Espa¸cos de Banach
1.1 Espa¸cos Normados
Defini¸c˜ao 1.1. Seja X um espa¸co vetorial sobreK�K=�ouK=R). Uma semi-norma em X ´e uma aplica¸c˜ao p:X→ [0,+∞[que satisfaz as seguintes propriedades:
�N1) p�λx) = |λ| ·p�x), ∀x∈X,∀λ∈K;
�N2)�Desigualdade triangular) p�x+y)≤p�x) +p�y), ∀x,y ∈X.
Se p satisfaz a propriedade adicional
�N0) p�x) =0⇒ x=0,
p ´e dita uma norma em X e neste caso ´e usual escrever�x�no lugar de p�x).
Observe que sep´e uma semi-norma emXent˜ao segue imediatamente de�N1)que p�0) = 0. De fato, p�0) = p�0·0) = 0·p�0) = 0 (note que estamos usando o mesmo s´ımbolo “0” para denotar tanto o elementro neutro de K quanto o de X). Assim, p ser´a uma norma se o ´unico vetorx ∈ Xcom p�x) = 0 ´e o vetor nulo. Estaremos mais interessados nas normas, embora as semi-normas aparecer˜ao em alguns momentos.
Um espac¸o normado ´e um espac¸o vetorial sobre K munido de uma norma. Ve- jamos alguns exemplos.
Exemplo 1.2. O corpo K (visto como espac¸o vetorial sobre si pr ´oprio) ´e um espac¸o normado se o equiparmos com a norma�λ�=|λ|.
1
Mais geralmente, Kp ´e um espac¸o normado, pois sabemos de cursos anteriores que �x� = �|x�1)|2+|x�2)|2+· · ·+|x�p)|2�
1
2, onde x = �x�1),x�2), . . . ,x�p)), ´e uma norma em Kp. ´E f´acil verificar que �x�1 = |x�1)|+|x�2)|+· · ·+|x�p)| e �x�∞ = max{|x�1)|,|x�2)|, . . . ,|x�p)|}tamb´em s˜ao normas emKp. As duas ´ultimas normas s˜ao mais f´aceis de se trabalhar e equivalentes `a primeira (num sentido que precisaremos mais adiante).
Para o pr ´oximo exemplo, lembramos que se A ´e um espac¸o topol ´ogico e f uma func¸˜ao f : A→ K, ent˜ao f ´e cont´ınua ema ∈ Ase, para todoε >0, existir um aberto VdeAcontendoatal que|f�x)−f�a)|�ε, sex∈V.
Exemplo 1.3. Seja A�=�um espac¸o topol ´ogico, e consideremos agora o espac¸o veto- rial�b�A)constitu´ıdo de todas as func¸ ˜oes f : A → K que s˜ao cont´ınuas e limitadas.
Definimos para f ∈ �b�A)
�f�=sup
x∈A
|f�x)|.
Observe que pelo fato de f ser limitada tal supremo ´e finito. Ent˜ao �f� ∈ [0,+∞[. Afirmamos que� · � ´e uma norma em�b�A). De fato, se�f� = supx∈A|f�x)| = 0, ent˜ao|f�x)|=0 para todox ∈ A. Logo, f ´e a func¸˜ao nula e�N0)est´a mostrada. Para mostrar�N1)observe que para cadax∈ A
|λf�x)|=|λ| |f�x)| ≤ |λ| sup
x∈A
|f�x)|=|λ| �f�.
Ent˜ao|λ| �f�´e uma cota superior do conjunto{|λf�x)|:x ∈A}. Ent˜ao supx∈A|λf�x)| ≤
|λ| �f�, o que nos mostra que �λf�x)� ≤ |λ| �f�. Por outro lado, se λ �= 0, temos que|f�x)| = |λ| |λ−1| |f�x)| = |λ−1| |λf�x)| ≤ |λ−1| �λf�, e portanto, tomando o supremo,�f� ≤ |λ−1| �λf�, ou seja|λ| �f� ≤ �λf�. Assim|λ| �f�=�λf�, seλ�=0.
Por´em, seλ = 0 a igualdade ´e imediata e portanto ela ´e valida para qualquerλ ∈K.
Finalmente, se f,g ∈ �b�A)ex∈ A,
|f�x) +g�x)| ≤ |f�x)|+|g�x)| ≤ sup
x∈A
|f�x)|+sup
x∈A
|g�x)|=||f�+�g�. Portanto�f +g�=supx∈A|f�x) +g�x)| ≤ ||f�+�g�, o que demonstra�N2).
1.2 A topologia da norma
SeX´e um espac¸o normado, ent˜aoX´e tamb´em um espac¸o m´etrico, onde a m´etrica
´e dada pord�x,y) =�x−y�. ´E quase que imediato qued ´e de fato uma m´etrica emX.
Dizemos qued ´e induzida pela norma deX.
A topologia deX ´e definida a partir desta m´etrica: Abola abertacentrada emx0de raior >0 ´e o conjunto B�x0,r)def={x ∈ X : �x−x0� �r}. Um conjunto ´e aberto em Xse ´e a reuni˜ao (finita ou n˜ao) de bolas abertas. Equivalentemente, um subconjunto V ⊂Xser´a aberto se para todox0∈Vexistir umr>0 tal queB�x0,r)⊂V.
