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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO ISABELLY DE SOUZA FERRER PARRA

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Academic year: 2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

ISABELLY DE SOUZA FERRER PARRA

MATERIAIS DIGITAIS DE APOIO À APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS SURDAS

Guarulhos

2022

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ISABELLY DE SOUZA FERRER PARRA

MATERIAIS DIGITAIS DE APOIO À APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS SURDAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de São Paulo como requisito parcial para obtenção do grau em Licenciado em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Dra. Erica Aparecida Garrutti de Lourenço

Guarulhos 2022

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Na qualidade de titular dos direitos autorais, em consonância com a Lei de direitos autorais nº 9610/98, autorizo a publicação livre e gratuita desse trabalho no Repositório Institucional da UNIFESP ou em outro meio eletrônico da instituição, sem qualquer ressarcimento dos direitos autorais para leitura, impressão e/ou download em meio eletrônico para fins de divulgação intelectual, desde que citada a fonte.

Parra, Isabelly de Souza Ferrer.

Materiais digitais de apoio à aprendizagem de crianças surdas/ Isabelly de Souza Ferrer Parra. - 2022. - 58 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Guarulhos:

Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

Orientadora: Érica Aparecida Garrutti de Lourenço.

Titulo em Inglês: Digital materials of support to the education of deaf children.

1. Educação Bilíngue 2. Surdos 3. Materiais digitais 4. Apoio à aprendizagem

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ISABELLY DE SOUZA FERRER PARRA

MATERIAIS DIGITAIS DE APOIO À APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS SURDAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de São Paulo como requisito parcial para obtenção do grau em Licenciado em Pedagogia.

Aprovado em: 10 de Janeiro de 2022.

Prof.ª Dra. Erica Aparecida Garrutti de Lourenço Universidade Federal de São Paulo

Prof. Dr. Fernando Rodrigues de Oliveira Universidade Federal de São Paulo

Prof. Dr. Marcos Cezar de Freitas Universidade Federal de São Paulo

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Agradecimentos

Pensei muito sobre fazer ou não essa escrita, mas acabei concluindo que seria importante escrever sobre o encerramento deste pequeno ciclo que é fruto de um longo caminho. Iniciarei este agradecimento falando daqueles que fizeram parte da minha formação educacional ao longo destes longos anos. Agradeço imensamente aos professores que passaram pela minha vida ao longo da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Técnico e Graduação. Dentro deste agradecimentos devo ressaltar alguns nomes. Agradeço ao Prof. Dr. Cícero Lourenço da Silva, que além dos conhecimentos em filosofia e recomendações de livros para tecermos debates nos corredores do colégio, me orientou e incentivou ao ingresso no universo acadêmico, sem seus conselhos e incentivo o início deste processo jamais seria possível. Agradeço ao Prof. Dr. Marcos Cesar de Freitas que me orientou na escrita do meu primeiro projeto de TCC me dando um riquíssimo embasamento referente a pesquisa, infelizmente a pandemia impediu o início da pesquisa, porém os conhecimentos adquiridos e as reflexões tecidas permanecem. Agradeço ao Prof. Dr.

Fernando Rodrigues de Oliveira que nos primeiros esboços deste trabalho pode me orientar e me fazer refletir sobre diversos aspectos que foram importantes para decidir sobre os rumos desta pesquisa. Agradeço também, e com imensa gratidão a Prof.ª Dr. Érica Aparecida Garrutti de Lourenço que me acompanhou durante um longo período na universidade, sendo professora, preceptora de monitoria e da Residência Pedagógica da CAPES, além de orientadora deste TCC. Érica topou o desafio de me orientar em meio ao caos da pandemia e a rotina puxada que está ligada, sendo compreensiva com todas as necessidades que foram surgindo ao longo desta pesquisa.

Por fim, teço meus agradecimentos à aqueles que estão fora do sistema educacional mas estão na minha vida pessoal. Agradeço por toda a minha vida e tudo que sou aos meu pais Sônia e Antônio, que nunca mediram esforços para incentivar seus filhos educacionalmente, agradeço por todos os livros comprados ao longo de minha vida, por todo suporte dado para a minha permanência na universidade até a minha formação. Um dia pretendo retribuir todo o esforço e incentivo que me deram, vocês são incríveis.

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Resumo

A educação bilíngue para surdos parte da Libras como língua de interlocução e L1 e a Língua Portuguesa na modalidade escrita sendo L2. A Libras é uma língua de modalidade visuoespacial e considerada a língua natural dos surdos. O ensino através da educação bilíngue para surdos exige diversas necessidades, por exemplo, a utilização da Libras na mediação do ensino e a abordagem bicultural. Através da análise dos materiais de apoio a aprendizagem digitais disponíveis na internet para a educação de surdos, pretendo analisar a qualidade do materiais, a centralidade da Libras, bem como o quanto são pensados por meio dela e da cultura surda e o quanto auxiliam na aquisição de ambas as língua, Libras e Língua Portuguesa. Por meio de uma análise documental, foi realizada uma análise na playlist que trabalha a Língua Portuguesa do canal do YouTube “Sala 8” e jogos selecionados que trabalham a Libras no site “Atividades Educativas”. Os materiais analisados possuem suas especificidades, trazendo pontos positivos e negativos, porém, de forma geral, necessitam de mediação entre as línguas e adaptações. A análise possibilitou observar uma deficiência em se produzir materiais pensados através da Libras, que partam do que é próprio da cultura surda, que utilizem ela como língua de interlocução e que atendam as especificidades da educação bilíngue para surdos. Os materiais de apoio à aprendizagem digitais analisados, por meio de adaptações e mediações, podem contribuir de certa forma para as aprendizagens. Observa-se que há muito o que se avançar para a produção de materiais realmente bilíngues que trabalhem a aquisição de ambas as línguas e que tenha a Libras como L1, permitindo que as crianças tenham autonomia para explorarem o material sem a necessidade de mediação em relação a língua.

Palavras-chave: Educação Bilíngue; Surdos; Materiais digitais; Apoio à aprendizagem.

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Abstract

Bilingual education for the deaf comes of Libras ("Brazilian Sign Language"), as a language of interlocution L1 and the Portuguese language in the written modality being L2. Libras is a language of visuospatial modality and considered the natural language of the deaf. Teaching through bilingual education for the deaf requires a variety of needs, for example, the use of Libras in teaching mediation and the bicultural approach. Through the analysis of the materials supporting digital learning available on the Internet for the education of the deaf, I intend to analyze the quality of the materials, the centrality of Libras, as well as how much they are thought through it and deaf culture and how much they help in the acquisition of both languages, Libras and Portuguese language. Through a documentary analysis, an analysis was performed in the playlist that works the Portuguese language of the YouTube channel "Sala 8"

("Room 8") and selected games that work the Libras on the site "Atividades Educativas" (“Educational Activities”). The materials analyzed have their specificities, bringing positive and negative points, but, in general, they require mediation between languages and adaptations. The analysis made it possible to observe a deficiency in producing materials thought through Libras, which start from what is proper to deaf culture, that use it as a language of dialogue and that meet the specificities of bilingual education for the deaf. The digital learning support materials analyzed, through adaptations and mediations, can contribute in a certain way to the learning process. It is observed that there is much to be made towards the production of truly bilingual materials that work on the acquisition of both languages and that has Libras as L1, allowing children to have autonomy to explore the material without the need for mediation in relation to the language.

Keywords: Bilingual Education; Deaf; Digital materials; Support for learning.

