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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS ATUARIAIS, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE ECONOMIA JULIANA BARROS DE OLIVEIRA

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS ATUARIAIS, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE ECONOMIA

JULIANA BARROS DE OLIVEIRA

ECOTURISMO COMO ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL LOCAL: O CASO DA PRAINHA DO CANTO VERDE,

BEBERIBE/CE

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JULIANA BARROS DE OLIVEIRA

ECOTURISMO COMO ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL LOCAL: O CASO DA PRAINHA DO CANTO VERDE,

BEBERIBE/CE

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade - FEAAC, da Universidade Federal do Ceará - UFC, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientadora: Profª. Dra. Sandra Maria dos Santos

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

O47e Oliveira, Juliana Barros de.

Ecoturismo como alternativa para o desenvolvimento sustentável local: o caso da Prainha do Canto Verde, Beberibe/CE / Juliana Barros de Oliveira. – 2012.

105 f.; il.; enc.; 30 cm.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Ciências Econômicas, Fortaleza, 2012.

Orientação: Profª. Dra. Sandra Maria dos Santos.

1. Desenvolvimento sustentável 2. Ecoturismo I. Título.

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JULIANA BARROS DE OLIVEIRA

ECOTURISMO COMO BASE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL LOCAL: O CASO DA PRAINHA DO CANTO VERDE, BEBERIBE/CE

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade - FEAAC, da Universidade Federal do Ceará - UFC, como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Aprovada em ____/____/________.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Profª. Dra. Sandra Maria dos Santos (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_____________________________________________ Profº Dr. José Jesus de Sousa Lemos

Universidade Federal do Ceará (UFC) / Departamento de Teoria Econômica (DTE)

_____________________________________________ Ma. Lydia Maria Portela Fernandes

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe pela disponibilidade, sacrifícios e o amor que sempre me dedicou, e que sem dúvida foi a grande responsável por estar concluindo mais uma etapa de minha vida.

Agradeço ao meu pai, por todo investimento feito em nome de minha educação, e por todo amor e afeto que jamais conseguiria exprimir em poucas palavras.

Agradeço à minha irmã, pela força e grande incentivo que foram fundamentais no resultado.

Ao Paulo Denys, pelo amor, paciência e principalmente, por sempre estar ao meu lado nos momentos que mais preciso.

Agradeço à minha madrinha de coração, Tia Lourdinha, pelo apoio, ajuda e carinho ao longo deste percurso.

Aos meus queridos e sinceros amigos, aqui representados por Daniele Rocha, Lucas Almeida, Ana Aragão e Gedenia de Paula, pois cada um, à sua maneira, me apoiou e incentivou para a realização deste trabalho.

Minha sincera estima a orientadora Profª. Sandra Maria dos Santos pela atenção e sabedoria que sempre me dedicou.

Aos professores participantes da Banca examinadora Lydia Fernandes e José Lemos, pelas valiosas colaborações e sugestões.

A todos os professores que me ensinaram e auxiliaram ao longo desses anos.

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"Quando a última árvore for cortada, quando o último rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim, eles verão que dinheiro não se come...”

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RESUMO

O objetivo geral desse estudo é avaliar os efeitos do projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde nas dimensões do Desenvolvimento Sustentável Local. O referido tema possui atualmente grande relevância em razão do crescimento cada vez maior da prática do ecoturismo, como uma alternativa capaz de promover o desenvolvimento sustentável. A Prainha do Canto Verde tem sido divulgada internacionalmente como um caso de sucesso em desenvolvimento turístico, e isso se deve, principalmente, à participação da comunidade nesse processo de desenvolvimento local com vistas à preservação do ambiente natural daquela região. Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória e descritiva, fazendo uso do método do estudo de caso. Foi feita uma pesquisa de campo na localidade, com a aplicação de um questionário junto aos turistas e moradores do entorno da Prainha do Canto Verde – Beberibe/CE. Dessa forma, nos dias 30 de junho e 01 de julho de 2012 os questionários foram aplicados a 14 (quatorze) turistas que visitavam o local e a 22 (vinte e dois) moradores do entorno da Reserva Extrativista da Prainha do Canto Verde – Beberibe/CE. Na percepção dos turistas, a Prainha do Canto Verde encanta pelas belezas naturais, pela tranquilidade, culinária, segurança e conforto dos serviços prestados no local. Entretanto, todos os turistas entrevistados demonstraram a preocupação no que diz respeito à existência de lixo na praia. Já com relação aos moradores do entorno da Reserva Extrativista da Prainha do Canto Verde, apesar de não estarem sendo contemplados com esse projeto turístico, informaram que, com relação aos residentes da área, os mesmos buscaram garantir a participação da comunidade para o desenvolvimento de seu próprio projeto turístico, no intuito de garantir a melhor distribuição de renda, melhoria da qualidade de vida da população, e, principalmente, buscando garantir que o ambiente possa se usufruído pelas gerações futuras.

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ABSTRACT

The main objective of this under graduation Monograph was to evaluate the ecotourism project of Prainha Canto Verde, a place situated in Ceará State, Brazil. This evaluation was made in attention to the capability of this project to be included as sustainable development. Prainha do Canto Verde has been showed internationally as a success case of sustainable tourism in Ceará State. Substantial part of this diffusion should be credited to the organization faced bay its population, who stressed the abundance of natural resources sprayed all over that place. In this document we made a exploratory search using case study methodology. It was made a survey in the place, using questionnaires to investigate opinions of tourists and the people living in Prainha do Canto Verde. Such survey took place from June 30th to July first of 2012. Form the tourists point of view, who were surveyed, this place should be classified as a warm and secure place. The culinary is delicious, as well the place seemed secure for the majority of them. All of them showed preoccupation with the garbage destination, as they had seen such detracts off shore. The people

living in the place said that instead the fact the don’t participate in the tourist project,

they are trying to get some advantages as improving their income and standard of living by using that structure. In doing so, they think that are contributing to preserve the natural resources for the future generations, as recognize the sustainable development.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 - Localização da Prainha do Canto Verde no Brasil e no Estado do Ceará

... 53

Figura 02 - Localização da Prainha do Canto Verde no Litoral Cearense ... 54

Figura 03 - RESEX da Prainha do Canto Verde ... 56

Figura 04 - Limite leste da RESEX da Prainha do Canto Verde ... 57

Figura 05 - Limite oeste da RESEX da Prainha do Canto Verde ... 57

Figura 06 - Lagoa: Comunidade Córrego do Sal ... 64

Figura 07 - Lagoa: Comunidade Córrego do Sal ... 64

Figura 08 - Lixo na praia: entorno da RESEX da Prainha do Canto Verde ... 68

Figura 09 - Registro da presença de atividade pesqueira na comunidade Ariós... 71

Figura 10 - O mar: entorno da RESEX da Prainha do Canto Verde ... 80

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Meio de transporte utilizado para ter acesso a Prainha do Canto Verde60 Tabela 02 - Informação quanto ao tipo de companhia utilizada para realização de

visita a Prainha do Canto Verde ... 60

Tabela 03 - Meio de hospedagem utilizado pelos turistas na Prainha do Canto Verde ... 60

Tabela 04 - Número de visitas à Prainha do Canto Verde ... 61

Tabela 05 - Principais motivações para o turismo na Prainha do Canto Verde ... 62

Tabela 06 - O que mais gostou na Prainha do Canto Verde? ... 63

Tabela 07 - Pretende voltar a Prainha do Canto Verde? ... 65

Tabela 08 - Percepção quanto à preocupação dos moradores da Prainha do Canto Verde com à preservação ambiental ... 66

