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Natan Sant Anna Borges. Simulação do Funcionamento de uma Casa

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Natan Sant Anna Borges

Simula¸ c˜ ao do Funcionamento de uma Casa Lot´ erica

Niter´oi - RJ, Brasil 21 de fevereiro de 2015

(2)

Universidade Federal Fluminense

Natan Sant Anna Borges

Simula¸ c˜ ao do Funcionamento de uma Casa Lot´ erica

Trabalho de Conclus˜ao de Curso

Monografia apresentada para obten¸c˜ao do grau de Bacharel em Estat´ıstica pela Universidade Federal Fluminense.

Orientadora: Prof. Mariana Albi de Oliveira Souza

Niter´oi - RJ, Brasil 21 de fevereiro de 2015

i

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Universidade Federal Fluminense

Natan Sant Anna Borges

Simula¸ c˜ ao do Funcionamento de uma Casa Lot´ erica

Monografia de Projeto Final de Gradua¸c˜ao sob o t´ıtulo

“Simula¸c˜ao do Funcionamento de uma Casa Lot´erica”, defendida por Natan Sant Anna Borges e aprovada em 21 de fevereiro de 2015, na cidade de Niter´oi, no Estado do Rio de Janeiro, pela banca examinadora constitu´ıda pelos professores:

Profa. Dra. Mariana Albi de Oliveira Souza Orientadora Departamento de Estat´ıstica – UFF

Prof. Dr. Jony Arrais Pinto Junior Departamento de Estat´ıstica – UFF

Profa. Dra. Kelly Cristina Mota Gon¸calves Departamento de Estat´ıstica – UFF

Niter´oi, 21 de fevereiro de 2015

ii

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Borges, Natan Sant’Anna

Simulação do funcionamento de uma casa lotérica / Natan SantAnna Borges; Mariana Albi de Oliveira Souza, orientadora. Niterói, 2015.

32 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Estatísticaa ) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Matemática e Estatística, Niterói, 2015.

1. Distribuição hiperbólica generalizada assimétrica t- Student (GHsT). 2. Séries temporais. 3. Previsão. 4. Value at risk (VaR). I. Souza, Mariana Albi de Oliveira, orientadora.

II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Matemática e Estatística. III. Título.

CDD -

(5)

Resumo

Este trabalho se baseia no exemplo de um sistema de uma casa lot´erica para o qual ´e proposto o uso de Teoria da Decis˜ao e algoritmos de otimiza¸c˜ao para maximizar a esperan¸ca da fun¸c˜ao utilidade que defini o sistema, a fim de determinar quantos funcion´arios seriam ideias para um bom funcionamento da casa lot´erica. Para resolver o problema da maximiza¸c˜ao da utilidade esperada sob uma perspectiva Bayesiana, o principal m´etodo utilizado se baseou na gerado¸c˜ao de amostras de uma distribui¸c˜ao artificial, definida `a partir da fun¸c˜ao de utilidade, utilizando o m´etodo de Monte Carlo via Cadeias de Markov para encontrar uma solu¸c˜ao ´otima do problema.

Palavras-chaves: Teoria da Decis˜ao, fun¸c˜ao de utilidade, maximiza¸c˜ao da utilidade esperada, Monte Carlo via Cadeias de Markov

(6)

Agradecimentos

Primeiramente agrade¸co a Deus, por todos os objetivos alcan¸cados.

Agrade¸co `a minha fam´ılia pelo apoio incondicional durante esses anos.

A Ranah pelo amor, compreens˜ao e amizade. Por me apoiar em cada decis˜ao tomada e por me fazer cada dia mais feliz.

Aos professores do GET - UFF, respons´aveis pela minha forma¸c˜ao. Em particular, a minha orientadora, Professora Mariana, e as Professoras Jessica e Ana Maria.

Aos meus amigos da UFF por cada risada, cada momento de sofrimento, cada encontro na escada do IME, cada churrasco no DCE, cada chopada, cada dia de estudo na sala de monitoria, pela parceria nos bons e nos maus momentos. Em especial, agrade¸co a Cissa, Nadine, Pablo, Paulista, Everson, Bruno, Thalita, Paola, Dani, China, Mayro, Rosana e Fabricio.

Aos amigos de fora da UFF por entenderem as diversas vezes que estive ocupado com a gradua¸c˜ao, me ajudarem, incentivarem e n˜ao me abandonarem mesmo com a falta de tempo.

A todos que ajudaram na minha forma¸c˜ao direta ou indiretamente, meu agradecimento

(7)

Sum´ ario

Lista de Figuras p. vii

Lista de Tabelas p. viii

1 Introdu¸c˜ao p. 1

1.1 Objetivo . . . p. 1 1.2 Organiza¸c˜ao do texto . . . p. 2

2 Revis˜ao de Literatura p. 3

2.1 Inferˆencia Bayesiana . . . p. 3 2.2 Teoria da Decis˜ao . . . p. 4 2.2.1 Introdu¸c˜ao . . . p. 4 2.2.2 Fun¸c˜ao utilidade . . . p. 5 2.3 M´etodo de Monte Carlo via Cadeia de Markov . . . p. 6 2.3.1 Metropolis-Hastings . . . p. 7 2.3.2 Amostrador de Gibs . . . p. 8

3 M´etodos p. 10

3.1 Simula¸c˜ao de Monte Carlo . . . p. 11 3.2 Simula¸c˜ao de Monte Carlo via Cadeias de Markov . . . p. 11

4 Aplica¸c˜ao p. 14

4.1 Funcionamento da Casa Lot´erica . . . p. 14 4.2 Uma Poss´ıvel Solu¸c˜ao: M´etodo de Monte Carlo Simples . . . p. 15

(8)

4.2.1 Descri¸c˜ao da Simula¸c˜ao . . . p. 16 4.2.2 Resultados . . . p. 16 4.3 Solu¸c˜ao via MCMC . . . p. 17 4.3.1 Definindo a Fun¸c˜ao de Utilidade . . . p. 18 4.3.2 Resultados . . . p. 20

5 Conclus˜oes p. 22

Referˆencias p. 23

(9)