Os outros conceitos topol ´ogicos s˜ao definidos a partir destes abertos. Um conjunto Fser´a fechado emXse seu complementar X\Ffor aberto emX. Denotaremos abola fechadacentrada em x0de raior > 0 porB[x0,r] def= {x ∈ X : �x−x0� ≤ r}. Verifique que de fatoB[x0,r]´e um conjunto fechado.
Um pontox0 ∈X ´e chamado deaderenteao conjuntoZ⊂Xse toda bola centrada emx0interceptaZ. Isso significa que h´a pontos deZarbitrariamente pr ´oximos de x0. O fecho de um subconjuntoZdeX ´e conjunto de seus pontos aderentes e ´e denotado porZ. ´E f´acil ver queZ ´e o menor fechado que cont´emZ.
Uma sequˆencia�xn)n∈N⊂X convergeparax ∈Xse, para todoε>0 existen0 ∈N tal que n > n0 ⇒ �xn−x� � ε. Neste caso, dizemos que �xn)n ´e uma sequˆencia convergente em X e que x ´e limite de �xn)n. Algumas propriedades das sequˆencias convergentes est˜ao destacadas nos exerc´ıcios.
Vejamos agora algumas propriedades da topologia da norma. Lembramos que se Ye Zs˜ao espac¸os normados, estaremos considerando emY×Za topologia produto.
Um conjunto ´e aberto em tal topologia se ´e reuni˜ao de conjuntos da formaU×Vonde U ´e aberto emYeV ´e aberto emZ.
Proposi¸c˜ao 1.4. Seja X um espa¸co normado. Ent˜ao, s˜ao cont´ınuas as aplica¸c˜oes
• S :X×X→ X dada por S�x,y) =x+y;
• M:K×X →X dada por M�λ,y) =λy;
• N: X→ Rdada por N�x) = �x�.
Demonstra¸c˜ao. Mostraremos primeiramente que a soma ´e cont´ınua.
Seja �x0,y0) ∈ X×X. Dado ε > 0, tomando o aberto W = B�x0,2ε)×B�y0,2ε),
teremos que
�u,v)∈W ⇒ �u−x0�� ε
2 e�v−y0�� ε 2
⇒ ��u+v)−�x0+y0)� ≤ �u−x0�+�v−y0��ε
⇒ �S�u,v)−S�x0,y0)��ε,
o que mostra queS ´e cont´ınua em�x0,y0).
Deixaremos a multiplicac¸˜ao como exerc´ıcio. Para mostrar que a norma ´e cont´ınua, observe que para quaisquerx,y∈Xvale a desigualdade
|�x� − �y�| ≤ �x−y�.
De fato se x,y ∈ X, �x� = �x−y+y� ≤ �x−y�+�y� e portanto �x� − �y� ≤
�x−y�. Trocandoyporx, obtemos�y� − �x� ≤ �x−y�. Logo,
|�x� − �y�|=max{�x� − �y�,−��x� − �y�)} ≤ �x−y�.
Isso mostra que|N�x)−N�y)| ≤ �x−y�, sendo N uma contrac¸˜ao e portanto (uni- formemente) cont´ınua.
A proposic¸˜ao anterior mostra que as operac¸ ˜oes de espac¸o vetorial s˜ao compat´ıveis com a topologia da norma. Vejamos uma consequˆencia. Antes, lembramos que seX ´e um espac¸o m´etrico eZ⊂X, ent˜aox∈Zse e somente se existe uma sequˆencia contida emZconvergindo parax.
Proposi¸c˜ao 1.5. Seja X um espa¸co normado e S um subespa¸co vetorial de X. Ent˜ao o fecho que S tamb´em ´e um subespa¸co vetorial de X
Demonstra¸c˜ao. Claro que 0 ∈ S, pois 0 ∈ S eS ⊂ S. Sejamx,y ∈ S e λ ∈ K. Ent˜ao existem sequˆencias �xn)n,�yn)n ⊂ S com xn → x e yn → y. Pela continuidade das operac¸ ˆoes emXsegue quexn+λyn → x+λy e comoS ´e um subespac¸o de X,�xn+ λyn)n ⊂S. Logox+λy ∈S.
1.3 Normas Equivalentes
Dizemos que duas normas � · � e � · �0 definidas em um espac¸o vetorial X s˜ao equivalentes se geram a mesma topologia em X. Ou seja, se um subconjunto de X
´e aberto segundo � · � se, e somente se, o for segundo � · �. Assim, os valores �x�e
�x�0podem ser distintos mas todos os conceitos topol ´ogicos permanecem invariantes se trocarmos a norma� · �pela norma� · �0emX.
´E facil verificar que duas normas s˜ao equivalentes se, e somente se, toda bola aberta centrada em x0 segundo uma norma cont´em uma bola aberta centrada em x0 segundo a outra. Destacaremos o seguinte crit´erio:
Proposi¸c˜ao 1.6. Se existirem constantes positivas a e b tais que a�x�0 ≤ �x� ≤ b�x�0,
∀x∈X, ent˜ao� · �e� · �0s˜ao equivalentes.
