativos da prática do turismo rural

O turismo hoje contribui com uma parcela de 10% no PIB mundial (dados apresentados pelo ministro do turismo Walfrido dos Moraes Guia, em 2003). Isto comprova o importante papel que o turismo vem exercendo na geração de novos empregos e no fortalecimento da economia.

Mas o turismo também apresenta pontos negativos como os custos de cunho cultural, social e o ambiental.

A visitação às localidades pode gerar renda e desenvolvimento, mas geralmente o turista ignora certos preceitos básicos de preservação que geram impactos bastante negativos no meio ambiente. É preciso muito estudo e reflexão sobre a sustentabilidade, perceber a relação sociedade e natureza, as questões ambientais e ecológicas e os projetos turísticos nas áreas rurais para que os impactos negativos não sejam tão agressivos. Para tanto é necessário planejar, colocar em pauta os interesses das comunidades, organizar discussões em relação aos custos e benefícios em nível econômico, social, ambiental e antrópico, para não deixar que se alastre a degradação e a perda de qualidade dos recursos naturais, para que os impactos socioambientais sejam mínimos.

Na Áustria e na Suíça, 20% dos agricultores recebem turistas; na Holanda e na Alemanha, 4% e na França, 2%. Na Irlanda, 20% dos pernoites turísticos ocorrem em casas de campesinos. Em Portugal, 30% dos turistas que viajam nas férias se deslocam para o interior, na Espanha o número é de aproximadamente 27%. Na Itália, diversas propriedades rurais oferecem pernoites e acompanhamentos nos processos de produção de queijo e vinho. Na Argentina, país vizinho, ao final da década de 60, quando do declínio da atividade pecuária, proprietários de estâncias descobriram que a abertura de suas propriedades a interessados em caça e pesca poderiam colaborar no incremento de renda. No Brasil os estados com maior

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destaque nessa atividade são: São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Estes principalmente dotados de belas praias e de imenso valor histórico, pois são os estados onde chegaram os primeiros colonizadores, então podemos encontrar diversas fazendas com construções antigas que remetem as décadas da era do café, das criações de gado, as fazendas de cana de açúcar, entre outras, que podem ser exploradas para o turismo, principalmente rural.

Para que o turismo possa acontecer é preciso entender as estruturas produtivas do campo que devem adaptar-se a ele e apresentar definições quanto ao tipo de exploração turística rural, estar preparada para receber o produto turístico, fazer as adaptações necessárias e definir as estratégias de marketing e comercialização.

O Ministério do Turismo considera como estratégia para esse fim:

– compatibilização da conservação e o desenvolvimento dos recursos turísticos; –criação de uma oferta de alojamento e recreação não concentradas e em pequenas escalas;

– contato com a natureza;

– organização e a gestão do turismo realizado pela população campesina.

Ou seja, é preciso muito planejamento para que o turismo aconteça de forma sustentável e correta, sempre tendo em vista o bom atendimento ao seu consumidor, o turista.

Para Beni (2001, p.428), o turismo rural apresenta características próprias, bem definidas, tendo suas origens em duas vertentes: uma internacional, já encampada no Brasil, onde o desenvolvimento da oferta de serviços no meio rural surge como alternativa de aumento de renda, agregação de valor à propriedade e fixação do homem ao campo, e uma segunda, residente naquelas propriedades não produtivas, com valor histórico-patrimonial e patrimonial, capazes de absorver uma demanda diferencial e inclui nesta vertente os modernos hotéis-fazenda e os acampamentos de férias.

Para BRAVO (2000), presidente da Associação Brasileira de Turismo Rural (ABRATUR) e para a EMBRATUR, o turismo pode ser definido como um conjunto de atividades turísticas praticadas no meio rural, comprometidas com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, no sentido de resgatar e de promover o patrimônio cultural e natural da comunidade.

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O turismo precisa ser conciliado com as atividades agropastoris e estar atento aos quatro pilares que o fundamentam: ser ecologicamente correto, ser economicamente viável, ser socialmente justo e ser verdadeiramente rural.