Lista de Figuras

1 Ilustra¸c˜ao de um Diagrama de Influˆencia. . . p. 5 2 Taxa m´edia de chegada de clientes ao longo do dia. . . p. 15 3 Boxplots para algumas das vari´aveis estudadas. . . p. 17 4 Gr´afico de duas cadeias independentes para a vari´avel de decis˜ao Nf,

geradas via MCMC. . . p. 20 5 Gr´afico de barras do n´umero de funcion´arios proposto. . . p. 21 6 Gr´afico da fun¸c˜ao de utilidade esperada. . . p. 21

(10)

Lista de Tabelas

1 M´edias dos resultados para cada um dos cen´arios. . . p. 16

(11)

1

1 Introdu¸ c˜ ao

Em decorrˆencia dos avan¸cos tecnol´ogicos, as casas lot´ericas, tamb´em chamadas de loterias, tˆem sofrido uma perda de clientes que utilizam esse tipo de servi¸co, j´a que est´a cada dia mais f´acil fazer simples tarefas sem sair de casa. Para as loterias terem competitividade com os servi¸cosonline ´e necess´ario que apresentem boas condi¸c˜oes para os clientes, como a redu¸c˜ao das filas e consequentemente no tempo de espera, ou seja, ´e necess´ario otimizar o seu funcionamento.

Problemas pr´aticos de otimiza¸c˜ao muitas vezes s˜ao problemas de otimiza¸c˜ao estoc´astica, onde algumas vari´aveis n˜ao s˜ao determin´ısticas e a solu¸c˜ao anal´ıtica em geral

´e bastante complicada.

Um exemplo de problema de otimiza¸c˜ao estoc´astica que pode ser resolvido por simula¸c˜ao ´e o de encontrar o n´umero m´ınimo de funcion´arios para trabalhar em uma loteria de forma a minimizar os custos sem comprometer o atendimento dos clientes. A loteria ´e simplesmente um poss´ıvel contexto, o mesmo problema poderia ser apresentado como encontrar o n´umero de caixas trabalhando em um supermercado ou o n´umero de atendentes em um call center. Nesses exemplos, o n´umero de clientes por dia (ou por intervalos do dia) e o tempo de atendimento de cada cliente s˜ao vari´aveis aleat´orias, e por isso o problema em quest˜ao n˜ao ´e determin´ıstico.

1.1 Objetivo

O objetivo desse trabalho ´e apresentar uma solu¸c˜ao para o problema da otimiza¸c˜ao do funcionamento de uma casa lot´erica, a partir da Teoria da Decis˜ao e de m´etodos de amostragem de Monte Carlo. Mais especificamente, o objetivo ´e resolver o problema de determinar o n´umero m´ınimo de funcion´arios (caixas) trabalhando em uma casa lot´erica, de forma a n˜ao comprometer o tempo de espera para o atendimento dos clientes. A ideia neste caso ´e que a solu¸c˜ao seja encontrada de forma automatizada, indicando o melhor

(12)

1.2 Organiza¸c˜ao do texto 2

cen´ario dentre um conjunto de solu¸c˜oes poss´ıveis, sem que seja necess´ario simular cada um deles separadamente.

Para alcan¸car este objetivo, inicialmente ser´a realizada uma breve revis˜ao sobre Inferˆencia bayesiana, Teoria da Decis˜ao e M´etodos de Monte Carlo via cadeias de Markov (MCMC). Estes conceitos servir˜ao de base para o m´etodo de otimiza¸c˜ao proposto por [1], que ser´a apresentado no Cap´ıtulo 3.

1.2 Organiza¸ c˜ ao do texto

Esta monografia est´a dividida em 5 cap´ıtulos, incluindo a Introdu¸c˜ao. No Cap´ıtulo 2 ´e feita uma revis˜ao geral de Inferˆencia bayesiana, Teoria da Decis˜ao e alguns conceitos b´asicos sobre m´etodos de MCMC. No Cap´ıtulo 3 s˜ao apresentados algoritmos para busca de solu¸c˜oes ´otimas baseados em simula¸c˜ao, cujo objetivo ´e a maximiza¸c˜ao da fun¸c˜ao de utilidade esperada (definida no Cap´ıtulo 2). Em particular, nosso interesse ser´a em utilizar algoritmos de otimiza¸c˜ao estoc´asticos baseados em m´etodos de Monte Carlo via Cadeias de Markov. O Cap´ıtulo 4 apresenta uma aplica¸c˜ao dos m´etodos de maximiza¸c˜ao da utilidade esperada tratados no cap´ıtulo anterior, na qual discutimos duas poss´ıveis solu¸c˜oes para o problema de funcionamento de uma casa lot´erica: uma solo¸c˜ao encontrada atrav´es do m´etodo de MCMC e uma solu¸c˜ao encontrada atrav´es de m´etodos de Monte Carlo Simples para fins comparativos. O Cap´ıtulo 6 conclui o trabalho comparando as solu¸c˜oes apresentadas e discutindo poss´ıveis extens˜oes deste trabalho.

(13)

3

2 Revis˜ ao de Literatura

Neste cap´ıtulo ser˜ao revisados os principais t´opicos da Inferˆencia bayesiana, Teoria da Decis˜ao e M´etodos de MCMC, os quais ser˜ao ´uteis para o desenvolvimento deste trabalho. Estudos mais espec´ıficos sobre esses temas podem ser encontrado em [2],[3] e [4], respectivamente.

2.1 Inferˆ encia Bayesiana

Seja uma popula¸c˜ao caracterizada por um vetor aleat´orio Y com fun¸c˜ao de probabilidade (ou fun¸c˜ao de densidade de probabilidade)p(y|θ), em que θ´e um vetor de parˆametros de tamanho p ≥1, pertencente a um espa¸co param´etrico Θ. Na abordagem bayesiana,θ ´e representado probabilisticamente atrav´es de uma fun¸c˜ao de (densidade de) probabilidade, chamada de distribui¸c˜aoa priori e denotada porp(θ), ondep(θ) representa a cren¸ca ou informa¸c˜ao dispon´ıvel a respeito do vetor de parˆametros antes de realizar o experimento. A partir de uma amostra y da popula¸c˜ao, a informa¸c˜ao sobre o vetor de parˆametros θ ´e atualizada com os dados desta amostra, resultando a distribui¸c˜ao a posteriori p(θ|y).

A distribui¸c˜aoa posteriori p(θ|y), ´e obtida atrav´es do Teorema de Bayes, da seguinte forma:

p(θ|y) = p(y,θ)

p(y) = p(y|θ)p(θ) p(y) , em que

p(y) = Z

Θ

p(y,θ)dθ = Z

Θ

p(y|θ)p(θ)dθ, onde Θ´e o espa¸co param´etrico de θ.