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Lista de ilustrações

Figura 1 - Captura de tela do vídeo ‘Palavras novas’ ... 31

Figura 2 - Captura de tela do vídeo ‘Antônimos’ ... 32

Figura 3 - Captura de tela do jogo “Países na copa do mundo 2018” ... 35

Figura 4 - Captura de tela do jogo “LIBRAS: Nome de animais” ... 35

Figura 5 - Captura do layout geral do site Atividades Educativas no jogo “Países na copa do mundo 2018” ... 37

Figura 6 - Captura de tela do jogo “Alfabeto de Libras” ... 38

Figura 7 - Capturas de tela do jogo “Jogo da forca” ... 39

Figura 8 - Captura de tela dos produtores do jogo“Frases em Libras” ... 40

Figura 9 - Capturas de tela inicial e abertura do jogo “Frases em Libras” ... 41

Figura 10 – Captura de tela da página inicial do jogo “Multi-Trilhas” ... 43

Figura 11 – Captura de tela das orientações do jogo referente as atividades disponíveis ... 44

Figura 12 – Captura de tela do ícone “Libras” ... 45

Figura 13 – Captura de tela dos tipos de atividades do jogo ... 46

Figura 14 – Captura de tela da primeira atividade do ponto turístico Zoológico ... 47

Figura 15 – Captura de tela da atividade Relacione do ponto turístico Quartel Central do Corpo de Bombeiros ... 48

Figura 16 – Captura de tela da atividade Liga-pontos do ponto turístico Pão de Açúcar ... 48

Figura 17 – Captura de tela da atividade Quebra-cabeça em todos os pontos turísticos ... 50

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Sumário

1. Introdução ... 10

2. A educação bilíngue para surdos ... 13

2.1 Materiais didáticos na educação de surdos ... 18

2.1.1 Materiais de apoio à aprendizagem bilíngues em formato digital ... 21

3. Procedimentos de coleta de dados ... 25

4. Análise dos materiais selecionados ... 27

5. Considerações finais ... 54

Referências ... 56

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10 1. Introdução

A educação de Surdos é um tema que vem sendo muito debatido ao longo do tempo, diversas teorias e perspectivas foram sendo desenvolvidas para tentar dar conta das especificidades que esta área de ensino exige.

Nesta pesquisa, dentre essas teorias, irei me fundamentar na educação bilíngue. Nessa perspectiva teórica, referências como Felipe (1989a, 1992a, 2012), Quadros (1997, 2015), Lourenço (2017), Andreis-Witkoski e Douettes (2014) defendem a educação bilíngue e os avanços que ela traz em relação às outras teorias no desenvolvimento do surdo.

A educação bilíngue para surdos consiste em uma proposta de ensino onde duas línguas atuam concomitantemente no ambiente escolar, a Libras como língua de instrução e considerada L1 e a Língua Portuguesa sendo L2, trabalhada por meio da leitura e escrita. A necessidade da inserção da Libras no contexto educacional como língua de instrução para os surdos se dá pela sua característica visuoespacial, enquanto a Língua Portuguesa se insere na modalidade oral-auditiva, logo de maior dificuldade aos surdos por não terem a recepção auditiva.

Em relação a esta proposta, Quadros (1997, p.25) evidencia que “os estudos têm apontado para essa proposta como sendo mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita” ou seja, a escolha por uma educação bilíngue não é aleatória, é uma modalidade de ensino que tem sido muito estudada e tem tido diversos respaldo de pesquisadores como Lourenço (2017, p.18) que define e a organiza:

O bilinguismo para surdos consiste na utilização o mais precocemente possível de duas línguas: a de sinais e a oral, ambas reconhecidas legalmente no Brasil, a Libras e a Língua Portuguesa, respectivamente. A língua de sinais é a primeira língua que a criança surda deve adquirir na sua interação com o adulto. Todo aprendizado, internalização dos significados, conceitos, valores e conhecimentos, deve se dar por seu intermédio e, desse modo, constitui a língua de instrução no meio escolar. O acesso à língua oral é possibilitado paulatinamente, pois é com base nas habilidades linguísticas adquiridas pela língua de sinais que sua segunda língua, a oral, é aprendida, desenvolvendo-se na perspectiva contrastiva, de comparação das línguas. O acesso à língua oral pode se dar nas modalidades oral e escrita, entretanto, há a obrigatoriedade de seu aprendizado na modalidade escrita.

Sendo assim, a autora deixa claro que o desenvolvimento e a compreensão de mundo para os surdos se dá predominantemente, pelo campo visuoespacial e a Libras

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11 será a língua que favorecerá o seu desenvolvimento, tendo efeito direto na apropriação da linguagem, pois tal língua é considerada naturalmente aprendida por sujeitos surdos nas interações cotidianas. Para Quadros (1997, p. 6)

Se a língua de sinais é uma língua natural adquirida de forma espontânea pela pessoa surda em contato com pessoas que usam essa língua e se a língua oral é adquirida de forma sistematizada, então as pessoas surdas têm o direito de serem ensinadas na língua de sinais. A proposta bilíngue busca captar esse direito.

Mediante essa importância de se adquirir a língua de sinais, podemos pensar no impacto da aquisição da linguagem por meio desta língua para o desenvolvimento.

Nesse sentido, Andreis-Witkoski e Filietaz (2019) abordam, apoiados na perspectiva de Vygotsky, a importância da linguagem para o desenvolvimento psicológico do sujeito. Através da linguagem, é possível a internalização de conhecimentos e assim a estruturação e organização dos pensamentos, tecendo relações entre os sujeitos e o mundo. Portanto, esses autores trazem a necessidade de um acesso tão logo quanto possível do sujeito surdo à língua de sinais para que, com o suporte da aquisição da sua língua natural, possam passar por um processo de desenvolvimento satisfatório, como esclarecido no trecho a seguir:

[...] a única possibilidade de a criança surda obter o mesmo nível de desenvolvimento que a ouvinte é tendo acesso a uma língua plena, no caso, a Língua de Sinais, e a um ambiente linguístico bilíngue familiar, escolar e social, promovido para sua interação. (ANDREIS-WITKOSKI; FILIETAZ, 2019, p.3)

Em um contexto bilíngue de educação, há a necessidade de utilização de práticas centradas no bilinguismo, tendo a atuação concomitante de duas línguas, no caso a Libras e a Língua Portuguesa, além de abarcar o biculturalismo, em que é necessário considerar que haverá duas culturas circulando em um mesmo ambiente.

Segundo Quadros (1997), é necessário levar em consideração que são dois grupos com culturas diferentes, e o contato entre ambas permite que o surdo tenha acesso à comunidade ouvinte e possa se reconhecer como membro da comunidade surda.

Sendo assim, a sua integração à comunidade ouvinte acontece na medida em que for possível a construção de uma identificação com a comunidade surda.

Neste contexto, a Língua Portuguesa deve ser trabalhada na modalidade escrita e, caso a oralidade seja uma opção da criança e da família, tal ensino deve ser direcionado por fonoaudiólogos, que são profissionais capacitados para tal, em contra turno escolar. Para se trabalhar a Língua Portuguesa na forma escrita em sala de aula, é necessária a utilização dos conhecimentos construídos na língua natural, a língua

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12 de sinais, para que os conteúdos explorados possam passar por processos de significação e de reconhecimento na L2 da criança.

Levando em consideração tais aspectos, é importante refletir sobre o currículo para a educação bilíngue de crianças surdas. Nesse sentido, Andreis-Witkoski e Douettes (2014) expõem que nem mesmo a língua de sinais na educação bilíngue tem uma organização curricular sistematizada. As autoras destacam que a problemática curricular envolve todas as disciplinas. Isso porque os currículos de modo geral não são organizados com base nos aspectos visuoespaciais em diálogo com a cultura surda. Nas palavras das autoras, “assim, sobre o currículo, (re)enfatiza- se a necessidade de que este, a partir da perspectiva intercultural, contemple os conhecimentos legítimos da cultura ouvinte e da surda[...]” (p.45).

