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(Decreto n. 21.076, de 24 de fevereiro de 1932) ^1 ^» 4 0 A N O III R I O D E J A N E I R O , 11 D E A B R I L D E 1934 N . 31-

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B O L E T I M LEITORAL

ESTADOS UNIDOS DO BRASIL

(Decreto n. 21.076, de 24 de fevereiro de 1932) ^1 ^» 4 0 A N O III R I O D E J A N E I R O , 11 D E A B R I L D E 1934 N . 31-

S U M Á R I O

I — Legislação E l e i t o r a l :

Decreto n . 24.035, que p r o r r o g a por m a i s u m ano os p r a z o s a que se refere o a r t . 119, l e t r a s " a " e " b " , do C ó d i g o E l e i - t o r a l .

II — A t a do T r i b u n a l Superior i

#

25" s e s s ã o o r d i n á r i a , em 31 de m a r ç o de 1934.

III — Jurisprudência do T r i b u n a l Superior : 1. A ç ã o P e n a l n . 24 — R i o G r a n d e do N o r t e . 2. R e c u r s o E l e i t o r a l n . 53 — S a n t a C a t a r i n a . 3. R e c u r s o E l e i t o r a l n . 54 — P e r n a m b u c o .

IV — A t a s d o T r i b u n a l R e g i o n a l d o D i s t r i t o F e d e r a l :

180" s e s s ã o , em 6 de m a r ç o de 1934.

181" s e s s ã o , em 9 de m a r ç o de 1934.

182" s e s s ã o , em 13 de m a r ç o de 1934.

183" s e s s ã o , em 16 de m a r ç o de 1934 . 184" s e s s ã o , em 20 de m a r ç o de 1934 . 185" s e s s ã o , em 23 de m a r ç o de 1934.

186» s e s s ã o , em 27 de m a r ç o de 1934 V — E d i t a i s e a v i s o s .

« L A Ç Ã O ELEITORAL

D E C R E T O N . 24.035 — D E 23 D E M A R Ç O D E 1934

Prorroga por mais um ano os prazos a que refere o art 119, letras a e b, do Código Eleitoral

O Chefe do Governo Provisório da República dos E s - tados Unidos do B r a s i l :

Usando das atribuições que lhe confere o art. I

o

do de- creto n . 19.398, de 11 de novembro de 1930; e

Considerando que o alistamento eleitoral, no país, de- pois do pleito de 3 de maio de 1933, teria de ser processado com obediência aos preceitos do Código Eleitoral, visto como as providências de facilitação decretadas, em período de emergência, depois do referido pleito, caducaram automati- camente ;

Considerando que as dificuldades decorrentes da vigên- cia integral do Código, não permitiriam a restauração do eleitorado, no exiguio prazo de um ano;

Considerando que o Governo, secundado pelo Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, estuda, no momento, uma con-

solidação das leis de alistamento, modificadoras do Código,

e no sentido de aproveitar as providências de facilitação que a experiência aprovou:

Decreta:

A r t . l.° Ficam prorrogados por mais um ano os prazos a que se refere o art. 119, letras a e b, do Código Eleito- ral '(*)

P a r á g r a f o único. Esses novos prazos serão contados do termo do período estipulado no art. 2

o

do decreto n. 22.607, de 3 de abril de 1933 (**).

A r t . 2.° O presente decreto entrará em vigor na data de sua publicação, transmitindo-se o seu teor aos interven- tores federais nos Estados e no Território do Acre, por te- legrama; revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, em 23 de março de 1934, 113° da Inde- pendência e 46° da República.

G E T U L I O VA R G A S .

Francisco Antunes Maciel.

{Diário Oficial, de 28 de março de 1934).

(*) C ó d i g o E l e i t o r a l (decreto n . 21.070, de 24 de fevereiro de 1ÍW2).

A r t . 119. O c i d a d ã o a l i s t á v e l , u m ano depois de c o m p l e t a r m a i o r i d a d e , ou u m ano depois de e n t r a r em v i g o r este C ó d i g o , d e v e r á a p r e s e n t a r seu t i t u l o de e l e i t o r p a r a poder efetuar os s e g u i n t e s a t o s :

a) d e s e m p e n h a r ou c o n t i n u a r d e s e m p e n h a n d o f u n ç õ e s ou e m p r e g o s p ú b l i c o s ou f u n ç õ e s p a r a as q u a i s se e x i j a a n a c i o n a - l i d a d e b r a s i l e i r a :

b) p r o v a r i d e n t i d a d e em todos os casos e x i g i d o s por l e i , de- c r e t o s ou r e g u l a m e n t o s .

(**) O a r t . 2», do decreto n . 22.607, cit., p r o r r o g o u por m a i s u m ano, os prazos e s t i p u l a d o s no a r t . 11 Ir, l e t r a s a e b, do C ó d i g o E l e i t o r a l , que e n t r o u em v i g o r no d i a 27 de m a r ç o de 1932. nos t e r m o s do a r t . 144 do m e s m o C ó d i g o , v i s t o como fora p u b l i c a d o no " D i á r i o O f i c i a l " , de 26-2-1932.

T R I B U N A L S U P E R I O R DE J U S T I Ç A E L E I T O R A L

A T A

25

a

S E S S Ã O ORDINÁRIA, E M 31 D E MARÇO D E 1934 P R E S I D Ê N C I A DO S R . M I N I S T R O H E R M E N E G I L D O D E B A R R O S ,

P R E S I D E N T E

1) A b e r t u r a da s e s s ã o ; 2) L e i t u r a e a p r o v a - ç ã o da a t a da s e s s ã o a n t e r i o r , a s s i m como a p u - b l i c a ç ã o dos a c ó r d ã o s r e f e r e n t e s aos processos que f o r a m j u l g a d o s ; 3) J u l g a m e n t o do " H a b e a s - c o r p u s " n . 22 — D i s t r i t o F e d e r a l — I m p e t r a n t e , P e d r o T h i m o t h e o e o u t r o s ; 4) E n c e r r a m e n t o da s e s s ã o .

As nove e m e i a horas, presentes os j u í z o s : m i n i s t r o s

E d u a r d o E s p i n o l a e C a r v a l h o M o u r ã o , desembargador J o s é

L i n h a r e s , doutores M o n t e i r o de Sales e J o ã o Cabral, este j u i z

(2)

convocado no i m p e d i m e n t o do doutor Affonso P e n n a J ú n i o r , que faltou com causa j u s t i f i c a d a , e o desembargador Renato Tavares, p r o c u r a d o r geral, abre-se a s e s s ã o . É l i d a e sem debate aprovada a ata da s e s s ã o anterior, p u b l i c a n d o - s o , em seguida, os a c ó r d ã o s referentes aos processos anteriormente j u l g a d o s . O S R . E D U A R D O E S P I N O L A r e l a t a o habeas-corpus n . 2 2 , do D i s t r i t o F e d e r a l , ' e m que é i m p e t r a n t e Pedro T h i - moteo de A l m e i d a Couto e outros, e paciente o E l e i t o r a d o C a r i o c a . Após o r e l a t ó r i o , faz uso da p a l a v r a o doutor A d o l - pho B e r g a m i n i , sustentando a p r o c e d ê n c i a do pedido, quer como habeas-corpus, quer como r e c l a m a ç ã o dos eleitores que n ã o p o d e r ã o exercer o seu d i r e i t o de voto. O S R . E D U A R - DO E S P I N O L A , relator, d á o seu voto no sentido de conhecer do pedido de habeas-corpus e i n d e f e r í - l o , e como r e c l a m a - ção n ã o t o m a r conhecimento, por n ã o ser da c o m p e t ê n c i a do T r i b u n a l tomar qualquer p r o v i d ê n c i a sobre a m a t é r i a . O T r i b u n a l t o m a conhecimento do pedido de habeas-corpus, c o n t r a os votos dos S r s . C a r v a l h o M o u r ã o e J o ã o Cabral, e indefere o pedido, u n a n i m e m e n t e ; quanto á r e c l a m a ç ã o n ã o toma conhecimento, de acordo com o voto do relator, u n a n i - m e m e n t e . Nada m a i s havendo a tratar, o S r . presidente de- c l a r a encerrada a s e s s ã o . L e v a n t a - s e a sessão ás dez horas e cincoenta m i n u t o s .

• Voto do ministro Eduardo Espinola, no habeas-corpus julgado em 11-4-934

I

Como v ê o T r i b u n a l , o que pretendem os s i g n a t á r i o s da p e t i ç ã o que l i , é, em p r i m e i r o lugar, que o T r i b u n a l S u p e r i o r de J u s t i ç a E l e i t o r a l decrete u m a ordem de "habeas-corpus", para que o eleitorado da c a p i t a l da R e p ú b l i c a possa eleger d i - retamente, pelo s u f r á g i o u n i v e r s a l , secreto e p r o p o r c i o n a l , os seus representantes que devam c o n s t i t u i r o l e g í t i m o P o - der L e g i s l a t i v o o r d i n á r i o , ou a p r ó x i m a A s s e m b l é i a N a c i o n a l , fazendo cessar a v i o l ê n c i a i m i n e n t e , que c l a s s i f i c a m de c a - r a c t e r i s t i c a em m a t é r i a e l e i t o r a l , consistente em n ã o poder o mesmo eleitorado a t u a r n a escolha de seus novos delegados ao legislativo c o n s t i t u c i o n a l o r d i n á r i o , caso se realize a t r a n s - f o r m a ç ã o insistentemente anunciada, da A s s e m b l é i a Nacional Constituinte em Poder L e g i s l a t i v o o r d i n á r i o .