Tabela 09 - Distribuição dos moradores do entorno da Reserva Extrativista da Prainha do Canto Verde, segundo a escolaridade ... 69

Tabela 10 - Distribuição dos moradores do entorno da Reserva Extrativista da Prainha do Canto Verde, segundo a renda familiar ... 70

Tabela 11 - Distribuição dos moradores do entorno da Reserva Extrativista da Prainha do Canto Verde, segundo a fonte de renda familiar ... 70

Tabela 12 - Dimensão social do Projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde: percepção dos moradores do entorno ... 73

Tabela 13 - Dimensão social do Projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde: percepção dos moradores do entorno ... 74

Tabela 14 - Dimensão ambiental: Coleta de lixo ... 75

Tabela 15 - Dimensão territorial do Projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde: percepção dos moradores do entorno ... 76

Tabela 16 - Dimensão econômica do Projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde: percepção dos moradores do entorno ... 77

Tabela 17 - Dimensão econômica do Projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde: percepção dos moradores do entorno ... 78

Tabela 18 - Atrativos turísticos da Prainha do Canto Verde ... 79

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 18

2.1 Discussão Conceitual ... 18

2.2 Dimensões do desenvolvimento sustentável ... 21

2.2.1 Dimensão Social ... 22

2.2.2 Dimensão Ambiental ... 24

2.2.3 Dimensão Territorial ... 26

2.2.4 Dimensão Econômica ... 28

2.2.5 Dimensão Política ... 29

2.2.6 Dimensão Cultural ... 31

2.3 Desenvolvimento Sustentável Local ... 32

3 ECOTURISMO: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL LOCAL ... 35

3.1 Considerações sobre Turismo ... 35

3.2 Ecoturismo ... 39

3.3 Desenvolvimento Sustentável Local e Ecoturismo ... 43

4 METODOLOGIA ... 50

4.1 Natureza da pesquisa ... 50

4.2 Coleta de dados ... 51

4.3 Projeto turístico da Prainha do Canto Verde – Beberibe/CE: estudo de cas ... 52

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 59

5.1 Prainha do Canto Verde na perspectiva do turista ... 59

(14)

5.1.2 Percepção do turismo pelo visitante... 59

5.2 Turismo sustentável na Prainha do Canto Verde na percepção dos moradores do entorno da Reserva Extrativista ... 68

5.2.1 Perfil dos moradores do entorno da Reserva Extrativista da Prainha do Canto Verde ... 69

5.2.2 Percepção do Projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde pelos moradores do entorno da Reserva Extrativista ... 72

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 84

REFERÊNCIAS ... 89

(15)

1 INTRODUÇÃO

O turismo é uma das atividades econômicas que mais cresce em nível mundial, especialmente no setor de serviços. Conforme a Organização Mundial do Turismo (OMT), cerca de 6 a 8% do total de empregos gerados no planeta depende do turismo e, ainda, as atividades turísticas movimentam diretamente 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no mundo (OMT, 2006).

Segundo o Ministério do Turismo (2009), a importância econômica do turismo se deve principalmente ao seu potencial em gerar renda e empregos, já que juntamente com a expansão do turismo surgem empregos e, consequentemente, há desenvolvimentos de locais que se tornam turísticos, conforme abaixo descrito:

O turismo vem ganhando importância crescente em todo o mundo, em virtude do seu papel relevante no desenvolvimento econômico e social, gerando renda e empregos diretos e indiretos. É uma atividade de demanda, associada ao consumo, sendo seu desempenho fortemente influenciado pelo crescimento no nível de renda dos consumidores efetivos e dos demandantes potenciais. (BRASIL, 2009)

A economia de um país beneficia-se do turismo de maneira direta com a despesa realizada pelos turistas e próprios equipamentos turísticos e de apoio e, de maneira indireta, através de despesa efetuada pelos equipamentos e prestadores de serviços turísticos na compra de bens e serviços de outro tipo (BARRETTO, 2003).

(16)

Contudo, não se deve conceber o turismo apenas como uma fonte de geração de empregos e rendas, pois esta mesma atividade turística quase sempre é responsável pela degradação de riquezas naturais e culturais (IRVING, 2002).

Neste contexto, Ruschmann (1997, p.24) informa que:

Os equipamentos e serviços instalados para atender ao turismo de massa provocam uma série de efeitos negativos sobre o meio ambiente: a destruição da cobertura vegetal do solo, a devastação das florestas, a erosão das encostas, a ameaça de extinção de várias espécies da fauna e da flora, a poluição sonora, a visual e a atmosférica, além da contaminação de águas de rios, lagos e oceanos.

A atividade turística não é diferente das diversas atividades econômicas que têm ação destrutiva no que diz respeito à forma que afeta a qualidade de vida das comunidades locais. Portanto, é necessário que o turismo esteja comprometido com as demandas sociais e ambientais, evitar que o desejo de se alcançar crescimento econômico e a conservação dos recursos naturais dificultem a acesso das populações locais aos benefícios gerados pelo seu desenvolvimento (MENDONÇA, 2004):

A realidade contemporânea, no entanto, mostra que o modelo de desenvolvimento econômico vigente não pode mais ser mantido, pois as diversas estratégias econômicas em curso estão associadas a um sistema político-operacional que rapidamente destrói dois processos importantes para a vida humana: o processo de manutenção de recursos naturais e o desenvolvimento das comunidades locais. (MENDONÇA, 2004, p. 2).

(17)

Nesse contexto é que se encontra o ecoturismo, também denominado de turismo verde, turismo responsável, turismo sustentável, dentre outras denominações empregadas para designar essa atividade, no qual o turista está ciente que encontra-se em uma área natural, a qual deve preservar e ainda promover o bem estar dos habitantes locais (WESTERN, 1999).

O ecoturismo vem crescendo em todo o planeta de 5 % a 8% ao ano e atualmente, conforme dados da OMT (Organização Mundial do Turismo) é responsável pela movimentação de U$ 170,00 (cento e setenta) a U$ 271 (duzentos e setenta e um) bilhões por ano (LASKOSKI, 2006).

O ecoturismo constitui um instrumento na busca pela promoção do desenvolvimento sustentável local, que deve sempre ser utilizado nas áreas com potencial natural, pois o mesmo proporcionará benefícios não somente às empresas do ramo turístico, mas também ao comércio, aos habitantes e ainda ao poder público local (SORIA, 2007).

Com base nas colocações acima, o presente trabalho apresenta como

tema o “Ecoturismo como alternativa para o Desenvolvimento Sustentável Local: o caso da Prainha do Canto Verde – Beberibe/CE”, tendo em vista o local ser

considerado referência no que diz respeito ao potencial natural, e participação da comunidade no processo do próprio desenvolvimento, através da luta pela posse da terra contra grileiros e agentes imobiliários (MENDONÇA, 2009).

[...] Os moradores da Prainha do Canto Verde desenvolveram um projeto turístico considerado como uma solução local na busca de alternativas contra um sistema caracterizado pela: crise da pesca; grilagem de terras; expulsão dos nativos; especulação imobiliária e falta de participação efetiva dos moradores na tomada de decisão em instâncias diversas.

(18)

[...] tem sido divulgada internacionalmente como um caso de sucesso em desenvolvimento turístico, e de maneira distinta às demais características e componentes que levaram os atores sociais a enfrentar os desafios do processo participativo e transformá-los em realidade (MENDONÇA; IRVING, 2004. p. 14).