Nota-se que p(y) passa a ser uma constante normalizadora, pois n˜ao depende de θ.

Desta forma, a distribui¸c˜ao a posteriori ´e muitas vezes apresentada como:

p(θ|y)∝p(y|θ)p(θ),

(14)

2.2 Teoria da Decis˜ao 4

ou seja, a distribui¸c˜aoa posteriori ´e proporcional ao produto da fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca e a distribui¸c˜ao a priori.

No caso em que admite-se distribui¸c˜ao discreta para θ, a integral no c´alculo dep(y)

´e naturalmente substitu´ıda por um somat´orio emθ.

Todo o processo de Inferˆencia bayesiana baseia-se na distribui¸c˜aoa posteriori. Nesta distribui¸c˜ao, por sua vez, est´a contida toda a informa¸c˜ao probabil´ıstica necess´aria sobre o parˆametro. Nos casos em que ´e necess´ario resumir esta informa¸c˜ao pode-se utilizar a estima¸c˜ao. Em particular, na estima¸c˜ao pontual de θ ´e poss´ıvel resumir a distribui¸c˜ao a posteriori atrav´es de um ´unico valor, ˆθ. Em Inferˆencia bayesiana, a maneira mais f´acil de entender a escolha de ˆθ ´e atrav´es do contexto de Teoria da Decis˜ao.

2.2 Teoria da Decis˜ ao

2.2.1 Introdu¸ c˜ ao

Teoria da decis˜ao, como o nome diz, trata do problema de tomada de decis˜oes. Teoria da Decis˜ao para finalidade estat´ıstica se preocupa em tomada de decis˜oes na presen¸ca de conhecimento estat´ıstico que tenta controlar algumas das incertezas envolvidas no problema.

Um problema de decis˜ao fica completamente especificado pela descri¸c˜ao dos seguintes espa¸cos:

• Θ, espa¸co do parˆametro ou estados da natureza;

• X, conjunto de v.a. associadas aos estados da natureza;

• A, espa¸co de poss´ıveis a¸c˜oes ou decis˜oes.

A cada decis˜aoa ∈ Atomada, dadas as informa¸c˜oesx∈ X associadas a cada poss´ıvel valor do parˆametro θ ∈ Θ, uma consequˆencia ´e gerada, e quantificada atrav´es de uma fun¸c˜ao real:

F : Θ× X × A →IR

(15)

2.2 Teoria da Decis˜ao 5

Um problema de decis˜ao pode ser representado gr´aficamente atrav´es do chamado Diagrama de Influˆencia (conforme representado na Figura 1), que explicita as rela¸c˜oes de dependˆencia entre as quantidades envolvidas no problema.

a c X

q

Figura 1: Ilustra¸c˜ao de um Diagrama de Influˆencia.

A fun¸c˜ao F pode ser vista de maneira pessimista (pensando na consequˆencia como uma perda) ou pode ser vista de maneira otimista (pensando na consequˆencia como um ganho) denotadas, em geral, como:

• Fun¸c˜ao Perda: L(θ,x,a); ou

• Fun¸c˜ao Utilidade: u(θ,x,a).

Sob o ponto de vista bayesiano, um estimador ´otimo paraθ ´e uma decis˜aoa (fun¸c˜ao das observa¸c˜oes x) que minimiza uma fun¸c˜ao perda esperada (isto ´e, que minimiza a esperan¸ca, com rela¸c˜ao a distribui¸c˜ao a posteriori de θ, de uma fun¸c˜ao perda); e este estimador ´e chamado estimador de Bayes.

Para cada fun¸c˜ao perda, podemos definir, de forma equivalente, uma fun¸c˜ao de utilidade por u(θ,x,a) = −L(θ,x,a). Escolhemos para esse trabalho pensar em consequˆencias em termos de ganho, ou seja, abordar fun¸c˜oes utilidade.

2.2.2 Fun¸ c˜ ao utilidade

A fun¸c˜ao utilidade (ou fun¸c˜ao de utilidade) u(θ,x,a) representa o ganho para cada cen´ario estudado. Como estamos olhando para o ganho, nosso problema de otimiza¸c˜ao ´e resolvido escolhendo o cen´ario que oferece a maioru(θ,x,a), ou seja, queremos maximizar a nossa fun¸c˜ao de utilidade u(θ,x,a).

Como n˜ao ´e poss´ıvel a implementa¸c˜ao de procedimentos que maximizem diretamente a fun¸c˜ao utilidade, pois essa depende das quantidades aleat´orias xe θ, ent˜ao maximiza-

(16)

2.3 M´etodo de Monte Carlo via Cadeia de Markov 6

se a fun¸c˜ao de utilidade esperada, onde a esperan¸ca ´e tomada com rela¸c˜ao a todas as quantidades aleat´orias do problema, denotada como a seguir:

U(a) =E[u(θ,x,a)],

onde a esperan¸ca ´e tomada com rela¸c˜ao a todas as componentes de x eθ.

Em particular, sob o ponto de vista bayesiano, ´e comum que x represente as observa¸c˜oes dispon´ıveis para o problema; ou seja, x = y, onde y ´e um conjunto de observa¸c˜oes geradas por um modelo que depende de θ, e, portanto, como n˜ao existe aleatoriedade sobrexneste caso, a esperan¸ca ser´a com rela¸c˜ao a distribui¸c˜aoa posteriori deθ. Em particular, podem ocorrer dois casos distintos:

• Caso discreto:

E[u(θ,x,a)] = X

θ∈Θ

u(θ,x,a)p(θ|x);

• Caso cont´ınuo:

E[u(θ,x,a)] = Z

Θ

u(θ,x,a)p(θ|x)dθ.

Dessa forma, queremos encontrar arg max

a∈AE[u(θ,x,a)], onde E[u(θ,x,a)] ´e definida como em um dos casos acima.

Sem perda de generalidade, daqui em diante vamos denotar somente o caso cont´ınuo (por quest˜ao de facilidade). Usando o contexto de Inferˆencia bayesiana, de maneira que ap(θ|x) ´e a distribui¸c˜aoa posteriori de θ dado x, temos:

E[u(θ,x,a)] = Z

Θ

u(θ,x,a)p(θ|x)dθ ∝ Z

Θ

u(θ,x,a)p(x|θ)p(θ)dθ,

em que p(θ) ´e a distribui¸c˜aoa priori deθ.