D i z e m os impetrantes, em segundo lugar, que — "o e l e i - torado da capita] da R e p ú b l i c a , independente, ciente e c o n - ciente dos seus d i r e i t o s , espera que esta E g r é g i a Corte, em lhe n ã o concedendo, no caso vertente, por entender inadequada, a medida do "habeas-corpus", n ã o lhe negue o r e m é d i o j u r í - dico, que j u l g a r capaz e eficaz, p a r a que aborte e se sane a referida v i o l ê n c i a " .

E isso p o r q u ê , entre as a t r i b u i ç õ e s do T r i b u n a l S u p e r i o r de J u s t i ç a E l e i t o r a l , nos termos do Código, e s t á a de p r o p o r ao chefe do governo p r o v i s ó r i o as p r o v i d ê n c i a s n e c e s s á r i a s para que as e l e i ç õ e s se, r e a l i z e m no tempo e f ô r m a d e t e r m i - nados em l e i .

O que se pretende, em ú l t i m a a n á l i s e , é que este T r i b u n a l se pronuncio, declarando que a A s s e m b l é i a Nacional C o n s t i - tuinte n ã o t e m o poder de se converter em a s s e m b l é i a l e g i s - l a t i v a o r d i n á r i a e n ã o tem a t r i b u i ç õ e s outras, a l é m das que foram t a x a t i v a m e n t e determinadas no decreto r e l a t i v o á sua c o n v o c a ç ã o .

Na verdade, quanto ao "habeas-corpus", por atender ás c o n s i d e r a ç õ e s expendidas pelos impetrantes, t e r i a o T r i b u n a l de e x a m i n a r e r e s o l v e r as seguintes q u e s t õ e s :

I

a

. — P ô d e a A s s e m b l é i a Nacional C o n s t i t u i n t e t r a n s - formar-se em Poder L e g i s l a t i v o o r d i n á r i o ; ou t e r á de d i s -

*olver-se, desde que esteja elaborada a C o n s t i t u i ç ã o , resolvido o p r o b l e m a da a p r o v a ç ã o dos atos do governo p r o v i s ó r i o , e l e i - to o presidente da R e p ú b l i c a , em conformidade c o m o art, 2?

do dec. n . 2 2 . 6 2 1 de 2 de a b r i l de 1 9 3 3 ?

2

a

. — E s t á , n a l e g i s l a ç ã o em vigor, fixado o tempo em que se d e v e r ã o r e a l i z a r as e l e i ç õ e s p a r a a p r i m e i r a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a C o n s t i t u c i o n a l ?

3

A

- — E s t ã o coagidos, ou sob i m i n e n t e c o a ç ã o , os i m p e - trantes, ou os eleitores a que se referem, quanto ao e x e r c í c i o do d i r e i t o de voto, nas e l e i ç õ e s p a r a a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a o r d i n á r i a ?

É de p u r a e v i d ê n c i a que as q u e s t õ e s se e n t r e l a ç a m , de- pendendo, p o r é m , fundamentalmente, as duas ú l t i m a s da so- l u ç ã o que tenha, a p r i m e i r a .

Quanto á o u l r a medida, a s s e c u r a t ó r i a de seus direitos, que i m p e t r a m os sinatarios da p e t i ç ã o , s u r g e m q u e s t õ e s subs- tancialmente i d ê n t i c a s :

l .

a

— ' C o m p e t e ao T r i b u n a l S u p e r i o r de J u s t i ç a E l e i - toral p r o n u n c i a r - s e sobre os poderes da A s s e m b l é i a Nacional

C o n s t i t u i n t e , no tocante á sua c o n v e r s ã o em Poder L e g i s l a - tivo o r d i r f á r i o , ou á e x t e n s ã o de suas a t r i b u i ç õ e s ?

2

A

— V e r i f i c a - s e « h i p ó t e s e do art. 1 4 n . 8 do Código E l e i t o r a l : " p r o p o r ao chefe do governo p r o v i s ó r i o as p r o - v i d ê n c i a s n e c e s s á r i a s p a r a que as e l e i ç õ e s se realizem no tempo o f o r m a determinados em l e i ?"

3 .

A

— E x i s t e a l g u m r e m é d i o j u r í d i c o , que possa o T r i - b u n a l a p l i c a r , p a r a assegurar aos eleitores o direito de" es- colher os seus representantes n a p r i m e i r a a s s e m b l é i a legis- l a t i v a o r d i n á r i a , c o n t r a o que haja deliberado a A s s e m b l é i a Nacional C o n s t i t u i n t e ?

A q u i t a m b é m é obvio que d a que se dê á p r i m e i r a , de- pendem as respostas das outras q u e s t õ e s .

II

F e i t a s as o b s e r v a ç õ e s que precedem, m i s t e r se torna e x a m i n a r mais p a r t i c u l a r m e n t e o pedido e as alegações dos requerentes.

a) O habeas-corpus. B a s t a o que f i c o u dito, p a r a se c o n c l u i r que o caso n ã o é, manifestamente, de habeas-corpus.

Os p r ó p r i o s impetrantes n ã o demonstram c o n f i a n ç a na p r o c e d ê n c i a de sua i n v o c a ç ã o ; a d m i t e m que o T r i b u n a l j u l -

gue inadequada a m e d i d a que s o l i c i t a m ; d e i x a m v e r que bem compreendem que, em face da l e i c da j u r i s p r u d ê n c i a não p o d e r ã o obter a o r d e m i m p e t r a d a .

T r a n s c r e v e m elos mesmos o a r l . 4 8 do Regimento I n - terno deste T r i b u n a l , concebido nestes l e r m o s :

" S ã o c o n d i ç õ e s essenciais p a r a a c o n c e s s ã o de habeas- corpus, que se trate u n i c a m e n t e do g a r a n t i r a liberdade de l o c o m o ç ã o , e que no seu processo n ã o se envolva outra ques- tão, que só 'contenciosamente pode ser r e s o l v i d a .

Ora, antes de tudo, é fácil de compreender que só se po- d e r á falar em constrangimento ilegal de qualquer natureza, no caso exposto, depois de r e s o l v i d o o p r o b l e m a da trans- f o r m a ç ã o da A s s e m b l é i a C o n s t i t u i n t e em a s s e m b l é i a legis- l a t i v a o r d i n á r i a .

V c n t i l a - s e a í u m a q u e s t ã o da mais alta r e l e v â n c i a : p r i - meiramente, quanto' á sua natureza,

É u m a q u e s t ã o j u r í d i c a ou u m a q u e s t ã o p o l í t i c a ? Se p o l í t i c a , escapa á c o m p e t ê n c i a do T r i b u n a l .

Depois, quando se lhe r e c o n h e ç a c a r á t e r j u r í d i c o , entra nas a t r i b u i ç õ e s do T r i b u n a l s o l u c i o n á - l a ?

Nada mais se requer p a r a a d e m o n s t r a ç ã o de que, em face da l e i , da j u r i s p r u d ê n c i a , da t r a d i ç ã o d o u t r i n á r i a e l e - gislativa, e s t á afastada a p o s s i b i l i d a d e de se a d m i t i r , em tais c o n d i ç õ e s , o recurso de habeas-corpus.

A l é m disso, n ã o se cogita, na e s p é c i e , de assegurar a l i - berdade de. l o c o m o ç ã o p a r a o e x e r c i d o do d i r e i t o de voto, condição essencial, p a r a a c o n c e s s ã o do habeas-corpus, nos termos do R e g i m e n t o .

É isso i r r e t o r q u i v e l .

Os impetrantes n ã o t ê m d ú v i d a em p r o c l a m á - l o . Mas, ao reconhece-lo, a s s i m se p r o n u n c i a m :

"Que se n ã o atente, pois, no caso em a p r e ç o , apenas para a liberdade de l o c o m o ç ã o , que esta p o d e r i a satisfazer,-talvez, plenamente, a tudos os seres da escala zoológica, com exceção, p o r é m , do h o m e m , que é p r o f i s s i o n a l , que é o p e r á r i o , que ó medico, que é escritor, que é advogado, que ó engenheiro, que é orador, que é comerciante, que é i n d u s t r i a l , que é professor, que é l a v r a d o r , que é j u i z , que pensa, que sente, que fala, que exerce, enfim, u m sem n ú m e r o de funções, que s ã o a substancia mais í n t i m a do seu " e u " e da sua l i - berdade."

Sem d ú v i d a , que a s s i m é : o h o m e m exerce u m grande - n ú m e r o de p r o f i s s õ e s e de f u n ç õ e s , e a sua atividade lícita é p r o t e g i d a pelas leis.

Não é, todavia, o habeas-corpus a garantia ú n i c a para todos os casos; o c a r á t e r e x t r a o r d i n á r i o desse recurso de- t e r m i n a - l h e o uso r e s t r i t o a casos especialmente previstos.

E m m a t é r i a e l e i t o r a l , contra a fraude, contra a violação do sigilo do voto, o desrespeito á r e p r e s e n t a ç ã o proporcional, o r e m é d i o legal n ã o é o habeas-corpus; outra é a s a n ç ã o dos d i r e i t o s respectivos.

E s a n ç ã o eficaz, como o demonstra a p r á t i c a deste T r i - b u n a l , na i n t r a n s i g ê n c i a de suas d e c i s õ e s .

A n u l o u e l e i ç õ e s p a r a que n ã o fosse sacrificada a r e - p r e s e n t a ç ã o p r o p o r c i o n a l , a i n d a que em c o n s e q ü ê n c i a do e x e r c í c i o de poderes d i s c r i c i o n á r i o s ; anulou-as igualmente, p a r a que n ã o ficasse v i o l a d o o sigilo absoluto do voto, com o emprego de sobrecartas transparentes, ainda que sem ale- „ g a ç ã o e p r o v a de fraude.