A partir deste ponto, ao pensar nas questões pedagógicas para uma educação bilíngue, devemos refletir sobre o que pode ser específico na construção de materiais didáticos direcionados a alunos surdos. Acerca desse assunto, de acordo com Andreis-Witkoski e Douettes (2014, p. 46):

Destaca-se que, além da escassez e do desconhecimento acerca do material bilíngue existente, sua utilização encontra resistência por parte de uma parcela dos professores, os quais têm sua prática arraigada na tradição de um ensino voltado para o uso do giz e do quadro-negro [...] contudo, como previsto no Decreto de 2005, o uso dos recursos tecnológicos deveria ser recorrente.

Notamos que a citação destaca o quanto recursos tecnológicos e materiais bilíngues são importantes como suporte para o ensino e, pensando na visualidade dos surdos, os materiais didáticos digitais podem ser grandes aliados neste processo.

Essa relevância é destacada refletindo principalmente sobre o cenário de ensino remoto que tem sido decorrente do que, recentemente, o Brasil e o mundo têm enfrentado como uma grande pandemia sanitária, a Covid-19. Tal crise sanitária demandou isolamento social da população e, por isso, escolas foram fechadas para o atendimento presencial e o ensino passou a ser remoto durante um longo período.

No formato remoto, as escolas e os profissionais que atuam nela tiveram que se adaptar às diversas novas demandas que foram exigidas, já que esta modalidade nunca havia sido explorada. Foi necessário um grande planejamento por parte das escolas e dos professores para que este novo formato atendesse minimamente as necessidades educacionais dos alunos. A utilização de materiais em formatos digitais foi umas das alternativas que as escolas utilizaram para facilitar o contato e encaminhamento das atividades aos alunos.

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13 Essa necessidade do ensino acontecer na modalidade remota passou a exigir que os professores, por maior que fossem as dificuldades para se buscar uma forma de mediação com os alunos, se adaptassem às tecnologias digitais e produzissem conteúdos nesses formatos. Observamos assim, elevada a importância de recursos didáticos que sejam disponibilizados no formato digital ou que alcancem os alunos de outras formas, como materiais impressos entregues aos familiares.

Apoiada por tais considerações, este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) pretende tecer uma busca e análise dos materiais de apoio à aprendizagem digitais que, fundamentados em uma perspectiva bilíngue e disponíveis na plataforma Youtube e em sites de atividades/jogos permitam responder a tais perguntas: O quanto esses materiais atribuem centralidade à Libras como principal língua de interlocução? O quanto são pensados na Libras e no que é próprio da cultura surda?

De que forma eles podem auxiliar no processo de construção de ambas as línguas?

Para responder a tais indagações, Quadros (1997, 2006, 2015) Andreis-Witkoski e Filietaz (2019), Andreis-Witkoski e Douettes (2014) serão empregadas como referencial teórico acerca da educação bilíngue.

Em relação aos materiais didáticos bilíngues, serão referenciais basilares:

Barbosa (2018), Lins e Cabello (2019), Cabello e Nogueira (2016), Cruz (2016), Galasso et al (2018), Lebedeff e Santos (2014), Nascimento e Liz (2017), Santos (2012), Silva e Guimarães (2016) e Anunciação, Nascimento e Santos (2018).

Além disso, pretende-se usar como base de experiência empírica minha atuação na Residência Pedagógica da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), na qual atuei por um ano na elaboração, junto dos colegas do programa, de materiais didáticos a serem aplicados com crianças surdas em uma escola da rede municipal de Guarulhos.

2. A educação bilíngue para surdos

A educação de surdos tem tido diversas reivindicações e lutas por parte da comunidade surda para que seu espaço, sua língua e cultura sejam respeitados, buscando políticas públicas que garantam o atendimento às especificidades desta comunidade. Referências como Felipe (2006) e Lopes et. al. (2016) fazem uma importante abordagem referente a esses processos de luta pela inserção da Libras e a educação de surdos.

Diante da história de lutas em prol dos Surdos, com Leis e Decretos diversos fica evidente que essa parcela da população tem conquistado o respeito e espaço perante

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14 a sociedade. Entretanto, não basta que haja leis e decretos determinando os direitos dos surdos, é necessário que tudo que foi declarado seja cumprido, posto em prática.

A luta dos surdos já está super abastecida com teorias que anunciam seus direitos, cabe agora que os estados e municípios coloquem em prática, começando por capacitar os docentes, ofertar as unidades educacionais intérprete e tradutores de Libras para acompanhar diariamente o aluno no contexto escolar. (LOPES et.

al.,2016, p.242).

O autor após abordar conquistas e leis referentes a comunidade surda, aborda as mudanças e necessidades que tais alterações trouxeram para o contexto social, além da necessidade de aplicação pratica das conquistas legais.

Uma das reivindicações da comunidade surda é a implementação da educação bilíngue nas escolas, o que apresenta nítida relação com conquistas que decorre da década de 2000.

Em 2002, através da Lei n° 10.436 (BRASIL, 2002) foi conquistado o direito à utilização da Libras na comunicação e expressão por parte da comunidade surda e a oficialidade da Libras como segunda língua do país. Em 2005, temos o Decreto n°

5.626 (BRASIL, 2005) que regulamenta a educação bilíngue quanto à inserção na grade curricular dos cursos de licenciatura e fonoaudiologia, na formação dos profissionais para atuar nesta modalidade de ensino e a garantia do direito à educação bilíngue.

Já no ano de 2015, temos a regulamentação, através da Lei n° 13.146, por meio da qual se especifica que compete ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar “a oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas” (BRASIL, 2015, art.28).

Recentemente, em 2021, tivemos outro avanço, quando a partir da Lei n° 14.191 (BRASIL, 2021) foi incluído na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) a modalidade de educação bilíngue. Essa conquista permite que a educação bilíngue seja uma modalidade de ensino que pode se organizar na forma de classes e escolas bilíngues para alunos surdos, promovendo assim incentivo à produção de materiais didáticos bilíngues, formação de professores para atuar na modalidade e currículo específico que aborde as necessidades educacionais desse alunado.

Além das disposições legais, ainda temos autores que defendem a necessidade de se inserir uma educação bilíngue no ensino de crianças surdas. Esses autores trazem o embasamento necessário para que os professores possam refletir e orientar

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15 suas práticas pedagógicas. Alguns desses autores são: Felipe (1989, 1992a, 2012), Quadros (1997, 2015), Quadros e Schmiedt (2006), Lourenço (2017) Andreis-Witkoski e Filietaz (2019) e Andreis-Witkoski e Douettes (2014). Portanto, utilizarei como base suas ideias para discorrer nos próximos parágrafos abordando as especificidades da educação bilíngue.

A educação bilíngue consiste em uma modalidade de ensino na qual duas línguas atuam de forma concomitante. No caso da educação de surdos, podemos dizer que se trata de um contexto atípico, pois envolve línguas de diferentes modalidades, a Libras de modalidade visuoespacial e a Língua Portuguesa de modalidade oral-auditiva. A utilização da língua de sinais como principal meio de comunicação surge da necessidade de que a criança surda compreenda e tenha fluidez na sua língua natural para por meio dela produzir significações e interpretações na Língua Portuguesa. Em relação ao papel dessas línguas, Batista e Canen (2012, p. 27) esclarecem:

Podemos considerar que, assim como os ouvintes estabelecem suas relações e constroem seus significados no interior da língua oral, da mesma forma o surdo vai se constituir como sujeito no interior da linguagem de sinais. Nesse sentido, linguagem oral e linguagem de sinais não constituem uma oposição, mas sim dois canais diferentes e igualmente eficientes para a transmissão e a recepção da capacidade da linguagem.

