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Direito Notarial e Registral

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Academic year: 2022

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Ellen Thaynná Mara Delgado Brandão Milena Barbosa de Melo

Direito Notarial e Registral

Unidade 2

Tabelionato de notas

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Diretora Editorial

CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico

TIAGO DA ROCHA Autoras

ELLEN THAYNNÁ MARA DELGADO BRANDÃO MILENA BARBOSA DE MELO

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Ellen Thaynná Mara Delgado Brandão

Eu, Ellen, possuo graduação em Direito pela Unifacisa – Universidade de Ciências Sociais Aplicadas e pós-graduanda em Docência do Ensino Superior. Atualmente sou professora conteudista e elaboradora de cadernos de questões. Como jurista atuo nas áreas de Direito Penal, Direito do Trabalho e Direito do Consumidor.

Milena Barbosa de Melo

Eu, Milena, possuo graduação em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (2004). Doutora em Direito Internacional pela Universidade de Coimbra. Mestre e Especialista em Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Atualmente sou Professora Universitária e Conteudista. Como jurista atuo principalmente nas seguintes áreas: Direito à Saúde, Direito Internacional público e privado, Jurisdição Internacional, Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da Propriedade Intelectual e Direito Digital.

Desse modo, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!

AS AUTORAS

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Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que:

ICONOGRÁFICOS

INTRODUÇÃO:

para o início do desenvolvimento de uma nova com- petência;

DEFINIÇÃO:

houver necessidade de se apresentar um novo conceito;

NOTA:

quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento;

IMPORTANTE:

as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você;

EXPLICANDO MELHOR:

algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;

VOCÊ SABIA?

curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;

SAIBA MAIS:

textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento;

REFLITA:

se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre;

ACESSE:

se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;

RESUMINDO:

quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens;

ATIVIDADES:

quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada;

TESTANDO:

quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;

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SUMÁRIO

Atribuições do tabelionato de notas ... 12

O tabelionato de notas ... 13

Competências do tabelião de notas ... 14

Livros notariais e classificadores ...21

Escrituras públicas: características gerais ... 23

Conceituando escritura pública ...23

Cuidados a serem observados pelo notário: requisitos da escritura pública ...27

Elementos da escritura pública ...29

Redação da escritura pública ... 31

Tipos de escritura pública ... 34

Compra e venda de bens imóveis ...34

Doação de imóveis ...37

Pacto antenupcial ... 39

Declaração de união estável ... 40

Divórcio, separação, inventário e partilha ...42

Requisitos para lavratura das escrituras públicas de separação e divórcio consensuais ...42

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Ata notarial ...46

Conceito ... 46

Finalidade da ata notarial ... 49

Forma da ata notarial ... 50

Estrutura e requisitos da ata notarial ... 51

Tipos de ata notarial ...54

Ata notarial de presença ...54

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TABELIONATO DE NOTAS

UNIDADE

02

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O Direito é um ramo que possui uma extensão de disciplinas, todas possuindo fundamental importância. Estudaremos nesta unidade sobre o Tabelionato de Notas, sendo ele um dos titulares do serviço notarial e registral.

Saberemos qual a importância do tabelião de notas, estudando quem vem a ser esses profissionais, as suas atribuições e a importância que lhes é conferida por lei. Sendo a escritura pública uma das responsabilidades desses servidores e um instrumento muito utilizado por todas as pessoas, estudaremos em que constitui a escritura pública e os seus tipos.

Outro ato importante do Tabelião de Notas é a lavratura da ata notarial, assim, deveremos estudar o que vem a ser esse instrumento, seus requisitos e o tipo usual permitido por nossa legislação.

Vamos juntos embarcar nesse conhecimento!

INTRODUÇÃO

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Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Tabelionato de notas.

Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Entender as atribuições e a importância do tabelionato de notas;

2. Identificar as características gerais da escritura pública;

3. Diferenciar os tipos de escritura pública;

4. Compreender o conceito de ata notarial e suas aplicações.

Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto fascinante e inovador como esse? Vamos lá!

OBJETIVOS

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Atribuições do tabelionato de notas

OBJETIVOS:

Sabendo que o tabelião de nota é um dos titulares dos serviços notariais, você deve se perguntar qual é a sua função. Assim, estudaremos neste capítulo quais são as atribuições desses titulares e a sua importância.

Empolgados? Vamos lá!!

O art. 5º da Lei nº8935/94 estabelece que

Art. 5º Os titulares de serviços notariais e de registro são os:

I - tabeliães de notas;

II - tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;

III - tabeliães de protesto de títulos;

IV - oficiais de registro de imóveis;

V - oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas;

VI - oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas;

VII - oficiais de registro de distribuição.

Assim, nesse capítulo iremos estudar sobre os tabeliães de notas.

Começamos este capítulo trazendo que o termo tabelionato surgiu na Roma, onde existiam pessoas encarregadas de instrumentalizar determinados negócios, que eram conhecidos como tabeliones. Eles ficaram conhecidos como tabeliones devido ao fato de escreverem os atos em tabuletas. (PADOIN, 2011)

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O tabelionato de notas

Vimos onde surgiu o termo tabelionato e o porquê de eles serem assim chamados. Desta forma, devemos trazer que o tabelionato de notas possui a função de tratar do direito real de propriedade, que é um direito e garantia fundamental que consta no art. 5º da Constituição Federal. O titular da serventia de tabelionato é chamado de tabelião ou notário.

Padoin (2011) aponta que os atos praticados pelo tabelionato de notas possuem maior segurança ao direito de propriedade, assim como, desencadeiam diferentes atos de controle e fiscalização a favor do Estado.