Demonstra¸c˜ao. Considere uma bola aberta B�·��x0,r) segundo a norma � · �. Ent˜ao, se x ∈ B�·�0�x0,rb) ent˜ao �x−x0�0 � r
b e portanto �x −x0� ≤ b�x−x0�0 � r.
Logo B�·�0�x0,rb) ⊂ B�·��x0,r). De maneira an´aloga mostramos que B�·��x0,r·a) ⊂ B�·�0�x0,r).
Exemplo 1.7. As normas deKpdo exemplo 1.2 s˜ao equivalentes, pois
�x�∞≤ �x� ≤ �x�1 ≤ p�x�∞. De fato, sex= �x�1),x�2), . . .x�p)), ent˜ao
�p�max{|x�1)|,|x�2)|, . . . ,|x�p)|})�2 ≥ �|x�1)|+|x�2)|+· · ·+|x�p)|�2
≥ |x�1)|2+|x�2)|2+· · ·+|x�p)|2
≥ �max{|x�1)|,|x�2)|, . . . ,|x�p)|}�2.
A rec´ıproca da proposic¸˜ao anterior ´e verdadeira. Veremos a demostrac¸˜ao mais adiante quando estudarmos as aplicac¸ ˜oes lineares.
1.4 Espa¸cos de Banach
Lembramos que uma sequˆencia�xn)n∈Nem um espac¸o m´etricoM´e dita de Cauchy se, para todoε > 0, exitir umn0 ∈Ntal qued�xn,xm) � ε, sen,m > n0. ´E imediato que toda sequˆencia convergente ´e de Cauchy. Por´em, nem toda sequˆencia de Cauchy
´e convergente. Por exemplo, se M = {1n : n ∈ N}munido da m´etrica induzida pela deR, ent˜ao a pr ´opria sequˆencia�1n)n∈N ´e de Cauchy mas n˜ao converge `a nenhum ele- mento deM. Um espac¸o metrico ´e ditocompletose toda sequˆencia de Cauchy converge (em M, claro).
Defini¸c˜ao 1.8. Um espa¸co normado X ´e chamado de Espa¸co de Banach se toda sequˆencia de Cauchy em X converge.
Assim, um espac¸o normado ´e um espac¸o de Banach se ´e um espac¸o m´etrico com- pleto em relac¸˜ao `a metrica induzida por sua norma. Vejamos agora alguns exemplos.
Exemplo 1.9.O espac¸os normadoR´e um espac¸o de Banach, pois sabemos do curso de an´alise real que toda sequˆencia de Cauchy de n ´umeros reais converge.
Exemplo 1.10. Vamos mostrar que Rp ´e um espac¸o de Banach. Seja �xn)n∈N uma sequˆencia de Cauchy emRp. Note que aqui cada xn ´e uma p-upla de n ´umeros reais:
xn = �xn�1),x�n2), . . . ,x�np)). Como�xn)n∈N ´e uma sequˆencia de Cauchy, para todoε >0, existe algumn0 ∈Ntal que
n,m>n0 ⇒ �xn−xm�=��xn�1)−x�m1))2+ �x�n2)−x�m2))2+· · ·+ �x�np)−x�mp))2�
12
�ε.
Em particular, para cadai = 1, 2, . . . ,p, sen,m > n0 ent˜ao|x�ni)−x�mi)| � ε. Isso nos mostra que cada sequˆencia�xn�i))n ´e uma sequˆencia de Cauchy emR e portanto con- verge, pelo exemplo anterior. Defina ent˜aox�i) =limnx�ni)e considerex = �x�1),x�2), . . . ,x�p)). Claro quex ∈Rp e vamos mostrar que este ´e o limite da sequˆencia�xn)n. Seja ent˜ao ε > 0. Comox�i) =limnx�ni), para cadai =1, 2, . . . ,p, existeni tal que|xn�i)−x�i)|2 � ε2/p, sen >ni. Sek0=max{ni : i=1, 2, . . . ,p}, ent˜ao
n >k0 ⇒ �xn−x�=��x�n1)−x�1))2+ �x�n2)−x�2))2+· · ·+ �x�np)−x�p))2�
1 2 �ε,
o que mostra que�xn)nconverge paraxemRp.
Observa¸c˜ao 1.11. Como espac¸os normados, � ´e identico aR2. Segue ent˜ao pelo ex- emplo anterior que� ´e um espac¸o de Banach. Consequentemente, �p tamb´em ´e um espac¸o de Banach.
Exemplo 1.12. Consideremos agora o espac¸o �b�A). Seja �fn)n uma sequˆencia de Cauchy em�b�A). Ent˜ao para todoε >0, existe algumn0 ∈Ntal que
n,m>n0 ⇒ �fn−fm�=sup
x∈A
|fn�x)− fm�x)|�ε.
Como no exemplo anterior, vemos que para cada x ∈ A a sequˆencia �fn�x))n uma sequˆencia de Cauchy emKe portanto converge (pela observac¸˜ao anterior) para algum α�x)∈K. Defina f : A→Kpondo f�x) = α�x). Observe que, sex∈ Aen,m>n0
|fn�x)− f�x)| ≤ |fn�x)−fm�x)|+|fm�x)−f�x)| ≤ �fn−fm�+|fm�x)−f�x)|
� ε+|fm�x)−f�x)|.