Habeas-corpus n ã o tem êle v a c i l a d o em conceder, em todos os casos em que é autorizado p e l a l e i .

Na e s p é c i e , porem, de t a l se n ã o p o d e r á cogitar : n ã o

cabe o habeas-corpus, p o r q u ê envolvo duas q u e s t õ e s de alta

(3)

i n d a g a ç ã o ; n ã o cabo t a m b é m p o r q u ê n ã o e s t á em causa a l i - berdade de l o c o m o ç ã o .

b) — Outro remédio jurídico. Se a d m i s s í v e l é a g a r a n - t i a i m p e t r a d a do habeas-corpus, outro r e m é d i o h a v e r á , que se ajuste ao f i m a que se p r o p õ e m os i m p e t r a n t e s ?

Claro e s t á que só se f a r á n e c e s s á r i a a a p l i c a ç ã o de m e - didas conducentes á s e g u r a n ç a de u m d i r e i t o , se estiver ê l e sofrendo ou a m e a ç a d o de sofrer a l g u m a v i o l a ç ã o o u aten- tado.

I m p õ e - s e , consequentemente, o exame da q u e s t ã o f u n - damental : ser l í c i t o ou n ã o á A s s e m b l é i a N a c i o n a l C o n s t i - tuinte converter-se em a s s e m b l é i a l e g i s l a t i v a o r d i n á r i a e ter o T r i b u n a l S u p e r i o r c o m p e t ê n c i a p a r a d e c i d í - l o .

O p r o b l e m a s e r á considerado a seguir.

Antes de f a z ê - l o , comtudo, d i r e i que os impetrantes se v i r a m em d i f i c u l d a d e p a r a i n d i c a r a p r o v i d ê n c i a que, p o r - ventura, lhes p o d e r i a a m p a r a r a p r e t e r i ç ã o .

A l u d i r a m ao a r t i g o 1 4 n . 8 do Código E l e i t o r a l , que d i z :

" S ã o a t r i b u i ç õ e s do T r i b u n a d S u p e r i o r — p r o p o r ao chefe do governo p o r v i s ó r i o as p r o v i d ê n c i a s n e c e s s á r i a s p a r a que as eleições se r e a l i z e m no tempo e f ô r m a determinadas em l e i " .

A c r e s c e n t a m l i n h a s a p ó s :

E , por seu lado, a p r ó p r i a A s s e m b l é i a C o n s t i t u i n t e t a m - b é m tem reconhecido a necessidade de, sem perda do tempo, se proceder á e l e i ç ã o do l e g í t i m o P o d e r L e g i s l a t i v o c o n s t i t u - cional o r d i n á r i o . É ela, com efeito, que no projeto de C o n s - t i t u i ç ã o federal, j á aprovado em p r i m e i r o turno, tem esta- belecido, no c a p í t u l o das " D i s p o s i ç õ e s t r a n s i t ó r i a s " que :

A r t i g o — Noventa dias depois de p r o m u l g a d a esta Cons- t i t u i ç ã o s e r ã o realizadas as e l e i ç õ e s p a r a a p r i m e i r a A s s e m - b l é i a Nacional o r d i n á r i a e p a r a as A s s e m b l é i a s E s t a d u a i s Constituintes.

Isto posto, c o n c l u e m :

"Aí e s t á , pois, o "tempo", em que as p r ó x i m a s e l e i ç õ e s se d e v e r ã o r e a l i z a r " .

É patente o absurdo !

Se a C o n s t i t u i ç ã o foi apenas aprovada em p r i m e i r o t u r - no, se ainda n ã o se converteu em l e i , como dizer que o prazo dela constante c o n s t i t u i o tempo, determinado em l e i , p a r a as eleições ?

Se a C o n s t i t u i ç ã o n ã o e s t á p r o m u l g a d a , como pretender que o T r i b u n a l p r o p o n h a ao governo p r o v i s ó r i o as p r o v i - d ê n c i a s n e c e s s á r i a s p a r a que sè r e a l i z e m noventa dias de- pois da p r o m u l g a ç ã o , que ainda se i g n o r a quando se v e r i - f i c a r á ?

A c o n c l u s ã o v e r d a d e i r a é que n ã o h á tempo determinado em l e i p a r a que se r e a l i z e m as e l e i ç õ e s : i n o p o r t u n a s e r i a q u a l q u e r s u g e s t ã o do T r i b u n a l p a r a t a l f i m .

Aliás, a d e t e r m i n a ç ã o em l e i do d i a das e l e i ç õ e s , n ã o seria, só por s i , o b s t á c u l o ao funcionamento da A s s e m b l é i a Constituinte como a s s e m b l é i a l e g i s l a t i v a o r d i n á r i a a t é que fosse eleito o Poder L e g i s l a t i v o c o n s t i t u c i o n a l .

Passo a considerar a q u e s t ã o f u n d a m e n t a l . n i

A conversão da Assembléia Nacional Constituinte em assembléia legislativa ordinária e a competência do Tribunal Superior.

A q u e s t ã o é p o l í t i c a ou j u r í d i c a ?

T e m o T r i b u n a l S u p e r i o r c o m p e t ê n c i a p a r a d e c i d i - l a ? S u r g i u n a A s s e m b l é i a ' N a c i o n a l C o n s t i t u i n t e e tem-se desenvolvido n a i m p r e n s a v i v a c o n t r o v é r s i a , em torno da c o n t i n u a ç ã o dos poderes, depois de p r o m u l g a d a a C o n s t i - t u i ç ã o e eleito o presidente da R e p ú b l i c a . •

O p r o b l e m a sc apresenta, essencialmente nos termos que resumo, tendo em c o n s i d e r a ç ã o os motivos que i n v o c a m e as j u s t i f i c a ç õ e s que e x p õ e m as duas correntes a n t a g ô n i c a s ,

A f i r m a - s c , de um lado, que a A s s e m b l é i a N a c i o n a l Cons- t i t u i n t e n ã o tem poderes p a r a se converter "em a s s e m b l é i a l e g i s l a t i v a o r d i n á r i a ' , o u a i n d a para decretar leis c o m p l e - mentares, pelas seguintes r a z õ e s :

a) — O decreto n. 2 2 . 6 2 1 , de 5 de a b r i l de 1933, baixado pelo governo p r o v i s ó r i o e que dispõe sobre a c o n v o c a ç ã o da Assembléia__Nacional C o n s t i t u i n t e , estabelece os poderes desta, no artigo 2.°, assim f o r m u l a d o :

" A A s s e m b l é i a N a c i o n a l Constituinte t e r á poderes p a r a estudar e v o t a r a nova C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a dos Estados

U n i d o s do B r a s i l , devendo tratar exclusivamente de assuntos, que d i g a m respeito á respectiva e l a b o r a ç ã o , á a p r o v a ç ã o dos atos do governo p r o v i s ó r i o e á e l e i ç ã o do presidente da R e p u ú b j i c a —• feito o que se dissolverá."

6) — Insistindo na mesma ordem de c o n s i d e r a ç õ e s o.

governo p r o v i s ó r i o estabeleceu, no artigo 101 do decreto n ú - m e r o 2 2 . 6 2 1 . que — "a A s s e m b l é i a Nacional C o n s t i t u i n t e n ã o p o d e r á d i s c u t i r , ou votar, q u a l q u e r projecto de l e i . D e - v e r á t r a t a r e x c l u s i v a m e n t e de assuntos que d i g a m respeito á e l a b o r a ç ã o da C o n s t i t u i ç ã o , á e l e i ç ã o do presidente da R e p ú b l i c a e á a p r o v a ç ã o dos atos do governo p r o v i s ó r i o . "

c) — Chamado ás urnas o eleitorado n a c i o n a l , s a b i a que ia eleger deputados á C o n s t i t u i n t e p a r a os fins especificados no decreto r e l a t i v o á c o n v o c a ç ã o ; esse eleitorado, consequen- temente, e n v i o u seus representantes, com poderes especiais, restritos, e x c l u s i v o s p a r a tratar dos assuntos indicados, de- vendo, a seguir, d i s s o l v e r - s e a A s s e m b l é i a . C o n t i n u a r esta em f u n ç ã o l e g i s l a t i v a seria, segundo as p a l a v r a s e m p r e - gadas pelos impetrantes, " u m a i n c u r s ã o i n d é b i t a e v i o l e n t a nos d o m í n i o s da vontade popular, u m a u s u r p a ç ã o da sobe- r a n i a do povo, u m a violação dos d i r e i t o s p o l í t i c o s da n a - ç ã o , que, por i n t e r m é d i o do seu ú n i c o ó r g ã o c o m poderes e capacidade para tal f i m — o eleitorado — n ã o o u t o r g o u à q u e l e s deputados s e n ã o as mencionadas a t r i b u i ç õ e s , ex- pressas e restritas."

d) —• Só seria p o s s í v e l q u a l q u e r d e l i b e r a ç ã o da A s s e m - b l é i a Nacional Constituinte, a l é m dos fins especificados, se s o l i c i t a d a pelo governo p r o v i s ó r i o , segundo os termos do artigo 102 do citado decreto :

"Se, entretanto, no correr dos trabalhos, se t o r n a r e v i - dente a necessidade absoluta de q u a l q u e r r e s o l u ç ã o i n a d i á v e l , sobre a qual haja o chefe do listado pedido a c o l a b o r a ç ã o da A s s e m b l é i a , s e r á ela debatida e votada em d i s c u s s ã o ú n i c a , com pareecr da C o m i s s ã o E s p e c i a l que p a r a t a l f i m , f ô r c r i a - da p e l a A s s e m b l é i a . "

O p õ e m - s e a esses argumentos os invocados p e l a cor- rente c o n t r á r i a :

a) — A s r e s t r i ç õ e s impostas aos poderes da A s s e m b l é i a Nacional Constituinte, procedem de u m decreto do chefe do governo p r o v i s ó r i o , e n ã o da vontade do eleitorado que sobre o assunto n ã o poude se manifestar'; l i m i t o u - s e este a eleger os seus representantes p a r a a r e o r g a n i z a ç ã o c o n s t i t u c i o n a l do paiz, conferindo-lhes, necessariamente, os poderes que p a r a tal f i m fossem requeridos. A s i m p l e s m a n i f e s t a ç ã o do voto, como se fez, n ã o i m p o r t a a a p r o v a ç ã o t á c i t a dos limites do mandato popular, p o r q u ê n ã o f o r a absolutamente pos- s í v e l que do voto constasse a m a n i f e s t a ç ã o c o n t r á r i a . Nada m a i s era p e r m i t i d o ao eleitor, a l é m da n o m e a ç ã o de seus r e - presentantes.