Podemos trazer como exemplo de fiscalização do tabelionato de notas a favor da fiscalização do Estado o fato de que é responsabilidade do notário de fornecer informação à Secretaria da Receita Federal sobre todas as transações imobiliárias que são realizadas no âmbito de sua serventia. Ele servidor faz isso por meio da emissão da Declaração de Operações Imobiliárias.

Além disso, Loureiro (2017) aponta que a função precípua dos notários é a de formalização jurídica da vontade das partes, pois eles intervêm nos atos e negócios jurídicos que as partes devem ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, devendo eles conservarem os originais e expedir cópias fidedignas de seu conteúdo.

IMPORTANTE:

O tabelião de nota é um profissional imparcial, assim, ele não interfere na vontade das partes, sua função é de apenas captar quais as suas vontades e assim, dar-lhe forma jurídica.

Mesmo não podendo interferir na vontade das partes, é dever desses profissionais por possuir conhecimento jurídico, aconselha-las, para que assim, elas possam tornar efetiva e válida a finalidade para que foram ao cartório.

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Competências do tabelião de notas

As competências notários está contida no art. 6º da Lei nº8935/94, que dispõe que compete aos notários:

Formalizar juridicamente a vontade das partes;

Intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo;

Autenticar fatos.

Assim, Loureiro (2012, p.527-528) aponta que

Os Notários têm por função precípua formalizar juridicamente a vontade das partes, servindo nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo. Cabe a estes profissionais, ainda, a autenticação de fatos.

Sabendo que os notários se refere as pessoas que trabalham como tabeliães de notas, tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos e tabeliães de protesto de títulos, essas competências citadas acima tratam de competência comum a todos esses servidores. Desta forma, os tabeliães de notas possuem suas próprias competências que estão contidas no art. 7º da mesma lei supramencionada, sendo essas competências:

Lavrar escrituras e procurações públicas – primeiro devemos dizer que lavrar é a ação de decretar algo de forma escrita. Assim, os tabeliães de notas têm a incumbência de decretar escrituras públicas, de acordo com a Cartilha

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Extrajudicial (2012) o notário pode lavrar as escrituras de compra e venda ou qualquer outra forma de transmissão de bens imóveis de valor superior a trinta salários mínimos;

pacto antenupcial; cessão de direito hereditários; quando há previsão contratual; emancipação; instituição de bem de família; renúncia sobre bens imóveis. Sendo também de sua competência a lavratura de procurações públicas.

Você sabe o que que vem a ser procuração?

Podemos conceituar procuração como o instrumento que documenta a outorga de poderes de representação, sendo assim, o documento onde consta que determinada pessoa atribuiu poderes a outrem para atuar em seu nome. (CARTILHA EXTRAJUDICIAL, 2012).

Desta forma, vem a pergunta chave dessa competência dos tabeliães de notas: quais são, então, os documentos necessários para que uma pessoa pode fazer a lavratura de uma procuração?

De acordo com a Cartilha Extrajudicial (2012) existem os documentos necessários para quando uma pessoa jurídica vai fazer essa lavratura e os documentos para quando quem deseja fazê-la é uma pessoa física.

Quando o interessado for pessoa física em nomear um procurador, ele deverá apresentar seus documentos pessoais, ou seja, carteira de identidade e o cadastro de pessoa física. No entanto, quando o interessado for pessoa jurídica em fazer a nomeação de um procurador, ele deverá apresentar original ou cópia autenticada do contrato social e de suas alterações (casa haja), ata de nomeação da diretoria, CNJP, além da carteira de identidade e do cadastro de pessoa física originais do representante que irá assinar o documento.

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IMPORTANTE:

Em qualquer situação, sendo de pessoa física ou de pessoa jurídica, é necessária a informação dos dados de qualificação pessoal do procurador, isto é, do nome, carteira de identidade, cadastro de pessoa física, estado civil, profissão e endereço. Sendo preferencialmente que seja apresentado as cópias dos documentos para conferência.

Lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados – primeiramente devemos perguntar, você sabe o que é um testamento público?

A Cartilha Extrajudicial (2012) traz que o testamento público é o ato pelo qual a pessoa declara sua vontade ao Tabelião para produzir efeitos após a sua morte. Desta forma, esse testamento é elaborado pelo tabelião de acordo com a vontade da pessoa.

Figura 1 – Lavrar testamento público

Fonte: Freepik

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No que diz respeito ao testamento cerrado, ele consiste no testamento em que somente o testador sabe o que contém no documento referente ao testamento. Após o interessado escrever seu testamento cerrado, ele deverá comparecer no cartório para que o tabelião o aprove na presença de duas testemunhas.

Lavrar atas notariais – o tabelião de notas tem a competência de escrever documento que prova a existência de um fato ou situação, em que o contexto seja importante para um futuro.

Reconhecer firmas – existem dois tipos de reconhecimento de firma, sendo ele por semelhança ou por autenticidade.

Em que então consiste em cada um desses tipos de reconhecimento de firma?

A Cartilha Extrajudicial (2012) estabelece que o reconhecimento de firma por semelhança é o reconhecimento por meio do qual o tabelião afirma que a assinatura que lhe foi apresentada é semelhante àquela que consta de seus arquivos. Essa mesma cartilha traz que o reconhecimento por autenticidade é aquele em que o tabelião afirma que a assinatura é de determinada pessoa, pois o ato foi assinado na sua presença, após a pessoa ter sido identificada por ele.

NOTA:

O reconhecimento de firma por autenticidade é obrigatório para alguns negócios, como por exemplo nas transferências de veículos.

Autenticar cópias – consiste na declaração do tabelião de que a cópia está igual ao documento original que lhe foi apresentado. Por isso, o interessado deve sempre levar o documento original ao cartório.

