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Queimadas na Amazônia brasileira: Brasil em chamas

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Queimadas na Amazônia brasileira: Brasil em chamas

Gislaine Gabardo

UEPG

Carolina Galvão Sarzedas

UNICESUMAR

Henrique Luis da Silva

IDR/PR

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PALAVRAS-CHAVE: Fogo, Degradação, Alterações Climáticas.

RESUMO

A demanda chinesa por commodities tem capacidade para moldar fronteiras agrícolas em muitas partes do mundo, incluindo a Amazônia. O fogo é um dos principais causa- dores de degradação nos ecossistemas Amazônicos, sendo amplamente utilizado para o manejo e transformação da cobertura da terra para diferentes usos. O objetivo do pre- sente trabalho foi realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, pois compreender os padrões do desmatamento em caráter regional é de fundamental importância, uma vez que possibilita traçar metas que buscam o desenvolvimento embasado em práticas conservacionistas. A busca dos trabalhos foi realizada em diferentes bases de dados eletrônicas científicas e foram conduzidas através da utilização de Palavras-chave, em português e inglês, com base nos termos contidos nos títulos ou palavras chaves do resu- mo dos trabalhos. Trabalhos que estavam fora da delimitação geográfica foram excluídos.

Conclui-se que o modelo de produção praticado pelo agronegócio na floresta amazônica, é fruto de um processo de colonização, que substitui o cultivo da flora natural da região, e impõe a pecuária e a monocultura, principalmente de soja. A utilização indiscriminada das queimadas torna os ambientes afetados mais vulneráveis a impactos climáticos e antrópicos. Durante a queima, a combustão do material orgânico libera o gás dióxido de carbono (CO2), principal responsável pelo efeito estufa. Há mudança no comportamento das chuvas e, consequentemente, do clima em todo o planeta. É possível que muitas espécies acabem extintas mesmo antes de serem descobertas, devido a ocorrência das queimadas. O desenvolvimento sustentável da floresta depende de investimentos, como a assistência técnica diferenciada para pequenos e médios produtores com a preocupação com a sustentabilidade, e em mecanismos econômicos que tragam valor para a floresta em pé, além da conscientização ambiental.

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INTRODUÇÃO

No Brasil, a origem das queimadas no ambiente rural está relacionada com o meio de produção, que tem no manejo do fogo a solução mais rápida e econômica para geração de renda na agricultura (DE AVILA 20219; MAY, 2019). O aumento das taxas das quei- madas na região amazônica possui estreita relação com o processo de desmatamento e manejo de áreas agrícolas e pecuárias, principalmente para a pecuária e o monocultivo de soja (FUCHS 2020).

O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina. Suas exportações atingiram o re- corde de 1,64 milhão de toneladas em 2018 (fonte: Associação das Indústrias de Exportação de Carne no Brasil). Houve um crescimento muito mais intenso deste efetivo, e apesar da pandemia do COVID-19, e seus impactos na economia, as exportações do agronegócio brasileiro não foram afetadas negativamente (BRIZOLA et al., 2020). Os principais mercados consumidores são a China, seguida pelo Egito e União Europeia (MALAFAIA et al., 2020).

A expansão da cultura da soja, também está sendo associada diretamente ao des- matamento da Floresta Amazônica. Sua cultura iniciou-se no sul do país e avançou para a região central, sobre o bioma do cerrado, expandindo-se, gradativamente, ao norte do Brasil, principalmente por meio de latifúndios (FUCHS 2020). A área de avanço agrícola ao norte tem substituído o bioma local: a Floresta Amazônica, o que tem preocupado entidades públicas e privadas, em face do desmatamento exagerado e perda da biodiversidade e o aumento da ocorrência das queimadas (BARBER 2014).

Os eventos de queimadas e incêndios florestais tornam os ambientes impactados mais expostos a subsequentes impactos climáticos e antropogênicos, reduzindo a quantidade de biomassa da floresta e consequentemente os estoques de carbono, além de causar altera- ções climáticas (HARGRAVE, et al., 2013; SANTOS et al., 2017).