Ou seja, a Libras é uma base importante de ser construída para o desenvolvimento integral dos sujeitos surdos, tal como a Língua Portuguesa é para crianças ouvintes. Porém, em um contexto bilíngue não basta apenas inserir as duas línguas no ambiente educacional, é necessário que a Libras atue como língua de instrução e a Língua Portuguesa seja ensinada na modalidade escrita.

Essa necessidade de a Libras ser a língua de instrução se dá pela sua modalidade visuoespacial, pois os sujeitos surdos têm facilidade de se desenvolver através do campo visual.

Isso ocorre pois “os surdos privilegiam o visuoespacial e a língua de sinais é visual espacial" (QUADROS, 2015, p.191). Além disso, vale lembrar também que a Libras é tida como uma língua natural já que sinalizações são observadas entre surdos mesmo antes da aquisição da Libras de forma sistematizada. A comprovação deste posicionamento acontece em Gesser (2015, p.12) que especifica que “em qualquer lugar em que haja surdos interagindo, haverá línguas de sinais. Podemos dizer que o

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16 que é universal é o impulso dos indivíduos para a comunicação e, no caso dos surdos, esse impulso é sinalizado”.

Para a implementação de uma educação bilíngue, é necessário pensar em questões políticas, sociais e culturais que refletem sobre uma esfera mais ampla dessa abordagem educacional. Quadros (2015) afirma este posicionamento por meio da concepção de que “para além da questão de língua, portanto, o bilinguismo na educação de surdos representa questões políticas, sociais e culturais.” (p.197), ademais, aborda que

Em relação à educação de surdos, as pesquisas apresentam várias evidências de que os surdos formam grupos sociais com identidades, culturas e línguas específicas [...] a língua de sinais brasileira determina uma reestruturação de forma standard de se entender uma escola inclusiva no Brasil. (p.194 - 195)

Sendo assim, é fundamental que a escola se organize para esta nova abordagem preparando e qualificando todos os sujeitos que estarão envolvidos neste processo educativo e o ambiente escolar.

Devemos pensar que a educação é um campo de interesses políticos onde sobressai o que é dominante e, por isso, na opção por uma educação bilíngue é importante ter cautela ao relacionar ambas as línguas para que a Língua Portuguesa não acabe tomando o protagonismo, já que é comum a construção de uma política de subtração linguística no Brasil, conforme explorado por Quadros (2015). Tal autora destaca que esta política é marcada por muitos anos de imposição da Língua Portuguesa, sendo ela considerada a de maior valoração no Brasil, a língua oficial e que, por isso, devia ser aprendida em detrimento da língua de sinais. Nesse contexto, esta seria uma opção apenas para aqueles que não se desenvolvessem na Língua Portuguesa. Devido a esse histórico de subtração da Libras, é importante a estruturação com cautela deste formato educacional.

A opção pela educação bilíngue, tendo a Libras como língua de instrução, é uma luta também política da comunidade surda para que tenha o seu reconhecimento em todos os espaços se afirmando como um grupo social, principalmente na escola.

Sendo reconhecidos como sujeitos de direitos dentro de uma sociedade majoritariamente ouvinte, vale destacar o direito de que sua surdez seja considerada uma característica e não uma patologia. Sendo assim, “a língua é um marcador cultural, identitário e político, sendo uma das formas mais expressivas das culturas surdas, apresentando um importante papel na luta política da comunidade surda.”

(BATISTA; CANEN, 2012, p.27).

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17 As questões culturais também permeiam a educação bilíngue para surdos, sendo necessária uma abordagem bicultural. Essa abordagem se faz necessária, pois os surdos constituem uma comunidade com uma cultura própria, diferente da cultura ouvinte. Quadros (2015, p.196) define a cultura surda como "multifacetada, mas apresenta características que são específicas, ela se traduz de forma visual. As formas de organizar o pensamento e a linguagem transcendem as formas ouvintes.”, além disso, o Decreto n° 5.626, de 22 de Dezembro de 2005, reafirma tais especificidades através da própria definição de pessoa surda contida no Art. 2°, onde

“considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.”

Portanto, há uma cultura e identidade surda que é trazida de forma visual, a organização do pensamento e da linguagem tem bases na ordem visual. Sendo assim, a abordagem bicultural traz o reconhecimento do sujeito surdo em sua comunidade, sua história, suas lutas e especificidades e também um conhecimento da cultura ouvinte que é majoritária, podendo transitar entre ambas as culturas se enquadrando socialmente mas, ainda assim, se reconhecendo dentro de sua comunidade.

Lourenço (2017, p.70) ainda traz outras questões relacionadas à esse campo da educação

[...] que envolvem, além de questões linguísticas, culturais e curriculares, o posicionamento da circulação da Libras na escola, a formação de professores nos apontam que as mudanças requeridas ultrapassam os limites da sala de aula, da relação direta professor-aluno, alcançam, sobretudo, a gestão da escola, na criação de um projeto político pedagógico que reflita alternativas para a criação de propostas verdadeiramente bilíngues.

Também numa perspectiva semelhante, Quadros (2015, p.32) destaca que “a questão da língua implica mudanças na arquitetura, nos espaços, nas formas de interação, nas formações de professores bilíngues, de professores surdos e de intérpretes de língua de sinais.”

Portanto, tais citações destacam a necessidade de que a escola se prepare para a implementação de um ensino bilíngue. O projeto político pedagógico da escola deve ser constituído em coletivo levando em consideração as especificidades da educação de surdos acima citadas. Deve-se pensar na constituição arquitetônica dos ambientes para favorecer a comunicação entre os indivíduos, e na capacitação dos profissionais que atuam na escola para estarem aptos a terem interações em ambas as línguas, na

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18 formação adequada dos professores e na contratação de professores surdos para o seu quadro de funcionários.

Mesmo havendo professores ouvintes altamente qualificados e sinalizantes da língua de sinais, eles passam a ter um status diferenciado diante dos professores surdos. Essa circunstância situa-se no campo político e se faz necessária. O equilíbrio das relações somente passará a existir diante da consolidação da autoestima dos próprios surdos e dos demais professores. (QUADROS, 2015, p.194).

A necessidade de contratação de professores e profissionais surdos se dá pois este sujeito está inserido na cultura e nas especificidades dos surdos que são campos inacessíveis aos ouvintes. Esse conhecimento irá impactar diretamente na identificação dos alunos surdos com esta pessoa, sendo possível que se proporcione um desenvolvimento diferenciado para esses alunos e a construção de sua autoestima. Lourenço (2017, p.63) explora este assunto relatando que “no âmbito escolar, é sobretudo, o contato do aluno surdo com um adulto surdo que lhe favorecerá o reconhecimento e a construção de uma identidade surda, por ser uma referência de alguém que, como ele, tem a Libras como primeira língua”.

A língua de sinais dentro de uma escola bilíngue deve poder ser utilizada em todas as situações interativas. Partindo da concepção de que a Libras é a língua de instrução e língua materna dos surdos “ao optar-se em oferecer uma educação bilíngue, a escola está assumindo uma política linguística em que duas línguas passarão a co-existir no espaço escolar” (QUADROS, p.18, 2006). Por isso, de acordo com Lourenço (2017, p. 63), é necessário preparar um plano educacional bilíngue para surdos que considere, “além de questões linguísticas, identitárias e culturais, as particularidades pedagógicas adequadas à forma visual de apreensão do mundo”.

Portanto, por meio do que foi exposto, buscarei embasamento na concepção de educação bilíngue apresentada para analisar se há a presença ou não da centralidade das necessidades de tal modalidade nos materiais digitais de apoio à aprendizagem selecionados.