Além desses quatro pilares, existem outras características que são fundamentais e que devem ser observadas, como a propriedade em si e suas instalações que precisam ser adaptadas, porém tentando-se sempre manter o mais original possível, estar em harmonia com a comunidade local, com o meio ambiente e com a cultura regional, não deve ser massiva como ocorre no litoral, o atendimento ao turista deve ser familiar e pessoal, promover a fixação do homem no campo e sempre procurar resgatar a riqueza e as variedades da cultura do meio rural, promovendo agregação de valor aos produtos oriundos do campo.

Como já mencionado, o turismo traz muitos pontos positivos, mas também tem os pontos negativos, onde podemos destacar como principais a degradação de ambientes naturais, abandono das atividades tradicionais por parte da população local, substituição de tipologias tipicamente urbanas para o espaço rural, deterioração da cultura autóctone, aparecimento de tensões e animosidades entre vizinhos e turistas, e padronização dos modos de vida, perdendo-se o caráter rural e apropriando-se do das populações urbanas.

Segundo Swarbrooke (2000), o turismo rural pode ser chamado, efetivamente, de turismo rural sustentável quando for estimulador da compreensão sobre os impactos que poderá causar nos ambientes: natural, cultural e humano; quando for estimulador da justa distribuição de benefícios e custos, quando for o gerador de empregos locais –diretos e indiretos –, quando for estimulador de indústrias domésticas como: agroindústrias, hotéis e outros tipos de alojamentos, restaurantes e outros serviços, por exemplo, alimentação, sistemas de transporte, artesanato e serviços de guias locais de forma compatível com a sustentabilidade, quando diversificar a economia das áreas rurais, quando encorajar o uso produtivo de terras consideradas marginais para a agricultura, permitindo a conservação de grandes áreas com cobertura vegetal original e quando intensificar a autoestima das comunidades locais, oferecendo oportunidades de maior compreensão e comunicação entre a população rural e urbana.

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2. TURISMO RURAL EM PANAMBI

O turismo rural, já comum na Europa e em algumas regiões do sudeste do Brasil, apresenta-se como uma atividade secundária no Rio Grande do Sul. Trata-se de investigar como essa atividade é entendida e realizada no município de Panambi/RS, e quais as possibilidades para exploração desse tipo de turismo.

2.1 Contextualização de Panambi/RS

O município de Panambi localiza-se na região serrana do Planalto Médio Gaúcho, região Noroeste Colonial do Estado do Rio Grande do Sul, e situa-se a 365 quilômetros da capital. Sua altitude é de 418 metros acima do nível do mar. A topografia é acidentada. A bacia hidrográfica é composta pelos rios Palmeiras, ao norte; rio Fiúza, no centro da cidade; e rio Caxambu, ao sul, como pode também ser observado no mapa 2. Os três rios têm suas vertentes no leste, no município de Santa Bárbara do Sul, sendo seu curso no sentido leste-oeste. A partir da confluência do Rio Fiúza e Palmeiras, o curso fluvial recebe o nome de Rio Ijuí, e mais adiante, receba as águas do rio Caxambu. Delimita-se ao norte com Condor; ao sul, Pejuçara e Santa Bárbara do Sul; ao leste, Santa Bárbara do Sul; e a oeste com Ajuricaba e Bozano.

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Mapa 1: Localização do Município de Panambi no mapa do Rio Grande do Sul. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Panambi.

A agricultura mecanizada e um sólido parque industrial são suas bases econômicas. Desde a sua origem, já se estabeleceram empreendimentos diversificados e de grande porte, como Kepler Weber, Fockink, Saur, Faulhaber, Bruning (antiga Ernesto Rehn), entre outras, é conhecido como “Cidade das Máquinas”.

Geograficamente a sede encontra-se situada numa posição estratégica, entre os entroncamentos de duas das principais rodovias federais do Estado, as BR’s 158 e 285, que ligam o Estado de norte a sul e leste a oeste.

A região é caracterizada pelos campos serranos. As terras que hoje integram o município, outrora pertencentes à Cruz Alta, localizam-se entre cerros e vales de grande beleza. Anteriormente, essa era uma zona florestal, intermediada por áreas de campo.

