• Nenhum resultado encontrado

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL Gestão Ambiental e Sustentabilidade

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL Gestão Ambiental e Sustentabilidade"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

1 TECNOLOGIAS DE REUTILIZAÇÃO: Uma busca por soluções aos impactos

ambientais gerados pelo descarte de pneus no Brasil

Comunicação Oral

Eixo Temático: Planejamento, Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Nahara de Medeiros Cabral Axiole2

Rita de Kássya Araújo Freitas Melo1

1Graduada em Biomedicina e aluna especial do Curso de Mestrado em Sistemas Agroindustriais (UFCG). E-mail: naharamca@hotmail.com

2Graduada em Farmácia, especialista em Bioquímica e aluna especial do Curso de Mestrado em Sistemas Agroindustriais (UFCG). E-mail: kassyamelo@yahoo.com.br

Resumo:

A disposição final ocorre pelo fato dos pneus representa um problema de difícil solução, pois são objetos que ocupam grande volume e que precisam ser armazenados em condições apropriadas para evitar riscos de incêndio e a proliferação de insetos e roedores. Tal disposição em aterros sanitários se torna inviável, pois os pneus inteiros apresentam baixa compressibilidade e degradação muito lenta. Principalmente, devido à falta de uma ação governamental para o controle da destinação adequada desses resíduos, os pneus geralmente são armazenados em fundos de quintais, borracharias e ferros velhos ou são lançados em terrenos baldios, cursos de água e beiras de estradas, gerando sérios problemas ambientais. As novas tecnologias de reutilização de pneus proporcionam benefícios de natureza econômica e ecológica. No entanto, quando se fala na aplicação de novas tecnologias de reutilização de pneus, dá-se maior enfoque aos benefícios ecológicos, produzidos por essas tecnologias. Atualmente, têm sido realizadas pesquisas, particularmente no exterior, buscando o desenvolvimento de novas tecnologias para a reutilização de pneus velhos, seja na sua forma inteira, como borracha reciclada ou como combustível na geração de energia. Existem inúmeros formas de reaproveitamento para os pneus inservíveis. São propostas de baixo custo que utilizam um número razoável de pneus e envolvem ações relativamente simples de corte e amarração. Entretanto, a

(2)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

2 maioria dessas alternativas resulta em soluções finitas e saturáveis em curto prazo, mas que podem contribuir de maneira significativa na diminuição do passivo ambiental.

Palavras-chave: Pneumáticos. Impactos ambientais. Tecnologias de reutilização.

1 Introdução

A utilização de pneus trouxe consigo a problemática do impacto ambiental proveniente de seu descarte, em função de seu formato e durabilidade, uma vez que a maior parte dos pneus inservíveis descartados é relegada a locais inadequados, causando grandes transtornos para a saúde pública e à qualidade de vida humana.

Desta forma, passou-se a investir em tecnologias voltadas para a redução dos impactos produzidos pelos pneus inservíveis ao meio ambiente.

Diante dos impactos ambientais gerados pelo descarte inadequado de pneus, deve-se buscar o seu gerenciamento ambientalmente adequado, desde a etapa de acondicionamento até a sua destinação final. Priorizando, desta forma, o uso de novas tecnologias de reutilização, na sua forma inteira, e de reciclagem, como borracha reciclada, ou como combustível na geração de energia, ou ainda triturado, para inserção em massa asfáltica entre outros usos.

Com o aumento da produção de automóveis a níveis mundiais, o número de pneus descartados também aumentou. Dessa maneira, verifica-se uma elevação da disposição desse material em lixões, aterros sanitários e estoques a céu aberto.

Deve-se registrar que no Brasil, a liberação das importações de pneus usados de outros países, vem aumentando ao longo dos anos a disposição dos inservíveis no meio- ambiente. Este fato tem aumentado os impactos ambientais produzidos pelos pneumáticos.