2.1 Materiais didáticos na educação de surdos

Como visto até aqui, a educação bilíngue para surdos traz diversas necessidades específicas que devem ser pensadas, inclusive o currículo. Levando em consideração que os surdos são visuoespaciais e tem sua própria cultura, ao se pensar em currículo, é necessário que esses aspectos sejam fundantes, sendo assim,

A partir do reconhecimento da singularidade de aprendizagem deste alunado, é fundamental a construção de um currículo organizado pelo viés da perspectiva visuoespacial, em consonância com a cultura visual surda, de modo que o sujeito

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19 surdo seja perspectivado, em função de sua diferença, como produtor e apreciador da cultura do povo surdo. (ANDREIS-WITKOSKI; DOUETTES, 2014, p. 48)

Para se trabalhar um currículo, é importante a presença de materiais didáticos, tal como o livro didático acessível e que atenda às necessidades dos alunos. Para Silva e Guimarães (2016, p.80), o livro didático sempre é um fator que influencia as metodologias de ensino de línguas e, além disso, “pode ocupar um papel central no ensino de línguas, determinando objetivos e conteúdo a serem priorizados, ou mesmo pode ser utilizado de forma mais periférica, com o professor elaborando suas próprias atividades e usando-o como apoio”.

A educação bilíngue de crianças surdas possui especificidades em relação ao material didático e a forma de se organizar o conteúdo. Devido a visualidade necessária à educação de surdos, o ensino deve ser organizado e sistematizado por meio dela, pois é através das bases visuais que é possibilitada a compreensão dos conteúdos e o desenvolvimento do educando. Pereira (2014) reflete sobre o aprendizado da Língua Portuguesa, e nos dá pistas sobre a sistematização desse conteúdo relatando que

Devido às dificuldades de acesso à linguagem oral, é por meio da visão que os alunos surdos vão adquirir a Língua Portuguesa, razão por que se lhes deve possibilitar, desde o início da escolaridade, situações de leitura. É ela que vai tornar possível o acesso à Língua Portuguesa, daí a importância de se expor os alunos surdos à leitura de textos autênticos e interessantes, de diferentes gêneros e tipos textuais. Desta forma, o aluno surdo poderá aprender o sistema da língua, bem como ampliar seu conhecimento letrado. (p.149 - 150).

Ou seja, o acesso e a utilização de texto é um instrumento possível para se trabalhar a aquisição da língua portuguesa, porém Cruz e Prado (2019, p.195) alertam que a “leitura e a escrita deixam de ser representações da fala para se tornarem componentes das diversas práticas sociais e culturais percebidas visualmente”, sendo assim, a leitura e a escrita recebem um outro valor simbólico nesta abordagem educacional, deixando de lado a representação do registro da fala.

Desta forma, o texto é uma opção de trabalho para o ensino da Língua Portuguesa, pois por meio dos textos o educando pode desenvolver hipóteses de como a língua funciona, auxiliando também em seu letramento visual através da utilização de diversos gêneros textuais. Mas, pensando nas demais matérias de ensino, a utilização de textos escritos articula-se a recursos digitais e outras formas que tenham os conteúdos apresentados na Libras já que os alunos ainda não possuem vasto conhecimento na leitura.

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20 Lacerda, Santos e Caetano (2013, p.188) expõe que “a escola, em geral, está presa ao texto didático como caminho único para a apresentação de conceitos, e este caminho tem se mostrado pouco produtivo quando se pensa na presença de alunos surdos em sala de aula”. Por mais que a utilização de textos didáticos seja uma possibilidade de trabalho para o ensino da Língua Portuguesa, a utilização massiva deste meio para o ensino de forma geral não facilita a compreensão dos conteúdos.

Segundo tais autores, o uso de imagens como possibilidade visual para se trabalhar novos conceitos e desencadear reflexões e aprendizados recebe destaque em tais materiais. Esse conceito está presente na ‘semiótica imagética', que especifica:

Nesse campo, fala-se da cultura do olhar, daquilo que pode ser apreendido, por exemplo, por meio de uma fotografia, suscitando reflexões acerca de temas sociais, aspectos econômicos e políticos que se entrelaçam em um determinado período histórico. Uma imagem pode evocar a compreensão de vários elementos de um determinado tempo histórico e, nesse sentido, evocar significados sem a presença de qualquer texto escrito. (p 187).

Além da utilização de imagens, os autores ainda trazem a importância de se utilizar mapas mentais. Ainda pensando na visualidade necessária no ensino de surdos, o mapa mental possibilita através da esquematização dos conteúdos trabalhados, expor o conteúdo de forma visual e sucinta, ajudando na esquematização dos conhecimentos para o surdo: “é possível criar mapas conceituais para temas simples e complexos, já que os mapas conceituais se apoiam na organização visual dos conceitos, favorecendo a compreensão e elaboração de conhecimentos.”

(LACERDA; SANTOS; CAETANO, 2013, p.188). Além da possibilidade de trabalhar conteúdos simples e complexos, os autores ainda trazem que:

O recurso do mapa mental conceitual pode ser utilizado pelo professor para uma primeira apresentação/abordagem de um conceito, favorecendo uma visão panorâmica daquilo que se pretende trabalhar ou, ainda, ser solicitado aos alunos como forma de sintetizar/avaliar os conhecimentos construídos acerca de um determinado conteúdo. (p. 189).

Pensando na dificuldade que os surdos têm de sistematizar seu pensamento por meio de texto e registro escrito, o mapa mental é um riquíssimo meio de se explorar o registro e sistematização dos conhecimentos tidos pelos educandos. É importante pensarmos que todas essas questões devem constar dentro do currículo para a educação de surdos e ser trabalhada dentro dos materiais didáticos que balizam o ensino, pois como relatado por Lacerda, Santos e Caetano (2013, p. 190):

Essa centralidade da visualidade precisa, na educação de surdos, perpassar pela elaboração do currículo, pelas estratégias didáticas, pela organização das

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21 disciplinas, com envolvimento de elementos da cultura artística, da cultura visual, do desenvolvimento da criatividade plástica e visual pertinente às artes visuais, além do aproveitamento dos recursos de informática, fortemente visuais, favorecendo, assim, uma valorização da concepção de mundo constituído por meio da subjetividade e da objetividade com as "experiências visuais” dos alunos surdos.

Mas será que há materiais didáticos (MD) elaborados por meio dessa perspectiva? Em pesquisa realizada por Silva e Guimarães (2016, p.81), foi possível constatar que há uma escassez de materiais didáticos para o ensino de português como segunda língua para surdos: “constata-se assim a extrema escassez de materiais didáticos para surdos, especialmente no caso de crianças surdas usuárias da Libras”.

Barbosa (2018, p.7) revela que “alguns professores elaboram totalmente seus MD, isto é, sem inspiração em outros já existentes, e a tarefa de adaptação também pode ser considerada, de certa forma, como uma criação” mas esta afirmação nos faz refletir sobre

A importância de se ter profissionais com formação apta ao trabalho significa qualidade de ensino não somente pela língua, mas também pelas propostas das atividades, ou seja, as práticas educativas devem ser pensadas no âmbito sócio- histórico-cultural do surdo. Dessa forma, deve se aproximar sua aprendizagem daquilo que faz sentido à sua língua e ao seu contexto. (NASCIMENTO; LIZ, 2017, p.267)

Portanto, a escassez de materiais didáticos disponíveis leva os professores a produzirem seus próprios MD’s, porém muitos desses profissionais não têm formação específica para o ensino do português como segunda língua (PL2) e nem instrumentos de base para o desenvolvimento de materiais como exemplifica Santos (2012, p.5):

A realidade do professor brasileiro agrava essa situação, pois ele nem sempre dispõe de tempo para a pesquisa e elaboração de materiais adequados às suas aulas. Mesmo que disponha de tempo para essa atividade, ao iniciar uma busca por livros ou materiais para o ensino de estudantes surdos, o professor logo perceberá as carência desses materiais, mesmo que para compra.