Com a crescente demanda internacional por reduções nas emissões de carbono, con- trolar o uso indiscriminado de fogo na região pode ser uma eficiente estratégia para reduzir o desmatamento e a emissão de carbono (THALER et al., 2019). Porém o Brasil registrou 131.327 queimadas florestais até o mês de agosto em 2019. Só na Amazônia, foram regis- trados 43.573 focos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O setor empresarial brasileiro quer ações para reverter atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia (AGRO PLANNING, 2020). Segundo a revista, os executivos estão preocupados que a imagem negativa dos desmatamentos cause enorme potencial de prejuízo para o Brasil, de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país. Além de

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sobre a procedência da carne bovina e boicotes silenciosos, com a dificuldade da entrada de produtos brasileiros em alguns mercados.

A origem do fogo na floresta tem sido alvo de debate, repercutindo na imprensa na- cional e internacional, aumentando ainda mais a pressão sobre o governo federal para soluções que freiem as chamas. Dentro deste contexto o presente trabalho tem como ob- jetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre as queimadas na Amazônia para o melhor entendimento do assunto.

METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica sistemática em duas diferentes bases de dados eletrônicas científicas, através de descritores relacionados aos impactos e as causas do desmatamento e das queimadas de origem antrópica, sobre o clima da Amazônia brasileira. A identificação e inclusão dos estudos ocorreu durante o primeiro e segundo semestre de 2020.

A pesquisa bibliográfica foi executada nas seguintes bases de dados eletrônicas:

Periódico CAPES/MEC e Scientific Eletronic Library Online-Scielo. As demais informações complementares foram obtidas a partir de uma busca de forma manual com base nas re- ferências observadas e listadas nos artigos inclusos e em jornais no estudo de revisão sistemática. Por ser um tema atual, foram inseridos fontes de textos de jornais e revistas.

As buscas foram conduzidas através da utilização de descritores, em português e em in- glês, com base nos termos contidos nos títulos ou nas palavras chaves e resumos dos estudos.

A combinação de termos utilizados juntos ou mesmo separados, nas respectivas bases de dados (Periódicos capes/MEC e Scielo) foram:

“Desmatamento impactos (impacts deforestation)”;

“Queimadas impactos (impacts burned)”;

“Pecuária e desmatamento na Amazônia (Livestock and deforestation in the Amazon)”,

“Pecuária e queimadas na Amazônia (Livestock and fires in the Amazon)”,

“Produção de grãos e desmatamento na Amazônia (Grain production and deforestation in the Amazon)”,

“Produção de grãos e queimadas na Amazônia (Grain production and burning in the Amazon)”,

“Imagem internacional do Brasil e desmatamento e queimada (International image of Brazil and deforestation and burning)”,

“Desmatamento clima Amazônia (climate amazonia deforestation)”;

“Queimadas clima Amazônia (climate amazonia burned)”;

“Desmatamento precipitação (deforestation precipitation)”;

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“Queimadas precipitação (precipitation burned)”;

Para seleção dos artigos ou textos de jornais, foi produzido um quadro com as seguintes informações a seguir: autor e ano escala geográfica de abrangência, desenho do estudo e principais resultados

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Queimadas na amazônia brasileira

Historicamente, a ocorrência de fogo na Amazônia é considerada rara (BUSH et al., 2007). Entretanto, juntamente com o aumento das taxas de desmatamento na região, esse fenômeno começou a se tornar mais frequente, já que possui estreita relação com o pro- cesso de desmatamento e manejo de áreas agrícolas e pecuárias (ARAGÃO et al., 2016).

Durante a combustão da matéria orgânica, libera-se o dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa, representando cerca de 90% dos gases liberados (LASHOF, 1991). Desse modo, a queima de biomassa afeta não apenas a floresta a nível local, mas também o ciclo do carbono, influenciando as trocas radiativas terrestres e as mudanças no clima. A liberação de dióxido de carbono na atmosfera é um dos fatores mais importantes para o aquecimento global e atualmente o Brasil é o sétimo país que mais contribui para o nível de emissões de carbono no mundo, prejudicando, portanto, não só a saúde da população brasileira, como também da comunidade internacional (PADILLA et al., 2017).