A cidade está inserida na região fisiográfica denominada de Planalto Médio. A maior parte da região é ocupada pelo basalto, ocorrendo arenitos em maior extensão somente nos municípios de Júlio de Castilhos até Cruz Alta, onde os solos são bastante pobres.

Segundo o site da prefeitura Municipal de Panambi/RS, a área de interesse está contida, em sua totalidade, na província geológica e tectônica denominada Bacia do Paraná. A topografia do município é composta na sua maioria por Solos Litólicos eutróficos com horizonte A. São moderadamente ácidos e neutros, com altos valores da soma e saturação em bases e praticamente desprovidos de

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alumínio trocável. O horizonte A comumente é do tipo chernozêmico, com estrutura fraca pequena e médiagranular ou em blocos subangulares e textura média, com presença comum de cascalhos. Ocorrem sempre em associação com outros solos, tais como Cambissolo, Brunizém Avermelhado e Terra Roxa Estruturada. Apesar destes fatores limitantes, são intensamente utilizados com culturas bastante diversificadas, como soja, trigo, milho, feijão, frutíferas e outras. Este fato decorre principalmente das boas propriedades químicas destes solos e da estrutura de posse efetiva da terra da região.

O povoamento do município de Panambi acompanhou a sua própria formação vegetal: nas áreas de campo, predominaram as grandes estâncias pecuaristas e o povoamento luso-brasileiro, desde as primeiras décadas do século XIX; já nas áreas florestais, a pequena propriedade agrícola, e a colonização com colonos de origem alemã, no final do século XIX (Site Prefeitura Municipal de Panambi).

Tanto na área rural como na urbana, antes da colonização, as áreas de vegetação eram originalmente florestais, de campo e cerrados com uma forte limitação do terreno, normalmente ondulado ou montanhoso, com áreas de alta pedregosidade, e outras de coxilha, com terra vermelha.

O município de Panambi se representa e é representado, tanto na imprensa quanto na bibliografia em geral, como uma cidade alemã, cidade evangélica (luterana), cidade do trabalho e cidade do progresso (MICHELS, 2001). Nas últimas décadas, motivado pelo seu desenvolvimento industrial, adotou o cognome de

Cidade das Máquinas.2O crescimento de seu parque industrial, baseado na indústria metal-mecânica, conferiu-lhe o lugar de 3° Pólo Metal-Mecânico do Rio Grande do

Sul, sua credencial de apresentação atualmente. Essa singularidade em relação aos

demais municípios da região Noroeste Colonial está relacionada, em parte, à sua formação histórica, como uma colônia particular, fundada pela Empresa de

Colonização Dr. Herrmann Meyer, uma empresa estrangeira (NEUMANN, 2012).

Segundo Neumann (2000), a ocupação da região serrana gaúcha iniciou por volta de 1800, com a penetração de paulistas e lusos brasileiros, instalando seus

2

Panambi, uma palavra de origem tupi-guarani, significa mariposa/borboleta, ou literalmente, lepidóptero de hábitos noturnos. No final da década de 1940 e na década seguinte, levados pelo romantismo e pelo sentimento pós-Campanha de Nacionalização, procurou-se resignificar esse nome e buscou-se uma justificativa para a sua escolha, criando/inventando então a tradição de que na região havia muitas borboletas azuis, daí o cognome Vale das Borboletas Azuis.

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ranchos provisórios e legalizando as suas posses. É nesse período que se forma Cruz Alta.

Em 1822 com a abolição das sesmarias as terras passaram a ser concedidas mediante a emissão de títulos de posse.

A região hoje denominada Panambi teve como seus primeiros moradores Manoel José da Encarnação (1823) e João Luís Malheiros (1855) que já mantinham relações comerciais e sociais entre si e com a Vila de Cruz Alta, desenvolvendo um pequeno comércio com instalação de pequenas fábricas artesanais. O lugar onde hoje é o centro da cidade também possuindo uma sesmaria e um engenho de farinha de mandioca estava Francisco Manoel de Barros (Chico Saleiro).

Em 1880 já havia um grande povoamento no local, inclusive a construção de uma ferrovia, a Parada Belizário, inaugurada em 1897.