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Além disso, o artigo supramencionado dispõe em seu parágrafo único que é facultado aos tabeliões de notas realizar todas as gestões e diligências necessárias ou convenientes ao preparo dos atos notariais, devendo requerer o que couber, sem haver ônus maiores que os emolumentos devidos pelo ato. Isso quer dizer que, para que o tabelião de notas desempenhe a sua competência, ele pode praticar todos os atos e diligências necessárias, sob a única condição de não gerar despesas para as partes.

A Lei nº11441/2007 trouxe novas competências ao Tabelionato de Notas, onde retrata que poderá haver divórcios, inventários e partilhas feitos por esses servidores, através de escritura pública, sem haver a necessidade de intervenção do poder Judiciário.

IMPORTANTE:

As competências do tabelião, sejam elas as gerais ou as exclusivas, podem ser efetuadas por colaboradores contratados para trabalhar na serventia.

Sabendo que a competência do notário pode ser transferida para os colaboradores, devemos perguntar, quem são esses colaboradores?

De acordo com Costa (2009) esses colaboradores são os escreventes, encarregados de exercer diferentes funções no tabelionato de notas, de acordo com a conveniência e escolha do tabelião, no entanto, um desses escreventes deverá ser designado como substituto do tabelião, podendo praticar todos os atos do tabelionato, de acordo com o art. 20 da Lei nº8935/94, que dispõe:

Art. 20. Os notários e os oficiais de registro poderão, para o desempenho de suas funções, contratar escreventes, dentre eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como empregados, com remuneração livremente ajustada e sob o regime da legislação do trabalho.

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§ 1º Em cada serviço notarial ou de registro haverá tantos substitutos, escreventes e auxiliares quantos forem necessários, a critério de cada notário ou oficial de registro.

§ 2º Os notários e os oficiais de registro encaminharão ao juízo competente os nomes dos substitutos.

§ 3º Os escreventes poderão praticar somente os atos que o notário ou o oficial de registro autorizar.

§ 4º Os substitutos poderão, simultaneamente com o notário ou o oficial de registro, praticar todos os atos que lhe sejam próprios exceto, nos tabelionatos de notas, lavrar testamentos.

§ 5º Dentre os substitutos, um deles será designado pelo notário ou oficial de registro para responder pelo respectivo serviço nas ausências e nos impedimentos do titular. (BRASIL, 1994)

Desta forma, podemos ver pelo artigo mencionado que a lei garante o direito do notário de contratar substitutos e de que, um desses substitutos possa responder pelo serviço do notário nas ausências e nos impedimentos do titular do cartório.

NOTA:

Devemos lembrar que haverá incompatibilidade e impedimento para o exercício da atividade notarial, sendo eles elencados nos arts. 25 e 27 da Lei nº8935/94, que dispõe que esse serviço é incompatível com o da advocacia, o da intermediação de seus serviços ou o de qualquer cargo, emprego ou função públicos, ainda que em comissão. No que se refere aos impedimentos, que são os casos em que os substitutos deverão atuar no lugar do notário, são as hipóteses do art. 27 que dispõe que o notário não poderá praticar, pessoalmente, qualquer ato de seu interesse, ou de interesse de seu cônjuge ou de parentes, na linha reta, ou na colateral, consanguíneos ou afins, até o terceiro grau.

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Devemos também pontuar existe vedação ao exercício da competência do tabelionato de notas, na Lei nº8935/94 essa vedação encontra-se disposta no art. 9º, que se refere ao princípio da territorialidade, onde consta que o tabelião de notas não poderá praticar atos de seu ofício fora do Município para o qual ele recebeu delegação, deste modo, o tabelião de notas só pode praticar os atos dentro da região administrativa que exerce a sua delegação.

IMPORTANTE:

O tabelião de notas tem suas diligências ligada à comarca que a ele foi delegado.

A Corregedoria de cada Estado também pode trazer vedações aos tabeliães de notas, podemos aqui citar como exemplo a Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que traz por exemplo em ser art. 219 que

Art. 219. Os Tabeliães de Notas devem abster-se de lavrar escrituras relativas a negócios jurídicos de alienação de frações ideais, quando, à base de dados objetivos, apontarem indícios de fraudes e infringências às Leis nºs. 6.766/79 e 10.257/01, ao ordenamento positivo normatizador do parcelamento do solo urbano e protetivo da zona rural, prejudiciais aos mananciais da fauna e da flora e a fim de proteger os ecossistemas contra a predação e a destruição causadas pela ocupação desorganizada e sem fiscalização. (Consolidação Normativa Parte Extrajudicial, 2020)

Essas vedações geralmente são elencadas pelos Estados devido a aplicação dos princípios da legalidade e da territorialidade.

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Livros notariais e classificadores

De acordo com Padoin (2011) para poder praticar todos os serviços referentes à serventia, a nossa legislação exige livros e classificadores.

Os livros são destinados à prática de determinados atos do serviço, já os classificadores são utilizados para facilitar a conferência de dados, geralmente existe um para cada tipo de ato.

IMPORTANTE:

Esses classificadores são pastas, onde são arquivados por exemplo as matrículas de imóveis.

Desta forma, o tabelionato de notas tem a obrigação de em seu cartório possuir diferentes livros para que sejam lavrados os atos que são de sua competência, assim como classificadores.

Quem aponta quais são os principais livros e classificadores que o Tabelionato de Notas deve ter é Padoin (2011), p. 23, sendo eles:

Livro de notas – servindo para constar as escrituras, atas, testamentos, entre outros atos notariais;

Livro de termo de comparecimento – servindo para o reconhecimento de firmas por autenticidade;

Classificador das normas da Corregedoria-Geral da Justiça;

Classificador das normas de pessoal das serventias;

Classificador para o lançamento paralelo das receitas e despesas;

Classificador das informações prestadas à Receita Federal;

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Classificador dos documentos oriundos do Registro de Imóveis;

Classificador de certidões de tributos do município.

Desta forma, estudamos quais são as competências dos tabeliães de notas e vimos de que forma ele deve organizar os seus serviços, de forma a facilitar seu trabalho.