Na busca por soluções para esses problemas, o governo federal, através do CONAMA, baixou diversas resoluções, disciplinando a destinação final dos pneus inservíveis, cuja missão ficou a cargo das empresas produtoras e importadoras. Assim, vem sendo colocado em prática uma série de novas tecnologias, que visam o reaproveitamentos desses pneus, sejam através da recauchutagem ou até mesmo de sua utilização como matéria prima, para a confecção de utilitários de borracha, asfalto de estradas, etc.

(3)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

3 A partir da utilização de tais métodos, tem-se reduzido, de forma satisfatória a produção inicial de pneus, e, consequentemente, diminuindo os impactos ambientais, produzidos por tal produção.

Esse trabalho, de natureza bibliográfica, tem por objetivo abordar o uso de tecnologias de reutilização de pneus como alternativa a redução dos impactos ambientais originados pelo descarte de pneus no Brasil.

2 Revisão de Literatura

2.1 O problema dos pneus inservíveis no Brasil

A disposição final ocorre pelo fato dos pneus representa um problema de difícil solução, pois são objetos que ocupam grande volume e que precisam ser armazenados em condições apropriadas para evitar riscos de incêndio e a proliferação de insetos e roedores. Tal disposição em aterros sanitários se torna inviável, pois os pneus inteiros apresentam baixa compressibilidade e degradação muito lenta (ODA, 2005).

A Ilustração 1, mostra os pneus inservíveis são dispostos de forma inadequada, nas grandes cidades do Brasil.

Ilustração 1. Pneumáticos inservíveis dispostos inadequadamente

Fonte: http://www.valecap.com.br/wp-content/uploads/2013/02/lixo-pneus.jpg

(4)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

4 Na alisando a ilustração 1, percebe-se que, geralmente, a maioria dos resíduos sólidos, inclusive os pneus, são depositados em terrenos baldios ou próximos às margens dos cursos d’água. Entretanto, o caso dos pneumáticos inservíveis dispostos inadequadamente em logradouros públicos ou terrenos baldios requer uma atenção especial, pois, além desses materiais constituírem um passivo ambiental, são expressivos componentes na geração de resíduos sólidos resultando em sério risco à saúde pública.

Pois, podem servir de criadouros para micro e macro vetores, ou, ainda, serem queimados a céu aberto, liberando carbono, dióxido de enxofre e outros poluentes atmosféricos.

Devido à falta de uma ação governamental para o controle da destinação adequada desses resíduos, os pneus geralmente são armazenados em fundos de quintais, borracharias, ferros-velhos e recauchutadoras ou são lançados em terrenos baldios, cursos de água e beiras de estradas.

Nesse sentido, destacam Nohara et al. (2006, p. 27) que:

A destinação final incorreta de pneus usados pode transformá-los em fonte de problemas ambientais e de saúde pública. Apesar do alto índice de recauchutagem no país, que prolonga a vida dos pneus em 40%, a maior parte deles acaba parando nos lixões, na beira de rios e estradas e até no quintal das casas, onde acumulam água que atraem insetos transmissores de doenças.

Os pneus dispostos a céu aberto são considerados, por diversas razões, mais agressivos ao meio ambiente. Além de poluir visualmente o ambiente, eles podem liberar substâncias tóxicas na atmosfera e contaminar o ar. As pilhas de pneus representam risco constante de incêndios, que são de difícil controle, produzem grande quantidade de fumaça tóxica (dióxido de enxofre) e deixam como resíduos óleos que podem contaminar as águas subterrâneas.

Devido ao formato físico e à impermeabilidade da borracha, os pneus podem armazenar a água da chuva, propiciando um ambiente ideal para a procriação de mosquitos, roedores e outros vetores de doenças como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela urbana.

(5)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

5 2.2 Dificuldades e avanços alcançados no reaproveitamento do pneu no Brasil

A medida em que os pneus vão sendo descartados, cada sociedade busca formas de utilizá-los no contexto de suas condições sócio-econômicas, culturais e geográficas. A exemplo do que ocorre com vários tipos de resíduos sólidos, inicialmente, busca-se reaproveitá-lo de forma substitutiva para outros materiais ou objetos.