Em 1898 a Empresa de Colonização Herrmann Meyer fundou a colônia Neu-Württemberg, no então município de Cruz Alta, tendo como proprietário Herrmann Meyer e seu administrador e procurador Carlos Dhein e mais tarde Herrmann Faulhaber.

A instalação das colônias era vista com bons olhos, pois o terreno era extremamente apropriado para todos os tipos de cultura, além da possibilidade de exploração.

A Empresa de Colonização Dr. Herrmann Meyer instalou um projeto de colonização particular, com preços de terras bem acima da média regional. Comprava grandes extensões de terra para depois vender em forma de lotes coloniais de 25 hectares para colonos e imigrantes alemães.

Segundo Neumann (2012),

a colônia Neu-Württemberg, em Cruz Alta, situava-se próxima à via férrea facilitando assim a entrada de pessoas e mercadorias, e o escoamento da produção; e à sede do município, contando com mercado consumidor para os seus produtos. Considerando sua localização mais estratégica para os seus objetivos, Meyer concentrou todos os investimentos na colônia Neu-Württemberg, com ampliações sucessivas de sua área e obras de infraestrutura. Acreditava que o desenvolvimento rápido e exemplar dessa colônia serviria de base para a colonização das demais áreas de sua propriedade futuramente. Em Neu-Württemberg também estava o escritório central da Colonizadora.3

3

Além da colônia Neu-Württemberg, a empresa era proprietária das colônias Xingu, Erval Seco, Posse Boi Preto, situadas em Palmeira das Missões, e a Posse Castilhos, em Júlio de Castilhos.

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O povoamento teve início em 1898, com a chegada dos primeiros colonos. Superados os problemas administrativos a colônia começou a progredir, atraindo sempre mais colonos.

Em 1902, veio o pastor Hermann Faulhaber, da Alemanha. Juntamente com sua esposa Maria assumiram a Igreja Luterana, a escola (construída em 1903 pela Colonizadora) e a administração da colônia, a partir de 1908. Foi então nesta fase que a colonização se estruturou, com várias indústrias artesanais, formando um povoado.

Em 1916 foi criado o 8º Distrito do município de Cruz Alta, desmembrado do 4º Distrito de Santa Bárbara do Sul, que recebeu o nome oficial de Neu-Württemberg, com sede na vila Elsenau. Nome este sugestivo para atrair imigrantes suábio de Würtemberg, na Alemanha. Em 1901, a vila, e somente a vila, recebeu o nome de Elsenau, em homenagem a Sra. Else, esposa de Hermann Meyer. Elevado para distrito, o nome Neu-Württemberg foi preservado, enquanto Elsenau foi se diluindo.

Durante o Estado Novo, por ato do interventor federal no Rio Grande do Sul Cordeiro de Farias, pelo decreto número 7.199 de 31 de março de 1938, era Neu-Württemberg oficialmente elevada à categoria de Vila e o nome alterado para Nova Württemberg. No mesmo ano, pelo decreto Estadual número 7.589 de 29 de novembro, o mesmo foi alterado para Pindorama, palavra do linguajar tupi-guarani significa Terra das Palmeiras. Outro nome seria Tabapirã, em 1945, significando aldeia de telhados vermelhos, mas não há registro oficial dessa denominação. Em 29 de dezembro de 1944 o então interventor do Estado, Ernesto Dornelles expediu o Decreto-lei nº 720, dispondo sobre a alteração do nome Pindorama para Panambi, que significaria borboleta, daí o cognome “vale das borboletas azuis”.

Segundo Neumann (2000) o distrito de Panambi se emancipou em 15 de dezembro de 1954, após o segundo plebiscito, o qual foi antecedido por uma longa e turbulenta campanha. O movimento teve início em 08 de fevereiro de 1949, com a criação e o registro de comissão emancipacionista e a realização de um plebiscito, em 25 de setembro de 1949, onde venceu a oposição. O município foi instalado em 28 de fevereiro de 1955, quando também foi empossado o primeiro prefeito eleito, o engenheiro Walter Faulhaber, tendo como vice-prefeito Levino Lautert. Na fase inicial englobava a área que hoje é o município de Condor.

