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A inserção de jovens no mercado de trabalho: a realidade de aprendizes do SENAI de Ijuí/RS

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

GEORGIA PEREIRA STROHER

A INSERÇÃO DE JOVENS NO MERCADO DE TRABALHO: A REALIDADE DE APRENDIZES DO SENAI DE IJUÍ/RS

IJUÍ 2015

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GEORGIA PEREIRA STROHER

A INSERÇÃO DE JOVENS NO MERCADO DE TRABALHO: A REALIDADE DE APRENDIZES DO SENAI DE IJUÍ/RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Serviço Social do Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais (DCJS), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientador: Prof. Dr. Walter Frantz

IJUÍ 2015

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GEORGIA PEREIRA STROHER

A INSERÇÃO DE JOVENS NO MERCADO DE TRABALHO: A REALIDADE DE APRENDIZES DO SENAI DE IJUÍ/RS.

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Serviço Social apresentado como requisito final para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

COMISSÃO EXAMINADORA:

_________________________________________ Prof. Dr. Walter Frantz (Orientador)

UNIJUÍ

_________________________________________ Profa. Dra. Solange dos Santos Silva.

UNIJUÍ

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Dedico este trabalho ao meu DEUS, aquele que me cuida, me dá forças e me fortalece.

Também a minha família e ao meu futuro marido, que são os bens mais valiosos que DEUS me concedeu.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS, pois durante o último semestre do curso fui diagnosticada com câncer, passei por exames e o processo cirúrgico para a retirada dos tumores. Foram momentos difíceis. Achei que tudo iria acabar, mas DEUS esteve ao meu lado me cuidando e mostrando que Ele é mais poderoso do que qualquer doença ou problema. A Ele dedico a minha vida e essa vitória!

À minha família, a qual tanto amo, meu irmão, avós e tios, que sempre acreditaram que eu venceria e se fizeram presentes em todos os momentos, me motivando. Agradeço especialmente aos meus pais, que me geraram e me deram suporte para eu buscar e alcançar meus sonhos, principalmente ao meu pai, que, desde criança, me impulsionou a estudar e sempre ser meu exemplo de esforço e dedicação.

À minha tia/irmã/amiga/colega, Amanda Franciele Pereira de Araújo que decidiu compartilhar junto comigo destes momentos acadêmicos, seguindo na mesma profissão. Obrigada por sempre me ajudar e estar presente em todos os momentos da minha vida, por ser sempre a minha companheira de todas as horas, e que me conhece como ninguém mais, te amo muito.

Ao meu futuro esposo, o homem que DEUS colocou na minha vida quando eu não esperava. Meu companheiro que está comigo nos dias de alegria ou nos dias de lutas, que me faz rir ou simplesmente me dá o ombro pra chorar, que me cuida e é meu porto seguro. Agradeço a DEUS por ter te encontrado, meu amor.

Aos meus amigos e especialmente a minha amiga/ irmã que adquiri no curso Géssica Neumann, a quem tenho muita admiração e é um exemplo de amiga. Obrigada por todos os dias que estava de licença médica, ter me ligado pra saber como estava e ter se disponibilizado para me ajudar com os trabalhos de aula, mesmo trabalhando o dia inteiro e tendo que viajar 4h todos os dias de ida e de volta de Crissiumal a Ijuí para estudar.

Aos mestres e professores que ensinaram a amar a profissão, que de uma forma ou outra contribuíram no ensino e aprendizagem, mas acima de tudo foram amigos. Ao meu orientador Walter Frantz, que aceitou o desafio e me motivou a não desistir diante das circunstâncias que estavam me prejudicando no processo de escrita do TCC.

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Agradeço a todos que de uma forma ou outra estiveram presente na minha vida, que oraram por mim e contribuíram para eu chegar até aqui. Muito obrigada! Amo a cada um de vocês!

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Sem trabalho eu não sou nada Não tenho dignidade Não sinto o meu valor Não tenho identidade Mas o que eu tenho É só um emprego E um salário miserável Eu tenho o meu ofício Que me cansa de verdade Tem gente que não tem nada E outros que tem mais do que precisam Música de Trabalho (Legião Urbana)

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RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Serviço Social tem como tema a inserção do jovem no mercado de trabalho na condição de aprendiz. Sendo que essa se constitui uma pesquisa documental, realizada a partir da coleta de dados no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do município de Ijuí/RS, onde foram analisados relatórios de alunos e professores do curso de auxiliar administrativo no SENAI no segundo semestre de 2014. Para desenvolver essa pesquisa se levou em consideração aspectos que dizem respeito a caráter qualitativo, como opiniões e ideias. A análise desses dados se fundamentou no método dialético crítico e as categorias historicidade, totalidade e contradição. A pesquisa tem como objetivo geral verificar como o programa jovem aprendiz tem contribuído na inserção de jovens no mercado de trabalho, a partir da realidade dos jovens aprendizes, que realizam o curso de auxiliar administrativo, no SENAI do município de Ijuí no segundo semestre de 2014. Os objetivos específicos da pesquisa buscam: verificar como se deu o processo de inserção no mercado de trabalho na condição de aprendiz, analisar os benefícios e os desafios gerados pela inserção desses jovens no mercado de trabalho na condição de aprendizes, identificar as perspectivas dos jovens, a partir do programa Jovem Aprendiz, e refletir sobre o Programa Jovem Aprendiz e as contribuições das instituições de qualificação profissional. A partir da pesquisa foi possível verificar que as maiores contribuições se referem a qualificação profissional e a experiência adquirira. Porém apesar das contribuições para a inserção de jovens no primeiro emprego e na qualificação profissional, esse tem gerado alguns desafios, sendo que é necessário avaliar o programa, assim como verificar o que tem que poderia ser melhorado.

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ABSTRACT

The following assignment of College Conclusion has as principal theme, the insertion of youth on the labor market under the condition of learner. This constitutes itself a documental research, made by data collection at the Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), located in the city of Ijuí/RS, where were analyzed reports of the students and teachers of the course of administrative clerk at SENAI on the second half of 2014. To develop this research, were taken in consideration some aspects about the quality of character, such as opinions and ideas. The analysis of this data was based on the critic dialect method and the categories historicity, totality and contradiction. The research has as general objective verify how the program Jovem Aprendiz has contributed on the insertion of youth on the labor market, based on the reality of the learners that participate the course of administrative clerk, at SENAI, in the city of Ijuí/RS, on the second half of 2014.The specific objectives of the research seek: verify how the process of insertion on the labor market in the condition of learner worked out, analyze the benefits and the challenges generated by the insertion of these youth on the labor market in the condition of learners, identify their perspectives, based on the program Jovem Aprendiz, and reflect about the program and the contributions of professional qualifying institutions. The research made it possible to verify that most contributions are about professional qualification and the experience gained. However despite these contributions to youth insertion on their first job and professional qualification, it has generated some challenges, making it necessary to evaluate the program, also find what needs to be improved.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10

