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A M O R Q U E D O M IN A A V ID A IN T E IR A (*) W a g n e r P im e n ta

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Academic year: 2021

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A M O R Q U E D O M I N A A V I D A I N T E IR A (*)

W a g n e r P im e n t a

Ao contemplar a veneranda figura de

B a r a t a S i l v a ,

ocorre-me, de início, que ele arredondou. Preocupa-me, depois, o significado desta solenidade, em que ele recebe condecoração outorgada pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da Repú­

blica, por prestação de meio século de serviços à Nação. Então, é o Brasil que está aqui, são milhões de mãos contritas que vão ao peito de

B a r a t a S i l v a

fixar o penhor de reconhecimento. Não é ainda o encerramento, mas outro marco Im­

portante da carreira, há memorável tempo iniciada na Cidade de Rio Grande, nos confins da Lagoa dos Patos, onde a Igreja de Nossa Senhora vela pelos, navegan­

tes, que vão de manhã decifrar os arcanos das águas indómitas. Também na au­

rora partiu o jovem

C a r l o s A l b e r t o ,

olhos incendiados de sonhos, para desbravar o mistério da existência. Estudou, advogou, criou família. Estão lá no Sul o Fer­

nando, já Presidente de Tribunal, o José Carlos, Procurador e Professor universi­

tário, a Lígia Maria, o caçula Carlos Alberto, todos corretos, cultos, produtivos, bem postos na vida pelo exemplo paterno e pelos desvelos e virtudes de D. Nice, esposa e mãe, além dos dez netos, e, naturalmente, do Grêmio Futebol Porto- alegrense, antiga e confessada paixão.

Em 1945,

B a r a t a S i l v a

tornou-se Magistrado e nessa esteira veio das plagas sulinas para o cenário nacional. Calou fundo em sua recordação a primeira inves­

tidura como Juiz do Trabalho em São Jerônimo. Duas outras Juntas vieram de­

pois, e ele chegou a Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da Quarta Região, sendo seu Presidente por três vezes. Em 1971, foi nomeado Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, de que também se tornou Presidente, em destacada gestão.

É a longa trajetória de um homem alumiado por seu ideal, justificando o dito de

P i e r o C a l a m a n d r e i : "

Para encontrar a Justiça é preciso ser-lhe fiel. Como todas as divindades, só se manifesta àqueles que nela crêem." Assemelham-se às jor­

nadas do homem e do astro. No início, a explosão e a fome dos espaços — o astro é labareda. Depois, concentrando-se, solidifica-se em esfera. O homem, também astro ímpar na ordem da criação, como as pedras soltas que multo rolam estradas, consome as arestas e arredonda. O círculo é a forma acabada da per­

feição, símbolo do homem que volta a s i mesmo. “A vida é um incêndio; nela dançamos, salamandras mágicas", registrou, também, o gaúcho Mário Quintana.

Depois, vem a paz, a sabedoria de que emana o exemplo. Cumprindo a sua órbita,

B a r a t a S i l v a

arredondou pelos íngremes caminhos e é hoje o amigo, o exemplo, o nosso Decano — metabolizadas as labaredas, o astro que é vida. E o significado desta solenidade? Que vale esta Medalha? Pedaço de metal recoberto de tinta

e

( * ) S a u d a ç ã o p r o f e r i d a p e l o M i n i s t r o W a g n e r P i m e n t a , c o m o M i n i s t r o T o g a d o m a i s n o v o d o T r i b u n a l S u ­ p e r i o r d o T r a b a l h o , a o M i n i s t r o B a r a t a S i l v a , i l u s t r e D e c a n o d a C a s a .

