DA EXTINÇÃO
DOS CONTRATOS
Os contratos se extinguem normalmente por
sua execução voluntária. O cumprimento é o fim normal do contrato. Os contratos em
geral têm um ciclo: nascem do acordo de vontades, produzem os efeitos que lhes são próprios e extinguem-se.
A extinção dá-se , em regra, pela execução,
seja instantânea, diferida ou continuada. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor.
Algumas vezes o contrato extingue-se antes
de ter alcançado o seu fim, ou seja, sem que as obrigações tenham sido cumpridas
Defeitos decorrentes do não preenchimento
de seus REQUISITOS SUBJETIVOS (capacidade das partes e livre consentimento), de seus REQUISITOS OBJETIVOS (objeto lícito e
possível) e de seus REQUISITOS FORMAIS (forma prescrita em lei), que afetam a validade do negócio. Em conseqüência,
acarreta a nulidade absoluta ou a nulidade relativa.
Decorre de transgressão a um preceito de
ordem pública, e impede que o contrato produza efeitos desde a sua formação (ex
Advém de imperfeição da vontade. Ela ou é
emanada de um relativamente incapaz não assistido ou então contém algum dos vícios de consentimento (erro, dolo, coação,
fraude, lesão).
Como pode ser sanada, e até mesmo não
argüida no prazo prescricional, não
extinguirá o contrato enquanto não se
ajuizar uma ação que a decrete, sendo ex
Pode ser EXPRESSA quando convencionada
para a hipótese de inadimplemento, ou TÁCITA.
Em todo contrato bilateral há uma cláusula
resolutiva TÁCITA, autorizando o lesado pelo inadimplemento a pleitear a resolução do
contrato com perdas e danos (arts. 474 e 475 NCC, art. 53 CDC).
Quando expressamente previsto no contrato,
autoriza qualquer das partes a rescindir o ajuste mediante declaração unilateral da
vontade, sujeitando-se à perda do sinal (art. 420).
1. resolução = como conseqüência de seu
inadimplemento voluntário, involuntário ou por onerosidade excessiva
2. resilição = pela vontade de um ou de ambos
os contratantes
3. morte de um dos contratantes = contratos
intuitu personae;
4. rescisão = modo específico de extinção de
“É o remédio concedido à parte para
romper o vínculo contratual mediante
ação judicial”
tem
como
origem
o
inadimplemento contratual de um
contraente.
RESOLUÇÃO POR
INADIMPLEMENTO VOLUNTÁRIO
decorre de comportamento culposo de
um dos contratantes, com prejuízo ao
outro.
tem efeito ex tunc, extinguindo o que foi
executado e obrigando a restituições
recíprocas, sujeitando o inadimplente ao
pagamento de perdas e danos, salvo se
for de trato sucessivo, pois aqui o efeito é
TODAVIA, o entendimento legal,
doutrinário
e
jurisprudencial
vem
admitindo
que
o
adimplemento
substancial
impede
a
extinção
contratual por resolução.
Exemplo:
1.COMPRA E VENDA COM RESERVA
DE DOMÍNIO – pagamento de 40% (art.
1071 – CPC)
2.Locador que paga parte da locação sob
a aceitação do locador.
Art. 476 CC
em contratos bilaterais = onde há reciprocidade de prestações, onde as partes são simultaneamente credoras e devedoras. além de recíproca, para se valer dessa
defesa, as prestações devem ser simultâneas no momento da exigibilidade. Não aplicada em prestações sucessivas.
paralisa a ação judicial = não há necessidade de debater o mérito, nem a negativa da obrigação, apenas contesta a sua exigibilidade.
o inadimplemento deve ser substancial, pois o mero não gera a exceção do inadimplemento do outro.
P.ex. = negativa de prestações da compra, ao
fundamento de que o vendedor não entregou o documento da coisa ou manual de uso da mesma.
Garantia de execução da obrigação a prazo
•
Ainda
como
conseqüência
da
reciprocidade das prestações existente
nos contratos bilaterais, o art.477 CCB
prevê uma garantia de execução da
obrigação a prazo:
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
Procura acautelar os interesses do que deve
pagar em primeiro lugar, protegendo-o contra alterações da situação patrimonial do outro contratante.