O efeito estufa natural é essencial para a existência da vida no planeta. Os gases de efeito estufa (GEE), como o vapor de água, dióxido de carbono, oxido nitroso, metano, ozônio etc. estão presentes em baixas concentrações na atmosfera e são responsáveis pela manutenção da temperatura global entre 16-18oC (IPCC, 2014). Porém a queima de combustíveis fósseis, a indústria de cimento, fertilizantes e a queima da biomassa vegetal (queimadas) são os principais emissores destes gases, contribuindo para o aumento dos níveis de GEE e consequentemente no aumento da temperatura média do planeta. As pre- visões de aumento de temperatura, caso a emissão de GEE seja mantida nos níveis atuais, estará estimada na faixa de 0,8 a 5,2°C ao ano (WMO, 2014).

Atividades agrícolas assim como as práticas de manejo podem atuar como fonte ou dreno dos GEE. O dióxido de carbono (CO2) pode ser incorporado pelas árvores em cresci- mento e emitido pela decomposição ou queima da matéria orgânica A mudança de uso da terra, como por exemplo a conversão de áreas com vegetação nativa em pastos ou siste- mas de produção de grãos e fibras, pelas queimadas, são os principais responsáveis pela emissão de GEE. (JUNGUES et al., 2018)

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A queimada de origem rural proveniente dos poluentes gasosos e do material parti- culado fino apresentam efeitos diretos para o sistema respiratório. A poluição atmosférica, gerada pela queima de biomassa tem sido associada ao aumento de mortalidade por doen- ças respiratórias (MASCARENHAS et al., 2008). Com a crescente demanda internacional por reduções nas emissões de carbono, controlar o uso indiscriminado de fogo na região da Amazônia pode ser uma eficiente estratégia para reduzir essas emissões e consequen- temente suas consequências tanto para o meio ambiente, quanto para a população.

Os impactos no ecossistema são inúmeros, mas são dois os principais: a mudança no comportamento das chuvas e, consequentemente, do clima em todo o planeta. A flo- resta leva umidade para toda a América do Sul, influencia regime de chuvas na região, e contribui para estabilizar o clima global, além de possuir a maior biodiversidade do planeta (DOUGHTY et al., 2015).

A floresta funciona como uma bomba de água que abastece a atmosfera com o vapor que forma as nuvens e mantém as chuvas. A desregulação das chuvas também impacta diretamente o próprio agronegócio. O Brasil tem 95% da agricultura dependente de chuva.

Quem faz a irrigação dos plantios é a floresta amazônica (ARAGÃO et al., 2016). O desma- tamento e as queimadas podem afetar o ciclo hidrológico, podendo modificar drasticamente o transporte de umidade fornecido pela floresta para importantes regiões agrícolas do Brasil localizadas no sul e sudeste. Causando a supressão de chuvas não apenas em regiões brasileiras, mas em outras partes da América do Sul (FEARNSIDE, 2005).

A floresta é responsável por emitir durante a estação chuvosa partículas que atuam como NCN (Núcleo de Condensação de Nuvens) na atmosfera, controlando os mecanis- mos de formação de nuvens e chuvas, são de fundamental importância (Khain, 2009).

Durante o período da estação chuvosa, as emissões do tipo natural são predominantes.

Climatologicamente o período chuvoso está compreendido de dezembro a junho, enquanto que os meses de agosto a novembro representam a estação seca, o mês de julho é o perío- do de transição entre o final do período chuvoso e o início do seco (OLIVEIRA et al., 2011).

Essa condição aliada ao baixo nível de poluição da atmosfera que é característico da estação chuvosa facilita a formação de nuvens e precipitações na região amazônica. O baixo nível de concentração de partículas faz com que, a disputa pelo vapor de água disponível na atmosfera seja menor, contribuindo para que, as gotas de chuva possam se desenvolver e precipitar em um curto período de tempo (ARTAXO et al., 2005; SILVA DIAS, 2006; COSTA;

PAULIQUEVIS, 2009).