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p e n d e n t e d e f i t a c o l o r i d a ; m a t e r i a l m e n t e p o u c o r e p r e s e n t a , o u m e lh o r , c u s t a p o u c o . H á , p o r é m , i m e n s a d i s t â n c i a e n t r e c u s t o e v a l o r . C u s t a n d o p o u c o , v a l e i m e n s a ­ m e n t e , p o r q u e n ã o é a p e n a s u m a d e r e ç o e x t e r n o ; e l a c a i e m n o s s a d i m e n s ã o in t e r io r . P a r a a s m e d a l h a s , o s h o m e n s b u s c a m f o r m a s v a r i a d a s , o r a a e s t r e l a , o r a a c ru z , o r a o c ír c u lo . A s e s t r e l a s s ã o f o n t e s d e luz, m i s t é r i o f u l g u r a n t e e e t e r n o d o c é u , q u e o h o m e m t e n t a d e s v e n d a r . P e l o s a n t i g o s p a s t o r e s u n i d a s à le n d a , e l a s f o r a m a g r u p a d a s e m c o n s t e l a ç õ e s , a l g u m a s c o m n o m e s d e h e r ó i s , c o m o P e r s e u e H é r c u l e s , o u t r a s c o m d e n o m i n a ç õ e s q u e s i m b o l i z a m a â n s i a d e c o n q u i s t a o u r e n a s c i m e n t o : P é g a s o , A r g o , F ê n ix . E o s o n h o d o h o m e m c o n t i n u o u e m t o r n o d a luz. A s c o n d e c o r a ç õ e s e n c o n t r a r a m r a í z e s n a s o r g a n i z a ç õ e s d o s C a v a l e i r o s d a I d a d e M é d i a , é p o c a m e t a f í s i c a . T i v e m o s , n o p a s s a d o , a s O r d e n s M i l i t a r e s d e C r i s t o , d e S a n t i a g o — d e E s p a d a e d e A v i z . D e p o i s d a I n d e p e n d ê n ­ c ia , a O r d e m I m p e r i a l d o C r u z e i r o d o S u l . N o v a m e n t e a s e s t r e l a s . A C r u z é s í m ­ b o l o d e n o s s a fé , d e f o r ç a s q u e s e I n t e r p e n e t r a m . B r a ç o s a b e r t o s n o a c o l h im e n t o , a s a s e s t e n d i d a s d e á g u i a s e m v ô o , f l o r d e s a b r o c h a d a n a s c a r a v e l a s d a c o n q u i s t a , d o i s t r a ç o s f i r m e s d e q u e n a s c e u B r a s í l i a . S e a e s t r e l a i l u m i n a o c a m in h o , a c r u z d e t e r m i n a a j o r n a d a . S e a e s t r e l a a s s i n a l a o c é u — n o s s o d e s t i n o — , a c r u z é a n j o s o b r e a s c a m p a s — c a n ç ã o m u d a d a n o s s a s a u d a d e . A lu z é o c o m e ç o ; a c ru z , o f im . E n t r e e l a s , o c ír c u lo , q u e é a v i d a ; a e s f e r a d o s a s t r o s e m q u e o c a o s f o i d o m a d o , a p a r t a n d o - s e a s t e r r a s d a s á g u a s , i l u s t r e M i n i s t r o B a r a t a S i l v a , n o f r o n t i s p í c i o d e u m a b i b l i o t e c a p ú b l i c a d a C ó r d o b a á r a b e , h a v i a u m a i n s c r i ç ã o :