1 O TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA ... 13

1.1 O QUE É TRABALHO ... 13

1.2 AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA ... 16

1.3 O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DA QUESTÃO SOCIAL ... 20

2 O ESTADO E O DIREITO AO TRABALHO ... 24

2.1 CONSTITUIÇÃO DE DIREITOS SOCIAIS ... 24

2.2 TRABALHO COMO DIREITO ... 27

2.3 OS JOVENS E ADOLESCENTES E A INTERVENÇÃO DO ESTADO ... 29

2.4 PROGRAMA JOVEM APRENDIZ ... 31

2.5 SENAI E O JOVEM APRENDIZ ... 33

2.6 SENAI: UMA INSTITUIÇÃO QUE QUALIFICA E ATENDE AS DEMANDAS DO MERCADO ... 35

3 ANÁLISE DOS DADOS COM OS APRENDIZES DO SENAI ... 37

3.1 DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA REALIDADE DOS JOVENS ... 37

3.2 AS CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS A PARTIR DO PROGRAMA JOVEM APRENDIZ ... 40

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 43

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INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como temática a “inserção do jovem no mercado de trabalho”, sendo essa uma problemática que preocupa muitos jovens na sociedade contemporânea. É perceptível, no nosso cotidiano, o aumento crescente dos desempregados ou dos que vivem do trabalho informal como consequência da diminuição dos postos de trabalho, em nossa sociedade, gerada pelo aumento da inserção de tecnologia.

É diante disso que se encontram os jovens, sendo que se apresentam várias realidades, que interferem diretamente na inserção no mercado de trabalho formal. Existem aqueles que estão se inserindo ou saindo de uma universidade e/ou curso técnico; os que estão ou saíram do Ensino Médio, ou os que desistiram de estudar, os que não possuem oportunidades, os excluídos, os que estão no mercado de trabalho informal, desde a infância, entre outros fatores.

É mediante a essas situações e realidades sociais que o Estado tem desenvolvido algumas políticas públicas e programas, oportunizando avanços e conquistas de direitos para o segmento dos jovens. Pode-se verificar como um programa de emprego a da inserção do jovem no mercado de trabalho na condição de aprendiz.

O programa de aprendizagem garante aos jovens de 14 a 24 anos direitos trabalhistas e previdenciários, um contrato especial ajustado e com prazo determinado, sendo esse não superior a dois anos. A condição de jovem aprendiz garante que esses jovens permaneçam frequentando a escola e, através de horários especiais, obtenham capacitação profissional com a inscrição em entidades qualificadas, não podendo ser atividade noturna.

Com base nisso, esta pesquisa abordará a inserção do jovem no mercado de trabalho, na condição de aprendiz, partindo da realidade de um grupo de três jovens, que estão realizando curso no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), como aprendizes dos Correios de Ijuí e Cruz Alta, a partir de uma seleção.

A pesquisa será orientada pelo método dialético crítico, sendo que através desse método procura superar a aparência dos fenômenos, objetivando chegar à essência através da compreensão das categorias historicidade, contradição e totalidade, pois assim deseja-se chegar ao conhecimento concreto da realidade,

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através da universalidade e singularidade (PAULO NETTO, 2009).

A metodologia, não é apenas descrição de métodos e técnicas que serão utilizados, e não é somente a fase de explorar, mas sim da escolha do espaço da pesquisa, do grupo pesquisado, dos critérios de amostragem, assim como a definição de instrumentos e procedimentos para a realização da análise dos dados. (MINAYO, 2002).

A pesquisa se constituirá do tipo qualitativo que leva em consideração aspectos que não podem ser quantificados, tais como opiniões, valores, entre outros. De acordo com Minayo (2002, p. 21-22), a pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.

Os dados empíricos específicos para minha pesquisa provêm de uma pesquisa documental, isto é, de arquivos e relatórios. Serão retiradas informações a partir de documentos fornecidos pela unidade de Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do município de Ijuí, formulados por professores e jovens que realizam curso de auxiliar administrativo a partir dos Correios.

O universo da pesquisa, conforme Marconi e Lakatos (2012, p. 27), é “o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum”. Neste projeto o universo da pesquisa se constituirá de jovens aprendizes que realizam curso no SENAI. A amostra será uma turma composta de três jovens e dois professores do Curso de Auxiliar Administrativo dos Correios. A amostra se constitui como “uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo” (MARCONI; LAKATOS, 2012, p. 27).

A escolha se deu a partir do trabalho que é realizado pelo SENAI, ofertando cursos de capacitação para jovens aprendizes, sendo que em Ijuí há várias turmas desses realizando cursos. A partir disso, foram escolhido os documentos produzidos por um grupo de três jovens aprendizes e de dois professores do curso de auxiliar administrativo tendo em vista maior aproximação com a realidade dos sujeitos, o qual contribui para realização da pesquisa e da coleta de dados.

A partir dos dados coletados, foi feita uma análise crítica a partir de referencial teórico do Serviço Social, assim como da legislação e autores que discutem a cerca da temática.

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A pesquisa estará resguardada pela ética, mantendo-se sigilo da identidade dos sujeitos envolvidos, para que eles não possam ser expostos a nenhum constrangimento, a partir do consentimento da instituição onde foi realizada a pesquisa, na qual foi desenvolvido um termo de comprometimento do pesquisador. O sigilo está prescrito no Código de Ética Profissional do Assistente Social (BRASIL, 1993), no artigo 15 do capitulo 5, que “Constitui direito do/a assistente social manter o sigilo profissional”.

O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro, abordar-se-á o que é trabalho, quais as mudanças evidenciadas na sociedade contemporânea, o trabalho do assistente social diante da questão social, assim como o reconhecimento do direito ao trabalho, enfatizando a Constituição Federal de 1988.

No segundo capítulo, aborda-se a constituição de políticas públicas no Brasil, os avanços do reconhecimento dos jovens e adolescentes como sujeitos de direitos e de responsabilidade do Estado, tendo como foco o programa jovem aprendiz e contextualizando o SENAI, o qual se constitui como uma das instituições responsáveis pela qualificação profissional na aprendizagem.

Já no terceiro e último capítulo serão analisados os dados a partir da pesquisa documental, trazendo contribuições em relação ao que o programa jovem aprendiz tem proporcionado na vida dos sujeitos, assim como os desafios, tentando trabalhar a realidade verificada dos jovens do SENAI.

A partir da pesquisa, será analisada a importância da pesquisa para o Serviço Social, trazendo dados históricos da profissão, assim como as novas ações e comprometimento político com a classe trabalhadora, diante do movimento de reconceituação da profissão.

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1 O TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA

Esse capítulo tem como objetivo fazer uma análise do que se constitui o trabalho e de como ele se transformou nas sociedades, enfatizando principalmente como ele tem sofrido alterações a partir da sociedade capitalista. Assim como trazer o surgimento do Serviço Social a partir do capitalismo, o qual tem como objeto de trabalho a questão social. Também busca mostrar o trabalho como direito social a partir da Constituição Federal de 1988 no Brasil, sendo que esse direito dá a efetivação de outros direitos sociais essenciais à vida.

1.1 O QUE É TRABALHO

A categoria trabalho tem centralidade na vida do homem, sendo essa discutida nas mais variadas áreas do conhecimento, como na sociologia, ciências sociais aplicadas, economia, entre outras. Mas afinal o que é trabalho?