õ) — - O art. 101 do Regimento da A s s e m b l é i a Nacional Constituinte, elaborado pelo governo p r o v i s ó r i o , f o i r e f o r - tmado por esta, como era de sua c o m p e t ê n c i a . O que diz o Regimento em vigor é : " A A s s e m b l é i a N a c i o n a l C o n s t i t u i n t e n ã o p o d e r á d i s c u t i r ou votar q u a l q u e r assunto estranho ao projeto de C o n s t i t u i ç ã o , enquanto ê s t e n ã o f ô r aprovado, salvo os demais constantes do decreto de sua c o n v o c a ç ã o " .

D a í se depreende que, votado o projeto de C o n s t i t u i ç ã o , reconhece o Regimento que p o d e r á a A s s e m b l é i a d i s c u t i r e votar assuntos n ã o constantes do decreto de sua c o n v o c a ç ã o . c) — O mandato conferido aos deputados constituintes n ã o e s t á c i r c u n s c r i t o á s e s p e c i f i c a ç õ e s decretadas pelo g o - v e r n o p r o v i s ó r i o , p o r q u ê , nos regimes d e m o c r á t i c o s , é p e l a voz de seus representantes eleitos que_ a N a ç ã o manifesta a sua vontade, sendo de notar que, segundo as p r á t i c a s da de- m o c r a c i a c o n t e m p o r â n e a os representantes n ã o recebem i n s t r u ç õ e s o b r i g a t ó r i a s de seus eleitores, s ã o independentes no e x e r c í c i o de suas f u n ç õ e s , por c o n s i d e r a ç ã o de ordem t é c n i c a .

C i t a m - s e as p a l a v r a s t í p i c a s do c o n s t i t u c i o n a l i s t a K e l s e n :

"Quanto m a i o r é a atividade e s t á t i c a , menos capaz se

m o s t r a o povo de desenvolver por si mesmo, imediatamente,

a a t i v i d a d e v e r d a d e i r a m e n t e c r i a d o r a , que constitue a f o r -

m a ç ã o da vontade e s t á t i c a , vendo-se, ainda, que seja por m o -

tivos p u r a m e n t e t é c n i c o s na c o n t i n g ê n c i a de se l i m i t a r a

c r i a r e fiscalizar o aparelho que v e r d a d e i r a m e n t e se en-

c a r r e g a r á de t a l o b j e t i v o . Mas, por outro, lado, quer-se ter a

i l u s ã o de que, mesmo n a r e p r e s e n t a ç ã o p a r l a m e n t a r , a i d é i a

do liberdade d e m o c r á t i c a e só ela chega a se e x p r i m i r em

toda a sua i n t e g r i d a d e , Recorre-se p a r a esse efeito á ficção

da r e p r e s e n t a ç ã o , á i d é i a de que o parlamento n ã o passa

de u m representante do povo, de que ê s t e somente no p a r l a -

mento, e por meio dele, pode e x p r i m i r sua vontade, ainda

que, "em todas" as C o n s t i t u i ç õ e s sem e x c e ç ã o , o p r i n c i p i o

(4)

p a r l a m e n t a r esteja aliado á r e g r a — que os deputados n ã o podem receber i n s t r u ç õ e s o b r i g a t ó r i a s de seus eleitores, o que t o r n a o p a r l a m e n t o j u r i d i c a m e n t e independente do p o - vo, no e x e r c í c i o de suas f u n ç õ e s . E s s a d e c l a r a ç ã o de i n d e - p e d ê n c i a do parlamento, em r e l a ç ã o ao povo, assinala o nas- cimento do parlamento moderno, sua c l a r a s e p a r a ç ã o dos antigos Estados cujos membros estavam ligados por m a n - datos i m p e r a t i v o s de seus eleitores." (Hans K e l s e n — L a d é - mocratie, sa n a t u r e et sa v a l e u r , trad. francesa de Gh. E i - senman, 1932, p . 30) .

d) — A l é m da p o s s i b i l i d a d e de se p r o n u n c i a r a A s s e m - b l é i a Nacional C o n s t i t u i n t e sobre q u a l q u e r assunto urgente, provocada -pelo chefe do governo p r o v i s ó r i o , n ã o h a r a z ã o p a r a lhe recusar, l e g í t i m a representante que ó da vontade nacional, o poder de, o r i g i n a r i a m e n t e , d i s c u t i r e votar q u a l - quer l e i que j u l g u e n e c e s s á r i a ou i n d i s p e n s á v e l , p a r a que tenha a C o n s t i t u i ç ã o fiel e i m e d i a t a e x e c u ç ã o , ou como c o m - plemento i m p e r a t i v o das p r ó p r i a s d e t e r m i n a ç õ e s c o n s t i t u - cionais. E m q u a l q u e r h i p ó t e s e , n ã o f o r a p o s s í v e l , s u b t r a i r - lhe o poder de, nas d i s p o s i ç õ e s t r a n s i t ó r i a s da m e s m a Cons- t i t u i ç ã o , d e t e r m i n a r as leis o r g â n i c a s , que, em complemento do pacto fundamental, ela mesma t e r á de confecionar.

Ora, desse debate, o que insofismavelmente se infere, é que se trata de m a t é r i a essencialmente p o l í t i c a , i n v o c a n d o - se os p r i n c í p i o s fundamentais da r e p r e s e n t a ç ã o d e m o c r á t i c a .

É o suficiente p a r a que se c o n c l u a pela i n c o m p e t ê n c i a deste T r i b u n a l p a r a conhecer da m a t é r i a .

i n d e f i r o , pois, o pedido de habeas-corpus, por n ã o ser caso dele; i n d e f i r o , t a m b é m , a segunda parte da p e t i ç ã o , p o r q u ê n ã o compete a ê s t e T r i b u n a l i n t e r v i r n a c o n t r o v é r s i a e decidir a q u e s t ã o de d o u t r i n a p o l í t i c a que se traz ao seu conhecimento; ou, antes, n ã o toma conhecimento da segunda parte do pedido, isto é, da r e c l a m a ç ã o , que lhe d i r i g e m os impetrantes."

JURISPRUDÊNCIA

Ação Penal n. 24

A p e l a ç ã o R I O G R A N D E D O N O R T E

Ação m o v i d a c o n t r a M a n o e l J o a q u i m de O l i v e i r a e outros, como i n c u r s o s nas penas do § 2

o

, do C ó d i g o E l e i t o r a l " F a l s a d e c l a - r a ç ã o p a r a f i n s e l e i t o r a i s " e uso de " d o c u m e n t o s f a l s o s " . Juiz relator — O S r . Affonso P e n n a J ú n i o r .

Anula-se o processo, por incom- petência da Justiça Eleitoral, visto que a denúncia, tal como foi redigida, fo- calizou apenas a falsidade de um re- gisto civil, — feito nos termos do de- creto n. 19.710, de 18 de fevereiro de 1931 — deixando, porém, de articular o elemento que faz desse delito co- mum um delito eleitoral.

Remessa dos autos do procurador geral do Estado, para promover a res- ponsabilidade criminal, na justiça co- mum, dos que estão acusados pela falsidade do aludido registo.

{Cod. Eleit., art. 107, § 2

o

e § 3

o

, e art. 114; Consolidação das Leis Pe- nais, arts. 18, § 3

o

e 21, § I

o

; decreto n. 19.710, de 18 de fevereiro de 1 9 3 1 ) .

ACÓRDÃO

V i s t o s e examinados estes autos de a p e l a ç ã o c r i - m i n a l n . 24, do Estado do R i o G r a n d e do Norte, i n - terposta pelo p r o c u r a d o r r e g i o n a l da d e c i s ã o de f o - lhas 84, no processo c r i m e m o v i d o pelo mesmo p r o - c u r a d o r contra Manoel J o a q u i m de O l i v e i r a e o u t r o s :

A C O R D A M os j u i z e s do T r i b u n a l S u p e r i o r de J u s - E l e i t o r a l negar p r o v i m e n t o á a p e l a ç ã o e c o n f i r m a r a d e c i s ã o do T r i b u n a l a quo pelos m o t i v o s a s e g u i r . Se a d e n ú n c i a de f l s . tivesse, realmente, r e f e r i d o que o

denunciado Manoel J o a q u i m de O l i v e i r a conseguira q u a l i f i c a r - s e eleitor comprovando a sua idade legal com registo feito, p a r a tal f i m , mediante falsas decla- r a ç õ e s — como e s t á dito na parte expositiva do a c ó r - d ã o apelado — c o n f i g u r a r - s e - i a , sem d ú v i d a , o delito p r e v i s t o no a r t . 107, § 2

o

, do Código E l e i t o r a l , p a r a cujo j u l g a m e n t o s e r i a i r r e c u s á v e l a c o m p e t ê n c i a da J u s t i ç a E l e i t o r a l . Se, ao cabo do processo, resultasse n ã o p r o v a d a a c i r c u n s t a n c i a d i f c r e n c i a d o r a do delito c o m u m consistente na simples f a l s i f i c a ç ã o do registo, a saber a finalidade da f a l s i f i c a ç ã o , a c o n s e q ü ê n c i a

•seria a a b s o l v i ç ã o do delito eleitoral, cujos extremos se n ã o t e r i a m provado, sem p r e j u í z o de processo p e - r a n t e as j u s t i ç a s o r d i n á r i a s p a r a p u n i ç ã o do delito c o m u m .