Segundo Costa et al. (2000, p. 54):

No Brasil, as estimativas feitas indicam que estejam sendo geradas 35 milhões de carcaças de pneus, anualmente e que 10% das 300 toneladas de sucata de pneus estejam sendo realmente recicladas. No entanto, não há dados sobre taxas relativas às outras formas de aproveitamento. Alguns levantamentos de dados regionais relativos ao descarte e estocagem de carcaça de pneus começam a ser realizados e várias iniciativas visando a ampliação de reciclagem no Brasil tem sido divulgadas pelos jornais e televisão.

Os pneus possuem também utilização artesanal, sendo barreira protetora em autódromos, barreira para contenção de erosão, quebra-mar, recifes artificiais, brinquedo para parques infantis, etc. O uso mais direto, freqüente e ao mesmo tempo uma forma de aproveitamento economicamente viável, é como fonte de energia em substituição ao carvão e à madeira.

A Ilustração 2, mostra uma das fases do processo de trituração dos pneus usados.

Ilustração 2. Processo de trituração de pneus

Fonte: Laguno (2003)

(6)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

6 Analisando a Ilustração 2 percebe-se que o processo de trituração dos pneus é composto por várias fases. Após a coleta, os pneus inservíveis são selecionados de acordo com o tipo e o tamanho. E, posteriormente, encaminhado para a trituração.

Informa Kraemer (2000, p. 53) que:

O uso de pneus como combustível é tecnicamente possível mas não economicamente atrativo, por causa do alto investimento inicial. Há necessidade de adaptação do sistema de alimentação dos fornos ou caldeiras e instalação de sistemas de controle de poluição ambiental. Outra forma de agregar valor aos resíduos é transformar os pneus inservíveis em novos objetos. Há um bom reaproveitamento de partes do pneu de caminhão na confecção de solado de sapato, cintas para estofados, borracha para rodos, entre outros pequenos objetos, após a laminação de suas partes externas e internas.

Com a aquisição de novas tecnologias, busca-se a completa recuperação dos componentes do pneu. O processo de recuperação passa pelo picotamento, moagem e separação desses componentes. A borracha picotada ou moída em fragmentos e partículas de tamanhos variados é bastante usada para produção de energia da mesma forma que os pneus inteiros, com vantagem, devido ao barateamento no transporte com a redução do volume ocupado. Na construção civil, as partículas de borracha são usadas de modo experimental tanto em mistura com argamassa de cimento como em preenchimento estrutural em pavimentação asfáltica. Nesse último caso, o material produzido a partir dos pneus usados já é bastante utilizado no Brasil, principalmente, no Sudeste do país. Na agricultura a borracha obtida a partir da trituração dos pneus é usada, por exemplo, na construção de drenos.

Após ser triturado o pneu é reduzido a pequenas partículas, que podem, facilmente incorporada a argamassa ou diluída por aquecimento e utilizada em outros fins, a exemplo do recapeamento asfáltico. No Brasil, as carcaças de pneus são também reaproveitadas como estruturas de recifes artificiais no mar, visando o aumento da produção pesqueira. Outra destinação deste material está ligada à reciclagem, isto é, a fabricação de novos pneus e câmaras de ar a partir dos produtos descartados. Tecnologia esta que poderá proporcionar ganhos substanciais para a o incremento da sustentabilidade do setor de pneumáticos.

Segundo a ANIP (2007), estimava-se que pelo menos 50% dos pneus produzidos anualmente estavam sendo descartados e dispostos em locais inadequados, com um passivo ambiental superior a 100 milhões de pneus. Desta forma, espera-se que avanços

(7)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

7 ocorram na gestão das organizações através da cooperação e parceria entre o Estado, o terceiro setor e as empresas, visando um trabalho mais integrado e democrático, por meio do qual os recursos aplicados produzam resultados mais efetivos em menos tempo e segundo processos legítimos.