A partir das problemáticas expostas em relação aos materiais didáticos, e tendo estas questões em mente, podemos nos debruçar sobre o foco desta pesquisa que são os materiais de apoio à aprendizagem bilíngue em formato digital.

2.1.1 Materiais de apoio à aprendizagem bilíngues em formato digital Atualmente, as tecnologias digitais permeiam a nossa rotina seja por questões de trabalho, estudos ou socialização. A naturalização do uso das tecnologias tem proporcionado o contato das crianças cada vez mais cedo à elas. Em rotinas sempre ligadas de alguma forma à internet, se faz necessário que a escola também traga esta ferramenta para a sala de aula, não só como suporte extra para as aulas mas também

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22 proporcionando o letramento digital dos alunos. Nesse sentido, as autoras Nascimento e Liz (2017, p.265) ressaltam que “Na atualidade, as tecnologias digitais são potencializadoras não somente do processo de comunicação, mas também, como estratégia de ensino”.

Pensando na educação bilíngue de surdos, a utilização de tecnologias digitais tem dado resultados importantes como apontado nas pesquisas de Anunciação, Nascimento e Souza (2018), Cabello e Nogueira (2016), Cruz (2016), Lebedeff e Santos (2014), Lins e Cabello (2019) e Nascimento e Liz (2017).

Cabello e Nogueira (2016 p.184) consideram que:

[...] as tecnologias digitais podem apoiar sobremaneira as crianças surdas, que têm a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua (L1) e encontram-se em fase de apropriação da escrita em Língua Portuguesa, entendida sob uma perspectiva bilíngue de educação de surdos como uma segunda língua (L2) para essas crianças.

Ou seja, as tecnologias digitais podem ser aliadas no processo educativo dos surdos. Elas são um campo de interesse muito recorrente entre as crianças e sua utilização com apropriação didática pode gerar maior interesse e dedicação dos estudantes. Além disso, materiais digitais costumam trazer uma maior ludicidade que permite trabalhar o conteúdo de forma mais prazerosa e facilita a compreensão de conceitos trabalhados.

Uma das vantagens que o uso das tecnologias traz é a relação que permite estabelecer entre a sua tridimensionalidade e a materialidade da Libras. Tal tridimensionalidade é inexistente nos livros didáticos, e sobre este assunto Lebedeff e Santos (2014, p.1077) exemplificam que

Por ser uma língua viso-espacial, a Libras apresenta peculiaridades específicas distintas das línguas orais. Por exemplo, um dos componentes fonológicos da Libras é o movimento e, infelizmente, as cartilhas não possibilitam a visualização do movimento. Muitas cartilhas utilizam a estratégia de desenhar flechas para indicar direção e pontilhados para informar movimento. Entretanto, não são informações claras e precisas.

Esta precisão e clareza pode ser trabalhada através de vídeos em formato digital que tragam uma visualização tridimensional ao movimento. O vídeo possibilita trabalhar a tríade de semioses necessárias na educação bilíngue que são: a escrita, sinais em Libras e imagem. Nesse aspecto, segundo Cabello e Lins (2019, p.579), no que se refere às “potencialidades trazidas pelas mídias digitais, principalmente recursos como imagens e vídeos, a língua de sinais pode ser aliada aos demais recursos semióticos que privilegiam as potencialidades visuais na produção de

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23 materiais bilíngues”. Portanto, os recursos digitais possibilitam um trabalho de forma mais completa, combinando as semioses para uma aprendizagem mais efetiva.

É necessário considerar que a produção de vídeos que trabalhe esta modalidade educacional requer um planejamento dos recursos de forma minuciosa. Conforme Cruz (2016, p.237), o vídeo em Libras traz necessidades específicas para que possa ter uma boa compreensão pelo espectador

[...] há uma falta de materiais de vídeo em Libras, ou seja, que junte imagem e língua de sinais e português, pois a legendagem e a presença de um intérprete-tradutor surdo ou ouvinte bilíngue se faz necessária, além de imagens (fotografias, mapas) que deslizem após as explicações e complementem o texto.

Galasso et al. (2018, p.66) analisam o processamento de informações multimídia por meio do desenvolvimento dos surdos, sendo que os dados da pesquisa revelam que o processamento de múltiplas semioses através das produções em vídeo podem atuar de forma positiva na aprendizagem. Segundo tais autores:

O processamento de informação inicia a partir do momento que o estudante surdo assimila imagens e palavras de uma apresentação multimídia, que pode ser, por exemplo, um vídeo em Libras. Para capturar essa apresentação, as palavras escritas e as imagens entram pelos olhos do surdo e são brevemente representadas na memória sensorial. Em seguida, na memória de trabalho, o surdo seleciona as principais palavras e imagens e as organiza, categorizando palavras escritas em um modelo verbal, e imagens em modelo pictórico. A partir dessa organização, estrutura-se um modelo integrado de informações. Esse modelo integrado está diretamente vinculado à memória de longa duração, onde o aluno pode ativar o conhecimento pré-existente para ser integrado com os modelos verbal e pictórico na memória de trabalho, armazenando o conhecimento resultante na memória de longa duração.

Além disso, os autores trazem aspectos do modelo cognitivo proposto por Mayer adaptando para as educação de surdos, este modelo “descreve alguns princípios fundamentais por trás da aprendizagem multimídia, definidos a partir de sua teoria e com base em evidências que são essenciais para elaboração dos materiais bilíngues”

(p.67) que são eles:

"Princípio multimídia": explora a importância de combinar imagens e palavras. Considerando que os surdos se desenvolvem prioritariamente através da visualidade, as imagens são fundamentais para a compreensão e, segundo os autores, quando utilizadas junto com as palavras, esse processo auxilia no processo de aprendizagem. Além disso, os autores destacam que: “devido à característica visuogestual, a Libras pode ser apresentada junto à língua portuguesa, respeitando a estrutura frasal de cada uma dessas línguas, compondo dois canais informacionais de processamento necessários à educação bilíngue.” (p.67)

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➔ “Princípio da contiguidade espacial”: aborda a necessidade de se pensar na espacialidade como um elemento didático, sendo necessário que as palavras estejam próximas das imagens, tendo a imagem como uma reafirmação do texto.

➔ “Princípio da segmentação”: traz a importância de se trabalhar os conteúdos de forma segmentada dando a oportunidade do espectador ir absorvendo o conteúdo de forma gradual.

“Princípio da atenção dividida”: deve-se diminuir a possibilidade de que a atenção seja dividida em mais de um foco, pois sobrecarrega a memória de trabalho.

Nesse sentido, os surdos têm a visão periférica mais desenvolvida, o que pode levar a uma dispersão caso o material não seja direcionado para um único foco.

“Pressuposto da capacidade limitada”: é necessário que o material não traga informações irrelevantes ou redundantes. Deve ser focado no conteúdo a ser trabalhado, pois este foco permite a diminuição da sobrecarga da memória de trabalho.

Portanto, através dos pontos analisados por Galasso et al. (2018) do modelo de Mayer, e realocados para a educação de surdos, temos uma base importante de conteúdos para analisar e considerar na produção de materiais didáticos bilíngues digitais em vídeo.