Fazendom→∞, obtemos que|fn�x)−f�x)| ≤ εpara qualquerx ∈A. Ent˜ao, sup
x∈X
|fn�x)− f�x)| ≤ ε, sen>n0 �∗)
Devemos mostrar que f pertence a�b�A):
Mostremos inicialmente que f ´e cont´ınua. Sejamx0 ∈ Aeε>0. Usando�∗)com
ε
3, obtemosn fixo tal que |fn�x)−f�x)| ≤ 3ε, para qualquer x ∈ X. Ora, fn est´a em
�b�A). Ent˜ao, existe um abertoVεcontendox0 tal que|fn�x)−fn�x0)|� ε
3, sex ∈Vε. Assim, para cadax∈Vε,
|f�x)−f�x0)| ≤ |f�x)−fn�x)|+|fn�x)−fn�x0)|+|fn�x0)−f�x0)| ≤ ε 3+ ε
3+ε 3 =ε, o que mostra que f ´e cont´ınua. Claramente f ´e limitada, pois usando �∗)comε = 1, obtemosnfixo tal que|fn�x)− f�x)| ≤ 1, para qualquerx ∈A, e portanto
|f�x)| ≤ |f�x)− fn�x)|+|fn�x)| ≤1+�fn�. Finalmente, ´e imediato por�∗)que sen>n0ent˜ao
�fn−f�=sup
x∈X
|fn�x)− f�x)| ≤ε.
Portanto�fn)nconverge para f em�b�A). Isso completa a demonstrac¸˜ao.
A seguir destacaremos dois casos particulares importantes do exemplo anterior.
Exemplo 1.13. �O espa¸co�∞)O espac¸o�∞ ´e definido fazendoA =Nno exemplo ante- rior. Assim,�∞ def=�b�N). Note que como toda func¸˜ao f :N→K ´e cont´ınua (poisN ´e discreto), segue que�∞ ´e o espac¸o de Banach das sequˆencias limitadas de escalares. Se x= �xn)n ∈�∞, ent˜ao�x�=supn∈N|xn|.
Exemplo 1.14. �Espa¸cos��K))Seja agoraA=Kum espac¸o topol ´ogico compacto. Ent˜ao toda func¸˜ao continua emK´e limitada. Denotamos ent˜ao o espac¸o�b�K)simplesmente por��K), o espac¸o de Banach das func¸ ˜oes cont´ınuas no compactoK. Em particular se K ´e o intervalo[a,b]deR, temos o espac¸o�[a,b]estudado no curso de An´alise Real.
Observa¸c˜ao 1.15. Veremos adiante que�∞ pode ser visto como um espac¸o da forma
��K), ondeK ´e a compactificac¸˜ao de Stone- ˘Cech deN(Nn˜ao ´e compacto�).
Vejamos agora um exemplo de espac¸o normado n˜ao completo.
Exemplo 1.16. �Um espa¸co normado que n˜ao ´e Banach)SejaX =c00o espac¸o das sequˆencias quase nulas. Ou seja, uma sequˆencia pertence ac00se possui apenas um n ´umero finito de termos n˜ao nulos. Mostraremos quec00 n˜ao ´e um espac¸o de Banach. Para tanto, devemos exibir uma sequˆencia de Cauchy emc00que n˜ao converge.
Considere a sequˆencia (de sequˆencias quase nulas)�xn)ndefinida por x1 = �1, 0, 0 . . . , 0, 0, . . .),
x2 = �1,1
2, 0 . . . , 0, 0, . . .) ...
xn = �1,1 2,1
3, . . . ,1
n, 0, . . .) ...
Note que �xn)n ´e de Cauchy, pois dado ε > 0, existe n0 ∈ N, n0 > 1
ε. Assim, se n>m>n0,
�xn−xm�=����0, 0 . . . , 1
m+1, 1
m+2, . . . , 1
n, 0, 0, . . .)���= 1
m+1 � 1 n0 �ε.
Por´em,�xn)n n˜ao converge em c00. De fato, suponha por absurdo que�xn)n convirja para algumx = �x�1),x�2), . . .)∈c00. Ent˜ao (pela definic¸˜ao dec00) existe umk0 ∈Ntal quex�i)=0, sei>k0. Assim, sen>k0,
�xn−x�=sup
�
|1−x�1)|,|1
2 −x�2)|, . . . ,|1
k0 −x�k0)|, 1
k0+1, . . . ,1 n
�
≥ 1
k0+1. contradizendo o fato de�xn)nconvergir parax.
Note quec00 ´e um subespac¸o (vetorial e normado) de�∞que n˜ao ´e completo, ape- sar deste ser. A proposic¸˜ao seguinte nos d´a um crit´erio para decidir se um subrespac¸o Sde X ´e Banach. Quando nos referirmos asubespa¸co significar´a sempre que a norma deS ´e a induzida porX.
Proposi¸c˜ao 1.17. Todo subespa¸co fechado de um espa¸co de Banach ´e Banach. Reciprocamente, todo subespa¸co de Banach de um espa¸co normado ´e fechado.