Exemplo:
Vendedor que não entrega a mercadoria vendida, se algum fato superveniente à celebração do contrato acarretar diminuição considerável no patrimônio do comprador, capaz de tornar duvidoso o posterior adimplemento de sua parte na avença, podendo aquele, neste caso, reclamar o preço de imediato ou exigir garantia suficiente.
decorre de fato não imputável às partes,
impossibilitando o cumprimento da
obrigação, p.ex., em ações de terceiro
ou acontecimentos inevitáveis, alheios à
vontade dos contratantes, denominados
Deve ser OBJETIVA, ou seja, não concernir a própria pessoa do devedor, pois deixa de ser involuntária se de alguma forma este concorre para que a prestação de torne impossível:
“Prestação de serviços. Inadimplemento contratual. Força maior alegada pelo devedor, consubstanciada em greve de seus empregados. Descaracterização. Fato a ele próprio atribuível. Exoneração de responsabilidade pelo descumprimento do contrato somente quando levada a efeito por terceiros estranhos ao devedor e impediente de sua atuação, entendida, então, como fato necessário, inevitável e irresistível. Impossibilidade de se considerar seus prepostos como terceiros em relação ao credor” (RT, 642/184)
Deve ser TOTAL, pois se a inexecução for
parcial e de pequena proporção, o credor
pode ter interesse em que, mesmo assim, o
contrato seja cumprido.
Há de ser, ainda, DEFINITIVA, ou seja, a
impossibilidade temporária acarreta apenas
a suspensão do contrato, p.ex., contrato de
prestação de serviços de aração de terra,
interrompido pela chuva passageira.
Neste caso, o inadimplente não fica responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a ressarcir os “prejuízos resultantes de caso
fortuito ou força maior”, ou estiver “em mora” (arts 393 e 399, CCB), porém fica
obrigado a restituir o que recebeu (efeito ex
tunc)
A resolução opera de pleno direito = sentença judicial meramente declaratória.
Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva = decorrentes da modificação do negócio jurídico, posterior à pactuação, com quebra insuportável da equivalência das prestações.
Presente nos contratos comutativos, de trato sucessivo e execução diferida.
• Rebus sic stantibus = consiste basicamente em presumir, nesses contratos, a existência implícita de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato.
• Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários, que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente.
No direito brasileiro, há dois
requisitos para a aplicação dessa
resolução: fato EXCESSIVAMENTE
ONEROSO, EXTRAORDINÁRIO E
IMPREVISÍVEL
(teoria
da
CC - art. 478. Nos contratos de
execução continuada ou diferida, se a
prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos
extraordinários
e
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à
data da citação.
Requisitos para a resolução do contrato
por onerosidade excessiva:
1. Vigência de um contrato comutativo de execução diferida ou de trato sucessivo;
2. Ocorrência de fato extraordinário e imprevisível;
3. Considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração;
4. Nexo causal entre o evento superveniente e a conseqüente excessiva onerosidade.
CCB - art. 479. A resolução poderá ser
evitada, oferecendo-se o réu a modificar
eqüitativamente as condições do contrato.
Presentes os pressupostos exigidos no
art. 478, a parte lesada pode pleitear a
resolução do contrato.
Permite, todavia, o art. 479 supratranscrito
que a parte contrária possa, considerando
que lhe é mais vantajoso manter o
contrato, restabelecendo o seu equilíbrio
econômico, oferecer-se para modificar
eqüitativamente as suas condições.
• não deriva de inadimplemento
contratual, mas unicamente da
manifestação de vontade, que
pode ser bilateral ou unilateral.
• Emprega-se
também
o
É o distrato.
As próprias partes deliberam dissolvê-lo,
CC - art. 472. O distrato faz-se
pela mesma forma exigida para
o contrato.
CAIO MÁRIO: é a declaração de
vontade das partes contratantes, no
sentido oposto ao que havia gerado o
vínculo.
Qualquer contrato pode cessar pelo
distrato.
Porém, é necessário que os efeitos não
estejam exauridos, pois contrato extinto
não precisa ser dissolvido. Se já
produziu algum efeito, o acordo para
extingui-lo não é o distrato, mas outro
contrato que modifica a relação.
Pode ocorrer somente em determinados
contratos, pois a regra é a impossibilidade de um contratante romper o vínculo contratual por sua exclusiva vontade.
Um exemplo é uma execução continuada
cujo contrato seja por prazo indeterminado (qualquer uma das partes pode romper).
Outro exemplo é o mandato (que pode ser
CCB - art. 473. A resilição unilateral, nos casos
em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.