2.3 M´ etodo de Monte Carlo via Cadeia de Markov

Na pr´atica, as fun¸c˜oes de (densidade de) probabilidade de interesse dificilmente tem uma forma anal´ıtica conhecida e se faz necess´aria a utiliza¸c˜ao de m´etodos de simula¸c˜ao para obter amostras destas distribui¸c˜oes.

(17)

2.3 M´etodo de Monte Carlo via Cadeia de Markov 7

Os m´etodos de Monte Carlo via cadeias de Markov (MCMC) s˜ao uma alternativa em problemas complexos nos quais a distribui¸c˜ao de interesse n˜ao possui forma anal´ıtica conhecida. Tais m´etodos s˜ao iterativos e finalizam quando se alcan¸ca a convergˆencia da cadeia com as amostras da distribui¸c˜ao de interesse, e com base nessas amostras ´e poss´ıvel a obten¸c˜ao de estimativas pontuais e intervalares dos parˆametros.

Os m´etodos de MCMC mais utilizados s˜ao o algoritmo de Metropolis-Hastings e o amostrador de Gibbs, que ser˜ao descritos brevemente nas pr´oximas se¸c˜oes. Maiores detalhes podem ser vistos em [4].

2.3.1 Metropolis-Hastings

Proposto originalmente por [5] e generalizado por [6], o algoritmo de Metropolis- Hastings ´e um algoritmo de aceita¸c˜ao e rejei¸c˜ao utilizado para gerar amostras de distribui¸c˜oes de interesse. Para fazer a gera¸c˜ao ´e necess´ario utilizar uma distribui¸c˜ao auxiliar conhecida, chamada de distribui¸c˜ao proposta e, cada itera¸c˜ao do algoritmo um valor ´e gerado da distribui¸c˜ao proposta, e aceito ou n˜ao com uma dada probabilidade a ser definida a seguir. A distribui¸c˜ao proposta pode estar relacionada com valores gerados em itera¸c˜oes anteriores, o que indica que o m´etodo ´e iterativo, gerando um conjunto de valores relacionados entre si (formando uma cadeia de Markov). Este mecanismo de corre¸c˜ao garante a convergˆencia da cadeia para a distribui¸c˜ao de equil´ıbrio. Do ponto de vista bayesiano, em geral, a distribui¸c˜ao de equil´ıbrio procurada ´e uma distribui¸c˜ao a posteriori.

Mais especificamente, considere p(·) como a fun¸c˜ao de probabilidade ou fun¸c˜ao de densidade de probabilidade da distribui¸c˜ao que se deseja simular e q(·) uma fun¸c˜ao de probabilidade ou fun¸c˜ao de densidade de probabilidade proposta, com mesmo dom´ınio que p(·), da qual, sabe-se como simular. Neste caso, para gerar uma amostra aleat´oria da vari´avel θ, com distribui¸c˜ao definida por p(θ), o algoritmo se desenvolve da seguinte forma:

1. Inicialize a cadeia com um valor inicial θ(0) (pertencente ao espa¸co param´etrico) e inicialize um contador t = 1;

2. gere um novo valor θp de q(·|θ(t−1));

(18)

2.3 M´etodo de Monte Carlo via Cadeia de Markov 8

3. gere υ ∼U(0,1) e calculeα da forma α=min

(

1, p(θp)q(θ(t−1)p) p(θ(t−1))q(θp(t−1))

)

;

4. se υ < α, aceite θp fazendo θ(t)p ; caso contr´ario, rejeite e fa¸caθ(t)(t−1); 5. fa¸ca t = t + 1 e volte para (2) at´e atingir a convergˆencia.

Ap´os a convergˆencia, a amostra obtida θ(1)(2)(3), ...representar´a uma amostra da distribui¸c˜ao representada por p(θ).

2.3.2 Amostrador de Gibs

Introduzido originalmente por [7], e utilizado na Inferˆencia bayesiana ap´os a compara¸c˜ao com esquemas de simula¸c˜ao estoc´astica feitas por [8], o amostrador de Gibbs ´e um m´etodo MCMC no qual o objetivo ´e tornar um problema multivariado numa sequˆencia de problemas univariados ou de menor dimens˜ao.

Supondo que o interesse est´a na distribui¸c˜aop(θ) deθ = (θ1,· · · ,θp) e considerando tamb´em que as distribui¸c˜pes condicionais completas p(θi−i), para i = 1, ..., p e θ−i = (θ1,· · · ,θi−1i+1,· · · ,θp) est˜ao dispon´ıveis, no sentido de que elas s˜ao completamente conhecidas e sabe-se amostrar delas, a amostragem do vetor θ pode ser feita em etapas pelo seguinte algoritmo:

1. Inicialize θ(0) = (θ(0)1 ,· · · ,θ(0)p ), e fa¸ca t = 1;

2. gere um valor para θ(t), componente a componente, da forma θ(t)1 ∼p(θ1(t−1)2(t−1)3 ,· · · ,θ(t−1)p )

θ(t)2 ∼p(θ2(t)1(t−1)3 ,· · · ,θ(t−1)p ) ...

θ(t)i ∼p(θi(t)1 ,· · · ,θ(t)i−1(t−1)i+1 ,· · · ,θ(t−1)p ) ...

θ(t)p ∼p(θp(t)1(t)2(t−1)3 ,· · · ,θ(t−1)p−1 );

3. atualize o contador t = t + 1 e volte para (2) repetindo o procedimento at´e atingir o tamanho da amostra desejado.

(19)

2.3 M´etodo de Monte Carlo via Cadeia de Markov 9

Diferentes m´etodos MCMC podem ser combinados em situa¸c˜oes onde ´e necess´ario amostrar de fun¸c˜oes muito complexas. Por exemplo, no caso multivariado em que algumas das distribui¸c˜oes condicionais completas n˜ao s˜ao conhecidas, pode-se utilizar o algoritmo Metropolis-Hastings para gerar as correspondentes componentes no passo 2 do algoritmo amostrador de Gibbs.