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2.2 Caracterização da área rural de Panambi/RS

O município de Panambi faz parte da Região Noroeste Colonial do Rio Grande do Sul. Essa região é composta pelos Coredes Noroeste Colonial, Fronteira Noroeste e Celeiro, num total de 52 municípios, abrangendo um total de 14.620 Km², e uma população de mais de 500.000 habitantes.

De acordo com Brum (1998, p.17),

A formação social que deu origem a atual sociedade da Região Noroeste é relativamente recente – remonta ao final do século dezenove – e dela participaram principalmente imigrantes europeus e seus descendentes, antecedidos por luso-brasileiros, mestiços (caboclos) e elementos de origem africana (escravos e libertos), que já haviam iniciado a ocupação aleatória do território desde o inicio do século XIX.

A vegetação original que existia na região condicionou de forma significativa a ocupação do território bem como sua formação social. O território do Rio Grande do Sul era originalmente recoberto por três formações vegetais básicas, que são as áreas de mata tropical e subtropical, áreas de campo nativo e as áreas de vegetação litorânea. Estas eram as características do território gaúcho antes da vinda dos imigrantes europeus. Para a nossa região Brum (1997, p.17) destaca: “uma área de mata tropical e subtropical nativa e variada, predominantemente e em lento processo de avanço, e áreas de campo, que formavam a retaguarda da extensa planície pastoril do pampa gaúcho, uruguaio e argentino que tem sua convergência no estuário do Rio da Prata”.

Em 1801, com a chegada dos militares e tropeiros foi se definindo a base econômica da região, voltada para as estâncias de gado, ocupando as vastas áreas de campo para o pastoreio do gado, já as áreas de mata, na época, não despertavam interesse.

Outro processo fundamental na ocupação do RS foi a dos caboclos, luso-brasileiros, mestiços e africanos, que por falta de condições acabavam ocupando as

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áreas próximas as matas, desenvolvendo a agricultura de subsistência e o cultivo da erva-mate, este que se tornou o segundo produto mais importante da economia regional no período.

Faltava apenas à região conhecida hoje como Região Noroeste Gaúcho ser ocupada pela colonização. Esta ocupação aconteceu através do interesse oficial do governo do estado, secundado pela iniciativa privada, atraindo europeus e descendentes de imigrantes oriundos das colônias velhas.

Este processo teve início em 1890, quando foi fundada a colônia Ijuhy, localizada no vale do rio que leva o mesmo nome. Houve então uma grande mudança, no processo de ocupação, onde a propriedade privada passou a ter um papel fundamental, através de uma colonização programada, planejada, acompanhada da criação de condições que garantissem a fixação efetiva das famílias e o sucesso econômico.

Segundo Gass (2010, p.69), o contexto que se criou a partir da bagagem étnico-cultural dos imigrantes, alicerçado nas condições naturais da região, criaram as condições necessárias para uma relativa prosperidade da mesma. Este aspecto, em conjunto com o elevado crescimento vegetativo da população, explica o grande número de municípios que foram criados na região. Ao mesmo tempo, na região de campo, em virtude das grandes propriedades pastoris e a estrutura político-administrativa praticamente não foram alteradas.

As famílias dos colonos eram grandes e as propriedades com o padrão de 25 hectares, originando os minifúndios, levando a uma exploração intensiva e o rápido esgotamento do solo, e o consequente declínio da agricultura tradicional. Assim sendo, na segunda metade do século XX chegava à falência o modelo agrícola tradicional, baseado na pequena propriedade rural e no uso da fertilidade natural do solo e da mão de obra familiar. Iniciou então o processo de modernização da agricultura, com a introdução da monocultura comercial de exportação, maquinários, fertilizantes e agrotóxicos. Consequentemente houve um crescente êxodo rural, somado à concentração de terras nas mãos de poucos agricultores, que conseguiram acompanhar esse processo, ou a redução ainda mais da área das propriedades.

O Plano Diretor Participativo do Desenvolvimento Municipal de Panambi (2008) divide o território do município em zona rural e zona urbana. A zona rural, segundo dados do IBGE de 2010, ocupa 92,50% da área total, enquanto a área

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urbana é de apenas 8,50%. A figura 1 apresenta o mapa de ordenamento físico-territorial do município de Panambi/RS.