Por fim Mendes e Coriolano (p. 13) concluem que:

Em Canto Verde o turismo vem sendo desenvolvido com baixos custos, atendendo uma pequena demanda e, sobretudo, complementando a renda das famílias de pescadores que ali residem. Esse trabalho de turismo comunitário tem contribuído para a inclusão das mulheres no processo produtivo local, para a inclusão do trabalho dos pescadores na época do defeso e para a permanência dos jovens que passam encontrar oportunidades de trabalho e crescimento pessoal dentro do seu lugar.

Diante desse contexto, surgiu o interesse em desenvolver este estudo. A metodologia desta monografia compreende pesquisas de natureza exploratória e descritiva, fazendo uso do método do estudo de caso. Foi feita uma pesquisa de campo na localidade, com a aplicação de um questionário junto aos turistas e moradores do entorno da Prainha do Canto Verde – Beberibe/CE.

O objetivo geral deste trabalho, portanto, consiste em avaliar os efeitos do projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde nas dimensões do Desenvolvimento Sustentável Local propostos por Sachs (1993, 2004). Tem-se como objetivos específicos: avaliar as condições locais da Prainha do Canto Verde do ponto de vista do turista; identificar os efeitos do Projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde para a comunidade local, na percepção dos moradores do entorno; e elaborar um contraponto entre os aspectos positivos e negativos do projeto de Ecoturismo da Prainha do Canto Verde.

(19)

Na seção 2 apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre o tema desenvolvimento sustentável e desenvolvimento sustentável local. Procurou-se abordar o assunto qualificando-o nas dimensões social, ambiental, territorial, econômica, política e cultural.

Na seção 3 apresenta-se uma revisão de literatura sobre o tema turismo e ecoturismo, sendo este último abordado como alternativa para alcançar o desenvolvimento sustentável local.

Na seção 4 será apresentada a metodologia da pesquisa e desenvolvido o estudo de caso, apresentando o projeto turístico da Prainha do Canto Verde –

Beberibe/CE.

Na seção 5 serão identificadas as análises dos resultados da pesquisa de campo.

Na seção 6 estão apresentadas as considerações finais do trabalho e conclusão da pesquisa.

(20)

2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A problemática que envolve o termo desenvolvimento sustentável tem suas raízes nas mudanças ocorridas ao longo deste século, sobretudo naquelas relacionadas com o processo de industrialização (ASSIS, 2003).

Em 1987, a partir da reunião da comissão Brundtland, surgiram os métodos para enfrentamento da crise ambiental e a definição oficial do conceito de desenvolvimento sustentável, além também da elaboração do relatório “Nosso Futuro Comum”, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) (CMMAD, 1991).

Com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992, muitos países, objetivando atingir o desenvolvimento sustentável, optaram por uma estratégia de ação denominada

“Agenda 21”, onde estão contidos os princípios básicos para a construção de uma sociedade sustentável. Através desses documentos, governos se comprometeram a promover o desenvolvimento econômico e social, sem deixar de lado a preservação ambiental (MALHEIROS; PHLIPPI; COUTINHO, 2008).

2.1 Discussão Conceitual

Primeiramente, ressalta-se que a temática desenvolvimento sustentável quase sempre é objeto de grandes discussões, como também de análises e estudos, sendo essencial para sua compreensão, definir-se o que seria desenvolvimento sustentável (OLIVEIRA, 2006).

(21)

Desenvolvimento sustentável pode ser entendido como a forma de desenvolvimento que satisfaz as necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de alcançar a satisfação de seus próprios interesses. Essa ideia contém dois elementos-chave:

a) O conceito de “necessidade”, em particular as necessidades

essenciais dos países pobres, para as quais deve ser dada prioridade absoluta;

b) A ideia da existência de limitações à capacidade do meio ambiente satisfazer as necessidades atuais e futuras impostas pelo estágio atual da tecnologia e da organização social (CMMAD, 1991, p. 46).

Porém, segundo esse relatório, para se conquistar a sustentabilidade é necessário que os países desenvolvidos e os em desenvolvimento caminhem juntos, rumo à elaboração de um conceito de desenvolvimento sustentável comum a todos, e principalmente, supondo que para a conquista do desenvolvimento é necessária

uma “transformação progressiva da economia e da sociedade” (CMMAD, 1991).

Para Molina e Rodriguez (2001), o desenvolvimento sustentável seria o conjunto de esforços que visam melhorar a qualidade de vida da sociedade, proporcionando um progresso que conserve a biodiversidade existente no planeta.

Porém, ensina Ashton (2009), para que seja possível compreender a sustentabilidade não se pode levar em consideração somente a questão ambiental:

[...] sustentabilidade envolve questões econômicas, sociais, culturais e ambientais, sendo que o seu nível de influencia e de compreensão abrange a cultura e a sociedade, estando diretamente ligada aos indivíduos e ao seu comportamento e, principalmente, as suas ações. Assim, adquire aspecto sistêmico, relacionado com a continuidade dos elementos intrínsecos ao desenvolvimento humano, não podendo ser compreendida apenas relacionada as questões ambientais. (ASHTON, 2009, p. 69)

(22)

“preventivos” necessários para estruturar politicas que tenham como pontos importantes práticas econômicas, científicas, educacionais, conservacionistas, voltadas à realização do bem-estar geral de toda sociedade.

Ainda neste mesmo sentido, a autora enfatiza que:

Desenvolvimento sustentável implica, então, no ideal de um desenvolvimento harmônico da economia e ecologia que deve ser ajustado numa correlação de valores onde o máximo econômico reflita igualmente um máximo ecológico. Na tentativa de conciliar a limitação dos recursos naturais com o ilimitado crescimento econômico, são condicionadas à execução do desenvolvimento sustentável mudanças no estado da técnica e na organização social. (DERANI, 1997, p. 127).

Ensina Buarque (2002) que o alcance do desenvolvimento sustentável é um processo que demanda tempo:

O desenvolvimento sustentável consiste, assim, numa transição para um novo estilo de organização da economia e da sociedade com equidade social e conservação ambiental. Essa transição de um estilo insustentável para um sustentável deve, contudo, enfrentar e redesenhar a rigidez e as restrições estruturais, que demandam tempo e iniciativas transformadoras da base da organização da sociedade e da economia. (BUARQUE, 2002, p. 70).

Sendo que, “[...] o desenvolvimento sustentável deve conciliar, por longos

períodos, o crescimento econômico e a conservação dos recursos naturais”.

(EHLERS, 1999, p. 103).

Para Tietenberg (1994, p. 94), o desenvolvimento sustentável é aquele

que consegue “[...] elevar o padrão de vida da geração atual, sem destruir a base de

recursos naturais e ambientais, da qual depende, em última instância, toda a

(23)

Dessa forma, desenvolvimento sustentável é aquele que resguarda “[...] a

renovação dos recursos renováveis e a exploração não predatória dos recursos não

renováveis, de forma que possam servir às gerações futuras”. (GOMES, 1999, p.

180).

Para Milaré (2001, p. 41) a temática do desenvolvimento sustentável, vem tomando força devido a sociedade estar cada vez mais preocupada com a problemática ambiental:

Por isso, nos últimos anos, a sociedade vem acordando para a problemática ambiental, repensando o mero crescimento econômico, buscando fórmulas alternativas, como o desenvolvimento sustentável ou o ecodesenvolvimento, cuja característica principal consiste na possível e desejável conciliação entre o desenvolvimento, a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida –

três metas indispensáveis.