(20)

10

3 M´ etodos

Problemas de tomada de decis˜oes ´otimas est˜ao relacionados com o princ´ıpio da maximiza¸c˜ao da utilidade esperada descrito em [9], isto ´e, com a maximiza¸c˜ao, em rela¸c˜ao

`

a a¸c˜ao tomada diante do problema, da fun¸c˜ao de utilidade esperada. Especificamente, devemos encontrar:

a = arg max

a∈A U(a), onde

U(a) =E[u(θ,x,a)] = Z

X

Z

Θ

u(θ,x,a)p(θ,x)dθdx, (3.1) conforme discutido na Se¸c˜ao 2.2.2.

Do ponto de vista bayesiano, temos que x ´e um conjunto de observa¸c˜oes geradas por um modelo que depende de θ, portanto, p(θ,x) = p(x|θ)p(θ). Por´em, somente em problemas triviais e de pouco interesse pr´atico ´e poss´ıvel se obter analiticamente a solu¸c˜ao da integral em (3.1).

Nas se¸c˜oes a seguir, apresentaremos estrat´egias para a solu¸c˜ao do problema de tomada de decis˜oes ´otimas baseadas em simula¸c˜oes. Mais especificamente, inicialmente apresentaremos m´etodos baseados em simula¸c˜oes de Monte Carlo para o resolver a integral em (3.1), entretanto, quando o espa¸co de a¸c˜oes ´e de dimenss˜ao relativamente grande esse m´etodo torna-se computacionalmente ineficiente. Passaremos ent˜ao a considerar, artificialmente, as poss´ıveis a¸c˜oes como vari´aveis aleat´orias, e m´etodos de Monte Carlo via Cadeias de Markov ser˜ao propostos para gera¸c˜ao de novas poss´ıveis tomadas de decis˜oes com o aux´ılio de uma distribui¸c˜ao de probabilidade artificial, conforme proposto por [1].

(21)

3.1 Simula¸c˜ao de Monte Carlo 11

3.1 Simula¸ c˜ ao de Monte Carlo

Para cada a∈ A e (θ,x) simulado de p(θ,x), o m´etodo de Monte Carlo Simples diz queU(a) pode ser aproximada por ˆU(a) da forma

Uˆ(a) = 1 M

M

X

i=1

u(θ(i),x(i),a),

com (θ(i),x(i)),i= 1,· · ·, M, gera¸c˜oes independentes de p(θ,x).

Utilizando esta aproxima¸c˜ao, a decis˜ao ´otima a pode ser obtida como o m´aximo da curva ajustada atrav´es dos pares (a,Uˆ(a)), supondo uma grade de a¸c˜oes selecionadas de A.

Segue abaixo o algoritmo proposto por [10], para a busca de decis˜oes ´otimas:

1. Selecione uma gradea(i),i= 1,· · · , M, de valores em A;

2. obtenha uma amostra de (θ(i),x(i))∼p(θ,x), i= 1,· · · , M; 3. calcule u(i) ≡u(θ(i),x(i),a(i)), i= 1,· · · , M;

4. ajuste uma superf´ıcie atrav´es dos pontos (a(i);u(i));

5. a solu¸c˜ao ´otima ser´a obtida como a moda da superf´ıcie ajustada.

Escolhas inadequadas da grade de decis˜oes podem acarretar solu¸c˜oes erradas. Na pr´oxima se¸c˜ao, trataremos de uma alternativa baseada em m´etodos de Monte Carlo via Cadeias de Markov que buscam superar tal dificuldade.

3.2 Simula¸ c˜ ao de Monte Carlo via Cadeias de Markov

Afim de encontrar solu¸c˜oes ´otimas, foi proposto por [1] um m´etodo em que utilizamos a fun¸c˜ao de utilidade para definir uma fun¸c˜ao (de densidade) de probabilidade artificial da forma

h(θ,x,a)∝u(θ,x,a)p(x,θ).

(22)

3.2 Simula¸c˜ao de Monte Carlo via Cadeias de Markov 12

Note que, nesse contexto, a utilidade esperada U(a) ser´a proporcional a h(a), uma vez que

h(a) ∝ Z

X

Z

Θ

u(θ,x,a)p(x,θ)dθdx=U(a).

Portanto, o problema de maximizar U(a) pode ser substitu´ıdo pelo de encontrar a moda da distribui¸c˜ao marginal representada por h(a). Com esse objetivo, um esquema de Monte Carlo via Cadeias de Markov (MCMC), possivelmente utilizando passos de Metropolis-Hasting, ser´a utilizado para obter amostras de h(θ,x,a) e , enfim, estas amostras ser˜ao marginalizadas em a, a fim de encontrar a moda amostral. Esta moda servir´a como uma aproxima¸c˜ao para a decis˜ao ´otimaa. Este m´etodo permite substituir um problema de resolver uma integral (como na express˜ao (3.1)), que pode ser muito complicada, pelo problema de gerar uma amostra de uma distribui¸c˜ao artificial utilizando MCMC.

Segue abaixo o algoritmo utilizado neste m´etodo para obten¸c˜ao da amostra da distribui¸c˜ao artificial h(θ,x,a):

1. Inicialize a cadeia com um valor inicial a(0) e inicialize um contador t= 0;

2. simule (θ(t),x(t)) de p(θ,x) = p(x|θ)p(θ) e avalie u(t)≡u(θ(t),x(t),a(t));

3. gere uma a¸c˜ao “candidata” ap de uma distribui¸c˜ao proposta q(ap|a(t));

4. sob a a¸c˜aoap, simule (θp,xp), como no passo 2, e avalie up =u(θp,xp,ap);

5. calcule a probabilidade de aceita¸c˜ao α =min

(

1, h(θp,xp,ap) h(θ(t),x(t),a(t))

q(a(t)|ap) q(ap|a(t))

p(θ(t),x(t)) p(θp,xp)

)

=min

1, up u(t)

q(a(t)|ap) q(ap|a(t))

;

6. gere υ ∼ U(0,1) e, se υ < α, aceite (ap, up) fazendo (a(t+1), u(t+1)) = (ap, up); caso contr´ario, rejeite e fa¸ca (a(t+1), u(t+1)) = (a(t), u(t));

7. fa¸ca t = t + 1 e volte ao passo (3) at´e que julgue que a cadeia convergiu.