RESUMINDO:

Estudamos neste capítulo que o termo tabelionato surgiu na Roma. Vendo que o tabelionato de notas possui a função de tratar do direito real de propriedade, sendo a função precípua dos notários é a de formalização jurídica da vontade das partes, pois eles intervêm nos atos e negócios jurídicos que as partes devem ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, devendo eles conservarem os originais e expedir cópias fidedignas de seu conteúdo. Em seguida estudamos quais são as competências do tabelião de notas, sendo elas: formalizar juridicamente a vontade das partes; intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; autenticar fatos; lavrar escrituras e procurações públicas; lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados; lavrar atas notariais;

reconhecer firmas; e autenticar cópias. Vimos também que existem vedação ao trabalha do notário, podendo citar consta que o tabelião de notas não poderá praticar atos de seu ofício fora do Município para o qual ele recebeu delegação. Por fim, estudamos a importância dos livros notariais e dos classificadores, sabendo que os livros são destinados à prática de determinados atos do serviço, já os classificadores são utilizados para facilitar a conferência de dados, geralmente existe um para cada tipo de ato.

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Escrituras públicas: características gerais

OBJETIVOS:

Muito você já deve ter ouvido falar em escritura pública, mas você sabe o que vem a ser de fato esse documento?

Estudaremos neste capítulo o que constitui esse documento e os seus requisitos. Sendo um assunto de fundamental importância envolvendo o notário.

Conceituando escritura pública

Você já deve ter ouvido falar em escritura pública, estudamos no capítulo anterior que é de competência do tabelião de notas lavrar a escritura pública, mas agora vem a pergunta, o que vem a ser escritura pública?

Loureiro (2017) conceitua escritura pública como o documento público escrito por tabelião em seu livro de notas. Neste documento, o notário deve registrar e autenticar as declarações de vontade das partes e atestar a conformidade do ato ou negócio jurídico com a lei, devendo assegurar sua validade, eficácia e autenticidade.

Assim, a escritura pública constitui em um documento público que deve ser escrito pelo tabelião em suas notas. Sendo então um documento, pois ele fixa a materialidade e traduz materialmente a vontade das partes, sendo redigido por um agente público que é titular da função notarial.

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Figura 2 – Escritura pública

Fonte: Pixabay

Acentuando esse conceito, podemos dizer que a escritura pública é usada para declarar a existência de uma situação jurídica que para as partes que solicitam é de grande relevância e tem assento no âmbito jurídica. (TIBÃES,2015)

IMPORTANTE:

É de responsabilidade do tabelião de notas esclarecer as partes sobre qualquer dúvida que elas venham a ter, com a finalidade de que o documento que está sendo produzido traduza de forma efetiva a vontade delas.

Loureiro (2017) ainda aponta que a escritura pública é a mais importante das provas pré-constituídas. Mas por que ele diz isso?

Ele diz isso porque a escritura pública é lavrada pelo tabelião sobre aquilo que se passa em sua presença e que ele assiste. Sabendo que o

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tabelião é funcionário público, ele faz nascer o documento que possui força de prova.

De acordo com o art. 108 do Código Civil “não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País” (BRASIL, 2002). Desta forma, analisando esse artigo, podemos dizer que a escritura pública é um documento essencial para que haja à validade do negócio jurídico que pretenda constituir, transferir, modificar ou renunciar direito reais sobre os imóveis que sejam de valor superior a 30 vezes o salário mínimo.

O notário tem a obrigação de aconselhar as partes e em seguida dar forma jurídica ao que elas desejam. Deve o notário ser imparcial e independente, não podendo assim agir em detrimento ou em favor de uma das partes, devendo então informar a ambas sobre os direitos e deveres que irão resultar da celebração da escritura.

NOTA:

Os direitos previstos na escritura pública somente serão constituídos após o registro desse documento notarial na unidade de registro competente.

Como ato notarial que é, a escritura pública possui forma probante e executória, ou seja, ela serve como prova e pode ser utilizada em execução. No entanto, devemos destacar que o que se considera verdadeiro são os fatos que o notário atesta ter ocorrido em sua presença, assim, isto é, é a data, local, identidade, capacidade das partes, leitura do ato, enfim, todos os atos que acontecem no cartório.

O art. 215 do Código Civil dispõe que a escritura como é um ato praticado pelo notário, possui fé pública, constituindo prova plena, assim, a lei garante que tudo aquilo que foi certificado na escritura pública está conforme a verdade, no entanto, essa presunção não é absoluta, mas

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sim relativa, pois essa verdade prevalece até que alguém não prove o contrário.

Esse artigo supramencionado também traz os requisitos que a escritura pública deve conter, salvo quando forem exigidos por lei outros requisitos, sendo estes requisitos de acordo com o §1º do art. 215 do Código Civil:

Data e local de sua realização;

Reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;

Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;

Manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;

Referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;

Declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram;

Assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.

No que se refere a esses requisitos, devemos fazer algumas observações tratadas no art. 215. A primeira dessas observações é que se alguma das partes que comparecer para lavrar a escritura pública não puder ou não souber escrever, deverá outra pessoa capaz assim por ela, a seu rogo. Outra observação importante é que se alguma das partes não

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souber a português e o tabelião não entender o idioma em que a parte se expressa, para acontecer o ato deverá haver o comparecimento de tradutor público para servir de intérprete, caso na localidade não haja tradutor público, deverá ser nomeada outra pessoa capaz, que de acordo com o tabelião, possua idoneidade e conhecimento sobre a língua.

IMPORTANTE:

A escritura pública deve ser redigida em português.

Outra importante observação elencada no §4º do art. 215 do Código Civil é de que se qualquer das partes não for conhecida do tabelião, nem puder ser identificada por documento, deverá participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e possam atestar a sua identidade.