Por fim, pode se afirmar que intrinsicamente nos conceitos de desenvolvimento sustentável há fundamentos essenciais ao progresso, sendo esses fundamentos consequência da conscientização ambiental. Contudo, observa-se que até os dias atuais, existem várias definições para o termo desenvolvimento sustentável.

O presente estudo analisa o termo desenvolvimento sustentável sob uma visão de que envolve 6 (seis) dimensões de sustentabilidade, social, ambiental, territorial, econômica, política e cultural, que serão exploradas a seguir.

2.2 Dimensões do desenvolvimento sustentável

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Sachs (2004, p. 15) ainda se pronuncia acerca da sustentabilidade do desenvolvimento:

Baseada no duplo imperativo ético de solidariedade sincrônica com a geração atual e de solidariedade diacrônica com as gerações futuras. Ela nos compele a trabalhar com escalas múltiplas de tempo e espaço, o que desarruma a caixa de ferramentas do economista convencional. Ela nos impele ainda a buscar soluções triplamente vencedoras, eliminando o crescimento selvagem obtido ao custo de elevadas externalidades negativas, tanto sociais quanto ambientais.

Assim, para que o desenvolvimento se caracterize como consistente é necessário que esteja equilibrado nas dimensões de sustentabilidade geo-ambiental, sócio-econômica e político institucional, por exemplo.

Ainda é possível destacar a dimensão técnico-cientifica, pois segundo Lemos (2007, p. 31) esta dimensão “[...] objetiva a perseguição de metas e objetivos que assegurem o avanço do conhecimento cientifico e tecnológico em beneficio de toda a sociedade, estimulando um processo continuo de inovações dentro da sociedade.”

Contudo, conforme objetivo deste estudo será abordado as dimensões propostas por Sachs (1993, 2004), tendo em vista que segundo ela deve ser feito um planejamento adequado através da consideração de seis dimensões, a saber: social, econômica, ecológica, espacial, política e cultural.

2.2.1 Dimensão Social

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Para Sachs(1993, p. 37) a dimensão social deve ser sustentada por outra visão de crescimento e de sociedade:

A meta é construir uma civilização com maior equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres. (Sachs, 1993, p. 37)

Para Cavalcanti (1998, p. 161), consiste a dimensão social, “[...]

possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida

para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema”.

De acordo com Melo Neto e Froes (2001) a sustentabilidade social, seria o esforço conjunto obtido da união de empresas socialmente responsáveis com o poder público e ainda, com a sociedade civil e demais instituições que têm como objetivo principal a melhoria do bem estar populacional.

Sendo assim, a dimensão social envolve promover o desenvolvimento do ser humano por meio do desenvolvimento econômico, ambiental e social. (ALMEIDA

et al., 1999).

Assim sendo, é imprescindível e essencial que ocorra uma “[...]

mobilização econômico-social que vise à contínua melhoria da qualidade de vida e do bem-estar social dos setores carentes e mais fragilizados”. (PINTO, 2003, p.15).

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Portanto, finalizando, pode se dizer que o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade social estão relacionados fortemente, sendo que a esta última consiste em promover e manter o bem estar da população, não somente atualmente, mas também futuramente.

Tem a sustentabilidade social o escopo de promover melhorias nas condições de vida da população e diminuir a diferença entre os padrões de vida das distintas classes sociais existentes.

2.2.2 Dimensão Ambiental

Para Sachs (2004, p. 15) a dimensão ambiental consiste nos “[...] sistemas de sustentação da vida como provedores de recursos e como ‘recipientes’ para a disposição de resíduos.”

Sachs (1993, p. 37) também informam que a sustentabilidade ecológica pode ser melhorada através da utilização das seguintes ferramentas:

- ampliar a capacidade de carga da espaçonave Terra, através da criatividade, isto é, intensificando o uso do potencial de recursos dos diversos ecossistemas, com um mínimo de danos aos sistemas de sustentação de vida;

- limitar o consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis ou danosos ao meio ambiente, substituindo-os por recursos ou produtos renováveis e/ou abundantes, usados de forma não- agressiva ao meio ambiente; - reduzir o volume de resíduos e de poluição, através da conservação de energia e de recursos e da reciclagem;

- promover a autolimitação no consumo de materiais por parte dos países ricos e dos indivíduos em todo o planeta;

- intensificar a pesquisa para a obtenção de tecnologias de baixo teor de resíduos e eficientes no uso de recursos para o desenvolvimento urbano, rural e industrial;

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econômicos, legais e administrativos necessários para o seu cumprimento.

Portanto, a dimensão ambiental consiste em condutas e ações que possuem como escopo principal, ou seja, objetivo primário, a precaução e redução de lesões ambientais ocasionadas pelo desenvolvimento.

Para Manzini e Vezzoli (2005, p. 27), a dimensão ambiental:

[...] refere-se às condições sistêmicas segundo as quais, em nível regional e planetário, as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência (propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica) do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu capital natural, que será transmitido às gerações futuras

É importante salientar que o maior desenvolvimento no aspecto econômico não implica necessariamente em uma degradação ambiental maior, do mesmo modo que um menor desenvolvimento econômico não implica obrigatoriamente em uma menor degradação ao meio ambiente (OLIVEIRA, 2001).

O maior ou menor impacto ambiental causado pelo desenvolvimento econômico dependerá do modo com que o planejamento de utilização dos recursos naturais seja elaborado. Se for elaborado um planejamento que possibilite meios de garantir a preservação ambiental, se terá um desenvolvimento pautado na sustentabilidade ambiental. (OLIVEIRA, 2001).

A sustentabilidade ambiental será possível de ser alcançada por meio da utilização adequada dos recursos naturais disponíveis, devendo sempre se considerar nesta utilização dos referidos recursos as próximas gerações. (BARBOSA; ZAMOT, 2004).

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[...] um fato concreto e indiscutível é que as atividades humanas estão utilizando os serviços ambientais em um ritmo tal que já não é mais garantida a capacidade dos ecossistemas de atenderem às necessidades das futuras gerações.

É ainda importante frisar, neste contexto, que “[...] O uso excessivo do

recurso natural rompe o equilíbrio do sistema ambiental e social e quebra o sistema econômico.” (ALMEIDA, 2005, p. 137).

A sustentabilidade ambiental é, portanto, a utilização no presente dos recursos naturais que se tem, sem prejudicar a sobrevivência das futuras gerações, pois como se sabe, em muitos casos a degradação ambiental provocada nos dias atuais é irreversível e acarretará consequências negativas no futuro.

Deste modo é importante que as nações tenham como meta principal um desenvolvimento ambiental dotado de consciência ambiental, priorizando proporcionar uma melhor qualidade de vida à população em relação ao meio ambiente, através da redução da utilização de recursos naturais, por meio do incentivo à reciclagem e reutilização.

2.2.3 Dimensão Territorial

Para Sachs (2004), a dimensão territorial está relacionada à distribuição espacial dos recursos, das populações e das atividades.

Além disso, a sustentabilidade espacial, segundo Sachs(1993, p. 37) “[...]

deve ser dirigida para a obtenção de uma configuração rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas [...]”, dando importância às seguintes questões:

- reduzir a concentração excessiva as áreas metropolitanas;

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- promover a agricultura e a exploração agrícola das florestas através de técnicas modernas, regenerativas, por pequenos agricultores, notadamente através do uso de pacotes tecnológicos adequados, do crédito e do acesso a mercados;

- explorar o potencial da industrialização descentralizada, acoplada a nova geração de tecnologias, com referência especial ás industrias de biomassa e ao seu papel na criação de oportunidades de emprego não agrícolas nas áreas rurais [...];

- criar uma rede de reservas naturais e de biosfera, para proteger a biodiversidade. (Sachs ,1993, p. 37)

A dimensão territorial também possui como finalidade proporcionar um adequado crescimento demográfico, impedindo deste modo que determinados espaços sejam demasiadamente povoados, enquanto outros apresentem escassez populacional. Observa-se que a dimensão espacial do desenvolvimento sustentável é quase sempre ignorada pelas autoridades competentes e por suas respectivas políticas públicas (SINGH, 2004).