Demonstra¸c˜ao. Suponha que S seja fechado em X Banach. Tomamos um sequˆencia de Cauchy�xn)n ⊂ S. Mas �xn)n tamb´em ´e uma sequˆencia de Cauchy em X que ´e
completo. Logo, �xn)n converge para algum x ∈ X. Isso implica que x ∈ S. Sendo¯ S fechado, temos que x ∈ S. Mostramos ent˜ao que toda sequˆencia de Cauchy emS converge (emS). Logo,S ´e completo.
Reciprocamente, sejaS completo no normado X. Considerex ∈ S. Ent˜ao existe¯ uma sequˆencia �xn)n ⊂ S que converge para X. Ora, toda sequˆencia convergente ´e de Cauchy. Assim,�xn)n ´e uma sequˆencia de Cauchy emSque ´e completo e portanto converge para algumy ∈S ⊂X. Pela unicidade do limite emX(todo espac¸o normado
´e Hausdorff), temos quex =y, e portantox∈S, sendo este fechado.
Exemplo 1.18. Segue da proposic¸˜ao anterior e do exemplo 1.16 quec00n˜ao ´e um sub- espac¸o fechado de�∞.
A proposic¸˜ao anterior ´e ´util para mostrar que determinados espac¸os normados s˜ao Banach. Vejamos alguns exemplos
Exemplo 1.19. Seja A um espac¸o topol ´ogico Hausdorff e considere �0�A)o subcon- junto das func¸ ˜oes f ∈ �b�A) tais que para cada ε > 0, o conjuntoVε�f) def= {x ∈ A :
|f�x)| ≥ε}´e compacto. Vamos mostrar que�0�A)´e um espac¸o de Banach. Como uma aplicac¸˜ao da proposic¸˜ao anterior, mostraremos que ´e um subespac¸o fechado em�b�A). Note que�0�A) ´e um subespac¸o vetorial de�b�A). De fato, a aplicac¸˜ao nula est´a em �0�A)poisVε�0) = {x ∈ A : 0 ≥ ε} = �. Al´em disso, se λ �= 0 ´e um escalar e
f ∈ �0�A), ent˜aoVε�λf) ={x ∈ A: |λf�x)| ≥ε} ={x ∈ A: |f�x)| ≥ |λε|}=Vε
|λ|�f), sendo compacto. Finalmente, sejam f,g ∈ �0�A). ComoVε�f+g)⊂Vε/2�f)∪Vε/2�g) segue queVε�f+g)´e compacto, pois ´e fechado (f egs˜ao cont´ınuas) e est´a contido em um compacto. Logo f +g ∈ �0�A).
Mostremos agora que �0�A) ´e fechado em �b�A). Seja f ∈ �0�A) e tome uma sequˆencia fn ⊂ �0�A)convergindo para f. Temos que mostrar que para todoε > 0, Vε�f) ´e compacto. Sejam ent˜aoε >0 arbitr´ario ex∈Vε�f). Ent˜ao|f�x)| ≥ ε. Como fn
converge para f, existeN∈Ntal que�fN− f��ε/2. Assim
ε≤ |f�x)| ≤ |f�x)− fN�x)|+|fN�x)| ≤ �fN−f�+|fN�x)|� ε
2+|fN�x)|, ou seja,|fN�x)| ≥ ε2, o que mostra quex ∈Vε
2�fN). Logo,Vε�f)⊂Vε
2�fN)e este ´ultimo
´e compacto. Isso mostra queVε�f)tamb´em ´e compacto (pois ´e um fechado contido em um compacto) e conclui a demonstrac¸˜ao.
Vejamos agora um importante caso particular do exemplo anterior.
Exemplo 1.20. Suponha queA =Ne considere�0�N). Note que
�xn)∈ �0�N) ⇔ {n∈N: |xn| ≥ε}´e compacto,∀ε >0
⇔ {n∈N: |xn| ≥ε}´e finito,∀ε>0
⇔ xn →0.
Logo
c0 def=�0�N) ={�xn)∈�∞ :xn→ 0}. Lembrando que a norma ´e a induzida por�∞.
Finalizamos esta parte com a generalizac¸˜ao de um resultado conhecido deR. Dize- mos que uma s´erie
∑
k∈N
xk em um espac¸o normado X ´eabsolutamente convergentese a s´erie num´erica
∑
k∈N
�xk�for convergente.
Teorema 1.21. Seja X um espa¸co normado. Ent˜ao X ´e Banach se, e somente se, toda s´erie de elementos de X absolutamente convergente ´e convergente.
Demonstra¸c˜ao. SejaXBanach. Tomamos uma s´erie
∑
k∈N
xkabsolutamente convergente.
Temos que mostrar que a sequˆencia de suas somas parciais �sn)n converge. Como
∑
k∈N
�xk�converge ela ´e uma s´erie de Cauchy. Ent˜ao, dadoε >0 existen0 ∈Ntal que m>n ≥n0 ⇒
∑
m k=n+1�xk�. Assim, sem>n ≥n0,
�sm−sn�=�
∑
m k=n+1xk� ≤
∑
m k=n+1�xk��ε.
Logo,�sn)n ´e uma sequˆencia de Cauchy emXque ´e completo. Logo,�sn)nconverge.