Cuidados a serem observados pelo notário:

requisitos da escritura pública

Loureiro (2017), p. 35, aponta que antes da lavratura de qualquer ato notarial, o tabelião deve observar alguns itens, sendo eles:

a. Se as partes e os demais interessados encontram-se munidos dos documentos de identidade, sendo eles os originais, devendo possuir especialmente a cédula de identidade, sendo vedada a apresentação destes documentos replastificados;

b. Caso haja pessoas jurídicas figurando como parte, deve verificar os documentos comprobatórios da representação, como por exemplo o contrato social ou o estatuto;

c. No caso de o negócio jurídico ser realizado por mandatário, deverá o notário conferir as procurações para verificar se obedecem à forma pública ou particular correspondente ao ato a ser praticado, se outorgam

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os poderes competentes e se os nomes das partes coincidem com os correspondentes ao ato a ser lavrado. No caso de ter sido procuração por instrumento público lavrado em outro Cartório, deverá verificar se a firma de quem subscreveu o traslado ou certidão está reconhecida na comarca onde está produzindo efeitos e se, passada no estrangeiro, atende a todas as exigências legais;

d. Deve examinar os documentos de propriedade do imóvel, obrigando que seja feita a apresentação de certidão atualizada do Registro de Imóveis competente, assim como a de ações reais e pessoais reipersecutórias e de ônus reais, com prazo de validade de trinta dias;

e. Exigir os respectivos alvarás, devendo observar se a forma do juiz está autenticada pelo escrivão-diretor do feito ou se está reconhecida por tabelião, quando se tratar de partes, espólio, massa falida, herança jacente ou vacante, empresário ou sociedade empresária em recuperação judicial, incapazes e outros que dependem de autorização judicial para dispor ou adquirir imóveis ou direitos a eles relativos e, bem assim, nas hipóteses de sub-rogação de gravames;

f. Deve exigir, se não dispensadas pelo adquirente, certidões referentes aos tributos municipais e despesas condominiais que incidam sobre imóvel urbano, no caso de escritura que implique a transferência de domínio. Devendo também exigir comprovantes do pagamento de laudêmio e prova do pagamento do imposto de transmissão devido e autorizações administrativas porventura cabíveis;

g. Deve exigir sempre, nos atos que tenham por objeto imóveis rurais, o certificado de cadastro do Incra com a prova de quitação do último Imposto Rural lançado, ou relativo ao exercício imediatamente anterior, se o prazo para o pagamento daquele ainda não tiver vencido;

h. No caso de aquisição de imóveis rurais por pessoas estrangeiras, se necessário, deverá exigir autorização das autoridades competentes;

i. Deve consultar o banco de dados sobre indisponibilidades de imóveis por meio telemático (quando existente no Estado-membro da federação), com narração do resultado, horário e código da consulta;

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j. Deve informar às partes que, querendo, poderão obter certidão negativa de débito trabalhista no site do Tribunal Superior do Trabalho, em link próprio.

Devemos reforçar que a responsabilidade de lavrar o ato é exclusivamente do notário, desta forma, mesmo que as partes possuam advogados e estes apresentem modelo de escritura, quem possui a responsabilidade de lavrar é o notário.

Elementos da escritura pública

Loureiro (2017) diz que existem elementos na escritura pública que são divididos em classes, sendo elas: subjetivo, objetivo e forma.

Assim, devemos questionar, em que constitui essas classes?

Loureiro ao dizer que existem essas classes, mencionar ao que cada uma diz respeito, então vamos estudá-las.

A primeira se refere ao elemento subjetivo, ela diz respeito à pessoa que de alguma forma participa da escritura pública. Há depender do sujeito, podem ser distinguidas três modalidades distintas, sendo elas, de acordo com Loureiro (2017):

O titular de um subjetivo é o sujeito do negócio jurídico.

Desta forma, em toda escritura pública a parte ou sujeito negocial é também sujeito instrumental, tendo em vista que ele deve comparecer fisicamente ao ato de lavratura do ato notarial;

Há casos em que o comparecente do ato ou o sujeito instrumental é o procurador ou mandatário, que é nos casos em que houver representação legal ou convencional.

Neste caso, a pessoa se torna sujeito instrumental, mas não figura como parte, e sim atua em nome e no interesse dela;

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Há também casos em que as pessoas não são partes nem sujeitos do negócio, como também não figuram como representantes, podendo citar como exemplo o cônjuge, as testemunhas, o perito. Nesses casos essas pessoas figuram somente como sujeitos instrumentais.

O segundo elemento é o objetivo, esse elemento consiste nos fatos, nos atos ou negócios jurídicos. Você sabe o que vem a ser fato, ato ou negócio jurídico?

De acordo com Loureiro (2017) os fatos jurídicos são os eventos naturais ou humanos que de qualquer forma produzem efeitos jurídicos. Já os atos, correspondem aos atos que suas consequências estão previstas em lei. Por fim, o negócio jurídico constitui no acordo de vontade que produz efeito jurídico desejado e modulado pelas partes, porque assim permite a ordem normativa.

O último elemento da escritura pública é o elemento forma. Esse elemento é representado pelo comparecimento físico das partes e dos demais sujeitos instrumentais ao cartório, para que assim, o notário possa ler em voz alta a escritura, colhidas as firmas do sujeito e a autorização ou subscrição do oficial público (LOUREIRO, 2017).

IMPORTANTE:

É importante destacarmos que esses elementos devem ser produzidos em uma mesma unidade de tempo e espaço.

Após reunido esses três elementos haverá a composição da escritura pública, pois eles integram a sua estrutura, de modo a fazer com que ele tome a sua forma pública.

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NOTA:

Devemos destacar que nem o instrumento particular nem os instrumentos públicos judiciais e administrativos têm a mesma força que a escritura pública possui no que se refere aos fatos percebidos pelo notário e narrados no instrumento notarial.