Não há como se promover um desenvolvimento sustentável em localidades que apresentam uma grande concentração populacional que ocupou o referido local de modo não planejado (RODRIGUES, 2001).

A dimensão espacial, assim sendo, necessita do estabelecimento de políticas direcionadas tanto para o campo econômico, como o social, que promovam o desenvolvimento de todos os territórios, através de um melhor emprego dos recursos naturais locais (SINGH, 2004).

(30)

Diante de todo o exposto, entende-se que a dimensão quanto a sustentabilidade territorial, está direcionada para o objetivo de promover uma ocupação rural-urbana com maior equilíbrio e uma melhor repartição territorial de ocupação humana e atividades de cunho econômico.

2.2.4 Dimensão Econômica

Para Sachs (1993, p. 37) a sustentabilidade econômica:

[...] deve ser tornada possível através da alocação e do gerenciamento mais eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados [...] A eficiência econômica deve ser avaliada em termos macrossociais, e não apenas através do critério da rentabilidade empresarial de caráter microeconômico.

A dimensão econômica é caracterizada pela prática de atividades econômicas que utilizem a menor quantidade possível de matérias primas e energia, buscando alcançar uma repartição mais justa da renda, pois desta forma todos os indivíduos se beneficiarão do desenvolvimento econômico (SOARES, 2006).

Para que a sustentabilidade econômica seja obtida é imprescindível a adoção de medidas estatais ou políticas que proporcionem a implantação de uma economia sustentável (LOIOLA, 2004).

Segundo Romeiro (2004), para que se obtenha a sustentabilidade econômica deve ocorrer a estabilização dos níveis de consumo por pessoa conforme a capacidade de carga do planeta (ROMEIRO, 2004).

(31)

Destaca-se que, atualmente, a economia sustentável possui como principal objetivo a promoção do desenvolvimento econômico, sem acarretar a degradação ambiental (MACHADO; SANTOS; SOUZA, 2006).

Ou seja, “[...] as bases consensuais do desenvolvimento sustentável se

referem ao ideal de harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção

ambiental”. (VIOLA; LEIS, 1995: p. 78).

Salienta-se, portanto, que existe sustentabilidade econômica quando a exploração dos recursos disponíveis ocorre de modo eficiente, proporcionando competitividade no mercado, sendo que esta exploração de modo eficiente deve sempre ocorrer de modo responsável sob o ponto de vista ambiental.

2.2.5 Dimensão Política

Para Sachs (2004, p.16) a dimensão política também contribui para o

desenvolvimento sustentável, pois “[...] a governança democrática é um valor fundador e um instrumento necessário para fazer as coisas acontecerem [...]”.

Segundo abordado no relatório Nosso Futuro Comum pela CMMAD (1991), para que se conquiste a sustentabilidade é necessária uma política que se preocupe com a utilização dos recursos disponíveis, bem como da equidade social.

O desenvolvimento supõe uma transformação progressiva da economia e da sociedade. Caso uma via de desenvolvimento se sustente em sentido físico, teoricamente ela pode ser tentada mesmo num contexto social e político rígido. Mas só se pode ter certeza da sustentabilidade física se as políticas de desenvolvimento considerarem a possibilidade de mudanças quanto ao acesso aos recursos e quanto a distribuição de custos e benefícios. (CMMAD, 1991, p. 46).

(32)

sustentável. É importante destacar a importância de uma liderança política na obtenção da sustentabilidade.

[...] não obstante a importante questão da capacidade analítica e os limites do conhecimento científico, o desafio do desenvolvimento sustentável é, antes de mais nada, um problema político e de exercício de poder, que coloca em pauta a questão das instituições político-administrativas, da participação e do processo político. (FREY, 2000, p. 116).

Sendo assim, é importante ainda a implantação de políticas públicas, para que seja possível a utilização adequada dos recursos naturais, e é, portanto, fator necessário para a obtenção da sustentabilidade ambiental (BARBOSA; ZAMOT, 2004).

Oliveira (2011, p. 193) ressalta que, sob a ótica local, tanto o território como as tradições culturais e históricas poderão ser valorizadas através da intervenção do Estado:

[...] por meio de ações educativas e de investimentos em equipamentos públicos coletivos, desde que estes últimos possam ser realmente apropriados pela coletividade e não somente por uma pequena parcela da sociedade.

Além disso, conforme sugere Lemos (2007) devem ser criados

mecanismos de “emponderamento”, para que os indivíduos possam também participar ativamente das decisões e das ações que lhes afetarão as vidas.

Este ponto é de relevância porque, muitas vezes, quem toma decisões de politicas publicas acredita que, deve fazer os seus planejamentos, sem ouvir os interessados e que serão os diretamente afetados pelas suas ações. Por essa razão, muitos bons

planejamentos” fracassaram, continuam fracassando e fracassarão

(33)

Contudo, a dimensão política trata da necessidade de uma liderança ou da autonomia dos governos locais que busquem o envolvimento social rumo a conquista da sociedade sustentável, sem desprezar as relações entre o homem e a natureza.

2.2.6 Dimensão Cultural

A dimensão cultural está diretamente relacionada às diversas formas de promover, divulgar e preservar as tradições e costumes de um determinado local. Dessa forma Sachs (1993, p.37) define sustentabilidade cultural incluindo:

[...] a procura de raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, processos que busquem mudanças dentro da continuidade cultural e que traduzam conceito normativo de ecodesenvolvimento em um conjunto de soluções específicas para o local, o ecossistema, a cultura e a área.

Lembrando que cultura é “[...] o meio pelo qual as pessoas transformam o fenômeno cotidiano do mundo material num mundo de símbolos significativos, ao qual dão sentido e atrelam valores.” (HALL apud COSGROVE; JACKSON, 2000, p. 25).

Carvalho e Vieira (2003) alertam para a influência estrangeira nas culturas, sejam através de propagandas disponíveis, seja através do turismo, pois tal influência pode levar à perda da identidade cultural de um local.

Salienta-se, neste contexto, que a atividade turística pode acarretar o desaparecimento da cultura de um determinado local, no caso da cultura do turista exercer grande influência na cultura do local receptor do mesmo (SANCHO, 2001).

(34)

economia, renunciam aos seus costumes e tradições para atenderem às necessidades dos turistas que desejam manter seus hábitos. (KRIPPENDORF, 2000).

Por fim, para Santos (2007, p. 81), a cultura é uma forma de o indivíduo e do grupo se comunicar com o universo. Além disso, a cultura:

[...] é a herança, mas também um reaprendizado das relações profundas entre o homem e o meio, um resultado obtido por intermédio do próprio processo de viver. Incluindo o processo produtivo e as práticas sociais, a cultura é o que nos dá a consciência de pertencer a um grupo, do qual é o cimento. [...]

Pode se afirmar, em relação à dimensão cultural, que a mesma é importante para o desenvolvimento sustentável, pois valoriza as tradições, costumes e conhecimentos de determinado local em favor da gerações atuais e futuras.