O algoritmo descrito acima fornece uma amostra de pontos (θ(1),x(1),a(1)), (θ(2),x(2),a(2)), (θ(3),x(3),a(3)),... de h(θ,x,a). Tomando apenas as componentes a(1), a(2),a(3),..., obtemos uma amostra da distribui¸c˜ao marginalh(a), cuja moda servir´a como uma aproxima¸c˜ao para a solu¸c˜ao ´otima.

(23)

3.2 Simula¸c˜ao de Monte Carlo via Cadeias de Markov 13

No cap´ıtulo a seguir apresentaremos uma solu¸c˜ao para o problema de otimiza¸c˜ao do funcionamento de uma casa lot´erica baseada nos algoritmos discutidos ao longo deste cap´ıtulo.

(24)

14

4 Aplica¸ c˜ ao

Afim de ilustrar os m´etodos apresentados no cap´ıtulo anterior, vamos ilustrar o exemplo do funcionamento de uma casa lot´erica. Para isso ser´a necess´ario escolher um n´umero m´ınimo de funcion´arios de forma a n˜ao comprometer o atendimento dos clientes.

Para a determina¸c˜ao do n´umero ideal de funcin´arios, vamos fazer algumas suposi¸c˜oes sobre o funcionamento da casa lot´erica e assim, resolver o problema atrv´es de dois m´etodos:

Monte Carlo Simples e o m´etodo proposto por [1], onde ser´a necess´ario a determina¸c˜ao da fun¸c˜ao utilidade para representar o ganho da casa lot´erica.

Todos os m´etodos utilizados neste trabalho foram implementados atrav´es do software livre R ([11]).

4.1 Funcionamento da Casa Lot´ erica

Nesta se¸c˜ao vamos definir algumas hip´oteses assumidas sobre o funcionamento da casa lot´erica em estudo. Por simplicidade, vamos supor que a casa lot´erica recebe clientes para apenas dois tipos de servi¸cos: fazer apostas e pagar contas no hor´ario comercial (de 8h

`

as 18h). Os clientes que v˜ao `a loteria para fazer apostas representam 60% do total e levam em m´edia 30 segundos no atendimento. J´a os clientes que v˜ao para pagar contas representam 40% e gastam em m´edia 1 minuto no atendimento.

No modelo do sistema estudado ser´a considerado que o tempo gasto pelo funcion´ario do caixa em cada atendimento ´e uma vari´avel aleat´oria com distribui¸c˜ao exponencial (com m´edias definidas de acordo com o tipo de atendimento que realiza) e que os clientes chegam `a loteria de acordo com um processo de Poisson n˜ao-homogˆeneo, obedecendo a seguinte taxa m´edia de chegada (em minutos) ao longo do dia:

(25)

4.2 Uma Poss´ıvel Solu¸c˜ao: M´etodo de Monte Carlo Simples 15

Figura 2: Taxa m´edia de chegada de clientes ao longo do dia.

λ(t) =













2t−16, 8h≤t≤11h 6, 11h≤t≤14h

3

2t−21, 14h≤t≤18h

0, c.c.

(4.1)

Note que a fun¸c˜ao (4.1) muda ao longo do dia, o que caracteriza o processo n˜ao- homogˆeneo, e que nos “hor´arios de pico” a taxa m´edia de chegada de clientes n˜ao ultrapassa 6 clientes por minuto.

4.2 Uma Poss´ıvel Solu¸ c˜ ao: M´ etodo de Monte Carlo Simples

Conforme apresentado no trabalho de [12], uma poss´ıvel solu¸c˜ao para um problema de otimiza¸c˜ao ´e simular, atrav´es do M´etodo de Monte Carlo Simples, diferentes cen´arios, ou seja, diferentes configura¸c˜oes para as vari´aveis do problema, e escolher aquele que gera a melhor solu¸c˜ao poss´ıvel dentre as solu¸c˜oes simuladas, conforme o m´etodo descrito na Se¸c˜ao 3.1.

Para tomar uma decis˜ao em rela¸c˜ao ao problema do sistema de loteria apresentado na Se¸c˜ao 4.1, foram simulados trˆes diferentes cen´arios conforme definidos a seguir,no qual variamos o n´umero de funcion´arios da casa lot´erica:

(26)

4.2 Uma Poss´ıvel Solu¸c˜ao: M´etodo de Monte Carlo Simples 16

Cen´ario 1) 3 funcion´arios trabalhando;

Cen´ario 2) 4 funcion´arios trabalhando;

Cen´ario 3) 5 funcion´arios trabalhando;

4.2.1 Descri¸ c˜ ao da Simula¸ c˜ ao

Para simular o sistema de loteria definido, utilizamos o M´etodo de Monte Carlo Simples. A fim de encontrar resultados robustos para cada um dos trˆes cen´arios, fixado o n´umero de funcion´arios, as outras vari´aveis do sistema em quest˜ao foram simuladas 100 vezes, onde cada simula¸c˜ao representa um dia de funcionamento da loteria. Em cada simula¸c˜ao as seguintes vari´aveis foram observadas de forma a auxiliar na tomada de decis˜ao:

• Hora de encerramento das atividades por dia;

• N´umero m´aximo de clientes “dentro do sistema” por dia;

• M´edia do per´ıodo de permanˆencia dos clientes no sistema por dia;

• M´aximo do per´ıodo de permanˆencia dos clientes no sistema por dia;

• M´edia do tempo “l´ıquido” de trabalho de cada funcion´ario por dia.

Para buscar uma compara¸c˜ao justa entre todos os cen´arios, os hor´arios de chegadas e tempo de atendimento de cada cliente em cada um dos 100 dias simulados foi o mesmo para todos os cen´arios, variando apenas as quantidades descritas acima.

4.2.2 Resultados

A Tabela 1 a seguir apresenta os valores m´edios em rela¸c˜ao `as 100 simula¸c˜oes para cada uma das vari´aveis listadas na Se¸c˜ao 4.2.1 para cada um dos cen´arios propostos.

N´umero de funcion´arios: 3 4 5

Hora de encerramento 18:20:54 18:03:00 18:00:52 N´umero m´aximo de clientes 368 91 27 Permanˆencia m´edia 00:28:24 00:04:28 00:01:02 Permanˆencia m´axima 01:27:80 00:18:07 00:07:48 Tempo “l´ıquido”de trabalho 09:04:55 06:48:41 05:26:57 Tabela 1: M´edias dos resultados para cada um dos cen´arios.