A verdade, p o r é m , é que a d e n ú n c i a , tal como foi r e d i g i d a , focalizou apenas a falsidade do registo, d e i - xando de a r t i c u l a r o elemento que faz desse delito c o m u m u m delito e l e i t o r a l .

E r a , - portanto, i n a p t a ao f i m colimado de uma c o n d e n a ç ã o pela J u s t i ç a E l e i t o r a l ; bastando a sua l e i - t u r a -— como b e m pondera, em seu parecer de f l s . , o E x m o . S r . desembargador p r o c u r a d o r geral — para e v i d e n c i a r a i n c o m p e t ê n c i a desta J u s t i ç a p a r a p r o - ' cessar os acusados pelo c r i m e que ela lhes i m p u t a .

Resolvem, ainda, deferindo ao requerido no final do mesmo parecer, que se r e m e t a m os autos ao p r o - c u r a d o r g e r a l do E s t a d o do R i o G r a n d e do Norte, afim de que o M i n i s t é r i o P ú b l i c o desse Estado possa p r o - mover a responsabilidade dos culpados pelo c r i m e de que d á n o f e i a ê s t e processo.

T r i b u n a l S u p e r i o r de J u s t i ç a E l e i t o r a l , em 13 de m a r ç o de 1934. — Hermenegildo de Barros, p r e s i - dente. — Affonso Penna Júnior, r e l a t o r . (Decisão u n a n i m e . )

A N E X O N . 1

Decisão do Tribunal Regional de J u s t i ç a Eleitoral do Estado do Rio Grande do Norte

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, n. 18, de processo de 1" classe, em que são denunciados Manoel Joaquim de Oliveira e outros, do município de Touros (4*

zona eleitoral) :

A denúncia (fls. 2), oferecida pelo D r . procurador re- gional e instruída com um inquérito policial, refere que M a - noel Joaquim de Oliveira conseguira qualificar-se eleitor nó município de Touros, sem ter a idade legal, embora compro- vada esta por certidão do registo civil de nascimento, o qual teria sido feito mediante falsas declarações prestadas pe- rante, o oficial respectivo, Júlio Maria do Nascimento, tam- bém envolvido no inquérito da polícia. Relata, igualmente, a denúncia, baseando-se na mesma peça, que os outros denun- ciados, Ângelo Mariano Néri, José Eurico Alecrim, Arlindo Batista de Souza e Milton Seabra de Melo, teriam colaborado na efetuação do registo, os dois primieros com instruções e auxílios e os dois últimos servindo de testemunhas do ato.

Processados como incursos, respectivamente, no art. 107,

§§ 2

o

e 3

o

, do Código Eleitora^ em combinação com os ar-

tigos 18, § 3

o

, e 21, § I

o

da Consolidação das Leis Penais,

os acusados alegaram, como preliminar, nas suas razões de

defesa, a nulidade do processo, por incompetência da justiça

eleitoral, de vez que se não trata de qualquer dos crimes de-

finidos no art. 107 do Código Eleitoral, nem de crime com

eles conexo, mas de ato delituoso especificado no decreto nú-

(5)

mero 19.710, de 1931, e cuja apreciação e julgamento cabe ã justiça comum. Nesse mesmo sentido opinou, afinal, o D r . procurador regional interino, em seu parecer de fo- lhas 67 verso.

Do exame dos autos vê-se, realmente, que as declarações arguidas de falsas não foram prestadas em qualquer das fases do processo eleitoral e nem perante autoridade ou funcionário encarregado desse serviço, mas no cartório do oficial do re- gisto civil do distrito judiciário de Touros, nada importando, no caso, que esse oficial exerça, cumulativamente, as fun- ções de escrivão eleitoral no município.

A validade da certidão por è,e tornecida há de subsistir enquanto não fôr anulado, pelos meios legais, o registo a ela correspondente. Só no juizo competente poderá ser apurada a falsidade das declarações a que alude a denúncia.

Aceitando, pois, a preliminar, que está fundada em razões de direito e na prova dos autos:

Acordam os juizes do Tribunal Regional de Justiça Elei- toral, por maioria de votos, julgar nulo o presente processo e mandar que sejam extraídas cópias do inquérito policial de fls. a fls., e do presente acórdão, afim de serem imedia- tamente remetidas, por intermédio do juiz competente, ao representante do Ministério Público no distrito judiciário de Touros, para proceder de acordo com a lei.

Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, em 2 de janeiro de 1934. — Luia Lyra, presidente — Antônio Soares, relator. — Bcnicio filho,, vencido, com a seguinte declaração de voto:

Entendo que a preliminar invocada está inevitavelmente ligada ao próprio mérito da causa. Pois são os requisitos componentes do delito definido no art. 1U7, § 2" do Código Eleitoral: I

o

, que haja uma declaração falsa; 2°, que essa declaração se tenha feito para fins eleitorais. E assim sendo, somente depois de se verificar, pela prova produzida, que as declarações aludidas se fizeram ou não para fins eleitorais, e que se poderá decidir sobre a competência ou incompetên-

cia da justiça Eleitora), isto é, se se chegar á conclusão de que o denunciado fez as declarações concernentes ao ^registo de seu nascimento para fins de se alistar eleitor, como se alega na denúncia, a competência para conhecer desse crime é da Justiça Eleitoral; se, porém, se verificar que assim não foi, claro é que o respectivo conhecimento pertencerá, então, á justiça comum.

A N E X O N. 2

Parecer cio procurador geral da J u s t i ç a Eleitoral Procuradoria Geral da Justiça Eleitoral — Apelação cri- minal n. 24, 6

1

classe do art. 30 do Regimento Interno — Estado do Rio Grande do Norte — Apelante, E x m o . senhor D r . procurador regional eleitoral; apelado, Tribunal Regional de Justiça Eleitoral; relator, Exmo. S r . D r . Affonso Penna júnior — Parecer n . 120.

Pela simples leitura da denúncia se verifica a incompe- tência da Justiça Eleitoral para processar os acusados pelo crime que ela lhes imputa.

Diz o procurador regional, na peça inicial e básica da acusação:

" E m inícios deste ano (1933), aproximando-se as elei- ções nacionais á Constituinte, Manoel Joaquim de Oliveira procurou na vila de Touros, onde reside, o prefeito local José Porto Filho pedindo-lhe encaminhasse o seu alistamento.

Este senhor vindo a ter ciência de que o alistando era me- nor, pois nascera em 1 de dezembro de 1912, recusou patro- cinar-lhe a preterição. Isso não fez desanimar o alistando, que se valendo do seu primo Júlio Maria do Nascimento (ofi- cial do registo civil) conseguiu registar-se com falsa decla- ração do ano do nascimento de modo a passar por maior.

Nesse arranjo de falso registo colaboraram José Eurico Alecrim, Ângelo Mariano Nery, Arlindo Batista de Souza e Milton Seabra de Melo.

Estes dois foram as testemunhas exigidas pelo decreto n. 19.710, de fevereiro de 1931, para a efetuação do registo e aqueles prestaram instruções e auxílios ao ato criminoso.

Considerados os fatos narrados, verifica-se que Manoel Joaquim de Oliveira está incurso no art. 107, § 2

o

, do Código Eleitoral; que Arlindo Batista de Souza e Milton Seabra de Melo estão incursos nas penas desse mesmo artigo e pará- grafo, combinado com o art. 18, § 3°, da Consolidação das Leis Penais; que José Eurico Alecrim e Ângelo Mariano Nery incorreram nas penas do citado artigo e parágrafo do_

Código Eleitoral, em combinação com o art. 21, § 1° da mesma Consolidação e, finalmente, que Julia Maria do Nas-

cimento incorreu nas penas do art. 107, § 3°, do Código Elei- toral . "

Como se vê, os fatos narrados não constituem delitos eleitorais, mas crimes comuns, que devem ser apreciados e julgados pela justiça do Estado do Rio Grande do Norte.

Sobreleva acentuar que a denúncia não esclarece siquer se o primeiro dos acusados recebeu a certidão de sua idade, como não lhe atribue o crime de ter requerido sua qualifica- ção eleitoral servindo-se da certidão desse modo obtida.

Por esses motivos, é meu parecer que seja negado provi- mento ao recurso do procurador regional e confirmado o acórdão recorrido que, a meu ver, bem julgou a espécie.

Finalmente, requeiro a remessa dos autos ao procurador geral do Estado do Rio Grande do Norte, afim dc que o Ministério Público desse Estado promova a responsabilidade dos culpados pelo crime de que dá noteia êste processado.

Rio de Janeiro, 5 de março de 1934. — Renato de Car- valho Tavares,.procurador geral.

N O T A — O decreto n . 19.710, de 18 de fevereiro de 1931, foi publicado no B . B . 135, de 1933, pag\ 2.740.