2.3 Desenvolvimento Sustentável Local

Para Zapata (2006), o conceito de desenvolvimento local está apoiado na ideia de que as localidades e territórios dispõem de recursos econômicos, humanos, institucionais, ambientais e culturais, economias de escalas não exploradas, que constituem seu potencial de desenvolvimento.

A preocupação com a temática que envolve o conceito de desenvolvimento local vem ganhando relevância na sua apresentação de discussões, reflexões e novas práticas e posturas no processo de desenvolvimento em todo o mundo (CORIOLANO, 2003).

(35)

Ainda segundo Coriolano (2003), a definição de desenvolvimento social e local parte como um processo de mudança na mentalidade, de câmbio social, institucional e de troca de eixo na busca do desenvolvimento, significa um desenvolvimento em escala humana, atendendo às demandas sociais:

Para ser consistente e sustentável, o desenvolvimento local deve mobilizar e explorar as potencialidades locais e contribuir para elevar as oportunidades sociais e a viabilidade e competitividade da economia local; ao mesmo tempo, deve assegurar a conservação dos recursos naturais locais, que são a base mesma das suas potencialidades e condições para a qualidade de vida da população local. (CORIOLANO, 2003, p.25).

Segundo Franco (1998), para a conquista do desenvolvimento local integrado e sustentável, tem que ser colocado como assunto prioritário à melhoria da qualidade de vida das populações envolvidas e a conquista de modosdevida mais sustentáveis, levando em consideração que qualidade de vida é o resultado de um conjunto de fatores como a economia, educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, a mobilidade, o meio ambiente natural, o ambiente social, a segurança política, o governo e a política em geral, cultura, lazer e o ócio.

Desenvolvimento local integrado e sustentável é um novo modo de promover o desenvolvimento, que possibilita o surgimento de comunidades mais sustentáveis, capazes de suprir suas necessidades imediatas, descobrir ou despertar suas vocações locais e desenvolver suas potencialidades específicas, além de fomentar o intercâmbio externo, aproveitando-se de suas vantagens locais. (FRANCO, 1998, p. 9).

(36)

Sachs (1993, p. 39) orienta que as comunidades locais têm papel fundamental para a conquista do meio de vida sustentável, pois o processo de desenvolvimento não se pode ter sucesso sem a participação dos grupos e das comunidades locais.

Da mesma forma, Franco (1998, p.19) considera um fator importante despertar a população em geral, e não apenas os seus setores mais organizados, para as possibilidades e vantagens deste novo processo:

O desenvolvimento local integrado e sustentável requer a presença de agentes de desenvolvimento governamentais, empresariais e da sociedade civil, voluntários e remunerados, colocando, por um lado, as questões da mobilização e da contratação e, por outro, a questão da capacitação desses agentes.

(37)

3 ECOTURISMO: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL LOCAL

3.1 Considerações sobre Turismo

Inicialmente, salienta-se que a palavra “turismo” advém do francês,

especificamente do vocábulo “tour”, que significa regressar ao ponto do qual se partiu. Os primeiros registros de conceituações da atividade turística definiam o turismo como sendo o deslocamento de indivíduos que possuíam em comum as mesmas características da viagem, tais como: destino, duração, hospedagem. Nos ensinamentos La Torre (1992), citado por Barretto (2003, p.13):

O turismo é um fenômeno social, que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.

Nesse contexto, o aspecto social da atividade turística envolve interrelações sociais, econômicas e culturais, proporcionadas entre o turista e o núcleo receptor.

Baldissera (2003, p.23) ensina também que o “[...] turismo não se esgota em si mesmo, antes estabelece uma rede de relações com, pode-se dizer, a totalidade das outras áreas, mesmo que em diferentes níveis e formas”.

Este mesmo sentido entende Wahab (1991, p.26), que conceitua turismo como:

(38)

país ou continente, visando à satisfação de necessidades outras que não o exercício de uma função remunerada para o país receptor, o turismo é uma indústria cujos produtos são consumidos no local formando exportações invisíveis. Os benefícios originários deste fenômeno podem ser verificados na vida econômica, política, cultural e psicossociológica da comunidade.

Segundo Barretto (1998), o aspecto social da atividade turística é tão importante quanto o econômico, pois possibilita o desenvolvimento do ser humano, seu crescimento, além da diversão, o contato com outras culturas e lugares.

Conforme aborda Crisóstomo (2004), o turismo é um setor que não se limita a aspectos econômicos. De forma mais abrangente, tenta-se definir o turismo como busca de mudança de lugar no tempo livre das pessoas e, a partir disso, são gerados fenômenos sociais, econômicos, políticos, culturais e turísticos. O agrupamento desses fenômenos deu origem a um conjunto de atividades, bens e serviços que são oferecidos a uma determinada sociedade.

Já a Organização Mundial do Turismo (OMT) define o turismo como sendo:

[…] as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e

estadias em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período de tempo, consecutivo inferior a um ano com fins de descanso, negócios e outros motivos. (OMT, 2001, p. 44).

Muitos são os conceitos existentes que definem o turismo, sendo impossível e inviável listar neste estudo, todos eles, sendo que, conforme a OMT

(Organização Mundial do Turismo) “não existe definição correta ou incorreta, uma

vez que todas contribuem de alguma maneira para aprofundar o entendimento do

turismo” (OMT, 2001, p. 35).

(39)

Em suma, o fato de o Turismo encontrar-se ligado praticamente, os quase todos os setores da atividade social humana é o principal causa da grande variedade de conceito, todos eles válidos enquanto se circunscrevem aos campos em que é estudado. Não se pode dizer que esse ou aquele conceito é errôneo ou inadequado quando se pretende conceituar o Turismo sob uma ótica diferente, já que isso levaria a discussões estéreis. Estas poriam justamente em evidência as limitações conceituais existentes sobre o fenômeno.

Em virtude de sua complexidade, tendo em vista que é constituído por vários elementos por ter um caráter multidisciplinar, o conceito de turismo deve sempre ser analisado por inúmeras perspectivas (OMT, 2001).

Todavia, Lage e Milone (2000, p.26) relativizam esse enfoque, ao afirmar que:

[...] o turismo moderno não precisa ter um conceito absoluto, mas importa no conhecimento do mecanismo dinâmico que integra. Especificamente sob a análise da teoria microeconômica, quando aplicada a um estudo do setor turístico particular, por se tratar de uma abordagem restrita do comportamento dos indivíduos e das empresas, não se incorporando aspecto global pode ser estudado em três partes: demanda oferta e mercado turístico.

Acerenza (2002) considera três elementos essenciais para o conceito de turismo, que na sua visão são: o turista, o destino e o núcleo receptor.

Por muito tempo, os conceitos de turismo baseavam-se somente na figura do turista e aos serviços a este disponibilizado. Somente nos últimos tempos é que este quadro se modificou e os autores passaram a considerar em suas definições do termo turismo, não só o turista, mas também os núcleos receptores, ou seja, as comunidades na qual a atividade turística ocorre, já que de acordo com Molina (2005, p. 13) o “[...] turista faz parte de um todo maior denominado turismo”.

(40)

[...] aquele que se desloca para fora do seu local de residência permanente, por mais de 24 horas, realizando pernoite, por motivo outro que não o de fixar residência ou exercer atividade remunerada, realizando gastos de qualquer espécie com renda auferida fora do local visitado.

Para Cooper et al. ( 2007), a região de destino turístico representa o lado mais instável do conceito de turismo, pois é nele que todo o impacto do turismo será sentido, e que as estratégias de planejamento e de gestão serão implementados.