2.3 Os impactos econômicos e ambientais originados pelas novas tecnologias de reutilização de pneus

As novas tecnologias de reutilização de pneus proporcionam benefícios de natureza econômica e ecológica. De acordo com Cimino e Zanta (2005), entre os benefícios econômicos pode-se cita a redução dos gastos com a aquisição de nova matéria-prima, redução da utilização de petróleo e fibras de aço, mão-de-obra, etc.

No entanto, quando se fala na aplicação de novas tecnologias de reutilização de pneus, dá-se maior enfoque aos benefícios ecológicos, produzidos por essas tecnologias.

Apesar de diversos autores abordarem o assunto, dificilmente a inter-relação entre estes impactos é mostrada, o que impossibilita sua mensuração em quadro comparativo, nesta pesquisa.

Segundo Ribeiro (2005), a partir da década de 80, a preocupação com o meio ambiente passou a assumir uma importância cada vez maior.

Na atualidade, essa discussão está presente em vários setores da sociedade e, em diferentes partes do mundo, organizam-se eventos procurando soluções para o futuro do planeta. Com o passar do tempo, a sociedade se tornou mais consciente, em grande parte, influenciada pelo fortalecimento do movimento ambientalista, e passa a questionar o modo de produção adotado pelas organizações, baseado no uso desenfreado de recursos naturais.

Acrescenta Ferreira (2003), que os consumidores passaram a exigir uma nova postura empresarial, em que a questão ambiental seja colocada como prioridade, como orientação e norteadora de suas decisões estratégicas.

Desta forma, percebe-se que as organizações passaram a incorporar a variável ambiental em seus negócios e, atualmente, procuram informar aos consumidores, suas atitudes responsáveis em relação ao meio ambiente. Neste contexto, pode-se visualizar o surgimento de um novo conceito: o de responsabilidade social ambiental, que, segundo

(8)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

8 Ferreira (2003), pode ser entendida como toda e qualquer ação responsável desenvolvida pela empresa, visando amenizar os impactos por ela produzidos no meio ambiente.

As atividades econômicas e seus efeitos sobre o meio ambiente são assuntos de deliberações no plano nacional e internacional. Para evitar, compensar ou minimizar os impactos ambientais negativos, as atividades econômicas potencialmente nocivas ao meio ambiente são contempladas com legislação específica, disciplinadora de procedimentos tecnológicos e operacionais, capazes de reduzir ou mesmo de eliminar os danos ambientais provenientes da atividade fabril.

Enquanto a legislação contempla de maneira mais ampla as atividades atuais (processos e produtos) que possam agredir o meio ambiente e a conservação da qualidade de vida presente e futura, há certa discrepância em relação ao passivo ambiental já acumulado. Normas legais, recomendações e propostas, ainda sem regulamentação, estão, paulatinamente, sendo implementadas no sentido da efetiva responsabilidade e das obrigações quanto à restauração de danos ao ambiente. Nessa diretriz, o passivo ambiental vem se incorporando como um instrumento de gestão.

O passivo a ambiental pode ser definido como sendo o conjunto de obrigações, contraídas de forma voluntária ou involuntária, que exigem a adoção de ações de controle, preservação e recuperação ambiental (RIBEIRO, 2005).

O passivo ambiental resulta em sacrifício de benefícios econômicos que devem ser assumidos para a recuperação e a proteção do meio ambiente, decorrente de uma conduta inadequada em relação às questões ambientais. De forma bastante simples, são danos causados ao ambiente por empresas no decorrer da sua atividade de produção e de comercialização que, de acordo com a legislação atual, devem ser parte integrante da responsabilidade social das empresas que aos originaram e originam.

2.4 A Indústria de Pneumáticos: Novas Exigências

A questão ambiental está se tornando cada vez mais matéria obrigatória das ações empresariais. Neste contexto,

As organizações deverão incorporar a variável ambiental no aspecto de seus cenários e na tomada de decisão, mantendo com isso uma postura responsável de respeito à questão ambiental. Empresas experientes identificam resultados econômicos e resultados estratégicos do engajamento da organização na causa

(9)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

9

ambiental. Estes resultados não se viabilizam de imediato, há necessidade de que sejam corretamente planejados e organizados todos os passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que ela possa atingir o conceito de excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva (KRAEMER, 2000, p. 23).