Recurso Eleitoral n. 53

S A N T A C A T A R I N A

Juiz relator _ O S r . m i n i s t r o C a r v a l h o M o u r ã o . Recorrente -— C l a r i b a l t e G a l v ã o .

Recorrido — O T r i b u n a l R e g i o n a l de J u s t i ç a E l e i t o r a l . Nos termos do art. 100 do Códi-

• QO Eleitoral, peratUe cada juiz ou tri- bunal, somente podem agir em nome dos partidos políticos os seus repre- sentantes especialmente nomeados para servirem nesse juizo ou nâsse mesmo tribunal.

ACÓRDÃO

V i s t o s , relatados e discutidos estes autos de r e - curso e l e i t o r a l , da R e g i ã o de Santa C a t a r i n a , e m que é recorrente C l a r i b a l t o G a l v ã o e r e c o r r i d o o T r i b u n a l R e g i o n a l de J u s t i ç a E l e i t o r a l .

O recorrente, dizendo-se representante do P a r - tido S o c i a l E v o l t i c i o n i s t a , r e q u e r e u em nome desse P a r t i d o , ao j u i z e l e i t o r a l da 1 4

a

Zona (Laguna) m a n - dasse c e r t i f i c a r o que consta dos v á r i o s itens de sua p e t i ç ã o a f l s . 3, a f i m de i n s t r u i r êle, suplicante, u m recurso e l e i t o r a l . O j u i z , deu, nessa p e t i ç ã o , o s e g u i n - te d e s p a c h o : "o s i g n a t á r i o da presente é represen- tante do P a r t i d o Social E v o l u c i o n i s t a , perante o T r i - b u n a l o n ã o nesta zona; os representantes do r e f e r i d o P a r t i d o nesta zona s ã o outros c i d a d ã o s , conforme t e - l e g r a m a do T r i b u n a l , c m m e u p o d e r . P r o v e , antes, o s i g n a t á r i o a sua qualidade do representante do P a r t i d o S o c i a l E v o l u c i o n i s t a nesta zona e l e i t o r a l . " C o n t r a esse despacho r e c l a m o u Claribalto. G a l v ã o perante o T r i b u n a l R e g i o n a l , dizendo constar naquele mesmo T r i b u n a l ser ê l e o s e c r e t á r i o do dito P a r t i d o e h a - ver o p r ó p r i o j u i z da 1 4

a

zona aceitado, dias antes, v á r i a s n o m e a ç õ e s de delegados do P a r t i d o E v o l u c i o n i s - ta, • assinadas: " M a n o e l P e d r o S i l v e i r a , presidente;"

o " C l a r i b a l t e G a l v ã o , s e c r e t á r i o . O T r i b u n a l Regional,

por a c ó r d ã o u n a n i m e a f l s . , m a n d o u a r q u i v a r a r e -

c l a m a ç ã o , por constar dos seus a r q u i v o s que o r e c l a -

mante é t ã o somente representante do P a r t i d o Social

E v o l u c i o n i s t a . naquele mesmo T r i b u n a l ; falecendo-lhe,

(6)

pois, essa qualidade perante o j u i z e l e i t o r a l de L a g u - n a . Dessa d e c i s ã o r e c o r r e u o r e c l a m e n t e _ p a r a este T r i b u n a l . S u p e r i o r ; arrazoando a f l s . o seu r e c u r s o e j u n t a n d o p a r a p r o v a do alegado a cert. a fls. N o a l u -

dido arrazoado sustenta que a c e r t i d ã o p e d i d a n ã o l h e pode ser negada, porque n ã o a r e q u e r e u como r e p r e s e n t a n t e do P a r t i d o , nomeado nos termos do a r - tigo 100 do Código E l e i t o r a l , e s i m como seu repre- sentante n a qualidade, declarada em seguida á sua a s s i n a t u r a , no mesmo r e q u e r i m e n t o , de " 2

o

s e c r e t á - r i o em e x e r c í c i o de I

o

" . O S r . desembargador p r o - c u r a d o r geral, em seu parecer a f l s . o p i n a pela c o n - f i r m a ç ã o da d e c i s ã o r e c o r r i d a .

Isto posto e

Considerando que, p a r a os fins da f i s c a l i z a ç ã o pelos partidos p o l í t i c o s , do alistamento e l e i t o r a l , m a n - da o Código E l e i t o r a l que n o m e i e m representantes seus junto aos juizes ou T r i b u n a i s ( a r t . 100);

Considerando que a r a z ã o dessa d i s p o s i ç ã o legal é, evidentemente, a necessidade de e v i t a r a p e r t u r b a - ção que p a r a o s e r v i ç o e l e i t o r a l t r a r i a a i n t e r f e r ê n c i a discordante de v á r i o s representantes do mesmo P a r - tido sobre o mesmo assunto, uns em c o n t r a d i ç ã o c o m os outros, ou de v á r i o s c i d a d ã o s , cada q u a l p r e t e n - dendo ser o g e n u í n o representante do P a r t i d o ; necessi- dade p a r a cuja s a t i s f a ç ã o é i m p r e s c i n d í v e l que, ante cada u m dos j u i z e s e l e i t o r a i s ou cada u m dos T r i b u - nais, somente possam agir em nome do Partido c e r - tas e determinadas pessoas (representantes espe- ciais) ;

Considerando que por esta d i s p o s i ç ã o especial deve-se entender derrogada, no tocante á f i s c a l i z a ç ã o dos partidos em m a t é r i a e l e i t o r a l , a n o r m a geral c o n - tida no a r t . 17 do Código C i v i l sobre a r e p r e s e n t a ç ã o , a t i v a e passiva, das pessoas j u r í d i c a s nos atos j u d i - ciais e e x t r a j u d i c i a i s , segundo a q u a l as pessoas j u r í - dicas s e r ã o representadas por q u e m os respectivos es- tatutos designarem, o u n ã o o designando, por seus diretores;

Considerando que da c e r t i d ã o a f l s . 6 v . , n ã o consta, siquer, que nos Estatutos do P a r t i d o E v o l u c i o - n i s t a haja sido designado, especialmente, u m dos d i - . retores como seu representante nos atos j u r í d i c o s que haja de p r a t i c a r , e que, a s s i m sendo, somente p o r seus diretores, coletivamente, pode o P a r t i d o ser r e - presentado, mesmo nas r e l a ç õ e s de d i r e i t o , em g e r a l ;

Considerando que, d a c e r t i d ã o a c i m a r e f e r i d a , consta apenas que o reclamante é o 2

o

sectretário do P a r t i d o ; n ã o constando, p o r é m que esteja, como alega, no e x e r c í c i o pleno de s e c r e t á r i o (respostas ao I

o

e ao 2

o

itens do r e q u e r i m e n t o em que se p e d i u a cer- t i d ã o ) ;

R E S O L V E o T r i b u n a l S u p e r i o r de J u s t i ç a E l e i - toral, por u n a n i m i d a d e de votos, negar p r o v i m e n t o ao

r e c u r s o p a r a c o n f i r m a r , como c o n f i r m a , a d e c i s ã o r e - c o r r i d a .

T r i b u n a l S u p e r i o r de J u s t i ç a E l e i t o r a l , 26 de j a n e i r o de 1934. — Hermenegildo de Barros, p r e s i - dente. Carvalho Mourão, r e l a t o r .

A N E X O N. 1

Decisão do Tribunal Regional de Justiça Eleitoral do Estado de Santa Catarina

V i s t a , relatada c d i s c u t i d a a m a t é r i a do processo n . 211 da 1 4

a

zona e l e i t o r a l ( L a g u n a ) , do q u a l consta 0 seguinte telegrama do D r . C l a r i b a l t o Galvão,, d i r i - gido ao E x m o . S r . desembargador presidente deste colendo T r i b u n a l

" P e l a segunda vez, pedi j u i z e l e i t o r a l desta zona l i m a c e r t i d ã o se f o r a m publicadas listas eleitorais i m p r e n s a o f i c i a l . P r i m e i r a vez, j u i z i n d e f e r i u , d i z e n - do n ã o constar ser e u s e c r e t á r i o p a r t i d o . Telegrafei a esse T r i b u n a l sobre o caso, pedindo p r o v i d ê n c i a . Hoje faço novo r e q u e r i m e n t o j u i z indefere seguinte despa- p a c h o : " O s i g n a t á r i o da presente é representante P a r - tido S o c i a l : E v o l u c i o n i s t a perante T r i b u n a l e n ã o nesta zona, s ã o outros c i d a d ã o s , conforme telegrama T r i b u n a l antes t e l e g r a m a T r i b u n a l em meu poder.

P r o v e , antes, o s i g n a t á r i o a sua qualidade de represen- tante do P a r t i d o Social E v o l u c i o n i s t a nesta zona e l e i - t o r a l . L a g u n a , 5-12-1933. — A . Silveira." Doutor j u i z e l e i t o r a l , a s s i m procedendo, e s t á criando emba- r a ç o s á f i s c a l i z a ç ã o e l e i t o r a l que P a r t i d o Social e s t á exercendo, pois dias antes aceitou v á r i a s n o m e a ç õ e s delegados P a r t i d o E v o l u c i o n i s t a , assinados por M a - noel P e d r o S i l v e i r a , presidente e C l a r i b a l t e G a l v ã o ,

s e c r e t á r i o . Nesse T r i b u n a l consta que sou s e c r e t á r i o P a r t i d o S o c i a l E v o l u c i o n i s t a . P e ç o V . E x . p r o v i d e n - c i a r p a r a o caso, pois é de lamentar-se procedimento j u i z , negando segunda vez u m a c e r t i d ã o fins provar i r r e g u l a r i d a d e s e l e i ç õ e s — Claribalte Galvão, secre- t á r i o P a r t i d o S o c i a l E v o l u c i o n i s t a .