Segundo Rojek e Urry (1997), citado por Cooper et al. (2007, p. 37):

O destino é também a razão de ser do turismo, onde uma série de atrativos especiais se distinguem do cotidiano por sua importância cultural, histórica ou natural.

O núcleo receptor é a região de destinação de turistas, e conforme Barretto (2003, p.14), é outro importante elemento para definir o turismo, pois nele consiste todo o arcabouço e toda a preparação envolvida.

[...] Para que uma pessoa possa viajar existe toda uma equipe que fez o planejamento do receptor e que presta serviços no local; que providencia vias de acesso, saneamento básico, alojamento, alimentação, recreação.

(41)

3.2 Ecoturismo

Nas últimas décadas é possível perceber que houve tanto o aumento do consumo dos recursos naturais, como também o aumento do processo de urbanização, e isso tem contribuído para a transformação da natureza em objeto de desejo, e é aí que o turismo surge como alternativa para possibilitar tal aproximação (OLIVEIRA, 2011).

Ainda com relação a Oliveira (2011) o turismo, portanto, pode ser desenvolvido para aproximar o homem em relação à natureza de várias formas, entre elas: pelo turismo de aventura, onde são desenvolvidas atividades esportivas em ambientes naturais; pelo turismo rural e pelo ecoturismo, que de forma ampla, porém não única, envolve atividades de visitação às áreas naturais como parques, reservas ou mesmo áreas que envolvam remanescentes de áreas naturais sem proteção legal definida.

Foi com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992, que o “turismo ecológico” posteriormente denominado “ecoturismo”, ganhou visibilidade e impulsionou o crescimento dessa tendência (BRASIL, 2008).

Pode-se entender ecoturismo como sendo uma viagem consciente e ecologicamente responsável a áreas naturais que tenham como escopo a preservação ambiental e a qualidade de vida dos habitantes da área turística (OLIVEIRA, 2011).

O ecoturismo seria uma modalidade de turismo que causa menor impacto ao meio ambiente em localidades de grande valor ambiental ou/e cultural que por meio de atividades de cunho recreativo e educativo contribuem para a preservação tanto dos recursos naturais do local receptor, como também dos habitantes do mesmo (RODRIGUES, 2003).

(42)

[...] deslocamento de pessoas a espaços naturais delimitados e protegidos pelo estado ou controlados em parceria com associações locais e ONGs. Pressupõe sempre uma utilização controlada da área com planejamento de uso sustentável de seus recursos naturais e culturais, por meio de estudos de impacto ambiental, estimativas da capacidade de carga e suporte local, monitoramento e avaliação constante, com plano de manejo e sistema de gestão responsável.

O ecoturismo possui como atrativo principal a oportunidade oferecida ao turista de visitar determinado ecossistema em seu estado natural, como também ter contato com a população nativa da localidade receptora (SWARBROOKE, 2000).

Conforme Boo (1990, p. 36):

Ecoturismo é viajar para áreas naturais conservadas e não perturbadas com o objetivo específico de estudar, admirar e desfrutar a paisagem e suas plantas e animais, assim como quaisquer outras manifestações culturais - passadas e presentes - nestas áreas encontradas.

Pode se afirmar que o ecoturismo é uma espécie de atividade turística que apresenta um grande comprometimento com a conservação ambiental, na qual a relação equilibrada e responsável do ser humano com o meio ambiente é tida como essencial para a preservação dos recursos naturais e da cultura local (MACHADO, 2005).

Por meio ambiente “[...] entende-se a biosfera, isto é, as rochas, a água e o ar que envolvem a Terra, juntamente com os ecossistemas que eles mantêm.”

(RUSCHMANN 1997, p. 19).

Ou ainda, como sendo “[...] uma atividade de baixo impacto capaz de

(43)

Para a EMBRATUR, o ecoturismo é um ramo da atividade turística que faz uso de modo sustentável dos recursos naturais, incentivando a conservação destes patrimônios, buscando assim a formação de uma consciência ambiental (BRASIL, 2002).

Sobre o ecoturista, Ziffer (1989), citado por Hawkings e Kahn (2001) ensina que é aquele que visita áreas relativamente pouco desenvolvidas com sentimento de apreciação e da vida silvestre e dos recursos naturais, contribui para a área visitada mediante a geração de empregos e de financiamento direto para a conservação do espaço e a melhoria das comunidades receptoras.

Contudo, como se pôde observar, existem diversas interpretações e definições de ecoturismo, portanto, vale destacar a definição de ecoturismo publicada em 1994, pela EMBRATUR e Ministério do Meio Ambiente, através das Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo. De acordo com esta definição ecoturismo é:

[...] um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações. (BRASIL, 2008, p.16)

Segundo este mesmo Relatório, os objetivos do ecoturismo conforme destacado em Brasil (2002) são o de aumentar a receita gerada nas diversas áreas conservadas, possibilitando-lhes recursos para a manutenção destas e das comunidades locais; fomentar a visita ordenada; preservar os recursos naturais florísticos, faunísticos e as paisagens cênicas locais; e promover a utilização racional do patrimônio natural.

(44)

 Bóiacross/Acqqraid - descer corredeiras com a bóia;

 Canoagem ou Canoeing - navegar por rios ou lagos em canoas a remo;  Canyoning (descer cânions) - descida de cachoeiras e penhascos com auxílio

de cordas (rappel);

 Cavalgada/ Turismo Eqüestre ou Tropeirismo - andar a cavalo, à moda das tropas de mulas;

 Caving - exploração das cavernas;

 Alpinismo/Montanhismo - pratica de escaladas em rochas ou gelo, sem competição;

 Mountain-bikking (de bicicleta) - fazer trilhas com bicicletas especiais;

 Rafting (viajar de jangada/bote inflável) - descida de rios encachoeirados a bordo de botes;

 Rapel - descida de paredões, abismos e cachoeiras com auxilio de cordas;  Trekking (de viajar) - caminhada longa com pernoite, onde o cliente leva na

mochila parte dos equipamentos;

 Vôo livre - com suporte de equipamento tipo asa delta;

 Hikking (de passear) - caminhada curta, normalmente de meio dia ou um só dia, sem pernoite na trilha;

 Mergulho - em apnéia ou com utilização de aparelhos de ar comprimido;  Turismo Rural - vivência no ambiente rural entre fazendas, gado e tradições

regionais;

 Turismo Esotérico - atividade ao ar livre, relacionada ao espiritual ou místico;  SPA ecoturístico - com técnicas de relaxamento e exercícios anti-stress;

 Pesca Esportiva - atividade de “pesque e solte”;

 Teal - treinamento experimental ao ar livre, praticado por executivos de grandes empresas, onde são simuladas situações extremas para testar as capacidades individuais de liderança;

 Espeleologia - exploração de cavernas e/ou estudo de ambientes subterrâneos;

(45)

Portanto, o ecoturismo vem ganhando cada vez maior destaque, por ser uma forma de turismo que proporciona o desenvolvimento, preocupado com a preservação de determinada área, através do denominado desenvolvimento sustentável local.

3.3 Desenvolvimento Sustentável Local e Ecoturismo

Inicialmente é importante salientar que o ecoturismo é uma modalidade de atividade turística que vem apresentando nos últimos anos um crescimento considerável, sendo que o mesmo possui como principal benefício à possibilidade de se alcançar a preservação dos recursos naturais e da cultura local, sem impedir seu desenvolvimento. (LASKOSKI, 2006)

Afinal, de acordo com Lemos (1996, p. 151), ecoturismo é:

[...] a rede de serviços e facilidades oferecidas para a realização do turismo em áreas com recursos turísticos naturais, sendo considerado também um modelo para o desenvolvimento sustentável da região. (LEMOS, 1996, p. 151).