Reciprocamente, Considere uma sequˆencia �xn)n de Cauchy em X. Ent˜ao, para j =1, existen1 ∈Ntal que�xm−xn� �2−1, sem,n ≥ n1. Paraj =2 existen2 >n1 tal que�xm−xn� � 2−2, se m,n ≥ n2. Prossegindo desta forma, construimos uma sequˆencia crescente de ´ındices�nj)tal que�xm−xn� � 2−j, sem,n ≥ nj. Definimos y0 =xn1eyj =xnj+1−xnj, paraj∈N. Vemos ent˜ao que
∞
∑
j=0
�yj���y0�+
∞
∑
j=1
2−j �∞,
o que mostra que
∞
∑
j=0
yj ´e absolutamente convergente emX e portanto converge, por hip ´otese, para algum y ∈ X. Mas lim
k xnk = lim
k k−1
∑
j=0
yj = y. Vemos ent˜ao que a sequˆencia de Cauchy�xn)n possui um subsequˆencia convergente. Logo,�xn)n ´e con- vergente.
1.5 Os Espa¸cos �
pe L
pDefini¸c˜ao 1.22. O espa¸co vetorial das sequˆencias de escalares absolutamente p-som´aveis ´e denotado por�p. Ou seja,
�p =�x = �xk)k∈N ∈KN :
∑
k∈N
|xk|p �∞� . Tal espa¸co ´e munido de uma norma natural, dada por�x�p = �∑k∈N|xk|p)1p.
Primeiramente, temos que verificar que�p ´e de fato um espac¸o vetorial e que� · �p
´e uma norma. Se λ ´e um escalar qualquer ex ∈ �p, ent˜ao�λx�p = �∑k∈N|λxk|p)1p =
|λ|�∑k∈N|xk|p)1p = λ�x�p. Isso mostra que a operac¸˜ao de multiplicac¸˜ao por escalar est´a bem definida em�p e que�λx�1 = λ�x�1. ´E imediato que a sequˆencia nula per- tence a�pe que�x�p =0⇒x =0.
Quando p = 1, ´e f´acil ver que �1 a soma em �1 ´e bem definida e que vale a de- sigualdade triangular: Sejamx,y ∈�1. Ent˜ao, para todon∈N,
n
∑
k=1
|xk+yk| ≤
n
∑
k=1
|xk|+|yk| ≤
∞
∑
k=1
|xk|+
∞
∑
k=1
|yk|�∞.
Assim,∑∞k=1|xk+yk| ≤ ∑∞k=1|xk|+∑∞k=1|yk|. Isso mostra quex+y ∈ �1 e que �x+ y�1 ≤ �x�1+�y�1.
Por´em, para mostrar o mesmo quando 1 � p �∞, precisamos de alguns resulta- dos preliminares.
Lema 1.23. Sejam p,q>1, tais que 1p+1q =1�dizemos que q ´e conjugado de p). Ent˜ao ab≤ a
p
p +b
q
q, ∀a,b≥0.
Demonstra¸c˜ao. Fixebe considere a func¸˜aoϕ�a) = app +bqq−ab. ´E um exerc´ıcio simples de C´alculo 1 verificar que o m´ınimo absoluto de ϕocorre ema = bp−11. Assim, para todoa ≥0 (note que p−p1 =q= q+pp),
ϕ�a)≥ϕ�bp−11) = b
p p−1
p +bq
q −bp−11b= bq p +bq
q −bq+pp = bq p +bq
q −bq =0, e portanto app +bqq ≥ab.
Teorema 1.24. �Desigualdade de H¨older) Sejam p,q > 1, tais que 1p +1q = 1. Ent˜ao para quaisquer ak,bk∈K�k=1, . . . ,n), temos
n
∑
k=1
|akbk| ≤
� n
∑
k=1
|ak|p
�1p
·
� n
∑
k=1
|bk|q
�1q .
Demonstra¸c˜ao. Se todos ak’s ou todos bk’s s˜ao nulos, ent˜ao a desigualdade ´e trivial.
Suponha ent˜ao que nem todosak’s e nem todosbk’s s˜ao nulos. Parak =1, . . . ,ndefina Ak = ak
� n
∑
k=1
|ak|p
�1p e Bk= bk
� n
∑
k=1
|bk|q
�1q.
Aplicando o lema anterior para cadaAkeBk, obtemos
∑
n k=1AkBk≤ 1 p
=1
� �� �
∑
n k=1Akp+1 q
=1
� �� �
∑
n k=1Bkq= 1 p+1
q =1, e portanto
∑
n k=1|akbk|=
� n
∑
k=1
AkBk
�
·
� n
∑
k=1
|ak|p
�1p
·
� n
∑
k=1
|bk|q
�1q
≤
� n
∑
k=1
|ak|p
�1p
·
� n
∑
k=1
|bk|q
�1q .
Teorema 1.25.�Desigualdade de Minkowski) Se p ∈[1,∞[e ak,bk∈K�k=1, . . . ,n), ent˜ao
� n
∑
k=1
|ak+bk|p
�1p
≤
� n
∑
k=1
|ak|p
�1p +
� n
∑
k=1
|bk|p
�1p .