(27)

4.3 Solu¸c˜ao via MCMC 17

3 funcionários 4 funcionários 5 funcionários

010203040

Minutos

(a) M´edia do Pemanˆencia

3 funcionários 4 funcionários 5 funcionários

300400500

Minutos

(b) Tempo l´ıquido de trabalho m´edio

Figura 3: Boxplots para algumas das vari´aveis estudadas.

De acordo com os resultados obtidos atrav´es do m´etodo de Monte Carlo Simples, podemos descartar a op¸c˜ao com apenas 3 funcion´arios, pois uma loteria jamais comportaria mais de 300 clientes esperando atendimento e, al´em disso, para esse cen´ario, alguns clientes v˜ao esperar at´e 1:30h para serem atendidos, o que ´e inaceit´avel. Analisando o funcionamento com 4 funcion´arios os resultados foram satisfat´orios a menos do n´umero m´aximo de clientes no estabelecimento, que chega em m´edia a 90. Por outro lado o funcionamento com 5 funcion´arios indica ociosidade, o que pode n˜ao ser interessante para o propriet´ario do estabelecimento. Note que a decis˜ao ´otima para este m´etodo ´e a loteria funcionar com 4 funcion´arios.

Essa ´e apenas uma poss´ıvel solu¸c˜ao para resolver esse problema, onde o n´umero de funcion´arios ´e fixado e os cen´arios s˜ao simulados para comparados entre si para escolhermos o melhor entre eles. A seguir, vamos discutir uma solu¸c˜ao mais eficiente para este problema.

4.3 Solu¸ c˜ ao via MCMC

Outras poss´ıveis solu¸c˜oes que supo˜em diferentes n´umeros de funcion´arios (diferentes de 3, 4 ou 5 funcion´arios) poderiam ter sido testadas caso fossem consideradas solu¸c˜oes vi´aveis para este problema. Uma limita¸c˜ao do M´etodo de Monte Carolo Simples ´e que cada nova solu¸c˜ao precisaria ser simulada separadamente e, a seguir, comparada com as demais para decidir qual a melhor. Para evitar esta limita¸c˜ao, nesta se¸c˜ao vamos utilizar o m´etodo proposto por [1], discutido na Se¸c˜ao 3.2, que torna a busca por solu¸c˜oes mais automatizada.

(28)

4.3 Solu¸c˜ao via MCMC 18

4.3.1 Definindo a Fun¸ c˜ ao de Utilidade

Para implementar o m´etodo de [1], ´e necess´ario definir uma fun¸c˜aode utilidade que represente o ganho da casa lot´erica de acordo com cada poss´ıvel cen´ario. Para isso, adotaremos as seguintes hip´otese a seguir

• O n´umero de clientes atendidos em um dia segue um processo de Poisson n˜ao- homogˆeneo com m´edia descrita pela equa¸c˜ao 4.1;

• O tempo gasto para o atendimento de cada cliente segue uma distribui¸c˜ao exponencial com as m´edias descritas como na Se¸c˜ao 4.1, dependendo do tipo de servi¸co realizado pelo atendente;

• A carga hor´ario de trabalho para cada funcion´ario ´e de 8 horas di´arias; e

• O tempo de permanˆencia dos clientes dentro da casa lot´erica segue uma dsitribui¸c˜ao exponecial com m´edia de 6 minutos dividido pelo o n´umero de funcion´arios, ou seja, para apenas um funcion´ario trabalhando o tempo m´edio de permanˆencia ´e de 6 minutos, para dois funcion´arios trabalhando o tempo m´edio de permanˆencia

´

e de 3 minutos e assim sucessivamente. De fato, ´e natural pensar que quanto maior a quantidade de funcion´arios trabalhando, menor ´e o tempo de espera para atendimento.

Estabelecidas as hip´oteses para o modelo, a seguinte nota¸c˜ao ser´a utilizada para as vari´aveis envolvidas na fun¸c˜ao:

• N ser´a o n´umero total de clientes atendidos em um dia pela casa lot´erica; N segue um processo de Poisson n˜ao-homogˆeneo com m´edia descrita pela equa¸c˜ao 4.1;

• Nc ∼ Binomial(N; 0,4) ser´a o n´umero de clientes atendidos em um dia pela casa lot´erica para pagar contas;

• Tc ∼ Exponencial(1), ser´a o tempo gasto (em minutos) por um funcion´ario para atender um cliente que paga uma conta; supondo que todos os atendimentos s˜ao independentes,

Nc

X

i=1

(Tc)i ∼Gama(Nc,1), ser´a o tempo necess´ario para o recebimento do pagamento de todas as contas ao longo do dia;

• Na=N−Nc, ser´a o n´umero de clientes atendidos em um dia que realizam apostas;

(29)

4.3 Solu¸c˜ao via MCMC 19

• Ta ∼ Exponencial(2), ser´a o tempo gasto (em minutos) por um funcion´ario para atender um cliente que realiza uma aposta; novamente supondo que todos os atendimentos s˜ao independentes,

Na

X

i=1

(Ta)i ∼Gama(Na,2), ser´a o tempo gasto para o processamento de todas as apostas feitas em um dia;

• CH ´e carga hor´aria de um funcion´ario, fixa e assumida como 8 h/dia, ou seja, CH = 480 minutos/dia;

• Nf ser´a o n´umero de funcion´arios trabalhando em um dia;

• Te ∼ Exponencial(Nf/6), ser´a o tempo de espera de um cliente de acordo com o n´umero de funcion´arios trabalhando; dessa forma, supondo independˆencia,

N

X

i=1

(Te)i ∼ Gama(N, Nf/6), ser´a o tempo total de espera de todos os clientes em um dia.

Definidas estas quantidades, adotaremos a seguinte express˜ao para a fun¸c˜ao utilidade:

u(Tc, Ta, Te, CH, Nf) =

Nc

X

i=1

(Tc)i+

Na

X

i=1

(Ta)i

!