De acordo com Barretto (2003), entre os anos de 1950 e 1980 os turistas

buscavam em suas viagens lugares “pasteurizados”, ou seja, de maneira geral, os

turistas escolhiam os lugares que oferecessem o mesmo conforto que lhe oferece a vida urbana. Assim, esses turistas retornam ao seu lar sem ter experimentado um modo de vida diferente, sem ter efetivamente conhecido as pessoas que integram o país que visitou.

Atualmente, está ficando cada vez mais comum o turismo que Barreto

(2003) chama de “turismo do conviver”, onde as pessoas querem desfrutar do

contato com os outros. O turismo do conviver permite contatos de melhor qualidade e requer, por sua vez, mais tempo em cada lugar, ou seja:

(46)

atividades próprias da zona rural, como: andar a cavalo, ordenhar vacas, passear de carroça, tomar banho de rio ou cachoeira, caminhar pelos campos, comer churrasco, tomar chimarrão etc. É intensamente procurado por pessoas que residem em grandes centros urbanos e que precisam de um descanso físico e mental. Esse tipo de turismo exige estrutura apropriada e investimento, pois as pessoas que o praticam querem conviver em ambiente rústico, porém com um mínimo de conforto. (OLIVEIRA, 2000, p. 72).

O turista está cada vez mais consciente dos danos que pode causar aos recursos naturais e a cultura da área turística receptora. Desta forma, ao praticar o ecoturismo, o individuo se desloca até determinado local, com o objetivo de conhecer as características únicas do local e da população visitada (BOO, 1990).

Por outro lado, sabendo da importância que o turismo tem para a economia dos países, faz-se necessário investir em um turismo alternativo que seja capaz de conseguir trazer o desenvolvimento econômico e tecnológico sem destruir a natureza e o patrimônio cultural (WESTERN, 1999).

O ecoturismo é capaz de promover a geração de empregos, sem que isso provoque a degradação ambiental. (LINDBERG; HUBER, 2001). Dessa forma,

[...] uma das principais vantagens do ecoturismo é a de proporcionar um impulso que favorece tanto à expansão da conservação quanto o desenvolvimento econômico [...] o ecoturismo pode gerar oportunidades de emprego em regiões remotas [...] e acredita-se que o ecoturismo exige menos investimentos do setor público em infra-estrutura. (LINDBERG; HUBER, 2001, p. 145).

O turismo sustentado ou ecoturismo pressupõe viagens individuais, estabelecimentos pequenos e serviços personalizados (WESTERN, 1999).

Praticado por pessoas que apreciam a natureza, entre as quais

destacam-se os residentes em países desenvolvidos,

(47)

pessoas buscam locais nos quais a natureza ainda permanece intacta, como as regiões do Pantanal e da Amazônia. O objetivo desses visitantes é respeitar ar puro, apreciar a beleza do ambiente e registrar em fotos e filmes os elementos da fauna e da flora (OLIVEIRA, 2000, p. 69).

Importante ressaltar que, dentre os benefícios gerados pelo ecoturismo, tem-se que equilibrar a balança comercial, tendo em vista que o mesmo possibilita a entrada de divisas através do crescimento do fluxo de ecoturistas do exterior, além de atrair investimentos no ramo turístico (BARBIERI, 1998).

Neste contexto, salienta-se ainda que, para que haja o desenvolvimento sustentável através do ecoturismo é necessário que a referida atividade econômica traga benefícios ao meio ambiente, bem como à comunidade da área receptora (BARBIERI, 1998).

É mister ainda ressaltar dentro deste cenário de desenvolvimento sustentável local através do ecoturismo que, para alguns doutrinadores, dentre eles Rodrigues (1998), não é compatível a atividade turística com o desenvolvimento sustentável, já que a atividade turística independente do tipo (seja de turismo convencional, seja ecoturística), tem em sua base a mesma forma de exploração: transformação do local em mercadorias para serem comercializadas.

Assim, afirma Rodrigues (1998, p.10):

Considerar a atividade turística como sustentável ou como integrante da possibilidade do desenvolvimento sustentável é apenas desviar os termos da questão sem analisar a complexidade de uma atividade econômica que tem por base o consumo de paisagens naturais exóticas ou a história passada. [...].

(48)

que ainda podem trazer se não forem tomadas as medidas pertinentes. Dessa forma, Tulik (1990) aponta como efeitos maléficos do turismo a destruição da cobertura vegetal; comprometimento da qualidade da água; extinção da fauna; vandalismo puro e simples dos turistas; poluição arquitetônica, pela falta de regulamentação das construções; rompimento da cadeia alimentar; proliferação de determinadas espécies animais pela extinção de outras; extração de matéria-prima que não se reproduz, entre outros.

Porém, para que seja possível a prática de atividades relacionadas ao ecoturismo faz-se necessário estudos de capacidade de suporte, infra-estrutura adequada e não impactante e normas que regulamentem e excluam empresas especializadas (NEIMAN, 2002).

Outro problema derivado do aumento das demandas por visitação nas áreas de preservação é o fato de em alguns lugares carecerem de infraestrutura física (ausência de estrutura de saneamento básico, sendo necessária a implantação de banheiros, bebedouros, locais para a coleta de lixo, capacitação dos funcionários, guias locais, entre outros) (OLIVEIRA, 2011).

Portanto, conforme Oliveira (2011, p. 190), a falta dessa infraestrutura física ou fragilidade da mesma implica em impactos negativos, que são:

[...] geração de problemas sanitários, contaminação ambiental, desrespeito à capacidade de suporte ambiental ou ainda, em médio e longo prazo é possível o desencadeamento de um processo de desvalorização deste patrimônio ambiental turístico.

(49)

Conforme orienta Oliveira (2011) os problemas de visitação nas unidades de conservação são costumeiros porém são passíveis de serem solucionados, desde que haja investimentos públicos em estrutura, capacitação de pessoal e incentivo a campanhas educativas de uso destas unidades de conservação.

A Agenda 21, firmada em 1992, também contribuiu tanto para a busca da sustentabilidade ambiental, como também para induzir a criação da Lei 9795/99 que trata da Política Nacional da Educação. Essa Lei é importante no que diz respeito ao ecoturismo, pois procura incentiva-lo como instrumento de educação, o que pode auxiliar a prática da atividade de forma sustentável:

[...] Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

[...] VII - o ecoturismo. (BRASIL, 1999).

Todavia, observa-se que para se promover o desenvolvimento sustentável local através do ecoturismo é essencial que haja uma melhor e maior integração entre os ecoturistas, governos, iniciativas privadas e comunidades locais (LINDBERG; HUBER, 2001).

Deve no ecoturismo existir uma valorização da localidade visitada, devendo a população da mesma se envolver o máximo possível nas atividades ecoturisticas praticadas, pois somente deste modo e com o envolvimento da comunidade local é que o ecoturismo trará benefícios para a mesma (BOO, 1990).

Imagem

Figura 01 - Localização da Prainha do Canto Verde no Brasil e no Estado do Ceará
Figura 02 - Localização da Prainha do Canto Verde no Litoral Cearense
Figura 05 - Limite oeste da RESEX da Prainha do Canto Verde
Tabela  02  -  Informação  quanto  ao  tipo  de  companhia  utilizada  para  realização  de  visita a Prainha do Canto Verde
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