Muitas empresas estão entendendo a responsabilidade social como um assunto estratégico devido ao aumento da pressão social sobre os negócios para que prestem contas de seu impacto ambiental. Parte desta coação vem de consumidores e parte de legislação e padrões aplicados.

Segundo Mcintosh et al. (2001, p. 41):

A partir das décadas de 80 e 90, sistemas de gerenciamento ambiental estão transitando de soluções remediadoras para abordagens totalmente sistêmicas.

Isto significa que em vez de tratar da poluição depois dela ter sido criada e pagar pela eliminação ou mitigação, empresas começam a projetar processos que minimizam o lixo, limitam o uso de recursos e trabalham em direção a sistemas limpos de produção.

Os países em desenvolvimento vêm acompanhando, mesmo que tardiamente, as novas exigências sócio-ambientais, de forma que na década de 90. No Brasil, começaram, a aparecer, ainda que timidamente, normas de caráter nacional que visam regular a atuação das empresas para determinados tipos de resíduos (agrotóxicos, pneus, pilhas e baterias).

De acordo com Cimino e Zanta (2005), a Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), em seu art. 8º delega competência ao Conselho Nacional do Meio Ambiente como órgão legislador brasileiro para editar atos jurídicos normativos, com força de lei; decidir recursos administrativos em última instância e atribui competência ao IBAMA para licenciamento ambiental, bem como fiscalização e controle ambiental.

Assim, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) passou a expedir resoluções disciplinando as obrigações das empresas para com o meio ambiente. Tais resoluções, em sua maioria, são direcionadas para setores específicos. Assim, visando disciplinar a destinação final dos pneumáticos inservíveis, o CONAMA expediu a Resolução nº 228/99.

Informam ainda Cimino e Zanta (2005, p. 302) que:

No Brasil, a Resolução CONAMA nº 258/99, em seu art. 9º, proíbe qualquer forma de descarte de pneumáticos inservíveis, permitindo a queima quando se

(10)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

10

destinar à obtenção de energia. Por esse motivo, programas de reutilização de pneus inservíveis estão sendo desenvolvidos, com o propósito de recuperar esses materiais, ampliando o seu ciclo de vida e minimizando os impactos ambientais decorrentes de suas características e de sua disposição final inadequada.

Através da Resolução nº 258/99, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) determinou que as empresas fabricantes e as importadoras de pneus são obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção relativa às quantidades fabricadas e importadas. Inicialmente, para cada quatro pneus novos fabricados no Brasil ou importados, (inclusive aqueles que acompanham os veículos importados) os fabricantes e as importadoras deverão reciclar ou reutilizar um pneu inservível.

Desde janeiro de 2002, para cada quatro pneus novos fabricados no país ou importados, (inclusive aqueles que acompanham os veículos importados), as empresas fabricantes e as importadoras passaram a dar destinação final a cinco pneus inservíveis;

para cada três pneus reformados importados, de qualquer tipo, as empresas importadoras deverão dar destinação final1 a quatro pneus inservíveis (COSTA, 2005).

O cumprimento dessa resolução vem fazendo com que as empresas inovem em tecnologia e parcerias para solucionar o problema, até então esquecido e pouco responsabilizado entre as empresas produtoras. Assim, alternativas como a reutilização de pneus descartados em obras de contenção, margens de rios para evitar desmoronamentos, construção de quebra-mares e drenagem de gases em aterros sanitários começam a ser implementados na sociedade de forma a utilizar esse passivo ambiental.

No que diz respeito às várias tecnologias empregadas para a redução dos impactos ambientais produzidos pelos pneumáticos, deve-se destacar o fato de que o Brasil já possui o pneu ecológico produzido com borracha natural oriunda do manejo em reservas extrativistas da Amazônia, sob administração do IBAMA, desde 2002 (ANIP, 2007).