Durante o período da estação seca, entre julho a novembro, as emissões de ori- gem antropogênica através das queimadas, são predominantes, levando a altas concen- trações de partículas de aerossóis na atmosfera causando a supressão de precipitação e

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significativas modificações na microfísica das nuvens afetando o balanço de radiação na superfície (ANDREAE et al., 2004; ARTAXO et al., 2005; PAULIQUEVIS et al., 2007).

Andreae et al., (2004) analisaram as influências exercidas pelos aerossóis emitidos através da queima de vegetação sobre o processo de formação de nuvens. Essas altera- ções são capazes de modificar o tamanho da gota de nuvem, gerando o retardamento no desenvolvimento de chuvas. Através da análise da microfísica de nuvens este estudo buscou identificar os principais impactos causados por atividades antrópicas como as queimadas no período da estação seca sobre o sistema climático amazônico.

O brasil é considerado o pais com maior riqueza e diversidade de espécies em escala global. A fauna e a flora da Amazônia é reconhecida internacionalmente por ser constituída por milhares de espécies de vegetais e animais. Muitas delas endêmicas, ou seja, só ocor- rem nesta região. Conforme informações disponibilizadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Amazônia é o maior bioma do Brasil e abriga um terço de toda a madeira tropical do mundo, além de mais de 30 mil espécies de plantas. (MMA, 2019).

Os agricultores não veem o potencial elevado de negócios ainda não totalmente dimen- sionado da floresta em pé. Segundo o Relatório da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos sobre restauração de paisagens aponta que um hectare de floresta em pé na Amazônia, por exemplo, gera em média R$ 3,5 mil por ano e no cerrado em torno de R$ 2,3 mil por ano. Em sistemas agroflorestais esse rendimento pode chegar a mais de R$ 12 mil anuais. Já o mesmo hectare desmatado para a pecuária daria um lucro de R$ 60 a R$100 por ano. Se usado para soja, o valor seria de R$ 500 a R$ 1 mil por ano (AGRO PLANNING, 2020).

Fearnside, (2006) aponta para a importância do uso sustentável da floresta. Os impactos causados pelo desmatamento atingem diversos compartimentos da natureza, diante deste cenário o “uso sustentável” da floresta é colocado como alternativa de medida mitigadora visando à utilização dos serviços ambientais fornecidos pela floresta como forma de manter a floresta em pé sem perdas econômicas significativas. Os serviços ambientais sugeridos pelo estudo vão desde a produção de mercadorias tradicionais por manejo florestal até a extração de produtos não madeireiros.

Outro fator agravante é que devido ao tempo seco comum a esta época do ano (inver- no), as zonas de florestas do país tornam-se mais suscetíveis a incêndios. Porém, a ação é, majoritariamente predatória de fazendeiros. Os focos de incêndio foram coordenados e ocorreram em diversos pontos na mesma região. Em busca de expansão das áreas de pastagem ou para plantações de soja, os produtores organizaram o Dia do Fogo em 10 de agosto de 2019. Neste dia, em Novo Progresso, no Pará, ocorreu 124 focos de quei-

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Um dos estados com municípios na lista dos mais queimados é o Pará. Com a forte presença do monocultivo de soja e milho, e da pecuária, Altamira, Novo Progresso e São Félix do Xingu têm mais de 678,6 mil hectares, 344,8 mil hectares, e 1,4 milhões de hectares, respectivamente, destinados à pastagem de gado. Nas duas primeiras, a soja também é a matriz agrícola mais produzida (INPE, 2019).

A carne bovina e a soja transgênica, compradas com avidez pelo mundo, especialmente pela China, são as atividades agrícolas que afetam a Amazônia e, explicam o dramático aumento recente dos incêndios na região. Um pouco mais de 65% das terras desmatadas na Amazônia são ocupadas por pastos”, (DOMINGUES; BERMAN, 2012).