Demonstra¸c˜ao. A desigualdade parap=1 j´a foi mostrada no in´ıcio desta sec¸˜ao. Suponha ent˜ao que p >1 e sejaqseu conjugado. Podemos assumir queak,bk ≥0. Por H ¨older obtemos que (Note que�p−1)q= p)
� n
∑
k=1
�ak+bk)p
�
=
n
∑
k=1
�ak+bk)p−1�ak+bk)
=
∑
n k=1�ak+bk)p−1ak+
∑
n k=1�ak+bk)p−1bk
�Holder¨ )
≤
� n
∑
k=1
�ak+bk)�p−1)q
�1q
·
� n
∑
k=1
|ak|p
�1p
+
� n
∑
k=1
�ak+bk)�p−1)q
�1q
·
� n
∑
k=1
|bk|p
�1p
=
� n
∑
k=1
�ak+bk)p
�1q
·
�
� n
∑
k=1
|ak|p
�1p +
� n
∑
k=1
|bk|p
�1p
,
e portanto
� n
∑
k=1
�ak+bk)p
�q−q1
≤
� n
∑
k=1
|ak|p
�1p +
� n
∑
k=1
|bk|p
�1p
. Como q−q1 = 1p, obte- mos a desigualdade.
Vamos mostrar agora que a soma em�p ´e bem definida a desigualdade triangular.
Sejam ent˜aox,y ∈�p. Ent˜ao, por Minkowski, para todon∈N,
� n
∑
k=1
|xk+yk|p
�1p
≤
� n
∑
k=1
|xk|p
�1p +
� n
∑
k=1
|yk|p
�1p
≤
� ∞
∑
k=1
|xk|p
�1p +
� ∞
∑
k=1
|yk|p
�1p
�∞.
Assim,
� ∞
∑
k=1
|xk+yk|p
�1p
≤ �x�p+�y�p, o que mostra quex+y ∈ �p e que �x+ y�p ≤ �x�p+�y�p.
Se p =∞, o espac¸o�∞foi definido em 1.13 e ´e um espac¸o de Banach. O proximo teorema diz que os outros�p’s tamb´em s˜ao completos.
Teorema 1.26. Seja1≤p ≤∞, ent˜ao�p ´e um espa¸co de Banach.
Demonstra¸c˜ao. Se p = ∞ j´a sabemos. Suponha ent˜ao que 1 ≤ p � ∞. Seja�xn)n∈N
uma sequˆencia de Cauchy em�p. Note que aqui cadaxn ´e uma sequˆencia de escalares
xn = �xn�1),xn�2), . . .)∈�p. Como�xn)n∈N ´e uma sequˆencia de Cauchy, para todoε >0, existe algumn0 ∈Ntal que
n,m>n0 ⇒ �xn−xm�p =
� ∞
∑
i=1
|xn�i)−x�mi)|p
�1p
�ε. �∗)
Em particular, para cadai∈N, sen,m>n0ent˜ao|x�ni)−xm�i)|�ε. Isso nos mostra que cada sequˆencia�x�ni))n ´e uma sequˆencia de Cauchy emKe portanto converge, por este ser completo.
Defina ent˜ao x�i) = limnx�ni) e considere x = �x�1),x�2), . . .). Vamos mostrar que x ∈�p. Como a sequˆencia�xn)n ´e de Cauchy, ent˜ao ´e limitada (Exec´ıcio). Logo, existe M>0 tal que
�∞
∑
i=1
|x�ni)|p
�1p
≤ M, para todon ∈N. Ent˜ao
� k
∑
i=1
|x�ni)|p
�1p
≤ M, para
todon,k ∈ N. Fazendon → ∞, obtemos que
� k
∑
i=1
|x�i)|p
�1p
≤ M, para todok ∈ N.
Ent˜ao
�∞
∑
i=1
|x�i)|p
�1p
≤M, o que mostra quex∈�p.
Resta mostrar que �xn)n converge para x(na norma de�p). Dadoε > 0, fazendo m → ∞em�∗), obtemos que
� k
∑
i=1
|x�ni)−x�i)|p
�1p
≤ ε, paran > n0 ek ∈ N. Ent˜ao,
�xn−x�p =
�∞
∑
i=1
|x�ni)−x�i)|p
�1p
≤ε, sen >n0.
Defini¸c˜ao 1.27. • Seja1≤ p � ∞. Denotamos por Lp[0, 1]o espa¸co vetorial das classes de equivalˆencias das fun¸c˜oes escalares �Lesbesgue)-mensur´aveis tais que�
[0,1]|f�t)|pdt�
∞�Aqui duas fun¸c˜oes est˜ao na mesma classe se s˜ao iguais quase sempre), munido de uma norma natural
�f�p =
��
[0,1]|f�t)|pdt
�1p .
• Denotamos por L∞[0, 1] o espa¸co vetorial das classes de equivalˆencias das fun¸c˜oes es- calares �Lesbesgue)-mensur´aveis que s˜ao limitadas quase sempre munido da norma
�f�∞=inf{α>0 : μ{t∈[0, 1]: f�t)>α}=0}, ondeμdenota a medida de Lesbeguem em[0, 1].
Os espac¸o acima definidos s˜ao espac¸os de Banach. A demonstrac¸˜ao pode ser en- contrada em qualquer livro sobre a medida de Lesbegue.
1.6 Espa¸cos Separ´aveis
Seja Mum espac¸o m´etrico e suponha que D ⊂ A ⊂ M. Dizemos que D ´edenso em Ase toda bola aberta centrada em elementos de Acont´em algum elemento de D.