Quanto à eliminação de pneumáticos inservíveis, pode-se citar a ação da Bridgestone Firestone, que picota os pneus refugados pelo processo produtivo, bem como os seus inservíveis na própria fábrica, encaminhando-os posteriormente para processo de

1 Destinação Final: Processo que consiste na queima ou no reaproveitamento do pneu através da reciclagem (BRASIL, 1999).

(11)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

11 reciclagem. No entanto, um dos problemas que dificulta o mercado de reciclagem de pneus no Brasil, é a falta de políticas públicas específicas para o setor (CIMINO; ZANTA, 2005).

2.5 Os benefícios da gestão ambiental

Na atualidade, a gestão ambiental começa a ser encarada como um assunto estratégico dentro das organizações e isso tem se tornado um fator importante de competitividade. Diversas organizações empresariais estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho mais satisfatório em relação ao meio ambiente.

Neste sentido, a gestão ambiental tem se configurado como uma das mais importantes atividades relacionadas com qualquer empreendimento.

De acordo com Fernandes (2000, p. 131):

A gestão ambiental é o processo necessário e suficiente para garantir que a introdução de um sistema humano organizado em um sistema ecológico primitivo tenha como resultado um novo sistema humano organizado. Ela consiste em um conjunto de medidas que visam ter controle sobre o impacto ambiental de uma atividade.

Gestão ambiental é o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. É a forma pela qual a organização se mobiliza, interna e externamente para a conquista da qualidade ambiental desejada.

Gerenciar o meio ambiente requer conhecimento específico. No entanto, quando se consegue entender esse processo de gestão, mais facilmente se pode desenvolver um sistema de gestão ambiental. Por outro lado, o sistema de gestão ambiental facilita o processo de gerenciamento, proporcionando vários benefícios às organizações.

A necessidade da gestão ambiental tem se intensificado nos últimos anos, devido à preocupação com o meio ambiente ter deixado o campo periférico, na administração das entidades, para assumir um posicionamento estratégico, os benefícios da adoção desta postura são os mais variados e alavancam resultado para a entidade nos seguintes

(12)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

12 itens: redução de riscos, redução de custos, melhoria da imagem corporativa, continuidade do negócio, maior lucratividade, entre outros.

Tais benefícios encontram-se melhor discriminados no Quadro 1, abaixo:

Quadro 1. Benefícios da Gestão Ambiental

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS BENEFÍCIOS AMBIENTAIS - Economia de Custos

- Redução do consumo de água, energia e outros insumos.

- Reciclagem, venda e aproveitamento e resíduos, e diminuição de efluentes.

- Redução de multas e penalidades por poluição.

- Incremento de receita

- Aumento da contribuição marginal de

“produtos verdes”, que podem ser vendidos a preços mais altos.

- Aumento da participação no mercado, devido à inovação dos produtos e à menor concorrência.

- Linhas de novos produtos para novos mercados.

- Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição.

- Melhoria da imagem institucional.

- Renovação da carteira de produtos.

- Aumento da produtividade.

- Alto comprometimento do pessoal.

- Melhoria nas relações de trabalho.

- Melhoria da criatividade para novos desafios.

- Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas.

- Acesso assegurado ao mercado externo.

Melhor adequação aos padrões ambientais.

Fonte: Donaire (2006)

Esses benefícios podem ser percebidos pela sociedade de modo geral e pela empresa, de modo específico, na empresa, os efeitos dessa gestão, observa Ferreira (2003, p. 42), “materializam-se através da economia dos custos de degradação que deixariam de ocorrer”.

Analisando o Quadro 1, percebe-se que a gestão ambiental é fundamental para o bom desempenho da empresa, que, por sua natureza de produção, produz algum impacto no meio ambiente. Como a gestão ambiental, a empresa consegue aproveitar o máximo dos recursos naturais disponíveis, utilizando apenas o necessário para a sua produção, evitando o desperdício e economizando nos custos.

Antes, porém, as empresas possuíam apenas a preocupação de produzir, ignorando qualquer cuidado com o meio ambiente. Percebe-se também que tal processo, serve para informar, adequadamente, os usuários externos acerca da atuação da

(13)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

13 empresa relativamente à proteção ambiental, pois o mesmo oferecer mais transparência para o processo de gestão da organização.