No mapa podemos observar a demarcação das duas cascatas em áreas rurais do município, a cascata da imagem 2 está demarcada no mapa pelo nº2, no sentido leste do município, e a cascata da imagem 3 do texto está demarcada com o nº 1, mais ao norte do município, na divisa com o vizinho município de Condor. Ambas com grande valor turístico, bem como a rodovia BR 285 que atravessa todo município, facilitando o acesso do turista.

Outro ponto muito importante demarcado no mapa é a via férrea que está localizada na Linha Belizário, área rural do município de Panambi, esta teve papel fundamental para a indústria, comércio e a imigração no século IXX e XX.

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Mapa 2 – Município de Panambi/RS, Ordenamento Físico/territorial. Fonte: Lei do Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Municipal de Panambi, 2008.

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Segundo dados do IBGE (2010) a população total do município é de 38.058 habitantes, onde 3.496 (9,2%) residem na zona rural e 34.572 (90,8%) residem na zona urbana. No gráfico 1 podemos observar a distribuição da população do município de Panambi/RS. Podemos observar que a partir dos anos 50 houve um rápido crescimento da população urbana e consequentemente uma constante queda no índice populacional rural, até meados da década de 80.

Gráfico 1: População rural e urbana. Fonte: IBGE 2010.

Na década de 70 a população urbana teve um crescimento acentuado, passando de aproximadamente 5.899 habitantes para alem de 17.972 habitantes. De 1980 até aproximadamente o final do milênio (2000), a população rural manteve-se praticamente estável (4.319), ao passo que a urbana continuou crescendo consideravelmente, chegando a 28.291 habitantes, considerando que em 1960 era de apenas 5.000 habitantes.

Essa inversão da concentração populacional se explica, em primeiro lugar, pelo êxodo rural, já apontado acima, decorrente da modernização agrícola, e em segundo lugar, pela modernização e ampliação do parque industrial do município, que atraiu e empregou esse excedente populacional do meio rural.

A zona rural do município de Panambi/RS esta dividida em 31 localidades que são: Linha Entre Rios, Linha Assis Brasil, Linha Gramado, Linha Maranei, Linha Ocearu, Linha Jacicema, Linha Pinheirinho, Linha Boa Vista, Linha Encarnação, Linha Belizário, Linha Brasil, Linha Jaciandi, Linha Serrana, Linha Pavão, Linha Fiúza, Linha Caxambu, Linha Faxinal, Linha Timbará, Linha Inhame, Linha Iriapira I,

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Linha Iriapira II, Linha Rincão Frente, Linha Rincão Fundo, Linha Morengaba, Linha 15 de Novembro e Linha 7 de Setembro, também fazem parte da zona rural as áreas que se destinam ao uso florestal e agropecuário (PANAMBI, 2009).

A área rural do município está inserida numa região que se caracteriza pelo predomínio da agropecuária distribuída em minifúndios, favorecendo a diversificação das atividades e culturas.

Os estabelecimentos agropecuários no ano de 1985 com 50 hectares somam percentual de 87,5%, corresponde a 1067 unidades agropecuárias (IBGE, 1985).

No ano de 2000, o percentual de estabelecimentos agropecuários era de 87,7% correspondente a 1278 unidades agropecuárias (IBGE, 2000).

Conforme o Censo Agropecuário de 2006, no município de Panambi há 1030 unidades agropecuárias. O gráfico 2 traz dados referentes a Condição Legal do Produtor no município de Panambi.

Gráfico 2: Condição legal do produtor. Fonte: IBGE 2006.

Constata-se que 904 unidades são proprietários individuais, ocupando uma área correspondente a 30.065 hectares de terra; 36 unidades são condomínios, consórcios ou sociedade de pessoas, ocupando uma área de 6.748 hectares; 83 unidades estão constituídas em forma de cooperativa, correspondendo a 2.373 hectares; 5 unidades são caracterizadas por sociedade anônima, de 1.439 hectares e 2 unidades com outra situação, ocupando 45 hectares.

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