Desta forma, podemos concluir o estudo sobre os elementos das escrituras públicas.

Redação da escritura pública

É importante tratarmos de como deve ocorrer a redação da escritura pública. Ela é dividida em três partes: cabeça, corpo e pé. Mas o que deve conter em cada uma dessas partes?

Na cabeça, contém todos os dados referentes ao comparecimento das partes, isto é, o local, a data, outorgantes, nome das partes. No corpo contém a exposição dos fatos, as declarações e as estipulações das partes, as declarações complementares os dados pessoais e o consentimento conjugal. Por fim, no pé da escritura deverá constar os títulos e documentos que foram apresentados, devendo conter também a outorga das partes e a autorização e, enfim, o seu encerramento.

Loureiro (2017, p.1060-1061) acentua que

Na redação da escritura deve ser utilizada a linguagem média, gramática e tecnicamente correta. As frases devem ser breves e claras, os termos exatos e precisos e os parágrafos curtos, para que a leitura se torne natural e fácil. Enfim, a redação deve ser utilizada de forma a evitar incompreensão, dúvidas e que torne difícil a interpretação, pois senão poderão surgir litígios futuros.

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Já sabemos que após lavrar a escritura pública o notário deve realizar a sua leitura, no entanto, por haver termos técnicos composição do documento, após a leitura, deverá o notário explicar de forma mais simples e didática o que está contido na escritura pública.

IMPORTANTE:

É função do notário fixar, moldar e comunicar a vontade das partes, devendo fazer em seu sentido e em seu alcance exato, a todos os membros da sociedade.

Desta forma, na redação da escritura pública, o notário escuta a vontade das partes e dá forma legal a essa vontade, para que assim ela possa atingir a sua finalidade.

RESUMINDO:

Estudamos neste capítulo o que vem a ser escritura pública.

Vimos que a escritura pública é o documento público escrito por tabelião em seu livro de notas. Neste documento, o notário deve registrar e autenticar as declarações de vontade das partes e atestar a conformidade do ato ou negócio jurídico com a lei, devendo assegurar sua validade, eficácia e autenticidade. Assim, a escritura pública é usada para declarar a existência de uma situação jurídica que para as partes que solicitam é de grande relevância e tem assento no âmbito jurídica. Ainda estudamos que a escritura pública possui força probante e executória, ou seja, ela serve como prova e pode ser utilizada em execução. Vimos quais são os requisitos que devem conter na escritura, sendo eles: data e local de sua realização; reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas; nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação; manifestação

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clara da vontade das partes e dos intervenientes; referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato; declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram; assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato. Em seguida estudamos todos os cuidados que os notários devem observar na hora de lavrar a escritura pública. Estudamos os elementos da escritura pública, sendo eles: subjetivo, objetivo e forma. E por fim, vimos como se dá a redação da escritura pública, onde é composta por cabeça, corpo e pé.

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Tipos de escritura pública

OBJETIVOS:

Sabendo que o notário é responsável por lavrar as escrituras públicas, devemos estudar quais são esses tipos de escritura e diferenciá-los, para que você possa saber quais são esses tipos que podem ser realizados pelo notário.

Vimos no capítulo anterior que a escritura pública é o documento público escrito por tabelião em seu livro de notas. Neste documento, o notário deve registrar e autenticar as declarações de vontade das partes e atestar a conformidade do ato ou negócio jurídico com a lei, devendo assegurar sua validade, eficácia e autenticidade.

Sabendo disso, estudaremos neste capítulo alguns tipos de escrituras públicas que podem ser lavradas pelo tabelião de notas.

Compra e venda de bens imóveis

O art. 481 do Código Civil dispõe que pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de determinada coisa à outra pessoa, devendo esta pessoa pagar um certo preço em dinheiro.

DEFINIÇÃO:

Loureiro (2017) diz que a compra e venda constitui em um contrato bilateral por excelência, onde uma pessoa que é chamada de vendedor, se obriga a transferir a propriedade de um bem corpóreo ou incorpóreo a outra pessoa que é chamada de comprador, onde está se obriga a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

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Figura 3 – Compra e venda de imóvel

Fonte: Freepk

Assim, Loureiro (2017) aponta que dessa definição se sobressaem quatro particularidades gerais do contrato de compra e venda, sendo elas:

1. Contrato consensual – o contrato de compra e venda é resultante da troca de consentimento com relação a um bem, devendo ser negociado por um determinado preço e eventualmente sob outras condições.

Quando o imóvel possuir valor superior a trinta salários, o contrato deve ser solene, sendo a escritura pública essencial para a validade do ato.

Desta forma, caso não se faça a escritura pública, será considerada nula de pleno direito a compra e venda;

2. Contrato a título oneroso – a prestação do vendedor supõe uma contrapartida que corresponde ao preço em dinheiro;

3. Contrato pessoal – o vendedor se obriga a transferir a propriedade, que se efetiva com a tradição ou com o registro do título;

4. Contrato sinalagmático ou bilateral – nesse contrato as duas partes assumem direitos e obrigações recíprocos, sendo eles ao mesmo tempo credor e devedor um do outro.

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IMPORTANTE:

A compra e venda é considerada um contrato de execução instantânea, pois essas obrigações podem ser executadas a um só mesmo tempo.

No que se refere às responsabilidades das partes, quando o contrato de compra e venda for silencioso, será de responsabilidade do comprador as despesas da lavratura da escritura pública e pelo seu registro no Serviço de Registro de Imóveis, sendo também de sua responsabilidade o pagamento do imposto de transmissão de bem imóvel.