Explica Ferreira (2003, p. 33) que:

O processo de gestão ambiental leva em consideração todas as variáveis de um processo de gestão, tais como o estabelecimento de políticas, planejamento, um plano de ação, alocação de recursos determinação de responsabilidades, decisão, coordenação, controle, entre outros, visando principalmente ao desenvolvimento sustentável.

Os benefícios com a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental estão intimamente ligados à mudança comportamental, aprendizado e inovação organizacional.

Nesse sentido, a existência de um plano ambiental formal, embora importante, não é suficiente, pois a transformação da questão ambiental em valor da organização vai depender das ações da alta administração e de suas gerencias.

No caso dos pneumáticos, a gestão do impacto ambiental não pode ser vista apenas no processo produtivo, ligado exclusivamente ao departamento de produção. As novas regulamentações estão fazendo com que as empresas assumam a responsabilidade social na função gerencial contemplando, portanto, diferentes aspectos da estrutura organizacional, modificando de certa forma muitos dos processos internos (TEODÓSIO; SOUZA, 2002).

Em síntese, os benefícios da adoção da gestão ambiental são os mais variados e proporcionam resultado para a organização, principalmente, no que diz respeito à redução de custos, melhoria da imagem corporativa, continuidade do negócio, maior lucratividade, entre outros.

3 Considerações Finais

A disposição final dos pneus representa um problema de difícil solução, pois são objetos que ocupam grande volume e que precisam ser armazenados em condições apropriadas para evitar riscos de incêndio e proliferação de insetos e roedores. Por outro lado, a disposição final em aterros sanitários se torna inviável, pois os pneus inteiros apresentam baixa compressibilidade e degradação muito lenta. Atualmente, têm sido realizadas pesquisas, particularmente no exterior, buscando o desenvolvimento de novas

(14)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

14 tecnologias para a reutilização de pneus velhos, seja na sua forma inteira, como borracha reciclada ou como combustível na geração de energia.

Existem inúmeros formas de reaproveitamento para os pneus inservíveis. Em sua forma inteira, eles podem ser aplicados em obras de contenções, nas margens de rios para evitar desmoronamentos, como recifes artificiais, na construção de quebra-mares, na construção de equipamentos para parques infantis, como barreira em acostamento de estradas, no controle de erosão etc.

São propostas de baixo custo que utilizam um número razoável de pneus e envolvem ações relativamente simples de corte e amarração. Entretanto, a maioria dessas alternativas resulta em soluções finitas e saturáveis em curto prazo, mas que podem contribuir de maneira significativa na diminuição do passivo ambiental.

A reciclagem de pneus envolve um ciclo que compreende a coleta, transporte, trituração e separação de seus componentes (borracha, aço e lona), transformando sucatas em matérias-primas que serão direcionadas ao mercado. Obtém-se borracha pulverizada ou granulada que vai ter diversas aplicações: utilização em misturas asfálticas, em revestimentos de quadras e pistas de esportes, fabricação de tapetes automotivos, adesivos etc.

Por outro lado, constatou-se que as resoluções expedidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) não conferem uma dinâmica complexa ao fluxo de vida dos pneus, impulsionando novas formas de agir por partes empresas produtoras e revendedoras de pneus. E, que um dos problemas que dificulta o mercado de reciclagem de pneus no Brasil, é a falta de políticas públicas específicas para o setor. Não há nenhum tipo de subsídio para que as empresas utilizem reciclados como matéria prima.

Pelo demonstrado ao longo da presente pesquisa, percebe-se que no Brasil, houve a decisão de responsabilizar aos fabricantes, importadores e distribuidores pela coleta e destinação final dos pneus inservíveis. No entanto, existe também a necessidade de envolver a sociedade civil nesse debate, objetivando a normatização da coleta e da destinação final dos pneus inservíveis e dos resíduos inaproveitados de borracha. Para tanto, é importante que o poder público desenvolva projetos de educação destinados à população, visando conscientiza-la de seu papel, e, estimule o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a descobertas de novas tecnologias de reutilização dos pneumáticos.