Para Marx (1983, p. 149),

Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, medeia, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a Natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. [...] Mas, o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, portanto idealmente.

Ou seja, o trabalho é uma atividade própria do homem, em que o homem objetiva chegar a determinados resultados a partir de suas ações, uma atividade com um fim, em que esse se transforma, assim como transforma a natureza. Segundo Engels (1876, s.p.), “O trabalho é a condição básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem”.

O trabalho sempre teve sua importância relacionada a necessidades do homem, sendo essa uma forma de superá-las, pois “ele atende à necessidade primeira de toda sociabilidade: a produção dos meios de produção e de

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subsistência, sem os quais nenhuma vida social poderia existir” (LESSA, 2011, p. 142).

A história das sociedades é marcada por vários períodos, sendo que nesses o trabalho se constituía de formas diferenciadas. Porém, existe

A concepção de trabalho como fundador da sociabilidade humana [...] reconhecimento de que as relações sociais construídas pela humanidade, desde as mais antigas, sempre se assentam no trabalho como fundamento da própria reprodução da vida dado que, por meio de tal atividade, produziram os bens socialmente necessários a cada período da história humana. (GRANEMANN, s.d., p. 4).

Como algo em transformação, o trabalho alcançou os mais variados sentidos nos contextos históricos, sendo que na antiguidade o trabalho era como um fardo, destinado àqueles que haviam perdido a liberdade, ou seja, aos escravos. Já na tradição cristã, a partir da Reforma Protestante o trabalho era visto como um instrumento de salvação, a forma de fazer a vontade divina. Na Idade Média o trabalho alcançou seu sentido enquanto uma atividade autocriadora, utilizada para se alcançar determinados objetivos (WOLECK, 2002). Porém, contudo é a partir do século XVIII na Idade Moderna com a introdução do capitalismo e da Revolução Industrial na Inglaterra que houve bruscas transformações no sentido do trabalho, assim como na sociedade e nas relações sociais.

É no século XVIII que se deu a mudança na estrutura, e o surgimento de duas classes distintas, o proletariado e a burguesia. O proletariado são aqueles que vendem sua força de trabalho, e os burgueses os que possuem os meios de produção. A relação existente entre elas ocorre pela exploração do trabalho, gerando a desigualdade social, como fruto da apropriação da mais-valia pelos burgueses, sendo essa o tempo de trabalho não pago, o qual garante o lucro para os donos dos meios de produção.

O trabalho ocupa um lugar essencial na formação das sociedades modernas, não apenas do ponto de vista da produção de bens e serviços, mas como um elemento constitutivo de nossas subjetividades, identidades e vínculos sociais. O conteúdo do trabalho, bem como a institucionalidade que o regula, tem sido, ao longo do tempo, definidores da qualidade de vida de imensos contigentes humanos. Ocorre que aquilo que o trabalho foi, o que o trabalho é, e o que ele será, não decorre apenas de estratégias autorreguladoras e autônomas das atividades laborais. Ao examinar o trabalho, podemos ver nele a expressão das relações de poder, da normatividade legal, da cultura, dos valores cujas manifestações se

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modificam constantemente no tempo e no espaço. (COTANDA, 2011, p. 41).

Na sociedade moderna o trabalho e a força do trabalho ganham outras dimensões, sendo essa a única mercadoria que os proletários (trabalhadores) possuem para vender e garantir sua sobrevivência, e também é a garantia do lucro para os donos dos meios de produção.

Para sobreviver, o homem precisa produzir os seus meios de subsistência e, para isso, tem que dispor dos meios necessários à sua produção. Quando o trabalhador está desprovido dos meios de subsistência. À medida que estes se contrapõem ao trabalhador, como propriedade alheia monopolizados por uma parte da sociedade – a classe capitalista – não lhe resta outra alternativa senão vender parte de si mesmo em troca do valor equivalente aos meios necessários para sua subsistência e de sua família, expressos através da forma do salário. A condição histórica para o surgimento do capital e o pressuposto essencial para a transformação do dinheiro em capital é a existência no mercado da força de trabalho como mercadoria. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p. 45).

As mudanças no mundo do trabalho a partir do capitalismo deram origem a duas classes distintas, transformaram as relações sociais, mudaram as cidades, geraram o surgimento da questão social1, como fruto da relação desigual entre trabalhadores e donos do modo de produção. Sendo que

[...] por um lado, podemos considerar o trabalho como um momento fundante da vida humana‚ ponto de partida no processo de humanização, por outro lado, a sociedade capitalista o transformou em trabalho assalariado, alienado, fetichizado. O que era uma finalidade central do ser social converte-se em meio de subsistência. A força de trabalho torna-se uma mercadoria, ainda que especial, cuja finalidade é criar novas mercadorias e valorizar o capital. Converte-se em meio e não primeira necessidade de realização humana. (ANTUNES, 2008, p. 3).

O trabalho na sociedade capitalista se transformou de tal forma que o homem já não tem se encontrado nele, os trabalhadores não sabem mais o que estão criando e para que o trabalho tem contribuído, assim como não conseguem consumir e usufruir da mercadoria que produzem, entre outros fatores que tem feito o trabalho se tornar somente uma forma de o homem ganhar o salário que garantirá a sua subsistência e de sua família.

1 Conforme define Iamamoto (2001, p. 27) questão social é o “[...] conjunto das expressões da

sociedade capitalista madura que tem como raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade”.

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Nesse sentido, o trabalho como categoria fundante das condições humanas e apropriação do modo de produção capitalista, no próximo item será apresentado as transformações que ocorreram no mundo do trabalho através da sociedade capitalista.

1.2 AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA

A história da sociedade é marcada por grandes transformações. Porém, é com início da sociedade moderna com o advento do capitalismo que essas se deram de forma mais intensa e em curto período de tempo.

Como uma avalanche, o regime capitalista alterou tudo o que estava á sua volta, impondo a tessitura de uma nova rede de relações sociais, de um novo ritmo de vida e de trabalho. Revelou, desde logo, que suas influências não se restringem apenas ás relações comerciais ou a processo industrial: atingia isto sim, a sociedade como um todo (MARTINELLI, 2009, p. 69).

A partir do século XVIII, com a introdução do sistema capitalista e início da idade moderna, com a criação e implementação de máquinas nas indústrias na Inglaterra e com a expansão desse modo de produção, a sociedade presenciou fortes mudanças em todos os âmbitos, como cultural, social e econômico, atingindo os países de forma global.

Esse sistema, sobretudo trouxe consigo um novo modo de produção, o qual se baseia na exploração da mão de obra dos trabalhadores que vendem sua força de trabalho para os donos dos meios de produção, sendo que esses ficam com a mais-valia que é o tempo de trabalho não pago. Exemplo: Um trabalhador que trabalha oito horas diárias e produz dez blusas, irá só receber pela produção de cinco blusas em quatro horas, pois é esse o tempo necessário para a sua subsistência, sendo que o restante (mais valia) será apropriado pelos proprietários dos meios de produção. Esse modo de produção muito se alterou desde seu surgimento, pois

[...] Desde o inicio da era moderna podemos reconhecer os três estágios de desenvolvimento da tecnologia: O primeiro, da invenção da máquina a vapor, é a revolução tecnológica do século XVIII. O segundo estágio do desenvolvimento da tecnologia moderna, no século XIX, se caracteriza pelo uso da eletricidade, que ainda continua a determinar a fase atual do reino

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do artifício humano. A automação representa o estágio mais recente da evolução tecnológica: a invenção do computador, a Revolução Industrial do século XX, ou a terceira onda da Revolução Industrial. (ALBORNOZ, 1986, p. 22).