−CH ×Nf

N

X

i=1

(Te)i+K,

onde o termo

Nc

X

i=1

(Tc)i+

Na

X

i=1

(Ta)i

!

representa o tempo que ser´a necess´ario para atender todos os clientes que chegam `a loteria ao longo do dia, o termo CH ×Nf representa o tempo de trabalho total dispon´ıvel para atender os clientes em um dia e o termo

N

X

i=1

(Te)i representa o total de espera de todos os clientes. Note que, a express˜ao CH ×Nf

Nc

X

i=1

(Tc)i+

Na

X

i=1

(Ta)i

!

representa o tempo ocioso total dos funcion´arios, caso haja mais funcion´arios que o necess´ario para atender `a demanda de clientes, que deve ser o menor poss´ıvel. Assim, como queremos pensar em termos de ganho para a loteria, maximizando a fun¸c˜ao, tomamos “menos” nesta express˜ao na fun¸c˜ao de utilidade. O termo PN

i=1(Te)i funciona como uma esp´ecie de penalidade para longos tempos de espera, que tamb´em devem ser evitados. Por fim, o ´ultimo termo K ´e uma constante adicionada ao modelo para que a fun¸c˜ao fique positiva, uma vez que queremos olhar para ela como uma fun¸c˜ao de probabilidade artificial. Esta constante n˜ao altera a moda da fun¸c˜ao de utilidade esperada, funcionando apenas como um artif´ıcil computacional para o algoritmo funcionar.

(30)

4.3 Solu¸c˜ao via MCMC 20

Fazendo um paralelo com a Se¸c˜ao 2.2, na express˜ao 4.3.1, temos que Nf ´e a vari´avel de decis˜ao, N s˜a os estados na natureza e, consequentemente, Nc,Na,

Nc

X

i=1

Tci,PNa

i=1Tai e

N

X

i=1

Tei como as v.a’s associadas aos estados da natureza.

Com o objetivo de maximizar a esperan¸ca do fun¸c˜ao de utilidade representada pela express˜ao (4.3.1), faremos uso do algoritmo proposto na Se¸c˜ao 3.2.

4.3.2 Resultados

Implementamos o algoritmo como descrito na Se¸c˜ao 3.2 para resolver o problema da escolha ´otima do n´umero de funcion´arios para a loteria. Para isso, utilizamos como distribui¸c˜ao proposta para a vari´avel de decis˜ao (Nf) uma distribui¸c˜ao de Poisson com m´edia de 4 funcion´arios. Foram utilizadas 4000 itera¸c˜oes para o MCMC, onde essas itera¸c˜oes representam simula¸c˜oes de diferentes dias de trabalho, e descartamos 1000 itera¸c˜oes (como burn-in).

A seguir, apresentamos os gr´aficos correspondentes aos resultados obtidos. Na Figura 4, representamos duas cadeias independentes iniciadas de valores diferentes, simuladas com o objetivo de verificar a convergˆencia do algoritmo. Note que ambas as cadeias geradas convergem para o mesmo valor, que no caso indica o n´umero ideal de funcion´arios.

iterações

nº funcionários

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

246810

Figura 4: Gr´afico de duas cadeias independentes para a vari´avel de decis˜ao Nf, geradas via MCMC.

De acordo com o gr´afico de barras do n´umero de funcin´arios (Figura 5), a solu¸c˜ao

´

otima pode ser lida como a moda deste gr´afico, ou seja, o m´etodo indica que a melhor alternativa ´e contratar 4 funcion´arios.

(31)

4.3 Solu¸c˜ao via MCMC 21

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12

nº funcionários freq. absoluta 0200400

Figura 5: Gr´afico de barras do n´umero de funcion´arios proposto.

O gr´afico na Figura 6, representa a curva ajustada atrav´es de suaviza¸c˜ao splines (feita com a fun¸c˜asmooth.spline do R) dos pares Nf (n´umero de funcion´arios) versus fun¸c˜ao de utilidade gerados a cada itera¸c˜ao. Este gr´afico ´e uma forma alternativa de localizar a solu¸c˜ao ´otima na qual o n´umero ideal de funcion´arios ´e a moda da curva ajustada.

2 4 6 8 10 12

0200040006000

nº funcionários

função de utilidade

Figura 6: Gr´afico da fun¸c˜ao de utilidade esperada.

Ambos os m´etodos encontraram a mesma solu¸c˜ao para o problema, por´em a simula¸c˜ao de Monte Carlo via Cadeias de Markov apresentou vantagens devido a ser um m´etodo automatizado, onde em apenas uma simula¸c˜ao oferece a decis˜ao ´otima entre todas as poss´ıveis decis˜oes. J´a na simula¸c˜ao de Monte Carlo simples ´e necess´ario simular os cen´arios um a um, para obter a decis˜ao ´otima.

(32)

22

5 Conclus˜ oes

Durante este trabalho revisamos conceitos de Inferˆencia bayesiana e Teoria da decis˜ao, al´em de m´etodos de otimiza¸c˜ao para encontrar solu¸c˜oes ´otimas em fun¸c˜oes de utilidade esperada.

Fizemos uma aplica¸c˜ao neste trabalho com o objetivo de encontrar um n´umero de funcion´arios ideal para o funcionamento de uma casa lot´erica, atrav´es de simula¸c˜oes de Monte Carlo via Cadeias de Markov. Foi apresentado uma outra solu¸c˜ao, atrav´es de simula¸c˜oes de Monte Carlo simples, para comparar a efic´acia dos m´etodos.

O m´etodo utilizando Monte Carlo via Cadeias de Markov apresentou vantagens, pois apresentou uma solu¸c˜ao mais automatizada comparando com ao m´etodo que utiliza Monte Carlo Simples.

Uma continua¸c˜ao deste trabalho pode apresentar outros tipos de vari´aveis de decis˜oes, como escolher a quantidade de filas seria mais adequada para a loteria, comparando o comportameto de uma fila ´unia ou v´aria filas. Tamb´em poder´ıamos incorpor no problema a possibilidade de um cliente realizar mais de um servi¸co, por exemplo, pagando v´arias contas e fazendo apostas.

Para cen´arios mais complicados, temos m´etodologias mais avan¸cada conforme as discutidas em [13], que procuram solucionar alguns problemas dos m´etodos desenvolvido neste trabalho.

Por fim, vale destacar que o cen´aria da loteria foi apenas uma ilustra¸c˜ao para tomadas de decis˜oes ´otimas, pois os m´etodos apresentados neste trabalho poderiam ser aplicados a diferentes problemas. Sem fugir do contexto abordado neste trabalho, poder´ıamos ter tratado do problema de determinar o n´umero ´otimo de caixas para um supermercado ou o n´umero de atendentes em um call center.

(33)

23

Referˆ encias

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