Quando o vendedor do imóvel for casado, na hora de comparecer para lavratura do ato de compra e venda o notário deverá estar atento no regime de casamento dele, isto porque, o art. 1647 dispõe que nenhum cônjuge pode, sem autorização do outro, exceto no regime de separação absoluta de bens alienar ou gravar ônus real dos bens imóveis.

NOTA:

Desta forma, a regra é que quando o vendedor for casado ele deverá ter a autorização do cônjuge para realizar a lavratura da escritura de compra e venda, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens.

Existe outro importante aspecto que o notário deve observar, sendo o ele na venda de ascendente para descendente. Isto porque, o art. 496 do Código Civil traz que é anulável a venda de ascendente a descendente, com a exceção de que se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Desta forma, o notário deve observar se houve o consentimento na hora de lavratura da escritura pública, devendo dispensar o consentimento no cônjuge no caso de o regime de bens ser o de separação total.

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Padoin (2011), p. 39 aponta outra ressalva no que diz respeito ao preço, em que, caso não tenha sido totalmente quitado no momento da lavratura da escritura, as partes podem elaborar uma cláusula resolutiva estabelecendo que no caso de inadimplemento o vendedor pode extinguir o contrato ou exigir o seu cumprimento. Pode ainda, vincular a essa cláusula títulos de crédito como por exemplo nota promissória, para fins de garantia.

Deve então o notário prosseguir a todos os trâmites de lavratura da escritura.

Doação de imóveis

Doação de imóveis é outro contrato que constitui em tipo de escritura pública. Mas o que vem a ser essa doação de imóveis?

Ela constitui em um contrato onde uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra (PADOIN, 2011). Na doação, a pessoa que doa não recebe retribuição por transferir o imóvel para outra pessoa, sendo assim um contrato gratuito, mas celebrado entre pessoas vivas.

Loureiro (2017) aponta que a doação é um contrato consensual, onde se aperfeiçoa com o encontro de vontades, devendo ter a proposta e a aceitação. Essa aceitação não precisa ser expressa, sendo considerada a aceitação tácita, isto é, o silêncio faz presumir a aceitação no contrato de doação. No entanto, o art. 543 do Código Civil dispõe que pode ser dispensada a aceitação no caso de o donatário ser absolutamente incapaz, desde que seja uma doação pura, isto porque, se presume que o incapaz não possui discernimento suficiente para considerar se a doação lhe é ou não conveniente.

Para que possa realizar a doação o agente deve ser capaz, o objeto deve ser lícito, possível e determinado ou determinável e, ele deve obedecer a forma prescrita ou não proibida por lei.

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IMPORTANTE:

A capacidade é do doador, então, pode uma pessoa que ainda não possui capacidade receber a doação de bens imóveis.

Para realizar a escritura pública de doação, deve ser qualificada as partes, outorgantes doadores e outorgados donatários, que devem assinar de forma conjunta a escritura, pois é assim que irão expressar a sua vontade inequívoca de aceitação da coisa doada.

Na hora de lavrar a escritura pública é importante que o notário questione o doador quanto à imposição ou não de encargos ao donatário, e, sendo de sua vontade, deverá ser consignado. Devendo também registrar se o bem doado integra a parte disponível de seu patrimônio ou é caso de adiantamento de herança, de acordo com Padoin (2011), p. 40.

Ou fato que deve ser observado é em relação à constituição ou não de usufruto, caso seja positivo, deverá saber se vai ser temporário ou vitalício.

NOTA:

Usufruto corresponde ao direito real de usufruir do bem e os frutos desse vem, enquanto temporariamente destacado da propriedade.

Por fim, o notário deve averiguar se o doador pretende colocar cláusula de reversão, cláusula que prevê o retorno do bem objeto da doação ao doador na hipótese do art. 547 do Código Civil, que consiste no falecimento do donatário antes do doador.

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IMPORTANTE:

O art. 1653 do Código Civil estabelece que é nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública.

Pacto antenupcial

Uma terceira espécie de escritura pública de responsabilidade do tabelião de notas é o pacto antenupcial.

O que vem a ser o pacto antenupcial?

De acordo com Padoin (2011) o pacto nupcial constitui em uma celebração ocorrida antes do casamento que tem como objetivo a estipulação do regime de bens entre os cônjuges quando optarem por regime diferente do legalmente estabelecido. Desta forma, ele constitui em um negócio jurídico condicional, cuja sua eficácia está subordinada à existência do casamento. Assim, se não sobrevier casamento, não terá qualquer repercussão.

Para que possa realizar o pacto nupcial, as partes devem ter o mesmo requisito que é exigido para casar, assim, devem ter mais de 16 anos de idade. Importante destacarmos que entre os 16 anos e os 18, esse pacto deve ser assinado pelo representante legal.

Caso alguma das partes não possa comparecer no cartório para lavrar a escritura pública referente ao pacto, qualquer pessoa poderá fazer por meio de procuração, desde que a procuração seja pública e específica para o ato, devendo estabelecer o regime de bens que deverá vigorar entre os cônjuges.

Você sabe qual a finalidade do pacto nupcial? Ele possui a finalidade de regular as relações referentes ao patrimônio entre os cônjuges, desta forma, ele não estabelece outros direitos.

Devemos dizer a vocês que no Brasil de acordo com Padoin (2011) existem quatro regimes legalmente previstos, sendo eles:

(40)

Regime de comunhão parcial;

Regime de comunhão de bens;

Regime de separação de bens;

Regime de participação final nos aquestos.

O único regime que dispensa a lavratura do pacto antenupcial é o de comunhão parcial, isto porque ele é o regime previsto no art. 1640 do Código Civil. Desta forma, se as partes não fizerem a lavratura do pacto, presumir-se-á que o regime adotado foi o de comunhão parcial.

IMPORTANTE:

Padoin (2011) traz que os cônjuges podem estabelecer regras diferentes do regime estabelecido em lei, mas deve estar previsto no pacto. Cabe ao tabelião esclarecer sobre as regras e as consequências de cada regime.