Assim como a tecnologia evoluiu e sofreu mudanças, o Estado e as relações de produção se transformaram para atender as demandas do capital, produzindo as crises da sociedade capitalista, a qual em muitos momentos gerou pressão da população que insatisfeita lutava por mudanças.

A gênese do capitalismo é marcada pelo liberalismo, sendo que:

O liberalismo econômico do sec. XVIII identifica o pensamento que teoriza a respeito da condução ordenava ou livre dos processos de produção e distribuição de riqueza, preferindo a segunda opção como a que viabilizará o progresso acelerado dos meios produtivos de bens sob a lógica da livre concorrência e não intervenção de poder estranho à própria ordem econômica (Estado). Esse é o liberalismo econômico de Smith, Ricardo, Malthus e Stuart Mill. O Estado liberal como Estado de Direito mirava uma outra dimensão: a do controle das condutas humanas para garantia da harmonia social.(MAIA, 2011, p. 33).

O modelo econômico liberal sofreu influência principalmente com as ideias de Adam Smith, o qual defendia que o enriquecimento da nação se dava através do trabalho e que a forma da livre concorrência iria gerar uma sociedade perfeita, pois na busca da obtenção do lucro máximo geraria um bem-estar coletivo. O Estado se dava de forma mínima. Porém, o que se via nesse período não era um bem-estar coletivo, era um bem-estar dos donos dos meios de produção, que estavam enriquecendo através da exploração da mão de obra da classe trabalhadora. Afinal nesse período se vivenciava novas problemáticas nas cidades e na vida dos trabalhadores, que adviram do modo de produção.

Essas problemáticas eram vistas e pregadas como sendo problemas do indivíduo e de sua moral e não como consequência do modo de produção capitalista, sendo que os trabalhadores se culpabilizavam por vivenciar aquela realidade. Mas com o aprofundamento na vida dos operários eles começaram a perceber que eram problemas da classe, e começaram a se unir para exigir mudanças.

Predominava a ideia liberal de Estado, sendo que esses não ofereciam nenhuma política social, pois segundo eles desenvolve a reprodução da miséria e, sobretudo desinteresse pelo trabalho, predominava a preposição de concorrência

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perfeita e de livre mercado. Acreditavam que o problema não era gerado pelo modo de produção, e sim culpa do indivíduo pela sua moral.

Mediante esses princípios defendidos pelos liberais e assumidos pelo Estado capitalista, o enfrentamento da questão social, neste período, foi sobretudo repressivo, e seguido de algumas mudanças reivindicadas pela classe trabalhadora que foram melhorias tímidas e parciais na vida dos trabalhadores, sem atingir as causas da questão social. (PIANA, 2009, p. 25).

Porém, diante do aumento de força do movimento operário, a crise de 1929, com o acontecimento da Revolução Russa que dividiu o mundo em socialista e capitalista colocando o capitalismo em perigo e em crise, e com uma superprodução, gerada pela falta de comprador, juntamente com o desemprego, redução de lucros foi necessário rever a política econômica, pois o Estado Liberal não conseguia mais manter a ordem. Então esse Estado passa por uma transição para o Estado de bem estar social (Walfare State).

O Estado de bem estar social, coloca uma roupagem nova no capitalismo, assumindo o interesse dos donos do meio de produção e os da classe trabalhadora, cedendo direitos sociais e desenvolvendo políticas sociais, assim como assumindo o controle da economia. Contudo, se permanece com os mesmos interesses de manter a forma de produção capitalista e garantir o crescimento econômico.

Durante o Estado de bem estar social,

Acontece que as duas guerras mundiais haviam devastado a Europa e o mundo estava cindido entre os pólos capitalista e socialista-soviético, contrariando o princípio de auto-equilíbrio e pleno emprego. O pós-guerra foi um período de tumulto econômico e social, provocado pela crise capitalista e pelos esforços de guerra, e que foi agravado com o retorno dos soldados, que mutilados ainda encontraram suas casas destruídas e não tinham perspectivas. (BATISTA, 2008, p. 40).

A partir da realidade vivenciada era necessário rever a forma de produção, sendo que como estratégia, surgiu o modo de produção taylorista/fordista.

[...] A estratégia taylorista/fordista de organização do processo produtivo implicava a produção em série e em massa para o consumo massivo, uma rígida divisão de tarefas entre executores e planejadores, o trabalho parcelar fragmentado e a constituição da figura do „operário massa‟. Essa base de organização do processo de trabalho, que teve a sua origem com Henry Ford na indústria automobilística, demarca o padrão industrial do pós-guerra, complementando com políticas anticíclicas levadas a efeito pelo

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Estado, impulsionadoras do crescimento econômico. (IAMAMOTO, 2001, p. 29-30).

A produção se transformou a partir da experiência de Henry Ford o qual padronizou a produção em série e com os métodos desenvolvidos por F. Taylor pode abastecer o consumo de massa. Com a produção em série, nas linhas de montagem o operário realizava repetidas ações e se tornava especialista de uma etapa do processo produtivo. Esse se submetia a uma determinada tarefa, na qual não conseguia enxergar o resultado final de sua produção.

No estado de bem estar social se tinha produção em massa, a divisão técnica do trabalho assim como se buscava produzir em menor tempo. Porém o estado de bem estar social entra em crise na segunda metade da década de 60, gerado pelo aumento do sindicalismo, desemprego, e assim, são necessários alguns reajustes para a volta do crescimento econômico.

Para sair da crise é efetivado o estado neoliberal, ou seja, um novo liberalismo econômico, no qual também ocorre a mudança do processo de produção, sob influência das experiências do Japão com o toyotismo. Sendo que, através desse

[...] Busca-se uma flexibilidade no processo de trabalho, em contrapartida à rigidez da linha de produção, da produção em massa e em série; uma flexibilidade do mercado de trabalho, que vem acompanhada da desregulamentação dos direitos do trabalho, de estratégias de informalização da contratação dos trabalhadores; uma flexibilidade dos produtos, pois as firmas hoje não produzem necessariamente em série, mas buscam atender as particularidades das demandas dos mercados consumidores e uma flexibilidade dos padrões de consumo. (IAMAMOTO, 2001, p. 31).

As transformações no Estado e no processo de produção nos últimos anos tem trazido drásticas consequências no mercado de trabalho de forma globalizada, com o desemprego e a flexibilização das leis trabalhistas, aqueles sem perspectiva de emprego, “acabam muitas vezes engrossando as fileiras dos trabalhos precários, dos desempregados, sem perspectivas de trabalho, dada a vigência da sociedade

do desemprego estrutural” (ANTUNES, GOMES, 2004, s.p.).