Além da pesquisa desses autores referente às produções em vídeo, é importante abordarmos também a pesquisa de Nascimento e Liz (2017) e Anunciação, Nascimento e Souza (2018) que analisam a utilização de jogos digitais para o desenvolvimento das crianças surdas. Como resultados, Nascimento e Liz (2017, p.286) trazem que:

Os jogos despertaram o interesse e a motivação das crianças no processo de letramento. As atividades digitais mediadas pelo lúdico geraram uma aprendizagem significativa em relação, principalmente, à aquisição e manutenção do léxico dos textos trabalhados em sala de aula.

Portanto, os jogos são importantes sintetizadores dos processos de aprendizagem trabalhados em sala de aula. Ainda, relatam a importância de se pensar os recursos tecnológicos como uma possibilidade de inovar e utilizá-los como um suporte de ensino e aprendizagem que possibilita o acesso ao mundo letrado. Ainda indicam “a Internet como um dos meios eletrônicos mais eficientes de contato com a língua escrita, pois possibilita a expansão do vocabulário e atribui novos significados aos signos, tornando como recurso do letramento ao uso da Língua Portuguesa."

(p.273). A utilização de tecnologias como a internet traz a possibilidade de trabalhar o

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25 letramento digital, dando acesso ao aluno à diversos formatos de texto presentes neste meio. Possibilita também o professor reelaborar as suas práticas pedagógicas através das novas possibilidades que este artefato permite.

Na pesquisa de Anunciação, Nascimento e Souza (2018, p.14), temos que “na alfabetização de crianças surdas jogos que tratam a questão visual são fundamentais para o seu aprendizado” e, sendo assim, “o jogo tem sido defendido na educação como um dos recursos que propõe diversificação de estratégias didáticas para aprendizagem e desenvolvimento das crianças” (p.12). Os jogos além de se darem no campo da visualidade, permitem a diversificação do trabalho pedagógico beneficiando o processo de ensino, desenvolvimento e aprendizagem.

Pode-se concluir, então, que tanto as produções em vídeo quanto a utilização de jogos digitais são importantes aliados no desenvolvimento de crianças surdas. Sendo assim, mediante as informações obtidas através do referencial teórico inicia-se a busca dos materiais didáticos digitais.

3. Procedimentos de coleta de dados

Para alcançar os objetivos desta pesquisa, ela se dará por meio de uma análise qualitativa com base documental.

A pesquisa documental “vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa” (GIL, 2002, p.45) ou seja, no caso desta pesquisa o objeto de análise é o material bruto elaborado por professores e pessoas que se dedicam ao assunto que terão uma análise feita por meio da perspectiva explorada neste trabalho.

Os autores Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009, p.5) trazem que “o conceito de documento ultrapassa a ideia de textos escritos e/ou impressos. O documento como fonte de pesquisa pode ser escrito e não escrito, tais como filmes, vídeos, slides, fotografias ou pôsteres”, o que torna viável partir da análise documental para analisar os materiais digitais selecionados.

A escolha por analisar materiais de apoio à aprendizagem no formato digital se dá, pois, a internet tem feito parte da rotina social de boa parte da população. As crianças cada vez mais cedo têm tido acesso a aparelhos eletrônicos e, sendo assim, é importante que na escola também seja trabalhado este letramento digital.

Rojo e Moura (2019, p.26) trazem que o “aumento nas bandas de conexão e tudo isso convocava novas habilidades técnicas da parte do usuário como clicar, cortar

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26 e colar, arrastar, ampliar, lidar com muitas janelas etc.”, ou seja, a necessidade de construir novos conhecimentos para a interação com as novas plataformas digitais que trabalham através de múltiplas semioses. Além disso, ela ainda esclarece que

As novas tecnologias, aplicativos, ferramentas e dispositivos viabilizaram e intensificaram novas possibilidades de textos/discursos - hipertexto, multimídia e, depois, hipermídia - que, por seu turno, ampliaram a multissemiose ou multimodalidade dos próprios textos/discursos, passando a requisitar novos (multi)letramentos. (ROJO; MOURA, 2019, p.26)

Portanto, os materiais digitais além de trabalharem com a ludicidade ainda permitem proporcionar eventos de multiletramentos dentro do ambiente escolar e trabalhar as multisemioses que têm estado presentes nestes meios digitais.

Para a seleção dos materiais digitais a serem analisados foi realizada uma busca em duas plataformas digitais: o YouTube para a busca de vídeos e o Google para a busca de sites de jogos/atividades.

Na plataforma YouTube foram realizadas três buscas com as seguintes palavras- chaves: Canais de Libras, Canal alfabetização Libras e Aula de Libras anos iniciais. A escolha das palavras se deu por dois motivos: primeiro, a necessidade de busca de canais no Youtube que trabalhem a temática e não somente vídeos isolados e, segundo, que segmentem para conteúdos dos anos iniciais do Ensino Fundamental para poder observar o auxílio, ou não, na aquisição de ambas as línguas.

A escolha por analisar canais da plataforma YouTube foi pensada devido aos materiais audiovisuais contemplarem a visualidade dos surdos que é a base para a sua compreensão e desenvolvimento. Além disso, a plataforma é gratuita e de fácil acesso, o que permite a utilização por qualquer pessoa com acesso à internet. Por meio de tais questões foi selecionado o canal do YouTube nomeado ‘Sala 8’.

Na plataforma Google, foi realizada uma pesquisa por meio da palavra - chave

“Jogos Libras” e, por meio desta busca, foi selecionado o site que será analisado.

Dentre os materiais encontrados na busca, para a filtragem de melhor conteúdo foi levado em consideração a real existência de jogos/atividades que utilizem a Libras, a quantidade de materiais disponíveis em cada página encontrada por meio da busca no Google e a exequibilidade dos mesmo, já que em algumas plataformas o conteúdo acaba tendo erro de execução. A escolha de analisar jogos que trabalhem a Libras se deu devido a ludicidade, prazer e interesse que os jogos despertam nas crianças, sendo um aliado no processo de ensino e aprendizagem, além disso os jogos digitais

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27 trabalham por meio da visualidade, aspecto de extrema importância na educação de surdos. Através deste filtro, foi selecionado o site “Atividades Educativas”.

Para a análise dos materiais em vídeo, as questões norteadoras serão:

➔ Aspectos visuais do vídeo

➔ Contexto de produção

➔ Língua da mediação

➔ Papel da Libras no recurso

➔ Papel da Língua Portuguesa no recurso

➔ Contemplação dos aspectos da Teoria Cognitiva de Aprendizagem Multimídia de Mayer através da adaptação de Galasso et.al.(2018)

Para a análise dos materiais de atividades/jogos as questões norteadoras serão:

➔ Aspectos visuais dos jogos

➔ Instruções para o uso do recurso

➔ Língua da mediação

➔ Papel da Libras no recurso

➔ Papel da Língua Portuguesa no recurso

➔ Contemplação dos aspectos da Teoria Cognitiva de Aprendizagem Multimídia de Mayer através da adaptação de Galasso et.al.(2018)

4. Análise dos materiais selecionados

O primeiro material que irei analisar será o canal do YouTube ‘Sala 8’1. Ele é um canal educativo idealizado por Doani Emanuela Bertan, professora bilíngue na cidade de Campinas, localizada no estado de São Paulo. Em seu vídeo de apresentação, a professora Doani explica sobre o surgimento do canal. Relata que seus alunos sempre enviam vídeos com dúvidas sobre as atividades e lições de casa, mas nem sempre ela consegue responder prontamente devido a sua carga de trabalho. Então ela decidiu fazer o canal, onde em seu tempo livre se propôs a postar vídeos com resumo de suas aulas. Portanto, os vídeos tem como público-alvo crianças surdas.

Nos vídeos, a Libras se coloca como a língua de instrução, enquanto a Língua Portuguesa é utilizada na modalidade de áudio, legenda e na grafia de palavras chaves trabalhadas nos conteúdos.