Se comparadas as áreas de pastagem atuais (2019), com as constatadas pelo o último Censo, realizado em 2006, houve um aumento significativo em todas as cidades — 46% em Altamira, 49% em Novo Progresso e 64% em São Félix do Xingu. A missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para combater as queimadas na Amazônia chegou ao fim no dia 24 de outubro de 2019, com queda na quantidade de incêndios, houve também dados divergentes sobre multas e controvérsia em torno dos resultados obtidos. A missão durou dois meses, após ser decretada pelo presidente Jair Bolsonaro e, segundo o Ministério da Defesa, não deverá ser prorrogada (O GLOBO, 2019).

A preocupação com a preservação da região ganhou repercussão internacional e cau- sou desentendimentos diplomáticos entre o Brasil e países como a França, a Alemanha e a Noruega. Os dois últimos congelaram investimentos previstos em preservação da Amazônia em 2019. Os problemas diplomáticos começaram quando o presidente da França, Emmanuel Macron, pediu em suas redes sociais que a situação da Amazônia entrasse na pauta da reunião do G7 (grupo de países com as economias mais fortes do mundo), que aconteceu nos dias 24 e 25 de agosto de 2019, afirmando que a situação caracterizava uma crise in- ternacional (GAZETA DO POVO, 2019).

A missão GLO foi decretada em 24 de agosto de 2019, em meio ao auge da crise cau- sada pelo aumento do número de queimadas na Amazônia. Segundo o ministério da Defesa, mais de oito mil pessoas, entre militares e civis, participaram da missão. Na avaliação do ministério, a operação foi um sucesso. (O GLOBO, 2019).

De fato, os dados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia mostram que o nú- mero de queimadas em setembro e outubro de 2019 estão abaixo da média histórica. Em se- tembro de 2019 foram registrados 19,9 mil focos de incêndio na Amazônia. No mesmo mês de 2018, foram registrados 24,8 mil, o que representa uma queda de 19,7%. A média histórica para o período é de 33,4 mil (INPA, 2019). O Brasil precisa ter um efetivo combate ao desmatamento ilegal, como foco prioritário de ação (AGRO PLANNING 2020).

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CEOs de cerca de 40 companhias e grupos dos setores industrial, agrícola e de ser- viços, além de quatro organizações empresariais enviaram em sete de junho de 2020 uma carta ao Executivo, Legislativo e Judiciário, incluindo aí a Vice-Presidência da República e ao Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido por Hamilton Mourão, cobrando ações do governo na questão socioambiental e principalmente, no combate ao desmatamento, não apenas na Amazônia, mas nos demais biomas do país (CONEXÃO PLANETA, 2020).

Na carta, é cobrado o “Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros; Inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas; Minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí de- rivadas; Valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais; Adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono; Direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono; e Pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da COVID-19 condi- cionada a uma economia circular e de baixo carbono” (CONEXÃO PLANETA, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática da queimada é considerada um método ultrapassado, porém rápido e barato, que tem um impacto negativo em toda uma área. A queimada dizima espécimes da flora e da fauna, mata microrganismos que possibilitariam o desenvolvimento da vegetação, em- pobrecendo o solo, porque o fogo elimina nutrientes, como nitrogênio, potássio e fósforo.

É possível que a Amazônia vire uma grande monocultura e a cana de açúcar, a soja ou o milho, dominem as paisagens. É possível que muitas espécies acabem extintas mesmo antes de serem descobertas. Podem ainda ocorrer problemas relacionados à qualidade do ar, ao comprometimento do solo e a poluição dos recursos hídricos.

O desenvolvimento sustentável da floresta, depende de investimentos em pilares como a assistência técnica diferenciada para pequenos e médios produtores com preocupação com a sustentabilidade, e em mecanismos econômicos que tragam valor para a floresta em pé. Além da inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas e adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono, minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas.

Incentivo através de direcionamento de financiamentos e investimentos para uma econo- mia circular e de baixo carbono; e pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos

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Apesar do incentivo cada vez menor, alguns grupos praticam o manejo sustentável da floresta. Ribeirinhos, comunidades quilombolas, povos tradicionais têm sua produção, em um primeiro momento, voltada para a segurança alimentar. A comercialização surge em segundo plano. É preciso que se eduque a sociedade sobre a importância da Amazônia para as próximas gerações.

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Referências

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