Vale ressaltar, que todas essas etapas do capitalismo atingiram a sociedade como um todo, sendo que em muitos países esse processo se deu em período e de forma diferenciada, como exemplo o Brasil, o qual teve capitalismo tardio, devido a

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passagem da escravidão à abolição, a independência e nosso atraso na implementação de máquinas nas indústrias.

Com a transição do liberalismo para o do bem estar social nos demais países, o Brasil inicia seu processo também de transformação no âmbito social de sua regulamentação de direitos sociais, gerando um estado desenvolvimentista, sendo muito mais paternalista, pois aqui podemos afirmar que nunca ocorreu um estado de bem estar absoluto. Sobre a influência de Vargas no poder, pós 1935, então é iniciado o processo de garantia de direitos, mas assumindo também aquele caráter de assistencialismo e com uma múltipla causalidade e funcionalidade, assumindo ao interesse das duas classes.

O neoliberalismo no Brasil ocorre com o declínio da Ditadura Militar, quando acontece o processo para a transição democrática, sendo que cada vez mais cresce o número de trabalhadores terceirizados, os desempregados e que vivem do trabalho informal, gerado pela flexibilização das leis trabalhistas.

É também com o capitalismo que nasce o Serviço Social, uma profissão que desde seu surgimento atua tendo como objeto de trabalho a questão social. Contudo, essa profissão tem em sua história momentos de grandes transformações e rupturas atendendo a interesses distintos conforme o contexto histórico vivenciado. Partindo disso é que será discutido no próximo item o trabalho do assistente social diante da questão social.

1.3 O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DA QUESTÃO SOCIAL

A gênese do Serviço Social está atrelada ao advento do capitalismo na Inglaterra e da indústria, a partir da realidade vivenciada pelos trabalhadores, causadas pela exploração e desigualdade, que deu o surgimento da questão social e suas expressões, gerando indignação e mobilização social desses para obter melhores condições de vida, pois sofriam cotidianamente com as novas problemáticas do modo de produção capitalista. Primeiramente essas mobilizações eram tratadas como caso de polícia, através da repressão, porém houve um grande aumento do poder de classe desses trabalhadores e das mobilizações sociais, sendo necessário encontrar outra forma que pudesse contê-los.

Diante dessa realidade como ação e estratégia do Estado juntamente com a burguesia e a Igreja, são demandadas as profissionais, damas da caridade, que dão

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início à profissão. As damas da caridade eram moças virgens, da burguesia, que passaram a intervir com a população com caráter filantrópico, e que acabavam culpabilizando os sujeitos pela sua condição de vida. Sendo que

O surgimento do Serviço Social no Brasil remonta aos primeiros anos da década de 30, como fruto da iniciativa particular de vários setores da burguesia, fortemente respaldados pela Igreja Católica, e tendo como referencial o Serviço Social europeu. Evidentemente não pode ser entendido como uma simples transposição de modelos ou mera incorporação de ideias, pois suas origens estão profundamente relacionadas com o complexo quadro histórico- conjuntural que caracterizava o país naquele momento. (MARTINELLI, 2009, p. 121-122).

Nesse período o Brasil vivenciava fortes transformações, com a incrementação da industrialização no país, a qual trouxe consigo como fruto dessa relação de antagonismo, a questão social, que gerou insatisfação e mobilização dos trabalhadores brasileiros. No Brasil o Estado seguiu as mesmas estratégias da Europa, primeiramente tratando como caso de polícia e posteriormente para conter o movimento operário, dando o surgimento do Serviço Social no país.

O Brasil sofreu fortes mudanças em sua história, assim como o Serviço Social, sendo que os marcos históricos da profissão se dá em quatro fases, segundo (YAZBECK apud PREUSS, 2012). A primeira no período entre 1930 a 1945 quando se dá o início da profissão no Brasil, com a implementação das primeiras escolas, tendo influência europeia, a segunda fase entre 1945 á 1958 que a profissão teve influência norte-americana, tendo como metodologia o Serviço Social de Caso e Grupo. A terceira ocorrendo no ano de 1958-1965 com o Serviço Social contribuindo para o processo de desenvolvimento, e o último e quarto período iniciado em 1965 e permanecendo até os dias atuais, com o Movimento de Reconceituação.

A profissão no período entre 1930 a 1965 é caracterizada pelo Serviço Social conservador, com caráter assistencialista, que via o indivíduo como problema, e buscava ajustar esse a sociedade, intervindo para se curar os males e tinha como linha teórica o positivismo/funcionalista. Sendo que em 1965 se iniciou o processo de ruptura do conservadorismo, no qual, diante da Ditadura Militar, a partir da aproximação da linha teórica marxista na Universidade, encontros, seminários, convenções, oficinas e congressos, os profissionais perceberam a necessidade de romper com o conservadorismo, dando início ao Movimento de Reconceituação, o

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qual é a “resposta a uma crise interna da profissão, aguçada por uma „crise‟ estrutural e conjuntural da realidade brasileira” (MARTINELLI, 2009, p.144).

O Movimento de Ruptura impôs aos assistentes sociais a necessidade de rompimento com o conservadorismo, que desencadeou a profissão, e trouxe como exigência à necessidade de construção de uma nova proposta de ação profissional (SILVA, 2002). É a partir desse movimento que o profissional muda a sua postura e ação profissional, e ganha como direção um projeto profissional, que tem como valores o reconhecimento da liberdade, autonomia, emancipação social, se vinculando a uma nova ordem social, sem exploração e dominação, a qual se expressa através do Código de Ética Profissional de 1993, Lei de Regulamentação da Profissão e Diretrizes Curriculares.

O assistente social tem o objeto de trabalho, a questão social e

É ela em suas múltiplas expressões, que provoca a necessidade da ação profissional junto à criança e ao adolescente, ao idoso, e situações de violência contra a mulher, a luta pela terra etc. Essas expressões da questão social são a matéria- prima ou o objeto do trabalho profissional. Pesquisar e conhecer a realidade é conhecer o próprio objeto de trabalho, junto ao qual se pretende induzir ou impulsionar um processo de mudanças. Nesta perspectiva, o conhecimento da realidade deixa de ser um mero pano de fundo para o exercício profissional, tornando-se condição do mesmo, do conhecimento do objeto junto ao qual incide a ação transformadora ou esse trabalho. (IAMAMOTO, 2001, p. 62).

É a partir dessa realidade que o profissional assistente social é demandado a atuar nas políticas, projetos e programas, assim como criá-los, nas quais busca através de suas ações atender as demandas da população, diante do conhecimento da realidade.

Como uma das populações atendidas pelos profissionais, estão os jovens e adolescentes, com as mais variadas problemáticas geradas pelo modo de produção capitalista, principalmente na questão da falta de educação e de incentivo a profissionalização e emprego, sendo necessário a partir do conhecimento da realidade do profissional buscar através de suas ações inseri-los nas políticas e programas, que possam efetivar o acesso aos direitos, referente à profissionalização e ao emprego, pois essas proporciona maior autonomia e emancipação humana. Portanto, é imprescindível que o profissional tenha conhecimento da realidade, assim como das políticas e programas, para garantir aos usuários acesso aos seus direitos, assim como ações que proporcionem a efetivação da autonomia e

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emancipação humana, que segundo o código de ética profissional do assistente social de 1993, é necessário que haja o

I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais;

II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo;

III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras;

IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida;

V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática. (BRASIL, 1993).