Para que o pacto antenupcial surta efeitos com relação a terceiros, ele deve ser registrado em livro especial, pelo oficial do registro de imóveis do domicílio dos cônjuges, de acordo com o art. 1657 do Código Civil.

Declaração de união estável

Você sabe o que vem a ser união estável?

A união estável vem disposta no art. 1723 do Código Civil, onde dispõe que é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

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IMPORTANTE:

Com a evolução do conceito de família, considera-se também como união estável a relação homoafetiva nos mesmos termos do art. 1723 do Código Civil.

Assim, é de responsabilidade do notário fazer a lavratura de escritura pública que declara a união estável. De acordo com Padoin (2011) as pessoas que vivem em união estável, ou seja, convivem como se fossem casados há algum tempo, podem lavrar instrumento público no qual declarem o tempo em que mantém esta condição, podendo inclusive estabelecer o que lhes agradar quanto aos seus bens, tal como acontece nos pactos antenupciais.

Desta forma, deve o notário seguir todos os trâmites para a lavratura da escritura pública declaratória de união estável, onde é ideal que seja indicado o tempo de convivência em comum. Caso as partes desejem desfazer a união estável, pode ser lavrada uma nova escritura, sendo ela a de revogação com dissolução da união.

Um fato muito importante que devemos trazer é que, caso uma pessoa seja casada, mas separada de fato ou judicialmente, de acordo com o art. 1723 do Código Civil, poderá lavrar a declaração de união estável, devendo comprovar a sua situação perante o notário, no momento em que for fazer a lavratura da escritura, por intermédio de testemunhas, as quais devem atestar não somente a existência da união estável, como também a da separação, quando for o caso.

Assim como no pacto antenupcial, na lavratura da declaração da união estável, as partes podem estabelecer o seu regime de bens, no entanto, caso não estabelecerem, o regime de bens será o regime disposto como usual no Código Civil, isto é, o de comunhão parcial de bens.

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Divórcio, separação, inventário e partilha

Em 2007 houve a promulgação da Lei nº11441, em que foi instituída a separação, o divórcio, a partilha e o inventário extrajudicial, onde trouxe a oportunidade dos interessados realizarem esses atos no Tabelionato de Notas.

IMPORTANTE:

Se fala que podem as partes realizarem o divórcio, a separação, o inventário e a partilha no Tabelionato de Notas, no entanto, não é obrigatório que seja adotado esse procedimento.

Quando da lavratura desses documentos, é necessário a participação de advogado, devendo então as partes comparecerem no Tabelionato de Notas já assistidas e acompanhadas pelo profissional da advocacia, o qual deverá ser qualificado e sua assinatura deve constar do ato notarial, sob pena de nulidade (PADOIN, 2011). Sobre esse assunto, dispõe o §2º do art. 610 do Código de Processo Civil “O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.”

Requisitos para lavratura das escrituras públicas de separação e divórcio consensuais

Os requisitos para lavratura da escritura pública de separação consensual estão elencados no art. 47 da Resolução 35/2007 do Conselho Nacional de Justiça, sendo eles:

Um ano de casamento;

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Manifestação de vontade espontânea e isenta de vícios em não mais manter a sociedade conjugal e desejar a separação conforme cláusulas ajustadas;

Ausência de filhos menores não emancipados ou incapazes do casal;

Inexistência de gravidez do cônjuge virago ou desconhecimento acerca desta circunstância;

Assistência das partes por advogado, que poderá ser comum.

Importante reforçarmos que para que a separação e o divórcio sejam feitos de forma extrajudicial é necessário que ela seja consensual, pois, caso haja litígio, ela deverá ocorrer na esfera judicial.

Requisitos para lavratura das escrituras públicas de inventário e partilha de bens

A disposição dos artigos 610 e 611 do Código de Processo Civil é Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial.

§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.

§ 2 o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

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Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. (BRASIL, 2015)

Quanto a partilha, o art. Art. 659 dispõe que “a partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663 .”

Deste modo, desses dispositivos podemos trazer que constitui requisitos do inventário e da partilha extrajudicial:

Que todos as partes que estejam envolvidas sejam maiores e capazes;

Que não exista testamento;

Havendo concordância de todas as pessoas envolvidas, sendo esse é principal requisito, pois havendo uma única discordância, o único caminha que poderão seguir é o do inventário judicial.

Desta forma, preenchendo esses requisitos, o notário poderá lavrar por meio de escritura pública o divórcio, a separação, o inventário e a partilha.

Assim, concluímos nosso estudo sobre alguns dos principais tipos de escritura pública.

(45)

RESUMINDO:

Estudamos neste capítulo alguns tipos de escrituras públicas. Começamos estudando sobre a lavratura da compra e venda de bens imóveis, onde um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de determinada coisa à outra pessoa, devendo esta pessoa pagar um certo preço em dinheiro, estudando as particularidades para lavratura desse ato perante o notário. Em seguida estudamos sobre a doação de imóveis que constitui em um contrato onde uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra, devendo o notário lavrar essa escritura. Estudamos também sobre o pacto antenupcial que constitui em uma celebração ocorrida antes do casamento que tem como objetivo a estipulação do regime de bens entre os cônjuges quando optarem por regime diferente do legalmente estabelecido. Vimos em que consiste a declaração de união estável, sendo ela uma entidade familiar, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família, assim, é de responsabilidade do notário fazer a lavratura de escritura pública que declara a união estável. Em seguida, estudamos a inovação trazida pela Lei nº11441, em que foi instituída a separação, o divórcio, a partilha e o inventário extrajudicial, onde trouxe a oportunidade dos interessados realizarem esses atos no Tabelionato de Notas. Estudando os requisitos para lavratura dessa escritura pública em cada um desses casos.

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