Considerando que o reclamante, conforme cons- ta do a r q u i v o deste T r i b u n a l Regional, é t ã o u n i c a - mente do P a r t i d o S o c i a l E v o l u c i o n i s t a nesta Corte E l e i t o r a l , falecendo-lhe esta qualidade perante o juizo e l e i t o r a l de L a g u n a ;

A C O R D A M os j u i z e s do T r i b u n a l Regional de Jus- t i ç a E l e i t o r a l de S a n t a C a t a r i n a , por unanimidade, que seja a r q u i v a d a a r e c l a m a ç ã o em a p r e ç o .

T r i b u n a l R e g i o n a l de Santa C a t a r i n a — F l o r i a n ó - polis, 13 de-dezembro de 1933. — Erico Torres, p r e - s i d e n t e . — José Boitena, r e l a t o r .

A N E X O N. 2

Parecer do procurador geral da Justiça Eleitoral P r o c u r a d o r i a G e r a l da J u s t i ç a E l e i t o r a l — R e - curso E l e i t o r a l n . 53, 5

a

classe do a r t . 30 do R e g i - mento I n t e r n o . — Estado de Santa C a t a r i n a — Recor- rente, C l a r i b a l t e G a l v ã o — R e c o r r i d o , T r i b u n a l R e - g i o n a l de J u s t i ç a E l e i t o r a l — Relator, E x m o . Sr. m i - n i s t r o C a r v a l h o M o u r ã o — Parecer n . 113.

C o n t r a o despacho do j u i z e l e i t o r a l de Laguna, Santa C a t a r i n a , que m a n d o u que C l a r i b a l t e G a l v ã o p r o - vasse a q u a l i d a d e de representante do P a r t i d o Social E v o l u c i o n i s t a n a q u e l a zona e l e i t o r a l , p o r q u ê pela co- m u n i c a ç ã o que recebera outros c i d a d ã o s s ã o os repre- sentantes do P a r t i d o , r e c l a m o u dito C l a r i b a l t e ao T r i - b u n a l Regional do mesmo E s t a d o .

O T r i b u n a l m a n d o u a r q u i v a r a r e c l a m a ç ã o , p r o - f e r i n d o o a c ó r d ã o r e c o r r i d o , sob o fundamento de que o reclamante, c o n f o r m e consta do a r q u i v o daquele T r i b u n a l R e g i o n a l , é t ã o unicamente representante do P a r t i d o Social E v o l u c i o n i s t a no mesmo T r i b u n a l , falecendo-lhe esta q u a l i d a d e perante o J u i z o E l e i t o - r a l de L a g u n a .

Com esta d e c i s ã o n ã o se c o n f o r m o u o reclamante, que dela r e c o r r e u para ê s t e T r i b u n a l S u p e r i o r .

E n t e n d o que b e m d e c i d i u o T r i b u n a l "a quo",

p o r q u ê sendo outros c i d a d ã o s os representantes do

P a r t i d o . S o c i a l E v o l u c i o n i s t a em L a g u n a , o recorrente

(7)

n ã o podia usurpar-lhes as f u n ç õ e s p a r a r e q u e r e r em nome do mesmo P a r t i d o .

Sobreleva acentuar que a p e t i ç ã o do r e c o r r e n t e n ã o foi indeferida; o j u i z e l e i t o r a l n ã o a a p r e c i o u a i n d a ; apenas determinou u m a e x i g ê n c i a , que o r e c o r - rente n ã o quiz ou n ã o . p ô d e c u m p r i r .

R i o de Janeiro, 23 ae j a n e i r o de 1934. — Renato de Carvalho Tavares, p r o c u r a d o r g e r a l .

Recurso Eleitoral n. 54

P E R N A M B U C O

J u i z relator — O S r . desembargador J o s é L i n h a r e s .

Recorrente — O Procurador Regional de J u s t i ç a E l e i t o r a l de Pernambuco.

Recorrido — O T r i b u n a l Regional E l e i t o r a l .

Na conformidade do que estabe- lece -o art. 43, do Código, é lícito a qualquer eleitor impugnar, por es- crito, qualquer .inscrição, sendo da competência do< Tribunal Regional,- e x - v i do disposto no art. 55, do mes- mo Código, o julgamento da respecti- va impugnação.

O falo de uma impugnação haver sido feita, apoiada em dispositivo da lei que estabeleceu medidas de emer- gência, para facilitar 0| alistamento dos eleitores da Assembléia Nacional Constituinte {decreto n. 22.168, de 5 de dezembro de 1932), apezar desse mesmo dispositivo achar-se sem vigor, presentemente, não constitui, porém, motivo para que o T. R. deixe de to- mar conhecimento) da matéria e a re- solva como entender de direito.

Dá-se, por isso, provimento ao re- curso do Procurador Regional de Per- nambuco, para o fim do\ T. R. do mes- mo Estado conhecer da impugnação oposta ao alistamento de uma eleitora no município de Pesqueira.

/ ACÓRDÃO

Vistos, relatados e d i s c u t i d o s estes autos de r e - curso eleitoral n . 54, em que é recorrente o doutor procurador regional de J u s t i ç a E l e i t o r a l de P e r n a m - buco e recorrido, o T r i b u n a l E l e i t o r a l do mesmo E s - tado:

A C O R D A M os j u i z e s do T r i b u n a l S u p e r i o r , por unanimidade de votos, dar p r o v i m e n t o ao r e c u r s o i n - terposto da d e c i s ã o do T r i b u n a l Regional, que n ã o to- mou conhecimento da r e c l a m a ç ã o feita por u m eleitor contra a i n s c r i ç ã o de u m a e l e i t o r a no m u n i c í p i o de Pesqueira, no mesmo Estado, p a r a que o T r i b u n a l R e - gional conheça da i m p u g n a ç ã o e a r e s o l v a como achar de direito.

Assim decidem, p o r q u ê a i m p u g n a ç ã o á i n s c r i ç ã o , no alistamento, pode ser feita por q u a l q u e r eleitor, ex-vi do disposto no a r t . 43, do Código e o T r i b u n a l Regional é o competente para, conhecendo da i m p u g - nação, j u l g á - l a como fôr de d i r e i t o . (Cód. E l e i t . , a r - tigo 43, combinado com o a r t . 55).

Deste modo, é bem de v e r que n ã o h á como se possa excusar o T r i b u n a l r e c o r r i d o ao exame da es- pécie em apreço, cuja c o m p e t ê n c i a p a r a tal lhe é p r e s - c r i t a em lei, apesar de n ã o ter m a i s u r g ê n c i a a l e i de

e m e r g ê n c i a (decreto n . 22.168, de 1932), cuja d u r a - ç ã o t i v e r a prazo p r e f i x a d o ao f i m nela estabelecido.

T r i b u n a l S u p e r i o r de J u s t i ç a E l e i t o r a l , 23 de fe- v e r e i r o de 1934. — Hermenegildo de Barros, p r e s i - dente. — José Linhares, relator.

A N E X O N . X

Parecer do Procurador Regional de J u s t i ç a Eleitoral de Pernambuco

" O eleitor inscrito na zona de Pesqueira, Severiano Ja- tobá, impugnou a inscrição de A l z i r a Amalia Mergulhão, pelo

fato de considerar irregular a sua classificação, porquê não fora datado o atestado de identidade, que se vê a fls. 4.

O processo de impugnação seguiu os seus tramites regi- mentais.

A jurisprudência deste Tribunal, de julgar prejudicada a impugnação em face de entender estar suspenso o serviço de alistamento, agora deve ser alterada, com a decisão an- terior de prosseguir aquele, nos termos das instruções do Su- perior Tribunal.

Assim, é de se julgar o mérito da presente impugnação.

Esta não tem o menor fundamento, pois a falta de data do atestado não anula o mesmo, maximé atendendo-se que este atestado tem as firmas dos atestantes reconhecidas e no reconhecimneto está posta a data — 14 de fevereiro de 1933

— que foi a em que o pedido de qualificação ingressou no Juizo Eleitoral (fls. 5 v.).

Negando provimento á impugnação cumpre atender á. si- tuação do impugnado.

Êle está regularmente qualificado e tinha a sua inscrição re- gularmente processada, nos termos do decreto então em vigor

(decreto n . 22.168).

Este decreto dispensava umas certas formalidades para tais processos, como fosse, a afirmação de estar quites o qua- lificando com o serviço militar e a dispensa de identificação, nas zonas onde não houvesse gabinete oficial deste serviço.

J á estando hoje, automaticamente revogado aquele de- creto, e a qualificação e a inscrição se regulando pelo Có- digo Eleitoral, só poderão ser deferidas se atenderem ás pres- crições hoje exigidas.

Não há na espécie nenhuma questão de direito adquirido oti de lei retroativa, a meu vêr. Mesmo porquê os direitos derivados imediatamente da lei, mas que constituem simples faculdades abstratas e as espectativas de um direito qual- quer, fundado sobre uma determinada situação de fato, se- gundo o direito objetivo anterior, não são considerados di- reitos adquiridos, como ensina Dionysio da Gama. Depois, contra lei de ordem pública não podem ser invocados direitos adquiridos (Aureliano de Gusmão).

O decreto que facilitou o alistamento, claramente afirma, em sua justificativa —• que a adoção de providências de emergência, atendem o caso excepcional da eleição da Assem- bléia Nacional Constituinte. E estatúe no art. 12:

" tratando-se, neste decreto, de providências de emer- gência, tendentes á facilitação do alistamento necessário á eleição da Assembléia Constituinte, todos os cidadãos que se alistarem sem a identificação' dactiloscópica e sem

a prova de .juitação quanto ao serviço militar, terão de se .sujeitar oportunamente a essas exigências do Código Eleitoral".