(15)

I SEMINÁRIO REGIONAL DE GESTÃO AMBIENTAL

‘Gestão Ambiental e Sustentabilidade’

21 e 22 de novembro de 2016

15 4 Referências

ANIP (Associação Brasileira das Indústrias de Pneumáticos). Responsabilidade pós- consumo. São Paulo: ANIP, 2007.

CIMINO, M. A.; ZANTA, V. M. Gerenciamento de pneumáticos inservíveis (GPI): análise crítica de ações institucionais e tecnologias para minimização. Eng. sanit. ambient.

Vol.10 - Nº 4 - out/dez 2005, 299-306.

COSTA, J. T. [et al.]. O descarte de pneus usados em Londrina. Revista de Limpeza Pública, 54:5-11, 2000.

COSTA, J. T. Reaproveitamento de sucata de pneus inviabilidade técnica ou econômica?

Reciclagem e tecnologias, n. 23, set/2005.

DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 1999.

FERNANDES, J. W. N. A gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável sob a ótica da contabilidade ambiental. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE, 16., 2000, Goiânia. Anais, XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade. Goiana: GO, 2000.

FERREIRA, A. C. S. Contabilidade ambiental: uma informação para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atlas, 2003.

KRAEMER, M. E. P. Contabilidade ambiental como sistema de informações. Revista Pensar Contábil do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro - RJ: ano 3, n. 09, p.19-26, ago.-out.,2000.

LAGUNO, M. Meio Ambiente. Revista Bicycle, v. 92, n. 2, jun., 2003.

MCINTOSH, M. [et al.]. Cidadania corporativa: estratégias bem-sucedidas para empresas responsáveis. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

NOHARA, J. J. [et. al.]. GS-40 - Resíduos sólidos: passivo ambiental e reciclagem de pneus. THESIS, São Paulo, ano I, v .3 , p. 21-57, 2º Semestre, 2006.

ODA, S. Reutilização de pneus como alternativa de aumento da vida útil de aterros. In:

Fórum Ambiental de Marina, 1, 2001, Maringá, Anais…, Maringá, jun., 2005.

RIBEIRO, M. A. Mineração e meio ambiente: problemas e perspectivas. Fundação JP:

Análise e Conjuntura. Belo Horizonte, 15 (7-8): 3-19, set./out., 2005.

TEODOSIO, A. S.; SOUZA, A. A. Sistemas de gestão ambiental: desafios de sua difusão no cenário brasileiro. In: ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade social nos negócios.

São Paulo: Saraiva, 2002. p. 62-71.

Referências

Documentos relacionados

• Sistema de Gestão Ambiental / Padrões de Qualidade Ambiental / Sistema Ambiental no Paraná / Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos / Instrumento de Gestão Ambiental

 Técnicas de autorresgate, manobras de emergência e sistemas expeditos;  Tensagem de corda, desmultiplicação de forças e vantagem mecânica;  Técnicas de tensagem de

1 - (2018 – TRT da 6ª Região – Analista Judiciário – Área Judiciária) Em relação ao cabimento de agravo de instrumento em caso de

At 60 days of development after fruit harvest, slips presented appropriate size and weight for their use as planting material in the field (average length of 48 cm and average

1 - Fica criado o colégio das especialidades, que é constituído por todos os advogados especialistas, com inscrição em vigor na Ordem dos Advogados. 2 - Ao colégio

Os membros do Conselho Fiscal da PORTOPREV – PORTO SEGURO PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR reuniram­se em sua totalidade, nesta data, na sede da Entidade, para apreciar as

- Sistema de gestão ambiental (C42) – deve ser adoptado um sistema de gestão ambiental e mecanismos de gestão ambiental adequados ao empreendimento, tratando-se de sistemas que

Com relação às férias indenizadas, vencidas ou proporcionais, simples ou em dobro, entende-se que não constituem acréscimo patrimonial, mas indenização pelo não