" O m u n d o é s u s t e n t a d o p o r q u a t r o c o l u n a s : a s a b e d o r i a d o s s á b i o s , a J u s t iç a d o s f o r t e s , a o r a ç ã o d o s J u s t o s e o v a l o r d o s b r a v o s . " A c r e s c e n t e m o s a i s t o a n o ç ã o d e h e r o í s m o , c o m o f o r m u l a d a p o r C a r l y l e . N ã o a p e n a s a f i g u r a d o h o m e m e m u m m o m e n t o c r u c i a l , n u m í m p e t o , a d o t a n d o a t i t u d e e x t r e m a e m p r o l d o b e m , d a P á t r ia , d a j u s t i ç a , m a s t a m b é m a d a q u e l e q u e , n a p o r f i a d e t o d a u m a e x i s t ê n c i a , b e n e f i c i a a c o l e t i v i d a d e c o m s u a p e r s e v e r a n ç a . D e n t r o d e s t a c o n c e p ç ã o c a r l y l e a n a , M i n i s t r o B a r a t a S i l v a , é V . E x a . h e r ó i, p e l a p r e s t a ç ã o d e m a i s d e c i n q ü e n t a a n o s d e r e l e v a n t e s s e r v i ç o s a n o s s a P á t r ia . Q u a n d o a v i d a t e m m e n s a g e m a t r a n s m i ­ tir, n ã o e l e g e p a r a i s t o o s q u e s e p e r d e r a m n a d i s s i p a ç ã o , m a s o s h o m e n s t e m ­ p e r a d o s n a lu t a , a m a d u r e c i d o s n a a d v e r s i d a d e . O g ê n i o n a s c e d a c o r a g e m d e a r r o s t a r o s o b s t á c u l o s . A h i s t ó r i a d o s v e n c e d o r e s n o s m o s t r a C a m õ e s c e g o e d e s t e r r a d o , u m A l e i j a d i n h o c r i a n d o a s o b r a s p r i m a s d a n o s s a e s t a t u á r i a , B e e ­ t h o v e n s u r d o e a s m á t i c o , G a l i l e u f i r m e d i a n t e d a s c r u e z a s d a I n q u i s i ç ã o e r e t r a ­ ç a n d o o s r u m o s d a c i ê n c i a e F r a n c i s c o d e A s s i s , f r a c o e p o b r e , s a l v a n d o o C r i s ­ t i a n i s m o . N ã o s e a t i n g e a g r a n d e z a p o r a c a s o . O h o m e m é, n o r e i n o d a c r i a ç ã o , o ú n i c o s e r q u e f i c a i n a c a b a d o . D e s a f i o q u e D e u s lh e a t ir a , p a r á b o l a d o s t a l e n ­ t o s , c u m p r e a e l e c o m p l e t a r - s e . M e s c l a m - s e s u a v i d a e s u a o b r a d e a u t o c o n c l u ­ s ã o . E l e s o f r e a o c o n s t r u i r - s e , p o i s é a o m e s m o t e m p o o m á r m o r e e o e s c u l t o r . O s u c e s s o r e s u l t a d a a p l i c a ç ã o c o t i d i a n a d e c e m o u m i l p e q u e n i n a s c o i s a s f e i t a s d e m a n e i r a u m p o u c o m e l h o r , p o r i s t o r e s p e i t a o s q u e p e r s e v e r a m . M e s m o q u e v i v a m o s , c o m o s u s t e n t a m a l g u n s , e m t e m p o d e in c e r t e z a , m a t e r i a l i s m o , i n q u i e ­

t a ç ã o e o r f a n d a d e , h á h o m e n s q u e s e m a n t ê m í n t e g r o s d i a n t e d e s i , d a h i s t ó r i a e d e D e u s . A e l e s c a b e c o n d u z i r o s d e m a i s . N e l e s h á a l g o q u e p u g n a p o r r e s ­ p i r a r e v e n c e r . F o r ç a r io a c i m a , a b r i n d o m il p o r t a s , d i s s i p a n d o a s n é v o a s . A a n ­ g ú s t i a q u e p r o c u r a e a i n t e l i g ê n c i a q u e c o n h e c e c o m p l e t a m - s e n a s a b e d o r i a q u e

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c o n c l u i . A á g u i a e n c o n t r a o s o l . P e r d o e - m e , M i n i s t r o B a r a t a S il v a , s e n ã o d i s c o r r o s o b r e D i r e i t o e P o l it ic a , c o m o s ó a c o n t e c e r e m t a i s o c a s i õ e s . F a l o d e e s t r e l a s e s í m b o l o s , d e p e r s e v e r a n ç a e id e a l, d o s h o m e n s e d o e x e m p l o q u e d e i x a m — e n ã o s ã o c o i s a s v ã s . N o f u n d o , c r e i o q u e t u d o i s t o é a e s s ê n c i a d o D i r e i t o e d a P o l ít ic a . P a r a e n c e r r a r , t o m a n d o - o c o m o e x e m p l o , c r e i o q u e V . E x a . s e in c lu i e n t r e o s q u e a m a m o B r a s i l c o m a q u e l e a m o r q u e d o m i n a a v i d a in t e ir a , f e i t o d e a b n e ­ g a ç ã o e e s p e r a n ç a , d e v o ç ã o e t e r n u r a — à s v e z e s a t é d e r a i v a — , a m o r q u e s e t e c e d e l o u r o s e d e d e r r o t a s , m a s q u e s e p r o j e t a n o f u t u r o , a m o r - l u t a , a m o r - e s t r e l a e c r u z . O b r i g a d o .

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