Nestes termos, sou de parecer que se negue provimento á impugnação, mas que não se mande expedir o título, conver- tendo-se o processo em diligência, para que o alistando afir- me a sua quitação com o serviço militar-e preencha as for- malidades de identificação, na forma do art. 38, n . 3, e art. 42, do Código Eleitoral.

Recife, 22 de janeiro de 1934. — Domingos Marques Vieira, Procurador Regional ".

A N E X O N. 3

Decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Pernambuco

" Vistos, relatados e discutidos estes autos, procedentes da comarca de Pesqueira, 37" zona eleitoral do Estado, entre partes, impugnante, Severiano Jatobá, e impugnada, Alzira Amalia Mergulhão, etc.

Acorda o Tribunal em não tomar conhecimento da im-

pugnação, por faltar-lhe hoje objeto.

(8)

E assim decide porquê, apoiando-se a impugnação na dis- posição da lei de emergência (decreto n. 22.168), que man- dava substituir, dada a urgente necessidade da conclusão do alistamento para a eleição da Assembléia Constituinte, a prova de idoneidade, exigida pelo Código Eleitoral, por ates- tado de identidade, firmado por duas testemunhas, com as firmas devidamente reconhecidas por tabelião,, tal disposição já não subsiste. De acordo com o art. 12, da própria lei de emergência, o alistamento feito sem a observância das prescrições do Código Eleitoral, tem de ser revisto para o fim de sujeitarem-se os eleitores, nele incluidos, a preenchê- las. Tomar conhecimento da impugnação e julgá-la impro- cedente, como pensa o ilustre doutor procurador regional em seu parecer a folhas importaria em mandar incluir no alis- tamento, já agora em plena vigência do Código Eleitoral, eleitores sem as condições que o mesmo Código estabelece para sujeitá-los depois ao preenchimento dessas condições.

Acresce que este Tribunal, em inúmeros processos dessa natureza, julgou prejudicados, óra as impugnações, óra os recursos, porquê não lhe competia mandar fazer inclusões ou exclusões de eleitores num alistamento já definitivamente encerrado. Se o eleitor incluido tem de ser chamado para preencher as exigências legais que foram apenas suspensas, por circunstancias do momento, aqueles cujas inscrições fo- ram suspensas por força de impugnações ou de recursos, devem, reaberto o alistamento, promovê-las de acordo com as prescrições do Código Eleitoral.

Sala das sessões do Tribunal Regional Eleitoral de Per- nambuco, 26 de janeiro de 1934. — Virgínia Marques, re- lator. — Lacerda de Almeida, presidente. — Cunha Barreto, vencido, de acordo com o parecer do procurador regional".

A N E X O N. 3

Recurso do Procurador Regional, contra a decisão do Tribunal Eleitoral de Pernambuco

Illmo. Exmo. S r . desembargador-présidente do Tribunal Regional de Justiça Eleitoral de Pernambuco — O Procura- dor Regional, no exercício de suas atribuições claramente definidas no decreto n . 22.838, de 19 de. junho de 1933 e fundado nos arts. 113, do Código Eleitoral, 67 do Regimento Interno dos Tribunais Regionais e, ainda no art. 5°, alínea c, do mesmo decreto n. 22.838, não se conformando, data venia, com a decisão deste Tribunal; no processo de impug- nação de inscrição, vindo da 37" Zona Eleitoral, em que é impugnante o eleitor Severiano Jatobá, e impugnada a alis- tanda A l z i r a Amalia Mergulhão, recorre para o Tribunal Su- perior de Justiça Eleitoral e, nestes termos, requer a V . E x . que se digne mandar tomar por termo o recurso que inter- põe (art. 72, § I

o

, do Reg. Int. do Tribunal Superior de J . E . ) , e fazê-lo subir á superior instância no prazo deter- minado no § 2° do artigo acima citado.

O fundamento do recurso.

Fácil é de vêr que a decisão recorrida, não obstante o espírito de justiça e a ilustração do emérito relator e da maioria deste Tribunal, não consulta os interesses dos alis- tandos e contraria o critério que vem sendo adotado pelas resoluções de caracter legislativo e pelas normas decisivas da mais alta justiça eleitoral.

A impugnada, e com ela milhares de outros alistandos, atendendo ao apelo cívico que então se fazia, para que todos os cidadãos no gozo de sua capacidade política se inscreves- sem eleitores, correu a adquirir o seu título de cidadania, cumprindo as prescrições legais então vigorantes, com as fa- cilidades estatuídas no decreto n. 22.168.

Impugnada a sua inscrição, somente agora é julgada a impugnação, quando o decreto acima citado já está revogado e em pleno vigor o Código Eleitoral.

Por esta razão simples, estará prejudicada a inscrição requerida, obrigada a alistanda a renovar todo o processo de alistamento?

As resoluções de caracter legislativo, não outorizam res- ponder afirmativamente a esta pergunta. Porquê o próprio decreto n. 22.168, de S de dezembro de 1932, claramente es- tatúe, no art. 12, que... "todos os cidadãos que se alistarem sem a identificação dactiloscópica e sem a prova de quitação, quanto ao serviço militar, terão de se sujeitar, oportunamen- te, a essas exigências do Código Eleitoral".

E as decisões da alta Corte de Justiça Eleitoral, não consentem tal afirmativa, porquê agora mesmo, aprovando o parecer da comissão incumbida de se pronunciar sobre as su- gestões enviadas pelo Ministério da Justiça e Negócios In- teriores ao anteprojeto da Lei Eleitoral,' comissão está cons-

tituída pelos preclaros juizes: desembargador Renato Tava- res, D r . Affonso Penna Júnior e ministro Carvalho Mourão, adotou mandar incluir no anteprojeto o seguinte artigo: "Os processos de inscrição iniciados nos Estados e no Território do Acre, até 10 de abril de 1933 c no Distrito Federal, até 15 do mesmo mês, serão ultimados de acordo com a lei sob cuja vigência foram requeridos. " (Boletim Eleitoral — Ano III, n. I

o

, pag. 7.)

Realmente, não é de se deixar perder o esforço do ci- dadão que procurou se inscrever eleitor e que não ultimou o seu processo, fosse por falta de tempo, por ter vencido o prazo legal, fosse por força de uma impugnação, vezes mui- tas tendenciosas, para agora se exigir que êle renove todo o processado, quando a bóa teoria aconselha que deve comple- tar, apenas, as prescrições legais que voltaram a ser exigidas.

Decidindo, portanto, como fez o Tribunal Regional de Pernambuco, pela preliminar de não tomar conhecimento da impugnação por faltar-lhe hoje objeto, deixou de atender á lei e á doutrina, devendo, em grau de recurso, o Tribunal Superior reformar tal decisão, para que o a quo, se pronun- cie sobre o mérito da impugnação.

Das presentes alegações, fica fazendo parte integrante o parecer de fls. 16, usque 17 v.

Recife, 31 de janeiro de 1934. — Domingos Marques Vieira, procurador regional.

A N E X O N. 4

Parecer do Procurador Geral da Justiça Eleitoral Procuradoria Geral da Justiça Eleitoral — Recurso elei- toral n. 54 — Pernambuco. Recorrente, Procurador Regional Eleitoral — Recorrido, Tribunal Regional Eleitoral — Re- lator, Exmo. S r . desembargador José Linhares — Pare- cer n . 117.

Da decisão do Tribunal Regional de Pernambuco, que n ã o ' t o m o u conhecimento da impugnação oferecida á inscri- ção da alistanda Alzira Amalia Mergulhão, por considerá-la atualmente sem objeto, recorre o Procurador Regional para êste Tribunal Superior.

Não me parece que o fato da impugnação se apoiar em dispositivo da lei de emergência (decreto n. 22.168, de 1932), dispositivo que não está hoje em vigor, seja motivo aceitável para que o Tribunal recorrido não tivesse tomado conhecimento da matéria que constitúe a aludida impugnação.

E assim me manifesto pelas razões seguintes, ambas, a meu vêr, de incontestável procedência:

a) porquê a impugnação á inscrição no alistamento elei- toral pode ser promovida por qualquer eleitor, nos termos da lei vigente (Código; art. 43), e é essa a hipótese destes autos;

b) porquê o Tribunal a quo é o competente para o jul- gamento da impugnação Código, art. 43, combinado com o art. 55), e assim sob nenhum pretexto pode se excusar de apreciá-la.

Por demais sobreleva acentuar que a alistanda satisfez todas as exigências da lei em vigor ao tempo em que reque- rei! sua qualificação.

Por assim entender, sou de parecer que se dê provimento ao presente recurso, para mandar que o Tribunal a quo co- nheça da impugnação e decida como entender de direito.

Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1934. — Renato de Carvalho Tavares, procurador geral.

TRIBUNAL REGIONAL DE JUSTIÇA ELE1- TORAL DO DISTRITO FEDERAL

ATAS

180" S E S S Ã O , E M 6 M A R Ç O D E 1934

PRESIDÊNCIA -DO SEN HOR • DESEMBARGADOR MORAES SARMENTO, VICE-PRESIDENTE

Aos seis dias do mês de março corrente, presentes os senhores

d-.sembargadores Moraes Sarmento, Vicente Piragibe e Souza Go-

mes, substituto, juizes doutores Edgard Costa e Cunha Mello, não

t.ndo comparecido o senhor desembargador Ataulpho de Paiva e o

doutor Fernandes Júnior, procurador, licenciado, abre-se a sessão á

hora e no local do costume O Sr. presidente designa para secretário

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