O profissional assistente social atua com a classe trabalhadora, objetivando através de suas ações que esses se reconheçam como sujeitos históricos e de direitos. Diante disso, é necessário que o profissional tenha conhecimento referente às leis, às políticas e aos programas, para que a população possa ter acesso. Sendo assim no próximo item será trabalhado o direito ao trabalho, o qual proporciona maior qualidade de vida, autonomia e emancipação humana.

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2 O ESTADO E O DIREITO AO TRABALHO

Esse capítulo aborda os direitos sociais como conquista da classe trabalhadora, sendo que a partir disso, o Estado passa a assumir responsabilidade por questões referentes à garantia do bem estar da população, como alimentação, saúde e trabalho. Diante dessa realidade, alguns segmentos da população sofrem mais diante da sociedade capitalista, como os jovens, sendo que com isso o Estado desenvolve políticas públicas, programas e projetos que consigam atender as demandas, como exemplo o Programa Jovem aprendiz que visa qualificar e inserir o jovem no mercado de trabalho.

2.1 CONSTITUIÇÃO DE DIREITOS SOCIAIS

A gênese dos direitos sociais está na luta da classe trabalhadora no enfrentamento à questão social e suas expressões, que se originaram da desigualdade e da exploração no modo de produção capitalista e da Revolução Industrial na Inglaterra e países do Ocidente.

Foram as lutas sociais que romperam o domínio privado nas relações entre capital e trabalho, extrapolando a questão social para a esfera pública, exigindo a interferência do Estado para o reconhecimento e a legalização de direitos e deveres dos sujeitos envolvidos.(IAMAMOTO, 2001, p.17).

Sendo assim, foi a partir do movimento social da classe trabalhadora, a qual estava colocando o capitalismo em risco, que responsabilizou o Estado através de direitos sociais para a efetivação de ações e políticas sociais que pudessem proporcionar melhor qualidade de vida e bem estar da população. Na Europa esses direitos surgiram no século XX, porém em países como o Brasil, com o capitalismo tardio, essa conquista é mais recente.

O Brasil sempre foi um país rico em matérias primas, e a partir do seu descobrimento se tornou colônia de Portugal, permanecendo até os anos de 1822, quando conquistou sua independência. Devido a isso, tem em sua história o atraso em relações a outros países como a Inglaterra, pois enquanto aqui se vivia da agro- exportação, já ocorria a Revolução Industrial e o incremento de máquinas no modo de produção em países do Ocidente.

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A vinda das máquinas no Brasil se deu no século XX, e gerou o aparecimento da questão social e suas expressões na realidade da classe trabalhadora brasileira, a qual desencadeou os movimentos sociais dos operários por melhores condições de vida. Porém como se já conhecia a realidade da Europa em que houve intensas lutas por direitos, o Estado brasileiro concedeu esses para que não houvesse maior fortalecimento e articulação da classe trabalhadora. Nesse sentido a Constituição de Leis Trabalhistas no governo de Getúlio Vargas foi um “golpe” no movimento de lutas pela superação do capitalismo.

Com a transição do Liberalismo para o do bem estar social nos demais países, o Brasil inicia seu processo também de transformação no âmbito social de sua regulamentação de direitos sociais, gerando um estado desenvolvimentista, sendo muito mais paternalista, pois aqui podemos afirmar que nunca houve um Estado de bem estar social. Sobre influência de Vargas no poder, pós 1935, então é iniciado o processo de garantia de direitos, mas assumindo também aquele caráter de assistencialismo e com uma múltipla causalidade e funcionalidade, assumindo ao interesse das duas classes.

A regulamentação das relações entre capital e trabalho foi a tônica do período, o que parece apontar uma estratégia legalista na tentativa de interferir autoritariamente, via legislação, para evitar conflito social. Toda legislação trabalhista criada na época embasava-se na ideia do pensamento liberal brasileiro, onde a intervenção estatal buscava a harmonia entre empregadores e empregados. (COUTO, 2006, p. 95).

Nesse período foram regulamentados os direitos trabalhistas, sendo estabelecido a jornada diária de trabalho de oito horas, a proibição de diferença de salário para o mesmo trabalho, a proibição de trabalhos para menores de 14 anos, repouso remunerado, férias remuneradas, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a criação da carteira de trabalho, direito à educação, entre outros.

Nesse período os direitos sociais estabelecidos eram garantidos somente para aqueles que contribuíam para a previdência, ou seja, tinham carteira assinada. Porém a grande parte dos trabalhadores da época eram vinculados ao trabalho rural, os quais eram desprotegidos. Diante disso muitos desses se deslocaram para os centros urbanos, em busca de melhores condições de vida (COUTO, 2006).

No período principalmente da Ditadura Militar no Brasil entre 1964-1985, é que se intensifica esse processo de desenvolvimento de políticas sociais, pois é um

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período marcado pela não democracia, sendo cedidos para a população direitos sociais, para manter sobre controle a população já que não havia direitos civis nesse período. Pois, a implementação e a expansão das políticas sociais foi uma forma do governo militar obter legitimidade em meio à censura, prisão e tortura (FALEIROS, 2000).

Com o início do declínio da Ditadura Militar no Brasil, se entra em processo para a transição democrática e para o neoliberalismo. O neoliberalismo vai trazer mudanças novamente para as políticas sociais, pois o Estado passa para o terceiro setor, o que é de sua competência, através das Organizações não Governamentais ONG‟S e Instituições Filantrópicas.

As décadas de 1980 e 1990 foram paradigmas e paradoxais no encaminhamento de uma nova configuração para o cenário político, econômico e social brasileiro. De um lado, desenvolveu-se um processo singular de reformas, no que se refere à ampliação do processo de

democracia – evidenciada pela transição dos governos militares para

governos civis – e à organização política e jurídica – especialmente

demonstrada no desenho da Constituição promulgada em 1988, considerada, pela maioria dos teóricos que a analisaram, como banalizadora da tentativa do estabelecimento de novas relações sociais no país. Por outro lado, efetivou-se um processo de grande recessão e contradições no campo econômico, onde ocorreram várias tentativas de minimizar os processos inflacionários e buscar a retomada do crescimento, tendo como eixo os princípios da macroeconomia expressa na centralidade da matriz econômica em detrimento da social. (COUTO, 2006, p. 139).

Como resultado das mobilizações sociais pós-período da Ditadura Militar, se deu consolidado a Constituição Federal de 1988, a qual é uma conquista no que se referem aos direitos. Porém, sofrendo influências do neoliberalismo em épocas de recessões, o Estado nos últimos anos tem criado políticas sociais seletivas e focalizadas, sendo que o tripé da seguridade tem sido estabelecido como sendo a saúde universal, a previdência a partir de contribuição e a assistência social, mediante comprovação de pobreza.

Também, a partir da realidade da população, as políticas sociais têm se fragmentado, sendo direcionadas para aqueles que, socialmente e historicamente, são excluídos do mercado e das relações sociais, sendo que o Estado tem intervido criando políticas sociais, estabelecendo projetos e programas para segmentos como crianças, jovens, adolescentes, idosos e mulheres.