O canal possui nove playlists temáticas que são eixos de trabalho educativo, são elas: História, Projeto sentimentos, Projeto calendário, Atividades Facebook, Ciências,

1 Disponível em: https://www.youtube.com/c/Sala8/featured.

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28 Gêneros textuais, Geografia, Português e Matemática. Para esta pesquisa será utilizada a playlist Português, pois ela permite analisarmos como é abordada a relação entre Língua Portuguesa e Libras nos vídeos. Analisando os eixos que são trabalhados no canal podemos notar a falta de um eixo específico que explore a Libras, conteúdo que seria necessário para um estudo próprio da língua, aspecto importante dentro da educação bilíngue. Portanto, a Libras permeia as trocas mas não é um eixo de estudos no canal.

A Playlist de Português atualmente conta com 7 vídeos que variam seu tempo entre 2:27 min a 5:00 min, ou seja, são vídeos curtos. Os temas abordados nos vídeos são os contidos no quadro a seguir:

Quadro 1 – Temas trabalhados nos vídeos e seus respectivos links de acesso

Temas trabalhados Link de acesso aos vídeos

Palavras novas https://www.youtube.com/watch?v=nJOIt7OJkTo&list=PLNeSYB6mj2 m1t5W_b08X5SN3vN8x3wXBh&index=2

Singular e Plural https://www.youtube.com/watch?v=5y3yKKAcEQM&list=PLNeSYB6 mj2m1t5W_b08X5SN3vN8x3wXBh&index=3&t=110s Masculino e Feminino https://www.youtube.com/watch?v=4TtKyY2xjAk&list=PLNeSYB6mj2

m1t5W_b08X5SN3vN8x3wXBh&index=4&t=2s Ordem alfabética

https://www.youtube.com/watch?v=NS65vfNzNKo&list=PLNeSYB6mj 2m1t5W_b08X5SN3vN8x3wXBh&index=5&t=64s

Fichamento https://www.youtube.com/watch?v=HgJnHFtPNDU&list=PLNeSYB6 mj2m1t5W_b08X5SN3vN8x3wXBh&index=6&t=1s

Antônimos https://www.youtube.com/watch?v=o5kNyUl_VxU&list=PLNeSYB6mj 2m1t5W_b08X5SN3vN8x3wXBh&index=7&t=51s

Pronomes pessoais https://www.youtube.com/watch?v=xSzFtjFamnk&list=PLNeSYB6mj2 m1t5W_b08X5SN3vN8x3wXBh&index=8&t=2s

Fonte: Elaborado pela autora.

Na descrição de cada vídeo, consta o link para uma atividade relacionada ao tema trabalhado, que é sempre corrigida no final do vídeo seguinte. Os quatro primeiros vídeos da sequência fazem a explicação de conceitos - aquisição de vocabulário, singular e plural, masculino e feminino e ordem alfabética - utilizando para embasar os vídeos e as atividades o livro “O patinho feio” da editora Avenida. O vídeo cinco trabalha o preenchimento de um fichamento de livro baseado no livro ‘A menina bonita do laço de fita’ de Ana Maria Machado. Já no seis, a professora trabalha o conceito e exemplos de antônimos, e ao final sugere um jogo da memória por meio

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29 dos exemplos trabalhados. No vídeo sete, utiliza como referência a lenda da Iara para trabalhar os pronomes pessoais do português. No geral, os vídeos contam com efeitos especiais de edição que remetem ao jogo ‘Super Mario’. Em alguns vídeos, a professora faz um momento de dica, onde expõe possibilidades que podem ajudar seus alunos nos estudos.

Os vídeos, de maneira geral, possuem música em sua abertura, dublagem e legenda em português, utiliza a Libras como forma de instrução, possui cenários diferentes para cada etapa da aula e, além disso, utiliza-se de imagens para auxiliar na explicação, e grafia das palavras que são exploradas. Ao final de cada explicação a professora faz uma atividade/pergunta para que o aluno responda concomitantemente à reprodução do vídeo.

Através de todos os aspectos dos vídeos relatados anteriormente irei expor e analisar algumas observações que considero importantes.

A utilização de uma literatura infantil como base para trabalhar conceitos da Língua Portuguesa é uma escolha interessante. Sabemos que a literatura infantil desperta a criança para novos conhecimentos de uma forma lúdica e prazerosa.

Acerca desse assunto, Lourenço e Coelho (2021, p.157) esclarecem:

A literatura infantil é um campo de experimentação do mundo. Nele, a criança, ao ler, contar ou ouvir uma história, lida com situações ou acontecimentos que apresentam, de maneira sistemática, as relações na sociedade, numa viagem que represente um misto de realidade e ficção, como continuidade ao exercício de linguagem e pensamento.

Portanto, além de exercitar a imaginação, a ludicidade e questões sociais, a literatura infantil também pode permitir o trabalho e o desenvolvimento da linguagem de forma prazerosa e que favoreça explorar as línguas em uso, entre outros saberes.

Os vídeos utilizam a Libras como a principal língua de mediação nos diálogos, ao mesmo tempo em que há a tradução em Língua Portuguesa na forma de áudio. O uso da Libras torna o material acessível aos surdos pois todo o conteúdo é explicado através dela, já a tradução na forma oral não tem uma finalidade muito clara pensando que a audição dos surdos é baixa ou nula, e que a legenda em português já bastaria para alguém que não compreende a Libras. Há a possibilidade que tal forma de tradução tenha ocorrido para o caso destes vídeos serem mais acessíveis aos pais dos alunos que acompanham o conteúdo para auxiliá-los.

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30 Apesar da Libras ter um papel fundamental nos vídeos, a Língua Portuguesa se faz presente através da legenda, que traduz para o português o que é sinalizado em formato de áudio e nas grafia das palavras de apoio sobre o assunto trabalhado.

Segundo, Benchimol (2011, p.13) “a educação bilíngue envolve o ensino de conteúdos em dois idiomas, em língua nativa e secundária, com quantidades variáveis de cada um das línguas utilizadas”, sendo assim, é possível inferir que o material analisado é bilíngue ao surdo, pois aborda a Língua Portuguesa por meio da legenda e explorando a escrita das palavras, enquanto utiliza Libras como língua de instrução e mediação ao mesmo tempo que explora os sinais correspondentes as palavras abordadas.

Um ponto a ser observado é que Doani trabalha por meio de palavras, sendo assim, aparece a imagem, o sinal das palavras, a grafia em português e ela ainda soletra através do alfabeto manual, como consta a Figura 1. Essa abordagem é interessante pois parte de uma perspectiva contrastiva onde as diferenças e semelhanças entre ambas as línguas são elucidadas, sendo assim “os alunos vão observar como uma mesma ideia é expressa nas duas línguas. Esta prática serve de base para os alunos formularem suas hipóteses sobre o funcionamento das duas línguas.” (PEREIRA, 2014, p.149)

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31 Figura 1 - Captura de tela do vídeo “Palavras novas”

Fonte: Compilação da autora2.

Um aspecto importante de ser analisado refere-se as imagens utilizadas. Nos vídeos as imagem utilizadas para elucidar as palavras que vão sendo exploradas são todos desenhos. Na Figura 1, temos a ilustração de um tipo de desenho que é utilizado nos vídeos, que são desenhos que geralmente são utilizados para as crianças pintarem. Na Figura 2, que virá a seguir, podemos ver a outra classificação de desenho que é utilizada, que são desenhos prontos.

2Sequência de capturas de tela do vídeo “Português 001 - Palavras Novas – Libras”, disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=nJOIt7OJkTo&list=PLNeSYB6mj2m1t5W_b08X5SN3vN8x3wX Bh&index=2

Referências

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