Observe que isso significa que todo elemento de A ´e aderente a D. Ent˜ao, D ´e denso emAse, e s ´o seD ⊃A. Em particular,D ´e denso emMse, e s ´o se,D=M
Um subconjuntoA⊂ M´e ditosepar´avelse possui um conjunto enumer´avel denso.
Por exemplo, sabemos que um intervalo da reta ´e separ´avel, pois o conjunto dos racionais deste intervalo ´e enumer´avel e denso. Em particular a reta ´e um espac¸o separ´avel.
Estaremos interessados em saber quando um espac¸o normado ´e separ´avel. O seguinte crit´erio ´e ´util para decidir. Lembramos que se A ´e um subconjunto de um espac¸o vetorialX, ent˜ao[A]denota o subespac¸o gerado por A(no sentido da ´Algebra Linear).
Proposi¸c˜ao 1.28. Seja X um espa¸co normado sobreK.
�a) Se X possui um subconjunto A enumer´avel �podendo ser finito) tal que X = [A], ent˜ao X
´e separ´avel.
�b) Se X possui um subconjunto B n˜ao enumer´avel tal que, para algum r > 0, �x−y� ≥ r, para qualquer par de elementos distintos x,y de B, ent˜ao X n˜ao pode ser separ´avel.
Demonstra¸c˜ao. (a) Seja S = [A]. Um elemento de S ´e portanto uma combinac¸˜ao lin- ear (finita��) de elementos de A. Seja D o subconjunto de S formado apenas pelas combinac¸ ˜oes lineares com coeficientes racionais (SeK=�, coeficientes com parte real e imagin´aria racionais). Ent˜ao Dtem a cardinalinada das func¸ ˜oes finitas deNemQe portanto ´e enumer´avel (aqui ´e importante que seja combinac¸˜ao finita). Vamos mostrar queD ´e denso emX.
Sejax ∈Xeε >0. Como por hip ´oteseX= [A], existey∈[A]tal que�x−y�� ε
2. Podemos escrever y = ∑ni=1αixi, com αi ∈ R e xi ∈ A, ∀i. Para cadai ≤ n, existe βi ∈Q(ou em�com parte real e imagin´aria racionais) tais que|βi−αi|� ε
2n�xi�(claro que podemos supor que cadaxi ´e n˜ao nulo). Defina ent˜aoz = ∑ni=1βixi ∈ D. Temos que
�z−x� = �z−y+y−x�
≤ �z−y�+�y−x�
�
∑
n i=1|βi−αi|�xi�+ ε 2
�
∑
n i=1ε
2n�xi��xi�+ ε 2
= ε 2 +ε
2 =ε.
(b) SejaDum conjunto denso qualquer emX. As bolas centradas em elementos deB e raior/2 s˜ao disjuntas. Cada uma dessas bolas deve conter pelo menos um elemento deD. Como h´a uma quantidade n˜ao enumer´avel dessas bolas, segue queDn˜ao pode ser enumer´avel. Logo,Xn˜ao possui conjunto enumer´avel denso.
Vamos usar a proposic¸˜ao anterior para dar exemplo de espac¸os separ´aveis e n˜ao separ´aveis.
Exemplo 1.29. c0´e um espa¸co separ´avel.De fato, considere a sequˆencia unit´aria can ˆonica en = �0, . . . , 0,
n−esima
����1 , 0, . . .). Vamos mostrar que c0 = [en :n∈N] e portanto c0 ser´a separ´avel pela parte �a) da proposic¸˜ao anterior. Seja ent˜ao x = �xn) ∈ c0 e ε > 0.
Ent˜ao, existen0 tal que|xn| � ε, sen > n0. A sequˆenciaxε = �x1,x2, . . . ,xn0, 0, 0, . . .) est´a em[en: n∈N]e�x−xε��ε. Comoεera arbitr´ario, segue quex ∈[en :n∈N]. Exemplo 1.30. �∞n˜ao ´e separ´avel.Considere, para cada subconjuntoN⊂Na sequˆencia caracter´ıstica deN. Ou seja, a sequˆenciax =xN = �xn), ondexn =1 sen ∈Nexn =0 se n ∈/ N. Claro que cada uma destas sequˆencias est´a em �∞. Tomamos o conjunto B = {xN : N ⊂ N} ⊂ �∞. Ent˜ao a cardinalidade deB ´e a das partes deNe portanto n˜ao enumer´avel. Al´em disso,�xN−xN�� = 1, se N� �= N. Ent˜ao, pela parte �b)da proposic¸˜ao anterior,�∞n˜ao ´e separ´avel.
Exemplo 1.31. Qualquer espa¸co normado de dimens˜ao finita ´e separ´avel,pois ´e gerado por um conjunto finito. (Que conjunto ´e esse?)
Exemplo 1.32. Pelo Teorema de Aproximac¸˜ao de Weierstrass, os polin ˆomios s˜ao densos em�[0, 1](Veja por exemplo o livro do Elon de Espac¸os M´etricos). Ent˜ao,[tn: n=0, 1, . . .] =
�[0, 1], o que mostra que�[0, 1]´e sep´ar´avel.