Diante do exposto, observam-se grandes avanços das conquistas dos direitos, através da implementação de políticas sociais que são estratégias de

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enfrentamento das problemáticas oriundas de um sistema excludente e desigual. Portanto, no próximo item será discutido sobre a realidade dos jovens, os quais são socialmente excluídos na sociedade.

2.2 TRABALHO COMO DIREITO

A história das sociedades em todos os períodos é marcada pela divisão entre classes, sendo que para os da margem (excluídos) muitas vezes não existiam direitos ou esses foram violados. Os direitos se dividem em civis, políticos e sociais.

Os direitos civis se referem àqueles “direitos necessários à liberdade individual – liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e fé, o direito à propriedade e de concluir contratos válidos e o direito à justiça” (LIMA, 2004, p. 5). Os direitos civis tem o advento juntamente com o capitalismo no século XVIII, atendendo o interesse da burguesia de propriedade.

Os direitos políticos, “trata-se de direitos humanos e fundamentais que expressam o poder ou a faculdade de a pessoa participar, direta ou indiretamente (democracia representativa), do governo e da formação da vontade do estado de que é cidadã” (GOMES, 2010, p.103). Esse direito surgiu no século XIX, e é o direito que garante a participação da população nas decisões, de votar e ser votado.

Já os direitos sociais são uma conquista durante a Idade Moderna no século XX, com o surgimento e implementação do capitalismo nas sociedades, sendo que foram adquiridos pela classe trabalhadora, pois a questão social “sendo desigualdade também é rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem e se opõem” (IAMAMOTO, 1998, p. 28).

Diante do movimento operário por melhores condições de vida e de trabalho, para uma vida mais digna durante um período marcado pela desigualdade e exploração, e motivado pela crise, no âmbito do estado, ocorreral alterações para que o capitalismo não fosse abalado. Cedeu-se os direitos sociais. Os direitos sociais se referem aos direitos que promovem dignidade a vida do homem, como saúde, educação, alimentação, moradia, lazer, entre outros.

Dentre os direitos sociais está o direito ao trabalho, sendo esse um dos fundamentais, o qual foi estabelecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) no artigo 23 que:

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§1º Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a

condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

§2º Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração

por igual trabalho.

§3º Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e

satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

§4º Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar

para a proteção de seus interesses.

No Brasil a garantia do Direito ao Trabalho também se dá pela Constituição Federal de 1988, sendo que a efetivação desse direito social garante o acesso aos outros direitos referentes às necessidades básicas do homem.

A Constituição Federal do Brasil reiterou no artigo 6º que são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. Sendo que o mesmo estabelece a partir do direito ao trabalho, os direitos dos trabalhadores, a jornada de trabalho, os deveres, os vínculos empregatícios, salário, proteção, entre outros. Porém,

[...] assim, se, de um lado, a Constituição de 1988 foi pródiga em garantir as melhores condições de trabalho para o empregado brasileiro, por outro, sem desconhecer a realidade da competitividade internacional, admitiu a possibilidade da "flexibilização" de direitos como instrumento de adequação da norma à realidade fática em que se vive, de modo a implementar uma Justiça Social que, efetivamente, dê a cada um o que lhe pertence (MARTINS FILHO, 1999, s.p.).

Entendendo que a Constituição Cidadã foi uma conquista, também se deve analisar em que contexto ele está inserido, pois se dá em um período no Brasil que vive sob influência de ideias neoliberais, de flexibilização de leis, da terceirização dos deveres do Estado, sendo que o direito ao trabalho também sofre com essas medidas.

É diante desse contexto que pode-se observar que tivemos muitos avanços na garantia de direitos através das leis em relação ao direito ao trabalho, contudo se vê a falta de efetivação dessas na vida de muitos trabalhadores que não conseguem emprego, daqueles que trabalham de forma terceirizada sem a garantia de leis trabalhistas, os explorados, os que não recebem um salário digno para atender as necessidades básicas do homem, os jovens que não conseguem se inserir em um emprego, por não possuir qualificação profissional ou experiência.

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2.3 OS JOVENS E ADOLESCENTES E A INTERVENÇÃO DO ESTADO

Durante alguns períodos da história, os jovens e adolescentes foram sujeitos não reconhecidos como cidadãos de direitos e de proteção do Estado. Porém no ano de 1988 com a Constituição Federal e no ano de 1990 com o Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil houve um avanço para os adolescentes, com o reconhecimento de adolescentes de 12 a 18 anos como sujeitos de direitos e de responsabilidade de vários atores sociais, sendo que

[...] é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).

Porém, a legislação também estabeleceu com a criação do Estatuto da Juventude em 2013 os direitos para os jovens, que os jovens são aqueles que possuem idade entre 15 a 29 anos, não havendo diferenciação entre juventude e adolescência, para aqueles que possuem idade entre 15 a 18 anos perante a lei.

Falar em juventude é movimentar-se em um campo ambíguo de conceituação. A juventude se constitui enquanto categoria social, no que tange a definição de um intervalo entre a infância e a vida adulta, apenas no final do século XIX, ganhando contornos mais nítidos no início do século XX. A juventude é uma invenção moderna, sendo, desse modo, tecida em um terreno de constantes transformações. (DIÓGENES, 1998, p. 93).

A juventude e a adolescência durante a história não eram reconhecidas como uma fase da vida humana, sendo que isso foi considerado a partir da idade moderna. Porém, são vistas socialmente como uma fase de transformações e também analisada com grandes paradigmas, pois muitos veem a juventude como um “momento de crise, uma fase difícil, dominada por conflitos com a autoestima e/ou com a personalidade” (DAYRELL, 2003, p. 41).

Além de ter aqueles que associam a juventude, como uma fase de inconsequência dos atos, de irresponsabilidades, e outros estereótipos, os quais cotidianamente o jovem tem que enfrentar. É diante disso que surgem muitas problemáticas para esse segmento, como o desemprego e a dificuldade de se inserir no mercado de trabalho.

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A inserção produtiva dos jovens é um dos grandes desafios da política de emprego. Trata-se de um público que enfrenta maiores dificuldades, fruto principalmente da baixa experiência. Assim, essa é uma faixa muito vulnerável à situação de desemprego e de desemprego em longo prazo, sendo objeto de políticas específicas em muitos países. O Brasil vem contemplando recentemente a necessidade de políticas especiais para o público jovem, tendo sido inclusive criada uma Secretaria da Juventude. Dentro das várias áreas contempladas, a área de trabalho e emprego tem importância essencial dentro do objetivo de promover a melhor inserção do jovem e fortalecer as condições de ascensão social. Para esse objetivo, políticas direcionadas particularmente para os jovens ganharam importância a partir de 2003, sendo reforçadas nos anos seguintes. (GUIMARÃES; ALMEIDA, 2012, p. 2).

O segmento jovem tem em sua vida várias carências, necessitando da intervenção do Estado para atender suas demandas, que garantam o seu bem estar, como a educação de qualidade, saúde, cultura, esporte, lazer, profissionalização e emprego. Tratando-se da questão do emprego, é perceptível a dificuldade de muitos jovens se inserirem no mercado de trabalho, diante de uma sociedade, marcada pela exclusão e que tem como exigência experiência, qualificação, e muitas habilidades, sendo que diante da realidade de desemprego, e início da idade produtiva, a juventude se sente pressionada a arrumar um emprego e acabam se submetendo a trabalhos informais e aos “bicos” para garantir sua renda e sua autonomia.

É diante dessa realidade de exclusão que a juventude na história tem participado e se mobilizado para exigir a consolidação e efetivação de seus direitos, os quais pressionam o Estado para colocar em sua agenda ações que atendam as suas demandas. Com isso, podemos verificar muitos avanços em relação às conquistas, nos últimos anos no Brasil, a partir da legislação vigente, onde o Estado passa a ter responsabilidade social. criando órgãos para a efetivação de direitos referente aos adolescentes e a juventude, assim como políticas públicas capazes de atender as demandas impostas a esses. Porém, há ainda uma grande distância daquilo que está garantido nas leis, e aquilo que tem se efetivado, pois as ações do Estado ainda são muitos restritas em relação ao segmento jovem, e há ainda muitas falhas nas políticas que não têm atendido a realidade dessa população.

Diante disso, é necessário que se desenvolvam estudos e pesquisas acerca dessas políticas e como essas tem se efetivado na vida dos sujeitos, a fim de verificar as falhas e as necessidades de melhorias nas ações do Estado, assim como o que pode ser feito.

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2.4 PROGRAMA JOVEM APRENDIZ

Como visto anteriormente durante a história houve grandes avanços em relação aos direitos de jovens e adolescentes, sendo que um desses é a idade para poder trabalhar, pois durante o surgimento e consolidação do capitalismo, era utilizada a mão de obra de crianças na indústria, a qual garantia maior obtenção da mais valia para os burgueses, já que era mão de obra barata. Porém, o trabalho infantil traz consigo grandes malefícios para esse segmento, em relação à integridade física, risco a saúde, a evasão escolar, entre outros.

Diante disso, o Estado através da legislação definiu que “É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos” (BRASIL, 2000), a fim de preservar e proteger as crianças e adolescentes de trabalhos que lhe prejudique.

A condição de aprendiz garante aos adolescentes e jovens de 14 a 24 anos, direitos trabalhistas e previdenciários, um contrato especial ajustado e com prazo determinado não superior a dois anos. Sendo que o

Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. (BRASIL, 2005).

A condição de jovem aprendiz garantirá ao adolescente que ele permaneça frequentando a escola, horários especiais, não podendo ser noturno e capacitação profissional com a inscrição do adolescente a entidades qualificadas.

A formação técnico-profissional de adolescentes e jovens amplia as possibilidades de inserção no mercado de trabalho e torna mais promissor o futuro da nova geração. O empresário, por sua vez, além de cumprir sua função social, contribuirá para a formação de um profissional mais capacitado para as atuais exigências do mercado de trabalho e com visão mais ampla da própria sociedade. Mais que uma obrigação legal, portanto, a aprendizagem é uma ação de responsabilidade social e um importante fator de promoção da cidadania, redundando, em última análise, numa melhor produtividade. (TEM et al, 2009, p. 9).

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A inserção do adolescente no mercado de trabalho na condição de aprendiz faz com que ele adquira novas habilidades, capacitação profissional e experiência profissional para os futuros egressos no mercado de trabalho.

A lei que regulamenta a aprendizagem já teve alguns avanços, como ao aumentar a idade à quem o programa se destina, pois ele era apenas para os “menores” de idade, conforme a legislação. Contudo é

Importante salientar que o termo „menor aprendiz‟ não é mais utilizado, face às alterações promovidas pela Lei nº 11.180/2005, que mudou a idade máxima para 24 anos, e não mais 18, sendo mais adequado a utilização do termo „aprendiz‟, tão somente (PEREIRA, 2011, s.p.).

O termo menor, que era utilizado para designar crianças e adolescentes, também se encontra em desuso, pois ele estabelece caráter pejorativo a esse segmento, trazendo o caráter de exclusão e retrocesso às garantias de direitos, ao ressaltar e remeter ao antigo Código de Menores.

Através da legislação o Estado responsabilizou a indústria de médio e grande porte para a inserção de 5% à 15% de sua equipe profissional, aprendizes de 14 a 24 anos, garantindo à esses a inscrição em instituições qualificadoras e a experiência profissional. Com isso, o aprendiz tem em sua carga horária atividades práticas e teóricas, sendo que para executar as atividades teóricas, considera-se como instituições qualificadas as seguintes instituições:

a) Os Serviços Nacionais de Aprendizagem:

1. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); 2. Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC); 3. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR);

4. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT); e 5. Serviço Nacional de Cooperativismo (SESCOOP). (BRASIL, 2005).

Porém, o jovem aprendiz tem o dever de obter um bom desempenho na instituição qualificadora, assim como bom desempenho escolar, frequência na escola, e terá seu contrato extinguido mediante desempenho insuficiente ou inadaptação, falta disciplinar grave, ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo e a pedido do aprendiz (BRASIL, 2000).

Entendendo a importância da aprendizagem e sobretudo da qualificação proporcionada através desse, é necessário conhecer um pouco também da

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instituição qualificadora, na qual o jovem realiza curso, a qual será abordada no próximo subtítulo referente ao SENAI.

2.5 SENAI E O JOVEM APRENDIZ

As transformações geradas pelo capitalismo na sociedade, fez com que no mundo do trabalho surgisse a competição de mercado e a necessidade de as empresas se inovarem e qualificarem para garantir maior produtividade. Sendo assim, os países perceberam a necessidade de encontrar ações que pudessem garantir o crescimento econômico.

No Brasil diante dessa realidade, nos anos de 1942, durante a presidência de Getulio Vargas foi criado o SENAI, o qual tinha como objetivo o crescimento da indústria brasileira, pois no mercado se verificou que necessitava de mão de obra qualificada e preparada para a indústria brasileira. O SENAI surgiu tendo a sua importância interligada na capacitação de pessoas para o mercado de trabalho, como também para o crescimento das indústrias e da economia. Ele foi criado

[...] Com a incumbência de organizar e administrar nacionalmente escolas de aprendizagem para os industriários. Essa instituição surge através de um Decreto- lei Federal, que atribui a uma entidade de classes, a Confederação Nacional da Indústria, a função de geri-la. Será um grande empreendimento

de qualificação da Força de Trabalho – especialmente a juvenil.

(IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p. 268).

Considerando as condições do modo de produção capitalista, percebe-se que o capital usa das ações do Estado para se beneficiar. Por isso, é perceptível que o Estado, ao atender os interesses dos donos das industriais brasileiras (burguesia), acaba intervindo, à exploração da classe trabalhadora. Dessa maneira, frente à pressão dos burgueses e com o interesse de aumentar e melhorar o crescimento econômico, o Estado passa a assumir e a se responsabilizar com a educação profissional da população para melhorar e crescer a industrialização.

O SENAI então é criado com o objetivo de organizar e contribuir na industrialização, ou seja, cria-se o SENAI para qualificar o trabalho, através da integralidade entre pratica e teoria, tendo como foco principalmente os jovens. Nesse sentido,

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